Revista Identificação - 1ª Edição
Pensada por mulheres e feita para empreendedoras. É o resultado da união de um grupo que busca oferecer conteúdo de qualidade sobre o universo do empreendedorismo feminino, sendo fonte de inspiração e autoestima para outras mulheres que também empreendem, em todos os ambientes, regiões do país e classes sociais.
Pensada por mulheres e feita para empreendedoras. É o resultado da união de um grupo que busca oferecer conteúdo de qualidade sobre o universo do empreendedorismo feminino, sendo fonte de inspiração e autoestima para outras mulheres que também empreendem, em todos os ambientes, regiões do país e classes sociais.
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Índice
03 Editorial
05 Destaque
20 Empreendedorismo
e Inovação
03 05 20
24 Sociedade e
Criatividade
28 Entrevista
34 Para Ver de Perto
36 Inspiração
24
28
34
40 Mulher de Sucesso
36
40
João Pessoa-PB | (83 )99957-0035
www.revistaidentificacao.com.br
Capa e Diagramação: Criou - Marketing Integrativo
Editorial Novembro, 2022
CAMILA PESSOA
Editora-Chefe
Écom muita alegria que apresentamos a primeira
edição da Revista Identificação. Esta é uma revista pensada
por mulheres e feita para empreendedoras. É o resultado da
união de um grupo que busca oferecer conteúdo de qualidade
sobre o universo do empreendedorismo feminino, sendo fonte
de inspiração e autoestima para outras mulheres que também
empreendem, em todos os ambientes, regiões do país e
classes sociais.
Nossa missão é combater a invisibilidade social feminina;
contar histórias inspiradoras, criando uma rede de apoio e
identificação; valorizar o potencial humano, cultural, criativo e
inovador de mulheres reais e de seus negócios; e oferecer
conteúdo autêntico para mulheres modernas e disruptivas.
Nos pautamos pela igualdade - de todas as mulheres que
empreendem, sem distinção de idade, raça, credo, poder
aquisitivo, escolaridade, região em que habitam; pela
colaboração - entendendo que o trabalho em rede e a
horizontalidade são pilares do empreendedorismo feminino;
pela empatia – pois, ao conhecer diferentes histórias, exercitamos a capacidade de nos
colocar no lugar umas das outras e nos solidarizar e fortalecer; pela sororidade – pois a
irmandade em círculos de mulheres é o que vai nos levar mais longe; pela informação –
porque somos um veículo de comunicação pautado pela ética jornalística; pela liberdade –
financeira, emocional, geográfica, de gênero e do que mais quisermos, pois é o desejo de
liberdade que nos move e impulsiona os nossos negócios.
Escolhemos o verbo IDENTIFICAR para nomear este projeto, porque a identificação traz dois
significados igualmente importantes ao que nos propomos: a capacidade de nos
identificarmos umas com as outras, de ver em outra pessoa e na sua história, o poder de
realização e superação que temos em nós mesmas. E também a necessidade de
aprendermos a identificar, ou seja, reconhecer o nosso valor, nossos dons, talentos e o nosso
potencial, aumentando assim nossa confiança, amor próprio e autoestima. Por isso, você verá
que nosso formato inovador traz duas capas: colocando em pé de igualdade duas histórias de
protagonistas de realidades distintas e que estão em diferentes pontos do caminho, mas com
semelhante grandeza.
Em resumo, esta revista surgiu com o desejo de nos fortalecer, dar voz ao que realizamos
bravamente todos os dias neste país, e contar as nossas histórias. Esperamos que gostem da
leitura!
DESTAQUE
POR CAMILA PESSOA
CONHEÇA O PROPÓSITO DESTA REVISTA
E AS MULHERES QUE, ATRAVÉS DELA, DÃO VOZ A TODAS NÓS
CAMILA PESSOA
Jornalista, Mestre em Educação,
Especialista em Gestão Cultural,
palestrante, escritora e terapeuta
holística, Camila Pessoa é uma
verdadeira mulher multipotencial.
Sua atuação é voltada a ensinar o
o autocuidado e a contribuir com espaços
(formais e informais) de educação, numa
mistura entre o conhecimento acadêmico e os
saberes ancestrais, como Yoga, Meditação e a
medicina natural das ervas.
Camila dedica o seu trabalho como
empreendedora, através da comunicação e
da educação, a instigar transformações
individuais e coletivas no enfrentamento dos
males do nosso século, como o estresse, a
ansiedade e a depressão. Desde 2012 conduz
grupos (principalmente de mulheres) na busca
por autoconhecimento, protagonismo,
independência (emocional, financeira,
geográfica), reconexão interna e saúde
integral.
“Vivemos, enquanto sociedade, uma urgente
necessidade de olhar para dentro, de fazer
pausas, respirar profundo, cuidar do corpo e
da mente como pilares para uma boa
qualidade de vida, e porque não, para a
transformação do mundo. Afinal, se estamos
doentes, desconectadas de nós mesmas, e
não controlamos nem nossos próprios
pensamentos, como vamos fazer a diferença?”,
questiona.
Ela assina como Editora-Chefe da Revista
Identificação e conta que justamente o fato de
ter crescido lendo muitos gibis, livros e revistas,
a fez querer ser jornalista e escritora. “Sonhava
em escrever quando eu crescesse e poder
colocar a minha voz no mundo, principalmente
se fosse para contribuir e ajudar em algo que
fizesse a diferença. Aqui estamos. Esta revista
também faz parte do meu sonho”, revela.
Vencedora, junto com um grupo de brasileiros,
do Prêmio da ONU de Reconhecimento às
contribuições à Cultura de Paz em 2012, Camila
afirma que o futuro do mundo passa pelas
mãos das mulheres empreendedoras e que
principalmente a nossa natureza feminina, que
é tão maternal e cuidadora, precisa se voltar
um pouco para si mesma, no sentido de
estarmos prontas e abastecidas para os
desafios vindouros.
Empreendedora há uma década, Camila é
natural de Goiânia (GO) e atualmente vive em
João Pessoa (PB). Ela conta que conheceu os
saberes holísticos como o yoga e a meditação,
justamente quando se deparou com crises de
pânico e ansiedade no início de sua carreira
como jornalista. E conciliando essas duas
partes de si (a profissão e a saúde), se curou e
se (re)encontrou. De lá para cá, vem trilhando
este caminho em diversos ambientes: salas de
aula, veículos de comunicação, publicações,
retiros, atendimentos a pessoas, grupos e
empresas; e, atualmente, na condução da
Comunidade Pessoa Plena – uma escola
online de autoconhecimento, com aprendizes
em todo o Brasil e outros países, que teve início
em 2020 com a pandemia.
@CAMILAPESSOAYOGA
MILA GODOY
Natural de Garanhuns
(PE), Camilla ou Mila,
como gosta de ser
chamada, morou por
seis anos em Recife
(PE), voltou para Garanhuns
após ser mãe, e depois se
mudou para João Pessoa (PB), onde
vive desde 2014. Com vasta formação
e atuação, é Especialista em
Produção de Conteúdo para Mídias
Digitais e em Gestão de Negócios e
Pessoas, publicitária com expertise
em estratégia de eventos, terapeuta
integrativa,
numeróloga,
embaixadora da RME (Rede Mulher
Empreendedora) na Paraíba, além de
empreendedora.
Mila conta que decidiu começar a
empreender quando passou por um
momento muito desafiador, que a fez
repensar todos os rumos e mudar
completamente a sua vida: “Adoeci.
Com menos de 30 anos eu iria perder
o útero e ter leucemia, aquele
momento parou meu mundo. Foi aí
então que mergulhei no que mais eu
fechava os olhos: meus sentimentos.
Fui, enfim, entender tudo o que me fazia (ou
não) bem. Nessa busca conheci a visão
sistêmica, larguei o trabalho, reatei o noivado,
me casei, mudei o cabelo, fiz novos amigos,
me tornei terapeuta e abri um negócio. A
intensidade foi tanta que quando me lembro, a
sensação é de um triatlo. Mas a certeza era o
mais forte: quero ajudar, à partir da criação da
empresa, outras pessoas a não terem que
adoecer para entender que a transformação
se dá na busca da iluminação, do
empoderamento individual e coletivo ”.
Esse despertar para a visão quântica, trouxe
compreensão do que é o ser: é um todo, não
uma parte. Foi esse aprender na pele que
gerou o compromisso de ajudar outras
pessoas a fazer a virada através do
conhecimento. Assim surgiu a sua empresa, a
Criou - Marketing Integrativo
(@criouconsultoria). Aberta em 2018, esta é
uma empresa que potencializa vendas,
marketing e comunicação, reprogramando
lideranças, empreendedores e grupos,
potencializando o ser, e associando o
conhecimento técnico com as práticas
integrativas e holísticas.
Sobre a Revista Identificação, ela revela que o
projeto surgiu da vontade de dar voz. Ao
realizar um evento de empreendedorismo
feminino em João Pessoa e impactar mais de
500 mulheres com histórias emocionantes,
Mila entendeu que, da mesma forma que
empreendedoras consideradas grandes e
referências inspiram a todas nós, as pequenas
que vivem no anonimato, mas que
empreendem diariamente também o fazem,
pois todas se superam a cada dia. Daí a
importância de contar essas histórias.
Ela responde pela parte comercial da revista, é
uma das suas idealizadoras, e a partir da sua
articulação, este time potente de mulheres se
reuniu para realizar este sonho.Vencedora,
junto com um grupo de brasileiros, do Prêmio
da ONU de Reconhecimento às contribuições à
Cultura de Paz em 2012, Camila afirma que o
futuro do mundo passa pelas mãos das
mulheres empreendedoras e que
principalmente a nossa natureza feminina, que
é tão maternal e cuidadora, precisa se voltar
um pouco para si mesma, no sentido de
estarmos prontas e abastecidas para os
desafios vindouros.
Um dos pontos fundamentais dos
treinamentos e consultorias oferecidos é incluir
o sentir, o experienciar, o se permitir,
capacitando pessoas a olharem para o todo
(de si e dos seus negócios). Mila entendeu que,
desde sua cura, que partiu do interno com
ajuda integrativa, “é incumbência da Criou:
melhorar o desempenho das pessoas no
trabalho e torná-las mais felizes.”
Mila conta que um dos seus maiores desafios
como empreendedora é ser pioneira, e que as
superações são diárias: “Muitos não entendem
o que eu faço, ou acham que é muita
“loucura”. Mas hoje a Criou tem prêmio
nacional da Aliança Empreendedora por
inovação e humanização, e clientes que
confiam e investem. Os desafios são diários.
Não tem ninguém no mundo que faça a união
das metodologias que criei, mas é uma
tendência cada vez mais crescente”.
@CAMILAASEABRAGODOY
ANGÉLICA COSTA
Esta paraibana arretada é mãe,
esposa, empreendedora,
presidenta de uma ONG,
embaixadora da Rede Mulher
Empreendedora na Paraíba,
conselheira no Conselho Municipal
da Pessoa Idosa de João Pessoa, líder do
Comitê de Empreendedorismo do Grupo
Mulheres do Brasil e graduada em Economia,
atuando como mentora em finanças. Retrato
vivo do que nós somos: múltiplas!
Há mais de 20 anos no empreendedorismo
social, Angélica começou cedo a empreender,
tendo passado pelo comércio, pelo varejo, pelo
atacado e pela moda. Ela confessa que adora
a gestão e estar no meio de pessoas, mas que
o que mais mexe com o seu coração é poder
impactar positivamente a vida dos que mais
precisam. Esse é o principal objetivo do seu
trabalho com a ONG ARC AÇÕES SOLIDÁRIAS.
De acordo com ela, a sua maturidade e a visão
de mundo adquiridas com o nascimento do
seu filho, hoje com 17 anos, foram
potencializadores para as suas ações sociais:
“Acredito fortemente que, quando nos
tornamos mães, o botão da sensibilidade
amplifica e com ele, o senso de
responsabilidade”.
Angélica é uma das idealizadoras da Revista
Identificação e tem na sua atuação social um
ponto fundamental para contribuir com os
princípios da revista, com a representatividade
de mulheres de diferentes classes sociais,
origens, histórias de vida e exemplos de
superação e realização de sonhos.
A ARC surgiu há 23 anos e atua com projetos
sociais em quatro eixos: empreendedorismo
feminino e empregabilidade; direito da pessoa
idosa; arte, cultura e esportes; e por fim, mas
não menos importante, segurança alimentar.
Recentemente recebeu da Secretaria de
políticas públicas para as Mulheres de João
Pessoa o selo Amiga da Mulher como
reconhecimento à contribuição em prol dos
direitos das mulheres e da equidade de
gênero.
“Sempre gostei de empreendedorismo, de
solucionar problemas, ajudar a construir um
território melhor, ver os impactos do nosso
trabalho na ponta, com números verdadeiros e
crescentes. Meu negócio é o terceiro setor,
surgiu como uma promessa e virou um
negócio de impacto social, dinamizado,
profissional e de grande relevância para as
pessoas mais vulneráveis”, afirma.
A maternidade foi um dos pontos impactantes
na sua história de vida, e que contribuiu para o
seu desejo de fazer a diferença no seu meio.
@ANGELICACLUCENAOFICIAL
FANY MIRANDA
mpreendedora há mais de 15
anos, Fany Miranda é artista visual
(autodidata) premiada e conta
que desde pequena seu sonho
era ser empresária, porque, aos
seus olhos de crian-. Eça, isso era muito chique. Em 2006, investiu o
dinheiro da rescisão do seu primeiro emprego
em material de caligrafia artística e a partir de
então passou a caligrafar convites de
casamentos. Foi assim que tudo começou. Nas
palavras dela, “não fui eu que escolhi a arte. A
arte me escolheu para me salvar. A arte me
salva todos os dias.”
Além disso, Fany foi a responsável pelo 1° Ateliê
LGBTQIA+ do Brasil no Sistema Prisional,
inaugurado em 2022.
Na Revista Identificação, ela é produtora de
conteúdo da editoria de Sociedade e
Criatividade e acredita que esta é uma
oportunidade de ser um canal de boas
contribuições: “Vamos mostrar a força e o
potencial que todas nós temos, e fazer a
diferença na forma de comunicar”.
Hoje, ela é artista da L’Oreal Paris, mas já
trabalhou por vários anos criando para
empresas como Melissa e O Boticário. Além
disso, é produtora cultural, grafiteira,
educadora, líder social na ONG Jampa Invisível
(@jampainvisivel) e presidenta da Associação
de Mulheres Empreendedoras da Paraíba. Uma
verdadeira história de inspiração.
Como mulher negra, mãe e empreendedora,
Fany aponta que a sua maior dificuldade
sempre foi vencer o estereótipo. Mas ela toma
isso como um desafio e adora se ver desafiada
para mostrar que sim, as aparências
enganam, e que a sociedade é cruel quando te
julga. “Gosto de mostrar que consegui ocupar
os espaços com ousadia sem precisar me
esconder por trás de uma fantasia.”, afirma.
Com uma frase que carrega o significado do
seu fazer artístico quase como um mantra,
“Afeto Cura”, ela relata que olhar para a sua
história de vida e superação é motivação para
viver cada dia, e que o seu compromisso como
empreendedora é levar às pessoas a arte, a
provocação, e estimular o pensamento.
Sua empresa (@fanycaligrafia) faz parte do
acervo do Museu da Pessoa com o projeto que
gerou (e gera) soluções inovadoras para o
enfrentamento da pandemia do Covid-19 nas
comunidades da cidade de João Pessoa.
@FANYCALIGRAFIA
THAYANE BELCHIOR
hayane é natural de
Cuiabá (MT) e
atualmente vive em
João Pessoa (PB).
Psicóloga de formação,
empreendedora e mãe, Té um exemplo de resiliência, e afirma
que foi no empreendedorismo e no
trabalho com mulheres que
encontrou seu propósito.
Em 2016, quando era funcionária
pública federal, Thay, como é
carinhosamente
conhecida,
participou de um evento de
Empreendedorismo, Inovação e
Tecnologia em sua cidade natal, se
apaixonou por este mundo e decidiu
que era isso o que queria para a sua
vida: “Me preparei por dois anos e
realizei o processo de transição de
carreira. Escolhi mudar totalmente de
vida. Deixei meu estado e tudo o que
tinha lá (incluindo um concurso
público), e vim para Paraíba onde
comecei do zero, abri minha
empresa, e hoje sou muito feliz”,
relata.
Hoje, Thayane trabalha com o
desenvolvimento de mulheres
empreendedoras e seus negócios, e na
digitalização deles. De acordo com ela, essa
não foi uma escolha pensada: “O
empreendedorismo feminino me escolheu. As
mulheres foram chegando de forma orgânica,
eu abracei e me encontrei”.
Passando por diferentes nomes, formatações e
sociedades, hoje a sua empresa Trêsbê -
Educação Inovação e Eventos - conta com
quatro sócios e se tornou uma Hub de
negócios, ou seja, um lugar que agrega vários
produtos ou serviços ao mesmo tempo,
gerando mais valor para os clientes.
Os projetos são desenvolvidos em diferentes
vertentes: Educação Empreendedora e Digital,
Marketplace de Negócios Femininos, Ensino e
Produção de Tecnologia. Dentre esses, um
destaque é o Comprando Delas
(@comprandodelas), uma Startup (o nome
que se dá a um negócio com modelo
escalável ou replicável, e que traz alguma
inovação) para a digitalização de mulheres e
seus negócios.
Thayane afirma que uma das suas maiores
motivações é fazer a diferença: “Hoje sei que o
trabalho que faço com mulheres vai abrir
portas para minha filha viver em um mundo
melhor. É no Empreendedorismo que me vi útil,
que entendi que poderia não só pagar meus
boletos, mas transformar a vida de mulheres. É
o propósito que me move”.
Na Revista Identificação ela é produtora de
conteúdo da editoria de Empreendedorismo e
Inovação e revela que o que a trouxe para
compor este grupo de idealizadoras foi a
oportunidade de contar histórias reais de
mulheres que merecem ser reconhecidas e dar
visibilidade a quem merece, para além dos
estereótipos.
@THAYANEBELCHIOR.PSI
Um coletivo.
Somos nós.
Eu, você e
todos que
celebram a
beleza e a
riqueza de ser
mulher.
I n s p i r a r é m a i s q u e
e x e r c e r i n f l u ê n c i a , é
d a r l u z e a b r i r
c a m i n h o s a n o v a s
i d e i a s e p e s s o a s .
Equipe: Fotógrafa: Beatriz Barros |
Make e hair: Espaço Fernanda Albuquerque
| Personal Sylist: Marlecinha Pessoa
EMPREENDEDORISMO
E INOVAÇÃO
INICIADO EM SALA DE AULA,
PROJETO DERIVA EM REVISTA,
INSTITUTO, STARTUP E LEITORES
ASSÍDUOS
Educadora implanta programa de formação de
leitores em sua sala de aula, se tornando um sucesso
na região de Campina Grande. Iniciativa chegou a
importantes premiações nacionais, como o Jabuti e
LED - Luz na Educação.
Foi em 2017, em uma escola situada na zona
rural de Campina Grande (PB), onde
começou a ganhar vida e forma o projeto
Desengaveta meu Texto, idealizado e
colocado em prática pela professora
Patrícia Rosas, dentro da sua sala de aula,
com turmas do Ensino Fundamental. Ao
longo desses cinco anos, a iniciativa se
popularizou, ganhou outras salas de aula, o
colégio, mais e mais unidades de ensino até
chegar ao Prêmio LED (Luz na Educação), da
Fundação Roberto Marinho.
“Eu queria uma outra
prática de leitura e
escrita que engajasse
mais os alunos. E essa
metodologia do
Desengaveta meu Texto
busca o que o próprio
nome sugere, tirando o
texto do estudante da
gaveta, do anonimato, e
fazendo com que esse
conteúdo circule e
encontre leitores reais. E
surge, nesse mesmo
tempo, a Revista Tertúlia,
a qual é justamente a
vitrine onde os alunos
publicam os textos, e
também os professores”,
contextualiza Patrícia.
POR DA TERRA COMUNICAÇÃO
PATRÍCIA ROSAS
Presidente do Instituto
Desengavetar e CEO da
MochiLER
Luyslla Luiz - Aluna que participou
do início do Projeto Desengaveta
Meu Texto e teve seu texto
publicado na Revista Tertúlia,
impactando os leitores com o seu
depoimento sobre bullying e
racismo na escola.
No ano seguinte, em 2018, a
iniciativa da professora já estava
presente em outras seis escolas
públicas e particulares do
estado, sempre atendendo
crianças e jovens.
“O nosso Instituto [Desengavetar] é aberto à
comunidade local onde são oferecidos clubes
de leitura e oficinas, por exemplo.”
O que começou com uma iniciativa de
melhorar leitura e escrita em sala de aula se
espalhou e desembocou em outros projetos :
Desengaveta meu Texto: iniciado em sala
de aula para incentivar nos alunos a
produção textual e a leitura;
Revista Tertúlia: periódico semestral que
publica textos dos alunos e professores
num espaço democrático de escrita e troca
de experiências, com aceitação de diversos
gêneros discursivos, registro ISSN, DOI e
circulação em diversas plataformas
digitais. Revista Finalista do Prêmio Jabuti
em 2018.
Instituto
Desengavetar
[@institutodesengavetar]: promove o
desenvolvimento da leitura e da escrita em
crianças e adolescentes.
DMochiLER [@mochiler_leitura]: Com o
objetivo de tornar a leitura uma experiência
capaz de conectar os textos às pessoas,
aos lugares e às emoções, a plataforma
atua, em uma de suas frentes, com a
capacitação de educadores.
Encontros com os saberes
Presidente do Instituto Desengavetar e CEO da
MochiLER, Patrícia tem, em seu DNA, a paixão e
a resiliência de todos os educadores e
educadoras. E apesar de isso ser importante,
ela sempre quis aprender mais e mais. Se
formou em Letras e Pedagogia, é professora da
Educação Básica, empreendedora
educacional, editora-chefe da Revista Tertúlia
(que significa encontro), doutora em
Linguística e pós-doutora em Linguagem e
Ensino.
Ao longo dessa caminhada como
empreendedora da educação, um encontro
marcou Patrícia. “Foi por meio de um texto
‘desengavetado’, escrito e publicado na revista
por uma aluna que sofria racismo dentro da
instituição de ensino, que o debate e o
comportamento de colegas dela mudou. Isso
gerou um trabalho de conscientização
sobre o crime de racismo, o bullying e outras
importantes temáticas dentro da escola. A
aluna se empoderou por meio da escrita e deu
um basta nas atitudes preconceituosas”,
relembra.
Com essa história forte e emocionante, a
educadora diz sonhar em divulgar
amplamente o MochiLER para que outras
escolas do país o conheçam e ampliem a
escrita e a leitura de seus estudantes.
“Queremos formar mais leitores competentes
e, para isso, atuamos com uma metodologia
de ensino de leitura para os professores”,
explica.
A CEO acredita que o principal
desafio ao seu projeto [e para o país]
é superar os baixos índices de
proficiência leitora dos estudantes:
[UNICEF, 2022]: Na América Latina e
no Caribe, 80% das crianças ao final
do Ensino Fundamental são
incapazes de compreender um texto
simples. Antes da pandemia eram
50%;
Ao ser premiada pelo LED, Patrícia recebeu, em
suas redes sociais, inúmeros outros
reconhecimentos por sua vida dedicada à
educação, e uma das mensagens dizia o
seguinte: “Merecido prêmio por tudo que você
é como profissional e pessoa, aquela que
acredita e nunca desiste da educação. Tem
toda a minha admiração como pessoa,
profissional e parceira de trabalho.”
Para que todas essas ações sejam mantidas,
Patrícia e sua equipe buscam apoio por meio
de editais, parceiros e investidores públicos e
privados. “Nesse momento estamos em busca
de parcerias porque o nosso trabalho se
sustenta com a venda de produtos, palestras e
formações”, aponta.
O projeto em números e conquistas:
Mais de 4 mil estudantes impactados pelo
projeto
Cinco edições da Revista Tertúlia
Um das edições da Revista sobre bullying e
racismo foi finalista do Prêmio Jabuti, em
2018
Equipe formada por sete integrantes de
diferentes áreas
[MEC, 2022]: No Brasil, mais de 50%
dos estudantes chegam ao 3º ano do
Ensino Fundamental sem ter
habilidades básicas de leitura;
[PISA, 2018]: Apenas 2% dos
estudantes brasileiros são
considerados proficientes em leitura.
Mais de 50% dos brasileiros têm
resultados nível 1 em leitura. Em uma
escala de 1 a 6, 1 é o pior índice de
desempenho e 6 é o melhor.
Conheça e acompanhe o projeto:
@mochiler.leitura | www.mochiler.com.br |
(83) 9 8888-1503 | mochilerleit@gmail.com
SOCIEDADE E
CRIATIVIDADE
POR DA TERRA COMUNICAÇÃO
A ARTE
ANCESTRAL DE
MIÇANGAR
Empreendedora
negra, Lígia se
alegra ao ver a sua
arte, aprendida
quando criança
com a mãe, em
corpos negros.
Peças que
carregam consigo
histórias de vida,
luta e resistência, e
que remetem aos
nossos ancestrais.
Nascida em São Paulo, Lígia Emanuele
é uma jovem de 28 anos, afronordestina,
filha de bordadeira, neta e
bisneta de costureira, criada pelas
matriarcas da família, mãe do
Francisco, designer, artista visual,
moradora do Sítio Maracujá Salema,
situado na região de Rio Tinto (PB).
Uma biografia que não para de ser
escrita. Como artista visual na Azulão
Ilustrações desde 2014 e por meio de
colaborações financeiras, a jovem
conseguiu dar o pontapé inicial em
outro projeto, o Entorno Acessórios,
em 2020.
“A iniciativa nasceu do sonho e do conceito do ‘Entorno ao Corpo’, como
entendimento da relevância das nossas histórias ancestrais e territoriais, para
afirmarmos e ativarmos nossa identidade afro-brasileira nos acessórios que entornam
os nossos corpos. Tudo o que nos foi deixado de herança ancestral e artesanal tendo
como fio condutor as miçangas e búzios na criação dos acessórios”, explica a designer.
Em suas redes sociais, sempre ‘entornada’ por suas artes, Lígia fala de
produção artística, moda, representatividade, autoestima, diversidade, cultura,
meio ambiente e muito mais. Não se trata apenas de um colar ou de brincos
comprados em qualquer lugar. As peças, desde o primeiro olhar, inspiram
sentimentos, força, ancestralidade, como a autora mesma diz.
A empresa, baseada na página no Instagram
[@entorno_acessorios], apresenta peças
autorais, autênticas, tradicionais e criativas, “e
se motiva também em compartilhar
conhecimento sobre as suas origens, com
conteúdos e diálogos que levem até os nossos
entornades [clientes] a importância sobre o
uso dos acessórios”, contextualiza.
A designer ainda explica que o derivado uso
das miçangas leva as pessoas que utilizam os
objetos a compreenderem a participação e a
contribuição do povo preto e os seus
processos históricos - um ponto de partida
para que se conheçam melhor.
“Conhecer as
histórias por
trás de cada
acessório
fortalece a
importância
do seu uso.
Eles dialogam
com a nossa
origem, com
os ancestrais”
Tá no sangue!
Por toda essa força histórica, a conexão de
Lígia com as miçangas não vem de hoje, mas
de quando era criança, por obra da mãe, Maria
Angela, bordadeira de mão cheia e que
trabalhava com miçangas. “O ato de miçangar
e criar peças tem um discurso de
reconhecimento e autenticidade passado a
mim por minha mãe”, justifica.
Esse episódio de infância faz com que a jovem
empreendedora recorde com saudade e
alegria o cuidado com que as mulheres de sua
família tinham em arrumá-la para a escola,
por exemplo. “Me lembro das minhas roupas
coloridas, meus cabelos trançados e os meus
colares de miçangas, enaltecendo a nossa
estética afro”, frisa.
“Hoje, enquanto idealizadora da marca
Entorno, me preocupo em fazer acessórios
que reafirmem a nossa estética, que
expressem a nossa história e de onde somos,
que tragam memória e exalem
espiritualidade. Uma vez que algumas de
nossas peças têm como inspiração uma
espiritualidade autônoma, sobre acreditar no
nosso Axé, nos nossos guias, não estamos
nesse mundo sozinhos” - Lígia Emanuele,
Entorno Acessórios
Conquistas
Com um ano de existência da marca Entorno
Acessórios, para além de trazer peças
carregadas de histórias, lutas e resistências,
Lígia manifesta a alegria e a honra ao
“entornar” muitas pessoas pretas, conhecer as
suas vivências e ver a sua arte ser carregada
com orgulho ao redor de seus corpos. “Todos
esses acontecimentos fortificam nossos
propósitos de existência, e mostram que
estamos no caminho certo”, finaliza a artista.
Conheça um pouco mais a artista e os
seus projetos diversos:
@ E N T O R N O _ A C E S S O R I O S | @ A Z U L A O _ I L U S T R A C O E S | @ L I G I A _ E M A N U E L E /
ENTREVISTA
Fernanda Albuquerque, ou
Fernandinha, como é
carinhosamente conhecida
pelos paraibanos, é mãe,
esposa, psicóloga, já foi
radialista, apresentadora de
televisão, e hoje empreende
em diferentes ramos, além
de recentemente ter
desbravado outro meio
ainda tão inóspito para as
mulheres: a política. Ela foi
escolhida, com sua história
de vida inspiradora para ser
uma das capas da primeira
edição da Revista
Identificação, e é a nossa
entrevistada do mês.
Fernandinha contou sua
trajetória, falou sobre
dificuldades, os desafios da
mulher empreendedora e
até sobre saúde mental.
Pegue o seu cafezinho e
acompanhe conosco essa
conversa:
FERNANDINHA
ALBUQUERQUE
Revista Identificação: Fernandinha, conta pra
gente a sua história com o empreendedorismo.
Fernanda: Sou filha de uma costureira e desde
muito cedo tive contato com o
empreendedorismo. Minha mãe costurava,
consertava roupas dos clientes e também
produzia suas próprias peças. Eu ia com ela para
as lojas comprar os tecidos, acompanhava todo
o processo. Tenho até um acidente no dedo:
quando criança coloquei a mão numa máquina
e quase fico sem o indicador da mão direita. A
minha mãe sempre foi uma empreendedora. Ela
abriu a sua primeira loja em Campina Grande
nos anos 90, em um shopping pequenininho,
onde vendia as camisas que fabricava. Então a
nossa rotina era ir para a escola e depois passar
o resto do dia ajudando na loja. Desde muito
pequena eu já vendia, ficava no caixa, passava o
troco para os clientes. Por isso nessa época eu
dizia que queria ser bancária. Então, estar no
empreendedorismo não é algo recente na minha
vida, eu cresci com isso.
E assim fomos nos desenvolvendo numa
família muito humilde. Meu pai era
motorista de máquinas pesadas e
analfabeto, ele não conseguiria
empreender porque sua falta de formação
não permitia. Depois, o falecimento do meu
irmão mais velho nos tirou de Campina
Grande e a minha mãe entrou em
depressão. Naquela época a gente nem
sabia o que era depressão, mas hoje eu,
principalmente como psicóloga, sei que era.
Então viemos para João Pessoa e
recomeçamos a nossa vida num bairro
periférico.
E assim, minha mãe trouxe as máquinas de
costura e começou do zero de novo,
avisando aos vizinhos que era costureira.
Devagarzinho, ela conseguiu novamente
abrir uma lojinha numa galeria aqui do
centro de João Pessoa, onde ficou por mais
de 14 anos. Ela faleceu ainda com a lojinha.
Depois do seu falecimento nós é que fomos
lá fechar, e o prédio inteiro estava de luto
porque ela era muito querida.
Então, dito isso, o empreendedorismo
sempre esteve conosco. Hoje eu
empreendo no segmento de beleza, de
saúde, de ar condicionado (refrigeração),
de semi-joias. Minha irmã é professora e
empreende no segmento da educação.
Minha mãe nos deu essa veia, mas foi muito
difícil começar, porque apesar de tê-la
como exemplo, eu tinha muito medo. O
emprego fixo sempre nos deu segurança, e
sair desse fixo para empreender era algo
muito arriscado.
Tanto que eu e a minha irmã continuamos
com empregos fixos em um período do dia,
conciliando com os nossos
empreendimentos. Mas foi preciso aí um
lapso de anos, inclusive com o falecimento
de minha mãe, para que a gente pudesse
desbravar a vida da empreendedora. Os
desafios não são fáceis, mas por ter tido lá
atrás esse exemplo de garra, a gente não
desiste.
Então quando olhamos para trás e vemos
aquela mulher que já era empreendedora,
que já era chefe de família, mas que agora
entra para as estatísticas, vemos um
processo de mudança.
Porque tem gente se interessando pelo tema,
tem uma rede como a de vocês, que está
começando a dar visibilidade e
profissionalizar a temática. Antes era tudo
muito solto, não tinha quem se interessasse e
contabilizasse esses números. Agora, temos
políticas públicas que estão chegando. Ainda
precisamos evoluir muito, mas é como eu
disse: todo processo de transformação exige
tempo, e que bom que dentro desse tempo
estamos nós, fazendo a manivela girar.
Revista Identificação: Dentro da sua história
e trajetória, como mulher multipotencial,
você representa todas nós, que temos
diferentes interesses, talentos, papeis a
desempenhar e muitas vezes o mundo quer
nos definir e nos colocar em uma só
caixinha. Não queremos fazer apenas uma
coisa, queremos fazer várias. E como é para
você lidar com isso?
Revista Identificação: Na sua fala você trouxe
dois vieses do empreendedorismo feminino:
uma delas é o fato de que há muito tempo as
mulheres das gerações anteriores à nossa
vêm sustentando as suas casas, fazendo o
seu dinheiro e tocando a vida com os frutos
dos esforços dos seus trabalhos, dos seus
dons e talentos. E essas mulheres sempre
estiveram na invisibilidade. Ou seja: ser
mulher empreendedora faz parte da nossa
história, mas nunca foi muito bem entendido
como um empreendedorismo. Agora a gente
tem mais visibilidade para isso e até
estatísticas que comprovam que
praticamente a metade dos lares brasileiros
são sustentados por mulheres. Como você vê
esses dois lados?
Fernanda: Por um lado, a gente vê a evolução
de um processo. Nenhuma mudança
acontece do nada. E dentro deste processo
existem os agentes de transformação que
somos nós, empreendedoras. Estamos
profissionalizando os nossos negócios,
estamos compreendendo que é preciso
aprender a empreender. É necessário também
que as políticas públicas tenham um olhar
para as empreendedoras, e isso ainda é difícil.
Por exemplo, as linhas de crédito ainda são
muito difíceis para quem está começando o
seu próprio negócio. E cada vez mais mulheres
desistem, porque é uma luta. Não é todo
mundo que tem disponibilidade e energia
para continuar persistindo. Chega uma hora
que o cansaço bate, que o desânimo vem, e aí
essa mulher que se levanta com um potencial
empreendedor incrível, implode.
Fernanda: É tão bom você tocar nesse
assunto. A primeira palavra que tem no meu
Instagram é “plural”. Eu sou super contra esse
sistema que quer nos colocar em caixas.
Quando comecei nas redes sociais há 10
anos, um determinado estudioso de
marketing me disse que eu deveria escolher
e atuar em um único nicho. E eu respondi a
ele: “me permita dizer a você que eu me
recuso a ser apenas uma coisa, porque eu
sou múltipla. Por que eu tenho que falar só
de um assunto? Por que eu não posso
mostrar o que eu estou vivendo, trazer um
tema hoje, outro amanhã?” E isso não é de
agora. Sabe aquela revista “Capricho”?
Sempre tinha uma entrevista com os artistas
e eles perguntavam lá: “cor favorita?”. A
pessoa respondia: branco. Eu sempre me
imaginava respondendo e pensava: eu não
tenho uma cor favorita, eu gosto de branco,
de azul, de verde. E eu me achava super
errada porque não conseguia definir uma
coisa só. Hoje, com 40 anos, eu preciso dizer:
quem disse que a gente tem que ter uma cor
preferida? O arco-íris tem sete! Me desculpe
quem quer colocar a gente em caixas, definir
uma única coisa para a vida. A gente tem
muitas facetas. É claro que tem coisa que
você se identifica mais. É claro que tem
situações em que, naquele momento, você
está mais enviesada. E está tudo bem você
fazer mais daquilo em uma determinada
época da vida, mas se definir é se limitar.
Acho que, como diz Viktor Frankl, nós somos
seres de possibilidades. Hoje, mesmo eu
sendo tantas coisas através de diplomas e
experiências, ainda dá pra ser muito mais. E é
por isso que eu me levantei para ser também
uma ativista política. Uma mulher que sai da
fila das que reclamam e entra na estatística
daquelas que vão se inserir num meio que
ainda é tão machista, tão cruel e feroz com
quem não vem de oligarquia.
Se a gente parar para pensar direitinho, as
mulheres que estão dentro da política
geralmente (não são todas, mas a maioria)
vêm de uma tradição familiar. E nada contra
isso. É a realidade delas. Mas para uma pessoa
que não vem de oligarquia, que não tem
ligação com grupos políticos anteriores, se
levantar não é fácil. Aí eu olho para tudo o que
eu conquistei na vida e vejo que nunca foi fácil.
Então, vamos lutar.
Revista Identificação: Justamente sobre essas
dificuldades, eu estava lendo uma outra
entrevista que você deu recentemente, e uma
das coisas que você falava era: “eu sei muito
bem das dificuldades de empreender nesse
país”. E sobre o ser mulher e empreendedora,
quais, na sua opinião, são as maiores
dificuldades hoje, as principais barreiras que
ainda temos que romper, em 2022, em se
comparando com os homens que
empreendem?
Fernanda: A gente ainda precisa continuar
cuidando da casa, dos filhos, do marido,
fazendo a comida, limpando, e pensando
estrategicamente: onde eu vou vender, arrumar
o dinheiro, para quem eu vou entregar o meu
negócio, ou seja: o acúmulo das funções. É
muito mais difícil para nós, porque não fomos
tirando papeis, fomos sobrepondo papeis. Não
deixamos de fazer as coisas que fazíamos
antes para sermos empreendedoras.
Continuamos fazendo tudo e ainda nos
tornamos empreendedoras. Muitas vezes por
dom, por feeling, ou movidas por necessidades
de sobrevivência. Porque também tem a
mulher que vai empreender para aumentar a
renda familiar, e a gente não pode se esquecer
delas. Eu acredito que a sobrecarga de funções
é ainda uma das grandes dificuldades.
Somado a isso, algo que eu já toquei no nosso
assunto anterior: linha de crédito. Ainda é muito
complicado. Por mais que haja auxílio em
diferentes redes, isso ainda é insuficiente para
ampliar o potencial feminino de mulheres
empreendedoras no nosso estado. Então acho
que falta visibilidade e política pública de
verdade, abrangente, e não apenas ações
isoladas de prefeituras. Precisamos colocar
todo mundo no mesmo círculo, e não ter
diferença entre aquelas que moram em
determinados municípios e conseguem ajuda
da sua prefeitura, que tem mais condições, e
aquelas outras que moram em outro lugar e
são invisíveis para os seus governantes.
Precisamos de políticas públicas para aprender
a empreender e que tragam efetivamente
linhas de crédito, que entendam qual é a
cultura de cada município, como dar fomento a
isso, como levar isso para o exterior, como dar
visibilidade a essas mulheres lá fora. Não como
um favor, porque alguma artista veio e levou
para um desfile lá fora. Isso é muito pouco
dentro do nosso potencial. Estou falando de ter
representatividade de verdade, ter nossa
cultura nas embaixadas. Precisamos entender
que o empreendedorismo feminino é também
familiar, porque as famílias estão juntas nisso.
Principalmente as meninas lá do Cariri, onde
fizemos o pré-lançamento da revista. Não é
só uma artesã dentro de casa, são várias,
elas estão enraizadas nisso há gerações.
Revista Identificação: E inclusive as
políticas públicas não só ajudam quem já
empreende como também fortalecem as
novas gerações que estão por vir, para se
encorajarem a ir para o
empreendedorismo, porque muitas vezes
elas desistem, não é?
Fernanda: Elas não sabem nem onde
procurar. Elas não sabem por onde
começar. Deveria existir em cada município
uma secretaria específica, com aporte de
crédito específico para trabalhar com essas
mulheres, treinamentos específicos, um rol
de workshops pelo Brasil inteiro. Falta muito
ainda e por isso é uma peleja muito grande
para essas mulheres estarem e
permanecerem empreendendo. E eu,
particularmente, quero trazer visibilidade
para essa pauta, que me é tão rara, tão
cara e tão genuína.
Revista Identificação: Para a gente
terminar, e eu não podia deixar de te
perguntar isso, inclusive porque você é
psicóloga: como é que a gente cuida da
nossa saúde mental dentro desse contexto
todo? Como acabamos de falar: existem
várias dificuldades, barreiras, funções
acumuladas, sobrecargas, mas ao mesmo
tempo o sonho, o dom, o desejo, o talento....
e a saúde mental? Como a gente se cuida
no meio disso tudo?
Fernanda: É um grande desafio, né?
Tivemos um crescimento dos índices de
depressão nesse período de pandemia, de
mais de 30%. Vemos pessoas adoecidas até
por uma economia que neste período
impactou todas nós. E agora que estamos
saindo aos poucos desse período
pandêmico e voltando a vislumbrar uma luz,
precisamos pensar em como retomar a
saúde mental de antes. E ainda no sistema
público de saúde, a saúde mental é quase
invisível. As mulheres que procuram o PSF
(Programa de Saúde da Família) em busca
de um psiquiatra esperam sete, oito meses,
um ano.
Temos ainda um sistema público de saúde
muito carente, que traz uma invisibilidade para a
saúde mental. Mas dentro do que é possível
fazer, penso que existem instrumentos que a
psicologia nos traz. É sonho querer que todo
mundo faça psicoterapia. Na verdade, é um
sonho e um propósito da minha vida: tornar a
psicoterapia um processo possível para as
mulheres carentes (e para os homens também).
Que elas passem por um processo terapêutico
justamente para se conhecer melhor, se livrar de
traumas, bloqueios, crenças limitantes que
dizem que elas não vão evoluir, que não
nasceram para serem vencedoras. E todas nós
temos crenças limitantes. Mas eu costumo dizer
que existe um pilar importante e que alimenta
outras coisas: a respiração. A respiração
diafragmática é uma técnica que libera o nosso
pico de estresse, oxigena o nosso cérebro e faz
com que a gente comece a ter mais clareza.
Porque na hora do desespero, com todos os
pensamentos automáticos, embaralhados na
mente, queremos desistir, jogar tudo fora, achar
que não dá mais certo! Calma mulher! Respira.
Inspira por três segundos, solta o ar por seis
segundos. Se quiser, deite e coloque um livro na
barriga para sentir que ele está subindo e
descendo com a respiração. E se acalma.
Emoções como raiva e tristeza nunca são boas
conselheiras, você não vai conseguir pensar
com clareza. Espera essas emoções todas se
acomodarem, e aí você consegue racionar
sobre o que fazer, aonde ir e que ajuda buscar.
Às vezes você não consegue ter acesso a um
psicólogo, mas você tem alguém em quem
confia, que está no empreendedorismo como
você, existem também as redes.... enfim, temos
que buscar ajuda, sobretudo, para que
possamos encontrar o equilíbrio e continuar.
Terapia, psicólogos e psiquiatras, quando
necessários, são indispensáveis. Essa ajuda é
parte fundamental do processo de todo ser
humano, não apenas para quem está em
adoecimento, não! Psicoterapia é vida para todo
mundo! E enquanto esse sonho da
acessibilidade não se torna realidade,
busquemos nós na respiração, na fé, e na luta
que toda mulher sabe que precisa ter, para a
certeza de dias melhores!
Revista Identificação: Muito bem! Gostaria
que você deixasse para nós uma
mensagem final.
Fernanda: Eu quero parabenizar a iniciativa
de vocês de criar essa revista. Hoje, o
impresso é tão raro e está cada vez tão
distante da gente. É tanta tela, tanta
tecnologia, e imprimir é também
imortalizar. O que vocês estão fazendo é
imortalizar a história de Dona Bium, a minha
própria história e, consequentemente, a
história de outras tantas mulheres. Histórias
de luta, de pessoas que já têm a sua
visibilidade, mas de outras que estão ainda
no seu processo de crescimento (assim
como a gente ainda continua). Então eu
quero parabenizar sobretudo pela ideia.
Que vocês cresçam cada vez mais para dar
mais voz a tantas mulheres extraordinárias
que existem nesses estados Brasil afora, e
que muitas vezes estão precisando de
outras mulheres como vocês para dizer “ei,
vem cá, você é especial, e a gente está aqui
pra dizer que você é inspiração”. Muito
obrigada pelo convite, eu estou feliz e
honrada de estar nessa primeira edição da
revista, e que venham muitas outras.
Saibam sempre que do lado de cá, vocês
têm uma incentivadora e admiradora. Eu
sempre encerrava os meus programas com
uma frase, que muitas mulheres ainda hoje
quando me encontram, lembram. Então
vou encerrar nosso papo hoje assim
também: O sucesso é ser feliz, e ser feliz só
depende de você!
PARA VER DE PERTO
PUBLIEDITORIAL
CLEIDE NÓBREGA
AMPARO-PB
Cleide Nobrega é
Primeira-Dama e
Secretária Municipal de
Assistência Social da
cidade de Amparo-PB.
Com a missão de atender
de forma humanizada às
demandas da
comunidade, desde 2018
ela vem desempenhando
um importante papel,
inclusive junto às
mulheres da região. Hoje
já são cerca de 14 projetos
contínuos que seguem a
todo vapor, acolhendo um
número cada vez maior de
cidadãos e fomentando
atividades focadas em
diferentes grupos, de
acordo com a
diversidade e as
necessidades locais.
Alguns projetos de
destaque e ações
desenvolvidas são:
acompanhamento de
mulheres gestantes e no
puerpério; aulas de
zumba; companhia de
dança (com bailarinas
em três faixas etárias
distintas);
grupo
terapêutico; visitas
psicossociais; escuta
psicológica
e
encaminhamento para
tratamentos; apoio à
orquestra filarmônica da
cidade, dentre outros.
Em meio a estas ações,
Cleide cita a importância
das políticas públicas
para mulheres, que têm
sido impactantes na vida
de muitas. A secretária,
junto à Rede Por Elas
demonstra determinação
para levar oportunidade,
desenvolvimento e
capacitação profissional
às mulheres de Amparo.
Uma das suas frases favoritas, pauta o seu
trabalho: “Lugar de Mulher é onde ela quiser”.
GRUPO
DE
ZUMBA
P
ATRÍCIA OLÍMPIO
MONTEIRO-PB
"Vamos em frente
com novos desafios"
Patrícia Olímpio e seu marido
Heliosman se orgulham de
terem sido os pioneiros a
fornecer
serviços
farmacêuticos 24 horas para
a população de Monteiro,
cidade localizada no cariri
paraibano. No ano de 1990, o
casal deu início ao projeto
da Farmácia Dia e Noite que
existe ainda hoje. Patrícia,
por ter formação em
Administração de Empresas
pôde trazer, ao longo dos
anos, uma nova roupagem
para o empreendimento,
deixando-o cada vez mais
moderno e com uma
estrutura sofisticada.
Monteiro | São Sebastião
doUmbuzeiro | Zabelê- PB
Sertânia - PE
Tudo surgiu a partir da identificação da
necessidade que a população tinha deste
tipo de estabelecimento naquela época,
quando todas as farmácias da cidade
fechavam por volta das 19h,
impossibilitando que as pessoas
obtivessem medicamentos em casos de
urgência ou emergência. Atualmente o
empreendimento oferece, além de
medicamentos e uma vasta gama de
produtos de higiene e beleza, também
serviços de ambulatório para atender às
demandas de seus clientes de maneira
completa. Hoje, já são seis filiais, sendo
uma delas no estado do Pernambuco,
com uma rede de 52 colaboradores
que, diariamente,
contribuem para o desenvolvimento
da
empresa.
Sua
farmácia
para todo e
qualquer
momento
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Artística
Lettering
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De corpo, alma, mente, coração.
Pra aproveitar cada momento,
cada história, cada conexão.
(83) 99895-8336
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PRÊMIO EXCELÊNCIA - 96% DE
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Obrigado São João do Tigre.
Excelência em gestão e
compromisso vistos através de
números e ações. Com 96% de
aprovação o Prefeito Márcio
Alexandre Leite se consagra com
uma gestão de extrema qualidade.
Soluções inovadoras e de qualidade
em gestão pública. Consultoria
adequada e personalizada à
realidade de seu município.
Nosso foco é ofertar serviços
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INSPIRAÇÃO
SUPERAÇÃO,
TRADIÇÃO
E ARTE
CONHEÇA A HISTÓRIA DE DONA BIUM,
MULHER POPULAR, ÍCONE DO
ARTESANATO PARAIBANO,
ESCOLHIDA PARA SER UMA DAS
CAPAS DESTA EDIÇÃO
POR DA TERRA COMUNICAÇÃO
Se alguém chegar em São João do
Tigre perguntando por Maria
Aparecida de Oliveira, é bem
provável que volte para casa sem
encontrar quem gostaria. Mas se
encostar em qualquer comércio,
escola ou numa roda de conversa e
procurar por Dona Bium, a resposta é
imediata!
Aos 67 anos, Dona Bium é figura
conhecidíssima no município onde
nasceu, cresceu, criou filhos e agora
curte os netos. Aliás, seu nome corre
não somente ali na cidade, mas
também em todo o Cariri paraibano
- e até a cantora baiana Ivete
Sangalo a conhece. Isso porque ela é
uma das mais experientes rendeiras
em renascença da região.
Mas para alcançar tamanho
reconhecimento e admiração, Dona
Bium percorreu caminhos de muita
fé, superação, aprendizado,
resiliência dentre tantos outros
substantivos possíveis.
Até os sete anos de idade, Dona
Bium viveu com a família na zona
rural de São João do Tigre. Muito
apegada ao pai, ela o
acompanhava por todo canto.
Meu pai era carpinteiro, trabalhava com
madeira, e eu tinha que acompanhar ele.
Chegava uma época em que ele arrendava um
terreno para cortar madeira, e eu enfrentava o
trabalho junto dele. Passava um ano num
lugar, um ano em outro, mas era sempre aqui
pelo Cariri mesmo", resgata na lembrança
distante.
Em um contexto de vulnerabilidade social, a inevitável necessidade
em contribuir com o pai no trabalho diário para garantir a
sobrevivência da família custou sacrifícios irrecuperáveis à vida de
Dona Bium. "Eu não tive infância. Minha infância foi de aprender
essas coisas do mato, trabalhar em roça", conta a artesã. Aos 14
anos, seu pai faleceu e ela precisou voltar para São João do Tigre,
onde trabalhou em casas de famílias "fazendo faxina, lavando
roupa, engomando naquele ferrinho de brasa", recorda.
Foi na adolescência que Dona Bium teve os primeiros contatos
com a renda renascença. Ela seguiu um caminho que a própria
mãe e as irmãs não percorreram: "lá em casa só eu que me meti a
fazer renda", conta aos risos.
Na época não havia curso de capacitação, então o jeito foi
aprender olhando as rendeiras mais velhas. Ao puxar na memória,
ela faz uma viagem no tempo, como se estivesse revivendo as
lembranças:
Na época não havia curso de
capacitação, então o jeito foi
aprender olhando as rendeiras
mais velhas. Ao puxar na memória,
ela faz uma viagem no tempo,
como se estivesse revivendo as
lembranças: "Tinha as vizinhas
rendeiras e eu saia 'curiando' elas
fazendo, sabe?! Eu levava minhas
agulhas e ouvia dos outros 'sai pra
lá que você tá me atrapalhando',
mas eu respondia que só queria
olhar. Daí teve um dia que uma
perguntou se eu queria aprender
mesmo, e eu disse 'quero!'. Ela
pegou um pedaço de papel e foi
me ensinar. Eu tinha por volta de 15
anos".
Inicialmente, trabalhar com
renda renascença foi uma
ferramenta para
complementar o dinheiro para
sustentar a casa. Mas a família
foi aumentando e Dona Bium
precisou se dedicar ao
trabalho fixo de merendeira na
rede pública de ensino em São
João do Tigre, onde exerceu a
profissão por 30 anos até se
aposentar. "Hoje em dia,
quando eu olho para a beira
do fogão, eu lembro que já
levei muita queimadura
naqueles tachões grandões.
Nessa época de merendeira,
eu chegava em casa e fazia
ainda umas rendas, nem que
fossem pequenininhas, mas só
pra não esquecer e não perder
a prática", esclarece.
Dona Bium recorda que há
cerca de 20 anos, a
valorização do trabalho das
rendeiras era muito menor, por
isso a necessidade de buscar
outros meios de proporcionar
bem-estar à família.
"Antigamente, você lavava
roupa ou fazia faxina numa
casa ou então nada feito. Hoje
com a associação que
fazemos parte, temos uma
estrutura para as rendeiras,
nós temos melhores condições
de vender as peças que
produzimos, inclusive para
outros estados e até para fora
do Brasil", explica.
Dona Bium faz referência à
Associação dos Artesãos de
São João do Tigre - ASSOARTI,
criada em 2001, e que tem
como papel facilitar o
processo de comercialização e
visibilidade das rendas
produzidas. São mais de cem
artesãs e artesãos de todo o
município vinculados à
associação. A sede se tornou
ponto de encontro das
rendeiras, onde passaram a se
reunir para criar novos pontos,
discutir ideias, participar de
treinamentos e comercializar
seus produtos, e por isso ficou
conhecida como Casa da
Renda.
A valorização dessa arte se dá
na luta e teimosia diária de
Dona Bium e de tantas outras
mulheres que, por gerações e
gerações, carregam a
tradição da renda renascença
e do artesanato. Em 2021, um
decreto de lei reconheceu a
renda renascença como
patrimônio cultural imaterial
da Paraíba. Estima-se que
ainda há cerca de três mil
rendeiras em renascença nos
municípios de Monteiro,
Zabelê, Camalaú, São João do
Tigre e São Sebastião do
Umbuzeiro, no Cariri
paraibano.
Em meio a tantos caminhos
percorridos, Dona Bium
também se dedica
atualmente à produção de
bonequinhas de pano, outra
habilidade manual e criativa
que ela desenvolveu a partir
da observação e curiosidade.
"Como a gente não tinha
dinheiro, eu cortei muito
vestido, muita blusa de mãe
para fazer as bonecas. Eu ia
tentando, aprendendo aos
poucos como fazia. Minha
primeira boneca foi horrorosa
de feia", descreve aos risos.
Produzir as bonequinhas se
tornou uma prática
terapêutica para Dona Bium,
que encontrou nessa arte a
força para superar o
falecimento de um de seus
filhos, há nove anos. "Eu
agradeço muito a Deus por
saber fazer essas bonecas. A
arte salvou a minha vida, o
meu remédio foi fazer arte.
Quando eu estava ali
produzindo, eu estava
esquecendo aquelas mágoas",
recorda com emoção.
Mulher de fala calma e
poderosa, Dona Bium diz ainda
ter muita energia para
trabalhar e espalhar sua arte
por todos os cantos possíveis.
"Quando vejo uma criança
com uma boneca que eu fiz,
eu sinto alegria por elas terem
o prazer de brincar, já que eu
não tive tempos atrás", conta a
artesã.
Para ela, sempre há tempo para viver novas experiências. "Eu nunca me
imaginei aparecendo na capa de uma revista. Até hoje ainda me pergunto se
foi através da minha coragem, das minhas rendas, das bonequinhas. Eu
espero que outras mulheres possam também se inspirar e criar coragem
para realizar seus sonhos", finaliza.
MULHER DE
SUCESSO
POR DA TERRA COMUNICAÇÃO
Com uma carreira política de
destaque, a jovem Maria
Emília abre caminhos para a
valorização feminina no
Cariri paraibano
Esse texto inicia convidando você
que o lê a resgatar na memória
como era sua vida com 22 anos de
idade. O que você fazia? Estudava,
trabalhava, desbravava o mundo,
conhecia pessoas? E para quem
ainda não atingiu essa fase, o
convite é para se imaginar quando
chegar lá!
As realidades nessa etapa da vida
podem ser muito distintas e
certamente variam de pessoa para
pessoa. E foi aos 22 anos que Maria
Emília Ferreira Medeiros percebeu
sua vida tomar um rumo
completamente inesperado. Natural
de Monteiro (PB), Maria Emília
estudava na faculdade de Direito
quando, sem muito aviso, substituiu o
pai na candidatura, disputou e foi
eleita em 2016 para o cargo de viceprefeita
de São João do Tigre, cidade
no Cariri paraibano com uma
população de cerca de 4,5 mil
habitantes, onde foi criada a vida
toda.
"Foi tudo de supetão", conta a
jovem. "Num dia eu morava em
Campina Grande e no outro eu
estava voltando a São João do
Tigre para concorrer como
vice-prefeita da cidade. Eu
demorei a entender o que
estava acontecendo", recorda.
Apesar de nunca ter ocupado um
cargo de gestão anteriormente,
Maria Emília enfrentou o desafio de
ser uma das vice-prefeitas mais
jovens do
país - segundo a legislação eleitoral
brasileira, a idade mínima para
assumir o mandato de viceprefeita/o
é de 21 anos. Em 2019,
recebeu o prêmio de vice-prefeita
referência na região. Ela atribui essa
veia de sucesso ao histórico familiar.
"Meu bisavô nunca se candidatou,
mas ele sempre estava nos
bastidores da política. Meu avô foi
um dos primeiros prefeitos de São
João do Tigre. Muita gente me
enxerga no meu avô, já falecido, pois
assim como ele, eu tenho muita
facilidade de me relacionar com as
pessoas, de construir conexões",
explica.
Hoje com 27 anos e já formada em
Direito, Maria Emília ocupa o cargo de
Secretária de Planejamento e Gestão
de São João do Tigre. Quando
perguntada se algum dia deseja
concorrer ao mandato de prefeita,
ela rapidamente rebate: "Não, eu
prefiro atuar nos bastidores, meu
lugar é ali".
Para ampliar seus conhecimentos e
possibilidades de atuação,
atualmente a jovem cursa uma pósgraduação
em Direito Público, com
ênfase em Gestão Pública. "Quando
eu chego em reuniões ou em eventos
currículo, as pessoas ficam chocadas.
Porque eu sempre estou em busca de
melhorias, de me aperfeiçoar", conta a
gestora.
Inspirada em figuras de referência
como Ana Fontes, CEO da Rede Mulher
Empreendedora, uma das linhas de
trabalho de Maria Emília é a
valorização e criação de
oportunidades para mulheres de seu
município de atuação e da região do
Cariri como um todo. Segundo ela,
muitas mulheres têm potencial de
produzir, de criar, mas lhes falta espaço
para isso. "Eu tenho buscado colocar
essas pessoas em rede, para que elas
troquem conhecimentos e mostrem o
que podem fazer. Nós iniciamos o
grupo de Mulheres Empreendedoras de
São João do Tigre e desde a pandemia
já pudemos realizar diversas mentorias
online e mostrar o trabalho das
rendeiras em diferentes espaços",
explica orgulhosa.
Questionada ao fim da entrevista sobre
o que considera ser uma mulher de
sucesso, Maria Emília para alguns
instantes para refletir, mas é incisiva
em dizer que ousadia é um elemento
determinante para alcançar grandes
objetivos.
I D E N T I F I C A Ç Ã O É A
T R O C A D E E X P E R I Ê N C I A S
H U M A N A S ,
U M M O T O R D E
T R A N S F O R M A Ç Õ E S .
Sou aquela gestora que
se difere porque eu não
sou acostumada com
coisa pequena, eu
sempre gosto de ir mais
além. Eu sou aquela
pessoa que nunca para
muito no [São João do]
Tigre porque estou
sempre andando atrás de
parcerias. Me incomoda
o comodismo", finaliza a
jovem Secretária.
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Equipe comercial: Mila Godoy,
Angélica Costa, Thayane Belchior e
Maria Emília
Agradecimentos especiais:
Julio Sousa
Elvis Marques
Rafael Oliveira
Dayanne Brilhante
Alessandra Marzani
Vitória Miranda
AME-PB
Grupo Mulheridades
Lucas Weslley
Prefeitura de São João do Tigre
Grupo Mulheres que Inspiram
Alefy Marques
Edneide Santana
Rede Delas Cariri
Sebrae-PB
Criou - Marketing Integrativo
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