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a ciência do que não existe

COLEÇÃO DIABO NA AULA | VOLUME 1 Sara Síntique recupera uma imagem de Furio Jesi: a ciência daquilo que não existe. Furio anota esse apontamento quando imagina o mito se desequilibrando entre história e fato milagroso: uma ciência do mito, uma não-utopia e as profecias entre ciência, poesia e natureza. Agora, nesse “tempo de retinas tão fatigadas”, quando a ideia de mito se expande ao vazio, retomar o esquecido como sentido de força e devolvê-lo ao presente é uma tarefa emergencialmente política. E Sara, neste livro, convoca esse movimento, ou jogo, numa esperança entre corpos livres e nus e deslocamentos insensatos numa anônima e cifrada rarefação do desejo. O que se pode ler aqui, diferente do que aparece em seus livros anteriores – mesmo que o corpo se revolva outra vez, em sua dimensão de água ou nulidade –, é um longo poema de respiração fragmentada, pequenas pausas de suspensão e quase uma história perdida de amor em torno de M, letra secreta, inventada, um mar, um plural, o mundo. O poema percorre a cidade de Fortaleza através de “um rastro de corpos”; é a Fortaleza das canções de Ednardo ou de Belchior e da pintura de Antonio Bandeira, Cidade queimada de sol, que se reconfigura sem mapa e como um desperdício vulnerável “para quando perder a memória”.

COLEÇÃO DIABO NA AULA | VOLUME 1

Sara Síntique recupera uma imagem de Furio Jesi: a ciência daquilo que não existe. Furio anota esse apontamento quando imagina o mito se desequilibrando entre história e fato milagroso: uma ciência do mito, uma não-utopia e as profecias entre ciência, poesia e natureza. Agora, nesse “tempo de retinas tão fatigadas”, quando a ideia de mito se expande ao vazio, retomar o esquecido como sentido de força e devolvê-lo ao presente é uma tarefa emergencialmente política. E Sara, neste livro, convoca esse movimento, ou jogo, numa esperança entre corpos livres e nus e deslocamentos insensatos numa anônima e cifrada rarefação do desejo.

O que se pode ler aqui, diferente do que aparece em seus livros anteriores – mesmo que o corpo se revolva outra vez, em sua dimensão de água ou nulidade –, é um longo poema de respiração fragmentada, pequenas pausas de suspensão e quase uma história perdida de amor em torno de M, letra secreta, inventada, um mar, um plural, o mundo. O poema percorre a cidade de Fortaleza através de “um rastro de corpos”; é a Fortaleza das canções de Ednardo ou de Belchior e da pintura de Antonio Bandeira, Cidade queimada de sol, que se reconfigura sem mapa e como um desperdício vulnerável “para quando perder a memória”.

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sara

síntique

a ciência

do que não

existe


Sara Síntique recupera uma imagem de Furio

Jesi: a ciência daquilo que não existe. Furio

anota esse apontamento quando imagina o mito

se desequilibrando entre história e fato milagroso:

ciência do mito, não-utopia e as profecias

entre ciência, poesia e natureza. Agora, nesse

“tempo de retinas tão fatigadas”, quando a ideia

de mito toca o vazio, retomar o esquecido como

sentido de força e devolvê-lo ao presente é uma

tarefa emergencialmente política. E Sara

convoca esse movimento, numa esperança

entre corpos livres e nus, deslocamentos insensatos

numa anônima rarefação do desejo, o

espaço primitivo de nossa ideia de existência: o

corpo, esta fome extrema. Um longo poema de

respiração fragmentada, uma história perdida

de amor em torno de “m”, letra secreta, inventada,

um mar, um plural, o mundo. O poema

percorre a cidade de Fortaleza através de “um

rastro de corpos”; é a cidade das canções de

Ednardo e de Belchior, e da pintura de Antonio

Bandeira, Cidade queimada de sol, que se

reconfigura sem mapa: “para quando perder a

memória”. Tudo nesse livro-poema é risco, álea,

ou seja, “amar sem saber”.

JÚLIA STUDART


coleção



sara

síntique

a ciência

do que não

existe


Copyright © Sara Síntique.

Todos os direitos desta edição reservados

à MV Serviços e Editora Ltda.

organização da coleção:

Carlos Augusto Lima

Manoel Ricardo de Lima

projeto gráfico

Patrícia Oliveira

cip-brasil. catalogação na publicação

sindicato nacional dos editores de livros, rj

Elaborado por Gabriela Faray Ferreira Lopes — crb 7/6643

S625c

Síntique, Sara

A ciência do que não existe / Sara Síntique. – 1. ed.

– Rio de Janeiro: Mórula, 2022.

48p. : il. ; 18,5 cm. (Diabo na aula ; 1)

isbn 978-65-81315-35-1

1. Poesia brasileira. I. Título. II. Série.

22-80381 cdd: 869.1

cdu: 82-1(81)

Rua Teotônio Regadas 26 sala 904

20021_360 _ Lapa _ Rio de Janeiro _ RJ

www.morula.com.br _ contato@morula.com.br

/morulaeditorial /morula_editorial


uma a uma, as coisas vão sumindo

uma a uma, se desmilinguindo

e o mar engolindo lindo

e o mal engolindo rindo

ednardo



m.,

para

quando

perder a

memória

dessa fala

sobre fractais

que incide agora

enquanto desenha

a próxima casa

a próxima rua

a próxima praça

dessa cidade

queimada de sol

e quando o traço

matéria em ruína

e sobre ele

um prédio tão alto

engolindo

7


um rastro de

corpos

dois corpos

outrora

suados

8


a ciência do que não existe foi impresso pela gráfica

meta para a editora mórula em papel pólen soft 80g/m 2 ,

tipografia silva text e wigrum, outubro de 2022, ano

em que ednardo celebra 50 anos de desenhos e canções:

“cantar parece com não morrer”.



SARA SÍNTIQUE é produtora cultural, atriz,

revisora. Autora dos livros ÁGUA ou testamento

lírico a dias escassos (Ellenismos, 2019)

e Corpo Nulo (Substânsia, 2015). Integra as

antologias O olho de Lilith (Selo Ferina, org.

Mika Andrade), Cult — Antologia Poética n.2

(Revista CULT, org. Tarso de Melo), Uma pausa

na luta (Mórula, org. Manoel Ricardo de

Lima), Fissura (Nadifúndio, org. Bianca

Ziegler e Raisa Christina), 69 poemas e outros

ensaios (Oficina Raquel). Mestra em

Literatura Comparada pela Universidade

Federal do Ceará (UFC), graduada em Letras

Português-Francês (UFC) e atriz/pesquisadora

no grupo Terceiro Corpo.

FOTO: Pérola Castro

MAUC UFC | Antônio Bandeira


a coleção diabo na aula vem de uma

expressão retirada do poema cultura

francesa, de drummond, “aluno de

moral-zero”, que presta sentido a

murilo, entre alfred jarry e brigitte

bardot. murilo bagunça a cena,

desmonta o mestre, este é o jogo: errar

e desobedecer generosamente toda e

qualquer moral, aprendizagem infinita

e impensada, “gestos impossíveis”.

ISBN 978658131535-1

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