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Gabriel Serra nasce em 1945, no Cacém, Sintra, quando era ainda uma<br />
aldeola rural, com searas de pão ao pé da porta, rodeada de quintas,<br />
arvoredo, natureza em volta, bem longe da selva de cimento hoje<br />
existente.<br />
Filho de camponeses, a terra está-lhe enraizada, é camponês na alma,<br />
sem ter pegado uma enxada.<br />
A sua sempre insatisfeita sede de conhecimento, levam-no a percorrer o<br />
mundo em viagens reais e imaginadas, umas dentro de si, outras pelo<br />
que o rodeia, aqui apenas ligeiramente mais longe.<br />
Como os seus pais, também cursou a escola da vida, para além dos<br />
estudos secundários, só possíveis com bolsa atribuída pela Fundação<br />
Gulbenkian, iniciando a sua carreira profissional em 1961 na área da<br />
contabilidade, que nunca abandonou, ajudado por estudos posteriores<br />
nocturnos, pelo auto-didatismo permanente e pelo saber de experiência<br />
feito, como diz o poeta.<br />
Hoje, já não exerce qualquer actividade profissional. Regressou às suas<br />
origens camponesas, numa aldeia também próxima de Sintra. O seu<br />
pai, se o visse agora nas fainas agrícolas, muito estranharia o seu<br />
“Esgarviel”, dado que antes era sempre suplente nessas tarefas por<br />
alegada falta de jeito.<br />
Como as coisas mudam. Pudesse o lirismo também reproduzir-se<br />
por semente ou então pegar de estaca. Pudesse ...