SCMedia News | Revista | Junho 2022

SCM Supply Chain Magazine 19
A
taxa de inflação em Portugal atingiu um
máximo desde 1992, alcançando os 8,7%
em junho, face aos 8% registados em
maio. De acordo com sondagens recentes, a
alimentação é o setor em que as famílias mais
sentiram o impacto deste aumento de custos,
e de acordo com os dados da DECO Proteste,
a inflação deixou um cabaz de 63 produtos,
criado tendo por base o consumo normal das
famílias, cerca de 10% mais caro.
Segundo o estudo “Reflect. Rethink.
Reconsider. Why food waste is everybody’s
problem”, da Capgemini, cerca de 91% dos
consumidores prefere comprar alimentos de
marcas e empresas que demonstram ter uma
preocupação com o desperdício, e que contem
com medidas, políticas e soluções para o
reduzirem.
O estudo da Capgemini aponta alguns
dos benefícios de as empresas reduzirem
o desperdício alimentar, desde logo ao
nível da diminuição de custos, aumento de
receitas, novos fluxos de receitas, melhores
classificações de ESG, bem como maior
confiança dos consumidores, “por exemplo,
em média, o custo associado ao desperdício
alimentar é de cerca de 5,6% das vendas totais
para as organizações. Mais de metade (56%)
das organizações citou a redução dos custos
como um dos principais benefícios das suas
iniciativas relacionadas com o desperdício
alimentar”.
Para além disso, no relatório podemos
observar que a maioria das organizações
declarou estar a concentrar as suas iniciativas
de desperdício alimentar nas suas próprias
operações, e “muito poucas organizações
indicaram que estão a trabalhar com os
seus fornecedores para reduzir a perda
de alimentos na produção, distribuição e
armazenamento agrícolas”.
Três recomendações que a Capgemini
deixa para as organizações lutarem contra o
desperdício alimentar são:
1. Envolver os consumidores e os
colaboradores em iniciativas de gestão de
resíduos alimentares;
2. Colaborar em toda a cadeia de valor;
3. Definir, monitorizar e reportar métricas
relacionadas com o desperdício alimentar.
A Too Good To Go, empresa que procura
criar um impacto positivo no ambiente e
salvar excedente alimentar, também sentiu
uma variação nas compras através da sua
aplicação, tendo em Portugal aumentado 11%
no número de utilizadores ativos na aplicação
entre março e maio, face aos primeiros meses
do ano.
Em Portugal a aplicação já conta com mais
de 1 milhão de utilizadores, ou seja, já “10%
dos portugueses estão familiarizados com a
App (Portugal continental e ilhas)”. Através da
APP, os portugueses já salvaram mais de 1,6
milhões de refeições de serem desperdiçadas,
o equivalente a 4 milhões de quilos de CO2e,
o mesmo que 10.478 voos entre Lisboa e
Londres.
A empresa aponta que a consciência sobre o
desperdício de alimentos mais do que duplicou
nos últimos dois anos, tendo o número de
pessoas que estão mais atentas ao problema
passado de 33% para 72%.
Nuno Plácido, Country Manager da Too Good
To Go em Portugal, comenta que “este é, sem
dúvida, um período complexo, e quando os
preços sobem e impactam algo tão básico e
fundamental como a alimentação, é natural
que enquanto consumidores procuremos