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Nome: Diego Fernandes Barbosa N.USP 5733146
O Percurso começou com os textos de necropolítica, uma compreensão bem
importante do deixar morrer, do biopoder e do patriarcado, uma hipótese que me
surgiu sobre o tema foi o quanto não falar de gênero e raça, tem seu equivalente
monetário, alargando os estudos da disciplina para o campo da economia, essa
conversão é plenamente possível, inclusive pro campo espacial, então a
compreensão de racismo apontada no Ensaio, foi na tentativa de entender sobre as
desigualdades territoriais, onde é possível mapear as lógicas econômicas de
planejamento sobre cada área, e o bem comum convencionado no plano diretor, e
entender as tensões que o capitalismo produz. O entendimento foi que o território
sempre acaba ficando com todo o prejuízo, as externalidades são visíveis nos
territórios pela alteração da paisagem, assim como são visíveis nos espaços de
ensino universitário, nos cargos de poder e no campo das artes. O que mais absorvi
deste curso foi sobre que faz sentido quantificar a diferença que as múltiplas
corporalidades subalternas sentem o capitalismo, e o quanto é possível quantificar o
impacto econômico, especialmente em mulheres negras, indígenas, e outras
minorias, interessante que essa virada decolonial também pode se colocar nas
discussões econômicas.
No trabalho procurei buscar sua gênese na criação da polícia militar com uma
breve história da instituição e na relação entre o sistema de poder com a distribuição
de terras, tanto no Brasil colônia quanto Império. Me parece claro que o papel do
educomunicador no combate ao epistemicídio e genocídio, e com isso uma
profissão de atuação política pela diversidade e preservação cultural, e uma
ferramenta advinda da disciplina que contribuiu pra isso é a de provincializar todas
as teorias aos territórios que elas pertencem, e pensar outros marcos para teorias
brasileiras e latinoamericanas, que ainda assim são nomenclaturas vagas, como
visto pela América ladina de Lélia Gonzalez.
O encarceramento como plano de saúde pública, pode ser observado no
filme O Holocausto Brasileiro, sobre o tratamento dado no Hospital Colônia de
Barbacena ilustro o grau de complexidade do Racismo de Estado, que foi bem
trabalhado, e assustador o quanto continua acontecendo, nunca se encarcerou
tanto, e os presos são em sua maioria negros, por pequena quantidade de droga. É
um conjunto de fatores a se avaliar, num país do mito da miscigenação pacífica e
democracia racial, que faz das tensões uma camada mais complexa
O traçado histórico da compreensão dos estudos subalternos indianos, como
inspiração para o estudos decoloniais latinoamericanos, e o quanto o Brasil está
distante nesta história, ou talvez estava. A crítica ao pós-colonialismo de marco zero
ocidental, é questionada por Mignolo se isso não era suficiente apenas mudar o
contexto de abordagem, mas não os termos e origens das teorias, o que tenta ser
superado por diferentes coletivos de pesquisadores, onde se busca a
autodeterminação e um outro marco zero mais adequado a cada caso, social e
geograficamente. A grande sacada desta virada decolonial é provincializar a
Europa, e qualquer teoria que se pretenda ser universal ou de dogmatismo
acadêmico.
O Brasil tem Lélia Gonzalez essencial para a constituição dessa ala brasileira
do guarda-chuva decolonial, com sua compreensão da identidade brasileira e da
amefricanidade, como vimos no seu texto apresentado na Bolívia em 1988 Por um
feminismo afro-latino americano, com o caráter multirracial e pluricultural da américa
latina, racismo por omissão e o mito da democracia racial, a especificidade da
região ter passado por processo de embranquecimento, e também do racismo
epistêmico de apagamento das contribuição das mulheres negras.
A tropicalização do Queer também foi um assunto muito interessante, além
das perspectivas ameríndias e de outras etnias sobre gênero e sexualidade, com
sistemas de organização matriarcal e outras singularidades referenciais de
hierarquização da sociedade, e de biopoder e controle sobre os corpos. A
categorização de corpos é base do nosso sistema de biopoder, que é o do racismo
de estado, e sem essa crítica os estudos pós-coloniais podem ser sequestrados
pelos mesmos modos de produzir e interpretar colonizadores, então a importância
de decolonizar até mesmo os estudos pós-coloniais de descolonização da
sexualidade, com os estudos decoloniais cuir, e criar outros marcos zeros da
perspectiva latina, como o termo decolonial, e outras nomeações como Améfrica
Ladina.
Foi uma rica experiência, pessoal e acadêmica, entrar em contato com esses
autores e esses estudos, e a mudança de perspectiva que resulta apenas de
observar a origem dos discursos, e também onde eles ecoam, por quem ecoam e
por quê ecoam, a partir de quem tá dizendo o quê. Não é uma questão de lugar de
fala, todo mundo pode falar sobre tudo, neste apontamento se demarca um freio à
pretensa universalidade da ciência, não! quem diz isso é o pessoal tal
Infelizmente eu tive dificuldades de estar presente, mas me esforcei na
realização de bons trabalhos, e acompanhei a leitura dos textos, e diante das
dificuldades que todos estamos tendo conseguir manter-se são, com os objetivos no
lugar, e cumprir com os compromissos que se firmar, além do custo emocional
necessário pra estudar estes assuntos tão pesados, eu me atribuo nota 9,5 por ter
me ausentado algumas aulas presenciais, porém como entreguei bons trabalhos e
absorvi a maior parte do conteúdo, penso que cumpri com esperado para a
disciplina.
Agradeço às professoras pela seleção de textos tão importantes no meio de
tanta produção, e de uma forma condensada conseguir perpassar tantos assuntos
dos estudos decoloniais, um auxílio imenso de leitura de mundo e aplicação dos
conhecimentos adquiridos na realidade, e nas minhas futuras pesquisas, no
entendimento de si mesmo no mundo, a branquitude precisa ser racializada, e só
assim para que reconhecendo privilégios, possamos agir para abrir mão deles.