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Relato de caso

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25/06/2022


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Resumo do caso

Dia 19/04/2022, cadela da raça pinscher, foi apresentada ao Hospital Veterinário

da UNA, os tutores relatam que após a cirurgia de castração e cirurgia de hérnia,

surgiriam feridas na região das mamas, as mesmas estão presentes a três meses,

tutores relatam que a cadela após a cirurgia manteve contato com todos os animais

da casa, inclusive um gato. Foi realizado o exame de histopatologia, onde foi

retirado a secção do tecido da lesão de pele, a principal suspeita era neoplasia, o

tratamento a principio recomendado foi o uso de Previcox por quinze dias e

vetaglos na ferida. No dia 29/04/2022, o diagnóstico da paciente, constou a

presença de blastomicose (doença fúngica sistêmica, o agente causal é

Blastomyces detmatitidiis), foi receitado o uso de intraconazol e vitamina E.

Descrição do caso

Uma cadela pinscher de 6 anos de idade, com história de 3 meses de lesões na

região mamaria. No exame físico, cadela apresentou coloração de mucosa

normocorada, turgor cutâneo menor que dois, linfonodos submandibular e axilar

com alterações (pode acontecer aumento devido a infecções aguda ou crônica,

tumor, doença autoimune, onde o inchaço indica os linfonodos estão ativos e

combatendo infecções), frequência cardíaca de 116 bpm (parâmetro de

normalidade 60-160 bpm), frequência respiratória 32 mrm (padrão de

normalidade 10 -35 mrm) , temperatura retal de 39,2 (padrão de temperatura varia

de 38ºC e 39ºC), tempo de preenchimento capilar menor que dois (padrão

recomendado), na auscultação cardíaca consta a presença de arritmia, auscultação

pulmonar sem alterações, reflexo de tosse não consta nenhuma alteração. Todo o

quadro descrito leva a crer que o animal não possui nenhum problema no trato

respiratório.

Foi retirado a secção do tecido da lesão de pele para a realização do exame de

histopatologia.

O exame de histopatologia enviado ao laboratório DIAGVET revelou a presença

de blastomicose (agente causador fungo Blastomyces dermatitidiis).

Os tutores receberam as recomendações para inicio do tratamento o uso de

itraconazol e vitamina E.

Na consulta de retorno realizada no dia 14/06/2022, houve relato de melhora das

lesões cutâneas.

Tratamento em andamento.

FONTE DAS IMAGENS: Arquivo pessoal, 2022 (fotos autorizadas pelo tutor)


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Discussão:

O Blastomyces dermatitidis é uma doença fúngica sistêmica comum em cães,

cresce como mofo no meio ambiente e como levedura nos tecidos, usualmente

são registrados casos da doença em regiões próximas a rios. O fungo prospera em

regiões úmidas, com pouca incidência de luz solar, também presente em regiões

ricas em matéria em decomposição.

Transmissão:

Infecção ocorre por meio de inalação de conídios aerossolizados do fungo, após

entrarem no trato respiratório, depositam-se na região alveolar e são fagocitados

por macrófagos. A doença pode se instalar nos pulmões ou pode se espalhar por

via hematogenica ou linfática para outros órgãos, na maioria das vezes encontrada

na pele, osso, articulações e sistema nervoso central.

Sinais clínicos:

Sinais presentes nos animais por contaminação fúngica são problemas

respiratórios (dispneia, tosse, taquipneia), problemas cardíacos (sopro cardíaco e

síncope).

Recorrentemente o animal apresenta:

1. Febre

2. Perda de apetite

3. Perda de peso

4. Descarga ocular

5. Inflamação ocular

6. Dificuldade em respirar

7. Lesões de pele

FONTE: Veterinary

Cytology Schoolhouse

Diagnóstico:

A doença pode ser confundida com uma neoplasia, devido a mimetizacao da lesão

de pele.

O diagnóstico pode ser feito através de exame das células dos linfonodo, analise

do fluido drenado de lesões de pele, lavagem traqueal para coleta de fluidos de

traqueia, exame dos tecidos pulmonares, amostras de tecidos (ideal caso não tenha

tosse produtiva), analise de urina, radiografia dos pulmões e principalmente a

citologia e histopatologia.

Tratamento:

O tratamento da blastomicose requer medicamentos antifúngicos a longo prazo

(ou seja, em média de 2-6 meses de terapia). Itraconazol ou fluconazol são mais

comumente usados.

Também pôde-se utilizar anfotericina B (restrita a cães hospitalizados),

cetoconazol (não é tão eficaz quanto aos demais), itraconazol mais recomendado

devido a fácil administração e eficácia. O itraconazol é mantido e a dosagem

sendo reduzida com a melhora clinica do paciente. Também é associada a

antibioticoterapia, a fim de proteger de infecções bacterianas secundaria. Terapia

anti-flamatória é usualmente associada, visando combater a resposta inflamatória

gerada pelo antifúngico. Em casos de falta de apetite é recomendado mirtazapina.

No Brasil, a presença do Blastomyces dermatitis é rara, usualmente confundida

com Paracoccidioides brasiliensis, antigamente denominado como Blastomyces

brasiliensis. No entanto, o Blastomyces dermatitidis já foi identificado em países

da América do Sul. A doença foi relatada no estado de Minas Gerais em 2006,

sendo causadora da morte de três pessoas no município de Três Corações. Já no

dia 02 de fevereiro de 2022, foi identificado pela USP a predominância de

diagnósticos na região de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo,


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REFERÊNCIAS:

Bayer AS, Scott VJ, Guze LB. Fungal arthritis. IV. Blastomycotic arthritis. Semin Arthritis Rheum.

Pappas, Peter – Blastomyces dermatitidis, Antimicrobe .

Joseph Taboada, DVM, DACVIM, Office of Student and Academic Affairs, School of Veterinary

Medicine, Louisiana State University

Bromel Catharina, Epidemiology, Diagnosis, and Treatment of Blastomycosis in Dogs and Cats.

Ferreira, Rafael e Machado, Mauro – Infecções fúngicas do trato respiratório de cães e gatos.

Nogueira, Marcele – Parococcidioidomicose e Blastomicoses: A construção de um fato científico,

2012.

Moriya, Takachi – Blastomicose queloidiforme.

Silva, Wanessa - MICOSES SISTÊMICAS CAUSADAS POR FUNGOS DIMÓRFICOS QUE

ACOMETEM O HOMEM ATRAVÉS DO TRATO RESPIRATÓRIO: Manifestações Clínicas,

Diagnóstico, Tratamento, Epidemiologia e Prevenção.

Needles, Rachael – the Successful treatment of blastomycosis in a 7-year-old, female golden

retriever dog on Manitoulin Island, Ontario.

Nobre, Marcia e Nascente, Patricia – Drogas antifúngicas para pequenos e grandes animais, 2002.

https://avmajournals.avma.org/view/journals/javma/260/4/javma.21.03.0135.xml#d173835813e218

https://www.fmrp.usp.br/pb/arquivos/10554

https://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1268787-5598,00-

DOENCA+PROVOCADA+POR+FUNGO+MATA+TRES+EM+MINAS+GERAIS.html

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