24.05.2022 Views

A Língua quando poema / La lengua cuando poema

“A língua quando poema | La lengua cuando poema”, da editora Baderna, traz textos de vinte e oito poetas de países latino-americanos que participaram, em 2021, da I Jornada Latines Slam das Minas SP, evento que propôs uma imersão ao universo literário a partir da ótica do slam no Brasil. Um movimento como dos Slams, que mesmo tendo sido idealizado por uma mulher, teve seus primeiros anos ocupados majoritariamente por homens cis. E agora, após uma década no país, como era a cena antes e como ela está hoje? Esse livro não é apenas uma antologia poética, mas um registro histórico de como os movimentos com recortes de gênero possibilitaram a democratização no lugar de fala e escuta desses espaços. Diferente do que se espera em livros bilíngues, os textos nessa obra não são apresentados numa sequência óbvia, de agrupamento por idioma, pois no Slam a poesia é viva e, mesmo que presa no papel, precisa carregar a voz de quem a escreveu. Assim, todos os textos estão apresentados primeiro na língua materna de seus autores, seguidos pela sua respectiva tradução para quando a limitação do idioma se fizer barreira. Organizadoras: Carolina Peixoto e Pam Araujo

“A língua quando poema | La lengua cuando poema”, da editora Baderna, traz textos de vinte e oito poetas de países latino-americanos que participaram, em 2021, da I Jornada Latines Slam das Minas SP, evento que propôs uma imersão ao universo literário a partir da ótica do slam no Brasil.

Um movimento como dos Slams, que mesmo tendo sido idealizado por uma mulher, teve seus primeiros anos ocupados majoritariamente por homens cis. E agora, após uma década no país, como era a cena antes e como ela está hoje?

Esse livro não é apenas uma antologia poética, mas um registro histórico de como os movimentos com recortes de gênero possibilitaram a democratização no lugar de fala e escuta desses espaços.

Diferente do que se espera em livros bilíngues, os textos nessa obra não são apresentados numa sequência óbvia, de agrupamento por idioma, pois no Slam a poesia é viva e, mesmo que presa no papel, precisa carregar a voz de quem a escreveu. Assim, todos os textos estão apresentados primeiro na língua materna de seus autores, seguidos pela sua respectiva tradução para quando a limitação do idioma se fizer barreira.

Organizadoras: Carolina Peixoto e Pam Araujo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Aling

u a

quandopoema

La

leng ua

cuando

poema



Organização e

projeto gráfico

Capa

Sobrecapa

Ilustração miolo

Coordenação editorial

Diagramação

Tradução

Revisão português

Revisão espanhol

Contribuição lírica

espanhol

Carolina Peixoto

e Pam Araujo

Ibu Helena

Preta Ilustra

Pam Araujo

Eliana de Freitas

Carolina Peixoto

Renata Couto

Giuliana Romano

Renata Couto

Mel Duarte

Uma publicação Baderna Literária, traz textos de poetas latino-americanes

participantes da 1ª Jornada Latines com a Slam das Minas SP em agosto de

2021.

Salvo es poetas sobre os poemas de sua autoria publicados nessa obra, é

proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste livro sem a prévia

autorização da Baderna, representada pela empresa Conecta Brasil Cultura

e Editora Ltda.

Una publicación Baderna Literária, presenta textos de poetas latinoamericanes

que participan en la 1ª edición. Jornada Latines con “Slam das Minas SP” en

agosto de 2021.

A excepción de les poetas sobre poemas propios publicados en esta obra,

se prohíbe la reproducción total o parcial del contenido de este libro sin la

autorización previa de Baderna, representada por la empresa Conecta Brasil

Cultura e Editora Ltda.

www.badernaliteraria.art.br

@badernaliteraria | @slamdasminassp

La lengua cuando poema 3


4 A língua quando poema


A Slam das Minas mudou definitivamente a cara dos

slams de poesia no Brasil desde sua criação no Distrito

Federeal (DF), seu enraizamento em São Paulo (SP),

até o frutífero espalhamento por todo país. Eu sinto

esse espaço como uma espécie de “incubadora” onde

es poetas encontraram acolhimento, reconhecimento,

pertencimento, além de terem se fortalecido muito antes

de explodirem na cena da poesia falada — que graças a

Deusa, nunca mais foi a mesma!

A Slam das Minas cambió en definitiva la cara de los

slams de poesía en Brasil, desde su creación en Distrito

Federal, sus raíces en São Paulo, hasta su fecunda

difusión en todo el país. Yo siento este espacio como una

especie de “incubadora” donde estxs poetas encontraron

aceptación, reconocimiento, pertenencia, además de

ganar fuerza mucho antes de reventar en la escena de

la poesía hablada — que, gracias a la Diosa, ¡nunca más

fue la misma!

Roberta Estrela D’Alva

La lengua cuando poema 5


Nota da editora

Depois de uma década atuando como editora, a Baderna publica seu

primeiro livro bilíngue, uma antologia que reúne poetas da cena do Slam

da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, República

Dominicana e Venezuela.

Slam é uma batalha de poesia falada. Neste encontro de Slammers, a

poesia, a vida à margem da sociedade e o feminismo compõem o eixo que

provoca o debate em escala latino-americana.

O livro é fruto do evento literário on line de agosto de 2021, 1ª Jornada

Latines Slam das Minas, uma realização da coletiva Slam das Minas SP. Um

dos principais coletivos de poesia com recorte de gênero do Brasil, desde

2016.

A publicação demandou financiamento, empreendedorismo,

curadoria, tradução, mas principalmente a sensibilidade para expressar

corretamente o sentimento, a opinião e as verdades trazidas, por isso nossa

opção de que os textos viessem primeiramente em sua língua materna,

bem como a escolha do uso da linguagem neutra, tão importante para

inclusão de todes es corpus presentes nessa obra.

Seleção difícil, porque há tanto a se falar e fazer para tornar a vida

das mulheres, das travestis, dos homens trans e das pessoas não binárias

mais digna, confortável, saudável, de forma a possibilitar uma existência

feliz ou mais feliz.

Por vezes o livro passa por falas menos ambiciosas, onde apenas a

possibilidade da existência desses corpus já é vitória.

Como o Slam é a arte literária da oralidade, publicamos esse livro,

como quem põe um microfone à disposição de quem quer ou precisa falar.

E fizemos a obra ser lançada, na esperança de que haja muitos

ouvidos dispostos a ouvir, a tentar compreender, quiçá até se pôr em ação

na construção de uma América Latina acolhedora.

6 A língua quando poema


Nota del editora

Tras una década como editorial, Baderna publica su primer libro

bilingüe, una antología que reúne a poetas de la escena Slam de Argentina,

Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, México, República Dominicana y

Venezuela.

El slam es una batalla de poesía hablada. En este encuentro de

Slammers, la poesía, la vida en los márgenes de la sociedad y el feminismo

conforman el eje que provoca el debate a escala latinoamericana.

El libro es fruto del evento literario online de agosto de 2021, 1ª

Jornada Latines Slam das Minas, una realización del colectivo Slam das

Minas SP. Uno de los principales colectivos de poesía de género en Brasil,

desde 2016.

La publicación exigió financiación, emprendimiento, curaduría,

traducción, pero principalmente la sensibilidad para expresar

correctamente el sentimiento, la opinión y las verdades aportadas, por eso

optamos por tener los textos en primer lugar en su lengua materna, así

como el uso del lenguaje neutro, tan importante para la inclusión de todo

el corpus presente en esta obra.

Elegir entre tantos discursos los más significativos fue también un

proceso difícil, porque hay mucho de lo que hablar y hacer para que la

vida de las mujeres, travestis, hombres trans y personas no binaries sea

más digna, cómoda, saludable, para permitir una existencia feliz o más

feliz.

A veces el libro pasa por líneas menos ambiciosas, donde la sola

posibilidad de la existencia de estos cuerpus ya es una victoria.

Como el Slam es el arte literario de la oralidad, publicamos este

libro, como quien pone un micrófono a disposición de los que quieren o

necesitan hablar.

Y lanzamos el trabajo con la esperanza de que haya muchos oídos

dispuestos a escuchar, a tratar de entender, quizás incluso a actuar en la

construcción de una América Latina acogedora.

La lengua cuando poema 7


8 A língua quando poema


Poemas de:

Ance

Anna Moura

Apêagá

Bell Puã

Carolina Peixoto

Checha Kadener

Ester Peixoto

Francine Oliveira

Giordana Garcia Sojo

Jaquelivre

Lia Garcia

Lucia Orosco

Luiza Romão

Luz de Cuba

Luz Ribeiro

Maria Giulia Pinheiro

Medusa

Mel Duarte

Ninfa Maria

Negafya

Pam Araujo

Patrícia Naia

Singa

Tom Grito Poeta

Roberta Estrela D’Alva

Warley Noua

Yaissa Jiménez

Zoe

San Jose - CR

Brasília - BR

Ceará - BR

Pernambuco - BR

São Paulo - BR

Buenos Aires - AR

Paraná - BR

Pará - BR

Caracas - VE

Paraná - BR

Cidade do México - MX

Santander - CO

São Paulo - SP

Havana - CU

São Paulo - BR

São Paulo - BR

Acre - BR

São Paulo - BR

Santiago -CH

Bahia - BR

São Paulo - BR

Pernambuco - BR

Bahia - BR

Rio de Janeiro - BR

São Paulo - BR

São Paulo - BR

Santo Domingo Este - DO

Mato Grosso do Sul - BR

La lengua cuando poema

9


Como mudar essa cena?

Penso, logo existo. E é assim que começamos: pensando no Eu, em vez do

Coletivo. E ainda, aquilo que por Eu não foi pensado, não existe.

por Eliana de Freitas

10 A língua quando poema

Quando a humanidade não pensa sobre um ente é como se esse não

existisse.

Isto ocorreu com as mulheres, travestis, homens trans e nãobináries.

A democracia desde a sua concepção na Grécia antiga foi para a

participação dos homens livres no poder. Leia-se, feita a homem cisgênero

branco. Todos os demais seres colocados como apêndices sociais.

Por essa deslegitimação da existência, as realizações produzidas

por essas pessoas sem poder passam fora da sociedade. Para elas, não há

acesso ao protagonismo na ciência, nas artes, na política, dentre outros

espaços.

Nas décadas recentes, muitas iniciativas surgem para corrigir esse

meandro social.

Na poesia, surgiu o Slam, um torneio de poesia. Totalmente aberto,

tanto para batalhar como para assistir, nascido para popularizar a poesia,

tirando-a da exclusividade dos meios intelectuais e acadêmicos. Nestes

campeonatos de poesia, os poemas devem ser autorais, sem adereços ou

acompanhamento musical. O júri é escolhido na hora e dá as notas, entre

todos os competidores, a maior nota vence.

No Brasil, o Slam chega em 2008 com o ZAP! – Zona Autônoma da

Palavra, idealizado pela atriz, pesquisadora, produtora cultural e poeta

brasileira Roberta Estrela D’Alva. Em 2011, ela conquista o terceiro lugar

na Coupe Du Monde de Slam (Copa do Mundo de Slam que acontece

anualmente na França). Um resultado impressionante, visto que ela

declamou em português, sendo traduzida por legendas ao fundo do palco

e mesmo assim, fez-se entender por sua expressão e palavras.

Este feito desperta maior interesse pelas batalhas de poesia. A

poesia, neste tempo, ocupa lugar de destaque pelos saraus nas periferias

que ocorriam há quase uma década, como em São Paulo os saraus da

Cooperifa, Elo da Corrente, do Binho, Sarau Suburbano, entre outros.


A partir 2012, com o surgimento de novas comunidades, inclusive

fora de São Paulo, os Slams explodem pelas periferias brasileiras. Tornamse

populares os discursos poéticos sobre racismo, machismo, homofobia,

violência. A contracultura chega em rimas de desabafos, de novas ordens,

são palavras cuspidas de indignação à injustiça social estruturada para

a exclusão de pobres, pessoas pretas, mulheres, gays, lésbicas, pessoas

gordas e tanta gente que a sociedade brasileira não inclui em seu status quo.

Para cada poema que traduz o que a plateia almeja: Pow. Pow. Pow!

Para cada nota que a plateia julga injusta ao poema: Creedooo! O Slam não

cobra ingresso. Declama, assiste e vira jurado quem chega e quer.

E mesmo assim, tão ideologicamente democrático, o Slam não

estendia essa democracia à diversidade de gêneros nas competições finais.

Jéssica Balbino conta: “O ano era 2015 e a invisibilidade das mulheres

na classificação final do Slam BR (o campeonato brasileiro de poesia falada

promovido pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos), com direito a uma

vaga para disputar na Coupe Du Monde de Slam chamou a atenção das

mulheres poetas. Assim, para garantir mais vagas para o gênero, Carolina

Peixoto, Luz Ribeiro, Mel Duarte e Pam Araujo uniram os poemas e a

capacidade de organização de eventos, criando em 2016 a Slam das Minas

SP, inspirada na Slam das Minas – DF criada em 2015”.

O cenário do Slam no Brasil mudou desde então, a mobilização

da Slam das Minas-SP trouxe uma visibilidade que a cena ainda não

alcançava, diversas marcas e eventos literários passaram a convidar slams

e poetas para compor suas programações culturais, consequentemente,

essa projeção inspira o surgimento de várias outras comunidades de Slam

com recorte de gênero pelo país.

No gráfico A cena

mudou que se segue, observa-se o aumento da

participação de poetas de diversos gêneros, em especial a partir de 2016.

Em 2015 dentre 15 participantes do Slam BR, cinco eram mulheres e

uma pessoa era não binárie, cerca de 40% do total. A relação de participação

cresce tão acentuadamente ao ponto de termos em 2020, 17 mulheres e

duas pessoas não bináries para um total de 24 participantes, 79% do total.

E em 2021, 14 mulheres e uma pessoa não binárie para um total de 24

participantes, 62% da totalização deste ano. Os dados foram apurados por

Pam Araujo em pesquisa nos sites dos organizadores.

As mudanças ultrapassam em muito os números que por si não

traduzem a quantidade de existências que passaram a ser pensadas pela

sociedade, através dos Slams com recorte de gênero.

É falado em reexistência da poesia e das pessoas antes anônimas. O

Slam com recorte de gênero criou um ambiente de fala, de acolhimento

e principalmente de escuta, trazendo novas perspectivas às pessoas

que não eram ouvidas. Isso resulta, parafraseando Djamila Ribeiro,

no empoderamento capaz de coletivamente fortalecê-las, garantindo

mudanças em espaços e instituições.

La lengua cuando poema 11


A Slam das Minas SP, ao idealizar em 2021 a 1ª Jornada Latines, que

além da realização do evento, viabilizou a publicação dessa obra, contribui

decisivamente para reforçar o vínculo com os países vizinhos e ampliar a

nossa ágora contemporânea, não só em participantes, mas em existências

não mais despercebidas pela humanidade.

Referências página 209

12 A língua quando poema


¿Cómo cambiar esta escena?

Pienso, luego existo. Y así es como empezamos: pensando en el Yo, más que en el

Colectivo. Y sin embargo, lo que por Mí no ha sido pensado, no existe.

por Eliana de Freitas

Cuando la humanidad no piensa en una entidad, es como si esa

entidad no existiera.

Esto ocurrió con mujeres, travestis, hombres trans y hombres

no binaries. La democracia, desde su concepción en la antigua Grecia,

pretendía la participación de los hombres libres en el poder. Léase, hecho

a un hombre blanco cisgénero. Todos los demás seres colocados como

apéndices sociales.

Debido a esta deslegitimación de la existencia, los logros producidos

por estas personas sin poder pasan fuera de la sociedad. Para ellos, no

hay acceso al protagonismo en la ciencia, en las artes, en la política, entre

otros espacios.

En las últimas décadas, han surgido muchas iniciativas para corregir

este meandro social.

En poesía, surgió el Slam, un torneo de poesía. Totalmente abierto,

tanto para batallar como para ver, nacido para popularizar la poesía,

alejándola de la exclusividad de los círculos intelectuales y académicos. En

estos campeonatos de poesía, los poemas deben ser de autor, sin utilería

ni acompañamiento musical. El jurado se elige en el momento y da las

puntuaciones, entre todos los concursantes, gana el de mayor puntuación.

En Brasil, el Slam llegó en 2008 con el ‘ZAP!’ - Zona Autónoma de la

Palabra, idealizada por la actriz, investigadora, productora cultural y poeta

brasileña, Roberta Estrela D’Alva. En el 2011, consiguió el tercer puesto

en la Coupe Du Monde de Slam (Copa del Mundo de Slam que se celebra

anualmente en Francia). Un resultado impresionante, una vez que recitó

en portugués, siendo traducida por subtítulos en el fondo del escenario y,

aun así, se hizo entender por su expresión y palabras.

Este logro despierta un mayor interés por las batallas de poesía. La

poesía, en este momento, ocupa un lugar destacado en las batallas de las

afueras que se celebraron hace casi una década, como, en São Paulo, los

recitales Cooperifa, Elo da Corrente, Binho y Sarau Suburbano, entre otras.

La lengua cuando poema 13


14 A língua quando poema

A partir de 2012, con la aparición de nuevas comunidades, incluidas

las de fuera de São Paulo, los Slams estallan en todas las afueras brasileñas.

Se popularizan los discursos poéticos sobre el racismo, el machismo, la

homofobia, la violencia. La contracultura viene en rimas de desahogo, de

nuevos órdenes, son palabras escupidas con indignación ante la injusticia

social estructurada para excluir a los pobres, a los negros, a las mujeres, a

los gays, a las lesbianas, a los gordos y a tantas personas que la sociedad

brasileña no incluye en su status quo.

Para cada poema que traduce lo que el público anhela: ¡Pow!

¡Pow!¡Pow! Por cada nota que el público considere injusta para el poema:

¡Vaaayaaa! El Slam no cobra entrada. Declara, ve y se convierte en jurado

quien llega y quiere.

Y, sin embargo, tan ideológicamente democrático, el Slam no extendió

esa democracia a la diversidad de género en las competiciones finales.

Jéssica Balbino cuenta: “Era el año 2015 y la invisibilidad de las

mujeres en la clasificación final del Slam BR (el campeonato brasileño de

poesía hablada promovido por el Núcleo Bartolomeu de Depoimentos),

con derecho a una plaza para competir en la Coupe Du Monde de Slam

llamó la atención de las mujeres poetas. Así que, para asegurar más

espacios para el género, Carolina Peixoto, Luz Ribeiro, Mel Duarte y Pam

Araujo unieron sus poemas y habilidades para la organización de eventos,

creando en 2016 el Slam das Minas SP, inspirada en el Slam das Minas - DF

creada en 2015.”

El escenario del Slam en Brasil ha cambiado desde entonces, la

movilización del Slam de Minas-SP trajo una visibilidad que la escena

aún no había alcanzado, varias marcas y eventos literarios comenzaron

a invitar a los slams y poetas para componer su programación cultural,

en consecuencia, esta proyección inspira el surgimiento de varias otras

comunidades Slam con corte de género por el país.Varias marcas y eventos

literarios comenzaron a invitar a los slams y a los poetas a componer

su programación cultural, en consecuencia, esta proyección inspira el

surgimiento de varias otras comunidades de Slam con recorte de género

por el país.

En el gráfico La escena ha cambiado que sigue, se puede observar el

aumento de la participación de poetas de diversos géneros, sobre todo a

partir de 2016.

En 2015, de los 15 participantes en el Slam BR, cinco eran mujeres y

una persona no binarie, aproximadamente el 40% del total. La proporción

de participación crece de forma vertiginosa hasta el punto de que en

2020 tenemos 17 mujeres y dos personas no binaries para un total de 24

participantes, el 79% del total. Y en 2021, 14 mujeres y una persona no

binarie para un total de 24 participantes, el 62% de la totalización de este


año. Los datos fueron recogidos por Pam Araujo en una investigación en

las páginas web de los organizadores.

Los cambios van mucho más allá de los números, que en sí mismos

no traducen la cantidad de existencias que empezaron a ser pensadas por

la sociedad a través de los slams de género.

Se habla de la ‘reexistencia’ de la poesía y de personas antes

anónimas. El slam de género creó un ambiente de palabra, de acogida

y sobre todo de escucha, aportando nuevas perspectivas a personas que

no eran escuchadas. Esto se traduce, parafraseando a Djamila Ribeiro, en

un empoderamiento capaz de fortalecerlos colectivamente, asegurando

cambios en los espacios e instituciones.

Slam das Minas SP, al idealizar en 2021 la 1ª Jornada Latines, que

además del evento, posibilitó la publicación de esta obra, contribuye

decisivamente a fortalecer el vínculo con los países vecinos y ampliar

nuestra ágora contemporánea, no sólo en participantes, sino en existencias

que ya no pasan desapercibidas para la humanidad.

Referencias pagina 209.

La lengua cuando poema 15


A cena mudou

Participantes em campeonatos classificatórios para a

Copa do Mundo de Poesia, considerando gênero. Por Pam Araujo, 2022.

mulheres | mujeres

não bináries|no bináries

travestis|travestis

homens cis |hombres cis

homens trans|hombres trans

14

9

8

5

6

5

2

3

1 1 1

Slam SP|2012

Slam SP|2013

Slam BR|2014

Slam BR|2015

Slam BR|2016

Caminhos abertos por...

16 A língua quando poema

2016

Luz Ribeiro

2017

Bell Puã

2018

Pi Eta


La escena ha cambiado

Participantes en campeonatos clasificatorios para el

Mundial de Poesía, considerando género. Por Pam Araujo, 2022.

17

10

13

12 11

9 9

14

9

5

1

2

1

2

1

1

Slam BR|2017

Slam BR|2018

Slam BR|2019

Slam BR|2020

Slam BR|2021

Caminos abiertos por...

2019

Kimani

2020

Jéssica Campos

2021

Joice Zau

La lengua cuando poema 17


18 A língua quando poema


Pam Araujo

São Paulo - BR

meu território é onde cabem palavras líquidas

é onde posso escorrer visões periféricas em poemas

escritora.

taurina,

inquieta e explosiva.

@apamaraujo


20 A língua quando poema


poemas são sinais cardíacos

esses que dão a volta em corações que ousam barulhar,

desvirginadas palavras cor de sangue

é preciso lembrar:

aqui o vermelho não é vazio

é luta

é lúdico

é lírico

é latine

de bocas que se prestam ao asfalto da poesia,

que espremem o som dos olhares para nossa literatura,

que escorrem geografia

e amarram as línguas românticas.

tirem suas doenças coloniais do caminho,

cansamos de lamentos

mutilações escritas com a magia da arte.

agora:

aquilombaremos periféricas ideias de nunca mais sermos algo,

matéria-prima de alvos.

nesse papel morrem fascínios fascistas,

só serve a língua

e a terra lambida de litorais poéticos.

nos queremos vives!

sem trópicos que demarquem nosso clima quente,

sem queimadas!

a língua quando poema

chove o que os corpos cansam.

La lengua cuando poema 21


los poemas son señales del corazón

los que dan vueltas en corazones que se atreven a retumbar,

palabras color sangre defloradas

es necesario recordar:

aquí el rojo no es un vacío

es pelea

es lúdico

es lírico

es latine

de bocas que se prestan al asfalto de la poesía,

que exprimen el sonido de las miradas a nuestra literatura,

que gotea geografía

y atan las lenguas románticas.

quita tus enfermedades coloniales del camino,

nos cansamos de los lamentos

mutilaciones escritas con la magia del arte.

ahora:

aquilombaremos ideas periféricas de nunca volver a ser algo,

matéria prima de los blancos.

en ese papel mueren las fascinaciones fascistas,

sólo la lengua sirve

y la tierra lamida de orillas poéticas.

¡Queremos vivir!

sin trópicos que demarcan nuestro clima cálido,

¡Sin quemadas!

la lengua cuando poema

llueve lo que los cuerpos se cansan.

22 A língua quando poema


La lengua cuando poema 23


24 A A língua quando poema


Luz de Cuba

Havana - CU

Havana - CU

Mi territorio es mi templo, donde habito con los

Irumoles, Orisas y ancestrxs, es el lugar donde reina su

energía y puedo establecer una comunicación que me

sana y fortalece.

Yo reflejo en mis textos la

defensa de mi espacio dentro

de la sociedad como mujer

negra, la perpetuidad de mis

raíces e idiosincrasia.

Géminis, guerrera y enfocada.

@soyluzdecuba


26 A língua quando poema


Cuerpe poema

Cuerpe Cuerpe poema, por donde transita redentora la palabra, que te

define, te defiende, te transforma.

Cuerpe poema con rostro de hierbas medicinales y pies descalzos sobre

la tierra de la mano de nuestres ancestxs y el calor de las crías en las

espaldas, Ese es nuestres, nuestres espacio, tierra prohibida para otres.

Slam, Slam, Slam, donde vuela cuerpe poema, vibrando en el silencio,

gritando tenemos voz, somos palabra.

Tú razón, mi razón, la razón, aromas, hechizos, rezos, sanación,

Resiliencia, elles, todes, no binaries, donde juntes de las manos bailemos

la misma danza. De dólares, tristeza y añoranza, tejiendo la cerca para

proteger a cuerpe poema con palabra lanza

Slam, Slam, Slam, donde vuela cuerpe poema vibrando en el silencio,

gritando tenemos voz, somos palabras.

Corpo Poema de corpo, onde a palavra viaja redentora, que te define, te

defende, te transforma.

Corpo poema com rosto de ervas medicinais e pés descalços na terra de

mãos dadas com nossos ancestrais e o calor dos bebês nas costas. Esse é

nosso, nosso espaço, terra proibida para os outros

Slam, Slam, Slam, onde voa o corpo poema, vibrando no silêncio, gritando

que temos voz, somos palavras.

Sua razão, minha razão, a razão, aromas, feitiços, orações, curas,

Resiliência, eles, todes, não-bináries, onde damos as mãos e dançamos

a mesma dança. De dólares, tristeza e saudade, tecendo a cerca para

proteger o corpo poema com a palavra lança

Slam, Slam, Slam, onde voa o corpo poema, vibrando no silêncio, gritando

que temos voz, somos palavras.

poema corporal

La La lengua cuando poema

27


28 A língua quando poema poema


Tom Grito Poeta

Rio de Janeiro - BR

Habito o não-lugar,

meu território é a Palavra.

Poeta.

Taurino, ranzinza

e sensível.

@tomgritopoeta


30 A língua quando poema


Aldeia Cuírlombola

de Escrevivências

Viemos por meio deste manifesto

contar quem somos e dizer que antes de não poder ser

— coisa imposta pelo julgamento de pessoas —

já éramos.

Viemos de antes das regras, das gramáticas,

existimos antes de sua colonização.

Pois somos nação antes da chegada da hora que se intitula e aqui hoje

nos denominamos: Aldeia Cuírlombola de Escrevivências.

Somos Aldeia

Porque filhas dos povos nativos desta terra, aqui já estávamos antes de

tua escrita chegar.

Antes da primeira carta de tua língua julgar nossas belezas,

já fazíamos literatura.

Somos Cuír

Porque nossos corpxs estranhos não seguem teus padrões estéticos.

E antes de imporem tuas famílias, tuas medidas, teus cidadãos de bem,

tua moral e tua ordem,

aqui já estávamos.

Pois somos a poeira das estrelas e brilhamos bem antes de tentarem nos

reduzir a pó.

Não cabemos na estética binária de tua língua normativa.

Somos cada corpa possível, somos plural.

Somos quilombo

Quilombo urbano das resistências literárias, das oralidades griot, das

histórias de Yabás e Orixás, da roda ancestral.

Pois antes do papel

somos fogo e palavra

Antes da escrita

somos dança e risada

Antes do medo

somos batuque e trovão

La lengua cuando poema

31


Somos o desconhecido

o pretuguês

o valor, antes do capital

Somos Escrevivência

pois nossas escritas

falam de vidas

de sonhos ressignificados

de povos que recuperaram a estima,

o afeto,

e o reflexo de nossas belezas

ao olhar para a margem

— e jogamos fora teus espelhos

Nossas cadeiras não são numeradas

pois não precisamos ordenar pessoas.

Sentamos todos no solo,

ao redor de nossos olhares,

pois somos 1um e nos reconhecemos

e nos reconhecemos pela arte de nossas escrevivências,

pelo valor de nossos encontros,

pela dor de nossos afetos,

pela cura de nossa sabedoria ancestral.

Somos o notório saber, a cultura, a arte, a literatura, o slam, a rima,

o rap, a música, a roda, o griot.

As mais velhas, as mais novas, es estranhes, aquelas que não cabem, as

julgadas, as presentes, as invisíveis, as que sempre serão lembradas, as

que estavam aqui antes de vocês:

as verdadeiras imortais.

32 A língua quando poema

Desta forma, por meio deste manifesto estabelecemos que aqui já

estávamos e aqui permaneceremos e em círculo nos unimos com

todas as brasileiras de tua Aldeia Cuírlombola de Escrevivências e te

convidamos a se reconhecer como nós e a agradecer as que vieram antes

de nós.

Em uma especial saudação àquela que nos fez perceber tudo isso:

— Gratidão, Conceição Evaristo!

Somos as que aqui estavam antes da tua colonização.

Somos, da literatura, a revolução!


Pueblo Cuírlombola

de Escribivencias

Venimos por medio de este manifiesto

decirr quien somos y que antes de no podermos serlo

— algo impuesto por el juicio de la gente —

nosotros ya lo éramos.

Venimos antes de las reglas, de las gramáticas,

existimos antes de tu colonización.

Pues somos nación antes de la llegada de la que hoy se titula y aquí nos

llamamos: Pueblo Cuírlombola de Escribivencias. Somos Pueblo

Porque somos hijas de los pueblos nativos de esta tierra, aquí estábamos

antes de tu escritura llegar.

Antes de la primera carta de tu lengua juzgar nuestras bellezas,

ya hacíamos literatura.

Somos ‘Cuír’

Porque nuestros cuerpxs extraños no siguen tus estándares estéticos.

Antes de imponer tus familias, tus medidas, tus ciudadanos de bien, tu

moral y tu orden,

aquí estábamos.

Pues somos partículas de las estrellas y brillamos mucho antes de

intentaren reducirnos a polvo.

No cabemos en la estética binaria de tu lengua normativa.

Somos cada cuerpa posible, somos plurales.

Somos quilombo

Quilombo urbano de las resistencias literarias, de las oralidades griot, de

las historias de Yabás y Orixás, de la rueda ancestral.

Pues antes del papel

somos fuego y palabra

Antes de la escrita

Somos danza y risa

Antes del miedo

somos batuque y trueno

La La lengua cuando poema

33


Somos lo desconocido

el “pretuguês”

el valor, antes del capital

Somos Escribivencias porque nuestras escrituras

hablan de vida

de sueños resignificados

de pueblos que recuperaron la estima,

el afecto,

el reflejo de nuestras bellezas

al mirar a la orilla

— y tiramos fuera tus espejos

Nuestras sillas no están numeradas

porque necesitamos dar órdenes a la gente.

Sentamos todos en el suelo,

alrededor de nuestras miradas,

pues somos uno y nos reconocemos

nos reconocemos por el arte de nuestras escribivencias,

por el valor de nuestros encuentros,

por el dolor de nuestros afectos,

por la cura de nuestra sabiduría ancestral.

Somos el conocimento notorio, la cultura el arte, la literatura, el slam, la

rima, el rap, la música, la rueda, el griot,

Las más viejas, las más jóvenes, les extrañes, aquellas que no encajan, las

juzgadas, las presentes, las invisibles, las que siempre serán acordadas,

las que estaban aquí antes de vosotros:

Las verdaderas inmortales.

34 A língua quando poema poema

Así, por medio de este manifiesto establecemos que aquí ya nos

encontrábamos y aquí seguiremos y en ruedas nos unimos con todas las

brasileñas de tu Pueblo Cuírlombola de Escribivencias y te invitamos a

reconocerse como nosotras y agradecer las que nos precedieron.

En un saludo especial a quen nos hizo entender todo eso:

— ¡Gracias, Conceição Evaristo!

Somos las que aquí estaban antes de tu colonización.

¡Somos, la literatura, la revolución!


La La lengua cuando poema

35


36 A língua quando poema poema


Yaissa Jimenez

´

Santo Domingo Este - DO

Describo mi territorio como el suelo que mejor

calza en mis pies.

Arriesgada.

Libra, curiosa y decidida.

@yaissajimenez


38 A língua quando poema


entendiéndome

preciosa, cabrona, bárbara y ruidosa

loca, cárnica, rabia, cobre, golfí y veneno.

Rota y ruda,

Chiva (cabra) calva con pretensiones de reinado.

Volcancito que promete.

Perrísima, tanto y tan sutíl, rica, power, sudor lúcido,

humedad completa.

Alérgica al mal dormir.

Fanática de las buenas almohadas.

Terrenal, bien enraizá,

cogida del centro de la tierra,

una liana extendida desde de la médula de mi columna

hasta el inframundo,

bien debajo

metidísima en el lodo.

Levemente certera, preguntona rapaz,

de gesticulación incómoda

difícil de disimular.

Prieta, negra, to’ (toda) morena, negra entera,

resucitada y devuelta.

Mismo cuerpo, distinta percepción.

Gata antigua, ya vieja.

Un simulacro de lozanía,

con arrugas tapizando mis glóbulos,

sobre las paredes del hígado,

alrededor del corazón

y cubriendo toda la caja torácica.

Un canto que gime entre un silencio insoportable

partitura maleable, impaciente y hambrienta

terca porque no creo en el tiempo

sabiendo bien que sí existe,

explicándome todas las veces posibles

que él no es quien

para comerse mi vida.

La lengua cuando poema

39


entendendo-me

Preciosa, vadia, bárbara e barulhenta

louca, carnuda, raiva, cobre, cretina e veneno.

Quebrada e rude,

cabra careca com pretensão de reinado.

Vulcão que promete.

Cachorra, tanto e tão sutil, rica, power, suor lúcido,

umidade completa.

Alérgica a sono pesado.

Fanática dos bons travesseiros.

Terrena, bem enraizada,

puxada pelo centro da terra,

um cipó estendido desde a medula espinhal

até o submundo,

bem abaixo

metida no lodo.

Ligeiramente precisa, questionadora predatória,

de gesticulação incômoda

difícil de dissimular.

Preta, negra, a morena, inteiramente negra,

ressuscitada e retornada.

Mesmo corpo, distinta percepção.

40 A língua quando poema

Gata antiga, já velha.

Um simulacro de vigor,

com rugas forrando minhas células,

das paredes do fígado,

em volta do coração

e cobrindo toda a caixa toráxica.

Um canto que geme em um silêncio insuportável

pauta maleável, impaciente e faminta

teimosa porque não acredito no tempo

sabendo bem que ele existe sim,

e explicando sempre que possível

que ele não é o único

para comer minha vida.


La La lengua cuando poema

41


42 A língua quando poema


Apeaga ´

^

Ceará - BR

Meu território é uma potência em desenvolvimento.

Artista da palavra

Capricorniana, extrovertida

e comprometida.

@apoetapeaga


44 A língua quando poema


certo dia

disseram-me

que pessoas que partiam

do mesmo local de origem que eu

nunca, nunca, nunca

saberiam o poder da vitória

mas hoje

compreendo

que não é apenas sobre vencer

é sobre sentir o sabor dos processos

é curtir o caminho, não a chegada

é cuidar de cada passo

traçar objetivos palpáveis

e conquistar

enquanto caminhamos

que possamos acreditar

na cicatrização das feridas abertas

no alívio das dores internas

na cura que não começa de forma externa

mas que é coletiva

que a gente se ame

que a gente se cuide

que a gente se cure

e caminhemos juntes.

La lengua cuando poema

45


un día

me dijeron

que las personas que salen

del mismo lugar de origen que yo

nunca, nunca, nunca

conocerían el poder del triunfo

pero hoy

comprendo

que no se trata sólo de ganar

se trata de disfrutar los procesos

apreciar el viaje, no la llegada

es ocuparse de cada paso

establecer objetivos tangibles

y lograr

mientras caminamos

que podamos creer

en la cura de heridas abiertas

en el alivio de los dolores internos

en la sanación que no comienza externamente

de manera colectiva

que nos amemos

que nos cuidemos

que nos curemos

y caminemos juntes.

46 A língua quando poema


La lengua cuando poema

47


48 A língua quando poema


Lia Garcia

Ciudad de México - MX

Vivo en México; en un país que produce

muerte y dolor para las vidas trans y travestis.

Mi territorio se defiende y en cada poema hay una

esperanza por descubrir.

Atista y poeta travesti.

Creadora en movimiento.

Acuario, intensa y afectiva,

por lo tanto, peligrosa.

@sirenita_de_amares


50 A língua quando poema


A ellxs

Lxs más frágiles

Esta historia se multiplica por muchas veces.

No habiá una vez.

Plaga-poema.

Zumbido de palabras.

Aguijones de ternura.

Ahí estaban posados sobre la punta de mi lengua

una noche de suave y delicada neblina,

dos ojos palpitantes que aprendieron a mirar de cerca,

muy de cerca,

Sus propios temores.

Si algo te asusta

Recuerda que eres pequeña.

Estos ojos se habían escapado

Se habían ido

Prófugos ojos que dejaron de ver hacia el frente

y decidieron mirar,

Abajo.

Atrás.

A un lado.

Al otro.

Arriba.

Y hacia dentro.

Frágiles pupilas dilatando el tiempo para escuchar toda

extrañeza.

Plaga poema.

Frágiles palabras.

Monumentales sonidos de diminutas resistencias

Para

todas aquellas que caminamos por debajo.

Nosotras, las otras

Las que nos entregamos a la ráfaga más poética del

viento con las alas abiertas.

Amorfos cuerpos que hacemos del suelo nuestra casa

para arrastrar memoria

Divina y espinoza multiplicación que eriza todo rastro de piel.

La lengua cuando poema

51


52 A língua quando poema

¿Ya nos viero? Porque estamos aquí

Esta es nuestra noche.

Existimos y resistimos

Insectas del mundo manifiéstense en todas las casas

de quienes hacen de la poesía su refugio.


A elus

Es mais frágeis

Essa história se multiplicou muitas vezes.

Não houve uma vez.

Poema-praga.

Zumbido de palavras.

Picadas de ternura.

Lá eles estavam, empoleirados na ponta da minha

língua

uma noite de névoa suave e delicada,

dois olhos latejantes que aprenderam a olhar de perto,

muito perto,

seus próprios medos.

se algo te assusta

lembre-se de que você é pequena.

Esses olhos escaparam

eles se foram

olhos fugitivos que pararam de olhar para frente

e decidiram olhar

Abaixo.

Para trás.

Para um lado.

Para o outro.

Acima.

E para dentro.

Pupilas frágeis dilatando o tempo para ouvir toda

estranheza.

Praga de poemas.

Palavras frágeis.

Sons monumentais de pequenos resistores

Para

todas aquelas que andam abaixo.

Nós, as outras

Aquelas de nós que se rendem a rajada mais poética do

vento de asas abertas.

Corpos amorfos que fazem do chão nossa casa para

arrastar a memória

Multiplicação divina e espinhosa que arrepia cada traço

de pele.

La lengua cuando poema

53


Você nos viu? Porque estamos aqui

Esta é a nossa noite.

Nós existimos e resistimos.

Os insetos do mundo se manifestam em todas as casas

daqueles que fazem da poesia seu

refúgio.

54 A língua quando poema


La lengua cuando poema

55


56 A língua quando poema


Roberta Estrela D'Alva

São Paulo - BR

São Paulo - BR

O mundo é meu território.

Pesquisadora de

frequências poéticas.

Aquariana, curiosa e

determinada.

@robertaestreladalva


58 A língua quando poema


Nunca mais

Quando já não se pode mais ouvir os sons que vêm de dentro

E o que é de fora, já é tão familiar e aceito, que se torna parte do centro,

Esquecidas da essência, dançamos fora do tempo

Descompassadas, guiadas por falsos guias,

Que ao passar dos dias nos distanciam

e nos fazem ser quem não somos

E afinal, quem somos?

Mulheres.

Tantas e tão diversas.

Que aprendem cedo sobre a luta. A não ceder. Sobre a labuta.

Sobre o luto e a força de lutar.

Desejo que minhas palavras se tranformem em antídoto

e se assim for permitido,

tenham o dom de a dor transmutar.

De afastar

O tiro, a bíblia, o pau, a bala

Os olhos que se fecham, a boca que cala

Se eu pudesse voltar, eu voltava

Se eu pudesse voltar, eu voltava

Se eu pudesse voltar, eu voltava

Se eu pudesse voltar, eu voltava

E te tirava, Dora, de cima desse pau de arara.

E não deixava, Claudia, tu no asfalto ser arrastada.

E nenhum polícia covarde, Luana, até a morte te espancava.

E na tua cabeça Marielle, eu juro,

aquelas maldita 4 bala num entrava.

E nunca mais um homem homenagearia outro homem que torturava.

E nunca mais um homem homenagearia outro homem que torturava.

La lengua cuando poema

59


Nunca más

Cuando ya no puedes escuchar los sonidos que vienen de adentro

Y lo que está afuera ya es tan familiar y aceptado que se convierte en parte del

centro,

Olvidando de la esencia, bailamos fuera del tiempo

fuera de sintonía, guiada por falsas guías,

Que con el paso de los días nos aleja

y nos hace ser lo que no somos

Y después de todo, ¿quiénes somos?

Mujeres.

Tantas y tan diferentes.

Que aprenden temprano sobre la lucha. No ceder. Sobre el trabajo.

Sobre el luto y la fuerza para luchar.

Deseo que mis palabras se conviertan en un antídoto

y si así se permite,

tienen el don de transmutar el dolor.

Para ahuyentar

El tiro, la biblia, el palo, la bala

Los ojos que cierran, la boca que calla

Si pudiera volver atrás, lo haría

Si pudiera volver atrás, lo haría

Si pudiera volver atrás, lo haría

Si pudiera volver atrás, lo haría

60 A língua quando poema

Y te sacaría, Dora, de este palo de guacamayo.

Y no te dejaría, Claudia, ser arrastrada por el asfalto.

Y ningún policía cobarde, Luana, te mataría a golpes.

Y en tu cabeza Marielle, lo juro,

esas malditas 4 balas no entrarían.

Y nunca más un hombre rendirá homenaje a otro hombre que torturó.

Y nunca más un hombre rendirá homenaje a otro hombre que torturó.


La lengua cuando poema

61


62 A língua quando poema


Carolina Peixoto

São Paulo - BR

Filha da cachoeira,

cria da cidade de concreto.

Poeta arteira.

Canceriana, falante

e acolhedora.

@carolinapeixoto

La lengua cuando poema

63


64 A língua quando poema


Por todas as linhas

que nos colam mapa,

o agora em verso

ecoa

brados fortes

que não se curvam

às leis viris.

Nossos corpos,

nossas vozes

e nossas cores

desenham o lado de lá

do espelho.

Fez-se cicatriz,

as veias escancaradas,

e ninguém mais decidirá

sobre nossos ventres,

pronomes e buracos.

Erguemos poemas e

rompemos silêncios

estampando bandeiras

com nossos olhos

risos.

Brindamos às tintas

de Frida Kahlo

e todas as vezes

que Carolina pôde comer pão.

Que sejamos sementes

de escrevivências

ainda maiores.

La lengua cuando poema

65


A travez de todas las lineas

que unen este mapa,

hoy los versos resuenan.

Gritos fuertes que no se quiebran

ante la ley varonil.

Nuestros cuerpos,

nuestras voces

y nuestros colores

dibujan el otro lado

del espejo.

Han cicatrizado

las venas abiertas

y nadie más decidirá

sobre nuestros vientres,

pronombres y agujeros.

Levantamos poemas y

rompemos silencios

estampando banderas

con nuestros ojos

risueños

Brindamos por las pinturas

de Frida Khalo

y por todas las veces

que Carolina pudo comer pan.

66 A língua quando poema poema

Que seamos semillas

de escritos

mucho mas grandes


La lengua cuando poema

67


“Chave que abre cadeados, A língua quando poema liberta, traz

materialização, vida a sentimentos e histórias vividas por corpos

silenciades, pelo patriarcado e sociedade de diversas formas. Mulheres e

pessoas trans trans escrevem para - RE-EXISTIR, TER VIDA.”

Preta Ferreira

Ativista por moradia,

multiartista e escritora.

“Teorias são fundamentais, mas chega uma hora que tem que fazer sentir

no coração, e pra isso as poesias da slam são o caminho certo”

Lais Trajano

CEO The Feminist Tea

“Se rompe la norma, se muerde la norma, se quiebra con aullidos

Y aunque llegue el estruendo de su disparo, siempre hay

una voz, un cuerpo para estallar el silencio de la norma.

Manos empuñadas responden las estadísticas: aquí se gritan los nombres

de quienes faltan.”

Natalia Ospina

Estudiante de doctorado en el

programa de español y portugués

de Tulane University

68 A língua quando poema

“Palabras que hincan sus dientes en la superficie de un progreso disfrazado

de normalidad para denunciar que aun laten los deseos de un territorio

más igualitario, más justo y, por sobre todo, con la urgente necesidad de

abrazar el derecho a las identidades que lo habitan.”

Vicky Allin

Comunicadora, escritora

y musica argentina.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!