edição de 23 de maio de 2022
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propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Experiência: o “X” da<br />
questão na economia<br />
celso andra<strong>de</strong>*<br />
Se há um elemento em qualquer negócio<br />
que nunca po<strong>de</strong> ser commodity,<br />
esse elemento é, sem dúvida, a criativida<strong>de</strong>.<br />
É ela que ajuda a tornar, na<br />
<strong>maio</strong>ria das vezes, negócios comuns em extraordinários,<br />
gerar diferenciação diante da<br />
concorrência ou ainda a superar as expectativas<br />
e <strong>de</strong>sejos do consumidor – sobretudo no<br />
nosso universo, do marketing, e daquela que<br />
a traz no próprio nome: a economia criativa.<br />
Porém, colocá-la só no discurso, na embalagem<br />
ou na campanha po<strong>de</strong> gerar algum<br />
resultado no curto prazo, mas dificilmente<br />
terá efeito sustentável. O que se sustenta na<br />
cabeça e na preferência dos consumidores é<br />
o que esses produtos, serviços e marcas entregam<br />
a mais, como eles se relacionam com<br />
a gente <strong>de</strong> forma inteligente, funcional, marcante<br />
e inesquecível. E é nesse cenário que a<br />
criativida<strong>de</strong> tem papel em outro contexto: o<br />
da economia da experiência.<br />
Há mais <strong>de</strong> 20 anos, Joseph Pine e James<br />
Gilmore trouxeram esse pensamento no livro<br />
que traz o termo como título: A Economia<br />
da Experiência. A data revela que não<br />
estamos falando <strong>de</strong> algo novo, e ainda assim<br />
há indústrias e negócios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<br />
que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se atentar a esse elemento<br />
que é fundamental para qualquer marca e<br />
mercado, que transforma produtos e serviços<br />
simples em love brands e sucessos <strong>de</strong><br />
faturamento e receita.<br />
A i<strong>de</strong>ia por trás <strong>de</strong> uma economia baseada<br />
em experiências está exatamente em como<br />
as marcas po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>scomoditizar e ampliar<br />
sua percepção <strong>de</strong> valor, na medida em<br />
que elas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser meras fornecedoras<br />
e se convertem em agentes <strong>de</strong> interações felizes<br />
e estimulantes, que geram satisfação<br />
para o consumidor. É o que faz pagarmos R$<br />
10 a mais por um café no Starbucks, em vez<br />
<strong>de</strong> escolher um espresso que po<strong>de</strong>ria até ser<br />
mais saboroso na cafeteria da próxima esquina.<br />
É o ambiente, o aroma, as texturas, as cores,<br />
a conveniência, o atendimento. Tudo o<br />
que faz você entrar em uma loja como aquela<br />
e experimentar muito mais que água quente<br />
num grão torrado e moído.<br />
E se uma experiência incrível po<strong>de</strong> ser<br />
o segredo do sucesso <strong>de</strong> marcas que trabalham<br />
produtos e serviços básicos e muitas<br />
vezes homogêneos aos <strong>de</strong> seus concorrentes,<br />
quando o contrário acontece, costuma<br />
ser <strong>de</strong>sastroso. Na era da economia da experiência,<br />
uma etapa falha da prestação <strong>de</strong><br />
um serviço, um produto lindo com um <strong>de</strong>talhe<br />
que atrapalhe sua funcionalida<strong>de</strong> ou<br />
um app em que não se consegue visualizar<br />
um campo a preencher ou que dá erro no<br />
momento crucial da conversão da venda,<br />
ou que ainda cria fricção nos “momentos<br />
da verda<strong>de</strong>” para o cliente, po<strong>de</strong> acabar<br />
com milhares <strong>de</strong> outros pontos positivos e<br />
gerar prejuízos irreversíveis.<br />
Em um mundo cada vez mais digital, precisamos<br />
pensar em como gerar experiências<br />
incríveis nos mais diferentes pontos <strong>de</strong> contato,<br />
no <strong>de</strong>talhe do <strong>de</strong>talhe, nos comportamentos<br />
mais peculiares. Usar a nosso favor<br />
os dados, a análise <strong>de</strong> comportamento, o teste<br />
constante <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s – no digital e<br />
no físico –, estando sempre um passo à frente<br />
e garantindo uma experiência ótima em toda<br />
a jornada dos diferentes perfis <strong>de</strong> clientes.<br />
Na economia da experiência, o “X” da<br />
questão é o que está no UX (User Experience)<br />
e, principalmente, no CX (Customer<br />
Experience). É o que faz aquilo que parece<br />
o mais básico possível para o consumidor<br />
se manter assim, é o que o faz voltar ou se<br />
tornar recorrente, é o que o faz se acostumar<br />
com uma utilização virtual daquilo que<br />
sempre foi físico.<br />
Isso, claro, é latente quando falamos das<br />
experiências que naturalmente mexem com<br />
nossas emoções, como ler, ouvir música,<br />
consumir conteúdo e ter um bom momento<br />
<strong>de</strong> entretenimento. Mas não são diferentes<br />
em momentos críticos e necessários, como<br />
pagar uma conta, concluir uma compra ou<br />
ter acesso a um sistema no momento que o<br />
usuário quer e precisa, sem atrasos, sem interrupções<br />
e sem margem para erros.<br />
Uma boa experiência não acelera só nossa<br />
pulsação ou o pensamento. Acelera negócios,<br />
resultados e sucesso <strong>de</strong> empresas<br />
dos mais diferentes setores e tamanhos. A<br />
criativida<strong>de</strong> continua fundamental. Mas se<br />
a experiência for ruim, não há economia<br />
que aguente.<br />
“A criAtividA<strong>de</strong><br />
é fundAmentAl.<br />
mAs, se A experiênciA<br />
for ruim, não<br />
há economiA<br />
que Aguente”<br />
*Celso Andra<strong>de</strong> é CEO da UOTZ<br />
celso@uotz.com.br<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 91