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edição de 23 de maio de 2022

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propmArk 57 Anos<br />

Arte Como CrítiCA<br />

Arte e cultura são alavancas da criativida<strong>de</strong><br />

e da economia advinda <strong>de</strong>la. São<br />

alavancas para melhorar a comunicação<br />

<strong>de</strong> uma forma geral, tornando-a mais<br />

instigante. “Mas, na verda<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>ve<br />

ser pontuado é que a comunicação, enquanto<br />

uma área produtiva, e seus diversos<br />

produtos (edição <strong>de</strong> livros, jornais,<br />

mídias digitais, audiovisual etc.) são um<br />

núcleo da economia criativa”, pontua a<br />

professora Isabella Perrotta.<br />

Fundamental como repertório e inspiração<br />

para profissionais <strong>de</strong> comunicação,<br />

publicida<strong>de</strong>, jornalismo, cinema, <strong>de</strong>sign<br />

e áreas afins, a arte também incomoda,<br />

<strong>de</strong>nuncia, questiona e faz pensar. Expoente<br />

da arte contemporânea e do cinema<br />

experimental, o trabalho da paulistana<br />

Janaina Wagner é um exemplo atual e interessante<br />

<strong>de</strong>ssa arte crítica.<br />

Janaina é diretora do curta-metragem<br />

Curupira e a máquina do <strong>de</strong>stino, que<br />

traz como pano <strong>de</strong> fundo o <strong>de</strong>smatamento<br />

na Amazônia. O filme mostra o<br />

encontro ficcional entre Curupira e uma<br />

menina chamada Iracema, que perambulam<br />

pela região cada vez mais <strong>de</strong>struída<br />

por garimpeiros e exploração ilegal. O<br />

curta foi rodado em Realida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong><br />

que fica na BR-319, estrada que é um dos<br />

gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento da<br />

Amazônia.<br />

“A Curupira é uma figura pré-colonial<br />

da história do Brasil, que teve sua imagem<br />

<strong>de</strong>turpada, pelo folclore, que veio<br />

junto com o regime militar. Mas que <strong>de</strong><br />

base é uma força primária do Brasil. O<br />

que eu quis fazer foi trazer a Curupira<br />

literalmente para Realida<strong>de</strong>, que é essa<br />

cida<strong>de</strong> que fica na BR-319, uma estrada<br />

que é um dos gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento,<br />

porque liga o Amazonas com o<br />

sul do Brasil”, explica Janaina.<br />

A cineasta <strong>de</strong>staca que, para as pessoas<br />

que moram na rodovia, é superinteressante<br />

que a estrada exista porque<br />

isso possibilita que elas se locomovam<br />

e tenham suas vidas, “mas uma vez que<br />

você tem essa estrada, asfaltada, facilita<br />

a entrada dos caminhões para o <strong>de</strong>smatamento<br />

e faz essa ma<strong>de</strong>ira escoar, e o boi<br />

subir para o Amazonas através <strong>de</strong>la”.<br />

Janaina Wagner: ”Meu trabalho é panfletário”<br />

“o meu trabalho só<br />

faz sentido se tiver<br />

um cruzamento entre<br />

política e poética.<br />

arte é uma forma<br />

<strong>de</strong> emancipação do<br />

pensamento das pessoas”<br />

“Tem todas essas complexida<strong>de</strong>s. Não<br />

posso olhar <strong>de</strong> fora e apontar o <strong>de</strong>do, porque<br />

tem pessoas que vivem lá e precisam<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento, mas esse <strong>de</strong>senvolvimento<br />

também é predatório. O que eu<br />

quis trazer para o filme são todas essas<br />

nuances. A Amazônia é um assunto mundial,<br />

por ser algo superimportante da ecologia<br />

global, a <strong>de</strong>struição da Amazônia<br />

diz respeito ao mundo inteiro. É um problema<br />

muito nosso, mas é do mundo”,<br />

ressalta Janaina.<br />

Formada em artes plásticas, a artista<br />

informa que seu trabalho é panfletário<br />

mesmo e até hoje não teve nenhuma<br />

marca envolvida em seus projetos. “Até<br />

agora fiz meus projetos com dinheiro público<br />

e resultado <strong>de</strong> residências artísticas<br />

Isabella Perrotta: “Publicida<strong>de</strong> e arte se conectam”<br />

Fotos: Divulgação<br />

com bolsas <strong>de</strong> produção”, conta ela, que<br />

fez residência em cinema na França. Para<br />

Janaina, po<strong>de</strong>ria ser muito legal fazer<br />

parceria com uma marca que tenha a ver<br />

com os princípios propostos no seu trabalho.<br />

“Precisa ser uma marca engajada em<br />

preservação, ecologia, feminismo”.<br />

Ela afirma que a matéria-prima do seu<br />

trabalho é o mundo e a situação política.<br />

“O meu trabalho só faz sentido se tiver<br />

um cruzamento entre política e poética.<br />

Agora, por exemplo, estou trabalhando<br />

com o tema da <strong>de</strong>struição da Amazônia,<br />

o <strong>de</strong>smatamento, meu próximo filme vai<br />

ser sobre feminicídio. São assuntos políticos,<br />

mas que eu trago para o universo da<br />

linguagem. Para mim, a arte é uma forma<br />

<strong>de</strong> emancipação do pensamento das pessoas”,<br />

avalia.<br />

Apesar da visão crítica, a artista afirma<br />

que “não dá para ignorar que a publicida<strong>de</strong><br />

é superpo<strong>de</strong>rosa e transforma<br />

imagens em feitiços”. Mas avisa: “Acho<br />

interessante entrar nisso <strong>de</strong> alguma forma,<br />

mas sempre <strong>de</strong> uma maneira crítica<br />

porque eu não trabalharia com ninguém<br />

que não fosse <strong>de</strong>ntro dos princípios que<br />

eu acredito. A solução para uma melhora<br />

do mundo vai na direção da <strong>de</strong>saceleração<br />

do consumo e da produção”, finaliza<br />

Janaina.<br />

A campanha da Nike Air Max Graffiti stores, criada pela AKQA SP, usou grafites<br />

A marca 3 Corações lançou uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras <strong>de</strong> Candido Portinari<br />

90 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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