edição de 23 de maio de 2022
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Divulgação<br />
Dorinho Bastos: “Sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”<br />
o alargamento <strong>de</strong>sta via, veremos então<br />
um outro fenômeno acontecer – que<br />
será o uso <strong>de</strong> referências ‘clássicas’ (no<br />
sentido <strong>de</strong> serem muito conhecidas) em<br />
campanhas dos mais diversos produtos.<br />
É importante dizer que, embora as artes<br />
visuais sejam a expressão artística mais<br />
utilizada na publicida<strong>de</strong> contemporânea,<br />
outras também são frequentemente usadas.<br />
A música, por exemplo – vamos da<br />
ópera ao funk, passando pela MPB”, ressalta<br />
Isabella.<br />
Professor do curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da<br />
ECA-USP, <strong>de</strong>signer gráfico e cartunista,<br />
Dorinho Bastos é certeiro na resposta. “Na<br />
minha opinião, sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”,<br />
sacramenta. Dorinho sintetiza<br />
o pensamento com a afirmação <strong>de</strong> que a<br />
publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong> tudo da vida e não só<br />
da arte. “Vive <strong>de</strong> qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />
frase, da literatura, do cinema, a inspiração<br />
vem <strong>de</strong> tudo quanto é lado”.<br />
Segundo ele, a relação <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />
arte é muito gran<strong>de</strong>, assim como o <strong>de</strong>sign.<br />
“Na verda<strong>de</strong>, tem uma frase para <strong>de</strong>sign<br />
que também cabe para a publicida<strong>de</strong>. Eu<br />
adoro <strong>de</strong>finições inteligentes e curtas. Ela<br />
é a seguinte: ‘Design é arte aplicada’. Acho<br />
muito legal essa <strong>de</strong>finição”.<br />
Arquiteto por formação, mas apaixonado<br />
por <strong>de</strong>sign e cartoon <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre,<br />
Dorinho lembra que, assim como no cinema,<br />
a publicida<strong>de</strong> tem uma direção <strong>de</strong><br />
arte importantíssima. “É óbvio que os objetivos<br />
são diferentes, um está ven<strong>de</strong>ndo<br />
um produto e o outro é pura arte”, resume<br />
Dorinho, que é cartunista do PROP-<br />
MARK <strong>de</strong> longa data.<br />
Com experiência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 anos<br />
como cartunista – ele <strong>de</strong>senhou para O<br />
Pasquim, por exemplo –, Dorinho afirma<br />
que o cartoon já teve um espaço muito<br />
interessante na mídia, mas hoje enfrenta<br />
uma <strong>de</strong>svalorização gran<strong>de</strong>. “Na minha<br />
opinião, o impacto da imagem se per<strong>de</strong>u<br />
muito com a internet, com o celular. O<br />
“a publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong><br />
qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />
frase, da literatura, do<br />
cinema, a inspiração vem<br />
<strong>de</strong> tudo quanto é lado”<br />
cartoon já foi muito forte, eu fazia muitos<br />
trabalhos para revistas corporativas.<br />
Hoje, o espaço é pequeno”, diz Dorinho.<br />
CAmpAnhAs<br />
São inúmeras as campanhas publicitárias<br />
que utilizam referências artísticas.<br />
A Mona Lisa, provavelmente, seja a obra<br />
mais usada. “Já ajudou a ven<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pizza<br />
a produtos <strong>de</strong> limpeza, além <strong>de</strong> frequentemente<br />
ser estrela <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> comportamento<br />
e memes. No auge da pan<strong>de</strong>mia,<br />
ela usou máscara e se <strong>de</strong>scabelou <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sespero. Até o João Carlos Moreno (menino<br />
propaganda da Bombril) já posou <strong>de</strong><br />
Mona Lisa”, recorda a coor<strong>de</strong>nadora do<br />
Mestrado Profissional em Gestão da Economia<br />
Criativa da ESPM.<br />
Recentemente, a marca 3 Corações lançou<br />
uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras<br />
do pintor brasileiro Candido Portinari, um<br />
dos artistas mais importantes do século 20.<br />
A i<strong>de</strong>ia foi enaltecer as riquezas da cultura<br />
brasileira, unindo o café a Portinari, que<br />
nasceu numa fazenda <strong>de</strong> café no interior<br />
<strong>de</strong> São Paulo, o que o inspirou a pintar. De<br />
acordo com histórico, <strong>de</strong>ntre suas 5.400<br />
obras, 257 retratam o dia a dia <strong>de</strong> um cafezal.<br />
As embalagens da linha 3 Corações<br />
Portinari estampam três gran<strong>de</strong>s obras do<br />
artista: Peneirando Café (1957), Meninos<br />
Soltando Pipas (1947) e Café (1942).<br />
“Acreditamos que o café é mais do que<br />
uma bebida. O café também é a expressão<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada brasileiro, que tem<br />
o próprio jeito <strong>de</strong> amar café. E o Brasil também<br />
vai além do futebol e do Carnaval. O<br />
Brasil também é o país do café e o país <strong>de</strong><br />
Portinari, e temos muito o que nos orgulhar<br />
disso! Assim como Portinari se inspirou no<br />
café para criar seu legado memorável, a<br />
3 Corações agora se inspira em Portinari<br />
para criar esta linha <strong>de</strong> cafés 100% arábica,<br />
como homenagem não só para ele, mas<br />
para todos os amantes <strong>de</strong> arte e café”, afirma<br />
Roberta Prado, head <strong>de</strong> marketing do<br />
Grupo 3 Corações.<br />
Para além das artes plásticas, a street art<br />
também já foi elemento da premiada campanha<br />
da Nike Air Max Graffiti Stores, criada<br />
pela AKQA SP para a divulgação <strong>de</strong> novos<br />
mo<strong>de</strong>los da marca. A ação transformou os<br />
muros <strong>de</strong> São Paulo em lojas da Nike, sendo<br />
que os grafites foram usados para ven<strong>de</strong>r os<br />
novos mo<strong>de</strong>los Air Max da marca.<br />
Na ocasião, a Nike fez uma parceria com<br />
o coletivo <strong>de</strong> arte <strong>de</strong> rua InstaGraffiti e convidou<br />
diversos artistas para produzirem<br />
<strong>de</strong>senhos com os tênis Air Max da marca<br />
nos pés dos personagens, transformando<br />
as obras em lojas virtuais da marca.<br />
A i<strong>de</strong>ia foi usar o e-commerce nike.com<br />
como um meio e não um fim. A única maneira<br />
<strong>de</strong> adquirir antecipadamente um dos<br />
novos Air Max era visitar o grafite, acessar<br />
o site da Nike e <strong>de</strong>sbloquear a compra via<br />
geolocalização. Além disso, só era possível<br />
saber o local exato da próxima intervenção<br />
por meio do site.<br />
A AKQA SP ganhou o Grand Prix <strong>de</strong> Media<br />
no Cannes Lions com a campanha em<br />
2019, entre vários outros prêmios, como<br />
também o Yellow Pencil no D&AD. A agência,<br />
aliás, tem um histórico <strong>de</strong> cases premiados<br />
conectados à música. No mesmo<br />
ano, recebeu o GP <strong>de</strong> Entertainment Lions<br />
for Music em Cannes com Bluesman, para<br />
Baco Exu do Blues. E agora, em <strong>2022</strong>, o curta-metragem<br />
Sonho, sobre o funkeiro Nego<br />
Bala, conquistou o Grand Prix no Clio Music<br />
Awards, na categoria Film/Vi<strong>de</strong>o.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 89