edição de 23 de maio de 2022

propmark 57 aNoS
Divulgação
Da publicidade
para a arquitetura
Nathalie Artaxo/Divulgação/AJ Possato
Carlos Marcelo Campos Teixeira, do Mackenzie
traz pistas sobre a vocação do local, fruição
pública, mobilidade, infraestrutura
e público-alvo, configurando a persona
que vai usufruir do espaço a partir de um
“DNA exclusivo, que expresse o chamado
‘genius loci’, o espírito do lugar, tornando
o empreendimento único para aquele
povo e região”, comenta Teixeira.
O processo criativo da arquitetura encontra
no trabalho da iraquiana-britânica
Zaha Hadid, falecida em 2016, o ápice da
inovação. Famosa por obras repletas de
curvas e ângulos, ela “traz o elemento dinâmico
da multi e transdisciplinaridade,
envolvendo expertises de diferentes áreas
para a materialização de ideias fluidas
e futurísticas”, analisa Teixeira.
Entre inspirações e influências, está a
paixão pela arte abstrata do russo Kazimir
Malevich, adotando a pintura como
meio de investigação criativa de estudos
topográficos. “Outra lição marcante foi o
desenho a mão como linguagem e parte
do processo criativo do arquiteto”, acrescenta
o professor.
referêNciaS
É por meio da linguagem gráfica do desenho
que arquitetos e designers exercitam
a criatividade, tangibilizando informações
captadas durante o mergulho no
cotidiano, e transformando-as em croquis
ou sketches utilizados para comprovar a
pertinência e a adequação de uma ideia.
Conceitos de pesquisa e análise estratégica
estão embasados no design research,
que nasce da fusão de ferramentas vindas
do marketing com princípios de prototipação,
consolidando um processo para investigar
desejos e necessidades materiali-
Juliana e Andrea Possato: brainstorming para discussão e definição de soluções apresentadas aos clientes
publicitária Juliana Possato trocou çados pela experiência de vida. “A criatividade
está presente em todos os dias,
A uma carreira sólida na propaganda
pela arquitetura. Após 15 anos em posições
de liderança, se rendeu à paixão apontam elas. Trabalhos de outros arqui-
momentos e locais que frequentamos”,
por “oferecer caminhos para que as pessoas
realizem os seus sonhos”. O desejo viagens, revistas, feiras, programas, filtetos,
artistas plásticos, lojas, mostras,
de inovar e empreender também falou mes, eventos culturais, shows e arte são
mais alto.
fontes alimentadas ainda por movimentos
de mercado, tecnologias e novos usos
Em sociedade com a irmã, a arquiteta
e decoradora Andrea Possato, ela aplica a de materiais.
visão de negócios, estratégia e gestão de De Diébédo Francis Kéré vem o reconhecimento
de um trabalho que reafirma
clientes desenvolvida ao longo de sua carreira
para criar “uma narrativa própria”. o compromisso social da arquiteta. Juliana
e Andrea não acreditam em repo-
No repertório, conhecimento técnico e
estético se juntam à busca por tendências sicionamento. Para elas, o papel original
e inovações em materiais, soluções, produtos,
cores e linguagens para iniciar um fronteiras, alcançando uma nova perspec-
da atividade se mantém, e hoje expande
projeto respeitando as expectativas, necessidades
e investimento do cliente. e a necessidade de adaptação de técnicas,
tiva que considera a escassez de recursos
As irmãs Possato contam que na arquitetura
utilizam os mesmos recursos o resultado estético e funcional.
materiais e mão de obra, sem abandonar
da publicidade para a construção de conceitos.
“Há brainstorming para discussão mas pela representatividade, Zaha Ha-
Não só por obras desconstrutivistas,
e definição das soluções que levaremos did é também inspiradora por natureza.
como resposta ao desafio do cliente ou “Transcendendo os resultados da profissão,
na posição de mulher, nascida em
projeto”, explicam elas. Design, mobiliários,
tecidos e acabamentos ajudam a 1950, num cenário liderado por homens,
compor o mood board e mood book, usados
para ilustrar o estilo perseguido. primeira mulher a receber o prêmio Prit-
tem um reconhecimento ímpar. Foi a
Como na propaganda, a apresentação
do projeto busca envolver, seduzir e Elas citam também a inspiração vinzker”,
lembram as irmãs Possato.
transportar o cliente ao universo projetado.
“Ele precisa se ver na situação. Sentir van der Rohe com as suas linhas retas,
da do trabalho do arquiteto alemão Mies
o aroma, o aconchego. É como uma campanha
de perfumes. Você precisa fazer externa, além do uso do vidro e concreto,
simetria, integração entre área interna e
o consumidor sentir a fragrância com os a exemplo da Farnsworth House. Instalada
em Illinois (EUA), a casa foi construída
olhos, experimentar o produto através
das imagens”, compara a dupla.
entre 1945 e 1951, e virou ícone da arquitetura
Já a inspiração vem dos contornos tra-
moderna.
84 23 de maio de 2022 - jornal propmark