edição de 23 de maio de 2022
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propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
A economia criativa<br />
fortalece empresas<br />
Raffael MastRocola*<br />
A<br />
economia criativa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação<br />
do seu conceito por John Howkins,<br />
em 2001, vem impactando diretamente<br />
inúmeras indústrias que vão<br />
da publicida<strong>de</strong> à tecnologia, mas muitas vezes<br />
ela traz consigo a sensação <strong>de</strong> que estamos falando<br />
<strong>de</strong> setores que movimentam menos o<br />
PIB. Mera ilusão. O consumo <strong>de</strong> experiências<br />
suplantou o consumo <strong>de</strong> materiais como mola<br />
propulsora do crescimento das empresas<br />
e das economias globais, em um movimento<br />
acelerado em boa parte pelas quarentenas que<br />
experimentamos nos últimos dois anos.<br />
Na carona <strong>de</strong>sse movimento, a economia<br />
criativa <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma tendência para se<br />
tornar uma necessida<strong>de</strong>, já que as indústrias<br />
que a compõem se tornaram fundamentais<br />
para alimentar esse novo tipo <strong>de</strong> consumidor<br />
através <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> unir criativida<strong>de</strong><br />
e inovação para gerar gran<strong>de</strong>s experiências<br />
humanas.<br />
A importância <strong>de</strong> segmentos criativos se<br />
intensificou, na carona <strong>de</strong> um consumo mais<br />
voltado ao entretenimento; à cobrança <strong>maio</strong>r<br />
por valores e responsabilida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> marcas<br />
por parte <strong>de</strong> seus consumidores; e à intensificação<br />
da revolução digital. Essa economia<br />
passou a ser mais mencionada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2021,<br />
quando foi <strong>de</strong>clarado o Ano Internacional da<br />
Economia Criativa para o Desenvolvimento<br />
Sustentável pela ONU – especialmente pelo setor<br />
ter sido um dos que obtiveram crescimento<br />
mais acelerado na economia mundial nos<br />
últimos anos, além da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar<br />
renda e empregos num momento tão crítico.<br />
Assim, a economia criativa passou a importar<br />
não apenas por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar<br />
pequenos e médios negócios e indicar<br />
caminhos futuros, mas por já ser uma parte<br />
relevante do todo das economias dos principais<br />
países do mundo. Nas cinco <strong>maio</strong>res economias<br />
da Europa, que são Alemanha, Reino<br />
Unido, Espanha, Itália e Turquia, e nas três<br />
<strong>maio</strong>res da Ásia Pacífico, compostas por Japão,<br />
Austrália e Coreia do Sul, esse segmento<br />
concentra já 7% da força <strong>de</strong> trabalho. Após as<br />
gran<strong>de</strong>s perdas sofridas com a pan<strong>de</strong>mia, a<br />
economia criativa ampliou seu papel <strong>de</strong> ponto<br />
crucial para alimentar o crescimento internacional<br />
dos países. Cabe também às li<strong>de</strong>ranças<br />
públicas incentivar o tema e financiar empresas<br />
<strong>de</strong> todos os tipos, tamanhos e necessida<strong>de</strong>s<br />
para que elas se <strong>de</strong>senvolvam, gerem empregos<br />
e aju<strong>de</strong>m os países a crescer através do<br />
consumo <strong>de</strong> experiências. Seguindo exemplo<br />
<strong>de</strong> lugares já citados, que têm se beneficiado<br />
<strong>de</strong>sses investimentos.<br />
Outro aspecto importante da economia<br />
criativa, que possibilita a expansão <strong>de</strong> setores<br />
diversos, é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar marcas e<br />
empresas a atingirem novos públicos, tornando<br />
produtos, serviços e, claro, experiências<br />
acessíveis a uma audiência antes negligenciada.<br />
Quando, recentemente, Emicida se tornou<br />
o primeiro artista brasileiro a se apresentar no<br />
Fortnite, em um show que foi exibido por 72<br />
horas entre o fim <strong>de</strong> abril e começo <strong>de</strong> <strong>maio</strong>,<br />
ele se tornou acessível a um novo público,<br />
através da integração dos esforços <strong>de</strong> duas das<br />
indústrias mais <strong>de</strong>stacadas no setor criativo:<br />
games e música.<br />
Também têm se tornado comuns as exposições<br />
internacionais <strong>de</strong> museus consagrados,<br />
compartilhadas por meio <strong>de</strong> novas tecnologias.<br />
Uma iniciativa bastante interessante nesse<br />
sentido foi o Mapa Cultural <strong>de</strong> Perdas da<br />
Ucrânia, uma ação interativa da The Ukrainian<br />
Cultural Foundation que <strong>de</strong>monstrou a escala<br />
da <strong>de</strong>struição da guerra, ao mapear mais <strong>de</strong><br />
150 monumentos e objetos culturais que foram<br />
parciais ou completamente <strong>de</strong>struídos pela invasão<br />
russa. Em momentos como pan<strong>de</strong>mia e<br />
guerra, a indústria criativa sofre em seus mais<br />
diferentes setores, talvez mais que as outras<br />
indústrias. Mas é ela também a primeira a ressurgir,<br />
e ajudar o mundo a se reinventar e criar<br />
soluções, através <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e inovação.<br />
Hoje, quem está fora da economia criativa,<br />
está fora <strong>de</strong> tudo. E as marcas que já enten<strong>de</strong>ram<br />
isso saíram na frente e provavelmente<br />
serão as que vão ditar as próximas tendências.<br />
“A economiA criAtivA<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />
umA tendênciA<br />
pArA se tornAr<br />
umA necessidA<strong>de</strong>”<br />
*Raffael Mastrocola é CEO da Oliver América<br />
Latina<br />
raffaelmastrocola@oliver.agency<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 81