edição de 23 de maio de 2022

PROPMARK 57 ANOS
Fotos: Divulgação
Lucas Feltes: “Performance exige muita criatividade”
Tidé Soares é diretor-geral de criação na agência Jüssi
“meninA dos olhos
dA economiA criAtivA
brAsileirA, o mercAdo
publicitário no pAís
pAssA por umA profundA
reformulAção”
RESISTÊNCIA
Lica Bueno, CEO da Talent Marcel, quer
saber se há crise criativa. Sua resposta mostra
que a verdade deve passar longe da glamurização.
“Temos enorme mérito pela reputação
alcançada mundialmente, porém o
Palais é uma distração para algo muito mais
importante que nos foi deixado de aprendizado
ao longo desses anos por tantos profissionais
da comunicação. Tratamos aqui
daquela criatividade que está em função
de uma estratégia comprometida em gerar
resultados aos negócios dos clientes. Uma
criatividade capaz de tirar a publicidade
da indiferença e esteja gerando valor para
marcas de forma consistente. Criatividade
que está em função da melhor solução para
um problema que pode ter como resultado
inovação, serviço, foco em performance.”
Quem concorda com Lica Bueno no que
se refere à performance é Lucas Feltes, CEO
da WTAG. “Criatividade não é um exercício.
Ela é um dom desses profissionais, verdadeiros
heróis da resistência, que emprestam
seu talento para a comunicação, cada
um com seu olhar. Quando digo que não
é exercício, não quero dizer que não tem
de fazer o dever de casa. Exercício lustra a
criatividade brasileira. A performance, que
é a expertise da minha agência, depende da
criatividade para fazer uma entrega além
do algoritmo. Sem criatividade, dado é apenas
dado e, nesse caso, não entra na economia
criativa. É estatística”, conclui Feltes.
Criatividade é o que faz a diferença no
mundo de hoje. A frase é de Alexandre Ravagnani,
diretor-executivo de criação da
agência Repense. “A economia criativa já é
uma realidade. Ela impulsiona a economia
como um todo, trazendo soluções inovadoras
que vão diferenciar os negócios, separando
aquilo que traz uma nova visão para
esse novo mundo que está sendo moldado,
do que é um simples posicionamento para
uma nova marca ou serviço. É com propósito
e com fortes vínculos na inovação e
tecnologia que será possível fazer essa passagem
com ganhos, tanto para a economia
como para os consumidores, gerando novos
empregos, profissões e visões para um
futuro melhor para todos. Inclusive para os
lucros das empresas e sua sustentabilidade.
Estamos agora bem no meio do caminho, e
criatividade nunca foi tão diferenciadora e
necessária”, argumenta o ECD da Repense.
MANEJO
O que a permacultura explica? Quem
responde é a dupla Tidé Soares e Diogo Salomão,
respectivamente, diretor-geral de
criação na Jüssi e diretor de criação na Jüssi.
“Nossa pluralidade está diretamente
conectada ao pensamento permacultural,
que sistematiza princípios que podem ser
usados para projetar, criar, gerir e melhorar
todos os esforços realizados por pessoas
e comunidades no sentido de um futuro
sustentável. Essa ideia, que subverte as
cadeias de produção atuais, permite que
sejamos capazes de produzir mais com menos,
gerando abundância. A permacultura
existe por meio do manejo integrado com
florestas, preservando o solo, conservando
fauna e flora e contribuindo para a fertilidade
do ambiente em que se estabelece.
Washington Olivetto obteve 50 Leões no Cannes Lions
Em outras palavras, o desenvolvimento de
relações interpessoais genuínas, internas e
externas, contribui para o surgimento de
ideias cada vez melhores”, afirmam.
“Criar é conceber algo novo, pode ainda
ser uma releitura de algo que já existia antes
ou também, mais do mesmo”, é o que
pensa Robson Ortiz, CEO da Mirum. Ele
prossegue: “Contudo, ao falarmos de criação
ao longo dos anos na nossa indústria,
buscamos por aperfeiçoamento e evolução
de pessoas e negócios. Tudo para prosperar
no vasto campo da criatividade que nos
surpreende a cada dia. Você já se deparou
com esse autoquestionamento: por que não
pensei nisso antes? É nessa hora que você
se dá conta de que algo novo foi criado e
muitas vezes estava bem próximo de você!
A economia criativa começa na cultura das
organizações. Precisamos estar prontos
para pivotar o negócio”, diz.
Transformação é o efeito da publicidade
para Karina Monique, diretora de criação da
Propeg em Brasília. “Existe um mantra dentro
do mercado publicitário que funciona
tal qual uma dose colossal de Rivotril, principalmente
quando a campanha está com
algum tipo de problema – o famoso ‘calma,
é só publicidade’. Campanhas são campanhas
e, apesar de suas complexidades ou
genialidades, a missão não se concentra em
salvar vidas, mas transformá-las”, afirma.
“A publicidade brasileira está num holofote
global por refletir muito de nós e, quem
sabe um dia, tudo de nós. A sensibilidade
de Meu primeiro sutiã e o incontestável fofurômetro
estourado dos Bichinhos da Parmalat,
que marcaram gerações, surgiram
da criatividade brasileira mais pura. Estava
dentro de casa, à vontade, de verdade,
sem roupa para receber visita e saiu – para
o mundo inteiro ver, e foi bem recebida em
diversos festivais. Não é só criatividade. É a
criatividade brasileira criando engajamento,
acompanhando movimentos culturais
gigantes, fazendo o consumidor escolher
ficar ao lado da marca”, finaliza Karina.
50 23 de maio de 2022 - jornal propmark