PROPMARK 57 ANOS Fotos: Divulgação Diogo Salomão, diretor <strong>de</strong> criação da Jüssi em São Paulo Júlia Mota é diretora <strong>de</strong> criação da GUT em São Paulo Fernando Diniz, co-CEO da DPZ&T: “Gran<strong>de</strong> protagonista” vai a Cannes pela primeira vez volta outro. A visão sobre a publicida<strong>de</strong> muda e novos manejos da profissão ficam perceptíveis e muito mais ágeis”, disse Periscinoto em entrevista ao PROPMARK. O publicitário Paulo Cesar Queiroz, head <strong>de</strong> operações da RZK Digital, fez uma análise sobre a presença brasileira em Cannes. “Nos anos <strong>de</strong> 1970, tivemos uma participação mo<strong>de</strong>sta em número <strong>de</strong> inscrições, conquistando 52 troféus, com <strong>de</strong>staque para a DPZ e para a Alcântara Machado, a Almap. Na década <strong>de</strong> 1980, ainda com foco em filmes, o festival premiou o Brasil 116 vezes, já com um expressivo aumento <strong>de</strong> agências participantes, inclusive as multinacionais. O <strong>de</strong>staque da década foi a W/GGK, que ainda não era a W/Brasil. É interessante perceber que a W/GGK foi uma dissidência da DPZ. Já se nota, então, nos anos <strong>de</strong> 1980, uma cultura competitiva sendo formada no Brasil”, informa Queiroz. Os anos <strong>de</strong> 1990 marcam o Brasil como <strong>de</strong>staque no cenário internacional da publicida<strong>de</strong>, explica Queiroz. “Cannes aumentou o número <strong>de</strong> categorias e conferiu 161 troféus aos brasileiros, que tiveram um boom na qualida<strong>de</strong> dos ví<strong>de</strong>os. A DM9, dissidência profissional da W/Brasil, dominou a década com o Grand Prix <strong>de</strong> Mídia Impressa e dois títulos <strong>de</strong> Agency of The Year. Com o <strong>de</strong>staque da DM9 nesse período, aumentou ainda mais a positiva rivalida<strong>de</strong> criativa entre as agências brasileiras, marcando um período <strong>de</strong> ouro na história <strong>de</strong> nossa propaganda. A partir disso, o Brasil se tornou o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do Festival <strong>de</strong> Cannes e o número <strong>de</strong> inscrições das agências nacionais disparou”, <strong>de</strong>talha Queiroz. A economia criativa tem novos elementos, como enfatiza Gabriela Hunnicutt - foun<strong>de</strong>r/partner/board member da Bold. “A gran<strong>de</strong> questão, no meu ponto <strong>de</strong> vista, é como po<strong>de</strong>mos usar toda essa criativida<strong>de</strong> para gerar riqueza não apenas material, mas social e ambiental. Como os criativos, junto com as marcas e empresas, po<strong>de</strong>m “nós brAsileiros, somos cordiAis, orAis, emotivos, criAmos empAtiA e nos relAcionAmos com sinceridA<strong>de</strong> não ApenAs com pessoAs, mAs tAmbém com mArcAs” criar movimentos que impactem diretamente temas como educação e inclusão digital, diversida<strong>de</strong>, sustentabilida<strong>de</strong>? Muitas coisas já vêm sendo feitas, inclusive no próprio mercado, mas se cada vez mais as empresas estiverem dispostas a usar a força <strong>de</strong> suas marcas (e seus budgets, claro) para gerar transformação, aí estaremos num bom caminho. E, com certeza, é o que hoje as pessoas esperam <strong>de</strong>las”. Gabriela consi<strong>de</strong>ra o empreen<strong>de</strong>dorismo como lacuna para os criativos. “Hoje acredito que o que falta para mais criativos empreen<strong>de</strong>rem – por opção/vocação e não por necessida<strong>de</strong> (e isso faz toda a diferença) – é colocarmos essas disciplinas nas escolas e criarmos programas <strong>de</strong> incentivo – públicos e privados –, que ofereçam condições para que pessoas com mais barreiras estruturais possam ter as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> errar e acertar. Empreen<strong>de</strong>r não existe sem errar. Eu, pelo menos, nunca vi. Por isso, também é preciso espaço para errar. Lugar no mercado para empresas boas, com valores sólidos e propósitos bem <strong>de</strong>finidos, não falta. O que falta é urgência para transformar esse cenário e <strong>de</strong>ixar aflorar os nossos gran<strong>de</strong>s – e inúmeros – talentos”, contextualiza a executiva da Bold Gabriela também faz menção a outro gap: “Um estudo realizado pela PWC com o Instituto Locomotiva, O Abismo Digital no Brasil, evi<strong>de</strong>ncia a falta <strong>de</strong> acesso à internet <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que as classes D e E têm. Segundo o estudo, 81% da população com 10 anos ou mais usam a internet, mas somente 20% têm acesso <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> à re<strong>de</strong>. De todos os entrevistados, 22% ainda acessa via mo<strong>de</strong>n ou chip”, afirma. INTIMIDADE Na avaliação <strong>de</strong> Paula Queiroz, head <strong>de</strong> estratégia & data insights da Cheil, a criativida<strong>de</strong> é um dos principais produtos <strong>de</strong> exportação do Brasil. Ela reconhece dois motivos: “O primeiro é nossa pluralida<strong>de</strong>. Apesar da inegável exclusão e da intolerância estrutural das minorias ainda presentes no Brasil, somos um país miscigenado e uma cultura gregária, on<strong>de</strong> Europa, América, África e Ásia se encontram e convivem entre si, criando uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plural que une o clássico com o tropical, o elitista com o popularesco, o sagrado com o profano, o organizado com o caótico. O segundo ponto é que nós, brasileiros, somos cordiais, orais, emotivos, criamos empatia e nos relacionamos com sincerida<strong>de</strong> não apenas com pessoas, mas também com marcas, produtos e serviços. É mais do que uma relação comercial, já que no Brasil algumas marcas são quase amigas, que <strong>de</strong>ixamos entrar na nossa casa”, afirma. Paula acrescenta: “A ascensão da economia criativa e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong>scentralizado trazem ainda mais oportunida<strong>de</strong>s para o nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> pensamento. Vemos uma geração que exige das marcas uma relação mais próxima, humana, realista e conectada com as necessida<strong>de</strong>s do público. E quem melhor po<strong>de</strong> fazer isso, se não nós, brasileiros? O momento agora é <strong>de</strong> nos lembrarmos disso para continuarmos a fazer a diferença no mercado e contribuirmos para a construção <strong>de</strong> uma relação horizontal entre empresas e consumidores”, diz. 46 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANUNCIANTES