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edição de 23 de maio de 2022

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PROPMARK 57 ANOS<br />

Fotos: Divulgação<br />

Diogo Salomão, diretor <strong>de</strong> criação da Jüssi em São Paulo Júlia Mota é diretora <strong>de</strong> criação da GUT em São Paulo Fernando Diniz, co-CEO da DPZ&T: “Gran<strong>de</strong> protagonista”<br />

vai a Cannes pela primeira vez volta outro.<br />

A visão sobre a publicida<strong>de</strong> muda e novos<br />

manejos da profissão ficam perceptíveis e<br />

muito mais ágeis”, disse Periscinoto em entrevista<br />

ao PROPMARK.<br />

O publicitário Paulo Cesar Queiroz, head<br />

<strong>de</strong> operações da RZK Digital, fez uma análise<br />

sobre a presença brasileira em Cannes.<br />

“Nos anos <strong>de</strong> 1970, tivemos uma participação<br />

mo<strong>de</strong>sta em número <strong>de</strong> inscrições, conquistando<br />

52 troféus, com <strong>de</strong>staque para a<br />

DPZ e para a Alcântara Machado, a Almap.<br />

Na década <strong>de</strong> 1980, ainda com foco em filmes,<br />

o festival premiou o Brasil 116 vezes,<br />

já com um expressivo aumento <strong>de</strong> agências<br />

participantes, inclusive as multinacionais.<br />

O <strong>de</strong>staque da década foi a W/GGK, que<br />

ainda não era a W/Brasil. É interessante<br />

perceber que a W/GGK foi uma dissidência<br />

da DPZ. Já se nota, então, nos anos <strong>de</strong> 1980,<br />

uma cultura competitiva sendo formada no<br />

Brasil”, informa Queiroz.<br />

Os anos <strong>de</strong> 1990 marcam o Brasil como<br />

<strong>de</strong>staque no cenário internacional da publicida<strong>de</strong>,<br />

explica Queiroz. “Cannes aumentou<br />

o número <strong>de</strong> categorias e conferiu<br />

161 troféus aos brasileiros, que tiveram um<br />

boom na qualida<strong>de</strong> dos ví<strong>de</strong>os. A DM9, dissidência<br />

profissional da W/Brasil, dominou<br />

a década com o Grand Prix <strong>de</strong> Mídia Impressa<br />

e dois títulos <strong>de</strong> Agency of The Year. Com<br />

o <strong>de</strong>staque da DM9 nesse período, aumentou<br />

ainda mais a positiva rivalida<strong>de</strong> criativa<br />

entre as agências brasileiras, marcando um<br />

período <strong>de</strong> ouro na história <strong>de</strong> nossa propaganda.<br />

A partir disso, o Brasil se tornou<br />

o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do Festival <strong>de</strong> Cannes e<br />

o número <strong>de</strong> inscrições das agências nacionais<br />

disparou”, <strong>de</strong>talha Queiroz.<br />

A economia criativa tem novos elementos,<br />

como enfatiza Gabriela Hunnicutt -<br />

foun<strong>de</strong>r/partner/board member da Bold.<br />

“A gran<strong>de</strong> questão, no meu ponto <strong>de</strong> vista,<br />

é como po<strong>de</strong>mos usar toda essa criativida<strong>de</strong><br />

para gerar riqueza não apenas material,<br />

mas social e ambiental. Como os criativos,<br />

junto com as marcas e empresas, po<strong>de</strong>m<br />

“nós brAsileiros, somos<br />

cordiAis, orAis, emotivos,<br />

criAmos empAtiA e nos<br />

relAcionAmos com<br />

sinceridA<strong>de</strong> não<br />

ApenAs com pessoAs,<br />

mAs tAmbém com mArcAs”<br />

criar movimentos que impactem diretamente<br />

temas como educação e inclusão<br />

digital, diversida<strong>de</strong>, sustentabilida<strong>de</strong>? Muitas<br />

coisas já vêm sendo feitas, inclusive no<br />

próprio mercado, mas se cada vez mais as<br />

empresas estiverem dispostas a usar a força<br />

<strong>de</strong> suas marcas (e seus budgets, claro) para<br />

gerar transformação, aí estaremos num<br />

bom caminho. E, com certeza, é o que hoje<br />

as pessoas esperam <strong>de</strong>las”.<br />

Gabriela consi<strong>de</strong>ra o empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

como lacuna para os criativos. “Hoje acredito<br />

que o que falta para mais criativos empreen<strong>de</strong>rem<br />

– por opção/vocação e não por<br />

necessida<strong>de</strong> (e isso faz toda a diferença) – é<br />

colocarmos essas disciplinas nas escolas e<br />

criarmos programas <strong>de</strong> incentivo – públicos<br />

e privados –, que ofereçam condições para<br />

que pessoas com mais barreiras estruturais<br />

possam ter as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

errar e acertar. Empreen<strong>de</strong>r não existe sem<br />

errar. Eu, pelo menos, nunca vi. Por isso,<br />

também é preciso espaço para errar. Lugar<br />

no mercado para empresas boas, com valores<br />

sólidos e propósitos bem <strong>de</strong>finidos, não<br />

falta. O que falta é urgência para transformar<br />

esse cenário e <strong>de</strong>ixar aflorar os nossos<br />

gran<strong>de</strong>s – e inúmeros – talentos”, contextualiza<br />

a executiva da Bold<br />

Gabriela também faz menção a outro<br />

gap: “Um estudo realizado pela PWC com<br />

o Instituto Locomotiva, O Abismo Digital no<br />

Brasil, evi<strong>de</strong>ncia a falta <strong>de</strong> acesso à internet<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que as classes D e E têm. Segundo<br />

o estudo, 81% da população com 10<br />

anos ou mais usam a internet, mas somente<br />

20% têm acesso <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> à re<strong>de</strong>. De todos<br />

os entrevistados, 22% ainda acessa via<br />

mo<strong>de</strong>n ou chip”, afirma.<br />

INTIMIDADE<br />

Na avaliação <strong>de</strong> Paula Queiroz, head <strong>de</strong><br />

estratégia & data insights da Cheil, a criativida<strong>de</strong><br />

é um dos principais produtos <strong>de</strong><br />

exportação do Brasil. Ela reconhece dois<br />

motivos: “O primeiro é nossa pluralida<strong>de</strong>.<br />

Apesar da inegável exclusão e da intolerância<br />

estrutural das minorias ainda presentes<br />

no Brasil, somos um país miscigenado e<br />

uma cultura gregária, on<strong>de</strong> Europa, América,<br />

África e Ásia se encontram e convivem<br />

entre si, criando uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plural que<br />

une o clássico com o tropical, o elitista com<br />

o popularesco, o sagrado com o profano, o<br />

organizado com o caótico. O segundo ponto<br />

é que nós, brasileiros, somos cordiais, orais,<br />

emotivos, criamos empatia e nos relacionamos<br />

com sincerida<strong>de</strong> não apenas com<br />

pessoas, mas também com marcas, produtos<br />

e serviços. É mais do que uma relação<br />

comercial, já que no Brasil algumas marcas<br />

são quase amigas, que <strong>de</strong>ixamos entrar na<br />

nossa casa”, afirma.<br />

Paula acrescenta: “A ascensão da economia<br />

criativa e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

conteúdo <strong>de</strong>scentralizado trazem ainda<br />

mais oportunida<strong>de</strong>s para o nosso mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> pensamento. Vemos uma geração que<br />

exige das marcas uma relação mais próxima,<br />

humana, realista e conectada com as<br />

necessida<strong>de</strong>s do público. E quem melhor<br />

po<strong>de</strong> fazer isso, se não nós, brasileiros? O<br />

momento agora é <strong>de</strong> nos lembrarmos disso<br />

para continuarmos a fazer a diferença no<br />

mercado e contribuirmos para a construção<br />

<strong>de</strong> uma relação horizontal entre empresas e<br />

consumidores”, diz.<br />

46 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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