propmark 57 aNoS Divulgação Brasilida<strong>de</strong>, combustível para economia criativa AnA COUTO* A criativida<strong>de</strong> é uma das habilida<strong>de</strong>s do século e chave para os <strong>de</strong>safios da atualida<strong>de</strong>. Associada à economia, é fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico, criação <strong>de</strong> empregos e inovação tecnológica. Quanto mais a tecnologia avança, mais a criativida<strong>de</strong> humana se faz valiosa. Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2025 a automação vai eliminar 85 milhões <strong>de</strong> empregos no mundo, enquanto a nova divisão <strong>de</strong> trabalho, entre máquinas, humanos e algoritmos, vai criar 97 milhões. Mais do que nunca, o olhar criativo, que se alimenta do mundo para metabolizar novas i<strong>de</strong>ias, torna-se necessário. E, no quesito criativida<strong>de</strong>, o brasileiro brilha. Temos criativida<strong>de</strong> no DNA. Nascemos do sincretismo cultural e encontramos a nossa autenticida<strong>de</strong> na antropofagia. Em um contexto <strong>de</strong> escassez, recorremos à criativida<strong>de</strong> como resposta aos nossos problemas. Somos o país da gambiarra e da cultura “faça do seu jeito mesmo”. Não à toa, os primeiros insights que temos da pesquisa Branding Brasil, uma iniciativa que estamos lançando em junho, que tem o objetivo <strong>de</strong> investigar como o brasileiro vê o valor do Brasil, aponta que a criativida<strong>de</strong> é a característica que reconhecemos como fortaleza. “Brasileiro é criativo, faz do limão uma limonada”. Aparece tanto nas coisas mais simples quanto nas grandiosas: são apontados como sinônimos <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> as Havaianas reparadas com um prego (gambiarra) e a inventivida<strong>de</strong> do nosso Carnaval. A qualida<strong>de</strong> criativa também é o que impulsiona o nosso empreen<strong>de</strong>dorismo e inovação. Só no ano passado, o Brasil registrou a abertura <strong>de</strong> 3,9 milhões <strong>de</strong> negócios. A economia criativa, que abrange os setores <strong>de</strong> consumo, mídia, cultura e tecnologia, representa hoje quase 3% do nosso PIB e movimenta, em média, R$ 171,5 bilhões por ano na economia, gera 6,6 milhões <strong>de</strong> empregos e é composta por mais <strong>de</strong> 140 milhões <strong>de</strong> empresas. Hoje, o Brasil concentra 77% das startups e 70% dos investimentos da América Latina – região que, atualmente, tem o crescimento mais acelerado em volume <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco no mundo –, já conta com quase 30 unicórnios e está entre os 10 países que mais produzem negócios bilionários, além <strong>de</strong> exportar inovação com empresas jovens como iFood, Nubank, Quinto Andar, Gympass, Loft e Ebanx. Este cenário sinaliza a potência que temos em mãos, quando nosso DNA criativo e uma visão <strong>de</strong> negócio se encontram. Ao mesmo tempo em que ficamos inspirados, também nos perguntamos: se a criativida<strong>de</strong> é força vital para a economia global e um aspecto tão forte da nossa cultura, a marca Brasil não <strong>de</strong>veria ser mais fortemente associada a isso? Até quando seremos mais reconhecidos pelas nossas commodities do que pela nossa proprieda<strong>de</strong> intelectual? Para se ter uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>scompasso, Austrália e Nova Zelândia são, junto com os Estados Unidos, vistas como as nações que têm o melhor ambiente para criação e manutenção <strong>de</strong> novos negócios ligados à indústria criativa, enquanto o Brasil fica em 28º lugar. Po<strong>de</strong>ríamos estar melhor posicionados. Nós, brasileiros, já i<strong>de</strong>ntificamos a criativida<strong>de</strong> com um ativo valioso da nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e nosso diferencial. Mas será que não <strong>de</strong>veria estar <strong>de</strong> forma mais intencional nos incentivos públicos e privados para influenciarmos o contexto global <strong>de</strong> negócios? Com tantos problemas complexos a serem resolvidos no Brasil e no mundo, será que não <strong>de</strong>veríamos investir mais na nossa capacida<strong>de</strong> criativa para encontrar soluções que ninguém mais vê? A antropofagia, marca da brasilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> inspiração. Pois, como dizia Caetano Veloso, o Brasil precisa saber comer e metabolizar. A intenção <strong>de</strong> metabolizar para criar algo original que possa ser combustível para a economia criativa no mundo. Afinal <strong>de</strong> contas, somos antropófagos! “Até quAndo seremos mAis reconhecidos pelAs nossAs commodities do que pelA nossA propriedA<strong>de</strong> intelectuAl?” *Ana Couto é CEO do Grupo Ana Couto ana@anacouto.com.br 38 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
A Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong> é <strong>de</strong>staque na Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão. Quando trabalhamos por mais diversida<strong>de</strong> todos os dias, o reconhecimento aparece. Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>. A única agência entre as 72 empresas do Brasil reconhecidas pela Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão, promovida pelo Instituto Ethos em parceria com a Época Negócios.