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edição de 23 de maio de 2022

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propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Brasilida<strong>de</strong>, combustível<br />

para economia criativa<br />

AnA COUTO*<br />

A<br />

criativida<strong>de</strong> é uma das habilida<strong>de</strong>s<br />

do século e chave para os <strong>de</strong>safios<br />

da atualida<strong>de</strong>. Associada à<br />

economia, é fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

socioeconômico, criação <strong>de</strong> empregos<br />

e inovação tecnológica. Quanto mais<br />

a tecnologia avança, mais a criativida<strong>de</strong><br />

humana se faz valiosa. Segundo o Fórum<br />

Econômico Mundial, até 2025 a automação<br />

vai eliminar 85 milhões <strong>de</strong> empregos no<br />

mundo, enquanto a nova divisão <strong>de</strong> trabalho,<br />

entre máquinas, humanos e algoritmos,<br />

vai criar 97 milhões. Mais do que<br />

nunca, o olhar criativo, que se alimenta<br />

do mundo para metabolizar novas i<strong>de</strong>ias,<br />

torna-se necessário.<br />

E, no quesito criativida<strong>de</strong>, o brasileiro<br />

brilha. Temos criativida<strong>de</strong> no DNA. Nascemos<br />

do sincretismo cultural e encontramos<br />

a nossa autenticida<strong>de</strong> na antropofagia.<br />

Em um contexto <strong>de</strong> escassez, recorremos à<br />

criativida<strong>de</strong> como resposta aos nossos problemas.<br />

Somos o país da gambiarra e da cultura<br />

“faça do seu jeito mesmo”.<br />

Não à toa, os primeiros insights que temos<br />

da pesquisa Branding Brasil, uma iniciativa<br />

que estamos lançando em junho,<br />

que tem o objetivo <strong>de</strong> investigar como o<br />

brasileiro vê o valor do Brasil, aponta que a<br />

criativida<strong>de</strong> é a característica que reconhecemos<br />

como fortaleza. “Brasileiro é criativo,<br />

faz do limão uma limonada”. Aparece<br />

tanto nas coisas mais simples quanto nas<br />

grandiosas: são apontados como sinônimos<br />

<strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> as Havaianas reparadas com<br />

um prego (gambiarra) e a inventivida<strong>de</strong> do<br />

nosso Carnaval.<br />

A qualida<strong>de</strong> criativa também é o que<br />

impulsiona o nosso empreen<strong>de</strong>dorismo e<br />

inovação. Só no ano passado, o Brasil registrou<br />

a abertura <strong>de</strong> 3,9 milhões <strong>de</strong> negócios.<br />

A economia criativa, que abrange os setores<br />

<strong>de</strong> consumo, mídia, cultura e tecnologia,<br />

representa hoje quase 3% do nosso PIB<br />

e movimenta, em média, R$ 171,5 bilhões<br />

por ano na economia, gera 6,6 milhões <strong>de</strong><br />

empregos e é composta por mais <strong>de</strong> 140 milhões<br />

<strong>de</strong> empresas.<br />

Hoje, o Brasil concentra 77% das startups<br />

e 70% dos investimentos da América Latina<br />

– região que, atualmente, tem o crescimento<br />

mais acelerado em volume <strong>de</strong> capital<br />

<strong>de</strong> risco no mundo –, já conta com quase<br />

30 unicórnios e está entre os 10 países que<br />

mais produzem negócios bilionários, além<br />

<strong>de</strong> exportar inovação com empresas jovens<br />

como iFood, Nubank, Quinto Andar, Gympass,<br />

Loft e Ebanx.<br />

Este cenário sinaliza a potência que<br />

temos em mãos, quando nosso DNA criativo<br />

e uma visão <strong>de</strong> negócio se encontram.<br />

Ao mesmo tempo em que ficamos<br />

inspirados, também nos perguntamos:<br />

se a criativida<strong>de</strong> é força vital para a economia<br />

global e um aspecto tão forte da<br />

nossa cultura, a marca Brasil não <strong>de</strong>veria<br />

ser mais fortemente associada a isso? Até<br />

quando seremos mais reconhecidos pelas<br />

nossas commodities do que pela nossa<br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual?<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>scompasso,<br />

Austrália e Nova Zelândia são, junto<br />

com os Estados Unidos, vistas como as nações<br />

que têm o melhor ambiente para criação<br />

e manutenção <strong>de</strong> novos negócios ligados<br />

à indústria criativa, enquanto o Brasil<br />

fica em 28º lugar. Po<strong>de</strong>ríamos estar melhor<br />

posicionados.<br />

Nós, brasileiros, já i<strong>de</strong>ntificamos a<br />

criativida<strong>de</strong> com um ativo valioso da<br />

nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e nosso diferencial. Mas<br />

será que não <strong>de</strong>veria estar <strong>de</strong> forma mais<br />

intencional nos incentivos públicos e<br />

privados para influenciarmos o contexto<br />

global <strong>de</strong> negócios? Com tantos problemas<br />

complexos a serem resolvidos no<br />

Brasil e no mundo, será que não <strong>de</strong>veríamos<br />

investir mais na nossa capacida<strong>de</strong><br />

criativa para encontrar soluções que ninguém<br />

mais vê?<br />

A antropofagia, marca da brasilida<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> inspiração. Pois, como dizia<br />

Caetano Veloso, o Brasil precisa saber comer<br />

e metabolizar. A intenção <strong>de</strong> metabolizar<br />

para criar algo original que possa ser combustível<br />

para a economia criativa no mundo.<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, somos antropófagos!<br />

“Até quAndo seremos<br />

mAis reconhecidos<br />

pelAs nossAs<br />

commodities do<br />

que pelA nossA<br />

propriedA<strong>de</strong><br />

intelectuAl?”<br />

*Ana Couto é CEO do Grupo Ana Couto<br />

ana@anacouto.com.br<br />

38 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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