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edição de 23 de maio de 2022

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inspiração<br />

a insustentável leveza <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<br />

Fotos: Arquivo pessoal<br />

“O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar a interação humana e<br />

po<strong>de</strong>r ouvir, mais do que nunca, opiniões e análises das mais variadas”<br />

Martin Montoya<br />

Especial para o ProPMarK<br />

Em uma vida passada, <strong>de</strong>cidi estudar engenharia<br />

eletrônica. Eu me consi<strong>de</strong>rava<br />

uma pessoa <strong>de</strong> números e ciência e queria<br />

<strong>de</strong>dicar minha vida a <strong>de</strong>senvolver soluções<br />

tecnológicas.<br />

Durou pouco.<br />

Depois <strong>de</strong> uma pequena crise existencial,<br />

acabei mudando meu foco para comunicação<br />

social e psicologia, o que me<br />

levou à carreira em propaganda, marketing<br />

e comunicação. Uma reviravolta, aparentemente,<br />

bem radical.<br />

Levou um tempo para compreen<strong>de</strong>r<br />

exatamente por que fiz aquela mudança e<br />

como cheguei no meu caminho atual.<br />

Levou ainda mais tempo para perceber<br />

que, talvez, eu po<strong>de</strong>ria ter continuado<br />

como engenheiro, porque acredito que importa<br />

menos o que você faz, e mais o porquê<br />

o faz.<br />

As pessoas sempre me inspiraram. Os<br />

meandros das suas motivações, às vezes<br />

óbvias e, às vezes, tão difíceis <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r.<br />

Sabedoria e tolice, coragem e covardia,<br />

amor e ódio, egoísmo e consi<strong>de</strong>ração.<br />

Tudo junto, tudo misturado. Máquinas<br />

perfeitas e contraditórias. Afinal eu queria<br />

mesmo ser engenheiro, só que da alma.<br />

Nos últimos 15 anos, a tecnologia mudou<br />

a nossa indústria significativamente. Contamos<br />

com dados e ferramentas antes inimagináveis.<br />

Como ex-futuro engenheiro, acho isso<br />

muito interessante, porque o conhecimento<br />

po<strong>de</strong> nos ajudar a tomar melhores <strong>de</strong>cisões<br />

na comunicação.<br />

Mas acho também que existem algumas<br />

armadilhas.<br />

Os dados mais fáceis, que criam segurança<br />

para os executivos, ainda ten<strong>de</strong>m a ser<br />

superficiais e funcionais. Estamos longe <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cifrar a alma humana puramente com<br />

tecnologia.<br />

O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar<br />

a interação humana e po<strong>de</strong>r ouvir,<br />

mais do que nunca, opiniões e análises das<br />

mais variadas.<br />

Opiniões e análises <strong>de</strong> pessoas, que ainda<br />

possuem a tecnologia mais sofisticada<br />

para enten<strong>de</strong>r as motivações e os sentimentos<br />

<strong>de</strong> outras pessoas: uma mente humana.<br />

O que move os seres humanos e como<br />

construímos narrativas capazes <strong>de</strong> influenciar<br />

o comportamento, isso eu acho fascinante.<br />

A nossa espécie enten<strong>de</strong>u há milhares <strong>de</strong><br />

anos que só lembramos das coisas quando<br />

elas estão inseridas em uma narrativa relevante<br />

e engajadora.<br />

Aqueles encontros ao redor da fogueira,<br />

em que os anciões da tribo contavam histórias,<br />

não eram o precursor da Netflix.<br />

Eram as primeiras campanhas <strong>de</strong> comunicação<br />

da humanida<strong>de</strong>. Histórias memoráveis<br />

que continham alguma moral importante,<br />

alguma informação necessária para<br />

sobreviver ou evoluir no tempo.<br />

A segunda profissão mais antiga do mundo<br />

foi a <strong>de</strong> marqueteiro.<br />

Hoje precisamos lembrar disso e combinar<br />

tecnologia com o que fazemos instintivamente<br />

há milênios: ler a alma humana<br />

e contar histórias que outros queiram<br />

lembrar.<br />

O que me inspira? Você me inspira.<br />

Obrigado por existir e <strong>de</strong>dicar seu tempo<br />

em ler o que escrevi.<br />

Martin Montoya é sócio e CEO da agência ISLA<br />

20 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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