edição de 23 de maio de 2022
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propmark.com.br<br />
ANO 57 - Nº 2895 - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> R$ 15,00<br />
Ilustração Gabriela Ikawa<br />
Economia criativa movimenta<br />
negócios colaborativos no país<br />
Nesta edição comemorativa aos 57 anos do PROPMARK, especial analisa o contexto <strong>de</strong> negócios<br />
que têm a criativida<strong>de</strong> como matéria-prima, incluindo a publicida<strong>de</strong>, a arquitetura, a moda<br />
e o <strong>de</strong>sign. Colaborativa por natureza (como as formigas, usadas na campanha para divulgar<br />
o aniversário do jornal), a economia criativa é reconhecida por instituições internacionais<br />
como balizador estratégico para um crescimento que vem a reboque do progresso pautado<br />
na função social. Se a economia criativa global fosse um país, ela teria o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong><br />
US$ 4,3 trilhões, <strong>de</strong> acordo com pesquisa do Banco Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento. pág. 30
DA<br />
PROPAGANDA<br />
AO<br />
MARKETING<br />
Relevância é fazer 57 anos<br />
sabendo e mostrando todos os<br />
<strong>de</strong>talhes do mercado publicitário.<br />
Parabéns, PROPMARK.<br />
DOPLIMAOPLAY
editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
longa história<br />
Com a presente edição, completamos 57 anos <strong>de</strong> circulação do PROPMARK,<br />
lançado através <strong>de</strong> uma coluna no extinto Diário Popular, em 21 <strong>de</strong> <strong>maio</strong><br />
<strong>de</strong> 1965.<br />
A história <strong>de</strong>ste jornal especializado registra momentos difíceis para mantê-<br />
-lo vivo, mas a tenacida<strong>de</strong> da sua primeira equipe <strong>de</strong> Redação, sucedida por<br />
este ou aquele novo companheiro ou simplesmente colaborador, fez com que<br />
jamais perdêssemos o rumo, lutando para sempre melhorar a coluna em jornal,<br />
que por capricho do <strong>de</strong>stino tinha tudo para fracassar, a começar pelo seu grave<br />
erro inicial na logo da <strong>de</strong>nominação: Asteristicos.<br />
Ao contrário, porém, do nosso temor, fomos bem recebidos pelo mercado, on<strong>de</strong><br />
só havia uma coluna falando <strong>de</strong> propaganda (marketing ainda era um termo<br />
pouco utilizado e mal <strong>de</strong>finido pelos cobrões que faziam sucesso, principalmente<br />
em gran<strong>de</strong>s anunciantes e agências da época).<br />
Logo percebemos que aquele erro na <strong>de</strong>nominação da nova coluna do jornal<br />
não nos atrapalhou, talvez até tenha ajudado a obter o apoio do mercado, que<br />
sentia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais alguém escrever sobre a importância da ativida<strong>de</strong><br />
publicitária em um jornal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na época.<br />
Com a força e a teimosia dos jovens, fomos em frente, sempre procurando melhorar<br />
o conteúdo das nossas opiniões e das notícias em geral, que mantinha o<br />
mercado publicitário atento, prestigiando o Asteriscos, crescendo a cada edição<br />
das sextas-feiras do antigo e hoje extinto Diário Popular, um jornal que nasceu<br />
com princípios <strong>de</strong> uma imprensa sadia, em 8 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1884, com elogios<br />
na época, além <strong>de</strong> combatido por muitos. Explico: o Diário Popular anunciou<br />
em sua primeira edição que seria abolicionista, contrariando muitos po<strong>de</strong>rosos,<br />
que possuíam escravos em suas proprieda<strong>de</strong>s.<br />
Pois foi nesse jornal que Asteriscos cresceu, graças ao trabalho do meu irmão<br />
Nello Ferrentini, então ainda linotipista, mas já professor universitário <strong>de</strong> administração<br />
<strong>de</strong> empresas em algumas faculda<strong>de</strong>s, que compreen<strong>de</strong>u a importância<br />
da coluna no Diário Popular, que surpreen<strong>de</strong>ntemente não abria crédito<br />
para nenhum anunciante ou agência <strong>de</strong> propaganda (quem <strong>de</strong>sejava nele anunciar<br />
tinha <strong>de</strong> pagar antecipado, no famoso balcão da Rua do Carmo, no hoje<br />
centro velho <strong>de</strong> São Paulo).<br />
Com o sucesso <strong>de</strong> Asteriscos, fui nomeado diretor do jornal, cuidando <strong>de</strong> outros<br />
interesses da empresa, <strong>de</strong>ntre eles o para nós mais importante, quando o prédio<br />
próprio do jornal foi <strong>de</strong>sapropriado pelo Metrô.<br />
Aí veio a segunda ou terceira etapa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a sobrevivência<br />
do jornal: pedir <strong>maio</strong>r prazo ao então prefeito <strong>de</strong> São Paulo, Olavo Setúbal, e ao<br />
seu secretário <strong>maio</strong>r, Claudio Lembo.<br />
Tempos <strong>de</strong>pois, o prédio acabou mesmo sendo <strong>de</strong>molido pelo Metrô e aí veio a<br />
gran<strong>de</strong> tacada que jamais esperávamos: o Estadão estaria se mudando logo mais<br />
para a nova se<strong>de</strong>, no Bairro do Limão, e o prédio da Rua Major Quedinho seria<br />
<strong>de</strong>socupado. Fomos em comitiva <strong>de</strong> diretores falar com a alta direção do Estadão<br />
e conseguimos comprar seus andares naquele prédio famoso na esquina da<br />
Martins Fontes.<br />
O Diário Popular subiu mais ainda <strong>de</strong> conceito junto à população e com ele nosso<br />
Asteriscos. Como a vida, porém, não é feita só <strong>de</strong> sucessos, acabamos tendo<br />
um <strong>de</strong>sentendimento com os proprietários e resolvemos mudar <strong>de</strong> jornal, passando<br />
por A Gazeta Esportiva e <strong>de</strong>pois pela Folha da Tar<strong>de</strong> (já em formato <strong>de</strong><br />
ca<strong>de</strong>rno), permanecendo sua importância junto ao mercado, não apenas graças<br />
ao seu noticiário mais completo possível sobre o mercado publicitário brasileiro,<br />
mas também do exterior (o Festival <strong>de</strong> Cannes era o nosso predileto, graças<br />
ao apoio <strong>de</strong> Victor Petersen, da Cinema e Publicida<strong>de</strong> do Brasil).<br />
Passado algum tempo, resolvemos e pu<strong>de</strong>mos adquirir se<strong>de</strong> própria no Cambuci,<br />
transformando o que era uma coluna em um jornal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação,<br />
exclusivamente nosso, o PROPMARK, marcando até hoje época no mercado,<br />
com extensão dos seus exemplares para outras praças brasileiras.<br />
Este é um resumo suscinto da nossa história, que com esta edição completa 57<br />
anos <strong>de</strong> vida ininterrupta, acompanhando todas as transformações do mercado<br />
publicitário e já estendidas amplamente para o marketing, lançando premiações<br />
<strong>de</strong>sse setor, como o consagrado Marketing Best.<br />
É este seu PROPMARK, amigo leitor, que nasceu <strong>de</strong> toda essa longa história,<br />
sem per<strong>de</strong>r a raiz iniciada pelo Asteriscos e contando a própria história da propaganda<br />
brasileira, vinda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s agências do exterior, o conhecimento do<br />
Brasil e do nosso jornal. Mas essa é outra história, que contaremos na próxima<br />
edição <strong>de</strong> aniversário, registrando a importância do online, que um dia acabará<br />
com os jornais impressos, mas não acabará, ao contrário, dará mais força<br />
ao mercado – como já vem dando, sempre em tempo recor<strong>de</strong>, como a internet<br />
proporciona.<br />
Nossos agra<strong>de</strong>cimentos aos anunciantes e leitores do PROPMARK, que sabem<br />
da nossa importância para o mercado e nos prestigiam com os seus anúncios,<br />
fonte principal da manutenção da nossa empresa, a Editora Referência Ltda.<br />
A você, leitor do PROPMARK 57 anos, nosso muito obrigado!<br />
as Mais lidas da seMana no propMark.coM.br<br />
1ª<br />
2ª<br />
3ª<br />
tV aberta e paytV li<strong>de</strong>ram<br />
consumo <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa<br />
A TV linear concentra 79% do tempo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> casa, enquanto os serviços <strong>de</strong> streaming ocupam 21%, segundo<br />
o Insi<strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong>, estudo realizado pela Kantar Ibope Media.<br />
leo burnett tM é <strong>de</strong>staque<br />
em estudo sobre inclusão<br />
A LBTM é a única agência <strong>de</strong> comunicação entre as 72 empresas<br />
listadas na pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão. A agência alcançou<br />
índices acima da média em equida<strong>de</strong> racial e direitos LGBTI+.<br />
o que explica a queda <strong>de</strong><br />
engajamento no Facebook<br />
Levantamento realizado pela Emplifi mostrou que re<strong>de</strong> social<br />
teve queda <strong>de</strong> 17% no engajamento, e especialistas apontam<br />
a concorrência com outras plataformas e a mudança <strong>de</strong> faixa<br />
etária do público, como alguns dos motivos.<br />
4ª<br />
CEO e fundador do Gerando Falcões, Edu Lyra fala como marcas e<br />
empresas po<strong>de</strong>m contribuir para a transformação social do país e<br />
mandar a favela para o museu.<br />
5ª<br />
‘as marcas precisam ter uma conexão<br />
real com a ponta, on<strong>de</strong> a vida acontece’<br />
publicis Groupe traz vertical<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar ao brasil<br />
O Publicis Groupe comunicou a chegada da Publicis Health ao país,<br />
divisão criada para <strong>de</strong>senvolver soluções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar<br />
e já presente em outros mercados <strong>de</strong> atuação da holding.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 3
Índice<br />
especial faz<br />
radiografia da<br />
economia criativa<br />
PROPMARK elegeu o tema para a<br />
edição comemorativa dos 57 anos<br />
para mostrar como a criativida<strong>de</strong><br />
move os negócios. Profissionais<br />
assinam artigos exclusivos.<br />
caPa<br />
30<br />
Freepik<br />
Fotos: Divulgação<br />
cannes Lions <strong>2022</strong><br />
Festival presencial<br />
traz confiança<br />
Luiz Sanches, CCO da BBDO nos Estados<br />
Unidos, Canadá e México, além <strong>de</strong><br />
chairman da AlmapBBDO, está no júri <strong>de</strong><br />
Titanium. Para ele, o festival presencial vai<br />
trazer <strong>de</strong> volta a bola <strong>de</strong> neve positiva, o<br />
retorno da confiança e do alto-astral. pág. 102<br />
entrevista<br />
Mercado<br />
dream Factory amplia<br />
atuação e portfólio<br />
Duda Magalhães afirma que a empresa<br />
se tornou um ecossistema, que engloba<br />
a criação <strong>de</strong> eventos e a aquisição <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> intelectual. Tudo em nome<br />
da consolidação do entretenimento<br />
ao vivo, que está a todo vapor. pág. 14<br />
digitaL<br />
Lu mostra força dos<br />
avatares <strong>de</strong> marcas<br />
Ela é a influenciadora virtual mais seguida<br />
do mundo, com 31,2 milhões <strong>de</strong> seguidores<br />
em suas re<strong>de</strong>s sociais, segundo o portal<br />
Virtual Humans.org. Lu também é a<br />
personalida<strong>de</strong> com <strong>maio</strong>r potencial <strong>de</strong> gerar<br />
receita <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> no Instagram. pág. 18<br />
eduardo Kobra fala <strong>de</strong> criação e humanida<strong>de</strong><br />
Muralista famoso, que tem suas obras espalhadas em 50 países, afirma que o seu processo<br />
criativo está intimamente ligado às ruas. “A cida<strong>de</strong> está contida em mim e isso se reflete no<br />
meu trabalho. Eu falo <strong>de</strong> história, memória, <strong>de</strong> personagens que lutaram pela paz”. pág. 26<br />
editorial ................................................................3<br />
conexões ...............................................................6<br />
curtas ....................................................................8<br />
Quem Fez ............................................................10<br />
Marcas .................................................................11<br />
Mercado ..............................................................14<br />
Mídia ...................................................................15<br />
digital .................................................................18<br />
inspiração ..........................................................20<br />
We Love MKt ......................................................22<br />
esg no MKt .........................................................24<br />
entrevista ...........................................................26<br />
ProPMarK 57 anos ..........................................30<br />
cannes Lions <strong>2022</strong> ......................................... 102<br />
supercenas ...................................................... 105<br />
Última Página ................................................. 106<br />
4 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
conexões<br />
LinkedIn:<br />
Post: Publicis Groupe traz vertical<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar ao Brasil<br />
Muito sucesso a essa profissional<br />
incrível e inspiradora, que tive<br />
o prazer <strong>de</strong> trabalhar e apren<strong>de</strong>r<br />
muito! Fernanda Galvão!<br />
Yasmin Godoy<br />
dorinHo<br />
Post: Leo Burnett TM é <strong>de</strong>staque<br />
em estudo sobre inclusão<br />
Que todas as agências consigam<br />
índices acima da média em equida<strong>de</strong><br />
racial e direitos LGBTQIA+,<br />
como a Leo Burnett!<br />
Michael G.<br />
Post: Nubank apresenta coleção<br />
<strong>de</strong> aniversário com itens pedidos<br />
por clientes<br />
As marcas estão cada vez mais<br />
atentas aos seus consumidores,<br />
enten<strong>de</strong>ndo e aten<strong>de</strong>ndo seus <strong>de</strong>sejos.<br />
Será que a Nubank tem uma<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca?!<br />
Andrea Bassi<br />
Nenhum copo Stanley? Gostei...<br />
(rs)<br />
Nilson <strong>de</strong> Paiva<br />
Instagram:<br />
Post: Gloria Groove: ‘Como drag<br />
queen, levei cinco anos para fechar<br />
minha primeira publicida<strong>de</strong><br />
paga’<br />
Amo!<br />
Paulinha Morais<br />
última Hora<br />
EXCLUSIVO<br />
A produtora Fantástica Filmes anuncia a chegada<br />
do diretor <strong>de</strong> cena Christiano Metri, na foto acima<br />
com Hermínio Junior (à esquerda) e Marlon Klug (à<br />
direita). “O Chris trouxe à Fantástica um olhar ousado<br />
e contemporâneo nos filmes que havia dirigido como<br />
freelancer e agora arrebentou com Mitsubishi, já como<br />
nosso diretor exclusivo. Ele traz experiências riquíssimas<br />
adquiridas em gran<strong>de</strong>s produções”, elogia Klug.<br />
FAKE<br />
Surgiu como informação,<br />
mas trata-se <strong>de</strong> boato a<br />
possível venda da Mynd<br />
para o Grupo Globo, que<br />
encaminhou a seguinte<br />
resposta à coluna: “Temos<br />
projetos <strong>de</strong> marketing<br />
com a Mynd, assim como<br />
com outras agências do<br />
mercado, mas não proce<strong>de</strong><br />
a informação <strong>de</strong> que ela<br />
esteja sendo comprada<br />
pela Globo”.<br />
BULLET<br />
Com <strong>23</strong> anos <strong>de</strong> experiência<br />
no segmento <strong>de</strong><br />
comunicação, o publicitário<br />
Daniel Machado (foto<br />
abaixo) chega à Bullet<br />
como diretor <strong>de</strong> criação<br />
na equipe da CCO Aline<br />
Noya. O profissional tem<br />
passagens pela TracyLocke,<br />
McCann Health, Ogilvy<br />
Healthworld e Euro Life<br />
(atual Havas Life).<br />
LINGUAGEM<br />
A Damasco Filmes anuncia<br />
a chegada ao seu elenco<br />
<strong>de</strong> diretores da dupla Caio<br />
+ João, formada por Caio<br />
Alfieri e João Rabello (na<br />
foto abaixo com o sócio<br />
Carlos Righi). Eles já<br />
dirigiram filmes para Coca-<br />
Cola, Google e Samsung.<br />
“Não se trata da linguagem<br />
pela linguagem, mas <strong>de</strong><br />
potencializar a história”,<br />
afirmam Caio + João sobre<br />
seu estilo. Eles se juntam a<br />
Fábio Hacker, Edu Martins,<br />
Marcus Baldini, também<br />
sócio da Damasco, e Gabriel<br />
Kalim. Righi afirma que a<br />
Damasco vem produzindo<br />
para Itaú, Nextel, Bra<strong>de</strong>sco,<br />
Mastercard, Brastemp,<br />
Vivo, Renault e J&J.<br />
Além dos longas Bruna<br />
Surfistinha e O Homem<br />
Perfeito, e séries como<br />
PSI (indicada ao Emmy<br />
Internacional).<br />
6 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
curtas<br />
hbo esTreIa 30 segundos<br />
afrICa e guT lI<strong>de</strong>ram d&ad<br />
publICIs healTh é lançada<br />
Armando Ferrentini, publisher do PROPMARK<br />
O publisher do PROPMARK Armando<br />
Ferrentini participa da minissérie 30 Segundos,<br />
que será lançada nesta segunda-<br />
-feira (<strong>23</strong>) às 19 horas, na ESPM, em São<br />
Paulo. Em cinco episódios, o trabalho resgata<br />
as transformações sociais dos últimos<br />
50 anos por meio da propaganda. A estreia<br />
ocorre nesta terça-feira (24) no canal HBO,<br />
às 21h10. Washington Olivetto, Nizan Guanaes,<br />
Ana Carmen Longobardi e Christina<br />
Carvalho Pinto, entre outros nomes ícones<br />
do setor, também gravaram <strong>de</strong>poimentos<br />
para a produção, exibida às terças-feiras. A<br />
partir <strong>de</strong>sta quarta-feira (25), ganha veiculação<br />
também no HBO MAX.<br />
beTC havas promove na mídIa<br />
Árvore Refugiada, da Africa, está entre os finalistas<br />
O Brasil ocupa a quinta posição na<br />
shortlist do D&AD, com 62 representantes.<br />
O campeão da lista, com 400 peças, é os<br />
Estados Unidos. No total, são 1.362 trabalhos<br />
inscritos. Africa e GUT São Paulo encabeçam<br />
a relação <strong>de</strong> finalistas brasileiros.<br />
Cada agência possui <strong>de</strong>z inscrições. Árvore<br />
Refugiada, da Africa para Climate Reality<br />
Brasil, é uma das principais apostas ao<br />
lado <strong>de</strong> Hid<strong>de</strong>n Spots, campanha assinada<br />
pela GUT para Heinz. AKQA, AlmapBDDO<br />
e Soko fecham o ranking das cinco brasileiras<br />
com <strong>maio</strong>r número <strong>de</strong> inscrições no<br />
festival, que divulgará os vencedores nos<br />
dias 24 e 25 <strong>de</strong> <strong>maio</strong>.<br />
ação Celebra 50 anos da TITle IX<br />
Guillaume Epstei e Fernanda Galvão<br />
A Publicis Health nasce com Fernanda<br />
Galvão como managing director da operação.<br />
A executiva, que esteve na McCann<br />
Health nos últimos seis anos, se reportará<br />
a Guillaume Epstein, COO do Publicis<br />
Groupe Brasil. “O objetivo é mostrar que<br />
não são assuntos apenas da indústria <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, mas uma disciplina indispensável<br />
para todas as marcas com propósito”, diz<br />
Fernanda. “Sobretudo <strong>de</strong>pois da pan<strong>de</strong>mia,<br />
ficou evi<strong>de</strong>nte que marcas preocupadas<br />
em impactar positivamente a socieda<strong>de</strong><br />
e impulsionar seus negócios também<br />
precisam estar atentas às pautas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />
bem-estar”, pontua Epstein.<br />
Compra agora esColhe ogIlvy<br />
Ariane Finavaro, diretora-geral <strong>de</strong> mídia da agência<br />
A BETC Havas promoveu Ariane Finavaro<br />
a diretora-geral <strong>de</strong> mídia, área li<strong>de</strong>rada<br />
por Jairo Soares, VP <strong>de</strong> mídia e engajamento.<br />
Há cinco anos, ela vinha conduzindo a<br />
equipe <strong>de</strong> varejo da agência, com clientes<br />
como TIM, Pão <strong>de</strong> Açúcar e Assaí. “Temos<br />
plano para transformação cultural da<br />
agência e entregas para clientes a partir da<br />
tecnologia, resultados, inovação e criativida<strong>de</strong>”,<br />
diz Ariane Finavaro. Pesquisa e planejamento<br />
estão entre as áreas <strong>de</strong> atuação<br />
<strong>de</strong> Ariane, que já trabalhou para Unilever,<br />
Bayer, J&J, Air France, Tramontina, Grupo<br />
PSA e PepsiCo. A executiva também tem<br />
passagens por Publicis e JWT.<br />
Imagens lembram conquistas históricas das mulheres<br />
For The Right To: uniu AlmapBBDO e<br />
Getty Images em ação que lembra a luta<br />
das mulheres por igualda<strong>de</strong> no esporte. A<br />
campanha comemora os 50 anos da Title<br />
IX, lei que mudou a história do esporte<br />
feminino norte-americano por proibir<br />
discriminação <strong>de</strong> gênero nas escolas e<br />
faculda<strong>de</strong>s para que meninas tenham as<br />
mesmas oportunida<strong>de</strong>s que garotos. Com<br />
imagens históricas, o filme é narrado por<br />
Dawn Staley, dona <strong>de</strong> três ouros olímpicos,<br />
e traz posters inspirados no visual <strong>de</strong> campanhas<br />
políticas dos anos 1970, década em<br />
que a Title IX foi assinada, além <strong>de</strong> atletas<br />
lutando por seus direitos.<br />
Cliente e agência comemoram início da parceria<br />
O Compra Agora, que reúne mais <strong>de</strong> 40<br />
indústrias dos mais diversos segmentos,<br />
escolheu a Ogilvy Brasil para lançar a sua<br />
marca. “A gente acompanhou o nascimento<br />
do Compra Agora, então, ser parte<br />
<strong>de</strong>ste momento, é uma honra”, comenta<br />
Fernando Musa, CEO da Ogilvy Brasil,<br />
responsável pela estratégia <strong>de</strong> comunicação,<br />
que preten<strong>de</strong> consolidar a empresa<br />
como “um gran<strong>de</strong> parceiro do pequeno<br />
e médio varejista”, espera Júlio Campos,<br />
CEO do Compra Agora. A plataforma B2B<br />
tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> cuidados pessoais,<br />
alimentos e bebidas até itens <strong>de</strong> limpeza,<br />
higiene e saú<strong>de</strong>, entre outros.<br />
Diretor-presi<strong>de</strong>nte e jor na lis ta<br />
res pon sá vel<br />
Ar man do Fer ren ti ni<br />
Editora-chefe: Kelly Dores<br />
Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />
Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />
Editores-assistentes: Janaina<br />
Langsdorff e Vinícius Novaes<br />
Editor especial: Pedro Yves<br />
Repórteres: Carolina Vilela e Marcos<br />
Bonfim<br />
Revisor: José Carlos Boanerges<br />
Edição <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da Luz<br />
Assistente <strong>de</strong> Arte: Lucas Boccatto<br />
Departamento Comercial<br />
Gerentes: Mel Floriano<br />
mel@editorareferencia.com.br<br />
Tel.: (11) 2065-0748<br />
Monserrat Miró<br />
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Diretor Executivo: Tiago A. Milani<br />
Ferrentini<br />
tamf@editorareferencia.com.br<br />
Departamento <strong>de</strong> Assinaturas<br />
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regina-sumaya@editorareferencia.com.br<br />
Assinaturas/Renovação/<br />
Atendimento a assinantes<br />
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as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />
opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />
IMPRESSO EM CASA<br />
8 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
quem fez<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
TEMPO<br />
Fomentar o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> métodos contraceptivos<br />
e incentivar mulheres a falar sobre a sua saú<strong>de</strong><br />
está no centro da ação da Bayer, que chega ao<br />
3º ano em <strong>2022</strong>. O projeto também serve para<br />
motivá-las a se expressar sobre gestações não<br />
planejadas, sexualida<strong>de</strong> e quando gostariam<br />
<strong>de</strong> se tornar mãe. O planejamento foi coor<strong>de</strong>nado<br />
pela executiva Ana Luiza Varga.<br />
CRANE<br />
BAYER<br />
Título: Liberda<strong>de</strong> Vem <strong>de</strong> Dentro; CCO e direção do<br />
comercial: Fabio Shimana; conceito criativo: Felipe<br />
Adati e Thatiana Mazza; diretores <strong>de</strong> arte: Vitor<br />
Massao e Victor Chamas; conteúdo: Ísis Foguer e<br />
Laura Martins; tecnologia: Rodrigo Taira.<br />
Fotos: Divulgação<br />
ECOssIsTEMA<br />
Por <strong>de</strong>ntro das maquininhas <strong>de</strong> cartões há<br />
uma gama <strong>de</strong> soluções integradas muito<br />
além dos serviços oferecidos, que contribuem<br />
com empreen<strong>de</strong>dores na gestão dos<br />
seus negócios. A head <strong>de</strong> marketing Thalita<br />
Martorelli afirma que a marca também é sinônimo<br />
<strong>de</strong> pagamento por aproximação no<br />
transporte público <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />
ALMAPBBDO<br />
CIELO<br />
Título: Todo dia, juntos pelo seu negócio; CCOs:<br />
Luiz Sanches e Pernil; criação: Carlos Yanke e<br />
Michelle Gorodski; produtora: Cine; diretor:<br />
Walk In; som: Raw Áudio; produtores musicais:<br />
Fernando Forni, Ricardo Pinda e Rogerinho Pereira;<br />
aprovação: Thalita Martorelli.<br />
CONFIANÇA<br />
Patrimônio financeiro é o negócio da Wealth,<br />
Investments & Trust, que está nos canais <strong>de</strong><br />
mídia com campanha que mostra conquistas<br />
pessoais como exemplo <strong>de</strong> que é possível fazer<br />
“quando se confia bens financeiros a quem<br />
tem expertise e soli<strong>de</strong>z para executar esta tarefa”.<br />
O comercial vai ser exibido durante cinco<br />
meses assim como as <strong>de</strong>mais peças.<br />
AUDAZ<br />
WIT<br />
Título: Enquanto cuido do melhor da vida; CCO:<br />
João Mosterio; criação: Gabriel Rodrigues Soares,<br />
Equipe Mol e Carlos Eduardo Nascimento; negócios:<br />
Vanessa Parazzi e Ismah Taffarello; produção:<br />
Carolina Margato; produtora: Estúdio Mol;<br />
aprovação: Daniela Libardi.<br />
10 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Marcas<br />
GM investe em game para mostrar<br />
que celular e direção não combinam<br />
Usuário joga pelo WhatsApp e nunca vencerá; i<strong>de</strong>ia é reforçar o perigo<br />
que é digitar enquanto dirige; criação é da Commonwealth//McCann<br />
Chevrolet investiu em um<br />
A game para alertar o motorista<br />
sobre o perigo que é digitar<br />
no celular enquanto dirige.<br />
Intitulado Zap Racing, o jogo<br />
está <strong>de</strong>ntro do WhatsApp e simula<br />
uma corrida <strong>de</strong> carros.<br />
Para jogar, o interessado usa<br />
emojis para <strong>de</strong>sviar <strong>de</strong> obstáculos<br />
como buracos, pe<strong>de</strong>stres e<br />
veículos, até chegar à segunda<br />
e última fase. O nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />
aumenta da primeira para<br />
a segunda etapa e, ao final,<br />
quando o jogador pensa que<br />
vai “zerar” o game, ele acaba<br />
colidindo inevitavelmente, recebendo<br />
a mensagem que digi-<br />
Estratégia do game é incentivar usuário a não usar celular enquanto dirige<br />
Divulgação<br />
tar enquanto estiver dirigindo<br />
nunca dá certo no final.<br />
A criação é da Commonwealth//McCann<br />
– divisão da WMc-<br />
Cann para atendimento à Chevrolet,<br />
com estratégia digital<br />
da Isobar e suporte tecnológico<br />
para <strong>de</strong>senvolvimento do game<br />
da MRM Brasil.<br />
Segundo Fe<strong>de</strong>rico Wassermann,<br />
gerente <strong>de</strong> marketing<br />
da GM América do Sul, a i<strong>de</strong>ia é<br />
passar o recado <strong>de</strong> maneira orgânica<br />
e lúdica para facilitar absorção.<br />
“O objetivo é que a pessoa<br />
sempre perca o jogo para<br />
mostrar a importância <strong>de</strong> manter<br />
a atenção na condução”.<br />
ADIVINHA QUAL<br />
UMA DAS<br />
150 EMPRESAS<br />
MAIS INOVADORAS<br />
É O BANCO QUE MAIS<br />
AJUDOU A MODERNIZAR O SISTEMA<br />
FINANCEIRO TRADICIONAL?<br />
Des<strong>de</strong> o 1 o dia, o Original se propôs a fazer diferente e a fazer a diferença.<br />
Abertura <strong>de</strong> conta 100% digital e um banco completo foi apenas o começo<br />
que você já conhece. Mas o que você não sabe é que talvez seja cliente<br />
do Original, mesmo sem ter uma conta com a gente.<br />
O Original já nasceu com um pensamento diferente dos outros bancos:<br />
o <strong>de</strong> banking as service, oferecendo soluções <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> produtos<br />
e serviços financeiros através <strong>de</strong> API’s, promovendo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do open finance no Brasil.<br />
Para o Banco Original, inovação não é só sobre tecnologia. Mas sobre como<br />
<strong>de</strong>ixar a vida mais simples, para que mais pessoas possam ter acesso.<br />
Porque dizer que é completo é fácil.<br />
Mas ser Original é que faz toda a diferença.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 11
O canal <strong>de</strong><br />
notícias que mais<br />
cresce no Brasil<br />
A RECORD NEWS é o canal <strong>de</strong> notícias que mais cresceu em<br />
audiência nos últimos cinco anos.* Crescemos porque fazemos<br />
jornalismo que tem a confiança do espectador e certificação<br />
internacional.**<br />
E se fazemos um jornalismo que o brasileiro confia, também nos<br />
preocupamos com a integrida<strong>de</strong> das marcas <strong>de</strong> nossos clientes.<br />
Nosso jornalismo é factual e isento. Somos brand safe!<br />
On<strong>de</strong> sua marca estiver, a RECORD NEWS estará lá. Seja na TV<br />
aberta, no Youtube, celular ou smartvs.<br />
Fale com nosso comercial e seja nosso parceiro.<br />
52 mil<br />
59 mil<br />
2018<br />
2019
91 mil<br />
Média <strong>de</strong><br />
indivíduos<br />
por minuto<br />
74 mil<br />
#recordnews<br />
ESTAMOS EM TODAS<br />
AS PLATAFORMAS<br />
$<br />
65 mil<br />
ABERTA<br />
FECHADA<br />
TV CONECTADA<br />
REDES SOCIAIS<br />
APP<br />
2020<br />
2021<br />
<strong>2022</strong><br />
FONTES<br />
*Kantar IBOPE Media Instar RM - Rat% Individual<br />
projetado para o Atlas <strong>de</strong> Cobertura RECORD<br />
NEWS 106.551.717 - Dia inteiro Seg a dom - Média<br />
<strong>de</strong> audiência por minuto;<br />
** Reuters Institute — Digital News Report 2021<br />
https://bit.ly/3MmqMyGt
mercaDo<br />
Dream Factory amplia portfólio e<br />
oferece serviços <strong>de</strong> ponta a ponta<br />
Empresa <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser só produtora <strong>de</strong> eventos - setor que se recupera -<br />
e <strong>de</strong>senvolve uma série <strong>de</strong> frentes como Dream Loc e Go Dream<br />
Maratona do Rio, que foi realizada no ano passado e volta a ocorrer em <strong>2022</strong><br />
“A MArinA dA GlóriA,<br />
por exeMplo, teM<br />
reservAs Até 20<strong>23</strong>.<br />
são Muitos pedidos<br />
e consultAs”<br />
Duda Magalhães: “Não há outro player fazendo isso”<br />
Fotos: Divulgação<br />
Neusa spaulucci<br />
turma dos eventos está a todo vapor.<br />
A É que o mercado voltou com programas<br />
<strong>de</strong> entretenimento ao vivo. Duda<br />
Magalhães, presi<strong>de</strong>nte da Dream Factory,<br />
afirma que o país está vivendo o momento<br />
da retomada, com intensida<strong>de</strong> poucas<br />
vezes vista. “É uma intensida<strong>de</strong> inédita,<br />
porque as pessoas têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />
encontrar, e isso não vai baixar”, arrisca.<br />
Segundo ele, os eventos adiados durante<br />
a pan<strong>de</strong>mia, mais os novos criados agora,<br />
esgotaram as agendas das arenas, dos parques<br />
e das casas <strong>de</strong> shows até o fim do ano.<br />
“A Marina da Glória, por exemplo, tem<br />
reservas até 20<strong>23</strong>. São muitos pedidos, consultas<br />
e reservas”, diz Magalhães. Segundo<br />
ele, o Lollapalooza <strong>2022</strong> foi um divisor <strong>de</strong><br />
águas. “Naquele momento, as marcas se<br />
abriram para a realização <strong>de</strong> eventos ao<br />
vivo e daqui a um mês teremos a Maratona<br />
do Rio, um evento superbem vendido.<br />
Marcas como Cosan e Adidas estarão presentes”,<br />
conta o executivo.<br />
Magalhães faz questão <strong>de</strong> reforçar que a<br />
Dream Factory não é mais apenas uma empresa<br />
<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> eventos. Ele afirma<br />
que ela passou <strong>de</strong>ssa fase e saltou para o<br />
que chama <strong>de</strong> ecossistema, que engloba a<br />
criação <strong>de</strong> eventos e aquisição <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />
intelectual. Tudo em nome da consolidação<br />
do entretenimento ao vivo.<br />
Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, no portfólio proprietário<br />
da Dream Factory estão marcas já<br />
conhecidas como a Maratona do Rio, o Rio<br />
Montreux Jazz Festival, a ArtRio, o Rally<br />
dos Sertões, a Árvore do Rio e, mais recentemente,<br />
a VidCon, encontro <strong>de</strong> criadores<br />
<strong>de</strong> conteúdo digital, que ocorre pela primeira<br />
vez no Brasil em <strong>2022</strong>. Outro exemplo <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> intelectual é a organização do<br />
Circuito Brasileiro <strong>de</strong> Surf.<br />
Para agregar valor e oferecer serviços<br />
<strong>de</strong> ponta a ponta, a empresa também traz<br />
em seu guarda-chuva a Dream Experience,<br />
unida<strong>de</strong> focada em soluções <strong>de</strong> comunicação<br />
integrada customizadas para as<br />
<strong>maio</strong>res marcas do país; a Dream Loc, responsável<br />
pelas operações <strong>de</strong> logística e infraestrutura<br />
para os eventos; a Go Dream,<br />
plataforma <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> ingressos, bebidas<br />
e alimentos, e atua com enorme sinergia ao<br />
lado da Easy Live, uma loyaltech <strong>de</strong> entretenimento,<br />
também integrante do Grupo<br />
Dreamers, que viabiliza a troca <strong>de</strong> pontos<br />
por benefícios, a partir <strong>de</strong> um sistema monetário<br />
proprietário. “É a evolução do mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> negócio”, <strong>de</strong>clara. Segundo ele, a<br />
gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria <strong>de</strong>ssas plataformas foram<br />
<strong>de</strong>senvolvidas durante a pan<strong>de</strong>mia.<br />
Magalhães afirma ainda que quer fortalecer<br />
o que a empresa já tem e busca investir<br />
ainda em novos caminhos - por exemplo<br />
em empresas verticais, como aquela<br />
que ven<strong>de</strong> ingressos, bebidas e comidas<br />
nos eventos, e até uma agência <strong>de</strong> viagem.<br />
Tudo isso faz parte do atual ecossistema<br />
da companhia.<br />
Ele acredita que essas novas investidas<br />
da Dream Factory sejam inéditas no Brasil.<br />
“Não há outro player fazendo isso no<br />
mercado brasileiro, que está propício, especialmente<br />
agora, <strong>de</strong>pois da pan<strong>de</strong>mia”,<br />
avalia.<br />
O executivo não gosta muito <strong>de</strong> falar em<br />
investimentos, mas estima que nos últimos<br />
quatro anos a empresa <strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>sembolsado<br />
nos novos projetos em torno <strong>de</strong> R$ 20<br />
milhões.<br />
A unida<strong>de</strong> Dream Experience criou também<br />
ações para o lançamento das lojas físicas<br />
do Magalu no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entre as<br />
iniciativas estiveram a reforma <strong>de</strong> ônibus<br />
do BRT para presentear a cida<strong>de</strong>, um evento<br />
no Cristo Re<strong>de</strong>ntor, com direito a um<br />
show <strong>de</strong> lasers que iluminou a noite carioca,<br />
e o planejamento <strong>de</strong> ações para a orla do<br />
verão carioca.<br />
14 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
mídia<br />
TV linear concentra 79% do tempo<br />
<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o em casa<br />
Estudo da Kantar Ibope Media aponta ainda que<br />
serviços <strong>de</strong> streaming tiveram 21% da audiência<br />
TV linear concentra atualmente 79%<br />
A do tempo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> casa, enquanto os serviços <strong>de</strong> streaming<br />
ocupam 21%. Foi o que apontou o Insi<strong>de</strong><br />
Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong>, estudo realizado pela Kantar<br />
Ibope Media. Em 2021, 205.876.165 pessoas<br />
assistiram aos canais <strong>de</strong> TV aberta e PayTV,<br />
e o tempo médio diário gasto em frente à<br />
telinha ficou em 5h37min.<br />
O jornalismo correspon<strong>de</strong> a 25% <strong>de</strong> todo<br />
o tempo <strong>de</strong>dicado à televisão. Seguindo o<br />
ranking <strong>de</strong> preferências estão o consumo<br />
<strong>de</strong> novelas (18% do tempo), programas <strong>de</strong><br />
auditório (9% do tempo) e reality shows<br />
(4% do tempo).<br />
Já as plataformas online têm ganhado<br />
espaço no Brasil no que se refere ao consumo<br />
<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, segundo dados do Vi<strong>de</strong>o<br />
Streaming Report, solução da Kantar. Nesse<br />
contexto, dois mo<strong>de</strong>los se <strong>de</strong>stacam. As<br />
empresas gratuitas e financiadas por publicida<strong>de</strong><br />
(AVOD) atingem 58% das pessoas<br />
por mês, enquanto os serviços financiados<br />
por assinaturas dos usuários (SVOD) contemplam<br />
42% das pessoas mensalmente.<br />
As principais razões que levam as pessoas<br />
que acessam ví<strong>de</strong>o por streaming a assinarem<br />
esse tipo <strong>de</strong> serviço são preço e catálogo<br />
amplo <strong>de</strong> novos filmes e séries – cada<br />
um com 47% <strong>de</strong> relevância. Em seguida,<br />
aparece a experiência <strong>de</strong> uso (30%).<br />
No ano passado, 63% do investimento<br />
publicitário foi feito em formatos <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o.<br />
Entre os gêneros <strong>de</strong> programação, <strong>de</strong>staca-<br />
-se a popularida<strong>de</strong> dos reality shows, que<br />
apresentam altos índices <strong>de</strong> audiência.<br />
Insi<strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong> analisa consumo <strong>de</strong> TV em casa<br />
Unsplash<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 15
digital<br />
“Eu sou uma<br />
porta-voz<br />
do Magalu”<br />
Divulgação<br />
Lu, do Magalu, está feliz da “vida” com<br />
as últimas notícias. Segundo o portal<br />
Virtual Humans.org, ela é a influenciadora<br />
virtual mais seguida do mundo, com<br />
31,2 milhões <strong>de</strong> seguidores em suas re<strong>de</strong>s<br />
sociais. Além disso, estudo realizado pelo site<br />
Onbuy.com a posiciona como a personalida<strong>de</strong> com<br />
<strong>maio</strong>r potencial <strong>de</strong> gerar receita <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em<br />
posts do Instagram em <strong>2022</strong>. Em entrevista, ela<br />
conta o que está achando <strong>de</strong> tudo isso e fala sobre<br />
a sua carreira, iniciada em 2003, nos primórdios<br />
das re<strong>de</strong>s sociais. Para ela, a manifestação<br />
da influência virtual abriu um universo <strong>de</strong><br />
possibilida<strong>de</strong>s na economia criativa e é uma<br />
tendência consolidada em vários países.<br />
Lu: “A marca Magalu foi evoluindo e eu fui crescendo junto com ela”<br />
marcos bonfim<br />
influEnciadora virtual<br />
Tô muito feliz! É o reconhecimento<br />
(Lu foi eleita a<br />
<strong>maio</strong>r influenciadora virtual<br />
do mundo pelo portal Virtual<br />
Humans.org) por todos esses<br />
anos <strong>de</strong> trabalho na criação<br />
<strong>de</strong> conteúdos, <strong>de</strong>dicação aos<br />
clientes do Magalu, e pedindo<br />
para as pessoas <strong>de</strong>ixarem um<br />
like e ativarem a notificação<br />
nos meus ví<strong>de</strong>os (rsrs). Des<strong>de</strong><br />
2003, quando fui criada, venho<br />
compreen<strong>de</strong>ndo melhor<br />
o mundo e o comportamento<br />
das pessoas.<br />
coMo chEgou lá<br />
A marca Magalu foi evoluindo<br />
e eu fui crescendo junto<br />
com ela. Eu adoro conversar<br />
com as pessoas e ajudá-las no<br />
que precisarem, por exemplo:<br />
facilitando a vida <strong>de</strong>las na<br />
hora <strong>de</strong> fazer uma compra no<br />
Magalu, falando sobre várias<br />
coisas, como tecnologia, serviços,<br />
causas sociais importantes<br />
pra mim e pro Magalu.<br />
Estou adorando trazer dicas <strong>de</strong><br />
moda e lifestyle. E, claro, me<br />
divirto com os memes e <strong>de</strong>safios<br />
- adoro participar e compartilhar<br />
vários nas minhas<br />
re<strong>de</strong>s. Acho que as pessoas<br />
acabam se i<strong>de</strong>ntificando comigo,<br />
gostam <strong>de</strong> acompanhar o<br />
meu dia a dia e conseguem me<br />
encontrar em diversas re<strong>de</strong>s<br />
sociais e plataformas, o que<br />
nos aproxima muito. Eles são<br />
muito carinhosos comigo.<br />
transforMação dos MEios<br />
Olha, uma das vantagens<br />
<strong>de</strong> ser virtual é que eu posso<br />
estar em vários lugares e conversar<br />
com várias pessoas ao<br />
mesmo tempo, né? E eu adorei<br />
este tema porque ele me<br />
permite falar do propósito do<br />
Magalu: levar a muitos o que é<br />
privilégio <strong>de</strong> poucos. No meu<br />
dia a dia, sempre fico atenta<br />
para trazer aos meus seguidores<br />
as tendências e novida<strong>de</strong>s<br />
que eu sei que eles gostam,<br />
faço uma ótima curadoria <strong>de</strong><br />
ofertas, divulgo lançamentos<br />
<strong>de</strong> produtos e distribuo vários<br />
cupons! As re<strong>de</strong>s sociais me<br />
ajudam a contar a minha história<br />
e ser eu mesma. Sei que<br />
eu sou virtual, mas essa é uma<br />
forma <strong>de</strong> eu estar pertinho dos<br />
meus seguidores.<br />
PosicionaMEnto E valorEs<br />
Eu sou uma porta-voz do<br />
Magalu. E sei o quanto é importante<br />
usar esse alcance que<br />
tenho para dar visibilida<strong>de</strong> às<br />
“uma das<br />
vantagens <strong>de</strong> ser<br />
virtual é que eu<br />
posso estar em<br />
vários lugares”<br />
causas que a nossa marca acredita.<br />
O combate à violência<br />
contra as mulheres reais ou a<br />
luta antirracista são exemplos<br />
<strong>de</strong> causas que são movimentos<br />
estruturados inicialmente<br />
<strong>de</strong>ntro da empresa e se tornaram<br />
ban<strong>de</strong>iras importantes.<br />
Falar sobre elas é exercitar a<br />
empatia, e isso é importante<br />
para mobilizar e engajar as<br />
pessoas nesses temas. O que<br />
faço é ouvir, ler e enten<strong>de</strong>r<br />
atentamente a minha comunida<strong>de</strong>,<br />
para ter i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> como<br />
estruturar campanhas que incluam<br />
cada vez mais pessoas<br />
que representam o nosso país.<br />
rEcEita dE PublicidadE<br />
Eu acho que a manifestação<br />
da influência virtual abriu um<br />
universo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s na<br />
economia criativa e é uma tendência<br />
consolidada em vários<br />
países. O valor vai muito além<br />
da geração <strong>de</strong> receita com as<br />
minhas parcerias, que também<br />
é muito importante para ajudar<br />
a administrar a minha carreira.<br />
Dá trabalho, viu? Quem vê close,<br />
não vê os corres que eu faço<br />
por aqui! Mas o mais importante<br />
para mim é essa relação<br />
<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e confiança<br />
com minha comunida<strong>de</strong>, fãs<br />
e clientes do Magalu. Por trás<br />
<strong>de</strong> cada imagem que eu posto,<br />
estou contando uma história. E<br />
isso é o que faz as pessoas prestarem<br />
atenção no que quero e<br />
preciso comunicar.<br />
futuro dos avatarEs<br />
Estaremos cada vez mais<br />
presentes na vida das pessoas.<br />
Até celebrida<strong>de</strong>s já estão<br />
criando suas versões em 3D.<br />
Sobre meu futuro, como uma<br />
boa fã <strong>de</strong> séries, não gosto <strong>de</strong><br />
dar spoilers! Mas minha carreira<br />
está bem agitada. Aguar<strong>de</strong>m.<br />
18 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Para homenagear o Propmark<br />
em seus 57 anos resolvemos<br />
fazer uma campanha<br />
O Propmark contribui com nossa indústria da comunicação e marketing há mais <strong>de</strong><br />
meio século e merece nossa homenagem. Por isso estamos neste momento realizando<br />
uma campanha em nossos 12 terminais, com 200 telas <strong>de</strong> led. Nossa tecnologia <strong>de</strong><br />
mensuração <strong>de</strong> audiência e analise <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> múltiplas fontes nos permite estimar<br />
com gran<strong>de</strong> assertivida<strong>de</strong> os resultados <strong>de</strong>sta campanha. Se você quer fazer DOOH<br />
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O Whatsapp da RZK Digital
inspiração<br />
a insustentável leveza <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<br />
Fotos: Arquivo pessoal<br />
“O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar a interação humana e<br />
po<strong>de</strong>r ouvir, mais do que nunca, opiniões e análises das mais variadas”<br />
Martin Montoya<br />
Especial para o ProPMarK<br />
Em uma vida passada, <strong>de</strong>cidi estudar engenharia<br />
eletrônica. Eu me consi<strong>de</strong>rava<br />
uma pessoa <strong>de</strong> números e ciência e queria<br />
<strong>de</strong>dicar minha vida a <strong>de</strong>senvolver soluções<br />
tecnológicas.<br />
Durou pouco.<br />
Depois <strong>de</strong> uma pequena crise existencial,<br />
acabei mudando meu foco para comunicação<br />
social e psicologia, o que me<br />
levou à carreira em propaganda, marketing<br />
e comunicação. Uma reviravolta, aparentemente,<br />
bem radical.<br />
Levou um tempo para compreen<strong>de</strong>r<br />
exatamente por que fiz aquela mudança e<br />
como cheguei no meu caminho atual.<br />
Levou ainda mais tempo para perceber<br />
que, talvez, eu po<strong>de</strong>ria ter continuado<br />
como engenheiro, porque acredito que importa<br />
menos o que você faz, e mais o porquê<br />
o faz.<br />
As pessoas sempre me inspiraram. Os<br />
meandros das suas motivações, às vezes<br />
óbvias e, às vezes, tão difíceis <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r.<br />
Sabedoria e tolice, coragem e covardia,<br />
amor e ódio, egoísmo e consi<strong>de</strong>ração.<br />
Tudo junto, tudo misturado. Máquinas<br />
perfeitas e contraditórias. Afinal eu queria<br />
mesmo ser engenheiro, só que da alma.<br />
Nos últimos 15 anos, a tecnologia mudou<br />
a nossa indústria significativamente. Contamos<br />
com dados e ferramentas antes inimagináveis.<br />
Como ex-futuro engenheiro, acho isso<br />
muito interessante, porque o conhecimento<br />
po<strong>de</strong> nos ajudar a tomar melhores <strong>de</strong>cisões<br />
na comunicação.<br />
Mas acho também que existem algumas<br />
armadilhas.<br />
Os dados mais fáceis, que criam segurança<br />
para os executivos, ainda ten<strong>de</strong>m a ser<br />
superficiais e funcionais. Estamos longe <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cifrar a alma humana puramente com<br />
tecnologia.<br />
O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar<br />
a interação humana e po<strong>de</strong>r ouvir,<br />
mais do que nunca, opiniões e análises das<br />
mais variadas.<br />
Opiniões e análises <strong>de</strong> pessoas, que ainda<br />
possuem a tecnologia mais sofisticada<br />
para enten<strong>de</strong>r as motivações e os sentimentos<br />
<strong>de</strong> outras pessoas: uma mente humana.<br />
O que move os seres humanos e como<br />
construímos narrativas capazes <strong>de</strong> influenciar<br />
o comportamento, isso eu acho fascinante.<br />
A nossa espécie enten<strong>de</strong>u há milhares <strong>de</strong><br />
anos que só lembramos das coisas quando<br />
elas estão inseridas em uma narrativa relevante<br />
e engajadora.<br />
Aqueles encontros ao redor da fogueira,<br />
em que os anciões da tribo contavam histórias,<br />
não eram o precursor da Netflix.<br />
Eram as primeiras campanhas <strong>de</strong> comunicação<br />
da humanida<strong>de</strong>. Histórias memoráveis<br />
que continham alguma moral importante,<br />
alguma informação necessária para<br />
sobreviver ou evoluir no tempo.<br />
A segunda profissão mais antiga do mundo<br />
foi a <strong>de</strong> marqueteiro.<br />
Hoje precisamos lembrar disso e combinar<br />
tecnologia com o que fazemos instintivamente<br />
há milênios: ler a alma humana<br />
e contar histórias que outros queiram<br />
lembrar.<br />
O que me inspira? Você me inspira.<br />
Obrigado por existir e <strong>de</strong>dicar seu tempo<br />
em ler o que escrevi.<br />
Martin Montoya é sócio e CEO da agência ISLA<br />
20 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
we<br />
mkt<br />
charles<strong>de</strong>luvio/Unsplash<br />
Bandidos sanguinários<br />
da dark web<br />
“Covar<strong>de</strong>: alguém que numa situação<br />
perigosa pensa com as pernas”<br />
Ambrose Bierce<br />
FRANCISCO ALBERTO MADIA DE SOUZA<br />
rara a semana em que não ocorra um<br />
É ciberataque. Tendo no seu comando e<br />
operação profissionais altamente qualificados<br />
e do mal. Isso mesmo, bandidos<br />
cruéis, sanguinários, da pior espécie.<br />
A primeira sensação e reação da socieda<strong>de</strong><br />
é que se tratam <strong>de</strong> ladrões oportunistas.<br />
Exagerando, “ladrões <strong>de</strong> galinha” <strong>de</strong><br />
ontem, mais preparados e competentes,<br />
que dão golpes, machucam as finanças<br />
das empresas e das pessoas, e fica por isso<br />
mesmo. Definitivamente, não!<br />
Não fica, são assassinos sanguinários e<br />
<strong>de</strong>sprezíveis. Não dirigem sua sanha criminosa<br />
a uma ou outra pessoa, atacam e<br />
<strong>de</strong>vastam centenas, milhares, <strong>de</strong> pessoas,<br />
<strong>de</strong> uma única vez.<br />
Não pescam com singelas varas <strong>de</strong><br />
pescar. Pescam com re<strong>de</strong>s monumentais...<br />
Crápulas!<br />
Meses atrás o banco <strong>de</strong> dados atacado<br />
por esses bandidos foi o do Grupo Fleury.<br />
médicos, e que, seguramente, provocaram,<br />
<strong>de</strong> forma direta ou indireta, muitas<br />
mortes. Assim, são assassinos impiedosos.<br />
Repito, crápulas.<br />
No <strong>de</strong>sespero, o Fleury teve <strong>de</strong> contratar<br />
<strong>de</strong> emergência as melhores empresas<br />
disponíveis no mercado como PWC, Accenture<br />
e Proteus, <strong>de</strong>ntre outras, tentando<br />
superar a crise o mais rápido possível.<br />
Até quando a socieda<strong>de</strong> continuará<br />
tratando esses assassinos em massa e<br />
recorrentes como crimes civis, comuns,<br />
coloquiais?<br />
Está mais que na hora <strong>de</strong> uma reação<br />
global, sob o comando e patrocínio da<br />
ONU, para darmos início à <strong>maio</strong>r caça<br />
aos bandidos digitais e sanguinários que<br />
hoje nos tiram a tranquilida<strong>de</strong> e o prazer<br />
<strong>de</strong> utilizarmos os fantásticos recursos do<br />
admirável mundo novo em processo <strong>de</strong><br />
construção.<br />
De certa forma, pouco mais <strong>de</strong> 20 anos<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> que tudo começou, vivemos<br />
tempos semelhantes aos dos piratas que<br />
saqueavam os navios e dos bandidos que<br />
assaltavam as diligências.<br />
Tiraram o Fleury do ar, roubaram dados<br />
<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> clientes, criptografaram<br />
a quase totalida<strong>de</strong>, e passaram a<br />
exigir criptomoedas para liberarem esses<br />
dados e informações.<br />
Enquanto isso acontecia, causaram a<br />
morte <strong>de</strong> algumas pessoas... Pela inacessibilida<strong>de</strong><br />
aos dados...<br />
Não se tratava dos dados da torcida <strong>de</strong><br />
um clube que pura e simplesmente <strong>de</strong>ixava<br />
<strong>de</strong> comprar ingressos por um <strong>de</strong>terminado<br />
tempo.<br />
Eram dados sobre pessoas, sobre a saú<strong>de</strong><br />
das pessoas, sobre milhões <strong>de</strong> exames<br />
Com uma pequena gran<strong>de</strong> diferença.<br />
Bandidos que assumiam riscos para cometerem<br />
seus crimes. Colocavam o <strong>de</strong>les<br />
na reta, a vida em risco.<br />
Hoje, os bandidos da <strong>de</strong>ep web e do<br />
digital trabalham <strong>de</strong> suas casas, confortavelmente,<br />
provocando o pânico e o <strong>de</strong>sespero<br />
em milhões <strong>de</strong> pessoas...<br />
Mais que na hora <strong>de</strong> uma reação total e<br />
po<strong>de</strong>rosa da socieda<strong>de</strong>. Mais que na hora<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar todos eles a, no mínimo, prisão<br />
perpétua.<br />
Nunca fui a favor da pena <strong>de</strong> morte. Estou<br />
reconsi<strong>de</strong>rando...<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
22 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
ESG NO MKT<br />
Martin Adams/Unsplash<br />
Save the date: 2030<br />
Esse é o ano limite para que se concretizem as<br />
metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa)<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
mundo tem um compromisso crucial<br />
O agendado para 2030. Esse é ano limite<br />
para que se concretizem as metas <strong>de</strong> redução<br />
<strong>de</strong> GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa) assumidas<br />
pelos países signatários do Pacto<br />
Global.<br />
Em 2015, os 193 países-membros das Nações<br />
Unidas aprovaram, por consenso, a<br />
Agenda 2030. Trata-se <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> ação<br />
<strong>de</strong> 2015 a 2030.<br />
O Pacto Global não é um instrumento regulatório,<br />
um código <strong>de</strong> conduta obrigatório<br />
ou meio <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> países.<br />
É uma iniciativa voluntária que fornece<br />
diretrizes para a promoção do crescimento<br />
sustentável e da cidadania, por meio <strong>de</strong><br />
li<strong>de</strong>ranças corporativas comprometidas e<br />
inovadoras.<br />
Mas o não cumprimento das metas estabelecidas<br />
po<strong>de</strong> colocar o país na berlinda e<br />
prejudicar relações internacionais. Afinal,<br />
trata-se <strong>de</strong> um pacto para salvar o planeta<br />
do atingimento <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> não retorno,<br />
em relação ao aquecimento global.<br />
Estudos sérios <strong>de</strong>monstram que, se o<br />
mundo não contiver o aumento da temperatura<br />
da Terra em 2°C (melhor se não ultrapassar<br />
1,5°C) até 2030, será impossível<br />
conter efeitos <strong>de</strong>vastadores, que po<strong>de</strong>m até<br />
inviabilizar o planeta para gerações futuras.<br />
O Acordo <strong>de</strong> Paris (COP <strong>de</strong> 2015) levou<br />
o Brasil a assumir uma redução <strong>de</strong> 37% <strong>de</strong><br />
GEE até 2025 e <strong>de</strong> 43% até 2030.<br />
A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada)<br />
do Brasil leva em conta as emissões<br />
referentes a 2005.<br />
As principais metas do Brasil para atingir<br />
essa redução são: aumentar o uso <strong>de</strong> fontes<br />
alternativas <strong>de</strong> energia; aumentar a participação<br />
<strong>de</strong> bioenergias sustentáveis na matriz<br />
energética brasileira para 18% até 2030;<br />
utilizar tecnologias limpas nas indústrias;<br />
melhorar a infraestrutura dos transportes;<br />
diminuir o <strong>de</strong>smatamento; restaurar e reflorestar<br />
até 12 milhões <strong>de</strong> hectares.<br />
O Brasil tem uma matriz energética invejável,<br />
com mais <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> participação <strong>de</strong><br />
fontes renováveis. Por outro lado, não tem<br />
<strong>de</strong>monstrado capacida<strong>de</strong> para conter o <strong>de</strong>s-<br />
matamento e o uso ina<strong>de</strong>quado do solo. O<br />
resultado é que somos o 4º <strong>maio</strong>r emissor<br />
<strong>de</strong> GEE do planeta. Conseguiremos bater<br />
a meta <strong>de</strong> redução assumida no Pacto Global?<br />
O governo afirma que sim, mas não<br />
apresenta plano consistente para tal.<br />
Ao contrário, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nha queimadas e<br />
mostra-se con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte com a ocupação<br />
irregular <strong>de</strong> terras. Apesar <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong><br />
governamental errática, a iniciativa privada<br />
po<strong>de</strong> fazer o seu papel e levar o país a<br />
reduções significativas.<br />
A energia alternativa – eólica, solar,<br />
biogás – vem se mostrando competitiva,<br />
atraindo gran<strong>de</strong>s investimentos privados,<br />
com tendência a melhorar ainda mais a matriz<br />
energética brasileira.<br />
O hidrogênio ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> muita<br />
energia limpa, entra no radar brasileiro e<br />
po<strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r nos próximos anos.<br />
No agronegócio, a busca incessante por<br />
<strong>maio</strong>r produtivida<strong>de</strong> leva produtores a buscarem<br />
soluções menos agressivas ao meio<br />
ambiente. A indústria automotiva está acelerada<br />
na diminuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis, partindo para soluções<br />
baseadas em elétricos e híbridos.<br />
Mas é a pressão da socieda<strong>de</strong> que será<br />
fundamental para forçar governo e empresários<br />
a apresentarem soluções compatíveis<br />
com as metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão<br />
<strong>de</strong> gases. Se não for por amor (consciência),<br />
será pela dor (exigência da socieda<strong>de</strong>).<br />
Com o <strong>maio</strong>r conhecimento, um consequente<br />
aumento <strong>de</strong> importância da agenda<br />
ESG, consumidores e contratantes <strong>de</strong> serviços<br />
exigem um alinhamento aos princípios<br />
<strong>de</strong> respeito ao meio ambiente, às questões<br />
sociais e à prática <strong>de</strong> governança ética e<br />
responsável, gerando uma reação em ca<strong>de</strong>ia<br />
para que todos entrem em sintonia e<br />
contribuam com o atingimento das metas.<br />
2030 po<strong>de</strong>rá ser o momento da virada<br />
para um planeta viável ou uma data fatídica,<br />
do temido ponto <strong>de</strong> não retorno.<br />
Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós, seja na<br />
pessoa física (exercendo pressão e privilegiando<br />
as empresas conscientes) ou na<br />
jurídica (agindo em conformida<strong>de</strong> com os<br />
princípios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>). Temos um<br />
encontro marcado com o futuro. RSVP!<br />
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
24 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Para escrever<br />
uma história<br />
icônica,<br />
sua marca<br />
só precisa<br />
escolher<br />
bem as letras.<br />
I<strong>de</strong>ias icônicas<br />
constroem marcas,<br />
aceleram negócios<br />
e transformam<br />
a socieda<strong>de</strong>.<br />
Com essas letras,<br />
po<strong>de</strong>mos escrever<br />
juntos histórias<br />
icônicas também<br />
nas páginas do<br />
Propaganda & Marketing.<br />
Vem com a gente.
entrevista<br />
Quais os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> produzir megapainéis?<br />
Eu já comecei na rua. Vale comentar<br />
que eu não comecei pintaneduardo<br />
kobra<br />
muralista<br />
pintar para<br />
mim é uma<br />
forma <strong>de</strong> me<br />
comunicar<br />
Ícone da street art no mundo, Eduardo Kobra é<br />
aquele brasileiro que dá orgulho. Seu murais<br />
gigantescos estão espalhados em nada menos<br />
do que 50 países. Os painéis <strong>de</strong> Kobra falam <strong>de</strong><br />
história, memória e <strong>de</strong> personagens que lutaram pela<br />
paz. “Acima <strong>de</strong> tudo, eu venho tratando <strong>de</strong> temas<br />
que eu vivi durante a minha infância, que eu vejo<br />
hoje, que me incomodam, que me <strong>de</strong>ixam feliz”,<br />
afirma o paulistano. Para além da parte financeira,<br />
ele consi<strong>de</strong>ra que a sua arte movimenta i<strong>de</strong>ias,<br />
emoções e sentimentos, e chega a lugares inusitados<br />
e simples, mudando a cara das cida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> pessoas<br />
das mais diversas classes sociais po<strong>de</strong>m ter acesso.<br />
kelly dores<br />
Qual a sua ligação com o mercado <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong> e marketing?<br />
Na história da arte observo que<br />
muitos artistas vieram <strong>de</strong>ssa escola<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e marketing, e<br />
tiveram êxito em suas trajetórias,<br />
transformando rótulos em verda<strong>de</strong>iras<br />
obras <strong>de</strong> arte, produtos em<br />
pinturas. Então, acredito que exista<br />
um diálogo importante entre esses<br />
universos, mas também uma linha<br />
muito tênue que separa esses mundos,<br />
ao mesmo tempo que em alguns<br />
momentos os unifica. Existem<br />
artistas, ilustradores e <strong>de</strong>signers<br />
fantásticos que migraram para o<br />
mundo das galerias, museus, assim<br />
como outros que fizeram essa transição<br />
e continuam mantendo a produção<br />
do trabalho <strong>de</strong> uma forma<br />
contínua e séria. Tenho algum tipo<br />
<strong>de</strong> relação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> parâmetros.<br />
Já <strong>de</strong>senvolveu projetos sob encomenda<br />
para marcas?<br />
Eu acho que é importante a gente<br />
saber dividir. Existe um mito na<br />
arte <strong>de</strong> que artistas que acabam<br />
realizando produtos ou fazendo<br />
associações com marcas não são<br />
bem-vistos no mundo da arte. Enfim,<br />
acho que isso se mostra um<br />
argumento muito sensível, porque<br />
existem, sim, artistas que per<strong>de</strong>m<br />
a mão e acabam colocando suas<br />
obras <strong>de</strong> uma forma até mesmo pejorativa,<br />
sem nenhum tipo <strong>de</strong> controle<br />
ou cuidado, transformando<br />
o trabalho em verda<strong>de</strong>iros produtos.<br />
Mas tem artistas muito bem-<br />
-sucedidos, como Salvador Dalí,<br />
Andy Warhol, tantos outros, que<br />
já realizaram trabalho em rótulos,<br />
produtos e marcas, e continuaram<br />
tendo a sua trajetória respeitadíssima.<br />
Eu, sinceramente, tenho um<br />
caminho, e quando ele encontra a<br />
publicida<strong>de</strong> ou o marketing, quando<br />
essas linhas se cruzam, e o meu<br />
trabalho permanece íntegro, meus<br />
princípios e valores respeitados,<br />
esse diálogo acontece. E difícil citar<br />
aqui quais são as marcas, mas eu já<br />
me relacionei com algumas marcas,<br />
sim, que tiveram esse olhar cuidadoso<br />
sobre a minha trajetória.<br />
Como é ser uma referência na arte popular,<br />
ícone <strong>de</strong> inspiração?<br />
Na realida<strong>de</strong>, eu particularmen-<br />
te não me vejo assim. Sou uma pessoa<br />
bem contida em relação ao meu<br />
trabalho, sou muito pé no chão. Resumindo,<br />
eu mantenho muito firme<br />
as minhas convicções em relação<br />
à integrida<strong>de</strong> no que diz respeito<br />
à evolução. Não tenho nenhuma<br />
conexão com a parte relacionada<br />
a glamour ou algo <strong>de</strong>sse tipo. Eu<br />
acho, sim, muito consistente quando<br />
se tem um trabalho ao longo <strong>de</strong><br />
muitos anos pela persistência, resiliência,<br />
resistência, força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>dicação e empenho. Eu me<br />
consi<strong>de</strong>ro mesmo um trabalhador<br />
na arte. Acredito que todos os dias<br />
tenho a obrigação <strong>de</strong> evoluir, <strong>de</strong> me<br />
<strong>de</strong>dicar, a obrigação <strong>de</strong> fazer algo<br />
melhor do que o dia <strong>de</strong> ontem. Acho<br />
que só <strong>de</strong>ssa forma é possível construir<br />
uma trajetória, uma história<br />
e permanecer feliz. Eu preciso me<br />
sentir bem, feliz com aquilo com o<br />
que estou fazendo. Eu sou muito<br />
crítico com o meu trabalho, sou daquele<br />
tipo que per<strong>de</strong> noites <strong>de</strong> sono<br />
pensando nos projetos. Cada projeto<br />
é uma <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> vida para<br />
mim, seja ele gratuito ou valendo<br />
milhões. Para mim, não há diferença,<br />
também não há diferença <strong>de</strong> um<br />
trabalho feito num lugar simples,<br />
numa comunida<strong>de</strong> ou num lugar<br />
nobre. Em todos os trabalhos eu me<br />
<strong>de</strong>dico integralmente.<br />
Como você aplica a criativida<strong>de</strong> no seu<br />
dia a dia?<br />
Essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar algo<br />
inusitado, <strong>de</strong> tentar encontrar uma<br />
maneira <strong>de</strong> fazer, <strong>de</strong> pensar uma<br />
forma diferente <strong>de</strong> chegar a um resultado,<br />
<strong>de</strong> fazer essa imersão, acho<br />
que a questão é se divertir, é interna.<br />
É um incômodo, algo que me<br />
perturba, é uma necessida<strong>de</strong>, assim<br />
como o ar que eu respiro, a comida<br />
que eu como, o meu filho que está<br />
comigo, a minha família. Criativida<strong>de</strong><br />
para mim é isso, é vencer a<br />
cada dia, transformar os dias, tentar<br />
trazer algo novo, reflexões, pensamentos,<br />
exteriorizar aquilo que está<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim <strong>de</strong> alguma maneira.<br />
E ter objetivos, ter meta, uma visão,<br />
querer chegar a algum lugar também.<br />
E tudo isso vai se <strong>de</strong>sdobrando<br />
e eu vou transformando isso <strong>de</strong><br />
pensamento a <strong>de</strong>senho, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho<br />
a imagem, <strong>de</strong> imagem a mural.<br />
Que método <strong>de</strong>senvolveu para criar as<br />
suas peças?<br />
O método da paixão, do amor,<br />
da <strong>de</strong>dicação. É aquilo que eu sou,<br />
o que penso, o que vejo, no que<br />
acredito e aquilo o que estou apren<strong>de</strong>ndo.<br />
O meu trabalho é a evolução<br />
daquilo que eu sou como ser humano.<br />
Conforme eu vou apren<strong>de</strong>ndo,<br />
meu trabalho vai evoluindo. Conforme<br />
vou me <strong>de</strong>senvolvendo, meu<br />
trabalho vai crescendo. Conforme<br />
vou apren<strong>de</strong>ndo a amar o próximo,<br />
a respeitar o próximo, a preservar o<br />
planeta, meu trabalho vai evoluindo.<br />
Eu não tenho exatamente uma<br />
fonte, mas eu tenho princípios. Na<br />
história da arte eu percebo que existe<br />
muita coisa que não se conecta<br />
comigo e eu não preciso fazer isso<br />
para agradar os outros. Não preciso<br />
usar drogas, beber ou trair minha<br />
mulher. Eu posso fazer diferente,<br />
ter fé em Deus. Eu posso não beber,<br />
assim como eu não bebo há mais <strong>de</strong><br />
12 anos. Eu posso pensar diferente,<br />
posso simplesmente ser aquilo que<br />
sou e transmitir isso através das<br />
minhas obras. As minhas obras são<br />
um reflexo <strong>de</strong>sse aprendizado. Não<br />
me julgo melhor do que ninguém,<br />
muito pelo contrário, acho que<br />
cada um <strong>de</strong> nós está num processo<br />
individual <strong>de</strong> autoconhecimento.<br />
On<strong>de</strong> busca inspiração para o seu trabalho?<br />
A cida<strong>de</strong>, a rua, a periferia, a comunida<strong>de</strong>,<br />
as tretas, a violência urbana,<br />
a poluição. É assim que eu me<br />
<strong>de</strong>senvolvi, cada célula do meu corpo<br />
está conectada a isso <strong>de</strong> alguma<br />
forma. Foi assim que eu me <strong>de</strong>senvolvi,<br />
através <strong>de</strong> ofensas, repressão,<br />
palavras contrárias. Foi assim<br />
que eu encontrei o meu caminho e<br />
percebi que po<strong>de</strong>ria fazer algo diferente,<br />
<strong>de</strong> certa forma transformar o<br />
meu mundo e a partir do meu mundo<br />
colocar mensagens positivas nos<br />
lugares. É assim que eu penso o<br />
meu trabalho, o ambiente urbano,<br />
as cida<strong>de</strong>s. A cida<strong>de</strong> está contida<br />
em mim e isso se reflete no meu trabalho.<br />
Eu falo <strong>de</strong> história, memória,<br />
<strong>de</strong> personagens que lutaram pela<br />
paz. Mas, acima <strong>de</strong> tudo, eu venho<br />
tratando <strong>de</strong> temas que eu vivi durante<br />
a minha infância, que eu vejo<br />
hoje, que me incomodam, que me<br />
<strong>de</strong>ixam feliz. Pintar, para mim, é<br />
uma forma <strong>de</strong> me comunicar.<br />
26 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
do pequeno, já comecei nos painéis,<br />
com esse <strong>de</strong>safio dos materiais, das<br />
escadas, <strong>de</strong> estar na rua no frio, na<br />
chuva, no calor, na neve, seja lá<br />
o que for. Com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
segurança também, altura, os perigos.<br />
E os <strong>de</strong>safios das superfícies,<br />
porque algumas pare<strong>de</strong>s têm muitas<br />
intervenções <strong>de</strong> janelas, portas, os<br />
formatos das pare<strong>de</strong>s às vezes não<br />
correspon<strong>de</strong>m à arte que eu quero<br />
fazer. As viagens, os hotéis, a comida,<br />
estar longe da família, ou seja,<br />
tem milhares <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
estar nas ruas. Mas tem a gran<strong>de</strong> satisfação<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ver o resultado das<br />
produções, do esforço, dos <strong>de</strong>safios.<br />
É isso que continua me movendo.<br />
Tem uma equipe que te ajuda na pintura<br />
dos murais?<br />
Eu optei por um time bem pequeno.<br />
Na realida<strong>de</strong> eu tenho algumas<br />
parcerias em partes mais<br />
burocráticas, porque eu acabo<br />
trabalhando em diversos países e<br />
isso requer uma documentação <strong>de</strong><br />
segurança <strong>de</strong> trabalho, advogados,<br />
parte <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> assessoria.<br />
Eu costumo dizer que a parte da<br />
pintura é o mais fácil, chegar até<br />
ela é o mais difícil. Mas eu sou um<br />
cara que estou totalmente empenhado<br />
na criação 100%. Eu amo<br />
fazer isso, amo pintar. Mas é claro<br />
que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das dimensões,<br />
eu sempre tenho dois profissionais<br />
comigo, que são o Agnaldo e o Marcos.<br />
Eu acabei criando um projeto<br />
chamado Envolva-se, em que eu<br />
dou oportunida<strong>de</strong>s para pessoas<br />
<strong>de</strong> várias partes do mundo e quando<br />
eu estou nesses países acabo<br />
chamando-as para participarem<br />
dos projetos e ter essa troca <strong>de</strong> informações.<br />
Isso para mim também<br />
está sendo bastante produtivo.<br />
O que acha do trabalho colaborativo?<br />
Funciona no seu caso?<br />
Acho que tudo faz parte, nós<br />
somos todos inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e<br />
interconectados. A gente não sabe<br />
tudo, é importante se conectar<br />
com pessoas que têm informação.<br />
Eu preciso muitas vezes estar ligado<br />
a historiadores, pesquisadores,<br />
porque eu gosto <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a<br />
história dos lugares e países on<strong>de</strong><br />
estou. A questão da tecnologia<br />
também, da utilização <strong>de</strong> novos<br />
materiais, novos equipamentos.<br />
Eu acho isso superimportante. É<br />
como uma peça <strong>de</strong> quebra-cabeças,<br />
a peça que muitas vezes falta<br />
“às vezes,<br />
olhar<br />
para trás<br />
também nos<br />
leva para o<br />
futuro”<br />
Alan Teixeira/Divulgação<br />
na gente e po<strong>de</strong> acrescentar com<br />
a informação <strong>de</strong> alguém. Eu pesquiso<br />
muita coisa da história do<br />
passado. Às vezes, algo que foi<br />
criado na arte egípcia acaba servindo<br />
<strong>de</strong> referência para o que eu<br />
estou fazendo hoje. Às vezes, o<br />
olhar para trás também nos leva<br />
para o futuro.<br />
Sua arte abriu caminho para outros<br />
artistas? Ou vice-versa?<br />
É um processo interessante,<br />
porque eu tive pouquíssimas oportunida<strong>de</strong>s.<br />
Os meus pares me excluíram<br />
durante o início da minha<br />
trajetória, talvez por <strong>de</strong>sconhecerem<br />
a origem do meu trabalho.<br />
Mas hoje eu acho que as portas<br />
estão abertas, o muro que existia<br />
<strong>de</strong> divisão entre os museus, as galerias<br />
e as universida<strong>de</strong>s, as ruas,<br />
a comunida<strong>de</strong>, a favela, os artistas<br />
que estão nos lugares, países mais<br />
simples, todos estão conectados.<br />
Não há mais diferença nesse aspecto.<br />
Um segue inspirando o outro. A<br />
arte é infinita, a gente sempre vai<br />
ver uma forma diferente <strong>de</strong> pensar,<br />
<strong>de</strong> criar, cada artista tem seu mundo,<br />
seu universo. É interessante<br />
quando a gente começa a apren<strong>de</strong>r<br />
sobre a história da arte, os artistas,<br />
por que fizeram aquilo e como funcionou,<br />
qual é a conexão da arte<br />
que eles fazem com a vida que tiveram<br />
ou preten<strong>de</strong>m ter. Acho que<br />
essa é a beleza da arte, nos tornar<br />
todos conectados e aprendizes um<br />
dos outros.<br />
Em quais ruas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s brasileiras a<br />
sua arte está exposta? E em quais outros<br />
países?<br />
Vale a pena comentar que o meu<br />
trabalho, em alguns aspectos para<br />
que ele aconteça, é muito similar<br />
a uma peça <strong>de</strong> teatro. Eu faço a<br />
criação, tenho a i<strong>de</strong>ia, o conceito, a<br />
mensagem, aquilo que eu quero <strong>de</strong>senvolver,<br />
e algumas empresas se<br />
conectam a essa proposta, que muitas<br />
vezes fala <strong>de</strong> proteção do meio<br />
ambiente, dos animais, dos mananciais,<br />
florestas, povos indígenas,<br />
questões <strong>de</strong> racismo, <strong>de</strong> violência.<br />
Enfim, quando existe essa conexão<br />
funciona muito bem porque a empresa<br />
po<strong>de</strong> patrocinar isso, como<br />
já aconteceu inúmeras vezes. A minha<br />
arte continua completamente<br />
íntegra. A gente mantém a criação<br />
original e a marca consegue aproveitar<br />
o fato <strong>de</strong> estar entregando<br />
algo para a cida<strong>de</strong>, estar participando<br />
<strong>de</strong> um painel que muitas vezes<br />
está numa avenida, num local relevante<br />
da cida<strong>de</strong>. Temos toda uma<br />
repercussão midiática e isso acaba<br />
sendo bastante importante para<br />
todos os lados. E no que diz respeito<br />
às cida<strong>de</strong>s, eu tenho murais em<br />
muitas capitais, cida<strong>de</strong>s do interior<br />
e cerca <strong>de</strong> 50 países. Vale a pena comentar<br />
que nos Estados Unidos são<br />
50 murais, sendo 20 <strong>de</strong>les em Nova<br />
York. Enfim, eu acho que a cada dia<br />
mais as portas vão se abrindo para<br />
esse tipo <strong>de</strong> trabalho e acho que a<br />
street art, <strong>de</strong> alguma forma, já marcou<br />
essa geração, assim como outros<br />
movimentos <strong>de</strong> arte marcaram<br />
outras épocas.<br />
“a arte é<br />
infinita, a<br />
gente sempre<br />
vai ver<br />
uma forma<br />
diferente<br />
<strong>de</strong> pensar,<br />
<strong>de</strong> criar”<br />
Quando e como a arte <strong>de</strong> rua começou<br />
a ser mais valorizada, e qual é a importância<br />
<strong>de</strong>la para a economia criativa<br />
no Brasil?<br />
Hoje eu sou privilegiado <strong>de</strong> ter<br />
um dos trabalhos mais publicados<br />
em livros didáticos, tenho circulado<br />
por universida<strong>de</strong>s realizando<br />
palestras, tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ter dois murais no Guinness Book.<br />
Nada disso eu busquei, nada disso<br />
eu esperava. Aconteceu <strong>de</strong> forma<br />
orgânica, natural, espontânea mesmo.<br />
Acho que uma resposta simples<br />
para a sua pergunta é o retorno<br />
que eu tenho todos os dias, meninos<br />
e meninas nas comunida<strong>de</strong>s,<br />
nos lugares mais simples, carentes,<br />
voltando a sonhar, a ter esperança,<br />
pensando que é possível através<br />
da arte abrir portas e fronteiras. A<br />
possibilida<strong>de</strong> que a arte me <strong>de</strong>u,<br />
vindo <strong>de</strong> uma origem simples, <strong>de</strong><br />
certa forma tem movimentado<br />
mentes, corações e emoções <strong>de</strong><br />
muitas pessoas. O feedback que eu<br />
tenho pelos lugares que passo é relacionado<br />
a esse universo. Hoje eu<br />
tenho feito obras para 12 diferentes<br />
países, porque todas as obras que<br />
eu tenho em mural, tenho original<br />
em tela, e acabo distribuindo para<br />
galerias ao redor do mundo. Comecei<br />
esse movimento embrionário,<br />
fui um dos precursores no Brasil,<br />
um movimento que ainda era novo<br />
no mundo, e hoje a gente vê esse<br />
crescimento estrondoso da street<br />
art no planeta, movimentando<br />
muita coisa. Não só a parte financeira,<br />
mas as i<strong>de</strong>ias, as emoções, os<br />
sentimentos, mudando a cara das<br />
cida<strong>de</strong>s, levando arte para os lugares<br />
mais inusitados e simples, on<strong>de</strong><br />
pessoas das mais diversas classes<br />
sociais po<strong>de</strong>m ter acesso. E com o<br />
meu instituto, o Instituto Kobra, eu<br />
quero amplificar isso e dar oportunida<strong>de</strong>s<br />
para meninos e meninas.<br />
28 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
Vinicius “Amnx” Amano/Unsplash<br />
Economia criativa impulsiona<br />
trabalho colaborativo no Brasil<br />
Diversida<strong>de</strong> potencializa geração <strong>de</strong> riquezas, mas faltam políticas<br />
públicas capazes <strong>de</strong> elevar a competitivida<strong>de</strong> do país no cenário global<br />
Janaina Langsdorff<br />
Brasil é mundialmente reconhecido por<br />
O sua criativida<strong>de</strong>. Do Carnaval aos Leões<br />
<strong>de</strong> Cannes, exporta i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> encher os<br />
olhos. Mas o país consegue transformar toda<br />
essa potencialida<strong>de</strong> em riqueza? Neste<br />
especial dos 57 anos do PROPMARK, profissionais<br />
analisam o contexto <strong>de</strong> negócios que<br />
têm a criativida<strong>de</strong> como matéria-prima.<br />
Colaborativa por natureza, a economia<br />
criativa é reconhecida por instituições internacionais<br />
como balizador estratégico para<br />
um crescimento que vem a reboque do progresso<br />
pautado na função social. Se a economia<br />
criativa global fosse um país, ela teria<br />
o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong> US$ 4,3 trilhões, <strong>de</strong><br />
acordo com pesquisa do Banco Interamericano<br />
<strong>de</strong> Desenvolvimento.<br />
“Não dá para enten<strong>de</strong>r a economia criativa<br />
sem consi<strong>de</strong>rar o po<strong>de</strong>r da cultura do<br />
compartilhamento”, explica o professor José<br />
Mauro Nunes, da FGV Ebape. No povo brasileiro,<br />
encontra diversida<strong>de</strong>s e sincretismos<br />
que acentuam a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> bens e serviços<br />
transformados em ativo para a produção<br />
<strong>de</strong> renda, especialmente entre os pequenos e<br />
médios empreen<strong>de</strong>dores.<br />
A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor envolvendo colaboração,<br />
cooperação e compartilhamento fica<br />
visível, por exemplo, em eventos musicais<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, on<strong>de</strong> estão reunidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
Estimado Em R$129,9<br />
bilhõEs Em 2020, o Pib<br />
da Economia cRiativa<br />
caiu 31,8% Em RElação a<br />
2019. hojE, Está PRóximo<br />
dE R$190 bilhõEs<br />
30 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
Fotos: Divulgação<br />
“não dá PaRa<br />
EntEndER a Economia<br />
cRiativa sEm<br />
considERaR o PodER<br />
da cultuRa do<br />
comPaRtilhamEnto”<br />
Lucas Foster: diluição <strong>de</strong> riscos e boas parcerias<br />
artistas e suas equipes técnicas até montadores<br />
<strong>de</strong> palco, <strong>de</strong>signers, arquitetos, técnicos<br />
<strong>de</strong> som, iluminadores e profissionais <strong>de</strong> logística,<br />
que convergem em uma experiência<br />
multiplicada pelos espectadores.<br />
Área emblemática da economia criativa, a<br />
cultura abriga artes cênicas, dança, museus,<br />
folclore e gastronomia, além da música. O<br />
setor <strong>de</strong> consumo também evoca a criação<br />
<strong>de</strong> signos criativos com o <strong>de</strong>sign, a publicida<strong>de</strong><br />
e a moda. Criativos por excelência, os<br />
segmentos editorial e audiovisual também<br />
<strong>de</strong>ixam a contribuição vinda dos cinemas,<br />
ví<strong>de</strong>os, livros, televisão e streaming.<br />
Outro campo que vem ganhando espaço é<br />
o dos jogos eletrônicos. “Os games têm hoje<br />
a <strong>maio</strong>r participação na geração <strong>de</strong> negócios<br />
da economia criativa, e o Brasil é muito competitivo”,<br />
aponta Nunes, lembrando que o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um jogo para as plataformas<br />
mais cobiçadas do mercado chega a<br />
empregar até 400 pessoas, entre <strong>de</strong>signers<br />
gráficos, roteiristas e programadores. A área<br />
<strong>de</strong> tecnologia é uma das mais pujantes, com<br />
conhecimento gerado a partir <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s,<br />
institutos <strong>de</strong> pesquisa, aceleradoras <strong>de</strong><br />
empresas, centros <strong>de</strong> investigação e polos <strong>de</strong><br />
inovação.<br />
DE mãos DaDas<br />
Conferência das Nações Unidas para<br />
o Comércio e o Desenvolvimento (UNC-<br />
TAD), Programa das Nações Unidas para<br />
o Desenvolvimento (PNUD) e Organização<br />
das Nações Unidas para a Educação, a<br />
Ciência e a Cultura (Unesco) estão entre os<br />
órgãos que já alar<strong>de</strong>aram o valor <strong>de</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> iluminada pela criativida<strong>de</strong>, por<br />
vezes ignorada nos arautos da economia industrial,<br />
baseada na produção tangível - <strong>de</strong><br />
gela<strong>de</strong>iras a televisores e carros.<br />
O momento é <strong>de</strong> mudança. Cindido <strong>de</strong><br />
pensar, o trabalhador forjado na Revolução<br />
Industrial foi levado a executar, não criar. Era<br />
mais fácil produzir em escala que investir em<br />
educação para estimular inovações capazes<br />
<strong>de</strong> se diferenciar entre os competidores. Mas<br />
a mão <strong>de</strong> obra foi abraçada por tecnologias<br />
que hoje rechaçam o mo<strong>de</strong>lo encaixotado <strong>de</strong><br />
gestão. Agora <strong>de</strong> mãos dadas, digital e criativida<strong>de</strong><br />
emanam um ativo intransferível<br />
anunciado pela Indústria 4.0. “A principal<br />
característica da economia criativa é a produção<br />
<strong>de</strong> valor intangível para a socieda<strong>de</strong>”,<br />
frisa Nunes, da FGV.<br />
A estratégia não é nova. “A humanida<strong>de</strong><br />
sempre produziu bens culturais”, lembra<br />
Nunes. Trata-se <strong>de</strong> um conceito novo <strong>de</strong> origem<br />
antiga. A concepção <strong>de</strong> economia criativa<br />
surgiu no Reino Unido, entre as décadas<br />
<strong>de</strong> 1980 e 1990, da tentativa do Ministério<br />
Britânico da Cultura (UK Department for Culture,<br />
Media and Sports – DCMS) <strong>de</strong> reerguer<br />
não só movimentos criativos outrora capitaneados<br />
pelo furor do <strong>de</strong>sign ou pela música<br />
do The Beatles, mas também para inspirar<br />
Monique Evelle, fundadora da plataforma Inventivos, no Dia Mundial da Criativida<strong>de</strong> e Inovação, em Salvador (BA)<br />
José Mauro Nunes: colaboração e cooperação<br />
alternativas capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a produção<br />
local frente à disputa travada com os chineses.<br />
Em 2002, o inglês John Howkins escreveu<br />
o best-seller The Creative Economy: How<br />
People Make Money from I<strong>de</strong>as, ratificando o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias lucrativas.<br />
DEsvio<br />
Autorida<strong>de</strong>s brasileiras também montaram<br />
as suas diligências. Uma <strong>de</strong>las é Celso<br />
Furtado. Fervoroso <strong>de</strong>fensor das capacida<strong>de</strong>s<br />
criativas do povo brasileiro, o economista<br />
paraibano foi precursor da Lei Rouanet e<br />
se tornou ministro da Cultura do governo do<br />
presi<strong>de</strong>nte José Sarney, em 1986.<br />
Mas foi no mandato da presi<strong>de</strong>nte Dilma<br />
Rousseff, em 2011, que veio a Secretaria<br />
da Economia Criativa (SEC) com o plano<br />
da então ministra da Cultura, Ana <strong>de</strong><br />
Hollanda, <strong>de</strong> recuperar, 25 anos <strong>de</strong>pois, os<br />
preceitos <strong>de</strong> Furtado acerca da ligação entre<br />
cultura e criativida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do Brasil.<br />
Conforme o Decreto 7743/2012, foram listados<br />
um total <strong>de</strong> 20 ativida<strong>de</strong>s diretamente<br />
relacionadas ao setor: animação, arquitetura,<br />
artesanato, artes cênicas, artes visuais,<br />
audiovisual, cultura popular, <strong>de</strong>sign, entretenimento,<br />
eventos, games, gastronomia, literatura<br />
e mercado editorial, moda, música,<br />
publicida<strong>de</strong>, rádio, software, turismo cultural<br />
e TV.<br />
“A iniciativa foi um divisor <strong>de</strong> águas para<br />
o fomento da economia criativa no Brasil,<br />
pois <strong>de</strong>limitou setores e criou políticas, diretrizes<br />
e ações que foram implementadas<br />
por estados e prefeituras para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> ecossistemas criativos em todo<br />
o país”, analisa Lucas Foster, i<strong>de</strong>alizador do<br />
World Creativity Day no Brasil, em 2014, antes<br />
mesmo <strong>de</strong> a Organização das Nações Unidas<br />
(ONU) instituir a data <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> abril como<br />
o Dia Mundial da Criativida<strong>de</strong> e Inovação,<br />
em 2017. Nesse ano, a economia criativa representava<br />
2,64% do PIB do país, abrigando<br />
837.206 empregos formais, o equivalente a<br />
1,8% <strong>de</strong> toda a mão <strong>de</strong> obra nacional.<br />
A expectativa era <strong>de</strong> que atingisse a cifra<br />
<strong>de</strong> US$ 43,7 bilhões até 2021, <strong>de</strong> acordo com<br />
estudo feito à época pela consultoria Price<br />
Waterhouse Coopers para a Fe<strong>de</strong>ração das<br />
Indústrias do Rio <strong>de</strong> Janeiro (Firjan). Hoje<br />
32 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
sucateadas pelo governo <strong>de</strong> Jair Bolsonaro,<br />
as áreas da cultura inseridas na economia<br />
criativa contam com a sua própria resiliência<br />
e talento para inventar jeitos <strong>de</strong> sobreviver à<br />
falta <strong>de</strong> políticas públicas capazes <strong>de</strong> fomentar<br />
investimentos à altura do potencial criativo<br />
brasileiro.<br />
O professor <strong>de</strong> filosofia Rafael Nogueira<br />
é o atual secretário Nacional da Economia<br />
Criativa e Diversida<strong>de</strong> Cultural, da Secretaria<br />
Especial <strong>de</strong> Cultura (Secult), pasta do Ministério<br />
do Turismo. Procurado, o órgão não se<br />
manifestou.<br />
“O governo fe<strong>de</strong>ral tem paralisado<br />
incentivos, como Lei Rouanet, Fundo<br />
Nacional <strong>de</strong> Cultura, <strong>de</strong>mandando leis como<br />
a Aldir Blanc e a Paulo Gustavo, vetadas recentemente”,<br />
lamenta Luciana Modé, coor<strong>de</strong>nadora<br />
do Observatório Itaú Cultural.<br />
No início <strong>de</strong> <strong>maio</strong>, o presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro<br />
barrou a nova Lei Aldir Blanc, que<br />
repassaria R$ 3 bilhões ao ano até 2027 para<br />
o setor cultural, e um mês antes vetou a Lei<br />
Paulo Gustavo, que previa um investimento<br />
<strong>de</strong> R$ 3,8 bilhões para recuperar o setor. O<br />
músico Aldir Blanc e o ator e humorista Paulo<br />
Gustavo morreram por complicações da<br />
Covid-19.<br />
HorizontE<br />
A esperança é <strong>de</strong> que, a partir <strong>de</strong> 20<strong>23</strong>, o<br />
país volte a ter um pensamento sistemático<br />
das políticas culturais no Brasil. “Funk e hip<br />
hop, por exemplo, são dois ritmos extremamente<br />
lucrativos, mas em vez <strong>de</strong> receber financiamento,<br />
são criminalizados. Enquanto<br />
isso, temos Anitta explodindo no Spotify”,<br />
reflete Luciana. Seja qual for o território, é<br />
premente o reconhecimento do potencial<br />
criativo do Brasil, dos ritmos do Nor<strong>de</strong>ste às<br />
diversida<strong>de</strong>s da periferia.<br />
A carência vai <strong>de</strong> políticas públicas a regulamentações<br />
capazes <strong>de</strong> acirrar a competitivida<strong>de</strong><br />
e engrossar as chances <strong>de</strong> internacionalização.<br />
“Ainda há uma série <strong>de</strong> etapas,<br />
além da reconstrução do que foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong><br />
lado nesse governo, para fazer frente ao potencial<br />
da diversida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> do Brasil<br />
rumo a um <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />
sustentável, mais justo e igualitário”, confirma<br />
Luciana.<br />
Estudos mostram que, se a economia criativa global fosse um país, ela teria o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong> US$ 4,3 trilhões<br />
a Economia cRiativa<br />
gERou 855,5 mil Postos dE<br />
tRabalho EntRE outubRo E<br />
dEzEmbRo do ano Passado,<br />
alta dE 13% Em RElação ao<br />
mEsmo intERvalo dE 2020<br />
O retrospecto não é alvissareiro. Entre<br />
2010 e 2020, a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas<br />
criativas em relação ao total <strong>de</strong> companhias<br />
brasileiras ficou em cerca <strong>de</strong> 4%. A participação<br />
vem caindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2013. O menor<br />
patamar foi visto em 2020, com participação<br />
<strong>de</strong> 3,6%. As informações do Painel <strong>de</strong> Dados<br />
do Observatório Itaú Cultural indicam curva<br />
<strong>de</strong> queda, acentuada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2014. “Tivemos<br />
um pico no período da Copa do Mundo, e <strong>de</strong>pois<br />
nota-se uma baixa em função do cenário<br />
<strong>de</strong> crise a partir <strong>de</strong> 2015”, contextualiza Luciana<br />
Modé.<br />
A propaganda foi a única a crescer em volume<br />
<strong>de</strong> empresas. O aumento foi <strong>de</strong> 7.347<br />
negócios entre 2010 e 2020, e <strong>de</strong> 268 empre-<br />
Freepik<br />
endimentos entre 2019 e 2021. A alavanca<br />
foi a área <strong>de</strong> marketing direto e promoção<br />
<strong>de</strong> vendas, reflexo do movimento nas re<strong>de</strong>s<br />
sociais.<br />
A diminuição do setor editorial, influenciado<br />
pela digitalização, é a mais alarmante.<br />
A receita bruta encolheu cerca <strong>de</strong> 50% entre<br />
2010 e 2019, com uma leve recuperação<br />
<strong>de</strong> 2018 para 2019. Já a receita bruta da área<br />
<strong>de</strong> tecnologia da informação pulou <strong>de</strong> R$<br />
120.909.592 em 2010 para R$ 215.159.097 em<br />
2019. Enquanto isso, a publicida<strong>de</strong> passou <strong>de</strong><br />
R$ 18.333.799 para R$ 27.055.346, perfazendo<br />
os dois setores mais exuberantes do período.<br />
Contágio<br />
O baque em 2020 não foi à toa. A pan<strong>de</strong>mia<br />
da Covid-19 golpeou ativida<strong>de</strong>s presenciais<br />
como espetáculos <strong>de</strong> teatro, música,<br />
festivais, cinemas e museus. O impacto foi<br />
medido em levantamento da Fundação Getúlio<br />
Vargas (FGV), feito em parceria com o<br />
Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas<br />
Empresas (Sebrae) e a Secretaria <strong>de</strong> Cultura<br />
e Economia Criativa <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Realizada em junho <strong>de</strong> 2020, a Pesquisa<br />
<strong>de</strong> Conjuntura do Setor <strong>de</strong> Economia Criativa<br />
– Efeitos da Crise da Covid-19 mostra queda<br />
<strong>de</strong> faturamento (88,6%), projetos suspensos<br />
Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />
34 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
(50%), cancelados (42%) e perda <strong>de</strong> patrocínios<br />
(38%).<br />
Estimado em R$ 129,9 bilhões em 2020,<br />
o PIB do setor sofreu uma redução <strong>de</strong> 31,8%<br />
em relação a 2019. Em 2021, o volume esperado<br />
era <strong>de</strong> R$ 181,9 bilhões, próximo <strong>de</strong><br />
retomar o patamar <strong>de</strong> 2019, porém ainda<br />
4,5% inferior. Hoje, está próximo <strong>de</strong> R$ 190<br />
bilhões, cerca <strong>de</strong> 2,6% do PIB. O setor criativo<br />
amargou uma perda <strong>de</strong> R$ 69,2 bilhões<br />
no biênio 2020-2021, o equivalente a 18,2%<br />
da produção total do período. A recuperação<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um crescimento <strong>de</strong> 5,42% ao<br />
ano entre <strong>2022</strong> e 2025, puxado especialmente<br />
pelo avanço <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> interface e<br />
transformação digital aceleradas na quarentena.<br />
Embalada pelo avanço da vacinação, a<br />
retomada já sinalizou impulso na oferta <strong>de</strong><br />
empregos da economia criativa. De acordo<br />
com o Observatório Itaú Cultural, com base<br />
em dados da Pnad Contínua, foram criados<br />
855,5 mil postos <strong>de</strong> trabalho no segmento<br />
entre outubro e <strong>de</strong>zembro do ano passado,<br />
alta <strong>de</strong> 13% em relação ao mesmo intervalo<br />
<strong>de</strong> 2020.<br />
O índice fica acima dos 11% da economia<br />
em geral. O ano <strong>de</strong> 2021 terminou com 7,5<br />
milhões <strong>de</strong> trabalhadores alocados no setor<br />
ante 6,6 milhões verificados um ano antes.<br />
Gastronomia (42%), artes cênicas e visuais<br />
(40%), cinema, música, rádio e TV (34%),<br />
<strong>de</strong>sign (21%) e funções editoriais (20%) acumulam<br />
os percentuais mais elevados. Na<br />
publicida<strong>de</strong>, houve queda <strong>de</strong> 730.249 para<br />
725.308, recuo <strong>de</strong> 1%.<br />
União<br />
“A pan<strong>de</strong>mia ensinou que precisamos do<br />
outro para viver, produzir e nos relacionar.<br />
Nunca foi tão evi<strong>de</strong>nte que colaborar nos<br />
fortalece. Marcas que já ensaiavam parcerias<br />
conseguiram se manter fortes a partir <strong>de</strong> projetos<br />
colaborativos, que se tornaram mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> negócio inspiradores”, atesta Carlos Marcelo<br />
Campos Teixeira, professor da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo e Design (FAU) da<br />
Universida<strong>de</strong> Presbiteriana Mackenzie.<br />
“o govERno fEdERal<br />
tEm PaRalisado<br />
incEntivos, dEmandando<br />
lEis como a aldiR<br />
blanc E a Paulo gustavo,<br />
vEtadas REcEntEmEntE”<br />
Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />
Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />
Lucas Foster reforça que empresas<br />
dos setores criativos precisam incorporar<br />
mo<strong>de</strong>los colaborativos para viabilizar projetos<br />
e negócios inovadores <strong>de</strong> baixo custo.<br />
“Diluir risco e <strong>de</strong>senvolver boas parcerias é<br />
fundamental”, afirma Foster.<br />
Da publicida<strong>de</strong>, ele extrai o contexto <strong>de</strong><br />
transição originado com o avanço da base <strong>de</strong><br />
usuários <strong>de</strong> smartphones. Consi<strong>de</strong>rado um<br />
dos setores criativos mais influentes na economia<br />
criativa brasileira até o início da década<br />
passada, segundo Foster, a propaganda<br />
corre para apresentar inovações e acompanhar<br />
as mudanças no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />
mídia, que transformou a relação dos consumidores<br />
com as marcas, fenômeno observado<br />
em todo o mundo.<br />
Já o conceito arquitetônico, por exemplo,<br />
é <strong>de</strong>cisivo na escolha <strong>de</strong> um imóvel. A diversida<strong>de</strong><br />
e a sofisticação dos empreendimentos<br />
comprovam a importância da arquitetura<br />
para gerar valor. “Essa é a contribuição da<br />
arquitetura para a economia criativa no país,<br />
pois, sendo relevante, vai gerar emprego,<br />
renda e tributos”, <strong>de</strong>monstra Foster. Outros<br />
setores analisados nas páginas a seguir mostram<br />
o seu papel. A gastronomia gera valor<br />
para a indústria <strong>de</strong> alimentos, assim como a<br />
moda enaltece a indústria têxtil.<br />
garimpo<br />
Alternativas e novas tendências estão no<br />
relatório Industria 4.0: Rumo a uma nova<br />
Economia Criativa Globalizada, apresentado<br />
no último dia 21 <strong>de</strong> abril, Dia Mundial da<br />
Criativida<strong>de</strong> e Inovação. O material consi<strong>de</strong>ra<br />
os aspectos econômicos da interação entre<br />
criativida<strong>de</strong> e inovações tecnológico-empresariais<br />
para mostrar como a quarta revolução<br />
industrial transformou o trabalho <strong>de</strong> empresas<br />
e profissionais da economia criativa.<br />
Na Agência Brasileira <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong><br />
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)<br />
também é possível encontrar projetos setoriais<br />
realizados em parceria com as respectivas<br />
associações empresariais nas áreas <strong>de</strong><br />
jogos eletrônicos, inovação, cerâmica e revestimento,<br />
móveis, calçados e acessórios,<br />
componentes para calçados, <strong>de</strong>sign e moda,<br />
arte contemporânea e franquias.<br />
36 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Brasilida<strong>de</strong>, combustível<br />
para economia criativa<br />
AnA COUTO*<br />
A<br />
criativida<strong>de</strong> é uma das habilida<strong>de</strong>s<br />
do século e chave para os <strong>de</strong>safios<br />
da atualida<strong>de</strong>. Associada à<br />
economia, é fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
socioeconômico, criação <strong>de</strong> empregos<br />
e inovação tecnológica. Quanto mais<br />
a tecnologia avança, mais a criativida<strong>de</strong><br />
humana se faz valiosa. Segundo o Fórum<br />
Econômico Mundial, até 2025 a automação<br />
vai eliminar 85 milhões <strong>de</strong> empregos no<br />
mundo, enquanto a nova divisão <strong>de</strong> trabalho,<br />
entre máquinas, humanos e algoritmos,<br />
vai criar 97 milhões. Mais do que<br />
nunca, o olhar criativo, que se alimenta<br />
do mundo para metabolizar novas i<strong>de</strong>ias,<br />
torna-se necessário.<br />
E, no quesito criativida<strong>de</strong>, o brasileiro<br />
brilha. Temos criativida<strong>de</strong> no DNA. Nascemos<br />
do sincretismo cultural e encontramos<br />
a nossa autenticida<strong>de</strong> na antropofagia.<br />
Em um contexto <strong>de</strong> escassez, recorremos à<br />
criativida<strong>de</strong> como resposta aos nossos problemas.<br />
Somos o país da gambiarra e da cultura<br />
“faça do seu jeito mesmo”.<br />
Não à toa, os primeiros insights que temos<br />
da pesquisa Branding Brasil, uma iniciativa<br />
que estamos lançando em junho,<br />
que tem o objetivo <strong>de</strong> investigar como o<br />
brasileiro vê o valor do Brasil, aponta que a<br />
criativida<strong>de</strong> é a característica que reconhecemos<br />
como fortaleza. “Brasileiro é criativo,<br />
faz do limão uma limonada”. Aparece<br />
tanto nas coisas mais simples quanto nas<br />
grandiosas: são apontados como sinônimos<br />
<strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> as Havaianas reparadas com<br />
um prego (gambiarra) e a inventivida<strong>de</strong> do<br />
nosso Carnaval.<br />
A qualida<strong>de</strong> criativa também é o que<br />
impulsiona o nosso empreen<strong>de</strong>dorismo e<br />
inovação. Só no ano passado, o Brasil registrou<br />
a abertura <strong>de</strong> 3,9 milhões <strong>de</strong> negócios.<br />
A economia criativa, que abrange os setores<br />
<strong>de</strong> consumo, mídia, cultura e tecnologia,<br />
representa hoje quase 3% do nosso PIB<br />
e movimenta, em média, R$ 171,5 bilhões<br />
por ano na economia, gera 6,6 milhões <strong>de</strong><br />
empregos e é composta por mais <strong>de</strong> 140 milhões<br />
<strong>de</strong> empresas.<br />
Hoje, o Brasil concentra 77% das startups<br />
e 70% dos investimentos da América Latina<br />
– região que, atualmente, tem o crescimento<br />
mais acelerado em volume <strong>de</strong> capital<br />
<strong>de</strong> risco no mundo –, já conta com quase<br />
30 unicórnios e está entre os 10 países que<br />
mais produzem negócios bilionários, além<br />
<strong>de</strong> exportar inovação com empresas jovens<br />
como iFood, Nubank, Quinto Andar, Gympass,<br />
Loft e Ebanx.<br />
Este cenário sinaliza a potência que<br />
temos em mãos, quando nosso DNA criativo<br />
e uma visão <strong>de</strong> negócio se encontram.<br />
Ao mesmo tempo em que ficamos<br />
inspirados, também nos perguntamos:<br />
se a criativida<strong>de</strong> é força vital para a economia<br />
global e um aspecto tão forte da<br />
nossa cultura, a marca Brasil não <strong>de</strong>veria<br />
ser mais fortemente associada a isso? Até<br />
quando seremos mais reconhecidos pelas<br />
nossas commodities do que pela nossa<br />
proprieda<strong>de</strong> intelectual?<br />
Para se ter uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>scompasso,<br />
Austrália e Nova Zelândia são, junto<br />
com os Estados Unidos, vistas como as nações<br />
que têm o melhor ambiente para criação<br />
e manutenção <strong>de</strong> novos negócios ligados<br />
à indústria criativa, enquanto o Brasil<br />
fica em 28º lugar. Po<strong>de</strong>ríamos estar melhor<br />
posicionados.<br />
Nós, brasileiros, já i<strong>de</strong>ntificamos a<br />
criativida<strong>de</strong> com um ativo valioso da<br />
nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e nosso diferencial. Mas<br />
será que não <strong>de</strong>veria estar <strong>de</strong> forma mais<br />
intencional nos incentivos públicos e<br />
privados para influenciarmos o contexto<br />
global <strong>de</strong> negócios? Com tantos problemas<br />
complexos a serem resolvidos no<br />
Brasil e no mundo, será que não <strong>de</strong>veríamos<br />
investir mais na nossa capacida<strong>de</strong><br />
criativa para encontrar soluções que ninguém<br />
mais vê?<br />
A antropofagia, marca da brasilida<strong>de</strong>,<br />
po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> inspiração. Pois, como dizia<br />
Caetano Veloso, o Brasil precisa saber comer<br />
e metabolizar. A intenção <strong>de</strong> metabolizar<br />
para criar algo original que possa ser combustível<br />
para a economia criativa no mundo.<br />
Afinal <strong>de</strong> contas, somos antropófagos!<br />
“Até quAndo seremos<br />
mAis reconhecidos<br />
pelAs nossAs<br />
commodities do<br />
que pelA nossA<br />
propriedA<strong>de</strong><br />
intelectuAl?”<br />
*Ana Couto é CEO do Grupo Ana Couto<br />
ana@anacouto.com.br<br />
38 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
A Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong> é <strong>de</strong>staque<br />
na Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão.<br />
Quando trabalhamos por mais<br />
diversida<strong>de</strong> todos os dias,<br />
o reconhecimento aparece.<br />
Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>. A única agência entre<br />
as 72 empresas do Brasil reconhecidas pela<br />
Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão, promovida<br />
pelo Instituto Ethos em parceria<br />
com a Época Negócios.
propmark 57 aNoS<br />
Alberto Rocha/Divulgação<br />
A criação, o<br />
algoritmo e Bartleby<br />
Fernand alphen*<br />
Muito além <strong>de</strong> qualquer invenção,<br />
a Revolução Industrial do<br />
século 19 nasceu para respon<strong>de</strong>r<br />
a uma i<strong>de</strong>ia: todo trabalho<br />
repetitivo será substituído por máquinas,<br />
mais precisas, mais rápidas, mais produtivas<br />
e não reivindicatórias. Máquinas não<br />
sofrem, não pe<strong>de</strong>m e não reclamam.<br />
O trabalho repetitivo é todo aquele que<br />
prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio, pon<strong>de</strong>ração e análise<br />
para ser executado. É apertar parafusos, digitar<br />
textos, preencher planilhas, calar nas reuniões,<br />
ler em diagonal, jogar Minecraft e rolar<br />
miseravelmente as re<strong>de</strong>s sociais inventadas<br />
para sequestrar o tempo. Como as máquinas,<br />
os algoritmos existem para substituir o ser humano<br />
em suas tarefas repetitivas.<br />
Todo algoritmo, vendido (e comprado)<br />
como uma extraordinária inteligência, é só um<br />
conjunto finito <strong>de</strong> regras que, aplicado a um<br />
conjunto finito <strong>de</strong> dados, resolve um problema.<br />
Um algoritmo não tem inteligência: tem<br />
método. Tanto o algoritmo que seleciona respostas<br />
a uma pergunta – o Google – quanto a<br />
máquina que nos propulsiona sem nos cansar<br />
– a locomotiva – são fantásticas invenções.<br />
É claro que, na observação microscópica<br />
dos fenômenos, ainda po<strong>de</strong>mos preferir encontrar<br />
respostas na enciclopédia impressa:<br />
esta não veiculava coisas erradas, não viciava e<br />
não tinha propaganda. Mas tais conclusões são<br />
estreitas. Não po<strong>de</strong>mos mais viver felizes sem<br />
algoritmos. Com exceção dos luditas e outros<br />
veganos, a volta às cavernas é uma opção <strong>de</strong><br />
vida trabalhosa e cara.<br />
A questão perturbadora, contudo, é perguntar<br />
o quanto nosso trabalho po<strong>de</strong> ser substituído<br />
por um algoritmo. Ou, mais radicalmente,<br />
quando nosso trabalho po<strong>de</strong>rá ser substituído.<br />
Mas estávamos falando <strong>de</strong> trabalhos repetitivos.<br />
Vale, então, reformular a questão: em vez<br />
<strong>de</strong> “o que po<strong>de</strong> ser substituído no trabalho?”,<br />
talvez seja melhor perguntar “o que é repetitivo<br />
nele?”. Ou, ainda, indagar “o que não é<br />
repetitivo no meu trabalho?”. Pois não é repetitivo<br />
tudo aquilo que é novo, original e diferente.<br />
Ou, claro, não é repetitivo tudo aquilo<br />
que é criativo.<br />
Não é repetitivo tudo aquilo que é feito pela<br />
primeira vez, que não foi ousado ainda, que se<br />
atreve. Não é repetitivo tudo o que contraria o<br />
status quo, as regras, as pesquisas, os dados,<br />
o passado, o senso comum, o conveniente, o<br />
responsável, o bem-pensante, o correto, o normal,<br />
o briefing.<br />
Não é repetitivo tudo aquilo que diz “não”<br />
ao conjunto finito <strong>de</strong> regras que, aplicado a um<br />
conjunto finito <strong>de</strong> dados, resolve um problema.<br />
Não é repetitivo o que difere da solução do<br />
algoritmo. As máquinas, os algoritmos, as ferramentas<br />
e as inteligências artificiais não são<br />
inimigas: elas são referências ou, se preferirem,<br />
a régua ou o estímulo para que o trabalho<br />
seja melhor ou diferentemente melhor – portanto,<br />
criativo.<br />
É um <strong>de</strong>safio danado, mas é melhor sentir<br />
esse frio na barriga do que rezar pelo adágio<br />
do “tomara que eu morra antes”, que já matou<br />
tanta gente antes da hora.<br />
Bartleby (<strong>de</strong> Bartleby, o Escrivão, do escritor<br />
estaduni<strong>de</strong>nse Herman Melville) é um funcionário-padrão.<br />
Todos os dias, acorda, veste-<br />
-se e vai trabalhar em um escritório qualquer<br />
<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, mas po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> propaganda.<br />
Ele faz o que mandam e preenche seu<br />
timesheet, todos os dias, com a mesma competência.<br />
Um dia, ele resolve “não”: “I would<br />
prefer not to”. “Não” fazer como todos os dias.<br />
Desobe<strong>de</strong>cer: “I would prefer not to be a little<br />
reasonable”. O “não” <strong>de</strong> Bartleby é o começo<br />
do “sim” re<strong>de</strong>ntor.<br />
E, sempre que a gente se sentir <strong>de</strong>sencorajado<br />
pelas distopias do Vale do Silício, lembramo-nos<br />
da utopia <strong>de</strong> Melville: “Ah humanity!”.<br />
“Machines have less problems”, disse Andy<br />
Warhol. E acrescentou: “I want to be a machine”.<br />
Do you?<br />
“não é repetitivo<br />
tudo aquilo<br />
que é novo, original<br />
e diferente.<br />
ou, claro, não<br />
é repetitivo<br />
tudo aquilo<br />
que é criativo”<br />
*Fernand Alphen é CEO da Fbiz<br />
falphen@fbiz.com.br<br />
40 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
Criativida<strong>de</strong> agrega valor intangível<br />
da propaganda às marcas e serviços<br />
Estudo O valor da publicida<strong>de</strong> no Brasil, realizado pela Deloitte para<br />
o Cenp, mostra que para cada real investido o ROI é oito vezes <strong>maio</strong>r<br />
Fotos: Divulgação e Reprodução<br />
Campanha leika 100 <strong>de</strong>senvolvida pela F/Nazca Saatchi & Saatchi, que conquistou o primeiro Grand Prix do país na competição Film, a principal do festival Cannes Lions<br />
PaulO MacedO<br />
impacto da publicida<strong>de</strong> brasileira no<br />
O PIB é consistente. E continua tendo<br />
efeito pra lá <strong>de</strong> sintomático na economia<br />
do país. No ano passado, segundo o painel<br />
Cenp Meios, o faturamento com compra <strong>de</strong><br />
mídia (cinema, internet, áudio, busca, display,<br />
ví<strong>de</strong>o, jornal, OOH, revista, TV aberta<br />
e por assinatura) <strong>de</strong> 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
somou R$ 17,8 bilhões.<br />
No digital, <strong>de</strong> acordo com o IAB Brasil,<br />
por meio do estudo Ad Spend, em parceria<br />
com a Kantar Ibope Media, o acumulado<br />
<strong>de</strong> 2020 e 2021 (primeiro semestre) foi <strong>de</strong><br />
R$ 36,9 bilhões. Sem mencionar que o segmento<br />
<strong>de</strong> live marketing movimentava até<br />
2019 cerca <strong>de</strong> R$ 50 bilhões por ano, que se<br />
elevava a mais <strong>de</strong> R$ 900 bilhões com feiras<br />
e eventos. Esses números garantem a robustez<br />
do negócio da propaganda, mesmo<br />
com a queda <strong>de</strong> 30% nos investimentos em<br />
mídia no período mais grave da pan<strong>de</strong>mia<br />
da Covid-19.<br />
Porém, há outro viés, segundo pesquisa<br />
encomendada pelo Cenp à Deloitte. O estudo<br />
O valor da publicida<strong>de</strong> no Brasil mostra<br />
que o setor gerou cerca <strong>de</strong> R$ 418,8 bilhões<br />
na economia brasileira em 2020, que correspon<strong>de</strong>m<br />
a 6% do PIB. Pelas contas da<br />
Deloitte, o ROI é inquestionável: cada real<br />
investido em propaganda resultou em R$<br />
8,54 para a economia no ano passado.<br />
O estudo coor<strong>de</strong>nado pela Deloitte contempla<br />
os R$ 49 bilhões em compra <strong>de</strong> mídia<br />
acumulados em 2020, valor puxado por<br />
uma taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> 4,5% acima<br />
da inflação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001. A performance<br />
se reflete também no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />
“Investir em publicida<strong>de</strong> sempre foi um<br />
bom negócio”, afirma Daniel Queiroz, presi<strong>de</strong>nte<br />
da Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda, no documento da Deloitte.<br />
“A enorme importância da publicida<strong>de</strong> na<br />
geração <strong>de</strong> riquezas para o país não beneficia<br />
apenas os anunciantes e veículos. Ela<br />
traz enormes benefícios econômicos para<br />
o PIB brasileiro, cria empregos, dissemina<br />
a informação. É a indústria que impulsiona<br />
as outras indústrias”, acrescenta Mario<br />
D’Andrea, presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira<br />
das Agências <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>.<br />
A publicida<strong>de</strong> criou 435 mil empregos<br />
em 2019, segundo dados da Relação Anual<br />
<strong>de</strong> Informações Sociais (RAIS), do Ministério<br />
da Economia. “Compilamos dados eco-<br />
“A melhor mAneirA<br />
<strong>de</strong> explicAr é que<br />
A publicidA<strong>de</strong> trAz<br />
umA percepção <strong>de</strong> vAlor<br />
muito mAior do que<br />
A etiquetA <strong>de</strong> preço”<br />
42 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
Fotos: Divulgação<br />
Alexandre Ravagnani é ECD da agência Repense<br />
Karina Monique é diretora <strong>de</strong> criação da Propeg/Brasília<br />
Pedro Cruz, sócio e chief strategy officer da Galeria<br />
nômicos mais relevantes do setor a partir<br />
<strong>de</strong> entrevistas com lí<strong>de</strong>res da publicida<strong>de</strong><br />
no Brasil, representando agências, veículos<br />
<strong>de</strong> comunicação, entida<strong>de</strong>s do setor, anunciantes,<br />
consultorias em marketing e institutos<br />
<strong>de</strong> pesquisas. O resultado traz um<br />
mapeamento rico e fundamental para que<br />
se entenda sobre os benefícios da publicida<strong>de</strong>,<br />
os <strong>de</strong>safios e tendências do setor,<br />
bem como o comportamento dos consumidores”,<br />
observa a executiva Clarissa Gaiatto,<br />
diretora da Deloitte, no comunicado<br />
sobre o estudo que sofreu atualização,<br />
como informa Alexandre Gibotti, diretor-<br />
-executivo da Abap.<br />
O valor agregado da ativida<strong>de</strong> vai além.<br />
A propaganda tem o asset do valor intangível<br />
às marcas, produtos e serviços. Ela<br />
também contribui para a manutenção <strong>de</strong><br />
uma imagem <strong>de</strong> Primeiro Mundo do Brasil<br />
nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, como Estados<br />
Unidos, Inglaterra, França, Japão e<br />
Alemanha.<br />
O Brasil é reconhecido por meio da publicida<strong>de</strong><br />
como um dos lí<strong>de</strong>res da economia<br />
criativa global. Não só do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />
peças premiadas nos principais festivais,<br />
mas também pela exportação <strong>de</strong> talentos<br />
que ocupam posições-chaves nas equipes<br />
das principais agências globais. André<br />
Laurentino, por exemplo, comanda a área<br />
criativa da Ogilvy Londres, com clientes<br />
como a Unilever. Luiz Sanches assumiu há<br />
dois meses como CCO da re<strong>de</strong> BBDO nos<br />
Estados Unidos, Canadá e México, além <strong>de</strong><br />
li<strong>de</strong>rar a operação global <strong>de</strong> SC Johnson e<br />
WhatsApp, ser chairman da AlmapBBDO e<br />
CCO da holding Omnicom.<br />
“A melhor maneira <strong>de</strong> explicar é que a<br />
publicida<strong>de</strong> traz uma percepção <strong>de</strong> valor<br />
muito <strong>maio</strong>r do que a etiqueta <strong>de</strong> preço.<br />
A publicida<strong>de</strong> criativa, ética e memorável<br />
transmite os atributos racionais <strong>de</strong> produtos<br />
e serviços, mas traz atributos emocionais<br />
que, apesar <strong>de</strong> intangíveis, fazem<br />
a diferença e <strong>de</strong>finem as escolhas dos<br />
“A dm9, dissidênciA<br />
profissionAl dA W/brAsil,<br />
dominou A décAdA com<br />
o GrAnd prix <strong>de</strong> mídiA<br />
impressA e dois títulos<br />
<strong>de</strong> AGency of the yeAr”<br />
consumidores. Esta é a publicida<strong>de</strong> que<br />
traz percepção <strong>de</strong> valor. Mas traz também<br />
atributos emocionais para as marcas, construindo<br />
uma percepção <strong>de</strong> valor <strong>maio</strong>r<br />
que a etiqueta <strong>de</strong> preço”, esclarece Luiz<br />
Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp e chairman da<br />
Lew’Lara\TBWA.<br />
A publicida<strong>de</strong>, portanto, como vê a Deloitte,<br />
permite que produtos não virem<br />
commodity, fi<strong>de</strong>liza clientes, impacta valor<br />
das empresas, estimula inovação e fomenta<br />
a competitivida<strong>de</strong>. E também contribui<br />
para outros segmentos da economia criativa,<br />
através <strong>de</strong> patrocínios como teatro,<br />
cinema, música, exposições <strong>de</strong> artes plásticas<br />
e esportes. Em todos os casos, também<br />
há a possibilida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> naming rights,<br />
dos museus às arenas multiuso.<br />
PRÊMIOS<br />
O <strong>de</strong>sempenho da propaganda brasileira<br />
nos principais festivais contribui para a<br />
imagem criativa do país e dá aval à sua presença<br />
como protagonista da economia criativa.<br />
Apenas no Cannes Lions International<br />
Festival of Creativity, as peças brasileiras<br />
receberam 1.716 Leões nos últimos 50 anos,<br />
contabilizando os nove troféus <strong>de</strong> Agência<br />
do Ano e o Cyber Agency of the Year concedido<br />
à DM9DDB em 2005, quando também<br />
ganhou o Grand Prix com o case Reality Advertising,<br />
criado para a marca Super Bon<strong>de</strong>r<br />
(Henkel), na categoria Integrated Interactive<br />
Campaign. A trajetória da DM9DDB no<br />
Cyber Lions teve início em 1998, no primeiro<br />
ano da competição, com um Leão assegurado<br />
com o site da Semana Internacional<br />
<strong>de</strong> Criação, para a Editora Referência.<br />
O Festival <strong>de</strong> Cannes construiu uma<br />
relação íntima com o Brasil. Washington<br />
Olivetto criou, com Francesc Petit, o filme<br />
O homem <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40 anos, seu primeiro<br />
Leão <strong>de</strong> ouro, em 1974. Olivetto ganhou 50<br />
Leões no evento apenas na área Film Lions.<br />
O primeiro jurado foi Alex Periscinoto, nos<br />
anos <strong>de</strong> 1973 e 1974. A F/Nazca Saatchi &<br />
Saatchi conquistou em 2015 o Grand Prix<br />
<strong>de</strong> Film com Leika 100, uma homenagem à<br />
fotografia e ao centenário da câmera, imortalizada<br />
por Henri Cartier-Bresson.<br />
A economia criativa faz parte da essência<br />
<strong>de</strong> Cannes. Quem é premiado, mesmo com<br />
o negacionismo recente, tem mais chance<br />
<strong>de</strong> conquistar novos negócios. O conjunto<br />
<strong>de</strong> prêmios, incluindo D&AD, Clio e Festival<br />
<strong>de</strong> Nova York, ajuda anunciantes a eleger<br />
quem vai estar no funil para colaborar com<br />
suas ações mercadológicas. Não é por outro<br />
motivo que a AlmapBBDO, a agência da década<br />
do Cannes Lions, tem na sua carteira<br />
<strong>de</strong> clientes marcas como WhatsApp, Bra<strong>de</strong>sco<br />
Seguros, Havaianas e Volkswagen.<br />
Para ter essa distinção, a AlmapBBDO assegurou,<br />
<strong>de</strong> 2010 a 2019, 142 Leões, além <strong>de</strong><br />
três troféus <strong>de</strong> Agency of The Year, em 2010,<br />
2011 e 2016. Nesse ranking, ficou à frente da<br />
Wie<strong>de</strong>n+Kennedy e BBDO New York.<br />
“Cannes foi um autêntico MBA para a<br />
minha carreira. Ali aprendi o que nenhuma<br />
escola vai conseguir expor para os seus<br />
alunos. Um mix <strong>de</strong> prática e teoria ao vivo,<br />
com boas risadas, boa comida e boa bebida.<br />
Tenho certeza absoluta <strong>de</strong> que o festival<br />
é uma espécie <strong>de</strong> divisor <strong>de</strong> águas. Quem<br />
44 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
A NEOOH e a WeWork<br />
juntas vão ressignificar<br />
a comunicação no espaço<br />
<strong>de</strong> trabalho híbrido.
PROPMARK 57 ANOS<br />
Fotos: Divulgação<br />
Diogo Salomão, diretor <strong>de</strong> criação da Jüssi em São Paulo Júlia Mota é diretora <strong>de</strong> criação da GUT em São Paulo Fernando Diniz, co-CEO da DPZ&T: “Gran<strong>de</strong> protagonista”<br />
vai a Cannes pela primeira vez volta outro.<br />
A visão sobre a publicida<strong>de</strong> muda e novos<br />
manejos da profissão ficam perceptíveis e<br />
muito mais ágeis”, disse Periscinoto em entrevista<br />
ao PROPMARK.<br />
O publicitário Paulo Cesar Queiroz, head<br />
<strong>de</strong> operações da RZK Digital, fez uma análise<br />
sobre a presença brasileira em Cannes.<br />
“Nos anos <strong>de</strong> 1970, tivemos uma participação<br />
mo<strong>de</strong>sta em número <strong>de</strong> inscrições, conquistando<br />
52 troféus, com <strong>de</strong>staque para a<br />
DPZ e para a Alcântara Machado, a Almap.<br />
Na década <strong>de</strong> 1980, ainda com foco em filmes,<br />
o festival premiou o Brasil 116 vezes,<br />
já com um expressivo aumento <strong>de</strong> agências<br />
participantes, inclusive as multinacionais.<br />
O <strong>de</strong>staque da década foi a W/GGK, que<br />
ainda não era a W/Brasil. É interessante<br />
perceber que a W/GGK foi uma dissidência<br />
da DPZ. Já se nota, então, nos anos <strong>de</strong> 1980,<br />
uma cultura competitiva sendo formada no<br />
Brasil”, informa Queiroz.<br />
Os anos <strong>de</strong> 1990 marcam o Brasil como<br />
<strong>de</strong>staque no cenário internacional da publicida<strong>de</strong>,<br />
explica Queiroz. “Cannes aumentou<br />
o número <strong>de</strong> categorias e conferiu<br />
161 troféus aos brasileiros, que tiveram um<br />
boom na qualida<strong>de</strong> dos ví<strong>de</strong>os. A DM9, dissidência<br />
profissional da W/Brasil, dominou<br />
a década com o Grand Prix <strong>de</strong> Mídia Impressa<br />
e dois títulos <strong>de</strong> Agency of The Year. Com<br />
o <strong>de</strong>staque da DM9 nesse período, aumentou<br />
ainda mais a positiva rivalida<strong>de</strong> criativa<br />
entre as agências brasileiras, marcando um<br />
período <strong>de</strong> ouro na história <strong>de</strong> nossa propaganda.<br />
A partir disso, o Brasil se tornou<br />
o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do Festival <strong>de</strong> Cannes e<br />
o número <strong>de</strong> inscrições das agências nacionais<br />
disparou”, <strong>de</strong>talha Queiroz.<br />
A economia criativa tem novos elementos,<br />
como enfatiza Gabriela Hunnicutt -<br />
foun<strong>de</strong>r/partner/board member da Bold.<br />
“A gran<strong>de</strong> questão, no meu ponto <strong>de</strong> vista,<br />
é como po<strong>de</strong>mos usar toda essa criativida<strong>de</strong><br />
para gerar riqueza não apenas material,<br />
mas social e ambiental. Como os criativos,<br />
junto com as marcas e empresas, po<strong>de</strong>m<br />
“nós brAsileiros, somos<br />
cordiAis, orAis, emotivos,<br />
criAmos empAtiA e nos<br />
relAcionAmos com<br />
sinceridA<strong>de</strong> não<br />
ApenAs com pessoAs,<br />
mAs tAmbém com mArcAs”<br />
criar movimentos que impactem diretamente<br />
temas como educação e inclusão<br />
digital, diversida<strong>de</strong>, sustentabilida<strong>de</strong>? Muitas<br />
coisas já vêm sendo feitas, inclusive no<br />
próprio mercado, mas se cada vez mais as<br />
empresas estiverem dispostas a usar a força<br />
<strong>de</strong> suas marcas (e seus budgets, claro) para<br />
gerar transformação, aí estaremos num<br />
bom caminho. E, com certeza, é o que hoje<br />
as pessoas esperam <strong>de</strong>las”.<br />
Gabriela consi<strong>de</strong>ra o empreen<strong>de</strong>dorismo<br />
como lacuna para os criativos. “Hoje acredito<br />
que o que falta para mais criativos empreen<strong>de</strong>rem<br />
– por opção/vocação e não por<br />
necessida<strong>de</strong> (e isso faz toda a diferença) – é<br />
colocarmos essas disciplinas nas escolas e<br />
criarmos programas <strong>de</strong> incentivo – públicos<br />
e privados –, que ofereçam condições para<br />
que pessoas com mais barreiras estruturais<br />
possam ter as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
errar e acertar. Empreen<strong>de</strong>r não existe sem<br />
errar. Eu, pelo menos, nunca vi. Por isso,<br />
também é preciso espaço para errar. Lugar<br />
no mercado para empresas boas, com valores<br />
sólidos e propósitos bem <strong>de</strong>finidos, não<br />
falta. O que falta é urgência para transformar<br />
esse cenário e <strong>de</strong>ixar aflorar os nossos<br />
gran<strong>de</strong>s – e inúmeros – talentos”, contextualiza<br />
a executiva da Bold<br />
Gabriela também faz menção a outro<br />
gap: “Um estudo realizado pela PWC com<br />
o Instituto Locomotiva, O Abismo Digital no<br />
Brasil, evi<strong>de</strong>ncia a falta <strong>de</strong> acesso à internet<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que as classes D e E têm. Segundo<br />
o estudo, 81% da população com 10<br />
anos ou mais usam a internet, mas somente<br />
20% têm acesso <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> à re<strong>de</strong>. De todos<br />
os entrevistados, 22% ainda acessa via<br />
mo<strong>de</strong>n ou chip”, afirma.<br />
INTIMIDADE<br />
Na avaliação <strong>de</strong> Paula Queiroz, head <strong>de</strong><br />
estratégia & data insights da Cheil, a criativida<strong>de</strong><br />
é um dos principais produtos <strong>de</strong><br />
exportação do Brasil. Ela reconhece dois<br />
motivos: “O primeiro é nossa pluralida<strong>de</strong>.<br />
Apesar da inegável exclusão e da intolerância<br />
estrutural das minorias ainda presentes<br />
no Brasil, somos um país miscigenado e<br />
uma cultura gregária, on<strong>de</strong> Europa, América,<br />
África e Ásia se encontram e convivem<br />
entre si, criando uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plural que<br />
une o clássico com o tropical, o elitista com<br />
o popularesco, o sagrado com o profano, o<br />
organizado com o caótico. O segundo ponto<br />
é que nós, brasileiros, somos cordiais, orais,<br />
emotivos, criamos empatia e nos relacionamos<br />
com sincerida<strong>de</strong> não apenas com<br />
pessoas, mas também com marcas, produtos<br />
e serviços. É mais do que uma relação<br />
comercial, já que no Brasil algumas marcas<br />
são quase amigas, que <strong>de</strong>ixamos entrar na<br />
nossa casa”, afirma.<br />
Paula acrescenta: “A ascensão da economia<br />
criativa e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />
conteúdo <strong>de</strong>scentralizado trazem ainda<br />
mais oportunida<strong>de</strong>s para o nosso mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> pensamento. Vemos uma geração que<br />
exige das marcas uma relação mais próxima,<br />
humana, realista e conectada com as<br />
necessida<strong>de</strong>s do público. E quem melhor<br />
po<strong>de</strong> fazer isso, se não nós, brasileiros? O<br />
momento agora é <strong>de</strong> nos lembrarmos disso<br />
para continuarmos a fazer a diferença no<br />
mercado e contribuirmos para a construção<br />
<strong>de</strong> uma relação horizontal entre empresas e<br />
consumidores”, diz.<br />
46 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
ASSOCIAÇÃO<br />
BRASILEIRA DE<br />
ANUNCIANTES
PROPMARK 57 ANOS<br />
Fotos: Divulgação<br />
Paula Queiroz é head <strong>de</strong> estratégia da Cheil no Brasil Paulo Cesar Queiroz é head <strong>de</strong> operações da RZK Digital Lica Bueno é CEO da Talent Marcel: “Reputação e mérito”<br />
VOLUME<br />
Fernando Diniz, CEO da DPZ&T, usa dados<br />
da Pesquisa <strong>de</strong> Conjuntura do Setor <strong>de</strong><br />
Economia Criativa/2020 da FGV. “O nosso<br />
PIB criativo, aquele gerado por empresas<br />
que atuam na chamada economia criativa,<br />
representa cerca <strong>de</strong> 3% da riqueza gerada no<br />
Brasil, em torno <strong>de</strong> R$ 190 bilhões em 2020.<br />
São sete milhões <strong>de</strong> pessoas trabalhando<br />
no segmento, com quase um milhão <strong>de</strong> vagas<br />
formais. E a publicida<strong>de</strong> é uma gran<strong>de</strong><br />
protagonista da economia criativa brasileira.<br />
O Brasil foi consi<strong>de</strong>rado o terceiro país<br />
mais criativo <strong>de</strong> toda a história <strong>de</strong> Cannes,<br />
segundo o Lions Creativity Report, <strong>de</strong> 2021,<br />
aliás, ano internacional da economia criativa.<br />
Nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar histórias e<br />
gerar resultados fica explícita nos números<br />
do setor: estima-se que a cada 1% <strong>de</strong> crescimento<br />
do investimento publicitário, nosso<br />
PIB per capita cresça 0,06% (Cenp/Deloitte<br />
2021)”, enumera Diniz.<br />
A criativida<strong>de</strong> é o eixo do futuro na ex-<br />
Gabriela Hunnicutt é fundadora e sócia da agência Bold<br />
“como os criAtivos,<br />
junto com As mArcAs,<br />
po<strong>de</strong>m criAr movimentos<br />
que impActem<br />
diretAmente temAs como<br />
educAção e inclusão?”<br />
pressão <strong>de</strong> Pedro Cruz, sócio-fundador e<br />
chief strategy officer da Galeria. “O primeiro<br />
registro <strong>de</strong> uso do termo ‘economia criativa’<br />
fará 40 anos no ano que vem. Em 1983,<br />
Margaret Thatcher publicou um relatório<br />
governamental que tratou da importância<br />
das áreas <strong>de</strong> tecnologia e criativida<strong>de</strong><br />
no crescimento econômico dos países. Em<br />
1994, a Austrália publicou o Creative Nation,<br />
documento que lançou, pela primeira<br />
vez, um conjunto <strong>de</strong> políticas públicas com<br />
O executivo Robson Ortiz é CEO da digital agency Mirum<br />
ênfase na cultura e na arte. Em 1996, Tony<br />
Blair incluiu o assunto em sua plataforma<br />
<strong>de</strong> governo e campanha para o cargo <strong>de</strong><br />
primeiro-ministro. De lá para cá, o mundo<br />
sofreu mudanças socioculturais profundas,<br />
com o avanço da digitalização. Menina<br />
dos olhos da economia criativa brasileira,<br />
o mercado publicitário no país passa por<br />
uma profunda reformulação. Não é exagero,<br />
portanto, afirmar que os novos vetores<br />
<strong>de</strong> transformação da comunicação pe<strong>de</strong>m<br />
o retorno da paixão e da energia vital que<br />
consagraram o setor, a renovação do apreço<br />
pelo risco — sem o qual não se inventa<br />
o novo — e a coragem para corrigir rotas e<br />
ajustar estruturas sem burocracia. Pe<strong>de</strong>m<br />
também interesse renovado pela proximida<strong>de</strong><br />
e pela atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> dono, que tanto encantaram<br />
o mundo”, contextualiza Cruz.<br />
PAIXÃO<br />
A publicida<strong>de</strong> não é arte, mas se apropria<br />
das artes, como música e cinema, para fomentar<br />
criativida<strong>de</strong>. E isso é orgulho para<br />
os brasileiros, como <strong>de</strong>staca Júlia Mota, diretora<br />
<strong>de</strong> criação da GUT São Paulo. “Como<br />
a criativida<strong>de</strong> é o modus operandi por aqui,<br />
a propaganda achou terreno fértil no nosso<br />
país. No Brasil, a publicida<strong>de</strong> está no hall<br />
das paixões nacionais. O povo transforma<br />
personagens <strong>de</strong> campanhas em meme,<br />
imortaliza jingle, acompanha e <strong>de</strong>bate estratégias<br />
<strong>de</strong> marketing da Anitta, palpita sobre<br />
como empresas <strong>de</strong>vem abordar temas<br />
polêmicos etc. Existe uma proximida<strong>de</strong><br />
muito interessante entre público e marca.<br />
Por aqui, pessoas <strong>de</strong> fora do nosso mercado<br />
comemoram prêmios internacionais mesmo<br />
sem saber ao certo o que significa toda<br />
essa movimentação que teve início há décadas<br />
e transformou a publicida<strong>de</strong> no refúgio<br />
<strong>de</strong> profissionais brasileiros que queriam<br />
viver <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Quem curte cinema,<br />
música, <strong>de</strong>sign, inovação e arte, vê na publicida<strong>de</strong><br />
opção <strong>de</strong> carreira com boas oportunida<strong>de</strong>s,<br />
o que torna a profissão bastante<br />
relevante para a economia criativa”.<br />
48 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
Fotos: Divulgação<br />
Lucas Feltes: “Performance exige muita criativida<strong>de</strong>”<br />
Tidé Soares é diretor-geral <strong>de</strong> criação na agência Jüssi<br />
“meninA dos olhos<br />
dA economiA criAtivA<br />
brAsileirA, o mercAdo<br />
publicitário no pAís<br />
pAssA por umA profundA<br />
reformulAção”<br />
RESISTÊNCIA<br />
Lica Bueno, CEO da Talent Marcel, quer<br />
saber se há crise criativa. Sua resposta mostra<br />
que a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve passar longe da glamurização.<br />
“Temos enorme mérito pela reputação<br />
alcançada mundialmente, porém o<br />
Palais é uma distração para algo muito mais<br />
importante que nos foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> aprendizado<br />
ao longo <strong>de</strong>sses anos por tantos profissionais<br />
da comunicação. Tratamos aqui<br />
daquela criativida<strong>de</strong> que está em função<br />
<strong>de</strong> uma estratégia comprometida em gerar<br />
resultados aos negócios dos clientes. Uma<br />
criativida<strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> tirar a publicida<strong>de</strong><br />
da indiferença e esteja gerando valor para<br />
marcas <strong>de</strong> forma consistente. Criativida<strong>de</strong><br />
que está em função da melhor solução para<br />
um problema que po<strong>de</strong> ter como resultado<br />
inovação, serviço, foco em performance.”<br />
Quem concorda com Lica Bueno no que<br />
se refere à performance é Lucas Feltes, CEO<br />
da WTAG. “Criativida<strong>de</strong> não é um exercício.<br />
Ela é um dom <strong>de</strong>sses profissionais, verda<strong>de</strong>iros<br />
heróis da resistência, que emprestam<br />
seu talento para a comunicação, cada<br />
um com seu olhar. Quando digo que não<br />
é exercício, não quero dizer que não tem<br />
<strong>de</strong> fazer o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> casa. Exercício lustra a<br />
criativida<strong>de</strong> brasileira. A performance, que<br />
é a expertise da minha agência, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
criativida<strong>de</strong> para fazer uma entrega além<br />
do algoritmo. Sem criativida<strong>de</strong>, dado é apenas<br />
dado e, nesse caso, não entra na economia<br />
criativa. É estatística”, conclui Feltes.<br />
Criativida<strong>de</strong> é o que faz a diferença no<br />
mundo <strong>de</strong> hoje. A frase é <strong>de</strong> Alexandre Ravagnani,<br />
diretor-executivo <strong>de</strong> criação da<br />
agência Repense. “A economia criativa já é<br />
uma realida<strong>de</strong>. Ela impulsiona a economia<br />
como um todo, trazendo soluções inovadoras<br />
que vão diferenciar os negócios, separando<br />
aquilo que traz uma nova visão para<br />
esse novo mundo que está sendo moldado,<br />
do que é um simples posicionamento para<br />
uma nova marca ou serviço. É com propósito<br />
e com fortes vínculos na inovação e<br />
tecnologia que será possível fazer essa passagem<br />
com ganhos, tanto para a economia<br />
como para os consumidores, gerando novos<br />
empregos, profissões e visões para um<br />
futuro melhor para todos. Inclusive para os<br />
lucros das empresas e sua sustentabilida<strong>de</strong>.<br />
Estamos agora bem no meio do caminho, e<br />
criativida<strong>de</strong> nunca foi tão diferenciadora e<br />
necessária”, argumenta o ECD da Repense.<br />
MANEJO<br />
O que a permacultura explica? Quem<br />
respon<strong>de</strong> é a dupla Tidé Soares e Diogo Salomão,<br />
respectivamente, diretor-geral <strong>de</strong><br />
criação na Jüssi e diretor <strong>de</strong> criação na Jüssi.<br />
“Nossa pluralida<strong>de</strong> está diretamente<br />
conectada ao pensamento permacultural,<br />
que sistematiza princípios que po<strong>de</strong>m ser<br />
usados para projetar, criar, gerir e melhorar<br />
todos os esforços realizados por pessoas<br />
e comunida<strong>de</strong>s no sentido <strong>de</strong> um futuro<br />
sustentável. Essa i<strong>de</strong>ia, que subverte as<br />
ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção atuais, permite que<br />
sejamos capazes <strong>de</strong> produzir mais com menos,<br />
gerando abundância. A permacultura<br />
existe por meio do manejo integrado com<br />
florestas, preservando o solo, conservando<br />
fauna e flora e contribuindo para a fertilida<strong>de</strong><br />
do ambiente em que se estabelece.<br />
Washington Olivetto obteve 50 Leões no Cannes Lions<br />
Em outras palavras, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
relações interpessoais genuínas, internas e<br />
externas, contribui para o surgimento <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ias cada vez melhores”, afirmam.<br />
“Criar é conceber algo novo, po<strong>de</strong> ainda<br />
ser uma releitura <strong>de</strong> algo que já existia antes<br />
ou também, mais do mesmo”, é o que<br />
pensa Robson Ortiz, CEO da Mirum. Ele<br />
prossegue: “Contudo, ao falarmos <strong>de</strong> criação<br />
ao longo dos anos na nossa indústria,<br />
buscamos por aperfeiçoamento e evolução<br />
<strong>de</strong> pessoas e negócios. Tudo para prosperar<br />
no vasto campo da criativida<strong>de</strong> que nos<br />
surpreen<strong>de</strong> a cada dia. Você já se <strong>de</strong>parou<br />
com esse autoquestionamento: por que não<br />
pensei nisso antes? É nessa hora que você<br />
se dá conta <strong>de</strong> que algo novo foi criado e<br />
muitas vezes estava bem próximo <strong>de</strong> você!<br />
A economia criativa começa na cultura das<br />
organizações. Precisamos estar prontos<br />
para pivotar o negócio”, diz.<br />
Transformação é o efeito da publicida<strong>de</strong><br />
para Karina Monique, diretora <strong>de</strong> criação da<br />
Propeg em Brasília. “Existe um mantra <strong>de</strong>ntro<br />
do mercado publicitário que funciona<br />
tal qual uma dose colossal <strong>de</strong> Rivotril, principalmente<br />
quando a campanha está com<br />
algum tipo <strong>de</strong> problema – o famoso ‘calma,<br />
é só publicida<strong>de</strong>’. Campanhas são campanhas<br />
e, apesar <strong>de</strong> suas complexida<strong>de</strong>s ou<br />
genialida<strong>de</strong>s, a missão não se concentra em<br />
salvar vidas, mas transformá-las”, afirma.<br />
“A publicida<strong>de</strong> brasileira está num holofote<br />
global por refletir muito <strong>de</strong> nós e, quem<br />
sabe um dia, tudo <strong>de</strong> nós. A sensibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Meu primeiro sutiã e o incontestável fofurômetro<br />
estourado dos Bichinhos da Parmalat,<br />
que marcaram gerações, surgiram<br />
da criativida<strong>de</strong> brasileira mais pura. Estava<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />
sem roupa para receber visita e saiu – para<br />
o mundo inteiro ver, e foi bem recebida em<br />
diversos festivais. Não é só criativida<strong>de</strong>. É a<br />
criativida<strong>de</strong> brasileira criando engajamento,<br />
acompanhando movimentos culturais<br />
gigantes, fazendo o consumidor escolher<br />
ficar ao lado da marca”, finaliza Karina.<br />
50 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
A economia criativa<br />
& a comunicação<br />
Thaís Passarella*<br />
O<br />
termo economia criativa envolve<br />
um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e atores<br />
que têm como matéria-prima a<br />
criativida<strong>de</strong>, gerando receita e movimentando<br />
a economia como um todo. De<br />
imediato, a expressão po<strong>de</strong> nos remeter ao<br />
entretenimento, à cultura e às artes. Mas ela<br />
é muito mais ampla e abrange o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> soluções para resolver problemas.<br />
Des<strong>de</strong> aplicativos e novas soluções até uma<br />
tela <strong>de</strong> mídia em cima do caixa eletrônico,<br />
que faz a mensagem das marcas chegarem<br />
aos lugares mais remotos, além do óbvio das<br />
gran<strong>de</strong>s avenidas e bairros famosos, afinal o<br />
caixa eletrônico hoje leva para toda a população<br />
brasileira diversos produtos e serviços<br />
financeiros ou não, integrando o mundo físico<br />
e o digital.<br />
Vejo muitos pontos em comum entre a<br />
economia criativa e a economia compartilhada.<br />
As duas <strong>de</strong>mocratizam o uso dos recursos,<br />
da tecnologia e promovem <strong>de</strong> certa<br />
forma a sustentabilida<strong>de</strong> e a inclusão. Assim,<br />
os processos econômicos precisaram<br />
trazer vantagens a todos os envolvidos, gerando<br />
melhoria coletiva e acesso.<br />
Um dos fenômenos interessantes nesse<br />
mo<strong>de</strong>lo compartilhado é o movimento que<br />
observamos no varejo ‘digital’, que vem<br />
abrindo lojas físicas. Movimento similar tem<br />
acontecido com fintechs que viram a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> oferecer um ponto <strong>de</strong> contato<br />
físico para seus clientes. No setor financeiro,<br />
bancos têm diversificado suas áreas <strong>de</strong><br />
atuação, oferecendo a infraestrutura para<br />
algumas áreas do mercado, como saú<strong>de</strong>, indústria<br />
e até mesmo fintechs. No formato <strong>de</strong><br />
economia compartilhada, para otimizar custos<br />
sem prejudicar o consumidor final, a novida<strong>de</strong><br />
tem sido o pooling, compartilhamento<br />
<strong>de</strong> infraestruturas essenciais <strong>de</strong> serviços.<br />
Durante a pan<strong>de</strong>mia, para enfrentar a<br />
crise econômica, ambos os conceitos se entrelaçaram,<br />
<strong>de</strong> forma a possibilitar novos<br />
negócios e soluções. Vale lembrar que o relacionamento<br />
com itens <strong>de</strong> consumo também<br />
está mudando, e questões como qualida<strong>de</strong>,<br />
durabilida<strong>de</strong> e reciclagem passaram<br />
a ser prioritárias. Assim como a facilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> comprar por diversos canais e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
escolha, criando mais oportunida<strong>de</strong>s, seja<br />
no mundo físico ou no digital, para todo<br />
mundo. E como utilizar esses conceitos para<br />
impulsionar os negócios na área <strong>de</strong> comunicação?<br />
Encampando essas tendências e<br />
oferecendo aos clientes uma jornada personalizada<br />
e relevante. Afinal, as pessoas estão<br />
voltando às ruas e ávidas por novida<strong>de</strong>s e<br />
significados!<br />
Assim, abre-se uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />
para as marcas usarem sua criativida<strong>de</strong> e os<br />
recursos tecnológicos, como das mídias out<br />
of home (OOH) tradicional ou em sua forma<br />
digital (DOOH), que po<strong>de</strong>m ser instaladas<br />
em diversos ambientes e locais. Por exemplo,<br />
nos caixas eletrônicos, como é o caso do<br />
Mídia Banco24Horas.<br />
Dessa forma, as marcas conseguem levar<br />
ao seu público-alvo jornadas envolventes e<br />
marcantes, capitalizando diversas oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> marketing experiencial e trazendo<br />
os consumidores para seu universo multicanal.<br />
Será que alguém já teria pensado nisso?<br />
O fato é que o ambiente <strong>de</strong> consumo é a zona<br />
quente e <strong>de</strong> apetite das pessoas para receber<br />
informações, novida<strong>de</strong>s, ofertas e incentivos.<br />
Somado a esse ambiente <strong>de</strong> consumo,<br />
tem-se um ativo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor no dia a dia<br />
das pessoas que “libera” dinheiro. Na prática,<br />
vejo esse caso como um real exemplo<br />
que une economia e criativida<strong>de</strong>, até mesmo<br />
no seu sentido literal.<br />
A concorrência gerada por essa nova cultura<br />
ultrapassa os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio centralizados.<br />
A economia criativa compartilhada,<br />
como batizei aqui, cresce porque traz<br />
vantagens reais a todos os envolvidos, direta<br />
ou indiretamente. Uma plataforma que conecta<br />
usuários e motoristas, restaurantes e<br />
clientes ou uma empresa que transforma seu<br />
principal ativo, como um caixa eletrônico,<br />
em um veículo <strong>de</strong> mídia e ‘clusteriza’ e <strong>de</strong>mocratiza<br />
a comunicação também está contribuindo<br />
para a economia criativa e compartilhada.<br />
E um formato híbrido entre físico e<br />
digital <strong>de</strong>ve ser um caminho a ser seguido.<br />
“A economiA criAtivA<br />
compArtilhAdA,<br />
como bAtizei Aqui,<br />
cresce porque trAz<br />
vAntAgens reAis A<br />
todos os envolvidos”<br />
* Thaís Passarella é head do Mídia Banco24Horas<br />
e superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> marketing, marca e comunicação<br />
da TecBan<br />
thais.passarella@tecban.com.br<br />
52 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fórum da Autorregulação<br />
do Mercado Publicitário<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 <strong>2022</strong> ©<br />
cenp.com.br<br />
57 anos registrando e fazendo<br />
história na publicida<strong>de</strong>.<br />
∆<br />
A equipe <strong>de</strong> jornalistas do PROPMARK contou a história da criação<br />
do CENP em 1998. Agora está contando o futuro do novo CENP,<br />
como um Fórum <strong>de</strong> Autorregulação Comercial, um fórum neutro<br />
e aberto que reúne anunciantes, veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />
agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e novos elos digitais para, juntos,<br />
protagonizar um mercado livre, próspero, ético e saudável.<br />
PARABÉNS, PROPMARK, PELOS 57 ANOS.
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
A reinvenção da<br />
economia criativa<br />
fernando taralli*<br />
As pesquisas indicam o baque que<br />
a economia criativa – da qual nós,<br />
publicitários, fazemos parte – sofreu<br />
durante a pan<strong>de</strong>mia. Segundo<br />
o Sebrae, houve uma queda <strong>de</strong> 70%<br />
no faturamento do setor, que foi um dos<br />
mais afetados pela crise. Em esfera global,<br />
a Unesco (Organização das Nações Unidas<br />
para Educação, Ciência e Cultura) lançou<br />
um relatório sobre o tema em que revela<br />
que a área per<strong>de</strong>u 10 milhões <strong>de</strong> empregos<br />
somente em 2020.<br />
Ao mesmo tempo, o documento Remo<strong>de</strong>lando<br />
Políticas para a Criativida<strong>de</strong> reforça<br />
a importância <strong>de</strong>ssa indústria para a coesão<br />
social, o bem-estar e a educação e o quanto<br />
as opções digitais cresceram e ajudaram<br />
as pessoas a passar pelos difíceis dias <strong>de</strong><br />
isolamento.<br />
Na reabertura que vivenciamos, po<strong>de</strong>mos<br />
ver como o <strong>de</strong>sejo reprimido por ativida<strong>de</strong>s<br />
culturais dá novo fôlego ao setor,<br />
com multidões sendo carregadas do Carnaval<br />
<strong>de</strong> rua aos shows internacionais. É revigorante<br />
e inspirador, mesmo sabendo <strong>de</strong><br />
todas as dificulda<strong>de</strong>s que um país como o<br />
Brasil sofre em relação à falta <strong>de</strong> políticas<br />
públicas eficazes para o setor.<br />
Nós, que embora tenhamos a criativida<strong>de</strong><br />
no core do nosso negócio, somos provavelmente<br />
a indústria mais diretamente<br />
associada à parte econômica do termo economia<br />
criativa, temos alguns papéis neste<br />
novo momento que vivemos. O primeiro<br />
<strong>de</strong>les é <strong>de</strong>, como empresas, lançarmos mão<br />
dos instrumentos que temos disponíveis<br />
para estimular os segmentos <strong>de</strong> entretenimento<br />
e cultura. Não só porque isso é bom<br />
para as pessoas, mas porque é bom para as<br />
marcas que querem se conectar com elas.<br />
Patrocínios são bem-vindos. Patrocínios<br />
que agreguem valor, <strong>de</strong> forma criativa, ao<br />
posicionamento da marca ainda mais. Um<br />
exemplo disso foi o projeto Presença Preta,<br />
que a VMLY&R i<strong>de</strong>alizou junto a Vivo e<br />
aumentou a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas<br />
negras na plateia do Lollapalooza. Mas a<br />
verda<strong>de</strong> é que são inúmeras as boas histórias<br />
que vemos surgir no mercado, <strong>de</strong> diferentes<br />
agências e anunciantes.<br />
O intercâmbio cultural que tanto beneficia<br />
a economia criativa como um todo ganha<br />
agora novos contornos com as possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um mundo híbrido, flex ou como<br />
preferir chamar.<br />
Depois <strong>de</strong> vermos a tecnologia aliada à<br />
criativida<strong>de</strong> salvar a nossa saú<strong>de</strong> mental<br />
nos últimos dois anos, é hora <strong>de</strong> acharmos<br />
novos papéis para essa dobradinha. Papéis<br />
que acompanhem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vida que<br />
não é mais o mesmo do mundo pré-março<br />
<strong>de</strong> 2020, mas também não é mais o <strong>de</strong> 2021.<br />
Para o mercado publicitário especificamente,<br />
mais do que nunca, este é o momento<br />
também <strong>de</strong> se adotar uma postura<br />
<strong>de</strong> corresponsabilida<strong>de</strong> por toda a ca<strong>de</strong>ia.<br />
Precisamos pensar menos individualmente<br />
e mais coletivamente, como indústria.<br />
Enten<strong>de</strong>r que clientes, agências, veículos,<br />
produtoras e <strong>de</strong>mais fornecedores são<br />
todos parte do mesmo ecossistema e implementar<br />
políticas que primem pelo bem-<br />
-estar dos colaboradores em todas essas esferas<br />
nos ajudaria a evoluir mais rápido e a<br />
fazer com que mais pessoas queiram atuar<br />
neste mercado.<br />
Precisamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser a “indústria do<br />
milagre”. Quando milagres acontecem, em<br />
geral, é porque uma pessoa ou um time estão<br />
tendo suas jornadas esticadas. Em mercados<br />
mais maduros, as campanhas têm prazos<br />
muito <strong>maio</strong>res. Será que não é hora <strong>de</strong><br />
revermos essa prática e melhorarmos ainda<br />
mais a capacida<strong>de</strong> criativa das brasileiras e<br />
dos brasileiros, que já é a melhor do mundo?<br />
“para o mercado<br />
publicitário, este é o<br />
momento <strong>de</strong> adotar<br />
uma postura <strong>de</strong><br />
corresponsabilida<strong>de</strong><br />
por toda a ca<strong>de</strong>ia”<br />
*Fernando Taralli é CEO da VMLY&R<br />
fernando.taralli@vmlyr.com<br />
54 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
pedro yves<br />
Brasil se <strong>de</strong>staca como uma das gran<strong>de</strong>s<br />
O potências no mercado mundial <strong>de</strong> jogos<br />
eletrônicos. Hoje, mais <strong>de</strong> 74% dos brasileiros<br />
po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados gamers, como<br />
são conhecidos os a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> entretenimento – público 7% <strong>maio</strong>r<br />
do que o registrado em 2019, <strong>de</strong> acordo com<br />
a Pesquisa Games Brasil. É um público que<br />
não para <strong>de</strong> crescer e, na pan<strong>de</strong>mia, 46%<br />
dos gamers brasileiros passaram a jogar<br />
mais, conforme a mesma pesquisa, que<br />
revela outros dados sobre esse mercado: a<br />
principal faixa etária dos gamers se situa<br />
entre os 25 e 34 anos (33,6%), seguida por 16<br />
a 24 anos (32,5%); as mulheres são <strong>maio</strong>ria,<br />
representando 53,8% do total <strong>de</strong>sse público;<br />
86% dos brasileiros preferem jogar pelo<br />
celular, enquanto 43% priorizam o vi<strong>de</strong>ogame<br />
e 40% o computador; 67% se consipropmark<br />
57 anos<br />
Brasil se consolida como um<br />
dos <strong>maio</strong>res mercados <strong>de</strong> games<br />
País já é o quinto <strong>maio</strong>r consumidor <strong>de</strong> jogos eletrônicos do mundo; cerca<br />
<strong>de</strong> 74% dos brasileiros são a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entretenimento<br />
Divulgação<br />
XDome Gamer Lab, no Shopping Santa Cruz, na capital paulista: espaço real para reunir os praticantes <strong>de</strong> jogos virtuais que oferece soluções <strong>de</strong> ativação e promoção <strong>de</strong> marcas<br />
<strong>de</strong>ram gamers casuais, sem uma rotina <strong>de</strong><br />
jogos tão frequente. Já 33% se consi<strong>de</strong>ram<br />
gamers hardcore, jogando três ou mais vezes<br />
por semana. “Hoje em dia quase todo<br />
mundo tem algum contato com games,<br />
mesmo que não se consi<strong>de</strong>re um gamer,<br />
seja jogando algo mais competitivo ou um<br />
Fifa ao fim <strong>de</strong> semana e até Candy Crush no<br />
celular. Cada vez mais estão ficando óbvias<br />
as vantagens dos jogos em seus vários momentos<br />
da vida, como evolução das crianças<br />
ou saú<strong>de</strong> dos mais idosos”, diz Douglas<br />
Santos, head of gaming da Cheil, agência<br />
especializada em games e e-Sports.<br />
As razões que beneficiaram os gamers<br />
<strong>de</strong>ntro do contexto pandêmico po<strong>de</strong>m ser<br />
várias. Santos enumera algumas das principais,<br />
na sua opinião:<br />
Primeiro, pela busca <strong>de</strong> escapismo, principalmente<br />
no primeiro ano <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia.<br />
“Fomos obrigados a ficar confinados em<br />
“Hoje em dia quase todo<br />
mundo tem algum contato<br />
com games, mesmo que não<br />
se consi<strong>de</strong>re um gamer”<br />
56 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
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propmark 57 anos<br />
Fotos: Divulgação<br />
“nestes dois últimos<br />
anos, surgiram inúmeras<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o<br />
consumidor se manter<br />
engajado e entretido<br />
com o game”<br />
Santos: os games se tornaram verda<strong>de</strong>iras re<strong>de</strong>s sociais<br />
casa, tendo <strong>de</strong> lidar com sentimentos como<br />
medo, insegurança, isolamento... e o game<br />
surgiu como essa válvula <strong>de</strong> escape on<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>ríamos ser imersos em realida<strong>de</strong>s mais<br />
lúdicas”, afirma.<br />
Segundo, pela sensação <strong>de</strong> conectivida<strong>de</strong>.<br />
Games se tornaram verda<strong>de</strong>iras re<strong>de</strong>s<br />
sociais. Se na vida real não se podia estar<br />
junto dos amigos, nos games era possível<br />
se reunir online, jogar, recriar momentos <strong>de</strong><br />
conversa e <strong>de</strong>scompressão <strong>de</strong>ntro dos jogos.<br />
Terceiro, pelos avanços e novida<strong>de</strong>s da<br />
própria indústria, que fizeram excelente<br />
trabalho em atrair e manter as pessoas engajadas<br />
com o território. E aqui, ressalta<br />
Santos, entra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lançamento do PS5,<br />
passando pelo lançamento <strong>de</strong> jogos como<br />
Animal Crossing, para Nintendo Switch -<br />
que foi um hit no início da pan<strong>de</strong>mia, até<br />
pela explosão das ORGs <strong>de</strong> eSports atraindo<br />
inúmeros fãs das novas gerações <strong>de</strong> gamers.<br />
“Nestes dois últimos anos, surgiram inúmeras<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o consumidor se<br />
manter engajado e entretido com o game.<br />
Isso sem falar na junção do game com outros<br />
territórios como entretenimento, vi<strong>de</strong><br />
Bruno: “Vamos inovar sempre em tecnologia e inovação”<br />
a série Arcane, da Netflix. Então, na medida<br />
em que o game passou a ocupar esses diversos<br />
espaços na vida das pessoas (game,<br />
entretenimento, comunida<strong>de</strong>, lifestyle etc.<br />
etc.), isso gerou um efeito exponencial em<br />
sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair e reter os players”,<br />
completa Santos.<br />
Bruna: “Vamos ver o game como moda, cultura e lifestyle”<br />
Diversificação<br />
No ano passado, <strong>de</strong> acordo com estimativas<br />
do setor, o mercado <strong>de</strong> games<br />
no Brasil faturou cerca <strong>de</strong> US$ 2,3 bilhões,<br />
alta <strong>de</strong> 5% em relação a 2020. A dimensão<br />
<strong>de</strong>sse mercado também po<strong>de</strong> ser avaliada<br />
pela sua diversificação. Nos últimos anos,<br />
<strong>de</strong> simples importador, o Brasil passou a<br />
criar e exportar jogos eletrônicos. Passou<br />
também a fabricar produtos <strong>de</strong>stinados<br />
a esse segmento que antes eram totalmente<br />
importados.<br />
A AOC, marca do Grupo TPV, um dos<br />
lí<strong>de</strong>res na fabricação <strong>de</strong> monitores, anunciou<br />
recentemente o seu novo monitor<br />
para jogos, o Agon PD27 – Design by Porsche,<br />
inspirado nos carros <strong>de</strong> corrida, criado<br />
em parceria com a Porsche e voltado a<br />
jogadores profissionais. De acordo com<br />
informações do fabricante, o equipamento<br />
conta com características <strong>de</strong> última geração,<br />
como a resolução Quad HD, <strong>de</strong> 2.560<br />
x 1.440 pixels, que permite maximizar os<br />
mínimos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> cada jogo. Foi projetado<br />
para quem <strong>de</strong>seja jogar no mais alto<br />
nível <strong>de</strong> jogos competitivos. Para isso, oferece<br />
suporte ao padrão Vesa DisplayHDR<br />
400, para exibir cores mais intensas, com<br />
HDR realista, excelente contraste e latência<br />
ultrabaixa, para uma experiência <strong>de</strong> jogo<br />
envolvente.<br />
“Sabemos que esse público é muito fiel<br />
às marcas, se preocupa com todos os recursos<br />
<strong>de</strong> jogabilida<strong>de</strong> e está sempre à procura<br />
dos melhores produtos, que atendam às<br />
suas necessida<strong>de</strong>s. Então, queremos inovar<br />
sempre, com monitores que acompanhem<br />
as tecnologias mais recentes e tragam inovação.<br />
Neste caso, <strong>de</strong> nossa parceria com<br />
a Porsche, as novida<strong>de</strong>s são o <strong>de</strong>sign premium<br />
exclusivo e a alta performance”, afirma<br />
Bruno Morari, diretor <strong>de</strong> marketing do<br />
Grupo TPV.<br />
De início uma atração digital voltada às<br />
classes mais abastadas da população, hoje<br />
já inclui jogos voltados às comunida<strong>de</strong>s carentes,<br />
como o Kwai, app <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os curtos,<br />
em apoio à ONG Gerando Falcões, que conta<br />
com o game Missão Favela X, <strong>de</strong>senvolvido<br />
em parceria com a Accenture Interactive<br />
<strong>de</strong>ntro da plataforma Roblox, que <strong>de</strong>u início<br />
à entrada da ONG no metaverso.<br />
A ação na plataforma do Kwai faz parte<br />
<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> iniciativas da ONG voltadas<br />
para acelerar a transformação nas favelas<br />
por meio <strong>de</strong> tecnologia e inovação. O objetivo<br />
com o programa Favela X é conscientizar<br />
a socieda<strong>de</strong> e atrair apoiadores para os projetos<br />
da Gerando Falcões, que são voltados<br />
para a erradicação da pobreza nas favelas.<br />
“E agora vamos ver a consolidação do<br />
game como moda, cultura e lifestyle. Com<br />
o gamer saindo <strong>de</strong> casa, o game vai com<br />
ele! Em forma <strong>de</strong> roupa, tênis e em opções<br />
<strong>de</strong> games mobile também, como os jogos<br />
mobile ou nintendo switch, por exemplo.<br />
Fernanda: “Gamer gosta <strong>de</strong> acompanhar influenciadores”<br />
58 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Propmark 57 anos.<br />
5 + 7 = 12 - 1 = 11<br />
5 x 7 = 30 - 9 = 21.<br />
Não faz o menor sentido.
propmark 57 anos<br />
E, além disso, também temos as subdivisões<br />
por gênero <strong>de</strong> jogo, por plataforma, se<br />
é PC gamer, console gamer, mobile gamer,<br />
por motivação <strong>de</strong> jogo, se é mais casual ou<br />
hardcore player etc.”, diz Bruna Pastorini,<br />
diretora <strong>de</strong> planejamento e conteúdo da<br />
Druid, agência criativa fundada no início<br />
<strong>de</strong> 2021 focada no mundo dos games e nas<br />
plataformas <strong>de</strong> web 3.0.<br />
Além do espaço virtual propriamente<br />
dito, o universo game já conta com as<br />
arenas gamers, que estão surgindo em<br />
shoppings. Recentemente, a Final Level,<br />
empresa que cria e acelera negócios para<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento do ecossistema do gaming<br />
lifestyle no Brasil, lançou uma arena<br />
gamer num shopping center na zona sul da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em parceria com a BR<br />
Malls. Batizado <strong>de</strong> XDome Gamer Lab, trata-se,<br />
segundo a empresa, <strong>de</strong> uma arena <strong>de</strong><br />
soluções completas que aten<strong>de</strong> tanto jogadores<br />
e consumidores do setor como também<br />
oferece soluções <strong>de</strong> ativação e promoção<br />
<strong>de</strong> marca, organização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e<br />
outros recursos corporativos.<br />
A unida<strong>de</strong> está localizada no Shopping<br />
Metrô Santa Cruz e conta com 300 m 2 sobre<br />
os quais estão posicionadas diversas plataformas:<br />
são 10 PCs otimizados para jogos<br />
conectados em uma arena <strong>de</strong> competição<br />
que remete aos principais torneios <strong>de</strong> jogos<br />
do mundo, além <strong>de</strong> outras 34 máquinas<br />
servidas na Game Station, a área para quem<br />
quer simplesmente jogar, sem a pressão da<br />
competitivida<strong>de</strong>.<br />
“O gamer não gosta só <strong>de</strong> jogar, mas também<br />
<strong>de</strong> acompanhar os influenciadores<br />
com os quais ele mais se i<strong>de</strong>ntifica. É por<br />
essa razão que nosso time <strong>de</strong> criadores <strong>de</strong><br />
conteúdo consegue, <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
e abordando vários tópicos, para vários<br />
públicos. Por essa razão, enten<strong>de</strong>mos que<br />
o público que visitará a nossa estrutura se<br />
beneficiará <strong>de</strong>ssa parte – todo mundo já se<br />
imaginou à frente da câmera, e não apenas<br />
Zuñiga: isolamento social impulsionou games<br />
gran<strong>de</strong>s sites <strong>de</strong> venda,<br />
como americanas e<br />
amazon, registram<br />
milHões <strong>de</strong> acessos<br />
e milHares <strong>de</strong> vendas<br />
no segmento <strong>de</strong> games<br />
Fotos: Divulgação<br />
Benetti: “Enxergo gran<strong>de</strong> caminho para o metaverso”<br />
como um espectador, então <strong>de</strong>senvolvemos<br />
essa capacida<strong>de</strong> como mais uma das<br />
ofertas do XDome Gamer Lab,” diz Fernanda<br />
Leão, CEO da Final Level.<br />
A empresa também é responsável por<br />
uma das <strong>maio</strong>res networks <strong>de</strong> criadores<br />
<strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> games da América Latina.<br />
A plataforma reúne cerca <strong>de</strong> 40 gran<strong>de</strong>s<br />
criadores <strong>de</strong> conteúdo do YouTube, que alcançam<br />
quase 100 milhões <strong>de</strong> inscritos e ultrapassam<br />
500 milhões <strong>de</strong> views mensais.<br />
O portfólio <strong>de</strong> marcas parceiras apresenta<br />
gran<strong>de</strong>s anunciantes do mercado, como<br />
Oi, Coca-Cola, BTG e Monster, além da Riot<br />
Games no segmento <strong>de</strong> publishers. A Final<br />
Level também é dona da Organização <strong>de</strong> e-<br />
-Sports Gamelan<strong>de</strong>rs, 22 vezes campeã no<br />
cenário Brasileiro <strong>de</strong> Valorant.<br />
Os jogos virtuais também marcam forte<br />
presença no e-commerce e em marketplaces.<br />
Hoje, os canais <strong>de</strong> venda digitalizados<br />
oferecem <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> produtos, dos<br />
mais variados, voltados ao público gamer.<br />
Gran<strong>de</strong>s sites <strong>de</strong> venda, como Americanas<br />
e Amazon, registram milhões <strong>de</strong> acessos e<br />
milhares <strong>de</strong> vendas todos os dias – muitas<br />
<strong>de</strong>las justamente no segmento <strong>de</strong> games. E<br />
o Mercado Livre divulgou um estudo recente<br />
que apontou que, entre os produtos mais<br />
buscados no site na categoria Games e Entretenimento,<br />
estão itens como: PC gamer,<br />
PS5, Xbox e ca<strong>de</strong>ira gamer.<br />
Espaços para reunir gamers <strong>de</strong>verão se multiplicar em locais como shoppings num curto período <strong>de</strong> tempo<br />
metaverso<br />
Uma das mais recentes novida<strong>de</strong>s do<br />
mundo digital, o metaverso – ferramenta<br />
que possibilita juntar mundo virtual e mundo<br />
real – já inclui os games em seus conteúdos.<br />
“Com a popularização do metaverso,<br />
as marcas se viram ainda mais ansiosas para<br />
fazer parte <strong>de</strong>sse universo e tem muita coisa<br />
boa indo para o ar, e enxergo um gran<strong>de</strong><br />
caminho pela frente, cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas<br />
e possibilida<strong>de</strong>s”, diz Paulo Benetti, CEO<br />
da Outplay, agência fundada em 2020 especializada<br />
no mercado <strong>de</strong> influenciadores, e<br />
streamers e gestão <strong>de</strong> conteúdo com narrativas.<br />
Seu principal cliente é o Facebook.<br />
60 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Proprietária do metaverso Cida<strong>de</strong> Alta,<br />
a Outplay <strong>de</strong>senvolve eventos proprietários<br />
voltados a experiências tanto digital<br />
quanto físico. Benetti trabalha o cenário <strong>de</strong><br />
bran<strong>de</strong>d content e experience ao ajudar as<br />
marcas a a<strong>de</strong>ntrarem no universo gamer,<br />
expandindo as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações no<br />
metaverso, por meio <strong>de</strong> ativações em games<br />
e stream, além <strong>de</strong> eventos híbridos<br />
com presença no digital e físico.<br />
A aposta tem dado resultados expressivos,<br />
garante Benetti, que cita a média <strong>de</strong><br />
250 mil pessoas simultâneas no servidor<br />
nas principais plataformas <strong>de</strong> live-streaming.<br />
Diariamente, diz ele, a Outplay veicula<br />
mais <strong>de</strong> 180 ví<strong>de</strong>os e 2 milhões <strong>de</strong> views,<br />
tanto no YouTube quanto no perfil do #Cida<strong>de</strong>Alta<br />
no TikTok. O servidor já alcançou<br />
o Trending Topics do Twitter e conta<br />
com gran<strong>de</strong>s criadores <strong>de</strong> conteúdo, como<br />
Loud Coringa, Bruno PlayHard e TheDarkness,<br />
além <strong>de</strong> parcerias com marcas como<br />
Brahma, Tin<strong>de</strong>r, Tri<strong>de</strong>nt, Submarino, Jeep,<br />
Itaú e iFood, cujas ativações têm conectado<br />
o mundo real do metaverso. A agência<br />
também foi responsável pela realização da<br />
primeira parada LGBTQIA+ em games, junto<br />
ao Facebook Inc., e do primeiro Carnaval<br />
Gamer, e mais <strong>de</strong> 100 influenciadores participando<br />
dos eventos simultaneamente em<br />
suas transmissões.<br />
perspectivas<br />
Vinicius Zuñiga, vice-presi<strong>de</strong>nte comercial<br />
da Gamers Club, subsidiária da Immortals<br />
Gaming Club (IGC), uma das <strong>maio</strong>res<br />
plataformas <strong>de</strong> esportes eletrônicos da<br />
América Latina, que atualmente conta com<br />
mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> usuários cadastrados,<br />
sustenta que a pan<strong>de</strong>mia da Covid-19,<br />
apesar <strong>de</strong> ter interferido no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> novos produtos e gerado atraso<br />
em diversos lançamentos <strong>de</strong> peso, por outro<br />
lado impulsionou o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong><br />
jogos para uma <strong>maio</strong>r parte da população,<br />
por conta principalmente do isolamento<br />
social a que ficou exposta. Com isso, diz,<br />
as marcas vêm buscando cada vez mais se<br />
aproximar <strong>de</strong>sse público e, principalmente,<br />
como se conectar com ele <strong>de</strong> forma relevante<br />
e orgânica.<br />
“É importante falar que a pan<strong>de</strong>mia<br />
impulsionou, mas foi a própria indústria,<br />
com novos jogos sendo <strong>de</strong>senvolvidos e<br />
investimentos sendo feitos, que conseguiu<br />
reter essas pessoas. Alguns e-Sports conseguiram<br />
se adaptar rapidamente para um<br />
novo mo<strong>de</strong>lo e seguir com conteúdo mesmo<br />
no período conturbado. Aqui dá pra<br />
falar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Overwatch League no cenário<br />
global, até o crescimento do interesse pelo<br />
xadrez, que obviamente veio junto <strong>de</strong> investimentos<br />
no chess.com, streamers jogando<br />
o jogo e campeonatos em formatos<br />
novos”, ressalta Zuñiga.<br />
Ele acredita que em breve haverá uma<br />
nova onda <strong>de</strong> inovações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada gênero.<br />
Um primeiro exemplo, cita, foi o próprio<br />
El<strong>de</strong>n Ring, que li<strong>de</strong>rou as vendas na<br />
Steam por três semanas consecutivas e até<br />
Monitor Agon PD27 inspirado nos carros da marca Porsche e voltado para gamers profissionais<br />
“por ser uma forma <strong>de</strong><br />
consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />
superimersiva,<br />
a perspectiva é que<br />
os jogos se consoli<strong>de</strong>m<br />
cada vez mais como<br />
clusters essenciais”<br />
hoje não saiu dos Top 10 títulos mais vendidos<br />
na plataforma. “Acredito que aconteceu<br />
em parte por causa da ‘seca’, que não<br />
foi respondida por outros lançamentos com<br />
muito hype por trás, como Cyberpunk 2077.<br />
As vivências <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> jogos estourando<br />
também são prece<strong>de</strong>ntes importantes para<br />
a conversa <strong>de</strong> metaverso hoje”, afirma.<br />
Zuñiga vê como obstáculo ao futuro do<br />
mercado <strong>de</strong> games a rejeição por uma gran<strong>de</strong><br />
parte da comunida<strong>de</strong> sobre como marcas,<br />
executivos famosos e o próprio Facebook<br />
se apropriam como um “metaverso”,<br />
que frequentemente está junto <strong>de</strong> outros<br />
temas como Crypto games e NFTs. “Alguns<br />
caminhos são a comunida<strong>de</strong> dos jogos<br />
a<strong>de</strong>rir ao metaverso como um gênero, ou<br />
a rejeição causar o esquecimento e a gran<strong>de</strong><br />
perda <strong>de</strong> investimento das empresas<br />
<strong>de</strong> jogos que querem entrar nesse cenário.<br />
Divulgação<br />
Foi um pouco o caso com o próprio Second<br />
Life, uns anos atrás, que tinha essa mesma<br />
proposta”, disse.<br />
O vice-presi<strong>de</strong>nte comercial da Gamers<br />
Club antevê diversas perspectivas <strong>de</strong> crescimento<br />
nesse mercado, além dos jogos<br />
digitais propriamente ditos, e cita como<br />
exemplo mais possibilida<strong>de</strong>s na nova geração<br />
<strong>de</strong> consoles e <strong>maio</strong>r público advindo da<br />
pan<strong>de</strong>mia.<br />
“As marcas já estão virando a cabeça<br />
<strong>de</strong> vez na direção <strong>de</strong>sse mercado e, com<br />
<strong>maio</strong>r investimento, veremos crescimento<br />
acelerado, mas obviamente a comunida<strong>de</strong><br />
gamer terá <strong>de</strong> ser ouvida. Também temos a<br />
tendência <strong>de</strong> mobile, console e PC se misturarem.<br />
Jogos cross plataform estão virando<br />
cada vez mais comuns e Genshin Impact,<br />
que não é um jogo necessariamente mobile,<br />
só roda na plataforma, ganhou Jogo Mobile<br />
do Ano no Game Awards passado. Claro que<br />
a tecnologia <strong>de</strong> aparelhos acessível para a<br />
população vai ser fator limitante quanto ao<br />
nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogos que po<strong>de</strong>m<br />
rodar no celular, mas já vemos gran<strong>de</strong>s empresas,<br />
como Riot e Ubisoft, entrando nessa<br />
onda (Rainbow Six, Wild Rift e Valorant<br />
mobile). Por ser uma forma <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />
conteúdo superimersiva, a perspectiva é<br />
que os jogos e as comunida<strong>de</strong>s se consoli<strong>de</strong>m<br />
cada vez mais como clusters essenciais<br />
para que marcas se planejem e procurem<br />
formas <strong>de</strong> se aproximar”, finaliza Zuniga.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 61
PROPMARK 57 ANOS<br />
Divulgação<br />
A governança a favor<br />
do talento brasileiro<br />
luiz lara*<br />
A<br />
publicida<strong>de</strong>, já disse Sergio Valente,<br />
é a indústria que movimenta as<br />
outras indústrias. Tenho o privilégio<br />
<strong>de</strong>, nos últimos 40 anos (<strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
os 19), conviver e empreen<strong>de</strong>r na publicida<strong>de</strong><br />
que cria, constrói, posiciona e conecta<br />
marcas com milhões <strong>de</strong> consumidores, gerando<br />
uma percepção <strong>de</strong> valor muito <strong>maio</strong>r<br />
do que o estampado na etiqueta <strong>de</strong> preço.<br />
É a publicida<strong>de</strong> que faz a roda da economia<br />
girar, <strong>de</strong>senvolvendo novas categorias <strong>de</strong><br />
produtos e serviços, abrindo mercados, gerando<br />
riquezas, empregos e impostos. Tudo<br />
a partir da força das gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong><br />
campanhas memoráveis que fazem parte<br />
da cultura popular. Porém, só temos essa<br />
indústria da comunicação tão pujante porque<br />
soubemos organizar uma governança<br />
que prestigiou o talento brasileiro.<br />
Temos um mercado próspero, livre e<br />
ético porque os publicitários que nos antece<strong>de</strong>ram<br />
construíram o caminho para<br />
florescer o talento e essas gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias.<br />
Nossa indústria cresceu porque em 1980,<br />
há 42 anos, criou o Conar – Conselho <strong>de</strong> Autorregulamentação<br />
Publicitária, que, junto<br />
com o Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor e<br />
a legislação vigente, protegem os direitos<br />
do cidadão. Campanhas abusivas foram retiradas<br />
do ar graças à participação ativa e<br />
voluntária da socieda<strong>de</strong> civil, que julga livremente<br />
os conteúdos a partir <strong>de</strong> manifestações<br />
<strong>de</strong> cidadãos e empresas que se sentem<br />
atingidos pela publicida<strong>de</strong> antiética.<br />
A prosperida<strong>de</strong> da nossa indústria tem um<br />
importante marco em 1998, quando lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />
agências, veículos <strong>de</strong> comunicação e anunciantes<br />
se uniram e criaram o Cenp – Fórum<br />
da Autorregulação do Mercado Publicitário,<br />
procurando sempre harmonizar os interesses<br />
legítimos <strong>de</strong> anunciantes, veículos e agências<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. A busca do equilíbrio entre<br />
todas as partes sempre foi uma constante,<br />
inclusive com a expansão digital, por meio<br />
dos novos elos, criando um ambiente neutro,<br />
com diálogo aberto e franco, para emularmos<br />
as melhores práticas como referência<br />
para um mercado livre. Há mais <strong>de</strong> 20 anos,<br />
o Cenp enten<strong>de</strong> e valoriza o po<strong>de</strong>r da propaganda<br />
para os negócios, para a economia<br />
e para a socieda<strong>de</strong>. O recente levantamento<br />
do Cenp-Meios, com a informações prestadas<br />
por 298 agências, mostrou que nossa indústria<br />
movimentou R$ 19,7 bilhões em 2021; e<br />
um estudo da Deloitte comprovou que, <strong>de</strong><br />
cada R$ 1 investido em publicida<strong>de</strong>, são gerados<br />
R$ 8,54 na economia. Por isso somos a<br />
indústria <strong>de</strong> ponta da economia criativa.<br />
É o momento <strong>de</strong> ver novas gerações <strong>de</strong><br />
li<strong>de</strong>ranças participarem da transformação<br />
pela qual nossa indústria passa, tais como<br />
Hugo Rodrigues, Sergio Gordilho, Marcio<br />
Santoro, Edu Simon, Marcio Oliveira, Vini<br />
Reis, Luiz Fernando Musa, Filipe Bartholomeu,<br />
Luiz Sanches, Rafael Pitanguy, Marcia<br />
Esteves, André Gola, Eduardo Lorenzi, Camila<br />
Costa, Keka Morelle, Marcio Toscani,<br />
Marcelo Reis, Felipe Simi, Valéria Barone,<br />
Lica Bueno, Erh Ray, Guga Ketzer, João Livi<br />
e André Kassu, entre muitos outros.<br />
Lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> agências que colocam no ar<br />
diariamente inúmeras campanhas. Essas<br />
campanhas só acontecem com a participação<br />
ativa, do briefing à aprovação, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
profissionais dos anunciantes, como<br />
Igor Puga, Frank Pflaumer, João Campos,<br />
Ilca Sierra, Mauro Madruga, Patriciana<br />
Rodrigues, Ariel Grunkraut, Hermann<br />
Mahnke, Fabio Toreta, Mafê Albuquerque,<br />
Cris Larrou<strong>de</strong> e Danielle Bibas, entre muitos<br />
outros que os antece<strong>de</strong>ram e também<br />
estão fazendo a diferença no mercado.<br />
Por parte dos veículos e dos novos elos digitais,<br />
são muitos também os profissionais,<br />
como Manzar Feres, Fred Müller, Daniel Simões,<br />
Alarico Assumpção, Alexandre Guerreiro,<br />
Rafael Soriano, Celia Biondi, Marcelo<br />
Benez, Paulo Pessoa, Fabio Coelho, Ana<br />
Moises e Fiamma Zarife. É impossível nominar<br />
todos, porque a cada dia surgem novos<br />
talentos num mundo multiplataforma,<br />
nessa gran<strong>de</strong> avenida digital que estamos<br />
percorrendo, on<strong>de</strong> a publicida<strong>de</strong> continua<br />
sendo a indústria da liberda<strong>de</strong>. Uma indústria<br />
que informa, educa, entretém, cria hábitos<br />
<strong>de</strong> consumo, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a diversida<strong>de</strong>,<br />
posiciona a causa e o propósito das marcas.<br />
Uma indústria feita por pessoas para pessoas.<br />
Creiam: é essa governança que permitiu<br />
à publicida<strong>de</strong> brasileira ganhar asas e se tornar<br />
uma das mais criativas e premiadas do<br />
mundo. Agora que o Festival <strong>de</strong> Cannes se<br />
aproxima, veremos novamente essa indústria<br />
brilhar com cases fantásticos e criativos.<br />
Vamos juntos continuar protagonizando<br />
nosso <strong>de</strong>stino, promovendo as melhores<br />
práticas com o talento e a força das<br />
gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias.<br />
“É O MOMENTO DE<br />
VER NOVAS GERAÇÕES<br />
DE LIDERANÇAS<br />
PARTICIPAREM DA<br />
TRANSFORMAÇÃO<br />
PELA QUAL NOSSA<br />
INDÚSTRIA PASSA”<br />
*Luiz Lara é chairman da Lew’Lara\TBWA<br />
e presi<strong>de</strong>nte do Cenp<br />
l.lara@lewlaratbwa.com.br<br />
62 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Áudio potencializa<br />
a economia criativa<br />
Renata Lodi*<br />
O<br />
setor da economia criativa vem<br />
se <strong>de</strong>senvolvendo consistentemente<br />
a cada ano, impactado pelo<br />
aumento do acesso à internet e às<br />
novas tecnologias. Em um contexto atual<br />
tão dinâmico e inovador que vivemos, o<br />
streaming, sem dúvida, já é intrínseco a este<br />
cenário econômico criativo.<br />
O áudio, que sempre foi uma ferramenta<br />
po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> expressão criativa, quando<br />
atrelado ao streaming, se tornou ainda mais<br />
potente, contribuindo não apenas para o<br />
crescimento da indústria, mas também<br />
para sua <strong>de</strong>mocratização. As velhas barreiras<br />
<strong>de</strong> entrada não existem mais; o sucesso<br />
po<strong>de</strong> vir <strong>de</strong> qualquer lugar do mundo e<br />
qualquer pessoa.<br />
O streaming não apenas gera receitas<br />
recor<strong>de</strong>s na indústria da música ano após<br />
ano, como cada vez há mais artistas compartilhando<br />
esse sucesso. A expectativa<br />
é que muitos mais usufruam do incrível<br />
impacto que o streaming e o Spotify estão<br />
tendo em tornar a indústria da música mais<br />
lucrativa e equitativa.<br />
Hoje, o impacto cultural e monetário da<br />
plataforma é sem prece<strong>de</strong>ntes: em 2021, o<br />
Spotify pagou US$ 7B à indústria musical,<br />
mais do que qualquer outro serviço. Na era<br />
do CD, 25% da receita <strong>de</strong> música era <strong>de</strong>stinada<br />
aos top 50 artistas. No ano passado, só<br />
12% da receita foi para os 50 <strong>maio</strong>res artistas.<br />
Pela primeira vez, mais <strong>de</strong> mil artistas<br />
geraram um valor superior a US$ 1 milhão<br />
pelo Spotify e, impulsionadas pelo streaming,<br />
as principais gravadoras tiveram<br />
mais <strong>de</strong> US$ 4 bilhões <strong>de</strong> lucro em 2021.<br />
Esses dados são do Loud & Clear, site voltado<br />
para artistas e profissionais da indústria<br />
musical enten<strong>de</strong>rem melhor o sistema <strong>de</strong><br />
royalties, os players e as informações sobre<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento e o estado econômico<br />
do streaming <strong>de</strong> música, que mostram que<br />
a indústria está mais saudável do que nunca.<br />
Assim como o Spotify transformou a indústria<br />
da música li<strong>de</strong>rando a revolução do<br />
streaming, estamos contribuindo para impulsionar<br />
o crescimento explosivo do podcasting.<br />
Só no primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano,<br />
vimos um aumento <strong>de</strong> dois dígitos ano a ano<br />
em novos podcasts na plataforma nos principais<br />
mercados em crescimento na América<br />
Latina e no resto do mundo, com mais <strong>de</strong><br />
85% da criação <strong>de</strong> novos podcasts ocorrendo<br />
em nossa plataforma Anchor, por exemplo.<br />
Mudamos a maneira como as pessoas ouvem<br />
e criam música e queremos trazer esse<br />
mesmo tipo <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> transformadora<br />
para o negócio <strong>de</strong> podcast. Proporcionar a<br />
artistas e criadores <strong>de</strong> conteúdo a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> viver <strong>de</strong> sua arte sempre foi a<br />
missão principal do Spotify e continuamos<br />
comprometidos em servir criadores com<br />
novas habilida<strong>de</strong>s para contar suas histórias<br />
e também a criar e apoiar uma indústria<br />
<strong>de</strong> áudio mais diversificada.<br />
Mas no mundo em que vivemos precisamos<br />
também garantir que as vozes que<br />
estão sendo elevadas sejam cada vez mais<br />
diversas e plurais. Para ajudar nessa missão<br />
nos últimos anos, o Spotify <strong>de</strong>senvolveu<br />
uma série <strong>de</strong> iniciativas, como Sound Up e<br />
Podcast Aca<strong>de</strong>my, por exemplo. No Brasil,<br />
o Sound Up apoia jovens negros e indígenas<br />
com orientação e recursos para que possam<br />
construir e estabelecer carreiras ao longo<br />
da vida em podcasting e para que suas<br />
i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> conteúdo se tornem programas <strong>de</strong><br />
sucesso no universo do áudio.<br />
Já no Podcast Aca<strong>de</strong>my, o objetivo é compartilhar<br />
o conhecimento da indústria <strong>de</strong><br />
podcast com os criadores por meio <strong>de</strong> aulas<br />
e workshops, suporte <strong>de</strong> comunicação,<br />
além <strong>de</strong> acesso ao ecossistema <strong>de</strong> ferramentas<br />
e plataformas do Spotify.<br />
Proporcionar ferramentas é um ponto-<br />
-chave para que possamos <strong>de</strong> fato construir<br />
uma comunida<strong>de</strong> criativa cada vez<br />
mais ampla. Permitir que todos, <strong>de</strong> artistas<br />
a compositores, editores e gravadoras, a<br />
podcasters, entendam melhor seu público,<br />
envolvam e aumentem sua base <strong>de</strong> fãs, monetizem<br />
e cumpram seu potencial artístico<br />
é o caminho para o fortalecimento da economia<br />
criativa <strong>de</strong> áudio no mundo<br />
“O áudiO, que sempre<br />
fOi uma ferramenta<br />
pO<strong>de</strong>rOsa <strong>de</strong><br />
expressãO criativa,<br />
quandO atreladO aO<br />
streaming, se tOrnOu<br />
ainda mais pOtente”<br />
*Renata Lodi é head <strong>de</strong><br />
marketing Latam no Spotify<br />
renatalodi@spotify.com<br />
64 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Bom mesmo era...<br />
Marco Giannelli (Pernil)*<br />
Tem uma frase do Riobaldo, personagem<br />
<strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas,<br />
que eu adoro: “Eu quase que<br />
nada não sei. Mas <strong>de</strong>sconfio <strong>de</strong><br />
muita coisa”.<br />
Num mundo repleto <strong>de</strong> gurus, xamãs<br />
e Mães Dinah do metaverso capazes <strong>de</strong><br />
antecipar com exatidão os <strong>de</strong>stinos da<br />
humanida<strong>de</strong>, esta citação sempre me<br />
ajudou a manter os pés no chão e ter humilda<strong>de</strong><br />
para reconhecer que tudo o que<br />
eu consigo prever se resume a alguns<br />
achismos.<br />
E, se eu penso que é difícil dizer como<br />
será o futuro, igualmente traiçoeiro é tentar<br />
falar com proprieda<strong>de</strong> do passado.<br />
Explico. Des<strong>de</strong> que entrei na propaganda,<br />
sempre ouvi o mesmo mantra das pessoas<br />
que já trabalhavam há mais tempo: “Bom<br />
mesmo era naquela época...”.<br />
Bons mesmo eram os comerciais dos<br />
anos 1980: a bonita camisa do Fernandinho,<br />
os bilhetinhos dizendo para não<br />
esquecer a minha Caloi, o orelhão que<br />
morria no meio da rua, o primeiro sutiã<br />
da adolescente, o Bombril do Carlinhos<br />
Moreno, o Hitler da Folha <strong>de</strong> S.Paulo.<br />
E olha que eu ouvia isso na meta<strong>de</strong> dos<br />
anos 1990, quando fazia estágio e a propaganda<br />
na TV mostrava que tal coisa<br />
não era nenhuma Brastemp, que só mesmo<br />
um louco pra ter um filho, que tinha<br />
coisas que só a Philco fazia pra você, que<br />
alguns japoneses eram mais criativos que<br />
os japoneses dos outros e a VW era tão<br />
confiável que o controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
checava tudo duas vezes.<br />
Diziam que bons mesmo não eram apenas<br />
os filmes. Eram os salários, as agências,<br />
os uísques, os clientes, as festas, os<br />
diretores, as produções com diárias e orçamentos<br />
infinitos, as cestas com panetones<br />
no fim do ano e por aí vai.<br />
Tão impossível quanto negar a magia<br />
<strong>de</strong> todas essas campanhas, seria esquecer<br />
as vantagens da época. Mas a tal da nostalgia,<br />
como já foi comprovado, nos traz<br />
uma lembrança apenas parcial: ignora,<br />
por exemplo, infinitas horas trabalhadas<br />
na madrugada (e com o orgulho estampado<br />
nas olheiras <strong>de</strong> quem julgava merecer<br />
uma medalha), estilos “enérgicos” <strong>de</strong><br />
chefiar que <strong>de</strong>pois receberiam o nome <strong>de</strong><br />
assédio moral e coisas que pareciam normais<br />
e sequer estavam em pauta.<br />
Não, eu não sou um sujeito otimista e<br />
muito menos perto da perfeição. Bem longe<br />
disso. Driblar os processos <strong>de</strong>sgastantes<br />
e complicados <strong>de</strong> hoje não é fácil. Mas,<br />
tentando enxergar o fundinho meio cheio<br />
do copo, acho que o terreno nunca foi tão<br />
vasto para a criativida<strong>de</strong>. Hoje é possível<br />
ganhar um Grand Prix no Festival <strong>de</strong> Cannes<br />
com um clipe musical e um Oscar em<br />
Hollywood com um curta-metragem bancado<br />
por uma marca. Dois exemplos que<br />
não estão mais restritos àqueles efêmeros<br />
30 segundos e são criação pura.<br />
Além disso, temas que foram esquecidos<br />
durante muito tempo ganham cada<br />
vez mais espaço, e nos fazem prestar mais<br />
atenção e enten<strong>de</strong>r melhor sobre diversida<strong>de</strong><br />
e inclusão (convidar para a festa e<br />
chamar para dançar), equida<strong>de</strong> (perguntar<br />
se tem roupa para ir), saú<strong>de</strong> mental<br />
etc. Mesmo admitindo o quão longe ainda<br />
estamos do i<strong>de</strong>al, os primeiros passos estão<br />
sendo dados. E, sim, precisamos acelerar<br />
muito mais, eu sei.<br />
Por isso, apesar <strong>de</strong> todo o perrengue e<br />
baixo-astral que volta e meia toma conta<br />
do mercado, eu tendo a acreditar que, lá<br />
na frente, a gente vai conseguir ter o distanciamento<br />
necessário para ver as coisas<br />
positivas que começaram a surgir mais recentemente.<br />
E dizer que estes dias aqui,<br />
apesar <strong>de</strong> tudo, também foram “bons<br />
tempos”. Se eu tenho alguma certeza disso?<br />
É claro que não. Mas <strong>de</strong>sconfio que eu<br />
possa estar certo.<br />
“tentando enxergar<br />
o fundinho meio cheio<br />
do copo, acho que o<br />
terreno nunca foi<br />
tão vasto para<br />
a criativida<strong>de</strong>”<br />
*Marco Giannelli (Pernil) é CCO da AlmapBBDO<br />
marco.giannelli@almapbbdo.com.br<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 65
propmark 57 anos<br />
Design vai além da estética graças<br />
à consciência social do consumidor<br />
Empresas perceberam que estratégias <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> marcas e produtos<br />
têm <strong>de</strong> levar em conta os novos tempos <strong>de</strong> ativismo da socieda<strong>de</strong><br />
Vlad Sargu/Unsplash<br />
As empresas perceberam que seu principal ativo, as marcas, tinham <strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos <strong>de</strong> ativismo social para manter uma boa imagem junto ao consumidor<br />
pedro yves<br />
Ao longo das últimas décadas, as <strong>de</strong>mandas<br />
sociais relacionadas a temas<br />
ambientais, à diversida<strong>de</strong> e à inclusão <strong>de</strong><br />
gênero, entre outros tópicos, vinham num<br />
crescendo, mas em sua <strong>maio</strong>ria permaneciam<br />
restritas a grupos <strong>de</strong> ativistas - dos<br />
quais o mais conhecido talvez seja o Greenpeace,<br />
por suas batalhas navais contra os<br />
navios baleeiros. Porém, coincidindo com<br />
a chegada do século 19, esses e outros temas<br />
passaram a mobilizar cada vez mais a<br />
socieda<strong>de</strong> e consequentemente fazer parte<br />
das estratégias <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> consumo. Afinal,<br />
o consumidor começou a tomar mais<br />
consciência dos problemas do mundo que o<br />
cerca, graças principalmente à disseminação<br />
das re<strong>de</strong>s sociais.<br />
E o fenômeno tomou impulso mais recentemente<br />
por causa da pan<strong>de</strong>mia da Covid-19<br />
- um mal que o mundo não enfrentava há<br />
mais <strong>de</strong> um século. “A questão é que a pan<strong>de</strong>mia<br />
acelerou muito esses processos, por<br />
conta das diversas crises: financeira, sanitária<br />
e antropológica. Todos nos <strong>de</strong>mos conta,<br />
principalmente as empresas, <strong>de</strong> que o governo<br />
e a socieda<strong>de</strong>, da forma como estavam<br />
organizados, não dariam conta <strong>de</strong> tudo e as<br />
empresas tiveram <strong>de</strong> entrar com seus recursos<br />
e competências. As empresas se <strong>de</strong>ram<br />
conta que possuem um papel fundamental<br />
em relação aos <strong>de</strong>safios da socieda<strong>de</strong>”, situa<br />
Luciano Deos, sócio-fundador e CEO do Gad’,<br />
uma das mais tradicionais consultorias <strong>de</strong><br />
marcas do país.<br />
Nesse novo papel, as empresas perceberam<br />
que seu principal ativo, as marcas, tinham<br />
<strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos <strong>de</strong><br />
ativismo social. Internamente, mas também<br />
para venda <strong>de</strong> imagem ao público externo.<br />
Nesse contexto, o ESG ganha relevância - na<br />
questão ambiental, social e governança a<br />
partir <strong>de</strong>ssas mudanças <strong>de</strong> paradigmas. “Os<br />
gran<strong>de</strong>s investidores do mercado financeiro<br />
enten<strong>de</strong>ram que as empresas que não estiverem<br />
alinhadas a essas práticas não vão ser<br />
bem-vistas pelo mercado e consumidores e<br />
não vão criar valor. E isso passou a ser um<br />
elemento <strong>de</strong> extrema importância na criação<br />
<strong>de</strong> valor e diferenciação das empresas, olhar<br />
para o tema e ESG, e saber trabalhar esses temas,<br />
é hoje fundamental”, completa Deos.<br />
Mas a marca, o produto que vai às gôndolas<br />
e prateleiras do comércio, também passou<br />
a ter papel relevante na propagação <strong>de</strong> prin-<br />
“O <strong>de</strong>sign tem O papel<br />
<strong>de</strong> tangibilizar<br />
Os cOnceitOs e<br />
persOnalida<strong>de</strong> criadOs<br />
para uma marca nO<br />
imagináriO das pessOas”<br />
cípios éticos. Nesse ponto, o <strong>de</strong>sign e o branding<br />
ganharam protagonismo. “O <strong>de</strong>sign tem<br />
o papel <strong>de</strong> tangibilizar os conceitos e personalida<strong>de</strong><br />
criados para uma marca no imaginário<br />
das pessoas. É por meio <strong>de</strong>le (e das experiências<br />
vividas com a marca) que a imagem se<br />
constrói. Branding é fazer isso tudo acontecer<br />
<strong>de</strong> forma propositiva, verda<strong>de</strong>ira e consistente.<br />
Branding é verbo contínuo. Evolui e requer<br />
uma gestão consistente. Já o <strong>de</strong>sign, que<br />
é parte <strong>de</strong> uma marca, é aquilo que revela em<br />
formas, cores e símbolos o que ela significa,”<br />
explica Cassia Aulisio, comunicóloga, startup<br />
advisor e CEO da Tutto Branding.<br />
A tecnologia, completa Cassia, está colocando<br />
novos canais <strong>de</strong> interação à disposi-<br />
66 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
TEM GENTE FAZENDO COISA BOA.<br />
MOSTRE QUE VOCÊ É UMA DELAS.<br />
Prêmio Colunistas.<br />
Pra quem não aceita<br />
mediocrida<strong>de</strong>.<br />
Inscrições abertas<br />
colunistas.com.br<br />
Está na hora <strong>de</strong> agências, anunciantes, criadores,<br />
fornecedores e veículos mostrarem que a comunicação<br />
brasileira continua criativa <strong>de</strong> norte a sul do país.<br />
Colunistas, há 55 anos valorizando quem<br />
sai do lugar comum.
propmark 57 anos<br />
Fotos: Divulgação<br />
pesquisas qualitativas<br />
sãO falhas pOrque Os<br />
mO<strong>de</strong>radOres sempre<br />
perguntam questões<br />
respOndidas pelO<br />
cérebrO raciOnal<br />
Nóbrega: digital <strong>de</strong>termina nova realida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sign<br />
Deos: marcas têm <strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos<br />
ção das pessoas. Com isso, o relacionamento<br />
entre marcas e pessoas tem <strong>de</strong> se aprimorar<br />
constantemente. “Tudo ficou mais próximo<br />
e, com um consumidor mais atento e bem-informado,<br />
os negócios e as marcas precisam<br />
ser ainda mais verda<strong>de</strong>iros.”<br />
Mario Narita, CEO da Narita Design, consi<strong>de</strong>rado<br />
um dos <strong>maio</strong>res especialistas em<br />
<strong>de</strong>sign do Brasil, criou um método <strong>de</strong> avaliação<br />
das reações do consumidor no momento<br />
da escolha <strong>de</strong> um produto, batizado<br />
por ele <strong>de</strong> Processo Límbico. Trata-se <strong>de</strong><br />
uma metodologia que visa revelar as emoções<br />
latentes do consumidor através da observação<br />
do seu comportamento, das suas<br />
escolhas ou <strong>de</strong> seus hábitos.<br />
Para tanto, são utilizados estímulos visuais,<br />
ambientes sensoriais, etnografia,<br />
constelação familiar, antropologia visual e<br />
<strong>de</strong>senhos. “Como ser humano, ten<strong>de</strong>mos inconscientemente<br />
a nos proteger através da<br />
racionalização das nossas atitu<strong>de</strong>s e das nossas<br />
respostas,” diz Narita.<br />
Ele conta que o processo nasceu após observar<br />
que as avaliações das embalagens pelas<br />
pesquisas qualitativas eram falhas porque os<br />
mo<strong>de</strong>radores sempre perguntavam questões<br />
respondidas pelo cérebro racional dos entrevistados,<br />
“ainda hoje o mesmo método é utilizado<br />
pelas gran<strong>de</strong>s companhias”, ressalta.<br />
“Como ser humano ten<strong>de</strong>mos a mentir ou<br />
omitir quando se exigem respostas rápidas,<br />
sobre pressão ou quando não <strong>de</strong>sejamos ver<br />
nossa imagem <strong>de</strong>turpada na frente <strong>de</strong> outras<br />
pessoas. Comportamentos que são manifestados<br />
constantemente nas pesquisas qualitativas.<br />
Porém, através do Processo Límbico,<br />
capturamos o ‘não dito’, isto é, o que o nosso<br />
cérebro racional não consegue camuflar. O<br />
processo é tão revelador que possibilita diferentes<br />
insights: não só para embalagens, assim<br />
como para novos posicionamentos, inovações<br />
e linguagem visual da marca”, garante<br />
Narita, que complementa, “acreditamos que,<br />
uma vez acessado tanto o comportamento ou<br />
a emoção, o consumidor se abrirá para um<br />
diálogo genuíno e duradouro com a marca”.<br />
O omnichannel é outro processo cada<br />
vez mais utilizado pelas marcas para atingir<br />
o consumidor. Foi uma evolução natural do<br />
surgimento das tecnologias digitais, mídias<br />
sociais e dispositivos móveis, que levou a<br />
mudanças significativas no ambiente <strong>de</strong> varejo,<br />
permitindo às marcas re<strong>de</strong>senharem<br />
suas estratégias <strong>de</strong> marketing e produtos. Os<br />
clientes ten<strong>de</strong>m a buscar informações na loja<br />
física e, ao mesmo tempo, obter informações<br />
adicionais <strong>de</strong> seus dispositivos móveis sobre<br />
ofertas e, possivelmente, melhores preços.<br />
“O omnichannel é uma discussão forte<br />
e presente nas empresas. As que nasceram<br />
100% no digital tiveram <strong>maio</strong>r facilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar ao novo contexto <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia,<br />
pois é muito mais fácil <strong>de</strong> se apropriar<br />
da questão física, além <strong>de</strong> serem muito mais<br />
capitalizadas. Mas a questão central aqui não<br />
é como unir, é como ter um negócio que pensa<br />
o omnichannel como forma única, não em<br />
juntar duas coisas e ser uma coisa só. Olhando<br />
fundamentalmente a experiência do<br />
cliente, do usuário, é preciso enten<strong>de</strong>r como<br />
eu entrego uma melhor experiência e se ela<br />
passa por momentos físicos e digitais. Eu<br />
tenho <strong>de</strong> olhar para o consumidor no centro<br />
da minha solução, para ter uma entrega <strong>de</strong><br />
valor através <strong>de</strong> uma experiência, olhando<br />
para as ferramentas físicas e digitais. E ainda<br />
temos novas ferramentas e novos universos<br />
vindo aí, como o metaverso, por exemplo,”<br />
afirma Deos.<br />
Para Gabriel Nóbrega, sócio-diretor <strong>de</strong><br />
filmes da Vetor Zero/Lobo, um dos <strong>maio</strong>res<br />
Cassia: tudo ficou mais próximo com consumidor atento<br />
estúdios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign do Brasil, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da tecnologia digital caminhou paralelamente<br />
às <strong>de</strong>mandas sociais na nova<br />
realida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sign. O mercado publicitário,<br />
diz ele, sempre se<strong>de</strong>nto por novida<strong>de</strong>,<br />
foi <strong>de</strong>mandando da empresa projetos cada<br />
vez mais ousados, on<strong>de</strong> a pós-produção era<br />
protagonista da peça. “A Vetor Zero surgiu no<br />
início dos anos 1990, quando apareceram as<br />
primeiras estações <strong>de</strong> computação gráfica, as<br />
Silicon Graphics. Num momento que a tecnologia<br />
ainda era muito rudimentar, on<strong>de</strong><br />
tudo era feito a partir <strong>de</strong> códigos e números,<br />
a empresa se <strong>de</strong>dicava a fazer principalmente<br />
flying logos. Conforme a computação gráfica<br />
foi evoluindo, o mercado publicitário foi <strong>de</strong>mandando<br />
cada vez mais”, diz Nóbrega.<br />
Nesta mesma época, o <strong>de</strong>sign gráfico começou<br />
a <strong>de</strong>spontar no mundo: apareceram<br />
as primeiras versões do After Effects. Foi por<br />
volta dos anos 2000 que a Vetor Zero trazendo<br />
toda essa expertise do motion graphics<br />
começou a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser uma pós-produtora<br />
para se tornar uma produtora autônoma,<br />
com os próprios diretores e um time <strong>de</strong> <strong>de</strong>signer<br />
renomados que traziam pra <strong>de</strong>ntro e<br />
produziam tudo o que havia <strong>de</strong> mais atual no<br />
universo no <strong>de</strong>sign mundial.<br />
Narita: ten<strong>de</strong>mos a nos proteger pela racionalização<br />
68 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
Divulgação<br />
Colaboração: da porta<br />
para <strong>de</strong>ntro e para fora<br />
Leonardo ChebLy*<br />
É<br />
muito mais fácil para nós, que atuamos<br />
no ecossistema da publicida<strong>de</strong><br />
e do marketing, ter uma percepção<br />
mais próxima e real do que é e, principalmente,<br />
do impacto positivo da economia<br />
criativa. Até porque, mais do que fazer<br />
parte <strong>de</strong>la na essência, é o nosso negócio que<br />
faz, na <strong>maio</strong>ria dos casos, o negócio dos nossos<br />
clientes prosperar cada vez mais graças<br />
às soluções criativas que <strong>de</strong>senvolvemos e<br />
conseguimos oferecer.<br />
Nesse pensamento, a economia criativa<br />
hoje não tem – e nem po<strong>de</strong> ter – mais barreiras.<br />
Mesmo as indústrias e segmentos mais<br />
“duros”, baseados em commodities ou produtos<br />
e serviços básicos, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem se<br />
beneficiar <strong>de</strong>ssa ferramenta para ir além. E<br />
cabe a nós participar <strong>de</strong>sse processo da melhor<br />
forma possível.<br />
Olhando para <strong>de</strong>ntro, na NEOOH, nosso<br />
primeiro passo foi exatamente pensar como<br />
po<strong>de</strong>ríamos ser mais criativos e inovadores<br />
em um segmento tão concorrido como o <strong>de</strong><br />
out of home, que até muito pouco tempo<br />
atrás tinha entregas bem semelhantes não<br />
só entre os players do setor, mas também ao<br />
início arcaico da comunicação outdoor, com<br />
placas, painéis e cartazes tradicionais. E nós<br />
nos baseamos nos pilares da economia criativa,<br />
unindo criativida<strong>de</strong>, inovação e tecnologia,<br />
para buscar essas respostas.<br />
Encontramos muitos caminhos não olhando<br />
para <strong>de</strong>ntro, para os próprios concorrentes<br />
ou mesmo só para o nosso mercado, mas<br />
para aquilo que acontecia no mundo, o que<br />
estava moldando o futuro e como nossos<br />
produtos e serviços po<strong>de</strong>riam ser parte disso.<br />
No nosso caso, a digitalização foi muito<br />
mais necessida<strong>de</strong> que criativida<strong>de</strong>, então<br />
procuramos dar um passo além: mais do que<br />
só telas digitais, como elas po<strong>de</strong>m ser mais<br />
interativas? Como entregar conteúdo <strong>de</strong> forma<br />
mais relevante e interessante que apenas<br />
publicida<strong>de</strong> tradicional? Como ampliar nossas<br />
entregas para qualquer lugar, indo além<br />
dos nossos pontos físicos?<br />
É em exercícios como esse que vemos a<br />
economia criativa fazer sentido – e numa<br />
lógica que cabe para qualquer negócio.<br />
Por aqui, chegamos a um conceito que ajudou<br />
a permear todas as iniciativas: o Phygital.<br />
Na união entre o físico e o digital, paramos<br />
<strong>de</strong> falar em telas e passamos a pensar<br />
em entregas que vão além <strong>de</strong> qualquer barreira<br />
material.<br />
Isso nos fez evoluir e chegar em métricas<br />
muito mais avançadas, em conteúdo como<br />
um pilar fundamental <strong>de</strong> engajamento, entretenimento<br />
e informação da nossa audiência,<br />
em novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio, on<strong>de</strong><br />
o smartphone nas mãos <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós<br />
po<strong>de</strong> ser um canal po<strong>de</strong>roso também para<br />
o OOH, e até em como retribuir à socieda<strong>de</strong><br />
o sucesso da operação, inspirados nos conceitos<br />
trazidos pelo ESG que nos levaram a<br />
abraçar projetos que zeram nossa pegada <strong>de</strong><br />
carbono e promovem formação para quem<br />
não tinha acesso à educação profissional.<br />
E no meio <strong>de</strong> todo esse processo, ficou<br />
claro que a economia criativa traz outro<br />
elemento primordial, tão <strong>de</strong>batido na nossa<br />
indústria: a colaboração. Vimos, da porta<br />
para <strong>de</strong>ntro, que nenhum <strong>de</strong>sses projetos<br />
aconteceria sem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong><br />
parceiros que garantem essas expertises<br />
complementares, fazendo nosso planejamento<br />
realmente sair do papel, aplicando<br />
os skills necessários ou mesmo corrigindo a<br />
rota pela experiência <strong>de</strong> quem é especialista<br />
no que faz. Vimos projetos que inicialmente<br />
pareciam não ter nada a ver com o nosso core<br />
business, que po<strong>de</strong>riam ser só <strong>de</strong>vaneios, se<br />
tornar uma realida<strong>de</strong> rentável e gerar novos<br />
produtos e serviços.<br />
Hoje, queremos ser exatamente esse parceiro<br />
<strong>de</strong> quem ainda não sabe como, mas que<br />
quer, po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve pensar em como a criativida<strong>de</strong>,<br />
a tecnologia e a inovação po<strong>de</strong>m transformar<br />
o seu negócio em algo mais efetivo,<br />
lucrativo e produtivo. E queremos continuar<br />
encontrando parceiros para que o nosso<br />
negócio também não pare <strong>de</strong> evoluir, nesse<br />
ciclo virtuoso da colaboração. Fazendo a diferença<br />
na vida das empresas e das pessoas<br />
a todo momento – especialmente a partir da<br />
hora em que cada um <strong>de</strong> nós sai <strong>de</strong> casa.<br />
“a economia criativa<br />
traz outro elemento<br />
primordial, tão<br />
<strong>de</strong>batido na<br />
nossa indústria:<br />
a colaboração”<br />
*Leonardo Chebly é CEO da NEOOH<br />
leonardo@jchebly.com.br<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 69
PROPMARK 57 ANOS<br />
Divulgação<br />
Economia criativa<br />
movimenta negócios<br />
nelcina tropardi*<br />
A<br />
comunicação sempre foi uma ativida<strong>de</strong><br />
estratégica para as marcas,<br />
com gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> movimentar<br />
os negócios – o sucesso das lives<br />
enquanto estávamos isolados <strong>de</strong>vido à<br />
pan<strong>de</strong>mia é um bom recorte do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse<br />
setor, assim como o retorno do patrocínio<br />
das marcas aos festivais <strong>de</strong> músicas que<br />
voltaram a ser realizados presencialmente<br />
neste ano. Para as marcas, a comunicação é<br />
fundamental na superação <strong>de</strong> crises e tem<br />
uma enorme potência colaborativa. Porém,<br />
o impacto causado pela Covid-19, e suas<br />
transformações em diversos setores da socieda<strong>de</strong>,<br />
mudou a rota das estratégias <strong>de</strong><br />
comunicação das marcas.<br />
Costumo dizer que as marcas sempre<br />
foram po<strong>de</strong>rosos arautos que disseminam<br />
valores e i<strong>de</strong>ias, influenciando a socieda<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, como um dos efeitos pós-pan<strong>de</strong>mia,<br />
vemos que é preciso ir além da simples<br />
influência, <strong>de</strong> forma que as marcas que<br />
queiram se manter relevantes, se conectar<br />
genuinamente com seus consumidores e<br />
manter sua reputação precisam contribuir<br />
para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor,<br />
focando nas <strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong>, sejam<br />
elas ambientais, sociais ou culturais.<br />
A publicida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> mais ser <strong>de</strong>slocada<br />
da realida<strong>de</strong>, precisa agir com responsabilida<strong>de</strong><br />
e tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> provocar<br />
reflexões e <strong>de</strong>bates sobre temas importantes<br />
que rompam estereótipos e valores ultrapassados,<br />
como diversida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong><br />
e inclusão. Com o propósito <strong>de</strong> “mobilizar<br />
o marketing para transformar os negócios<br />
e a socieda<strong>de</strong>”, a agenda <strong>de</strong> DE&I faz parte<br />
das iniciativas da ABA. Em abril <strong>de</strong>ste<br />
ano, a ABA trouxe para o Brasil o ABA SXSW<br />
Insights <strong>2022</strong>, que refletiu sobre um dos<br />
<strong>maio</strong>res eventos <strong>de</strong> inovação e criativida<strong>de</strong><br />
do mundo e, <strong>de</strong>ntre os insights que ficam<br />
para o mercado anunciante, está justamente<br />
a importância da valorização do humano<br />
e da diversida<strong>de</strong> como caminho para a<br />
criativida<strong>de</strong> e, consequentemente, para a<br />
inovação. Assim, como estratégia para se<br />
manterem relevantes diante <strong>de</strong> um novo<br />
consumidor, as marcas buscam por inovação<br />
e soluções cada vez mais criativas. Mas,<br />
inovação é, <strong>de</strong>ntre outros motivos, resultado<br />
da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas com as quais<br />
trabalhamos. Portanto, se esperamos que<br />
as marcas sejam progressistas nesse sentido,<br />
precisamos <strong>de</strong> uma cultura diversa em<br />
toda a ca<strong>de</strong>ia, dos colaboradores da empresa<br />
às agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />
A segunda edição do estudo Oldiversity®,<br />
divulgado em 2021 pelo Grupo Croma,<br />
mostrou que 67% das pessoas entrevistadas<br />
<strong>de</strong>sejam que exista mais diversida<strong>de</strong><br />
nas marcas e nas empresas. O mesmo estudo<br />
também revelou que 72% dos LGB-<br />
TQIA+ entrevistados gostariam <strong>de</strong> ver mais<br />
propagandas com elementos <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>.<br />
Marcas mais progressistas e inclusivas<br />
ten<strong>de</strong>m a apresentar melhor performance,<br />
pois os públicos excluídos, em geral, constituem<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong>ixadas<br />
para trás por muitas marcas.<br />
Chegamos ao fim da era <strong>de</strong> uma comunicação<br />
<strong>de</strong>slocada da realida<strong>de</strong>. É preciso<br />
agir com responsabilida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong><br />
uma publicida<strong>de</strong> cada vez mais consciente,<br />
humana e engajada na busca por uma socieda<strong>de</strong><br />
mais justa, próspera e sustentável.<br />
O mercado dita as inovações, a tecnologia<br />
está em evolução todos os dias, mas<br />
a criativida<strong>de</strong> está nas pessoas. Inovação<br />
é, portanto, a ação <strong>de</strong> colocar em prática<br />
nossas i<strong>de</strong>ias criativas para impactar<br />
positivamente a socieda<strong>de</strong>. As marcas<br />
que pensam a inovação e a criativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> forma coletiva e diversa para criar um<br />
marketing inclusivo, que as conecte verda<strong>de</strong>iramente<br />
com seus públicos, estão<br />
no caminho certo para alcançar posições<br />
melhores <strong>de</strong>ntro do mercado. Portanto,<br />
o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> transformação está em nossas<br />
mãos. A escolha entre evoluir ou ficar para<br />
trás é <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós!<br />
“Chegamos ao<br />
fim da era <strong>de</strong> uma<br />
ComuniCação<br />
<strong>de</strong>sColada da<br />
realida<strong>de</strong>”<br />
* Nelcina Tropardi é presi<strong>de</strong>nte da ABA<br />
e VP e cofundadora da AKIPOSSO+<br />
presi<strong>de</strong>ncia@aba.com.br.<br />
70 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
Varejo ligado à moda inova para<br />
acompanhar evolução do consumo<br />
Nas últimas décadas, marcas como Pernambucanas, Riachuelo, Renner<br />
e C&A têm utilizado dados e inteligência artificial para aten<strong>de</strong>r novo perfil<br />
Unsplash<br />
Moda e criativida<strong>de</strong> sempre andaram juntas e varejistas se mo<strong>de</strong>rnizam para acompanhar as mudanças no perfil do consumidor, que exige mais do que estilo<br />
Neusa spaulucci<br />
Moda e criativida<strong>de</strong> sempre caminharam<br />
juntas. É só olhar para trás para<br />
enxergar o quanto a relação das duas está<br />
entrelaçada. A moda acompanha a evolução<br />
e inova a cada período, causando até<br />
frisson no consumidor. Por isso, no levantamento<br />
realizado para comemorar o aniversário<br />
dos 57 anos do PROPMARK não<br />
po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora o setor da moda,<br />
principalmente as marcas ligadas ao varejo,<br />
que mais que inovaram todos estes<br />
anos, movimentando fortemente a economia,<br />
sempre com criativida<strong>de</strong>.<br />
Um dos exemplos gritantes <strong>de</strong>ssa inovação<br />
são Pernambucanas, Riachuelo, C&A e<br />
Renner. Cada uma no seu quadrado, buscando<br />
ampliar a atuação para aten<strong>de</strong>r o<br />
consumidor cada vez mais exigente.<br />
A Pernambucanas, por exemplo, a<strong>de</strong>riu<br />
“ViVemos uma era <strong>de</strong><br />
transformações e o tema<br />
sustentabilida<strong>de</strong> Veio<br />
para permear toda a<br />
socieda<strong>de</strong> e transformála<br />
positiVamente”<br />
recentemente ao Movimento Sou <strong>de</strong> Algodão,<br />
criado pela Abrapa (Associação Brasileira<br />
dos Produtores <strong>de</strong> Algodão) para<br />
incentivar o uso dos tecidos <strong>de</strong> algodão.<br />
Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas,<br />
fala que a re<strong>de</strong> viu na iniciativa um trabalho<br />
sólido e concreto, que visa <strong>de</strong>spertar um<br />
<strong>de</strong>bate <strong>maio</strong>r sobre o consumo consciente<br />
em torno da moda.<br />
“O que nos chamou a atenção foi a forma<br />
como o movimento integra os principais<br />
agentes da ca<strong>de</strong>ia produtiva e consumidora<br />
<strong>de</strong> algodão do país”, reflete o executivo,<br />
acrescentando: “Nós, da Pernambucanas,<br />
priorizamos tecidos <strong>de</strong> tecelagens que fazem<br />
parte do Movimento Sou <strong>de</strong> Algodão.<br />
Por meio <strong>de</strong>ssa aproximação entre os elos<br />
da ca<strong>de</strong>ia, hoje não discutimos apenas o <strong>de</strong>sign<br />
da peça na sua etapa final, mas primeiro<br />
enten<strong>de</strong>mos também por quais processos<br />
aquele produto passou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio<br />
e colheita do algodão, tecelagem, lavan<strong>de</strong>ria<br />
e costura. A Pernambucanas preza por<br />
compromissos sociais, ambientais e econômicos<br />
e com a parceria Sou <strong>de</strong> Algodão reforçamos<br />
isso mais uma vez”.<br />
Para ele, a preocupação da socieda<strong>de</strong><br />
com o consumo consciente leva as empresas<br />
a caminharem juntas nesse projeto. Segundo<br />
Borriello, a Pernambucanas tem o<br />
propósito <strong>de</strong> evoluir com as famílias brasileiras<br />
e faz isso através <strong>de</strong> uma atuação éti-<br />
72 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Divulgação<br />
Pernambucas entrou recentemente para o Movimento sou <strong>de</strong> algodão<br />
ca e responsável que busca a inclusão social<br />
em todos os nossos eixos <strong>de</strong> atuação. “Vivemos<br />
uma era <strong>de</strong> transformações e o tema<br />
sustentabilida<strong>de</strong> veio para permear toda a<br />
socieda<strong>de</strong> e transformá-la positivamente,<br />
fazendo isso acontecer conosco também.<br />
Por isso, buscamos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
que alinhem prosperida<strong>de</strong> econômica,<br />
equilíbrio social e uso consciente dos<br />
recursos ambientais em nossas iniciativas”,<br />
explica Borriello.<br />
Para ele, dois passos importantes foram<br />
dados nessa direção: além do Sou <strong>de</strong> Algodão,<br />
a empresa participa do movimento<br />
ModaComVerso, que mostra a importância<br />
<strong>de</strong> saber qual o processo <strong>de</strong> produção por<br />
trás <strong>de</strong> suas roupas. “Também temos colabs<br />
que são produzidas com estudantes <strong>de</strong><br />
moda a partir <strong>de</strong> tecidos <strong>de</strong> saldos que são<br />
ressignificados e aprimorados com técnicas<br />
<strong>de</strong> upciclyng”, comenta.<br />
Ele diz ainda que monitoram e buscam<br />
estabelecer com os fornecedores uma parceria<br />
sustentável, alinhada aos valores<br />
da companhia e às melhores práticas do<br />
mercado. Segundo ele, esse compromisso<br />
Sou <strong>de</strong> Algodão quer<br />
Divulgação<br />
reconquistar espaço<br />
Há seis anos nasceu o Movimento Sou<br />
<strong>de</strong> Algodão, por iniciativa da Abrapa,<br />
associação que representa os produtores<br />
<strong>de</strong>. A entida<strong>de</strong> percebeu que o algodão<br />
havia perdido mercado para os tecidos<br />
sintéticos e <strong>de</strong>cidiu agir.<br />
Júlio Cézar Busato, presi<strong>de</strong>nte da Abrapa,<br />
revela que os jovens são os que menos<br />
usam roupas <strong>de</strong> algodão, “uma fibra qu e é<br />
confortável e ainda sustentável”. “A marca<br />
que quiser participar do movimento<br />
tem <strong>de</strong> se comprometer a divulgar as roupas<br />
<strong>de</strong> algodão”, fala Busato.<br />
Segundo ele, as re<strong>de</strong>s que participam<br />
do movimento têm <strong>de</strong> fazer as roupas com<br />
70% <strong>de</strong> algodão. “A ca<strong>de</strong>ia começa com o<br />
agricultor”. A i<strong>de</strong>ia, segundo o presi<strong>de</strong>nte<br />
da Abrapa, é incentivar os lojistas a trazer<br />
as roupas dos fundos das lojas para as vitrines.<br />
Até agora compõem o projeto mais<br />
<strong>de</strong> 900 marcas, e Busato fala que quer<br />
Júlio Cézar Busato: comprometimento<br />
chegar até o fim do ano com 1.200 marcas.<br />
Hoje, os estilistas estão engajados ao<br />
movimento, que foi lançado em 2006, na<br />
SP Fashion Week. “Eles ajudam muito a<br />
reverberar o movimento”. Entre os varejistas<br />
que já a<strong>de</strong>riram ao movimento estão<br />
Pernambucanas e Renner, além <strong>de</strong> empresas<br />
como a Vicunha.<br />
A Abrapa acredita na união da ca<strong>de</strong>ia produtiva<br />
para transformar a moda brasileira,<br />
tornando-a mais responsável e incentivando<br />
o consumo consciente. A matéria-prima,<br />
segundo a associação, é acompanhada<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio, com análises sobre o uso<br />
controlado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos, consumo atento<br />
<strong>de</strong> água, respeito ao trabalhador e saú<strong>de</strong><br />
econômica dos envolvidos.<br />
Ns<br />
Sergio Borriello: propósito é evoluir cada vez mais<br />
também norteia os contratos, que contemplam<br />
cláusulas relacionadas aos direitos<br />
humanos como repúdio ao trabalho escravo<br />
e infantil, por exemplo, e cláusulas socioambientais.<br />
“Isso faz com que 100% das<br />
relações estabelecidas com nossos fornecedores<br />
<strong>de</strong> produtos e serviços estejam submetidas<br />
a contratos <strong>de</strong>sse perfil”, conta o<br />
executivo.<br />
Ele <strong>de</strong>staca ainda a busca por estabelecer<br />
relações com a socieda<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> contribuir<br />
na construção <strong>de</strong> boas práticas coletivas<br />
do setor. “Somos associados à ABVTEX,<br />
que zela pelo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
do varejo têxtil e coor<strong>de</strong>na o programa<br />
<strong>de</strong> certificação para um mercado formal e<br />
ético; também somos associados ao IDV e<br />
à Fecomércio, nas quais participamos das<br />
plenárias executivas e discussões políticas.<br />
Atuamos ainda no InPacto (Instituto do<br />
Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho<br />
Escravo), com o objetivo <strong>de</strong> fortalecer<br />
e ampliar as ações realizadas em prol <strong>de</strong>ssa<br />
causa”, enumera.<br />
Borriello fala ainda da manutenção da<br />
boa comunicação com o cliente. Ele afirma<br />
que, antes <strong>de</strong> mais nada, é preciso conhecê-<br />
-lo em profundida<strong>de</strong>. “Somos uma marca<br />
<strong>de</strong> 114 anos e uma das conquistas que mais<br />
nos orgulhamos é o forte relacionamento<br />
que estabelecemos com nossos clientes<br />
ao longo <strong>de</strong>ssa jornada. Essa relação próxima<br />
nos possibilitou enten<strong>de</strong>r as preferências,<br />
<strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s, além da forma<br />
como preferem se conectar conosco. Tudo<br />
isso contribui com a nossa comunicação”,<br />
<strong>de</strong>clara.<br />
Para ele, outro ponto importante é a comunicação<br />
feita diretamente nas cerca <strong>de</strong><br />
470 lojas da re<strong>de</strong>. “Nossos colaboradores<br />
têm o mesmo perfil dos clientes, ou seja,<br />
pertencem à mesma classe social, enten<strong>de</strong>m<br />
suas necessida<strong>de</strong>s e sabem como atendê-las.<br />
Somos vistos como uma extensão<br />
da família, como a casa do cliente. Isso tudo<br />
reflete em uma comunicação clara, direta e<br />
realmente efetiva”, afirma.<br />
Ele lembra também que as re<strong>de</strong>s sociais<br />
mudaram completamente a forma como<br />
se trabalha a comunicação, que representa<br />
uma quebra <strong>de</strong> paradigma que os <strong>de</strong>safia<br />
diariamente. “Novos canais surgiram e<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 73
propmark 57 anos<br />
Divulgação<br />
Campanha da coleção <strong>de</strong> outono/inverno da Casas Pernambucanas, marca com 114 anos <strong>de</strong> tradição que busca, agora, se conectar ainda mais com o consumidor<br />
com eles novos comunicadores e uma nova<br />
forma <strong>de</strong> comunicar, cada vez mais próxima.<br />
A mídia tradicional foi ressignificada e,<br />
para fazer sentido no mundo atual, a marca<br />
precisa estar ligada a outras plataformas<br />
digitais <strong>de</strong> comunicação e experiências<br />
físicas, já que estamos conectados o tempo<br />
inteiro”, diz. Segundo ele, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />
realida<strong>de</strong>, o foco é integrar todos os canais,<br />
físicos e digitais, e fortalecer a autonomia<br />
do cliente quando opta pela melhor jornada<br />
<strong>de</strong> compra.<br />
O CEO da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> varejo acredita que a<br />
comunicação tem sido ainda mais importante<br />
do que antes. “Num mundo on<strong>de</strong> as<br />
pessoas buscam cada vez mais por i<strong>de</strong>ntificação,<br />
seja com marcas ou causas, é fundamental<br />
criar essa ponte e contar a história<br />
<strong>de</strong> forma genuína. Atuar com respeito com<br />
cada família brasileira, por meio do apoio e<br />
da proximida<strong>de</strong>, é o que origina a memória<br />
afetiva que os clientes mantêm com a<br />
marca. Todo mundo tem uma história com<br />
a Pernambucanas”, fala. Para ele, isso só<br />
é possível por meio <strong>de</strong> uma comunicação<br />
próxima.<br />
“Sobre os programas <strong>de</strong> mídia, temos diversificado<br />
nossa re<strong>de</strong> e passamos a investir<br />
mais nos canais próprios da Pernambucanas<br />
e temos focado bastante em estratégias<br />
digitais, em especial com influenciadores,<br />
que conseguem transmitir nossa mensagem,<br />
engajar nossa audiência e ainda trazer<br />
novos clientes para a marca”, conta, lembrando<br />
ainda que a garota-propaganda da<br />
Pernambucanas, a atriz Paolla Oliveira, tem<br />
um papel importante na comunicação com<br />
as clientes, já que traz uma forte i<strong>de</strong>ntificação,<br />
representando a autenticida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminação,<br />
feminilida<strong>de</strong> e versatilida<strong>de</strong> da<br />
mulher brasileira.<br />
“somos uma marca<br />
omnichannel,<br />
que possibilita ao<br />
cliente a autonomia<br />
para escolher qual<br />
canal prefere”<br />
Borriello fala que o mundo está mudando,<br />
e também a forma <strong>de</strong> se comunicar. Para<br />
ele, a publicida<strong>de</strong> está mais humanizada,<br />
ouvindo mais as pessoas. “Antes a comunicação<br />
era muito unilateral, com a empresa<br />
informando sua oferta, enquanto o cliente<br />
assistia passivamente, sem uma troca<br />
<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Com a ampliação dos canais,<br />
em especial as re<strong>de</strong>s sociais, foi possível<br />
estabelecer uma conversa <strong>de</strong> igual para<br />
igual, cuja marca divi<strong>de</strong> seu serviço e posicionamento,<br />
enquanto o cliente ganha voz<br />
e respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira instantânea e honesta”,<br />
relata.<br />
Ele diz ainda que, se usado <strong>de</strong> forma<br />
consciente e estratégica, esse feedback<br />
aprimora muito a conexão com o cliente.<br />
“Com tantos estímulos vindo <strong>de</strong> todos os<br />
lados, vai se <strong>de</strong>stacar quem souber usar as<br />
ferramentas <strong>de</strong> forma próxima, criativa e<br />
ágil, visto que as mídias digitais imprimiram<br />
um ritmo cada vez mais veloz na comunicação”.<br />
Borriello afirma que a mudança no perfil<br />
do consumidor passa por uma pessoa atenta<br />
e disposta a conhecer o processo produtivo<br />
e a forma <strong>de</strong> atuação das marcas. “Há hoje<br />
<strong>maio</strong>r facilida<strong>de</strong> para o cliente pesquisar<br />
sobre o tema, o que contribui para o po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> cada um. É bastante positivo<br />
essa mudança <strong>de</strong> postura, pois contribui<br />
com a valorização <strong>de</strong> marcas responsáveis<br />
social e ambientalmente”.<br />
Borriello fala que a Pernambucanas<br />
tem um forte compromisso com a origem<br />
<strong>de</strong> seus produtos, especialmente no que<br />
se refere ao setor têxtil. “Possuímos 100%<br />
<strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia têxtil certificada, incluindo<br />
fornecedores e subcontratados, o que<br />
possibilita atuarmos <strong>de</strong> forma sustentável<br />
aplicando as melhores práticas sociais<br />
e ambientais”, afirma o executivo, acrescentando:<br />
“A nossa trajetória <strong>de</strong> 114<br />
anos no país também fortalece a relação<br />
<strong>de</strong> confiança que estabelecemos com<br />
o consumidor. Temos buscado conscientizá-lo<br />
sobre a importância em escolher<br />
marcas responsáveis, privilegiar o comércio<br />
legal, <strong>de</strong>stacando os ganhos para a socieda<strong>de</strong>,<br />
principalmente sobre a geração <strong>de</strong><br />
emprego e renda”.<br />
Esse acompanhamento na trajetória <strong>de</strong><br />
compra do consumidor, observados todos<br />
estes anos, também passa pela onda do digital.<br />
Ele fala que a empresa aposta na estratégia<br />
Figital, que integra os canais físicos e<br />
digitais. “Somos uma marca omnichannel,<br />
que possibilita ao cliente a autonomia para<br />
escolher qual canal prefere se conectar conosco.<br />
Muitas vezes, ele po<strong>de</strong> iniciar a sua<br />
jornada <strong>de</strong> compra por um canal e finalizar<br />
por outro. É ele quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>”, conta.<br />
Ele afirma ainda que hoje são quase 470<br />
lojas espalhadas pelo Brasil, que servem<br />
como um hub <strong>de</strong> experiência, <strong>de</strong> entrega<br />
<strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong> acesso ao crédito e realização<br />
dos mais diversos serviços financeiros,<br />
suprindo as necessida<strong>de</strong>s das famílias.<br />
“No ano passado, a Pernambucanas abriu<br />
56 lojas no país e este ano a previsão é ultrapassar<br />
essa marca, reforçando o objetivo<br />
74 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Marcello Barbusci<br />
Para toda boa criação<br />
há uma referência.<br />
We transforme your dream<br />
Na<br />
em<br />
sua<br />
in realida<strong>de</strong> a reality<br />
impressão<br />
on no paper. papel.<br />
também.<br />
Nós transformamos seu sonho<br />
Nós We transformamos transforme your seu dream sonho<br />
em in realida<strong>de</strong> a reality on no paper. papel.<br />
“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />
são nossas are our priorida<strong>de</strong>s priorities para for the a melhor best <strong>de</strong>livery.” entrega.”<br />
Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />
“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />
são nossas are our priorida<strong>de</strong>s priorities para for the a melhor best <strong>de</strong>livery.” entrega.”<br />
Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />
Targeted Revistas Newspapers Jornais e Didatic Livros Catalogs Catálogos and e Paper Papel<br />
segmentadas magazines Tablói<strong>de</strong>s Tabloids Didáticos books yearbooks anuários recycled reciclado<br />
Targeted Revistas<br />
segmentadas magazines<br />
Jornais We etransforme Didatic Livros Catalogs Catálogos your and e dream Paper Papel<br />
Tablói<strong>de</strong>s Tabloids Didáticos books yearbooks anuários recycled reciclado<br />
in a reality on paper.<br />
Newspapers<br />
For Para For more <strong>maio</strong>res more information, informações call call us ligue us on on +55 para +55 11 11 2065 0766<br />
ou envie or drop um or us drop e-mail an us email para an email orcamento@referenciagrafica.com.br<br />
ca.com.br<br />
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Rua Rua François François Coty, Coty, 228 228 | Cambuci, | Cambuci, São Paulo São Paulo - SP | - Brazil SP<br />
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propmark 57 anos<br />
Elio Silva: investimento em tecnologia<br />
Divulgação<br />
riachuelo está na<br />
vanguarda, diz estilista<br />
Divulgação<br />
<strong>de</strong> estar cada vez mais próximo <strong>de</strong> nossos<br />
clientes. Além das lojas, o cliente po<strong>de</strong> adquirir<br />
os produtos por meio do aplicativo,<br />
site, WhatsApp e pelos reven<strong>de</strong>dores Pernambucanas”,<br />
conclui.<br />
Renato Kherlakian: moda teve explosão <strong>de</strong> marcas<br />
história do jeans no Brasil se mistura<br />
à trajetória <strong>de</strong> Renato Kherlakian,<br />
A<br />
fundador da Zoomp e da RK Denim. Hoje,<br />
a convite da Riachuelo, ele assina a coleção<br />
da linha Pool Premium da re<strong>de</strong>.<br />
Segundo Kherlakian, a nova coleção da<br />
Riachuelo tem como objetivo propor ao<br />
consumidor peças atemporais com proporções<br />
renovadas, com mo<strong>de</strong>lagens aprimoradas.<br />
A i<strong>de</strong>ia é dar à silhueta um “toque<br />
<strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>, o esmero da vestibilida<strong>de</strong>,<br />
seleção <strong>de</strong> matérias-primas, as construções<br />
das peças, acabamentos internos e<br />
beneficiamentos das peças da coleção são<br />
garantias <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> fato premium,<br />
procurei assegurar em todos os processos a<br />
sustentabilida<strong>de</strong>”. Ele conta que na década<br />
<strong>de</strong> 1980/1990 a moda teve uma explosão <strong>de</strong><br />
marcas e estilos no mercado nacional, propondo<br />
ao consumidor brasileiro um leque<br />
muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções para seus closets,<br />
aprimorando a cada momento o bom gosto.<br />
“Graças à evolução da indústria têxtil<br />
toda a ca<strong>de</strong>ia se projetou e se alinhou aos<br />
gran<strong>de</strong>s mercados do país. E o resultado é<br />
que o nosso cliente está sendo o gran<strong>de</strong> beneficiado.<br />
A Riachuelo está na vanguarda”,<br />
acredita.<br />
Kherlakian afirma que, nos dias <strong>de</strong> hoje,<br />
a tecnologia avançada permite projeções<br />
quase que ilimitadas para a criação, que<br />
possam “aten<strong>de</strong>r à evolução do consumidor<br />
em busca da qualida<strong>de</strong> criativa”. “Tanto no<br />
passado como no futuro a criação e a inovação<br />
estarão sempre presentes, fator essencial<br />
para equipes <strong>de</strong> estilo enfrentarem esses<br />
<strong>de</strong>safios nos dão a chancela premium”.<br />
Ele acredita que toda ca<strong>de</strong>ia têxtil está<br />
voltada para a preservação do meio ambiente,<br />
pois ações coletivas se fazem necessárias.<br />
“Estamos caminhando a passos firmes<br />
para a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio<br />
do algodão até processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbotes em lavan<strong>de</strong>ria,<br />
uma missão a ser perseguida nesta<br />
década”.<br />
Ns<br />
InstItuto<br />
Elio Silva, diretor-executivo <strong>de</strong> canais<br />
e marketing da Riachuelo, também fala<br />
como a marca acompanha a evolução<br />
do consumidor nestes anos todos. Para<br />
ele, por exemplo, sustentabilida<strong>de</strong>, trabalho<br />
que a gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria das empresas se<br />
empenha hoje para estar em linha com o<br />
perfil do cliente, faz parte da estratégia da<br />
Riachuelo há bastante tempo. “Mantemos,<br />
no Nor<strong>de</strong>ste, o <strong>maio</strong>r parque fabril da América<br />
Latina, e a nossa preocupação é evoluir<br />
sempre para investir em tecnologia, inovação,<br />
pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, visando<br />
mitigar impactos sociais e ambientais da<br />
ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fornecimento”, comenta.<br />
Segundo ele, este ano, a empresa lançou<br />
“uma iniciativa inédita no Brasil”: o<br />
Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas (IPT),<br />
cujo objetivo é diminuir o uso <strong>de</strong> matérias-<br />
-primas virgens e levar a companhia a um<br />
outro patamar, <strong>de</strong> escalar a reciclagem têxtil<br />
em circuito fechado. “Quanto aos processos<br />
mais sustentáveis, nossas fábricas<br />
em Natal e Fortaleza produzem orientadas<br />
pela inovação e sustentabilida<strong>de</strong> nos processos.<br />
Concretamente, já atingimos sustentabilida<strong>de</strong><br />
em 100% <strong>de</strong> toda a produção<br />
da fábrica <strong>de</strong> Fortaleza, on<strong>de</strong> concentramos<br />
a produção <strong>de</strong> jeans – peça que mais impacta<br />
o meio ambiente. Esse jeans é produzido<br />
com fibras têxteis certificadas, energia<br />
100% renovável e com uma redução <strong>de</strong> até<br />
85% na utilização <strong>de</strong> químicos, consumindo<br />
até 90% menos <strong>de</strong> água em relação aos<br />
processos convencionais. Esses são alguns<br />
exemplos práticos, mas estamos sempre<br />
em evolução e acreditamos que no caminho<br />
certo”, diz.<br />
As mudanças nas últimas décadas foram<br />
muito radicais e para o setor varejista<br />
não foi diferente. Pelo contrário. E Silva<br />
diz acreditar que não somente a Riachuelo,<br />
mas o varejo como um todo, correu atrás da<br />
omnicanalida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r o consumidor.<br />
“De um lado tínhamos o consumidor<br />
se acostumando com esse novo formato<br />
<strong>de</strong> compra, do outro tínhamos o aprimoramento<br />
dos canais digitais. Agora, cada vez<br />
mais o consumidor ditará o modo e com<br />
quem ele <strong>de</strong>seja se relacionar”. Para Silva,<br />
ele buscará marcas que possuem estratégias<br />
<strong>de</strong> negócio impulsionadas pela inovação<br />
e pela transparência. “Vão buscar a<br />
melhor e mais ágil experiência <strong>de</strong> compra,<br />
optarão por marcas que gerem representativida<strong>de</strong><br />
e tenham um compromisso sociocultural<br />
com produtos mais sustentáveis.<br />
No caso da Riachuelo, mantemos um painel<br />
direto com as nossas clientes e entregamos<br />
o que elas <strong>de</strong>sejam, além <strong>de</strong> contar<br />
com um amplo portfólio <strong>de</strong> produtos com<br />
lojas como ponto <strong>de</strong> contato e espaço para<br />
interações reais e os canais digitais que entregam<br />
comodida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> que todo<br />
mundo quer para o dia a dia”.<br />
Ele comenta ainda sobre as principais<br />
adaptações que a Riachuelo teve <strong>de</strong> fazer<br />
para se manter ativa no setor, como virar<br />
a chavinha e adotar apostar no digital. “A<br />
Riachuelo é uma companhia sólida, com 75<br />
anos <strong>de</strong> história e uma referência da moda<br />
no varejo brasileiro. A proximida<strong>de</strong> e o contato<br />
direto com a nossa consumidora nos<br />
<strong>de</strong>u um ganho para enten<strong>de</strong>r rapidamente<br />
as mudanças e esse novo perfil <strong>de</strong> compra.<br />
Também passamos por um processo <strong>de</strong> aceleração<br />
da transformação digital, impulsionado<br />
pela pan<strong>de</strong>mia, e conseguimos aten<strong>de</strong>r<br />
nossos clientes e oferecer uma jornada<br />
<strong>de</strong> compra online e física <strong>de</strong> excelência.<br />
Seguimos aprimorando, continuamente,<br />
nossa estratégia omnichannel. Hoje, oferecemos,<br />
através do nosso marketplace, um<br />
portfólio enorme <strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong> diversos<br />
segmentos e lifestyles, que façam sentido<br />
para a jornada do nosso consumidor”.<br />
Nesse contexto todo, Silva avalia a comunicação<br />
<strong>de</strong> hoje do segmento em relação ao<br />
passado como uma vantagem po<strong>de</strong>rosa. Segundo<br />
ele, a tecnologia mudou a forma <strong>de</strong><br />
se relacionar com o público. Agora, ele dita<br />
as regras <strong>de</strong> como e por on<strong>de</strong> <strong>de</strong>seja se co-<br />
76 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
municar. Na Riachuelo, buscamos aten<strong>de</strong>r<br />
esses diferentes perfis e estamos alinhados<br />
com o futuro, além <strong>de</strong> ter o cliente no centro<br />
do negócio, trabalhamos para <strong>de</strong>senvolver<br />
um negócio cada vez mais interativo e<br />
com alta proposta <strong>de</strong> valor. Investimos em<br />
muitas tecnologias disponíveis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
processo produtivo até as lojas e canais <strong>de</strong><br />
relacionamento. Hoje, 80% do nosso investimento<br />
é em mídias digitais, temos fluxo e<br />
todo pensamento <strong>de</strong> branding voltado para<br />
o digital. Queremos dialogar com o nosso<br />
público por meio do entretenimento, <strong>de</strong><br />
maneira próxima e original, então estamos<br />
em todos os canais que eles estiverem, físicos<br />
ou online”, <strong>de</strong>clara.<br />
estIlIsta<br />
A Riachuelo <strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> passo este<br />
ano com a contratação do estilista Renato<br />
Kherlakian. Ele assina a criação da coleção<br />
Pool Premium. O executivo fala que o objetivo<br />
da marca é sempre buscar gran<strong>de</strong>s<br />
nomes da moda para prestigiar os clientes<br />
como uma curadoria sem igual, como fizeram<br />
recentemente com Moschino. “Somos<br />
admiradores do trabalho do Renato<br />
Kherlakian e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano passado temos<br />
conversado sobre oportunida<strong>de</strong>s na Riachuelo.<br />
O nosso jeans é um produto premium,<br />
temos uma operação <strong>de</strong>dicada a<br />
Cena <strong>de</strong> campanha da Riachuelo, que procura manter canal <strong>de</strong> diálogo aberto com consumidores<br />
“queremos dialogar<br />
com o nosso público por<br />
meio do entretenimento,<br />
<strong>de</strong> maneira próxima<br />
e original”<br />
Divulgação<br />
ele, em Fortaleza. Implementamos melhorias<br />
que hoje nos permitem entregar<br />
o melhor jeans do mercado, com uma qualida<strong>de</strong><br />
equiparada a marcas internacionais, a<br />
assinatura com o Renato Kherlakian chega<br />
para estrear esse novo momento do nosso<br />
produto, somos uma referência”, compara.<br />
Em relação à coleção <strong>de</strong>ste ano, Silva fala<br />
º<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 77
propmark 57 anos<br />
Fotos: Divulgação<br />
Mariana Moraes, da C&A: moda mais pessoal<br />
que buscam apresentar produtos em que<br />
as pessoas se vejam neles. “Queremos gerar<br />
<strong>de</strong>sejo e conexão com o consumidor <strong>de</strong><br />
todas ida<strong>de</strong>s, gêneros e classes sociais que<br />
buscam representativida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
um produto com valor agregado. Sabemos<br />
o quanto o Renato Kherlakian marcou gerações,<br />
há esse ‘q’ <strong>de</strong> nostalgia, mas há a<br />
vanguarda <strong>de</strong> uma empresa que busca fazer<br />
um jeans que tenha o foco em vestibilida<strong>de</strong><br />
e qualida<strong>de</strong> e também tenha características<br />
sustentáveis”.<br />
Ele adianta que a empresa ouve as<br />
clientes para a criação da coleção, que há<br />
uma comunida<strong>de</strong> com inúmeras clientes<br />
para ouvir, antes <strong>de</strong> tudo, sobre as<br />
necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>las. “A partir <strong>de</strong>sse diálogo<br />
e com a ajuda <strong>de</strong> um time multidisciplinar<br />
<strong>de</strong> diferentes frentes da companhia,<br />
conseguimos <strong>de</strong>senvolver novas<br />
coleções com peças exclusivas e versáteis,<br />
abrangendo diferentes categorias, para<br />
os mais diversos corpos e moods. O nosso<br />
objetivo é sempre gerar <strong>de</strong>sejo com um<br />
portfólio completo e produtos <strong>de</strong> excelente<br />
qualida<strong>de</strong> exibidos por meio <strong>de</strong> uma comunicação<br />
360º e integrada”, explica Silva.<br />
Já Mariana Moraes, head <strong>de</strong> marketing<br />
da C&A, afirma que a marca vê a moda<br />
como uma plataforma <strong>de</strong> expressão das<br />
pessoas para o mundo. “Uma plataforma<br />
diversa, divertida, colorida, alegre e ousada.<br />
Por isso buscamos estar cada vez mais<br />
conectados com os hábitos <strong>de</strong> consumo da<br />
mulher brasileira, oferecendo produtos que<br />
vão além da moda, com especial atenção<br />
para qualida<strong>de</strong>, atributos sustentáveis e informação.<br />
Passamos a adotar um conceito<br />
mais seasonless, com a construção <strong>de</strong> uma<br />
plataforma que traga novida<strong>de</strong>s constantes,<br />
que se conecte e reaja às aspirações das<br />
brasileiras”. Ainda segundo ela, criaram<br />
um squad que passou a oferecer coleções<br />
cápsulas a cada 15 dias também nas lojas<br />
físicas. “Também passamos a oferecer uma<br />
moda mais pessoal e customizada, visto<br />
que o volume <strong>de</strong> peças das coleções cápsulas<br />
é menor do que as coleções tradicionais<br />
Campanha animais, da C&A, que também tem no seu portfólio linha plus size: diversida<strong>de</strong><br />
do varejo, conferindo, portanto, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
e diferenciação junto à cliente”, relata.<br />
Para ela, inovar em cada coleção para<br />
ficar em evidência se reflete no trabalho<br />
<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolvem junto à<br />
consumidora. “Na C&A, contamos com um<br />
grupo <strong>de</strong> clientes especiais e convidadas<br />
que nos auxiliam a enten<strong>de</strong>r com profundida<strong>de</strong><br />
a percepção e expectativa do público<br />
para as coleções, além <strong>de</strong> termos social listening<br />
como priorida<strong>de</strong>. Esses insights são<br />
somados a toda pesquisa dos times que elaboram<br />
cada coleção”, conta.<br />
Sobre a sustentabilida<strong>de</strong> e a preservação<br />
do meio ambiente, Mariana fala que elas<br />
precisam ser incorporadas aos valores das<br />
empresas, porque é imprescindível que<br />
toda a ca<strong>de</strong>ia seja repensada e os processos<br />
revisitados para trazer coerência <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong><br />
e, claro, nessa relação com o consumidor,<br />
cada dia mais consciente. “Enten<strong>de</strong>mos<br />
que o consumidor continua procurando<br />
por marcas que tragam o melhor da moda<br />
e <strong>de</strong> estilo, mas que também se interessam<br />
pelos impactos do processo, como cada<br />
empresa atua para diminuir esses impactos<br />
ao meio ambiente a curto, médio e longo<br />
prazos. Essa <strong>de</strong>manda por uma moda ainda<br />
mais pessoal, com dimensão <strong>de</strong> consciência,<br />
sustentabilida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong><br />
social será cada vez <strong>maio</strong>r e, portanto, as<br />
ações em ESG na C&A ganharam um novo<br />
patamar, com a adoção <strong>de</strong> medidas que influenciam<br />
da escolha <strong>de</strong> parceiros e fornecedores<br />
ao <strong>de</strong>senho e confecção <strong>de</strong> produtos”,<br />
argumenta.<br />
A C&A lançou recentemente uma linha<br />
plus size e Mariana <strong>de</strong>clara o orgulho que<br />
sentem em ser uma marca que olha para<br />
a diversida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> o assunto ganhar<br />
a abrangência <strong>de</strong> hoje e isso os faz buscar<br />
evoluir cada vez mais. “Temos uma equipe<br />
multidisciplinar <strong>de</strong>dicada à plataforma<br />
Mais Tamanhos e contamos com estilistas,<br />
gerentes <strong>de</strong> produtos e mo<strong>de</strong>listas, entre<br />
outros profissionais <strong>de</strong> diversas áreas da<br />
companhia, que se <strong>de</strong>dicam a enten<strong>de</strong>r melhor<br />
o mercado, acompanhando as vendas<br />
e pesquisas”. Ela fala ainda que, a partir<br />
<strong>de</strong> inteligência artificial e do uso <strong>de</strong> dados,<br />
acompanham os <strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s dos<br />
clientes, a fim <strong>de</strong> oferecer a moda que eles<br />
querem, sempre valorizando a diversida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> estilos e corpos, que também é refletida<br />
nas frentes <strong>de</strong> comunicação”, revela.<br />
Para ela, a comunicação do varejo evoluiu<br />
muito e, por sorte, a do setor está mais<br />
diversificada e inclusiva, buscando construir<br />
uma imagem <strong>de</strong> autoestima e autoconfiança,<br />
que é on<strong>de</strong> a moda po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />
atuar. “A nossa comunicação vai ao encontro<br />
do seja você mesmo, à personificação do<br />
nosso conceito Muito Eu. Trabalhamos para<br />
ajudar na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> diferentes estilos,<br />
possibilida<strong>de</strong>s na moda para todas as ocasiões<br />
e, principalmente, como se sentir bem.<br />
Essa aceitação e o orgulho <strong>de</strong> ser você mesmo<br />
são um passo muito importante rumo a<br />
uma socieda<strong>de</strong> mais <strong>de</strong>mocrática”, finaliza.<br />
Vonta<strong>de</strong> VIVer<br />
Fernanda Feijó, diretora <strong>de</strong> estilo da Lojas<br />
Renner, conta que a proposta da coleção<br />
outono/inverno da marca reflete a necessi-<br />
78 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Divulgação<br />
Maria Cristina Merçon: consumidor mais consciente<br />
Campanha da Lojas Renner: coleções segmentadas, com muita força no estilo<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> se olhar para tudo o que foi vivido<br />
nestes últimos tempos. Segundo ela, nunca<br />
se teve tanta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver coisas que<br />
tragam bem-estar e expressem as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />
“Trouxemos uma coleção cheia <strong>de</strong><br />
texturas, tricôs, tweeds e mistura <strong>de</strong> fios,<br />
além das alfaiatarias, que voltam com muita<br />
força. Em cores, os marrons e os neutros<br />
se misturam com os tons vibrantes que já<br />
antecipam um verão muito colorido”, diz.<br />
Fernanda fala ainda da gran<strong>de</strong> mudança<br />
da moda em relação ao passado. Para ela,<br />
hoje as tendências po<strong>de</strong>m surgir <strong>de</strong> vários<br />
lados e não são necessariamente ditadas<br />
por gran<strong>de</strong>s estilistas. “Além disso, com<br />
a forte presença das re<strong>de</strong>s sociais, a informação<br />
está cada vez mais acessível para todos.<br />
Mais conectado e informado, o cliente<br />
não quer esperar para usar o que está vendo.<br />
Por outro lado, ele está cada vez mais<br />
consciente e exigindo que as marcas entreguem<br />
mais do que peças. Entreguem valor<br />
e propósito”.<br />
Segundo Fernanda, moda é um conjunto<br />
<strong>de</strong> várias referências e não somente das tendências<br />
surgidas nos <strong>de</strong>sfiles ou nas marcas<br />
consagradas, já que a criação po<strong>de</strong> vir<br />
através da arte, da natureza ou <strong>de</strong> qualquer<br />
sinal que inspire. “Na Renner, trabalhamos<br />
segmentando nossas coleções por lifestyle.<br />
E, mesmo tendo um time constantemente<br />
capturando e traduzindo as principais tendências<br />
nacionais e do mundo para nossos<br />
produtos, trabalhamos muito o autoral nas<br />
nossas coleções. Trazemos renovação, mas<br />
com muita força <strong>de</strong> estilo, gerando valor<br />
aos nossos clientes”.<br />
Para ela, o consumidor espera cada vez<br />
mais que as marcas se posicionem <strong>de</strong> forma<br />
consciente. “In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso, a<br />
Renner tem a sustentabilida<strong>de</strong> como um<br />
valor. Nesse sentido, temos uma estratégia<br />
<strong>de</strong> moda responsável que norteia não só a<br />
criação dos nossos produtos, mas todos os<br />
processos e ações”.<br />
Segundo Fernanda, a marca busca evoluir<br />
cada vez mais no tema <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>,<br />
tanto que a Renner criou um hub <strong>de</strong><br />
“buscamos estar cada<br />
Vez mais conectados com<br />
os hábitos <strong>de</strong> consumo<br />
da mulher brasileira”<br />
moda digital, que tem como um dos objetivos<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos através<br />
da tecnologia 3D. “Desta forma, reduzimos<br />
<strong>de</strong>sperdícios em várias frentes, como produção<br />
e logística, e trazemos soluções mais<br />
sustentáveis para toda a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fornecimento”,<br />
avalia.<br />
Já Maria Cristina Merçon, diretora <strong>de</strong> marketing<br />
corporativo da Lojas Renner, analisa<br />
o comportamento do consumidor nas<br />
últimas décadas. Para ela, ele já vinha em<br />
constante transformação ao longo dos últimos<br />
anos, e com a pan<strong>de</strong>mia houve uma<br />
disrupção nos hábitos <strong>de</strong> compras, tornando<br />
o cliente muito mais conectado e digitalizado,<br />
com uma jornada fragmentada,<br />
não linear, que passa por diversos canais<br />
(físicos e digitais). “Também percebemos<br />
que hoje o consumidor está mais consciente.<br />
Atento não somente ao que as marcas<br />
comunicam, mas principalmente ao seu<br />
propósito, credibilida<strong>de</strong> e transparência.<br />
Cada vez mais, as pessoas querem se relacionar<br />
com marcas que possuem um propósito<br />
claro, verda<strong>de</strong>iro, coerente com as suas<br />
práticas e atitu<strong>de</strong>s”.<br />
Maria Cristina conta que a Renner sempre<br />
esteve atenta às mudanças dos hábitos<br />
<strong>de</strong> consumo, colocando o cliente no centro<br />
das <strong>de</strong>cisões e mantendo uma relação próxima<br />
e humanizada. “Atualmente, fazemos<br />
isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> moda e lifestyle<br />
omnichannel, usando a tecnologia<br />
a favor da entrega <strong>de</strong> uma experiência <strong>de</strong><br />
marca integrada, consistente, inspiradora e<br />
surpreen<strong>de</strong>nte, que encante o cliente. Buscamos<br />
inovar com humanização, preservando<br />
a conexão emocional e levando em<br />
conta a cumplicida<strong>de</strong> que é a essência da<br />
nossa marca”.<br />
Para ela, o mais importante é perceber<br />
que os consumidores reconhecem tudo<br />
isso. “Um dos termômetros interessantes,<br />
além do nosso Encantômetro, são os indicadores<br />
e rankings em que estamos presentes,<br />
como a pesquisa Ebit, em que a Renner<br />
se mantém há cinco trimestres consecutivos<br />
na primeira posição em Top of Mind<br />
em canais digitais, refletindo o reconhecimento<br />
dos clientes à nossa marca. Outro<br />
exemplo é o prêmio O Melhor <strong>de</strong> São Paulo,<br />
da Folha <strong>de</strong> S.Paulo, em que a Renner li<strong>de</strong>ra<br />
novamente este ano a categoria <strong>de</strong> Melhor<br />
Loja <strong>de</strong> Departamentos”.<br />
Sobre a comunicação, o consumidor,<br />
para ela, busca se relacionar com marcas<br />
que têm propósitos claros e verda<strong>de</strong>iros,<br />
que são transparentes e coerentes em suas<br />
práticas e atitu<strong>de</strong>s. “E a comunicação,<br />
para conectar e engajar, precisa refletir a<br />
essência e verda<strong>de</strong> das marcas”, dispara,<br />
acrescentando: “A Renner sempre teve a<br />
cumplicida<strong>de</strong> como base da relação com os<br />
clientes. Somos uma marca <strong>de</strong>mocrática,<br />
que oferece moda <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que inspira<br />
diferentes estilos, tendo a diversida<strong>de</strong> sempre<br />
presente na nossa comunicação e campanhas.<br />
Nos últimos anos, também avançamos<br />
na comunicação sobre a estratégia<br />
<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, que envolve compromissos<br />
e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos e<br />
serviços <strong>de</strong> menor impacto socioambiental<br />
que, hoje, já é referência no setor. Buscamos<br />
com isso conscientizar e engajar ainda<br />
mais nossos clientes”.<br />
Ela acrescenta ainda que a Renner acompanha<br />
a transformação do consumidor, que<br />
possui uma jornada não linear, cada vez<br />
mais fragmentada, amplia a presença em<br />
canais digitais, para que estejam presentes<br />
com a Renner on<strong>de</strong> o cliente está, através<br />
<strong>de</strong> conteúdo interessante e inspirador em<br />
moda e lifestyle. “Também usamos dados<br />
para conhecer melhor nossos clientes, <strong>de</strong><br />
forma que possamos entregar produtos,<br />
conteúdos e informações relevantes e <strong>de</strong><br />
valor, personalizados <strong>de</strong> acordo com o perfil<br />
<strong>de</strong> cada consumidor”.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 79
PROPMARK 57 ANOS<br />
Renato Parada/Divulgação<br />
Criativida<strong>de</strong><br />
distribuída<br />
marcio oliveira*<br />
Muito se falou na pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> como<br />
seriam as coisas, o trabalho<br />
e as relações <strong>de</strong>pois que tudo<br />
acabasse. Muito se especulou,<br />
mas agora chegou a hora do test and learn.<br />
Chegou a hora <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r se, <strong>de</strong> fato, você<br />
precisa <strong>de</strong> um escritório, quando precisa e,<br />
principalmente, para que precisa.<br />
Com um celular na mão, um tablete talvez,<br />
o trabalho sempre te perseguiu on<strong>de</strong><br />
quer que você estivesse. E, infelizmente, a<br />
qualquer hora também. A pan<strong>de</strong>mia mostrou<br />
o outro lado disso.<br />
Se o trabalho me persegue, quero trabalhar<br />
on<strong>de</strong> bem enten<strong>de</strong>r. E é isso que permite<br />
que uma agência como a R/GA já tenha<br />
15% <strong>de</strong> seus colaboradores espalhados por<br />
nove estados do Brasil (e crescendo).<br />
Isso é uma das oportunida<strong>de</strong>s que temos<br />
em nossas mãos agora. Mas quero falar <strong>de</strong><br />
outra mais profunda, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />
nosso negócio: a criativida<strong>de</strong> distribuída.<br />
É notório que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agências, holdings<br />
ou agências in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes possuam<br />
em sua gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria o mesmo serviço, os<br />
mesmos <strong>de</strong>partamentos e o mesmo mo<strong>de</strong>lo<br />
(ou bem similar), que resultam nas mesmas<br />
entregas em todas as localida<strong>de</strong>s que atuam.<br />
Empresas com mais <strong>de</strong> 10 mil colaboradores<br />
e mais <strong>de</strong> 200 escritórios pelo mundo.<br />
Todos fazendo algo similar.<br />
Mas, e se a gente enten<strong>de</strong>r que os <strong>de</strong>safios,<br />
os problemas e, portanto, as oportunida<strong>de</strong>s<br />
estão sempre concentradas, são<br />
específicas daquele mercado, naquele contexto,<br />
naquele momento, daquela economia?<br />
Só que a solução, o talento, as i<strong>de</strong>ias, a<br />
experiência em resolver criativamente po<strong>de</strong>m<br />
vir <strong>de</strong> todo e qualquer lugar?<br />
Se eu tiver os melhores <strong>de</strong>signers na África<br />
do Sul, por exemplo, eles po<strong>de</strong>m aten<strong>de</strong>r<br />
as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer canto do<br />
mundo. E isso possibilita que a empresa<br />
tenha polos <strong>de</strong> especialistas e complementares<br />
e não uma quase réplica do mesmo<br />
mo<strong>de</strong>lo espalhada pelo mundo.<br />
Ou ainda: a empresa po<strong>de</strong> ter todos os<br />
capabilities, mas po<strong>de</strong> também ter protagonismo<br />
em um serviço <strong>de</strong>ntro da sua re<strong>de</strong>.<br />
Isso para po<strong>de</strong>r colocar em prática essa<br />
criativida<strong>de</strong> distribuída!<br />
Tudo isso faz a gente pensar que para as<br />
marcas <strong>de</strong> nossos clientes, a agência i<strong>de</strong>al<br />
mora <strong>de</strong> fato na nuvem. Porque, em cima<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>safio real, <strong>de</strong> uma oportunida<strong>de</strong><br />
que esse <strong>de</strong>safio traz, vai se construir um<br />
time específico <strong>de</strong> talentos espalhados no<br />
mundo, na re<strong>de</strong> que sabe como aten<strong>de</strong>r, solucionar<br />
e trazer uma visão completamente<br />
nova e diferente para essa marca.<br />
Você po<strong>de</strong> até pensar que isso é uma<br />
viagem. Mas não é. É real e já está acontecendo.<br />
O escritório <strong>de</strong> São Paulo da R/<br />
GA hoje aten<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 27 marcas fora<br />
do Brasil. Seja em Tech, UX, Branding,<br />
Design Systems ou Comunicação, temos<br />
mais 40 pessoas todos os dias colaborando<br />
com pessoas do mundo todo para diferentes<br />
marcas.<br />
Isso é muito bacana e só é possível acontecer<br />
hoje graças à toda tecnologia que temos,<br />
como internet rápida, aplicativos para<br />
vi<strong>de</strong>ochamadas e outros softwares que nos<br />
ajudam no trabalho remoto.<br />
E mais: a criativida<strong>de</strong> distribuída ajuda a<br />
acabar com o nosso complexo <strong>de</strong> vira-latas.<br />
Afinal, somos exemplo e benchmark para<br />
muita coisa boa no mundo.<br />
E somos disputados toda vez que aparece<br />
um <strong>de</strong>safio novo. Se você parar para<br />
pensar nesse Brasilzão, um país que é um<br />
continente, imagine o que a criativida<strong>de</strong><br />
distribuída po<strong>de</strong> fazer para as marcas <strong>de</strong>ste<br />
país e suas agências?<br />
“a criativida<strong>de</strong><br />
distribuída ajuda<br />
a acabar com o<br />
nosso complexo<br />
<strong>de</strong> vira-latas”<br />
* Marcio Oliveira é presi<strong>de</strong>nte da R/GA<br />
marcio.oliveira@rga.com<br />
80 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
A economia criativa<br />
fortalece empresas<br />
Raffael MastRocola*<br />
A<br />
economia criativa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação<br />
do seu conceito por John Howkins,<br />
em 2001, vem impactando diretamente<br />
inúmeras indústrias que vão<br />
da publicida<strong>de</strong> à tecnologia, mas muitas vezes<br />
ela traz consigo a sensação <strong>de</strong> que estamos falando<br />
<strong>de</strong> setores que movimentam menos o<br />
PIB. Mera ilusão. O consumo <strong>de</strong> experiências<br />
suplantou o consumo <strong>de</strong> materiais como mola<br />
propulsora do crescimento das empresas<br />
e das economias globais, em um movimento<br />
acelerado em boa parte pelas quarentenas que<br />
experimentamos nos últimos dois anos.<br />
Na carona <strong>de</strong>sse movimento, a economia<br />
criativa <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma tendência para se<br />
tornar uma necessida<strong>de</strong>, já que as indústrias<br />
que a compõem se tornaram fundamentais<br />
para alimentar esse novo tipo <strong>de</strong> consumidor<br />
através <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> unir criativida<strong>de</strong><br />
e inovação para gerar gran<strong>de</strong>s experiências<br />
humanas.<br />
A importância <strong>de</strong> segmentos criativos se<br />
intensificou, na carona <strong>de</strong> um consumo mais<br />
voltado ao entretenimento; à cobrança <strong>maio</strong>r<br />
por valores e responsabilida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> marcas<br />
por parte <strong>de</strong> seus consumidores; e à intensificação<br />
da revolução digital. Essa economia<br />
passou a ser mais mencionada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2021,<br />
quando foi <strong>de</strong>clarado o Ano Internacional da<br />
Economia Criativa para o Desenvolvimento<br />
Sustentável pela ONU – especialmente pelo setor<br />
ter sido um dos que obtiveram crescimento<br />
mais acelerado na economia mundial nos<br />
últimos anos, além da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar<br />
renda e empregos num momento tão crítico.<br />
Assim, a economia criativa passou a importar<br />
não apenas por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar<br />
pequenos e médios negócios e indicar<br />
caminhos futuros, mas por já ser uma parte<br />
relevante do todo das economias dos principais<br />
países do mundo. Nas cinco <strong>maio</strong>res economias<br />
da Europa, que são Alemanha, Reino<br />
Unido, Espanha, Itália e Turquia, e nas três<br />
<strong>maio</strong>res da Ásia Pacífico, compostas por Japão,<br />
Austrália e Coreia do Sul, esse segmento<br />
concentra já 7% da força <strong>de</strong> trabalho. Após as<br />
gran<strong>de</strong>s perdas sofridas com a pan<strong>de</strong>mia, a<br />
economia criativa ampliou seu papel <strong>de</strong> ponto<br />
crucial para alimentar o crescimento internacional<br />
dos países. Cabe também às li<strong>de</strong>ranças<br />
públicas incentivar o tema e financiar empresas<br />
<strong>de</strong> todos os tipos, tamanhos e necessida<strong>de</strong>s<br />
para que elas se <strong>de</strong>senvolvam, gerem empregos<br />
e aju<strong>de</strong>m os países a crescer através do<br />
consumo <strong>de</strong> experiências. Seguindo exemplo<br />
<strong>de</strong> lugares já citados, que têm se beneficiado<br />
<strong>de</strong>sses investimentos.<br />
Outro aspecto importante da economia<br />
criativa, que possibilita a expansão <strong>de</strong> setores<br />
diversos, é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar marcas e<br />
empresas a atingirem novos públicos, tornando<br />
produtos, serviços e, claro, experiências<br />
acessíveis a uma audiência antes negligenciada.<br />
Quando, recentemente, Emicida se tornou<br />
o primeiro artista brasileiro a se apresentar no<br />
Fortnite, em um show que foi exibido por 72<br />
horas entre o fim <strong>de</strong> abril e começo <strong>de</strong> <strong>maio</strong>,<br />
ele se tornou acessível a um novo público,<br />
através da integração dos esforços <strong>de</strong> duas das<br />
indústrias mais <strong>de</strong>stacadas no setor criativo:<br />
games e música.<br />
Também têm se tornado comuns as exposições<br />
internacionais <strong>de</strong> museus consagrados,<br />
compartilhadas por meio <strong>de</strong> novas tecnologias.<br />
Uma iniciativa bastante interessante nesse<br />
sentido foi o Mapa Cultural <strong>de</strong> Perdas da<br />
Ucrânia, uma ação interativa da The Ukrainian<br />
Cultural Foundation que <strong>de</strong>monstrou a escala<br />
da <strong>de</strong>struição da guerra, ao mapear mais <strong>de</strong><br />
150 monumentos e objetos culturais que foram<br />
parciais ou completamente <strong>de</strong>struídos pela invasão<br />
russa. Em momentos como pan<strong>de</strong>mia e<br />
guerra, a indústria criativa sofre em seus mais<br />
diferentes setores, talvez mais que as outras<br />
indústrias. Mas é ela também a primeira a ressurgir,<br />
e ajudar o mundo a se reinventar e criar<br />
soluções, através <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e inovação.<br />
Hoje, quem está fora da economia criativa,<br />
está fora <strong>de</strong> tudo. E as marcas que já enten<strong>de</strong>ram<br />
isso saíram na frente e provavelmente<br />
serão as que vão ditar as próximas tendências.<br />
“A economiA criAtivA<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />
umA tendênciA<br />
pArA se tornAr<br />
umA necessidA<strong>de</strong>”<br />
*Raffael Mastrocola é CEO da Oliver América<br />
Latina<br />
raffaelmastrocola@oliver.agency<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 81
propmark 57 aNoS<br />
arquitetura reafirma papel <strong>de</strong><br />
agente social para construir valor<br />
Segmento utiliza ferramentas do marketing para fazer uma imersão<br />
no cotidiano das pessoas e <strong>de</strong>scobrir a vocação <strong>de</strong> espaços e objetos<br />
Divulgação/Kéré Architectur<br />
Gando Primary School Library, em Gando, Burkina Faso, é uma das criações <strong>de</strong> Diébédo Francis Kéré que exaltam materiais nativos em prol da função social da arquitetura<br />
Janaina Langsdorff<br />
arquiteta italiana naturalizada brasileira<br />
Lina Bo Bardi lutou para valorizar a<br />
A<br />
cultura nacional. Ainda na década <strong>de</strong> 1950,<br />
construiu um museu <strong>de</strong> arte popular em<br />
Salvador (BA), expoente do pensamento<br />
colaborativo, que já unia a sabedoria acadêmica<br />
à prática <strong>de</strong> mestres artesãos para<br />
<strong>de</strong>senhar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> genuinamente<br />
brasileira. Nas andanças pelo Nor<strong>de</strong>ste,<br />
reuniu um acervo <strong>de</strong> quase duas mil obras.<br />
I<strong>de</strong>alizadora do Masp, Lina tem nome<br />
cativo na arquitetura brasileira. O Sesc<br />
Pompeia, por exemplo, foi eleito a sexta<br />
melhor construção em concreto do mundo<br />
pelo jornal inglês The Guardian. Lina é<br />
ainda a primeira mulher a conquistar Leão<br />
<strong>de</strong> Ouro na 17ª Biennale Architettura <strong>de</strong><br />
Veneza, na Itália, homenagem anunciada<br />
em <strong>maio</strong> <strong>de</strong> 2021. Só Oscar Niemeyer e<br />
Paulo Men<strong>de</strong>s da Rocha haviam cravado<br />
as suas obras na premiação.<br />
No último dia 20 <strong>de</strong> março, mês que<br />
marca 30 anos da morte <strong>de</strong> Lina Bo Bardi,<br />
a arquiteta nascida em Roma em 1914 ganhou<br />
documentário no canal Curta e uma<br />
releitura feita no site do Itaú Cultural <strong>de</strong><br />
obras que se tornaram cartão-postal <strong>de</strong><br />
São Paulo. O Masp foi re<strong>de</strong>senhado pela<br />
artista gráfica Catarina Bessell, enquanto<br />
a artista plástica Eliana Bianco revisitou<br />
o Sesc Pompeia, que no passado operava<br />
como uma fábrica <strong>de</strong> tambores. Já a Casa<br />
<strong>de</strong> Vidro, residência <strong>de</strong> Lina e seu marido,<br />
Pietro Maria Bardi, por mais <strong>de</strong> 40 anos,<br />
no bairro do Morumbi, foi refeita pela artista<br />
e arquiteta Carla Caffé.<br />
Outro <strong>de</strong>fensor dos costumes autênticos<br />
<strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> é Diébédo Francis<br />
Kéré. Nascido em Gando, Burkina Faso,<br />
em 1965, e radicado em Berlim, na Alema-<br />
Tal qual a publicida<strong>de</strong>,<br />
a arquiTeTura observa<br />
hábiTos para enTen<strong>de</strong>r<br />
o propósiTo <strong>de</strong> espaços<br />
conforme o conTexTo<br />
social e culTural<br />
82 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Iwan Baan/Divulgação/Zaha Hadid Architects<br />
Centro Heydar Aliyev, em Baku, no Azerbaijão, mostra curvas e ângulos característicos do trabalho da iraquiana-britânica Zaha Hadid, que inspira arquitetos em todo o mundo<br />
Brasil não valoriza<br />
a sua matéria-prima<br />
Quem é arquiteto e publicitário, <strong>de</strong>ixa<br />
uma análise afiada sobre o contexto do<br />
mercado brasileiro. Vindo <strong>de</strong> uma família<br />
<strong>de</strong> arquitetos da Bahia, Sergio Gordilho,<br />
copresi<strong>de</strong>nte e CCO da Africa, ratifica<br />
o potencial da matéria-prima nativa,<br />
mencionando a dianteira alcançada pelos<br />
mexicanos. Mas lembra que o Brasil não<br />
segue essa tendência. “Temos uma riqueza<br />
<strong>de</strong> pedras, como a vitória régia, <strong>de</strong><br />
Minas Gerais, mas preferimos comprar as<br />
italianas, que custam três vezes mais”,<br />
critica Gordilho. Falta educação. Para o<br />
executivo, o Brasil não prepara engenheiros<br />
para inovações, e os arquitetos são<br />
mais reconhecidos por projetos resi<strong>de</strong>nciais.<br />
“Só padronizamos. O Brasil não é<br />
um país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s arquitetos porque não<br />
conseguiu encontrar a própria arquitetura”,<br />
emenda.<br />
O sucesso da dupla <strong>de</strong> <strong>de</strong>signers Fernando<br />
e Humberto Campana dá guarida à<br />
bronca. Com a Ca<strong>de</strong>ira Favela, os Irmãos<br />
Campana viraram ícones “porque criaram<br />
uma obra que traduz o que nós somos”,<br />
constata Gordilho, fã da <strong>de</strong>signer espanhola<br />
Patricia Urquiola, que exaltou a textura<br />
africana em seus móveis. O executivo<br />
ainda enaltece a trajetória do brasileiro<br />
Isay Weinfeld, cujo trabalho mostra que a<br />
arquitetura está em todo lugar.<br />
Da experiência da propaganda, vem a<br />
certeza <strong>de</strong> que as áreas da economia criativa<br />
se misturam cada vez mais em projetos<br />
colaborativos capazes <strong>de</strong> entreter<br />
Sergio Gordilho, copresi<strong>de</strong>nte e CCO da Africa<br />
Divulgação<br />
e engajar, gerando conversão e venda.<br />
“Está tudo misturado. Na moda, por<br />
exemplo, vemos <strong>de</strong>sfiles feitos para transmitir<br />
uma mensagem, mais que mostrar<br />
roupas”, observa. Para Gordilho, os profissionais<br />
que atuam na indústria criativa<br />
brasileira precisam acreditar no potencial<br />
do Brasil. A publicida<strong>de</strong> dá o seu exemplo<br />
ao colocar o país entre os mais criativos do<br />
mundo. “Devo muito à arquitetura, que<br />
me ensinou a transformar ambientes”, reconhece<br />
Gordilho.<br />
nha, o arquiteto venceu o Prêmio Pritzker<br />
<strong>2022</strong>, o <strong>maio</strong>r reconhecimento mundial<br />
do setor. O direito das crianças a uma sala<br />
<strong>de</strong> aula confortável estampa uma das ban<strong>de</strong>iras<br />
<strong>de</strong> Kéré. Criada em 2001, a Escola<br />
Primária Gando foi erguida por moradores<br />
locais com um <strong>de</strong>senho que combina<br />
materiais nativos e engenharia mo<strong>de</strong>rna.<br />
Ganhador do Prêmio Aga Khan <strong>de</strong> Arquitetura<br />
em 2004, o projeto abriu caminho<br />
para um trabalho pautado na visão social<br />
da arquitetura.<br />
“Uma expressão poética <strong>de</strong> luz é consistente<br />
em toda a obra <strong>de</strong> Kéré. Os raios<br />
<strong>de</strong> sol se infiltram em edifícios, pátios e<br />
espaços intermediários, superando as duras<br />
condições do meio-dia para oferecer<br />
locais <strong>de</strong> serenida<strong>de</strong> ou encontro”, diz o<br />
comunicado oficial do Prêmio Pritzker.<br />
O portfólio <strong>de</strong> Kéré ainda tem instalações<br />
médicas, edifícios <strong>de</strong> parlamento e<br />
campus <strong>de</strong> tecnologias espalhados por<br />
Burkina Faso, República do Benin e Quênia,<br />
entre outras regiões da África. “A arquitetura<br />
sempre teve um papel <strong>de</strong> transformação<br />
social. Kéré é um exemplo <strong>de</strong><br />
autossuperação, que enten<strong>de</strong>u a verda<strong>de</strong>ira<br />
missão da arquitetura, colocando-a<br />
em prática <strong>de</strong> forma colaborativa e viável<br />
economicamente”, afirma o arquiteto<br />
Carlos Marcelo Campos Teixeira, professor<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />
e Design (FAU) da Universida<strong>de</strong><br />
Presbiteriana Mackenzie.<br />
atemporal<br />
Cada um a seu tempo, Lina e Kéré<br />
mostram que não precisa ir longe para<br />
colocar a criativida<strong>de</strong> a serviço do país.<br />
Ambos <strong>de</strong>ixam referências que seguem<br />
inspirando gerações. A leitura e a i<strong>de</strong>ntificação<br />
das condições do entorno <strong>de</strong> uma<br />
intervenção arquitetônica são o ponto <strong>de</strong><br />
partida para iniciar um projeto. A imersão<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 83
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Da publicida<strong>de</strong><br />
para a arquitetura<br />
Nathalie Artaxo/Divulgação/AJ Possato<br />
Carlos Marcelo Campos Teixeira, do Mackenzie<br />
traz pistas sobre a vocação do local, fruição<br />
pública, mobilida<strong>de</strong>, infraestrutura<br />
e público-alvo, configurando a persona<br />
que vai usufruir do espaço a partir <strong>de</strong> um<br />
“DNA exclusivo, que expresse o chamado<br />
‘genius loci’, o espírito do lugar, tornando<br />
o empreendimento único para aquele<br />
povo e região”, comenta Teixeira.<br />
O processo criativo da arquitetura encontra<br />
no trabalho da iraquiana-britânica<br />
Zaha Hadid, falecida em 2016, o ápice da<br />
inovação. Famosa por obras repletas <strong>de</strong><br />
curvas e ângulos, ela “traz o elemento dinâmico<br />
da multi e transdisciplinarida<strong>de</strong>,<br />
envolvendo expertises <strong>de</strong> diferentes áreas<br />
para a materialização <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias fluidas<br />
e futurísticas”, analisa Teixeira.<br />
Entre inspirações e influências, está a<br />
paixão pela arte abstrata do russo Kazimir<br />
Malevich, adotando a pintura como<br />
meio <strong>de</strong> investigação criativa <strong>de</strong> estudos<br />
topográficos. “Outra lição marcante foi o<br />
<strong>de</strong>senho a mão como linguagem e parte<br />
do processo criativo do arquiteto”, acrescenta<br />
o professor.<br />
referêNciaS<br />
É por meio da linguagem gráfica do <strong>de</strong>senho<br />
que arquitetos e <strong>de</strong>signers exercitam<br />
a criativida<strong>de</strong>, tangibilizando informações<br />
captadas durante o mergulho no<br />
cotidiano, e transformando-as em croquis<br />
ou sketches utilizados para comprovar a<br />
pertinência e a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia.<br />
Conceitos <strong>de</strong> pesquisa e análise estratégica<br />
estão embasados no <strong>de</strong>sign research,<br />
que nasce da fusão <strong>de</strong> ferramentas vindas<br />
do marketing com princípios <strong>de</strong> prototipação,<br />
consolidando um processo para investigar<br />
<strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s materiali-<br />
Juliana e Andrea Possato: brainstorming para discussão e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> soluções apresentadas aos clientes<br />
publicitária Juliana Possato trocou çados pela experiência <strong>de</strong> vida. “A criativida<strong>de</strong><br />
está presente em todos os dias,<br />
A uma carreira sólida na propaganda<br />
pela arquitetura. Após 15 anos em posições<br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, se ren<strong>de</strong>u à paixão apontam elas. Trabalhos <strong>de</strong> outros arqui-<br />
momentos e locais que frequentamos”,<br />
por “oferecer caminhos para que as pessoas<br />
realizem os seus sonhos”. O <strong>de</strong>sejo viagens, revistas, feiras, programas, filtetos,<br />
artistas plásticos, lojas, mostras,<br />
<strong>de</strong> inovar e empreen<strong>de</strong>r também falou mes, eventos culturais, shows e arte são<br />
mais alto.<br />
fontes alimentadas ainda por movimentos<br />
<strong>de</strong> mercado, tecnologias e novos usos<br />
Em socieda<strong>de</strong> com a irmã, a arquiteta<br />
e <strong>de</strong>coradora Andrea Possato, ela aplica a <strong>de</strong> materiais.<br />
visão <strong>de</strong> negócios, estratégia e gestão <strong>de</strong> De Diébédo Francis Kéré vem o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> um trabalho que reafirma<br />
clientes <strong>de</strong>senvolvida ao longo <strong>de</strong> sua carreira<br />
para criar “uma narrativa própria”. o compromisso social da arquiteta. Juliana<br />
e Andrea não acreditam em repo-<br />
No repertório, conhecimento técnico e<br />
estético se juntam à busca por tendências sicionamento. Para elas, o papel original<br />
e inovações em materiais, soluções, produtos,<br />
cores e linguagens para iniciar um fronteiras, alcançando uma nova perspec-<br />
da ativida<strong>de</strong> se mantém, e hoje expan<strong>de</strong><br />
projeto respeitando as expectativas, necessida<strong>de</strong>s<br />
e investimento do cliente. e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> técnicas,<br />
tiva que consi<strong>de</strong>ra a escassez <strong>de</strong> recursos<br />
As irmãs Possato contam que na arquitetura<br />
utilizam os mesmos recursos o resultado estético e funcional.<br />
materiais e mão <strong>de</strong> obra, sem abandonar<br />
da publicida<strong>de</strong> para a construção <strong>de</strong> conceitos.<br />
“Há brainstorming para discussão mas pela representativida<strong>de</strong>, Zaha Ha-<br />
Não só por obras <strong>de</strong>sconstrutivistas,<br />
e <strong>de</strong>finição das soluções que levaremos did é também inspiradora por natureza.<br />
como resposta ao <strong>de</strong>safio do cliente ou “Transcen<strong>de</strong>ndo os resultados da profissão,<br />
na posição <strong>de</strong> mulher, nascida em<br />
projeto”, explicam elas. Design, mobiliários,<br />
tecidos e acabamentos ajudam a 1950, num cenário li<strong>de</strong>rado por homens,<br />
compor o mood board e mood book, usados<br />
para ilustrar o estilo perseguido. primeira mulher a receber o prêmio Prit-<br />
tem um reconhecimento ímpar. Foi a<br />
Como na propaganda, a apresentação<br />
do projeto busca envolver, seduzir e Elas citam também a inspiração vinzker”,<br />
lembram as irmãs Possato.<br />
transportar o cliente ao universo projetado.<br />
“Ele precisa se ver na situação. Sentir van <strong>de</strong>r Rohe com as suas linhas retas,<br />
da do trabalho do arquiteto alemão Mies<br />
o aroma, o aconchego. É como uma campanha<br />
<strong>de</strong> perfumes. Você precisa fazer externa, além do uso do vidro e concreto,<br />
simetria, integração entre área interna e<br />
o consumidor sentir a fragrância com os a exemplo da Farnsworth House. Instalada<br />
em Illinois (EUA), a casa foi construída<br />
olhos, experimentar o produto através<br />
das imagens”, compara a dupla.<br />
entre 1945 e 1951, e virou ícone da arquitetura<br />
Já a inspiração vem dos contornos tra-<br />
mo<strong>de</strong>rna.<br />
84 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Cortesia <strong>de</strong> Marcelo Libeskind via ArquivoArq<br />
Lina Bo Bardi em re<strong>de</strong>senho do Masp feito por Catarina Bessell para o Itaú Cultural Marco <strong>de</strong> São Paulo, o Conjunto Nacional foi projetado por David Libeskind, em 1955<br />
zados em ambientes, produtos e serviços.<br />
“O arquiteto bebe <strong>de</strong> todas as referências<br />
criativas: marketing, moda, arquitetura<br />
<strong>de</strong> vanguarda, arquitetura futurista,<br />
<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> produtos e <strong>de</strong> mobiliário”, reforça<br />
Samia Jardim, diretora da L’espace<br />
AD, loja-conceito especializada em arquitetura<br />
<strong>de</strong> luxo, inaugurada em 2020 na<br />
Marginal Tietê, em São Paulo, pelo Grupo<br />
ADEO, dono também da re<strong>de</strong> francesa <strong>de</strong><br />
bricolagem Leroy Merlin.<br />
A re<strong>de</strong> é atendida pela Ogilvy, que trabalha<br />
para a L’espace AD em projetos pontuais.<br />
Com três mil metros quadrados, 25<br />
ambientes <strong>de</strong>corados e mais <strong>de</strong> 40 fornecedores<br />
nacionais e internacionais, a<br />
área <strong>de</strong> coworking tem ainda programa<br />
<strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> exclusivo para arquitetos e<br />
<strong>de</strong>signers. O projeto nasceu da escuta <strong>de</strong><br />
seis mil especificadores da praça <strong>de</strong> São<br />
Paulo. “Instagram, Pinterest e eventos<br />
como Casacor, iSaloni e DW! complementam<br />
o processo criativo”, pontua Samia.<br />
SimilariDaDeS<br />
Tal qual a publicida<strong>de</strong>, a arquitetura<br />
também parte da observação do comportamento<br />
para enten<strong>de</strong>r o propósito <strong>de</strong> espaços<br />
conforme o contexto social e cultural<br />
do usuário. “Quando projetamos uma<br />
casa ou um ambiente, <strong>de</strong>vemos olhar para<br />
o ser humano e expandir a pesquisa para<br />
o coletivo”, comenta Edson Coutinho, gerente<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e tendências da Tok&Stok,<br />
reforçando o recado dado ao mundo com<br />
o trabalho <strong>de</strong> Kéré. Aqui, também vale a<br />
diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões, visões e campos<br />
<strong>de</strong> criação para encontrar inovações.<br />
Com mais <strong>de</strong> 11 mil itens e 150 <strong>de</strong>signers<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 85
propmark 57 aNoS<br />
Cortesia <strong>de</strong> Lars Borges<br />
Fotos: Divulgação<br />
Diébédo Francis Kéré, ganhador do Pritzker <strong>2022</strong><br />
nacionais e internacionais, a Tok&Stok<br />
busca inspirar os seus consumidores em<br />
ações <strong>de</strong> comunicação criadas pela E<strong>de</strong>lman<br />
e Box. Na campanha Fotógrafxs, 15<br />
fotógrafos brasileiros exploraram a pluralida<strong>de</strong><br />
do país. Os trabalhos ganharam<br />
uma exposição convidando as pessoas a<br />
criarem uma atmosfera <strong>de</strong> galeria <strong>de</strong> arte<br />
em suas casas.<br />
Fundada em 1978, a Tok&Stok inaugurou<br />
a sua primeira loja na Avenida São<br />
Gabriel, em São Paulo. Referência no varejo<br />
<strong>de</strong> móveis e <strong>de</strong>coração, hoje possui 66<br />
unida<strong>de</strong>s. A re<strong>de</strong> acaba <strong>de</strong> inaugurar a primeira<br />
Loja Studio, em São Caetano (SP). O<br />
próximo <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ve ser a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joinville<br />
(SC). “Estamos atentos às conversas<br />
para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> uma maneira<br />
funcional e inteligente, buscando oferecer<br />
uma melhor experiência”, garante Renata<br />
Saad, head <strong>de</strong> comunicação da Tok&Stok.<br />
L’espace AD, loja-conceito do Grupo ADEO<br />
Campanha Seu espaço <strong>de</strong> trabalho, da Tok&Stok<br />
ageNte Social<br />
Moradia e abrigo para educação, cultura<br />
e saú<strong>de</strong>, a arquitetura, porém, tomou um<br />
rumo elitista, que vem sendo <strong>de</strong>smontado<br />
pela “urgência <strong>de</strong> se <strong>de</strong>mocratizar a ativida<strong>de</strong>,<br />
buscando seu aspecto <strong>de</strong> agente<br />
social”, frisa Beatriz Cortez, head <strong>de</strong> arquitetura<br />
da Mobly. Com mais <strong>de</strong> 250 mil artigos,<br />
entre móveis e objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração,<br />
o negócio aportou no mercado em 2011, e<br />
<strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois estreou na B3.<br />
As suas 14 lojas físicas e quatro centros<br />
<strong>de</strong> distribuição em São Paulo, Minas Gerais,<br />
Santa Catarina e Pernambuco somaram receita<br />
<strong>de</strong> R$ 721,4 milhões no ano passado.<br />
Isay Weinfeld, FGMF e SuperLimão Studio<br />
estão entre os exemplos <strong>de</strong> escritórios contemporâneos<br />
citados como mo<strong>de</strong>los por<br />
Beatriz ao lado <strong>de</strong> Zaha Hadid, Paulo Men<strong>de</strong>s<br />
da Rocha e Santiago Calatrava. São referências<br />
que ajudam a compor o senso <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das obras, principalmente na<br />
etapa <strong>de</strong> criação do projeto.<br />
Samia Jardim, diretora da L’espace AD: arquiteto bebe <strong>de</strong> referências criativas do marketing<br />
Auditório Ibirapuera, criação assinada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é símbolo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
Rovena Rosa/Divulgação/Agência Brasil<br />
86 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 anos<br />
“não somos<br />
carência, e<br />
sim potência”<br />
Douglas Jacó/ Divulgação/ Favela Holding<br />
Celso Athay<strong>de</strong> nasceu na Baixada<br />
Fluminense, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Sofreu as<br />
agruras das ruas e experimentou a vivência<br />
da favela. Da escola da vida, tirou lições<br />
sobre sobrevivência, hoje reconhecidas e premiadas<br />
no mundo do empreen<strong>de</strong>dorismo social. O CEO da<br />
Favela Holding, que abriga mais <strong>de</strong> 20 empresas,<br />
comemora a receptivida<strong>de</strong> das marcas na Expo<br />
Favela, realizada entre os dias 15 e 17 <strong>de</strong> abril, no<br />
World Tra<strong>de</strong> Center (WTC), em São Paulo, certo <strong>de</strong><br />
que outros eventos voltarão a promover negócios<br />
carregados <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, um dos principais<br />
motores da economia criativa. O potencial abrange<br />
17 milhões <strong>de</strong> pessoas, que movimentam R$ 180,9<br />
bilhões em renda própria ao ano nas favelas.<br />
Celso Athay<strong>de</strong>, CEO da Favela Holding: falta investimento para aceleração <strong>de</strong> negócios<br />
Janaina Langsdorff<br />
potencial<br />
Na Expo Favela, a gente divulgou<br />
a pesquisa Um País<br />
Chamado Favela. Os dados<br />
mostraram que 76% dos moradores<br />
<strong>de</strong> favelas têm, tiveram<br />
ou preten<strong>de</strong>m ter um negócio<br />
próprio; 50% se consi<strong>de</strong>ram<br />
empreen<strong>de</strong>dores; 41% têm negócio<br />
próprio; e 57% abriram<br />
o próprio negócio por falta <strong>de</strong><br />
alternativas <strong>de</strong> renda. Muitos<br />
querem investir, mas não sabem<br />
como. Venho trabalhando<br />
há anos para mostrar que não<br />
somos carência, e sim potência.<br />
Prova disso, foi o que vivemos<br />
no WTC, com mais <strong>de</strong> 30 mil<br />
pessoas circulando pela Expo<br />
Favela. Tivemos mais <strong>de</strong> 20 mil<br />
inscritos e 350 foram selecionados<br />
para ter oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
negócio e conversar com mais<br />
<strong>de</strong> 300 representantes <strong>de</strong> fundos<br />
<strong>de</strong> investimento.<br />
luta<br />
Sempre digo que o empreen<strong>de</strong>dor<br />
da favela é empresário<br />
por sobrevivência. Ven<strong>de</strong> o<br />
almoço para comer na janta. Se<br />
o negócio não está dando certo,<br />
rapidamente ele muda a sua<br />
área <strong>de</strong> atuação e faz seu empreendimento<br />
funcionar.<br />
renda<br />
Estima-se que os moradores<br />
<strong>de</strong> favela geram R$ 180,9<br />
bilhões em renda própria ao<br />
ano. As favelas movimentam<br />
uma massa <strong>de</strong> renda <strong>maio</strong>r que<br />
21 dos 27 estados brasileiros. O<br />
Brasil tem 17 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />
vivendo em favelas. Se<br />
formassem um estado, seria o<br />
quarto <strong>maio</strong>r do país.<br />
preparo<br />
A capacitação vem no dia a<br />
dia, o empreen<strong>de</strong>dor da favela<br />
não estudou em gran<strong>de</strong>s escolas,<br />
frequentou faculda<strong>de</strong>s<br />
renomadas. A vivência vem da<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer com que<br />
seu negócio funcione e leve o<br />
sustento para sua família.<br />
entrave<br />
Que o brasileiro é empreen<strong>de</strong>dor<br />
por natureza isso a <strong>maio</strong>ria<br />
das pessoas já sabe. Só no<br />
estado <strong>de</strong> São Paulo são 46,6<br />
milhões <strong>de</strong> pessoas. E acredito<br />
que a <strong>maio</strong>ria <strong>de</strong>las, <strong>de</strong> forma<br />
direta ou indireta, tem alguma<br />
relação com o empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />
Dito isso, a economia criativa<br />
tem muito mais potencial<br />
para se <strong>de</strong>senvolver em comparação<br />
à economia convencional.<br />
O seu gran<strong>de</strong> impeditivo<br />
é a falta <strong>de</strong> investimento para<br />
“a economia<br />
criativa tem mais<br />
potencial para se<br />
<strong>de</strong>senvolver<br />
em comparação<br />
à convencional”<br />
aceleração do negócio. Por isso,<br />
venho trabalhando para fazer<br />
essa conexão entre empreen<strong>de</strong>dores<br />
da favela e investidores<br />
do asfalto.<br />
marcas<br />
Algumas já apren<strong>de</strong>ram a<br />
se comunicar. Um ponto a ser<br />
<strong>de</strong>stacado: a confiança ten<strong>de</strong> a<br />
ser <strong>maio</strong>r <strong>de</strong>ntro da própria comunida<strong>de</strong>.<br />
88% dos moradores<br />
<strong>de</strong> favela confiam mais em um<br />
influenciador da própria comunida<strong>de</strong><br />
que em um famoso.<br />
presença<br />
Na Expo Favela, comprovamos<br />
que boa parte das marcas<br />
olha para a favela, como Vivo,<br />
Gol Linhas Aéreas, Nubank,<br />
Oliveira Foundation, Grupo<br />
Carrefour Brasil, Sesi, iFood,<br />
Global Data Bank, Mon<strong>de</strong>lez International,<br />
Favela Vai Voando,<br />
Ultragaz, Ambev e Facily, entre<br />
outras.<br />
canais<br />
Temos muitas mídias e influenciadores.<br />
Destaco Jornal<br />
Empo<strong>de</strong>rado, Notícia Preta e<br />
Agência Mural, entre outras.<br />
A prestação <strong>de</strong> serviço é o que<br />
funciona. A favela é ligada em<br />
questões práticas. Os empreen<strong>de</strong>dores<br />
buscam melhorar o<br />
que não está funcionando <strong>de</strong>ntro<br />
da favela, como <strong>de</strong>livery e<br />
entrega <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> consumo.<br />
Coisas básicas, que fazem diferença<br />
na vida dos moradores.<br />
verda<strong>de</strong><br />
Existem empresas que, <strong>de</strong><br />
fato, auxiliam com projetos gratuitos<br />
<strong>de</strong> educação financeira,<br />
empreen<strong>de</strong>dorismo, capacitação,<br />
recolocação profissional e<br />
doação <strong>de</strong> alimentos. No último<br />
dia 30 <strong>de</strong> abril, foi iniciada<br />
a doação da Cufa Vale-Gás, uma<br />
parceria da Central Única das<br />
Favelas (Cufa) com a Petrobras.<br />
A iniciativa faz parte do programa<br />
<strong>de</strong> acesso ao gás <strong>de</strong> cozinha<br />
da Petrobras junto a instituições<br />
sem fins lucrativos e prevê<br />
a doação <strong>de</strong> auxílios, beneficiando<br />
mais <strong>de</strong> quatro milhões<br />
<strong>de</strong> pessoas em todo o Brasil, direta<br />
e indiretamente.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 87
propmArk 57 Anos<br />
Arte e publicida<strong>de</strong> se conectam ao<br />
longo da história e inspiram gerações<br />
Existem inúmeras campanhas que utilizam referências artísticas,<br />
mas o contrário também já ocorreu; cultura é a alavanca da criativida<strong>de</strong><br />
Divulgação<br />
Cena do curta-metragem Curupira e a máquina do <strong>de</strong>stino, da diretora Janaina Wagner, rodado na BR-319: “A <strong>de</strong>struição da Amazônia diz respeito ao mundo inteiro”, afirma ela<br />
kelly dores<br />
vida imita a arte ou a arte imita a vida?<br />
A Publicida<strong>de</strong> é arte? Não há respostas<br />
exatas para essas questões, mas é possível<br />
afirmar que publicida<strong>de</strong> e arte se conectam<br />
completamente – e se misturam. Apesar<br />
<strong>de</strong> parte da classe artística ter um certo<br />
preconceito com propaganda, a história<br />
mostra como as duas ativida<strong>de</strong>s se retroalimentam.<br />
No fim do século 19, foram<br />
artistas (e não publicitários e <strong>de</strong>signers –<br />
profissionais que ainda não existiam) que<br />
fizeram os primeiros cartazes ilustrados,<br />
quando esta era a principal mídia publicitária<br />
para produtos, como tabaco, chocolate<br />
e perfumaria; e também serviços,<br />
como cabarés e circo.<br />
“Eles pintavam os <strong>de</strong>senhos dos pôsteres<br />
que seriam transferidos para as pedras<br />
litográficas e <strong>de</strong>pois impressos em escala.<br />
“embora as artes visuais<br />
sejam a expressão<br />
artística mais utilizada<br />
na publicida<strong>de</strong><br />
contemporânea,<br />
outras também são<br />
frequentemente usadas”<br />
Alguns, como Jules Chéret (seguido por<br />
Toulouse-Lautrec e tantos outros), na Paris<br />
dos anos 1860, dominavam o sistema<br />
<strong>de</strong> impressão em cores”, lembra a coor<strong>de</strong>nadora<br />
do Mestrado Profissional em<br />
Gestão da Economia Criativa da ESPM,<br />
Isabella Perrotta.<br />
A professora <strong>de</strong>staca que, em 1895, Chéret<br />
começa a publicar uma série <strong>de</strong> reproduções<br />
<strong>de</strong> 256 obras <strong>de</strong> 97 artistas parisienses.<br />
A coletânea intitulada Maîtres <strong>de</strong> l’Affiche<br />
(Mestres dos Cartazes) teve lançamentos<br />
mensais, em folhas soltas e numeradas,<br />
durante 60 meses, até 1900. Segundo ela,<br />
muito anterior ao ensaio <strong>de</strong> Walter Benjamin<br />
que, em 1936, influenciado pela fotografia<br />
e pelo cinema, discutia a obra <strong>de</strong> arte<br />
na era da reprodutibilida<strong>de</strong> técnica, a obra<br />
<strong>de</strong> Chéret foi importantíssima, justamente<br />
por trazer à tona a discussão: eram os cartazes<br />
publicitários obras <strong>de</strong> arte?<br />
Com a expansão da publicida<strong>de</strong>, esta<br />
passa a ser uma via <strong>de</strong> mão dupla. Será<br />
a arte <strong>de</strong> vanguarda, no fim da primeira<br />
meta<strong>de</strong> do século 20, que vai beber na<br />
publicida<strong>de</strong>, especialmente a pop arte,<br />
que usava a linguagem publicitária e<br />
exibia produtos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> massa e<br />
todo o universo da comunicação. “Com<br />
88 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Divulgação<br />
Dorinho Bastos: “Sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”<br />
o alargamento <strong>de</strong>sta via, veremos então<br />
um outro fenômeno acontecer – que<br />
será o uso <strong>de</strong> referências ‘clássicas’ (no<br />
sentido <strong>de</strong> serem muito conhecidas) em<br />
campanhas dos mais diversos produtos.<br />
É importante dizer que, embora as artes<br />
visuais sejam a expressão artística mais<br />
utilizada na publicida<strong>de</strong> contemporânea,<br />
outras também são frequentemente usadas.<br />
A música, por exemplo – vamos da<br />
ópera ao funk, passando pela MPB”, ressalta<br />
Isabella.<br />
Professor do curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da<br />
ECA-USP, <strong>de</strong>signer gráfico e cartunista,<br />
Dorinho Bastos é certeiro na resposta. “Na<br />
minha opinião, sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”,<br />
sacramenta. Dorinho sintetiza<br />
o pensamento com a afirmação <strong>de</strong> que a<br />
publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong> tudo da vida e não só<br />
da arte. “Vive <strong>de</strong> qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />
frase, da literatura, do cinema, a inspiração<br />
vem <strong>de</strong> tudo quanto é lado”.<br />
Segundo ele, a relação <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />
arte é muito gran<strong>de</strong>, assim como o <strong>de</strong>sign.<br />
“Na verda<strong>de</strong>, tem uma frase para <strong>de</strong>sign<br />
que também cabe para a publicida<strong>de</strong>. Eu<br />
adoro <strong>de</strong>finições inteligentes e curtas. Ela<br />
é a seguinte: ‘Design é arte aplicada’. Acho<br />
muito legal essa <strong>de</strong>finição”.<br />
Arquiteto por formação, mas apaixonado<br />
por <strong>de</strong>sign e cartoon <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre,<br />
Dorinho lembra que, assim como no cinema,<br />
a publicida<strong>de</strong> tem uma direção <strong>de</strong><br />
arte importantíssima. “É óbvio que os objetivos<br />
são diferentes, um está ven<strong>de</strong>ndo<br />
um produto e o outro é pura arte”, resume<br />
Dorinho, que é cartunista do PROP-<br />
MARK <strong>de</strong> longa data.<br />
Com experiência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 anos<br />
como cartunista – ele <strong>de</strong>senhou para O<br />
Pasquim, por exemplo –, Dorinho afirma<br />
que o cartoon já teve um espaço muito<br />
interessante na mídia, mas hoje enfrenta<br />
uma <strong>de</strong>svalorização gran<strong>de</strong>. “Na minha<br />
opinião, o impacto da imagem se per<strong>de</strong>u<br />
muito com a internet, com o celular. O<br />
“a publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong><br />
qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />
frase, da literatura, do<br />
cinema, a inspiração vem<br />
<strong>de</strong> tudo quanto é lado”<br />
cartoon já foi muito forte, eu fazia muitos<br />
trabalhos para revistas corporativas.<br />
Hoje, o espaço é pequeno”, diz Dorinho.<br />
CAmpAnhAs<br />
São inúmeras as campanhas publicitárias<br />
que utilizam referências artísticas.<br />
A Mona Lisa, provavelmente, seja a obra<br />
mais usada. “Já ajudou a ven<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pizza<br />
a produtos <strong>de</strong> limpeza, além <strong>de</strong> frequentemente<br />
ser estrela <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> comportamento<br />
e memes. No auge da pan<strong>de</strong>mia,<br />
ela usou máscara e se <strong>de</strong>scabelou <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sespero. Até o João Carlos Moreno (menino<br />
propaganda da Bombril) já posou <strong>de</strong><br />
Mona Lisa”, recorda a coor<strong>de</strong>nadora do<br />
Mestrado Profissional em Gestão da Economia<br />
Criativa da ESPM.<br />
Recentemente, a marca 3 Corações lançou<br />
uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras<br />
do pintor brasileiro Candido Portinari, um<br />
dos artistas mais importantes do século 20.<br />
A i<strong>de</strong>ia foi enaltecer as riquezas da cultura<br />
brasileira, unindo o café a Portinari, que<br />
nasceu numa fazenda <strong>de</strong> café no interior<br />
<strong>de</strong> São Paulo, o que o inspirou a pintar. De<br />
acordo com histórico, <strong>de</strong>ntre suas 5.400<br />
obras, 257 retratam o dia a dia <strong>de</strong> um cafezal.<br />
As embalagens da linha 3 Corações<br />
Portinari estampam três gran<strong>de</strong>s obras do<br />
artista: Peneirando Café (1957), Meninos<br />
Soltando Pipas (1947) e Café (1942).<br />
“Acreditamos que o café é mais do que<br />
uma bebida. O café também é a expressão<br />
da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada brasileiro, que tem<br />
o próprio jeito <strong>de</strong> amar café. E o Brasil também<br />
vai além do futebol e do Carnaval. O<br />
Brasil também é o país do café e o país <strong>de</strong><br />
Portinari, e temos muito o que nos orgulhar<br />
disso! Assim como Portinari se inspirou no<br />
café para criar seu legado memorável, a<br />
3 Corações agora se inspira em Portinari<br />
para criar esta linha <strong>de</strong> cafés 100% arábica,<br />
como homenagem não só para ele, mas<br />
para todos os amantes <strong>de</strong> arte e café”, afirma<br />
Roberta Prado, head <strong>de</strong> marketing do<br />
Grupo 3 Corações.<br />
Para além das artes plásticas, a street art<br />
também já foi elemento da premiada campanha<br />
da Nike Air Max Graffiti Stores, criada<br />
pela AKQA SP para a divulgação <strong>de</strong> novos<br />
mo<strong>de</strong>los da marca. A ação transformou os<br />
muros <strong>de</strong> São Paulo em lojas da Nike, sendo<br />
que os grafites foram usados para ven<strong>de</strong>r os<br />
novos mo<strong>de</strong>los Air Max da marca.<br />
Na ocasião, a Nike fez uma parceria com<br />
o coletivo <strong>de</strong> arte <strong>de</strong> rua InstaGraffiti e convidou<br />
diversos artistas para produzirem<br />
<strong>de</strong>senhos com os tênis Air Max da marca<br />
nos pés dos personagens, transformando<br />
as obras em lojas virtuais da marca.<br />
A i<strong>de</strong>ia foi usar o e-commerce nike.com<br />
como um meio e não um fim. A única maneira<br />
<strong>de</strong> adquirir antecipadamente um dos<br />
novos Air Max era visitar o grafite, acessar<br />
o site da Nike e <strong>de</strong>sbloquear a compra via<br />
geolocalização. Além disso, só era possível<br />
saber o local exato da próxima intervenção<br />
por meio do site.<br />
A AKQA SP ganhou o Grand Prix <strong>de</strong> Media<br />
no Cannes Lions com a campanha em<br />
2019, entre vários outros prêmios, como<br />
também o Yellow Pencil no D&AD. A agência,<br />
aliás, tem um histórico <strong>de</strong> cases premiados<br />
conectados à música. No mesmo<br />
ano, recebeu o GP <strong>de</strong> Entertainment Lions<br />
for Music em Cannes com Bluesman, para<br />
Baco Exu do Blues. E agora, em <strong>2022</strong>, o curta-metragem<br />
Sonho, sobre o funkeiro Nego<br />
Bala, conquistou o Grand Prix no Clio Music<br />
Awards, na categoria Film/Vi<strong>de</strong>o.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 89
propmArk 57 Anos<br />
Arte Como CrítiCA<br />
Arte e cultura são alavancas da criativida<strong>de</strong><br />
e da economia advinda <strong>de</strong>la. São<br />
alavancas para melhorar a comunicação<br />
<strong>de</strong> uma forma geral, tornando-a mais<br />
instigante. “Mas, na verda<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>ve<br />
ser pontuado é que a comunicação, enquanto<br />
uma área produtiva, e seus diversos<br />
produtos (edição <strong>de</strong> livros, jornais,<br />
mídias digitais, audiovisual etc.) são um<br />
núcleo da economia criativa”, pontua a<br />
professora Isabella Perrotta.<br />
Fundamental como repertório e inspiração<br />
para profissionais <strong>de</strong> comunicação,<br />
publicida<strong>de</strong>, jornalismo, cinema, <strong>de</strong>sign<br />
e áreas afins, a arte também incomoda,<br />
<strong>de</strong>nuncia, questiona e faz pensar. Expoente<br />
da arte contemporânea e do cinema<br />
experimental, o trabalho da paulistana<br />
Janaina Wagner é um exemplo atual e interessante<br />
<strong>de</strong>ssa arte crítica.<br />
Janaina é diretora do curta-metragem<br />
Curupira e a máquina do <strong>de</strong>stino, que<br />
traz como pano <strong>de</strong> fundo o <strong>de</strong>smatamento<br />
na Amazônia. O filme mostra o<br />
encontro ficcional entre Curupira e uma<br />
menina chamada Iracema, que perambulam<br />
pela região cada vez mais <strong>de</strong>struída<br />
por garimpeiros e exploração ilegal. O<br />
curta foi rodado em Realida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong><br />
que fica na BR-319, estrada que é um dos<br />
gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento da<br />
Amazônia.<br />
“A Curupira é uma figura pré-colonial<br />
da história do Brasil, que teve sua imagem<br />
<strong>de</strong>turpada, pelo folclore, que veio<br />
junto com o regime militar. Mas que <strong>de</strong><br />
base é uma força primária do Brasil. O<br />
que eu quis fazer foi trazer a Curupira<br />
literalmente para Realida<strong>de</strong>, que é essa<br />
cida<strong>de</strong> que fica na BR-319, uma estrada<br />
que é um dos gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento,<br />
porque liga o Amazonas com o<br />
sul do Brasil”, explica Janaina.<br />
A cineasta <strong>de</strong>staca que, para as pessoas<br />
que moram na rodovia, é superinteressante<br />
que a estrada exista porque<br />
isso possibilita que elas se locomovam<br />
e tenham suas vidas, “mas uma vez que<br />
você tem essa estrada, asfaltada, facilita<br />
a entrada dos caminhões para o <strong>de</strong>smatamento<br />
e faz essa ma<strong>de</strong>ira escoar, e o boi<br />
subir para o Amazonas através <strong>de</strong>la”.<br />
Janaina Wagner: ”Meu trabalho é panfletário”<br />
“o meu trabalho só<br />
faz sentido se tiver<br />
um cruzamento entre<br />
política e poética.<br />
arte é uma forma<br />
<strong>de</strong> emancipação do<br />
pensamento das pessoas”<br />
“Tem todas essas complexida<strong>de</strong>s. Não<br />
posso olhar <strong>de</strong> fora e apontar o <strong>de</strong>do, porque<br />
tem pessoas que vivem lá e precisam<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento, mas esse <strong>de</strong>senvolvimento<br />
também é predatório. O que eu<br />
quis trazer para o filme são todas essas<br />
nuances. A Amazônia é um assunto mundial,<br />
por ser algo superimportante da ecologia<br />
global, a <strong>de</strong>struição da Amazônia<br />
diz respeito ao mundo inteiro. É um problema<br />
muito nosso, mas é do mundo”,<br />
ressalta Janaina.<br />
Formada em artes plásticas, a artista<br />
informa que seu trabalho é panfletário<br />
mesmo e até hoje não teve nenhuma<br />
marca envolvida em seus projetos. “Até<br />
agora fiz meus projetos com dinheiro público<br />
e resultado <strong>de</strong> residências artísticas<br />
Isabella Perrotta: “Publicida<strong>de</strong> e arte se conectam”<br />
Fotos: Divulgação<br />
com bolsas <strong>de</strong> produção”, conta ela, que<br />
fez residência em cinema na França. Para<br />
Janaina, po<strong>de</strong>ria ser muito legal fazer<br />
parceria com uma marca que tenha a ver<br />
com os princípios propostos no seu trabalho.<br />
“Precisa ser uma marca engajada em<br />
preservação, ecologia, feminismo”.<br />
Ela afirma que a matéria-prima do seu<br />
trabalho é o mundo e a situação política.<br />
“O meu trabalho só faz sentido se tiver<br />
um cruzamento entre política e poética.<br />
Agora, por exemplo, estou trabalhando<br />
com o tema da <strong>de</strong>struição da Amazônia,<br />
o <strong>de</strong>smatamento, meu próximo filme vai<br />
ser sobre feminicídio. São assuntos políticos,<br />
mas que eu trago para o universo da<br />
linguagem. Para mim, a arte é uma forma<br />
<strong>de</strong> emancipação do pensamento das pessoas”,<br />
avalia.<br />
Apesar da visão crítica, a artista afirma<br />
que “não dá para ignorar que a publicida<strong>de</strong><br />
é superpo<strong>de</strong>rosa e transforma<br />
imagens em feitiços”. Mas avisa: “Acho<br />
interessante entrar nisso <strong>de</strong> alguma forma,<br />
mas sempre <strong>de</strong> uma maneira crítica<br />
porque eu não trabalharia com ninguém<br />
que não fosse <strong>de</strong>ntro dos princípios que<br />
eu acredito. A solução para uma melhora<br />
do mundo vai na direção da <strong>de</strong>saceleração<br />
do consumo e da produção”, finaliza<br />
Janaina.<br />
A campanha da Nike Air Max Graffiti stores, criada pela AKQA SP, usou grafites<br />
A marca 3 Corações lançou uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras <strong>de</strong> Candido Portinari<br />
90 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
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Experiência: o “X” da<br />
questão na economia<br />
celso andra<strong>de</strong>*<br />
Se há um elemento em qualquer negócio<br />
que nunca po<strong>de</strong> ser commodity,<br />
esse elemento é, sem dúvida, a criativida<strong>de</strong>.<br />
É ela que ajuda a tornar, na<br />
<strong>maio</strong>ria das vezes, negócios comuns em extraordinários,<br />
gerar diferenciação diante da<br />
concorrência ou ainda a superar as expectativas<br />
e <strong>de</strong>sejos do consumidor – sobretudo no<br />
nosso universo, do marketing, e daquela que<br />
a traz no próprio nome: a economia criativa.<br />
Porém, colocá-la só no discurso, na embalagem<br />
ou na campanha po<strong>de</strong> gerar algum<br />
resultado no curto prazo, mas dificilmente<br />
terá efeito sustentável. O que se sustenta na<br />
cabeça e na preferência dos consumidores é<br />
o que esses produtos, serviços e marcas entregam<br />
a mais, como eles se relacionam com<br />
a gente <strong>de</strong> forma inteligente, funcional, marcante<br />
e inesquecível. E é nesse cenário que a<br />
criativida<strong>de</strong> tem papel em outro contexto: o<br />
da economia da experiência.<br />
Há mais <strong>de</strong> 20 anos, Joseph Pine e James<br />
Gilmore trouxeram esse pensamento no livro<br />
que traz o termo como título: A Economia<br />
da Experiência. A data revela que não<br />
estamos falando <strong>de</strong> algo novo, e ainda assim<br />
há indústrias e negócios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<br />
que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se atentar a esse elemento<br />
que é fundamental para qualquer marca e<br />
mercado, que transforma produtos e serviços<br />
simples em love brands e sucessos <strong>de</strong><br />
faturamento e receita.<br />
A i<strong>de</strong>ia por trás <strong>de</strong> uma economia baseada<br />
em experiências está exatamente em como<br />
as marcas po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>scomoditizar e ampliar<br />
sua percepção <strong>de</strong> valor, na medida em<br />
que elas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser meras fornecedoras<br />
e se convertem em agentes <strong>de</strong> interações felizes<br />
e estimulantes, que geram satisfação<br />
para o consumidor. É o que faz pagarmos R$<br />
10 a mais por um café no Starbucks, em vez<br />
<strong>de</strong> escolher um espresso que po<strong>de</strong>ria até ser<br />
mais saboroso na cafeteria da próxima esquina.<br />
É o ambiente, o aroma, as texturas, as cores,<br />
a conveniência, o atendimento. Tudo o<br />
que faz você entrar em uma loja como aquela<br />
e experimentar muito mais que água quente<br />
num grão torrado e moído.<br />
E se uma experiência incrível po<strong>de</strong> ser<br />
o segredo do sucesso <strong>de</strong> marcas que trabalham<br />
produtos e serviços básicos e muitas<br />
vezes homogêneos aos <strong>de</strong> seus concorrentes,<br />
quando o contrário acontece, costuma<br />
ser <strong>de</strong>sastroso. Na era da economia da experiência,<br />
uma etapa falha da prestação <strong>de</strong><br />
um serviço, um produto lindo com um <strong>de</strong>talhe<br />
que atrapalhe sua funcionalida<strong>de</strong> ou<br />
um app em que não se consegue visualizar<br />
um campo a preencher ou que dá erro no<br />
momento crucial da conversão da venda,<br />
ou que ainda cria fricção nos “momentos<br />
da verda<strong>de</strong>” para o cliente, po<strong>de</strong> acabar<br />
com milhares <strong>de</strong> outros pontos positivos e<br />
gerar prejuízos irreversíveis.<br />
Em um mundo cada vez mais digital, precisamos<br />
pensar em como gerar experiências<br />
incríveis nos mais diferentes pontos <strong>de</strong> contato,<br />
no <strong>de</strong>talhe do <strong>de</strong>talhe, nos comportamentos<br />
mais peculiares. Usar a nosso favor<br />
os dados, a análise <strong>de</strong> comportamento, o teste<br />
constante <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s – no digital e<br />
no físico –, estando sempre um passo à frente<br />
e garantindo uma experiência ótima em toda<br />
a jornada dos diferentes perfis <strong>de</strong> clientes.<br />
Na economia da experiência, o “X” da<br />
questão é o que está no UX (User Experience)<br />
e, principalmente, no CX (Customer<br />
Experience). É o que faz aquilo que parece<br />
o mais básico possível para o consumidor<br />
se manter assim, é o que o faz voltar ou se<br />
tornar recorrente, é o que o faz se acostumar<br />
com uma utilização virtual daquilo que<br />
sempre foi físico.<br />
Isso, claro, é latente quando falamos das<br />
experiências que naturalmente mexem com<br />
nossas emoções, como ler, ouvir música,<br />
consumir conteúdo e ter um bom momento<br />
<strong>de</strong> entretenimento. Mas não são diferentes<br />
em momentos críticos e necessários, como<br />
pagar uma conta, concluir uma compra ou<br />
ter acesso a um sistema no momento que o<br />
usuário quer e precisa, sem atrasos, sem interrupções<br />
e sem margem para erros.<br />
Uma boa experiência não acelera só nossa<br />
pulsação ou o pensamento. Acelera negócios,<br />
resultados e sucesso <strong>de</strong> empresas<br />
dos mais diferentes setores e tamanhos. A<br />
criativida<strong>de</strong> continua fundamental. Mas se<br />
a experiência for ruim, não há economia<br />
que aguente.<br />
“A criAtividA<strong>de</strong><br />
é fundAmentAl.<br />
mAs, se A experiênciA<br />
for ruim, não<br />
há economiA<br />
que Aguente”<br />
*Celso Andra<strong>de</strong> é CEO da UOTZ<br />
celso@uotz.com.br<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 91
PROPMARK 57 ANOS<br />
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A economia<br />
da criativida<strong>de</strong><br />
FERNANDO GUNTOVITCH*<br />
E<br />
stamos vivendo tempos estranhos.<br />
Neste período pós-pan<strong>de</strong>mia, se é<br />
que acabou, estamos saindo anestesiados<br />
e com gran<strong>de</strong>s questionamentos.<br />
Basta ver a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pessoas que mudaram <strong>de</strong> emprego, cida<strong>de</strong>,<br />
modo <strong>de</strong> vida ou regime matrimonial.<br />
Neste turbilhão <strong>de</strong> incertezas é normal<br />
reavaliar as nossas escolhas até aqui. Eu<br />
tento achar respostas através da criativida<strong>de</strong>.<br />
De fazer o novo. Fazer diferente.<br />
A publicida<strong>de</strong> brasileira é uma referência<br />
criativa. No doubt. Não preciso citar todos<br />
os prêmios alcançados, bastando apenas<br />
lembrar <strong>de</strong> campanhas e ações memoráveis,<br />
nos mais variados segmentos.<br />
E exatamente em tempos difíceis como<br />
o que a socieda<strong>de</strong> global está enfrentando,<br />
não <strong>de</strong>vemos poupar o uso da criativida<strong>de</strong>.<br />
Devemos gastar, ou investir, para soar melhor.<br />
Criativida<strong>de</strong> é tudo.<br />
Como qualquer produto ou serviço, criativida<strong>de</strong><br />
custa. Tem valor. A criativida<strong>de</strong><br />
requer conhecimento, requer vivência, requer<br />
curiosida<strong>de</strong>, requer coragem e sobretudo<br />
requer vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer diferente. E<br />
tudo isso requer um investimento.<br />
Investir na formação dos jovens talentos<br />
que as universida<strong>de</strong>s oferecem a cada ano.<br />
Investir nos profissionais que trabalham incansavelmente<br />
para achar soluções para todos<br />
os <strong>de</strong>safios que enfrentamos no campo<br />
profissional.<br />
Investir na transformação digital, enten<strong>de</strong>ndo<br />
o mar <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que temos<br />
para melhorar não só a vida das pessoas,<br />
mas o mundo.<br />
Com tantas transformações que a socieda<strong>de</strong><br />
enfrentou, o uso da criativida<strong>de</strong> sempre<br />
foi a solução para vencer os <strong>de</strong>safios.<br />
E por que estamos abrindo mão <strong>de</strong>la agora?<br />
Lembro o leitor que a tal famosa economia<br />
criativa foi lançada na década <strong>de</strong> 1980<br />
pela dama <strong>de</strong> ferro – Margareth Tatcher,<br />
primeira-ministra da Inglaterra –, que apresentou<br />
um relatório reconhecendo a força<br />
e a importância da cultura e tecnologia no<br />
contexto econômico do país.<br />
É a partir daí que batiza-se a economia<br />
criativa.<br />
A arte nas suas mais variadas formas,<br />
através da pintura, música, teatro e cinema,<br />
entre tantas outras, é fonte inesgotável para<br />
aguçar a nossa criativida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser um<br />
bálsamo para a alma.<br />
A criativida<strong>de</strong> precisa ser abastecida,<br />
compartilhada, divulgada. A sua utilização<br />
é uma fonte <strong>de</strong> inspiração para as próximas<br />
gerações, ao menos <strong>de</strong>veria ser.<br />
Que as próximas gerações inspirem-se e<br />
façam mais, criando um movimento virtuoso<br />
e não vicioso, como estamos vivendo<br />
atualmente. Neste caso, menos é menos.<br />
Por que as empresas, 40 anos <strong>de</strong>pois,<br />
estão <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a criativida<strong>de</strong>, o talento,<br />
a coragem <strong>de</strong> fazer o novo, ousar? Por<br />
causa do valor. Existe uma tendência <strong>de</strong><br />
economizar. Economizar na criativida<strong>de</strong>.<br />
Mas ela, diferentemente <strong>de</strong> outras coisas,<br />
não po<strong>de</strong> ser comercializada em frações.<br />
Você não po<strong>de</strong> comprar 50% <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />
e 50% do básico.<br />
Enquanto a ca<strong>de</strong>ia como um todo não se<br />
alinhar e caminhar junto na mesma direção,<br />
estaremos gastando nosso tempo com<br />
reuniões realmente virtuais e não reais.<br />
Acredito no potencial criativo <strong>de</strong> cada indivíduo<br />
e tento fomentar ao máximo para<br />
que isto se reflita não apenas no trabalho,<br />
mas na sua vida/legado.<br />
“o uso da criativida<strong>de</strong><br />
sempre foi a solução<br />
para vencer os<br />
<strong>de</strong>safios”<br />
*Fernando Guntovitch é fundador e CEO da TG<br />
fguntovitch@group.com.br<br />
92 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
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As novas formas<br />
<strong>de</strong> conexão<br />
AlexAndre BouzA*<br />
O<br />
que é uma conexão? O que é capaz<br />
<strong>de</strong> criar uma ligação forte e verda<strong>de</strong>ira<br />
entre uma pessoa e um<br />
produto, uma marca? Esta é uma<br />
inquietação que move o Grupo Boticário ao<br />
longo <strong>de</strong> toda a sua história. Des<strong>de</strong> que existimos,<br />
nossas marcas procuram se conectar<br />
às pessoas, fazendo parte do dia a dia e <strong>de</strong><br />
momentos especiais, gerando memórias,<br />
mexendo com sentidos e sentimentos. Essa<br />
busca constante pela conexão está extrapolando<br />
as barreiras que divi<strong>de</strong>m o mundo<br />
digital e o analógico, por meio da inovação<br />
e da criativida<strong>de</strong> – dois dos pilares que sustentam<br />
o conceito <strong>de</strong> economia criativa.<br />
A economia criativa começou a ganhar<br />
<strong>de</strong>staque no início <strong>de</strong>ste século. É a i<strong>de</strong>ia<br />
<strong>de</strong> promover inovação e criativida<strong>de</strong> em todos<br />
os ramos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, buscando o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
mais sustentável a partir <strong>de</strong><br />
novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio – algo que tem<br />
tudo a ver com o que fazemos no Grupo Boticário.<br />
Neste contexto, é fundamental trilhar<br />
os caminhos para gerar novas formas<br />
<strong>de</strong> se conectar às pessoas. E uma das maneiras<br />
que encontramos para fazer isso foi<br />
entrando no universo dos games.<br />
Estamos atentos ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>sse setor há anos e, em 2021, realizamos<br />
nossa primeira ativação exclusiva <strong>de</strong>ntro do<br />
universo gamer, no Avakin Life, um simulador<br />
<strong>de</strong> realida<strong>de</strong> virtual que permite customizações<br />
únicas para os avatares. Pensando<br />
nisso, criamos uma loja do Boticário in-game,<br />
on<strong>de</strong> era possível interagir com aten<strong>de</strong>ntes<br />
e comprar nossos produtos por tempo<br />
limitado. Aproveitando o Carnaval <strong>de</strong>ste<br />
ano, reabrimos a loja com uma experiência<br />
360º que incluiu blocos, ví<strong>de</strong>os exclusivos<br />
e a venda <strong>de</strong> skins especiais. Mas nem só<br />
<strong>de</strong> experiências virtuais vivem os gamers, e<br />
queremos nos conectar a eles <strong>de</strong>ntro e fora<br />
do meio digital. Pensando nisso, firmamos<br />
parceria com a equipe feminina <strong>de</strong> e-Sports<br />
do Black Dragons, uma das principais organizações<br />
<strong>de</strong>ste nicho no país. Mais do que<br />
associar a marca ao time, nosso propósito<br />
com este patrocínio é acolher mulheres que<br />
lutam pelos seus sonhos com garra e paixão,<br />
marcando presença no seu dia a dia. Sabemos<br />
dos obstáculos enfrentados pelas atletas<br />
e nosso propósito é criar uma relação <strong>de</strong><br />
troca: ouvi-las e enten<strong>de</strong>r como po<strong>de</strong>mos<br />
contribuir para a promoção <strong>de</strong> um ambiente<br />
mais inclusivo e igualitário. Nossas iniciativas<br />
voltadas à economia criativa também<br />
incluem o público que não é gamer.<br />
No Boticário Lab no Shopping Morumbi,<br />
em São Paulo (SP), o consumidor encontra<br />
maneiras inovadoras <strong>de</strong> conhecer e se conectar<br />
aos nossos produtos. A loja conceito<br />
conta com serviços <strong>de</strong> consultoria digital<br />
que utiliza inteligência artificial para escolha<br />
<strong>de</strong> presentes, fragrâncias, itens <strong>de</strong> maquiagem<br />
e outros produtos, para assegurar<br />
a melhor experiência <strong>de</strong> atendimento e<br />
encantar os visitantes. Também direcionamos<br />
nossa criativida<strong>de</strong> para o lançamento<br />
<strong>de</strong> produtos, como foi o caso da fragrância<br />
Floratta My Blue, que foi realizada em<br />
parceria com a Netflix usando como mote<br />
a aclamada série Bridgerton, da Shondaland.<br />
A campanha foi inspirada no clima <strong>de</strong><br />
romance da trama <strong>de</strong> época, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o filme<br />
que remete à história e é recheado <strong>de</strong> easter<br />
eggs até ações com influenciadores digitais.<br />
Criar conexões verda<strong>de</strong>iras vai além <strong>de</strong><br />
um discurso fácil <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r. Estrategicamente,<br />
é fundamental para inserir uma<br />
marca e seus produtos na jornada do consumidor<br />
<strong>de</strong> ponta a ponta – e, <strong>de</strong> quebra,<br />
ainda contribui para fomentar o pensamento<br />
inovador que move as empresas do futuro<br />
rumo ao crescimento perene e sustentável.<br />
O Grupo Boticário não é formado por<br />
marcas <strong>de</strong> produtos, e sim por marcas <strong>de</strong><br />
conexões. É por meio <strong>de</strong>las que queremos<br />
a<strong>de</strong>ntrar o universo dos eSports, dos fãs <strong>de</strong><br />
séries, <strong>de</strong> quem está no metaverso. A inovação<br />
e a criativida<strong>de</strong> seguem nos movendo<br />
para criar laços duradouros tanto <strong>de</strong>ntro<br />
quanto fora do mundo digital.<br />
“A inovAção e<br />
A criAtividA<strong>de</strong><br />
seguem nos movendo<br />
pArA criAr lAços<br />
durAdouros tAnto<br />
<strong>de</strong>ntro quAnto forA<br />
do mundo digitAl”<br />
*Alexandre Bouza é VP Consumer<br />
do Grupo Boticário<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 93
propmark 57 anos<br />
“na cozinha,<br />
a galera se<br />
ajuda <strong>de</strong>mais”<br />
Divulgação<br />
É<br />
da cozinha, consi<strong>de</strong>rada o coração da casa,<br />
que saem as melhores conversas. Uma<br />
<strong>de</strong>las atingiu em cheio Raul Lemos. A<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar a propaganda pela<br />
gastronomia não <strong>de</strong>morou a ecoar entre panelas<br />
e fogões. Começou em 2014. Mas Lemos, que<br />
trabalhava no atendimento <strong>de</strong> contas, teve o seu<br />
<strong>de</strong>stino traçado quando saiu como vice-campeão da<br />
segunda temporada do MasterChef Brasil, franquia<br />
da En<strong>de</strong>mol transmitida na Band, em 2015. Hoje, aos<br />
41 anos, o chef <strong>de</strong> cozinha da CasaLab Gastronomia<br />
e apresentador <strong>de</strong> TV exercita a sua criativida<strong>de</strong> no<br />
preparo <strong>de</strong> receitas para o cotidiano, aproveitando o<br />
boom do setor. A gastronomia é a área da economia<br />
criativa que mais cresceu em oferta <strong>de</strong> empregos no<br />
quarto trimestre do ano passado. A alta foi <strong>de</strong> 42%<br />
em relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2020, segundo o<br />
Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural.<br />
Raul Lemos, chef <strong>de</strong> cozinha da CasaLab Gastronomia e apresentador <strong>de</strong> TV<br />
Janaina Langsdorff<br />
similarida<strong>de</strong>s<br />
Publicida<strong>de</strong> e gastronomia<br />
têm processos parecidos. O<br />
mais engraçado <strong>de</strong> tudo isso é<br />
que, na minha vida <strong>de</strong> agência,<br />
fui atendimento, pu<strong>de</strong> conhecer<br />
criativos muito feras nas<br />
agências em que eu trabalhei,<br />
e acho que o processo tem as<br />
suas semelhanças: a busca <strong>de</strong><br />
referências, <strong>de</strong> informações<br />
sobre o que funciona, sobre o<br />
que não funciona, quem faz <strong>de</strong><br />
que jeito... é por aí.<br />
diferenças<br />
Mas o resultado não é o<br />
mesmo. A comida é feita para<br />
matar a vonta<strong>de</strong>, e a publicida<strong>de</strong><br />
é feita para gerar vonta<strong>de</strong>.<br />
São antíteses, porém, são<br />
trutas!<br />
inspiração<br />
Na gastronomia, as referências<br />
vêm do mergulho em<br />
livros <strong>de</strong> receita, <strong>de</strong> conteúdos<br />
e documentários sobre comida<br />
e alimentação, além <strong>de</strong><br />
comer e cozinhar sem parar.<br />
Para mim, a criativida<strong>de</strong> vem<br />
da soma das suas referências,<br />
experiências e estudos. Hoje,<br />
po<strong>de</strong>mos seguir nossos “ídolos”<br />
nas re<strong>de</strong>s, e comer!<br />
Brainstorming<br />
A discussão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias é muito<br />
parecida com os <strong>de</strong>bates<br />
que acontecem em agências.<br />
Temos reunião com parceiros<br />
<strong>de</strong> cozinha ou com o time.<br />
Dali, sai uma lista dos pratos<br />
e processos, que po<strong>de</strong>mos<br />
usar para potencializar sabor<br />
ou otimizar o esquema <strong>de</strong> produção.<br />
Criativida<strong>de</strong><br />
Difícil dizer qual foi o prato<br />
mais criativo que já preparei.<br />
Eu tento sempre fazer as coisas<br />
do meu jeito. Acho que fui<br />
muito criativo em uma versão<br />
bem mais barata do Beef<br />
Wellington, que eu chamei <strong>de</strong><br />
“Bife An<strong>de</strong>rson”. Troquei o<br />
filé mignon por carne moída<br />
<strong>de</strong> suíno, e substituí outros ingredientes<br />
mais caros.<br />
Cooperação<br />
A gastronomia <strong>de</strong>ixa ensinamentos<br />
que po<strong>de</strong>m ser<br />
“Temos reunião<br />
com parceiros <strong>de</strong><br />
cozinha ou com o<br />
Time. dali, sai uma<br />
lisTa dos praTos<br />
e processos”<br />
utilizados para que a publicida<strong>de</strong><br />
seja mais colaborativa<br />
e menos hostil ao lidar com<br />
equipes. Então, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
gestão que segui por muito<br />
tempo, me ajuda <strong>de</strong>mais na<br />
cozinha. Mas tem uma coisa<br />
que o trabalho na cozinha possui,<br />
que acredito estar em falta<br />
na publicida<strong>de</strong>: na cozinha, a<br />
galera se ajuda <strong>de</strong>mais. A coisa<br />
não é <strong>de</strong>partamentizada. Todo<br />
mundo é cozinha.<br />
troCa<br />
Quando olho para a mudança<br />
da publicida<strong>de</strong> para<br />
a gastronomia, concluo que<br />
eu gostava do que fazia, mas<br />
não me completava. Quando<br />
eu passei por uma situação<br />
ruim, aproveitei, e me joguei<br />
para os fogões.<br />
saBor e Beleza<br />
A gastronomia consi<strong>de</strong>ra<br />
tanto a criativida<strong>de</strong> na composição<br />
e construção <strong>de</strong> sabores<br />
como a apresentação dos<br />
pratos. Tem <strong>de</strong> tudo. Há quem<br />
preze uma experiência completa<br />
e inovadora. E ainda há<br />
aqueles que querem comer boa<br />
comida.<br />
nas ruas<br />
Para a galera que come<br />
churrasquinho grego no Centro,<br />
vale me chamar! Porque<br />
tem uns bem bons!<br />
fome<br />
É impossível não lembrar<br />
do povo sofrido. Essa, por acaso,<br />
é a minha pegada, tentar<br />
aterrissar ao máximo receitas<br />
e preparos para o dia a dia da<br />
galera. Usar ingredientes diferentes,<br />
especiarias e temperos,<br />
po<strong>de</strong> ajudar <strong>de</strong>mais a<br />
variar uma cesta básica mais<br />
limitada.<br />
94 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
A transformação<br />
da comunicação<br />
rapha avellar*<br />
Quantas vezes por dia você ouve<br />
uma música, assiste uma série, lê<br />
um livro, usa um aplicativo para te<br />
ajudar a realizar alguma tarefa? Sejamos<br />
bem sinceros: em pelo menos meta<strong>de</strong><br />
do nosso tempo acabamos fazendo algumas<br />
<strong>de</strong>ssas coisas. Mas você já reparou que tudo<br />
isso está ligado à economia criativa? Quando<br />
falamos esse nome bonito po<strong>de</strong> parecer algo<br />
diferente, mas nada mais é do que o que<br />
nós consumimos em nosso dia a dia, que é<br />
uma parte extremamente necessária para a<br />
indústria da comunicação como um todo.<br />
O conceito, apesar <strong>de</strong> ser relativamente<br />
novo, envolve ativida<strong>de</strong>s que já conhecemos<br />
há bastante tempo. Mas com todas<br />
essas mudanças que o mundo enfrentou<br />
ao longo dos últimos anos, principalmente<br />
após a pan<strong>de</strong>mia, este tem sido o caminho<br />
para impulsionar o crescimento da economia.<br />
E, além das novas formas que as marcas<br />
encontraram para criar uma conexão<br />
genuína com o seu público, como é o caso<br />
dos criadores <strong>de</strong> conteúdo, hoje elas po<strong>de</strong>m<br />
contar também com inovações capazes <strong>de</strong><br />
levar o jogo para o próximo nível, como é o<br />
caso do metaverso e dos NFTs.<br />
Há algum tempo, as empresas passaram<br />
a compreen<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r real dos influenciadores<br />
não só para se comunicar com a sua<br />
comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira mais assertiva,<br />
mas também para criar conteúdos realmente<br />
ricos que entretenham e não interrompam.<br />
E hoje, já não é mais uma opção<br />
<strong>de</strong>senvolver uma estratégia sem antes consi<strong>de</strong>rar<br />
qual ação será feita com influenciadores.<br />
Isso nos mostra que o brilho da<br />
criativida<strong>de</strong> e o da originalida<strong>de</strong> são fundamentais<br />
para alcançar o sucesso.<br />
Já o metaverso ainda passa por uma<br />
fase <strong>de</strong> adaptação e entendimento por parte<br />
da socieda<strong>de</strong> como um todo, o que não<br />
impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma que as marcas já<br />
estejam investindo fortemente nesse novo<br />
universo. A Coca-Cola, por exemplo, lançou<br />
recentemente a sua bebida com sabor<br />
<strong>de</strong> pixel no universo virtual. A Zero Sugar<br />
Byte é uma criação da Coca-Cola Creations,<br />
plataforma global <strong>de</strong> inovação para colaboração,<br />
criativida<strong>de</strong> e conexões culturais<br />
da empresa, e é a primeira edição limitada<br />
a <strong>de</strong>sembarcar na América Latina. A i<strong>de</strong>ia<br />
parece muito futurista, mas na prática ela<br />
une conceitos capazes <strong>de</strong> engajar qualquer<br />
consumidor. Já que não se trata apenas <strong>de</strong><br />
oferecer somente um serviço, mas, sim, <strong>de</strong><br />
proporcionar um mundo completo, com<br />
possibilida<strong>de</strong>s profundas <strong>de</strong> interação.<br />
Os “token não-fungíveis”, tradução em<br />
português para a sigla NFT, por sua vez,<br />
estão conquistando cada vez mais espaço<br />
nesse mercado. Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, eles<br />
movimentaram mais <strong>de</strong> US$ 24,9 bilhões<br />
em 2021 e a tendência é que esse investimento<br />
cresça ainda mais. O fato é que toda<br />
essa expansão está <strong>de</strong>spertando, cada vez<br />
mais, a curiosida<strong>de</strong> das marcas sobre o<br />
tema, mas o que isso representa em termos<br />
<strong>de</strong> retorno efetivo para as empresas?<br />
A real importância <strong>de</strong> um token não está<br />
diretamente ligada com dinheiro, mas sim<br />
com valor e reconhecimento por trás daquele<br />
ativo, como, por exemplo, um álbum<br />
inédito <strong>de</strong> um artista ou aquelas revistas<br />
em quadrinhos. A verda<strong>de</strong> é que quando<br />
as empresas perceberem as oportunida<strong>de</strong>s<br />
que as NFTs oferecem e o público se familiarizar<br />
com essa i<strong>de</strong>ia, tenho certeza que<br />
po<strong>de</strong>remos observar um boom no mercado<br />
e a tendência das NFTs em todo o mundo.<br />
Nesses anos <strong>de</strong> experiência, aprendi que<br />
o foco do público vive em constante mudança<br />
e isso até po<strong>de</strong> parecer <strong>de</strong>sanimador,<br />
mas, com uma boa análise <strong>de</strong> dados e com<br />
uma forte conexão com o seu público, você<br />
po<strong>de</strong> ter muito mais chances <strong>de</strong> produzir<br />
um conteúdo que mova o ponteiro. Para<br />
isso, é preciso pensar muito e bater cabeça<br />
até extrair o melhor para a sua comunida<strong>de</strong>.<br />
Ter 100 ou 1 milhão <strong>de</strong> fãs não é o<br />
mais importante, mas, sim, a fi<strong>de</strong>lização do<br />
seu público para que eles possam causar o<br />
engajamento suficiente para fazer com que<br />
o business dos criadores continue evoluindo.<br />
Se você já faz isso, está no caminho certo.<br />
Mas se para você isso ainda é visto como<br />
algo distante, é melhor correr para não ficar<br />
para trás.<br />
“Nesses aNos <strong>de</strong><br />
experiêNcia, apreNdi<br />
que o foco do público<br />
vive em coNstaNte<br />
mudaNça”<br />
*Rapha Avellar é fundador e CEO da Adventure<br />
simprensa@adventures.inc<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 95
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Criativos com valor<br />
Clariza rosa*<br />
Pensar em economia criativa é lidar<br />
com um conjunto <strong>de</strong> ações, i<strong>de</strong>ias,<br />
pessoas e projetos que po<strong>de</strong>m trazer<br />
retorno econômico.<br />
Já reparou a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> festivais, espetáculos<br />
teatrais, shows ao ar livre, filmes<br />
e séries que são produzidos aqui no Brasil<br />
todos os anos?<br />
Isso sem contar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campanhas<br />
publicitárias que consumimos<br />
diariamente seja na TV, podcasts, jornais,<br />
revistas e principalmente nas re<strong>de</strong>s<br />
sociais.<br />
Nos últimos anos se tem observado novos<br />
segmentos <strong>de</strong> negócios, cujos produtos<br />
e serviços prestados não são mais os<br />
mesmos.<br />
Cada vez mais a indústria criativa vem<br />
dando espaço para talentos individuais<br />
promovendo criações <strong>de</strong> diferentes partes<br />
do país.<br />
O entendimento <strong>de</strong> conexão entre as<br />
marcas, as empresas, a comunida<strong>de</strong> e os<br />
consumidores é uma característica da<br />
economia atual e, mais recentemente, a<br />
geração <strong>de</strong> valor para essa economia mostrou<br />
também estar ligada à construção <strong>de</strong><br />
valores sociais.<br />
É neste ponto que surgem projetos e<br />
ações publicitárias que promovem produtores<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que estão acessando<br />
esse mercado, buscando mostrar i<strong>de</strong>ias e<br />
visões <strong>de</strong> produtos mais conectados com as<br />
realida<strong>de</strong>s sociais.<br />
As mudanças tecnológicas e os novos<br />
meios <strong>de</strong> comunicação são os gran<strong>de</strong>s<br />
responsáveis pela busca constante por<br />
criativida<strong>de</strong>, serviços e entregas mais representativas.<br />
Mas, é sabido que não existe apenas uma<br />
fonte da criativida<strong>de</strong>, jorrando i<strong>de</strong>ias brilhantes<br />
que façam os conteúdos se tornarem<br />
mais bonitos e interessantes.<br />
Cabe a cada ser humano envolvido nesse<br />
processo fazer o melhor uso da tecnologia<br />
e se responsabilizar pela influência que estamos<br />
tendo na formação cultural da socieda<strong>de</strong><br />
e quem são as pessoas que constroem<br />
esses novos lugares.<br />
As indústrias responsáveis pela venda <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ias criativas vêm crescendo e mostrando<br />
seu impacto econômico que contribuem<br />
com mudanças no âmbito social e financeiro,<br />
mas também com transformações no<br />
mundo intangível.<br />
Um dos casos é o da publicida<strong>de</strong>, que<br />
muda os termos simbólicos e po<strong>de</strong> promover<br />
mudanças estruturais, como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais plural,<br />
que respeita as pessoas em suas individualida<strong>de</strong>s.<br />
Já dizia o escritor Austin Kleon “É no ato<br />
<strong>de</strong> criar e fazer o nosso trabalho que <strong>de</strong>scobrimos<br />
quem somos”.<br />
Há momentos que precisamos tentar milhares<br />
<strong>de</strong> vezes e compreen<strong>de</strong>r que o nosso<br />
real papel <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa indústria é utilizar<br />
do nosso talento, da nossa imaginação e<br />
construirmos um time para dar voz a quem<br />
sempre foi silenciado.<br />
“cada vez mais a<br />
indústria criativa<br />
vem dando espaço<br />
para talentos<br />
individuais”<br />
*Clariza Rosa é cofundadora e lí<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong> novos negócios da Silva<br />
clariza@silvaprodutora.com<br />
96 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
“vivemos um<br />
momento <strong>de</strong> quebra<br />
<strong>de</strong> paradigmas”<br />
Jason Lowe/Divulgação<br />
Com experiência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três décadas em<br />
restaurantes, a cozinheira Paola Carosella<br />
diz que já presenciou muita mudança<br />
<strong>de</strong> tendência, crises e momentos <strong>de</strong><br />
prosperida<strong>de</strong>. “E o resultado disso é um olhar mais<br />
elástico para os momentos. Nada é sempre tão bom<br />
quanto parece, e quando é ruim po<strong>de</strong> existir uma<br />
saída criativa”, afirmou. Para Carosella, consi<strong>de</strong>rada<br />
um dos principais nomes da gastronomia nacional,<br />
economia criativa é uma prova <strong>de</strong> que o mundo,<br />
as socieda<strong>de</strong>s e as formas <strong>de</strong> relacionamento não<br />
são estáticas. “Tudo muda e se transforma e é<br />
fundamental acompanhar, ser criativo, tentar fugir<br />
do olhar já aprendido, do tradicional, isso se aplica a<br />
tudo”, <strong>de</strong>stacou.<br />
VINÍCIUS NOVAES<br />
EcONOMiA cRiAtivA<br />
O que eu entendo por economia<br />
criativa é que o mundo, as<br />
socieda<strong>de</strong>s e as formas <strong>de</strong> nos<br />
relacionar não são estáticas.<br />
Tudo muda e se transforma e é<br />
fundamental acompanhar, ser<br />
criativo, tentar fugir do olhar já<br />
aprendido, do tradicional, isso<br />
se aplica a tudo.<br />
HOSPitAlidAdE<br />
É fundamental, pois trabalhar<br />
com hospitalida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda um olhar atento e<br />
sensível a todos os movimentos<br />
e tendências. Gastronomia,<br />
restaurantes, tudo o que<br />
envolve aten<strong>de</strong>r e cuidar <strong>de</strong><br />
pessoas <strong>de</strong>manda um olhar<br />
muito atento aos movimentos<br />
sociais, ao que não necessariamente<br />
se vê, mas se percebe.<br />
Quem não consegue ler a realida<strong>de</strong><br />
nas entrelinhas, distinguir<br />
o que será necessário,<br />
o que vai virar tendência, se<br />
per<strong>de</strong> no caminho, fica para<br />
trás.<br />
iMPActO NO diA A diA<br />
Eu trabalho com restaurantes<br />
há mais <strong>de</strong> 30 anos. Já vivi<br />
muita coisa, muita mudança<br />
<strong>de</strong> tendência, muitas crises e<br />
também muitos momentos <strong>de</strong><br />
prosperida<strong>de</strong>. O resultado disso<br />
é um olhar mais elástico para os<br />
momentos. Nada é sempre tão<br />
bom quanto parece, e quando<br />
é ruim po<strong>de</strong> existir uma saída<br />
criativa. Então, po<strong>de</strong>r olhar<br />
para essa possibilida<strong>de</strong>, não<br />
levando tão a sério a realida<strong>de</strong>,<br />
é um bom exercício para<br />
mim. Atualmente, a gastronomia<br />
vive um momento extremamente<br />
difícil. Os insumos<br />
aumentam quase diariamente,<br />
e os preços aos clientes não<br />
po<strong>de</strong>m ser repassados na velocida<strong>de</strong><br />
da inflação. A mão <strong>de</strong><br />
obra é muito escassa e, como<br />
em muitos outros lugares do<br />
mundo, os jovens não sentem<br />
mais <strong>de</strong>sejo ou interesse pelo<br />
trabalho como talvez a minha<br />
geração teve... Isso faz com que<br />
seja muito difícil formar e manter<br />
equipes estáveis, o turnover<br />
é altíssimo e isso tem um preço<br />
muito alto. Quando vivemos<br />
momentos assim, para mim,<br />
o importante é manter o radar<br />
muito ligado, se provocar constantemente<br />
para tentar saídas<br />
fora dos mol<strong>de</strong>s.<br />
MOdElO<br />
Não acho que a gente já<br />
tenha um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> futuro,<br />
sinto que vivemos num mo-<br />
Paola: a gastronomia vive hoje um momento difícil por conta do aumento dos insumos<br />
“se eu compro o<br />
produto, gosto<br />
<strong>de</strong>le, consigo<br />
ven<strong>de</strong>r com muita<br />
credibilida<strong>de</strong>”<br />
mento <strong>de</strong> quebra total <strong>de</strong> paradigmas,<br />
on<strong>de</strong> as novas regras<br />
do jogo ainda não foram criadas<br />
e, quando forem, não serão<br />
mais tão gerais. Eu sinto que<br />
vem pela frente uma gran<strong>de</strong><br />
quebra, <strong>de</strong> estruturas, <strong>de</strong> valores<br />
e <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s. Não temos<br />
tempos fáceis pela frente.<br />
Eu sinto que só quem se torne<br />
elástico e acompanhe o câmbio<br />
vai conseguir fazer parte <strong>de</strong>sse<br />
futuro.<br />
MERcAdO PublicitáRiO<br />
Acho que o começo foi no<br />
MasterChef, na Band. Num<br />
dos primeiros programas tive<br />
<strong>de</strong> fazer um merchan <strong>de</strong> produto<br />
<strong>de</strong> limpeza. Não foi fácil!<br />
Depois fui enten<strong>de</strong>ndo que,<br />
para mim, era muito importante<br />
me i<strong>de</strong>ntificar com aquilo<br />
que eu tinha <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r. Se<br />
fazia sentido para mim, ia fazer<br />
sentido para os outros, pois<br />
eu iria falar a verda<strong>de</strong>. Atualmente,<br />
é assim que trabalho,<br />
com todas as campanhas das<br />
quais faço parte. Se compro o<br />
produto, gosto <strong>de</strong>le e faz sentido<br />
para mim, consigo ven<strong>de</strong>r<br />
com muita credibilida<strong>de</strong> e, na<br />
verda<strong>de</strong>, não estou nem ven<strong>de</strong>ndo,<br />
estou compartilhando<br />
algo do que gosto, e isso as<br />
pessoas querem absorver.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 97
propmark 57 aNoS<br />
Divulgação<br />
Inovar é preciso<br />
RicaRdo fRanken*<br />
Será que economia criativa é mais<br />
um daqueles termos que aparecem<br />
e viram moda, surgem especialistas,<br />
ninguém po<strong>de</strong> ficar <strong>de</strong> fora e, assim<br />
que aparece outra novida<strong>de</strong>, somem? Tenho<br />
a mais absoluta convicção <strong>de</strong> que não.<br />
O nome po<strong>de</strong> até mudar, mas o seu impacto<br />
permanecerá e, mais do que isso, a tal da<br />
economia criativa já está entre nós há algum<br />
tempo. Talvez você não tenha percebido,<br />
porque não <strong>de</strong>ve estar ligando o nome<br />
à pessoa, mas todos nós já trombamos com<br />
seus reflexos diversas vezes, todos os dias.<br />
A face mais explícita <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong><br />
está na integração dos mercados <strong>de</strong> comunicação<br />
e criação <strong>de</strong> conteúdo com outras<br />
áreas <strong>de</strong> negócios. A criativida<strong>de</strong>, o capital<br />
intelectual e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovar são<br />
ativos cada vez mais valorizados em todos<br />
os tipos <strong>de</strong> organizações. Não raro hoje<br />
vemos profissionais oriundos <strong>de</strong> agências<br />
em altos cargos <strong>de</strong> empresas e consultorias<br />
que, até pouco tempo atrás, não voltavam<br />
o seu olhar para essas pessoas em seus processos<br />
seletivos.<br />
Big techs também têm levado para os<br />
seus quadros profissionais <strong>de</strong> marketing<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s multinacionais, e até músicos<br />
e artistas agora fazem parte dos conselhos<br />
consultivos e <strong>de</strong> acionistas <strong>de</strong> bancos e fintechs.<br />
Todos buscam times cada vez mais<br />
multidisciplinares para que diferentes pontos<br />
<strong>de</strong> vista possam ser usados nos processos<br />
<strong>de</strong> criação e <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />
Estes são só alguns exemplos <strong>de</strong> como a<br />
economia criativa tem se integrado e transformado<br />
a economia como um todo.<br />
Mas não é só isso. A pan<strong>de</strong>mia também<br />
escancarou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos esses<br />
valores <strong>de</strong>ntro do DNA <strong>de</strong> toda a companhia,<br />
em diversas áreas e em todos os<br />
níveis. Um momento <strong>de</strong> ruptura como<br />
aconteceu no início <strong>de</strong> 2020, quando todos<br />
tiveram <strong>de</strong> ficar em casa <strong>de</strong>vido ao isolamento<br />
social, acelerou o processo <strong>de</strong> mudanças<br />
e as empresas capazes <strong>de</strong> buscar<br />
soluções e movê-las rapidamente saíram<br />
fortalecidas. Nesta semana, quando eu<br />
estudava biologia com o meu filho David,<br />
<strong>de</strong> 14 anos, li sobre as teorias <strong>de</strong> Darwin e<br />
Lamarck do século 19 e fiquei impressionado<br />
como elas se aplicam perfeitamente ao<br />
mercado atual. Segundo Darwin, aqueles<br />
indivíduos mais capazes <strong>de</strong> se adaptar aos<br />
novos ambientes são os que sobrevivem.<br />
Portanto, as organizações capazes <strong>de</strong> se<br />
adaptar e evoluir, inovando na forma <strong>de</strong><br />
atuar, sendo criativas na a<strong>de</strong>quação dos<br />
seus produtos ou serviços e nos seus formatos<br />
<strong>de</strong> trabalho, são aquelas que estão<br />
hoje colhendo resultados positivos.<br />
Mas a cultura da inovação e o espaço<br />
para que as pessoas possam exercer a sua<br />
criativida<strong>de</strong> não são características que se<br />
po<strong>de</strong> mudar em dias ou meses. É algo que<br />
se cultiva e se pratica ao longo do tempo.<br />
Quem nunca usou, nem encorajou a criativida<strong>de</strong><br />
dos seus colaboradores, incentivando-os<br />
a pensar em soluções diferentes e a<br />
tomar alguma dose <strong>de</strong> risco sem apenas cobrar<br />
resultados, em uma rotina que mais se<br />
assemelha a uma linha <strong>de</strong> montagem que a<br />
uma empresa no século 21, não é capaz <strong>de</strong><br />
mudar essa realida<strong>de</strong> no curto prazo. E é<br />
muito provável, portanto, que saia <strong>de</strong> um<br />
período <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e mudanças como<br />
o que passamos e ainda estamos passando<br />
com a Covid, menor do que quando entrou,<br />
isso se conseguirem sobreviver. E aí temos<br />
Lamarck: aquilo que usamos se <strong>de</strong>senvolve;<br />
e o que não usamos, atrofia.<br />
As mudanças são cada vez mais rápidas<br />
e, com isso, a economia criativa está <strong>de</strong>ixando<br />
<strong>de</strong> ser um setor específico do mercado<br />
para se transformar progressivamente<br />
em um conceito integrado à cultura <strong>de</strong> todas<br />
as empresas, sejam elas <strong>de</strong> comunicação<br />
ou não. Como diria Fernando Pessoa,<br />
outro gênio do século 19: “Viver não é necessário;<br />
o que é necessário é criar”. É isso,<br />
criar e inovar, sempre.<br />
“A economiA criAtivA<br />
está <strong>de</strong>ixAndo <strong>de</strong> ser<br />
um setor específico<br />
do mercAdo pArA se<br />
trAnsformAr em um<br />
conceito integrAdo”<br />
* Ricardo Franken é managing director da Integer\<br />
OutPromo<br />
ricardofranken@integeroutpromo.com.br<br />
98 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
PROPMARK 57 ANOS<br />
Divulgação<br />
A criativida<strong>de</strong> no<br />
meio da diversida<strong>de</strong><br />
Guilherme Pierri*<br />
Se nos Estados Unidos o berço da economia<br />
criativa é o Vale do Silício, no<br />
Brasil posso afirmar que são as favelas.<br />
Se estivéssemos falando <strong>de</strong> um<br />
estado, as favelas seriam hoje o 4º <strong>maio</strong>r<br />
da nossa fe<strong>de</strong>ração, com números mais expressivos<br />
que Bolívia e Paraguai somados.<br />
Uma população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong><br />
pessoas, em sua <strong>maio</strong>ria com perfil empreen<strong>de</strong>dor.<br />
Uma potência em termos <strong>de</strong> produção<br />
e consumo em meio a um universo<br />
pujante <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e também <strong>de</strong><br />
muita dificulda<strong>de</strong>.<br />
Em pesquisa recente do Data Favela (Instituto<br />
Locomotiva), quase 50% dos moradores<br />
já se consi<strong>de</strong>ram empreen<strong>de</strong>dores,<br />
sendo que 4 em cada 10 já possuem um<br />
negócio próprio, <strong>de</strong> maneira formal ou informal.<br />
Pessoas que empreen<strong>de</strong>m mesmo<br />
na ausência do Estado, <strong>de</strong> forma orgânica<br />
e com pouca margem ao erro, sem investidores,<br />
crédito ou um plano <strong>de</strong> negócio estruturado.<br />
A prática da economia criativa hoje é um<br />
dos principais influenciadores na economia<br />
brasileira. Mas na favela, isso não é nenhuma<br />
novida<strong>de</strong>.<br />
A versatilida<strong>de</strong> na criativida<strong>de</strong> sobra<br />
quando falamos <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo e<br />
inovação, seja na parte social, ambiental,<br />
tecnológica, artesanal ou até mesmo no<br />
âmbito financeiro. Para se ter uma i<strong>de</strong>ia,<br />
mais <strong>de</strong> 29% dos trabalhadores da favela<br />
obtêm alguma renda graças a um aplicativo,<br />
sejam eles os mais populares do asfalto<br />
ou até mesmo apps próprios, como no <strong>de</strong>livery<br />
<strong>de</strong> comida ou na locomoção <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
suas comunida<strong>de</strong>s.<br />
A favela está cheia <strong>de</strong> iniciativas criativas<br />
e, por conta dos territórios, na <strong>maio</strong>ria<br />
das vezes carentes <strong>de</strong> recursos – tanto no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano quanto na formação<br />
<strong>de</strong> profissionais no mercado (principalmente<br />
por uma herança histórica) –,<br />
o empreen<strong>de</strong>dorismo é feito em todos os<br />
âmbitos, por uma questão <strong>de</strong> urgência e sobrevivência.<br />
E o que a princípio era apenas uma questão<br />
<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, agora fortalece ainda<br />
mais não só as favelas e os moradores, mas<br />
também o país como um todo. País esse em<br />
que os pequenos negócios são mais <strong>de</strong> um<br />
quarto do PIB e os trabalhadores das favelas,<br />
além <strong>de</strong> movimentarem a roda, mantêm<br />
ela girando. É a economia na base da<br />
pirâmi<strong>de</strong> que mantém a chama acesa do<br />
nosso Brasil.<br />
É essa criativida<strong>de</strong> que nos mostra que,<br />
a partir do momento em que a inteligência<br />
encontra a oportunida<strong>de</strong>, chegamos à virtuosa<br />
combinação <strong>de</strong> renda e esperança. A<br />
favela é protagonista da própria existência<br />
e <strong>de</strong>senvolvimento, e os moradores são os<br />
personagens da transformação através da<br />
engenhosida<strong>de</strong>.<br />
É a marca <strong>de</strong> roupas do Complexo do Alemão,<br />
que hoje é também vendida na Zona<br />
Sul e vestida por um ator numa série da<br />
Netflix. É a influenciadora digital que usa<br />
suas re<strong>de</strong>s sociais para falar <strong>de</strong> educação<br />
financeira e investimentos, e hoje estampa<br />
comerciais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s bancos. É o jornal da<br />
comunida<strong>de</strong>, que relata os acontecimentos<br />
dos territórios <strong>de</strong> forma legítima e com<br />
mais acesso e informação do que qualquer<br />
outro veículo <strong>de</strong> comunicação.<br />
Até aqui, vimos que, embora inicialmente<br />
não haja tantos recursos, há sagacida<strong>de</strong> e<br />
ousadia <strong>de</strong> sobra para fazer isso acontecer.<br />
São os próprios moradores, sendo os protagonistas<br />
das suas histórias, que estão chamando<br />
para si a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas<br />
vidas. Daqui em diante, acredito que ouviremos<br />
cada vez mais o dito “a favela venceu”.<br />
Afinal, além <strong>de</strong> ser um gran<strong>de</strong> território<br />
<strong>de</strong> inovação e empreen<strong>de</strong>dorismo, ela já<br />
vem há tempos vencendo muitas barreiras<br />
e preconceitos.<br />
“A fAvelA está<br />
cheiA <strong>de</strong> iniciAtivAs<br />
criAtivAs e, por contA<br />
dos territórios,<br />
nA mAioriA dAs<br />
vezes cArentes<br />
<strong>de</strong> recursos”<br />
*Guilherme Pierri é cofundador e co-CEO<br />
da Digital Favela<br />
guilherme@digitalfavela.com.br<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 99
Think wiTh influencers<br />
CONTEÚDO DE MARCA Think wiTh GooGle<br />
Privacida<strong>de</strong>: impactos, soluções<br />
e oportunida<strong>de</strong>s com base<br />
nos <strong>de</strong>sejos do consumidor<br />
RicaRdo Juncioni*<br />
Especial para o Think with Google<br />
SPo<strong>de</strong> parecer difícil compreen<strong>de</strong>r um<br />
ecossistema <strong>de</strong> anúncios digitais sem o<br />
uso dos cookies <strong>de</strong> terceiros, que por mais<br />
<strong>de</strong> uma década foram os indicadores dos<br />
hábitos <strong>de</strong> navegação das pessoas. Mas a indústria<br />
do marketing digital, aliada aos parceiros capazes<br />
<strong>de</strong> oferecer as soluções privacy-first certas, tem se<br />
reinventado nesse cenário. Com uma oportunida<strong>de</strong><br />
em especial: manter o acesso a informações dos<br />
seus consumidores ao passo que oferece anúncios<br />
relevantes, ofertas e conteúdo que fazem essa troca<br />
valer a pena.<br />
ApostAmos em umA estrAtégiA <strong>de</strong> dAdos<br />
primários com nossos clientes,<br />
construindo umA relAção AlinhAdA<br />
à privAcidA<strong>de</strong> dos seus consumidores<br />
– hélio Balbi, Diretor Executivo, Data & Tech da Blinks Essence<br />
uitos dos nossos clientes já enxergam a privacida<strong>de</strong> co-<br />
uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio”, afirma Hélio Balbi,<br />
“Mmo<br />
Diretor Executivo, Data & Tech da Blinks Essence. “Apostamos<br />
em uma estratégia <strong>de</strong> dados primários construindo uma relação<br />
mais eficiente e alinhada à privacida<strong>de</strong>.”<br />
Alcançar esse estágio, no entanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> encarar a transparência<br />
como priorida<strong>de</strong> nessa relação. Em outras palavras, <strong>de</strong>ixar<br />
claro que os dados compartilhados pelos consumidores estão<br />
seguros e serão utilizados com responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Além da transparência, também é necessário oferecer segurança<br />
e contar com o consentimento para obter informações tão<br />
valiosas, que passam a compor o cerne das estratégias focadas<br />
no consumidor. E é nesse ponto que o data-driven marketing se<br />
torna possível em ativações <strong>de</strong> mídia por meio <strong>de</strong> soluções como<br />
o Customer Match.<br />
Impacto positivo dos anúncios<br />
E o que o consumidor pensa sobre os anúncios com os quais<br />
interage todos os dias? Entre as propagandas com impacto mais<br />
negativo se <strong>de</strong>stacam as que falam <strong>de</strong> produtos já adquiridos<br />
pelo consumidor, interrompem o conteúdo que ele está consumindo<br />
ou anúncios que se repetem ininterruptamente na sua<br />
vida digital.<br />
De acordo com estudos conduzidos pelo Google, sabemos<br />
que os anúncios que aparecem com impacto mais positivo são<br />
os curtos, dos quais se po<strong>de</strong> voltar com facilida<strong>de</strong> ao conteúdo<br />
anterior, os que promovem <strong>maio</strong>r engajamento e os que compartilham<br />
informações relevantes.<br />
100 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
De acordo com Vicente Varela, Chief<br />
Data Media Officer da LewLara/TBWA, “por<br />
meio das soluções do Google, pu<strong>de</strong>mos levar<br />
a relação do uso do first-party data <strong>de</strong><br />
nossos clientes para outro patamar, <strong>de</strong> forma<br />
prática e acionável”, pontua ele. “Hoje,<br />
estamos <strong>de</strong>senvolvendo a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
privacida<strong>de</strong>, mensuração e ativação <strong>de</strong> dados<br />
<strong>de</strong> forma segura e transparente.”<br />
Com o entendimento estabelecido do que<br />
é positivo ou negativo nos anúncios, é hora<br />
<strong>de</strong> implementarmos as soluções disponíveis,<br />
baseadas principalmente em machine learning,<br />
tanto para extrapolarmos o perfil dos<br />
seus dados first-party (Targeting Expansion)<br />
quanto para uma mensuração <strong>de</strong> resultados<br />
ainda mais certeira (Enhanced Conversions).<br />
Aproveitando também as soluções <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem<br />
e <strong>de</strong> incrementalida<strong>de</strong>, as agências<br />
po<strong>de</strong>m aproximar suas atuações dos resultados<br />
<strong>de</strong> negócios dos seus clientes.<br />
compra <strong>de</strong> mídia com estratégias <strong>de</strong> lance<br />
mais próximas aos objetivos do negócio —<br />
ou mesmo via aquisição inteligente <strong>de</strong> consumidores<br />
por meio <strong>de</strong> audiências preditivas.<br />
mAturidA<strong>de</strong> <strong>de</strong> privAcidA<strong>de</strong>,<br />
mensurAção e AtivAção <strong>de</strong><br />
dAdos <strong>de</strong> formA segurA e<br />
trAnspArente: levAmos o<br />
uso <strong>de</strong> dAdos first-pArty<br />
<strong>de</strong> nossos clientes A outro<br />
pAtAmAr<br />
– vicente varela, Chief Data Media<br />
Officer da LewLara/TBW<br />
A boa notícia é que tanto os anunciantes<br />
quanto as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />
ter sucesso nesse novo ecossistema com<br />
foco em privacida<strong>de</strong>. Ambos continuam<br />
apostando em frentes <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> mídia<br />
programática para alavancar seus negócios,<br />
seguindo as preferências <strong>de</strong> seus consumidores.<br />
As pessoas buscam por entretenimento<br />
no mundo digital, e a propaganda é um caminho<br />
para as marcas interagirem <strong>de</strong> forma<br />
estratégica com seus consumidores. O papel<br />
do CMO é enten<strong>de</strong>r a privacida<strong>de</strong> como<br />
uma priorida<strong>de</strong>, gerenciando as preferências<br />
e <strong>de</strong>sejos do consumidor e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />
relação respeitosa, fazer sua marca sair<br />
na frente.<br />
*Agency Lead Google<br />
Confira mais artigos no Think with Google.<br />
Acesse thinkwithgoogle.com.br<br />
Novas oportunida<strong>de</strong>s<br />
Essas oportunida<strong>de</strong>s vão muito além da<br />
automação e do uso do machine learning.<br />
Elas seguem ao encontro <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> canais e formatos <strong>de</strong> mídia.<br />
Como fazer isso?<br />
Teste novas fontes <strong>de</strong> dados com a programática<br />
garantida, aposte em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
atribuição e invista em profissionais com<br />
habilida<strong>de</strong>s para o gerenciamento <strong>de</strong> dados.<br />
Assim, sua marca ganha eficiência na<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 101
canneS LionS <strong>2022</strong><br />
Retomada presencial do festival vai<br />
ser positiva, segundo Luiz Sanches<br />
Jurado pela sexta vez, este ano na competição Titanium Lions, o CCO da<br />
BBDO da América do Norte fala que evento virtual não gera experiência<br />
Divulgação<br />
Envolvido em todo o processo da conquista global <strong>de</strong> WhatsApp, Sanches comandou a criação do filme carnaval, o primeiro da campanha Fica só entre vocês, lançada no Brasil<br />
Paulo Macedo<br />
publiciitário Luiz Sanches vai representar<br />
o mercado brasileiro pela segun-<br />
O<br />
da vez no júri da área Titanium do Cannes<br />
Lions International Festival of Creativity,<br />
agendado para acontecer entre os dias 20 e<br />
24 <strong>de</strong> junho no Palais <strong>de</strong>s Festivals. Agora<br />
CCO dos escritórios da BBDO nos Estados<br />
Unidos, Canadá e México, on<strong>de</strong> comanda<br />
mais <strong>de</strong> mil profissionais, além <strong>de</strong> ser<br />
CCO global da holding Omnicom para a SC<br />
Johnson e manter a posição <strong>de</strong> chairman<br />
da AlmapBBDO, Sanches começa a analisar<br />
os cases inscritos a partir <strong>de</strong>sta segunda-<br />
-feira (<strong>23</strong>). “Meu critério será eleger o melhor”,<br />
resume Sanches, que já presidiu os<br />
júris <strong>de</strong> Filme e Outdoor Lions e participou<br />
nos júris <strong>de</strong> Mobile e Print.<br />
Em sua opinião, a volta presencial do<br />
festival será benéfica por alguns motivos.<br />
O primeiro está relacionado ao aspecto<br />
econômico, que comprometeu a liqui<strong>de</strong>z<br />
financeira <strong>de</strong> países, agências e também<br />
do segmento <strong>de</strong> eventos durante a pan<strong>de</strong>mia.<br />
“A crise é gerada por fatos. A Covid<br />
foi implacável. O festival presencial vai<br />
trazer <strong>de</strong> volta a bola <strong>de</strong> neve positiva. A<br />
volta da confiança. E do alto-astral”, diz.<br />
O segundo aspecto é sobre a relação entre<br />
pessoas. “Gente foi feita para ficar com<br />
gente. Não isolada. Consequentemente,<br />
vamos fazer trabalhos melhores”, adiciona.<br />
Em terceiro lugar, a volta presencial<br />
das equipes agregará valor para os clientes<br />
porque “com pessoas juntas nas agências<br />
vai se criar experiências. Pelo computador<br />
não há tanto comprometimento”.<br />
No caso do júri presencial, Sanches enfatiza<br />
que haverá mais tempo para se analisar<br />
as peças inscritas. Em sua avaliação,<br />
os júris online ficam limitados <strong>de</strong>vido ao<br />
tempo que os sistemas virtuais, como o<br />
Zoom, estabelecem. “O virtual é bom pelo<br />
lado processual. Mas não é bom quando<br />
está se falando <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Muitas<br />
peças foram penalizadas. Alguns presi<strong>de</strong>ntes<br />
conseguiram equilibrar e outros<br />
<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> contemplar a criativida<strong>de</strong>.<br />
Não sabemos, porém, o que vai acontecer.<br />
Ainda temos problemas com a pan<strong>de</strong>mia<br />
e ainda há a guerra que está ali nos fundos<br />
“Se exiSte uma revolução<br />
<strong>de</strong> conSumir conteúdo,<br />
ela aconteceu por conta<br />
da mídia. ter a mídia na<br />
eStrutura da agência noS<br />
torna maiS relevanteS”<br />
102 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Divulgação<br />
Luiz Sanches, CCO da BBDO North America: Titanium<br />
da Europa. Apesar <strong>de</strong>sse lado negativo, a<br />
i<strong>de</strong>ia é extrair coisas positivas nesse curto<br />
período do festival. Após dois anos, será<br />
atípico ter um festival presencial”, raciocina<br />
Sanches.<br />
inTeRnacionaL<br />
Com longa carreira na AlmapBBDO, eleita<br />
pelo Cannes Lions como a Agência da Década<br />
do evento, Sanches está há dois meses<br />
na posição <strong>de</strong> CCO da BBDO North America.<br />
Na verda<strong>de</strong>, ele já vinha atuando <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o ano passado. “Agora houve a formalização”.<br />
Ele vai usar como base o escritório da<br />
BBDO <strong>de</strong> Nova York, a agência mais premiada<br />
dos Estados Unidos.<br />
“Quero manter essa performance e levar<br />
referências brasileiras, como o craft e a<br />
simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. Meu plano também<br />
contempla a integração <strong>de</strong> todas as agências<br />
sob o meu comando, cada uma <strong>de</strong>las<br />
com pelo menos duas especialida<strong>de</strong>s específicas<br />
para contribuir com o todo da região.<br />
Com flavors diferentes, elas po<strong>de</strong>rão<br />
ser reconhecidas como a AlmapBBDO, cuja<br />
imagem é associada a craft, i<strong>de</strong>ia e simplicida<strong>de</strong>.<br />
Sempre lembrando que craft <strong>de</strong>ve<br />
estar no texto, na imagem, na música. Em<br />
tudo”, planeja o criativo.<br />
Bayer se uniu ao mundo da moda para ressignificar os minibolsos das calças jeans sugerindo seu uso para Aspirina<br />
“com flavorS<br />
diferenteS, po<strong>de</strong>rão Ser<br />
reconhecidaS como a<br />
almapBBdo, cuja imagem<br />
é aSSociada a craft,<br />
i<strong>de</strong>ia e Simplicida<strong>de</strong>”<br />
MaiS coM MenoS<br />
A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fazer mais com menos não<br />
está associada à condição econômica do<br />
Brasil, on<strong>de</strong> os orçamentos são diminutos e<br />
exige que agências e produtoras se virem literalmente<br />
nos 30. Na visão <strong>de</strong> Sanches, ganha<br />
novo contorno com o momento do negócio<br />
da propaganda. Se antes era comum<br />
ter gran<strong>de</strong>s orçamentos para produções,<br />
agora, com a <strong>maio</strong>r exigência <strong>de</strong> conteúdos<br />
nos multivariados pontos <strong>de</strong> conexão com<br />
os consumidores, o volume <strong>de</strong> produção<br />
aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />
“Para o cliente se tornar visível e relevante<br />
nesses novos meios digitais se tornou<br />
necessário produzir mais conteúdo.<br />
Como as verbas não aumentam proporcionalmente<br />
à necessida<strong>de</strong>, quem consegue<br />
trabalhar com orçamentos reduzidos, sem<br />
abrir mão da criativida<strong>de</strong>, vai fazer a diferença.<br />
Os brasileiros já estão acostumados<br />
e saem na frente <strong>de</strong> produzir mais quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> conteúdo com menos investimento.<br />
Sempre falo que fomos ensinados nas<br />
agências a parar quando apertamos o botão<br />
play. Mas há algum tempo passamos a ter<br />
o after play, que é quando se começa uma<br />
conversa. Tem o trabalho <strong>de</strong> awareness, a<br />
isca para começar essa conversa. E como<br />
manter essa conversa aquecida? Precisamos<br />
produzir mais com menos investimento<br />
e isso foi acelerado durante a pan<strong>de</strong>mia”,<br />
explica Sanches.<br />
PLaTaFoRMa<br />
Vários projetos li<strong>de</strong>rados por Sanches já<br />
estão em andamento nos EUA, mas todos<br />
estão sob sigilo. O conceito que ele propõe<br />
é formalizar plataformas que abrigam campanhas<br />
e não se concentrar apenas no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> ações que, nas palavras<br />
<strong>de</strong> Sanches, “po<strong>de</strong>m ser feitas em um tempo<br />
mais curto”. Esse plano integra a reorganização<br />
da agência, que está em andamento,<br />
e vai exigir pelo menos seis meses para<br />
ser finalizada.<br />
Criptografia <strong>de</strong> ponta a ponta foi a promessa da ação para proteger as mensagens pessoais dos usuário do WhatsApp<br />
MoDeLo<br />
Algo que Sanches não vai conseguir exportar<br />
do Brasil para os EUA é o mo<strong>de</strong>lo<br />
brasileiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, que ele consi<strong>de</strong>ra<br />
o mais a<strong>de</strong>quado para a criativida<strong>de</strong>. “Se<br />
existe revolução <strong>de</strong> consumir conteúdo ela<br />
aconteceu por conta da mídia. Ter a mídia<br />
na estrutura da agência nos torna mais relevantes.<br />
E com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impactar<br />
mais positivamente do que quando não<br />
tem a mídia. Isso não tenho como levar pra<br />
lá. A OMD cuida disso. O que po<strong>de</strong>mos fazer<br />
é como pensar o conteúdo. Na AlmapBBDO,<br />
o conceito criativo é que <strong>de</strong>termina o encontro<br />
do formato i<strong>de</strong>al para ter conversas<br />
com pessoas. Adaptamos isso para o mundo<br />
digital. Essa mentalida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> a<br />
mídia não li<strong>de</strong>rar o processo, eu acho que<br />
é possível e já está acontecendo”, finaliza.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 103
Cannes Lions <strong>2022</strong><br />
Malala Yousafzai é a homenageada<br />
do Cannes LionHeart <strong>2022</strong><br />
Malala e seu pai cofundaram em 2014 o Malala Fund, que prega a liberda<strong>de</strong> para meninas construírem o seu futuro<br />
REPOSITIONING<br />
OR DIE!<br />
"Se a oportunida<strong>de</strong> não<br />
bater, construa uma porta",<br />
Milton Berle<br />
Planejamento e Reposicionamento<br />
Estratégicos Sob a Ótica do Mercado<br />
(11) 3<strong>23</strong>1-3998/<strong>23</strong>39<br />
madiamundomarketing.com.br<br />
(11) 98990-0346<br />
@malala<br />
Ativista paquistanesa<br />
virou símbolo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa da educação<br />
em todo o mundo<br />
Cannes LionHeart <strong>2022</strong> vai para Malala<br />
Yousafzai, a mais jovem ganha-<br />
O<br />
dora do Prêmio Nobel da Paz, recebido<br />
em 2014, quando a ativista paquistanesa<br />
tinha apenas 17 anos. A homenagem do<br />
Cannes Lions é concedida a pessoas reconhecidas<br />
por lutarem pelos direitos da<br />
socieda<strong>de</strong>.<br />
Defensora da educação, Malala tem<br />
agora o seu nome cravado no festival, ao<br />
lado <strong>de</strong> Al Gore, Paul Polman e Bono, entre<br />
outros. O Cannes Lions será realizado<br />
na França entre os dias 20 e 24 <strong>de</strong> junho<br />
em formato presencial, após dois anos.<br />
“Sua li<strong>de</strong>rança criativa do Malala Fund<br />
estabeleceu com sucesso uma instituição<br />
que está criando mudanças positivas para<br />
muitos em todo o mundo. Estamos honrados<br />
em presenteá-la com este prêmio”,<br />
disse Philip Thomas, presi<strong>de</strong>nte do Lion.<br />
Em 2014, Malala e seu pai Ziauddin<br />
Yousafzai cofundaram o Malala Fund, organização<br />
sem fins lucrativos, que prega a<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha das meninas em buscarem<br />
as próprias oportunida<strong>de</strong>s.<br />
O Malala Fund trabalha em regiões on<strong>de</strong><br />
a <strong>maio</strong>ria das meninas não tem acesso ao<br />
ensino médio, incluindo Afeganistão,<br />
Bangla<strong>de</strong>sh, Brasil, Índia, Líbano, Nigéria<br />
e Tanzânia, além do Paquistão.<br />
Malala sofreu um atentado em 2012 por<br />
incentivar publicamente o aprendizado.<br />
Aos 15 anos, foi baleada na cabeça pelo Talibã,<br />
que havia proibido as meninas <strong>de</strong> frequentarem<br />
a escola. A garota sobreviveu,<br />
e virou símbolo do direito à educação em<br />
todo o mundo.<br />
PaLestrantes<br />
O CCO da Accenture Song, Eco Moliterno,<br />
e o CMO Global da Anheuser-Busch in-<br />
Bev, Marcel Marcon<strong>de</strong>s, são os brasileiros<br />
que estarão ao lado <strong>de</strong> nomes como Paris<br />
Hilton, CEO da 11:11 Media, e o campeão<br />
<strong>de</strong> xadrez Garry Kasparov na programação<br />
<strong>de</strong> palestrantes nesta edição do festival.<br />
Sustentabilida<strong>de</strong>, diversida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong><br />
e inclusão, dados e tecnologia, criativida<strong>de</strong><br />
e eficácia da marca, talento e<br />
transformação <strong>de</strong> negócios guiaram a<br />
composição da agenda, que também trará<br />
David Droga (CEO da Accenture Song),<br />
Tom Morton (CSO da R/GA) e Liz Taylor<br />
(CCO global da Ogilvy).<br />
104 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
supercenas<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
Fotos: Divulgação<br />
Apresentadora e atriz, Maria Gal está à frente, a partir <strong>de</strong>sta semana, do programa Preto no Branco, que terá seis episódios e será exibido na gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação da Band News TV<br />
CONSCIENTIZAÇÃO<br />
A gra<strong>de</strong> do canal fechado Band News vai exibir a partir <strong>de</strong>sta<br />
quinta-feira (26) os seis episódios do programa Preto no Branco,<br />
que terá como âncora a apresentadora e atriz Maria Gal. “O talk<br />
show vai dialogar sobre diversida<strong>de</strong>, racismo e atitu<strong>de</strong>s antirracistas.<br />
Com seis episódios na primeira temporada, a atração tem<br />
como proposta ampliar a discussão sobre pautas raciais na televisão<br />
e fomentar a conscientização da população sobre a urgência<br />
em tratarmos <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> inclusão e diversida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>”,<br />
esclarece o comunicado da emissora.<br />
CARREIRA<br />
A escritora e influencer <strong>de</strong> economia e finanças Nathalia Arcuri assinou<br />
compromisso com a Sato Rahal, das irmãs Sabrina, Karina e<br />
Karin Sato, que passa a organizar o seu agenciamento artístico. A<br />
fundadora da plataforma Me Poupe! também vai ativar parcerias<br />
comerciais e licenciamento com os novos gestores, que também<br />
são empresários da Boca Rosa, proprietária da marca Boca Rosa<br />
Company e da atriz e apresentadora Mariana Rios.<br />
A micro-influencer Sam Lor<strong>de</strong>llo ao lado <strong>de</strong> Vera Kopp, fundadora da inCast<br />
Nathalia Arcuri reforça elenco da agência Sato Rahal, especializada em carreiras<br />
INFLUENCERS<br />
O ano <strong>de</strong> <strong>2022</strong> ainda vai dar mais consistência para os influencers<br />
digitais. E o futuro da comunicação e do marketing <strong>de</strong>sse<br />
segmento está na pauta diária da executiva e CEO Vera Kopp,<br />
brasileira radicada em Los Angeles, e fundadora da inCast,<br />
agência com posicionamento global que conta com colaboradores<br />
em 33 países e aten<strong>de</strong> clientes como TikTok, Sallve, Petz,<br />
Magalu, Heineken, Visa, Meliuz, Amazon, AliExpress, PepsiCo<br />
e Cartoon Network. “Falta entendimento do que é <strong>de</strong> fato o<br />
marketing <strong>de</strong> influência. Recorrência, e consistência, é muito<br />
importante para maximizar os resultados”, ela afirma.<br />
jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 105
última página<br />
aos 57 anos<br />
do pROpmaRK<br />
Kate Hliznitsova/Unsplash<br />
STALIMIR VIEIRA<br />
Em 1985, fui trabalhar na DPZ-Rio. Levava<br />
comigo um gran<strong>de</strong> problema:<br />
on<strong>de</strong> comprar o, então, Propaganda &<br />
Marketing, que era distribuído encartado<br />
na Gazeta Esportiva. Afinal, quem no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro estaria interessado nos bastidores<br />
do futebol paulista? Um paulista,<br />
talvez. E foi esse sujeito que encontrei,<br />
em plena Copacabana, na décima-quinta<br />
banca em que perguntei pelo jornal. Ele<br />
acabara <strong>de</strong> comprar um exemplar da Gazeta<br />
Esportiva. Vibrante, pedi ao jornaleiro:<br />
uma Gazeta Esportiva, por favor. E ele:<br />
vou ficar <strong>de</strong>vendo a você, acabei <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r.<br />
Olhei para o lado e o sujeito tinha embarcado<br />
num ônibus. Corri para o ponto,<br />
acenei ao motorista, e ele tornou a abrir a<br />
porta. O ônibus estava cheio e eu tentava<br />
localizar meu alvo naquele aperto. Lá estava<br />
ele, claro, calvo e, paulistanamente,<br />
<strong>de</strong> bermuda, tênis e meia. Pedindo licença,<br />
fui me aproximando. Com um braço<br />
esticado, segurava-se na barra superior;<br />
sob o outro, a Gazeta Esportiva. Quando<br />
senti que estava próximo o suficiente, para<br />
ser ouvido, mesmo falando baixo, para<br />
não passar nenhum ridículo<br />
diante dos outros passageiros,<br />
iniciei o seguinte diálogo:<br />
- Bom dia, o senhor é paulista?<br />
- Sim, por quê?<br />
- Eu vi que o senhor comprou<br />
a Gazeta.<br />
- Sim.<br />
- É difícil <strong>de</strong> encontrar.<br />
- Muito. Só tem naquela<br />
banca, acho.<br />
- Quanto o senhor pagou?<br />
- Dois cruzeiros.<br />
- O senhor é publicitário?<br />
- Eu? Eu, não.<br />
- O senhor sabia que tem um ca<strong>de</strong>rno<br />
só para publicitários na Gazeta <strong>de</strong> domingo?<br />
- Não lembro.<br />
- Eu sou publicitário.<br />
- Ah, é?<br />
Vagaram dois assentos juntos e nos sentamos.<br />
- O senhor não quer conferir se o ca<strong>de</strong>rno<br />
veio nesse domingo?<br />
- Deixa eu ver.<br />
- Olha só, é esse aí...<br />
- Hum...<br />
- Viu? Só coisa pra publicitário.<br />
- É mesmo.<br />
“Quando<br />
alguém pedir<br />
a gazeta, você<br />
pergunta se é<br />
publicitário.<br />
se não for,<br />
você entrega<br />
o jornal sem o<br />
ca<strong>de</strong>rno”<br />
- O senhor não quer me ven<strong>de</strong>r?<br />
- Ven<strong>de</strong>r?<br />
- Sim, pago cinco cruzeiros.<br />
- Cinco?<br />
- O jornal inteiro não custou dois?<br />
- Sim, e esse ca<strong>de</strong>rno, por que vale<br />
tanto?<br />
Voltou a abrir o ca<strong>de</strong>rno com mais atenção,<br />
página por página, talvez tentando<br />
achar alguma pegadinha.<br />
- Vale pra mim, que sou publicitário.<br />
- Hum...<br />
- Vamos fechar negócio?<br />
- Que tal <strong>de</strong>z?<br />
- Dez o quê?<br />
- Dez cruzeiros.<br />
- Aí é sacanagem.<br />
- Você está me chamando <strong>de</strong> sacana?<br />
- Claro que não, só quis dizer que<br />
não seria justo.<br />
- Como você sabe? Eu tenho um vizinho<br />
publicitário. Ele po<strong>de</strong> se interessar<br />
também.<br />
- O senhor está querendo fazer um<br />
leilão?<br />
- Por que não? Já que vale tanto pra<br />
vocês.<br />
- Tá bom, eu pago os <strong>de</strong>z.<br />
Entreguei o dinheiro e ele me<br />
ofereceu o ca<strong>de</strong>rno. Saltamos<br />
na Central do Brasil. Peguei um<br />
ônibus <strong>de</strong> volta para a zona sul.<br />
Acomodado no último assento,<br />
abri a janela, <strong>de</strong>ixei entrar a<br />
brisa, e vim lendo, feliz da vida.<br />
Chegando em Copacabana, <strong>de</strong>sci<br />
no ponto, on<strong>de</strong> ficava a tal<br />
banca <strong>de</strong> jornais. Fui a jornaleiro<br />
e propus:<br />
- Eu sou publicitário e vou<br />
fazer você ganhar dinheiro.<br />
- Como assim?<br />
- Tá vendo esse ca<strong>de</strong>rno?<br />
- Sim.<br />
- Ele vem <strong>de</strong>ntro da Gazeta Esportiva.<br />
- Certo.<br />
- Então, você vai retirá-lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />
do jornal e <strong>de</strong>ixar separado. Quando<br />
alguém pedir a Gazeta, você pergunta se é<br />
publicitário. Se não for, você entrega o jornal<br />
sem o ca<strong>de</strong>rno. E guarda o ca<strong>de</strong>rno pra<br />
mim, que eu pago o preço do exemplar inteiro.<br />
Po<strong>de</strong> ser?<br />
- Tudo bem.<br />
Assim, o Propaganda & Marketing esteve<br />
me esperando todos os domingos naquela<br />
banca, enquanto morei no Rio. PROPMARK,<br />
há 57 anos inspirando soluções criativas.<br />
Stalimir Vieira é diretor da Base <strong>de</strong> Marketing<br />
stalimircom@gmail.com<br />
106 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
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