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edição de 23 de maio de 2022

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propmark.com.br<br />

ANO 57 - Nº 2895 - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> R$ 15,00<br />

Ilustração Gabriela Ikawa<br />

Economia criativa movimenta<br />

negócios colaborativos no país<br />

Nesta edição comemorativa aos 57 anos do PROPMARK, especial analisa o contexto <strong>de</strong> negócios<br />

que têm a criativida<strong>de</strong> como matéria-prima, incluindo a publicida<strong>de</strong>, a arquitetura, a moda<br />

e o <strong>de</strong>sign. Colaborativa por natureza (como as formigas, usadas na campanha para divulgar<br />

o aniversário do jornal), a economia criativa é reconhecida por instituições internacionais<br />

como balizador estratégico para um crescimento que vem a reboque do progresso pautado<br />

na função social. Se a economia criativa global fosse um país, ela teria o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong><br />

US$ 4,3 trilhões, <strong>de</strong> acordo com pesquisa do Banco Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento. pág. 30


DA<br />

PROPAGANDA<br />

AO<br />

MARKETING<br />

Relevância é fazer 57 anos<br />

sabendo e mostrando todos os<br />

<strong>de</strong>talhes do mercado publicitário.<br />

Parabéns, PROPMARK.<br />

DOPLIMAOPLAY


editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

longa história<br />

Com a presente edição, completamos 57 anos <strong>de</strong> circulação do PROPMARK,<br />

lançado através <strong>de</strong> uma coluna no extinto Diário Popular, em 21 <strong>de</strong> <strong>maio</strong><br />

<strong>de</strong> 1965.<br />

A história <strong>de</strong>ste jornal especializado registra momentos difíceis para mantê-<br />

-lo vivo, mas a tenacida<strong>de</strong> da sua primeira equipe <strong>de</strong> Redação, sucedida por<br />

este ou aquele novo companheiro ou simplesmente colaborador, fez com que<br />

jamais perdêssemos o rumo, lutando para sempre melhorar a coluna em jornal,<br />

que por capricho do <strong>de</strong>stino tinha tudo para fracassar, a começar pelo seu grave<br />

erro inicial na logo da <strong>de</strong>nominação: Asteristicos.<br />

Ao contrário, porém, do nosso temor, fomos bem recebidos pelo mercado, on<strong>de</strong><br />

só havia uma coluna falando <strong>de</strong> propaganda (marketing ainda era um termo<br />

pouco utilizado e mal <strong>de</strong>finido pelos cobrões que faziam sucesso, principalmente<br />

em gran<strong>de</strong>s anunciantes e agências da época).<br />

Logo percebemos que aquele erro na <strong>de</strong>nominação da nova coluna do jornal<br />

não nos atrapalhou, talvez até tenha ajudado a obter o apoio do mercado, que<br />

sentia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais alguém escrever sobre a importância da ativida<strong>de</strong><br />

publicitária em um jornal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na época.<br />

Com a força e a teimosia dos jovens, fomos em frente, sempre procurando melhorar<br />

o conteúdo das nossas opiniões e das notícias em geral, que mantinha o<br />

mercado publicitário atento, prestigiando o Asteriscos, crescendo a cada edição<br />

das sextas-feiras do antigo e hoje extinto Diário Popular, um jornal que nasceu<br />

com princípios <strong>de</strong> uma imprensa sadia, em 8 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1884, com elogios<br />

na época, além <strong>de</strong> combatido por muitos. Explico: o Diário Popular anunciou<br />

em sua primeira edição que seria abolicionista, contrariando muitos po<strong>de</strong>rosos,<br />

que possuíam escravos em suas proprieda<strong>de</strong>s.<br />

Pois foi nesse jornal que Asteriscos cresceu, graças ao trabalho do meu irmão<br />

Nello Ferrentini, então ainda linotipista, mas já professor universitário <strong>de</strong> administração<br />

<strong>de</strong> empresas em algumas faculda<strong>de</strong>s, que compreen<strong>de</strong>u a importância<br />

da coluna no Diário Popular, que surpreen<strong>de</strong>ntemente não abria crédito<br />

para nenhum anunciante ou agência <strong>de</strong> propaganda (quem <strong>de</strong>sejava nele anunciar<br />

tinha <strong>de</strong> pagar antecipado, no famoso balcão da Rua do Carmo, no hoje<br />

centro velho <strong>de</strong> São Paulo).<br />

Com o sucesso <strong>de</strong> Asteriscos, fui nomeado diretor do jornal, cuidando <strong>de</strong> outros<br />

interesses da empresa, <strong>de</strong>ntre eles o para nós mais importante, quando o prédio<br />

próprio do jornal foi <strong>de</strong>sapropriado pelo Metrô.<br />

Aí veio a segunda ou terceira etapa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a sobrevivência<br />

do jornal: pedir <strong>maio</strong>r prazo ao então prefeito <strong>de</strong> São Paulo, Olavo Setúbal, e ao<br />

seu secretário <strong>maio</strong>r, Claudio Lembo.<br />

Tempos <strong>de</strong>pois, o prédio acabou mesmo sendo <strong>de</strong>molido pelo Metrô e aí veio a<br />

gran<strong>de</strong> tacada que jamais esperávamos: o Estadão estaria se mudando logo mais<br />

para a nova se<strong>de</strong>, no Bairro do Limão, e o prédio da Rua Major Quedinho seria<br />

<strong>de</strong>socupado. Fomos em comitiva <strong>de</strong> diretores falar com a alta direção do Estadão<br />

e conseguimos comprar seus andares naquele prédio famoso na esquina da<br />

Martins Fontes.<br />

O Diário Popular subiu mais ainda <strong>de</strong> conceito junto à população e com ele nosso<br />

Asteriscos. Como a vida, porém, não é feita só <strong>de</strong> sucessos, acabamos tendo<br />

um <strong>de</strong>sentendimento com os proprietários e resolvemos mudar <strong>de</strong> jornal, passando<br />

por A Gazeta Esportiva e <strong>de</strong>pois pela Folha da Tar<strong>de</strong> (já em formato <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>rno), permanecendo sua importância junto ao mercado, não apenas graças<br />

ao seu noticiário mais completo possível sobre o mercado publicitário brasileiro,<br />

mas também do exterior (o Festival <strong>de</strong> Cannes era o nosso predileto, graças<br />

ao apoio <strong>de</strong> Victor Petersen, da Cinema e Publicida<strong>de</strong> do Brasil).<br />

Passado algum tempo, resolvemos e pu<strong>de</strong>mos adquirir se<strong>de</strong> própria no Cambuci,<br />

transformando o que era uma coluna em um jornal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação,<br />

exclusivamente nosso, o PROPMARK, marcando até hoje época no mercado,<br />

com extensão dos seus exemplares para outras praças brasileiras.<br />

Este é um resumo suscinto da nossa história, que com esta edição completa 57<br />

anos <strong>de</strong> vida ininterrupta, acompanhando todas as transformações do mercado<br />

publicitário e já estendidas amplamente para o marketing, lançando premiações<br />

<strong>de</strong>sse setor, como o consagrado Marketing Best.<br />

É este seu PROPMARK, amigo leitor, que nasceu <strong>de</strong> toda essa longa história,<br />

sem per<strong>de</strong>r a raiz iniciada pelo Asteriscos e contando a própria história da propaganda<br />

brasileira, vinda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s agências do exterior, o conhecimento do<br />

Brasil e do nosso jornal. Mas essa é outra história, que contaremos na próxima<br />

edição <strong>de</strong> aniversário, registrando a importância do online, que um dia acabará<br />

com os jornais impressos, mas não acabará, ao contrário, dará mais força<br />

ao mercado – como já vem dando, sempre em tempo recor<strong>de</strong>, como a internet<br />

proporciona.<br />

Nossos agra<strong>de</strong>cimentos aos anunciantes e leitores do PROPMARK, que sabem<br />

da nossa importância para o mercado e nos prestigiam com os seus anúncios,<br />

fonte principal da manutenção da nossa empresa, a Editora Referência Ltda.<br />

A você, leitor do PROPMARK 57 anos, nosso muito obrigado!<br />

as Mais lidas da seMana no propMark.coM.br<br />

1ª<br />

2ª<br />

3ª<br />

tV aberta e paytV li<strong>de</strong>ram<br />

consumo <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa<br />

A TV linear concentra 79% do tempo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> casa, enquanto os serviços <strong>de</strong> streaming ocupam 21%, segundo<br />

o Insi<strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong>, estudo realizado pela Kantar Ibope Media.<br />

leo burnett tM é <strong>de</strong>staque<br />

em estudo sobre inclusão<br />

A LBTM é a única agência <strong>de</strong> comunicação entre as 72 empresas<br />

listadas na pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão. A agência alcançou<br />

índices acima da média em equida<strong>de</strong> racial e direitos LGBTI+.<br />

o que explica a queda <strong>de</strong><br />

engajamento no Facebook<br />

Levantamento realizado pela Emplifi mostrou que re<strong>de</strong> social<br />

teve queda <strong>de</strong> 17% no engajamento, e especialistas apontam<br />

a concorrência com outras plataformas e a mudança <strong>de</strong> faixa<br />

etária do público, como alguns dos motivos.<br />

4ª<br />

CEO e fundador do Gerando Falcões, Edu Lyra fala como marcas e<br />

empresas po<strong>de</strong>m contribuir para a transformação social do país e<br />

mandar a favela para o museu.<br />

5ª<br />

‘as marcas precisam ter uma conexão<br />

real com a ponta, on<strong>de</strong> a vida acontece’<br />

publicis Groupe traz vertical<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar ao brasil<br />

O Publicis Groupe comunicou a chegada da Publicis Health ao país,<br />

divisão criada para <strong>de</strong>senvolver soluções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar<br />

e já presente em outros mercados <strong>de</strong> atuação da holding.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 3


Índice<br />

especial faz<br />

radiografia da<br />

economia criativa<br />

PROPMARK elegeu o tema para a<br />

edição comemorativa dos 57 anos<br />

para mostrar como a criativida<strong>de</strong><br />

move os negócios. Profissionais<br />

assinam artigos exclusivos.<br />

caPa<br />

30<br />

Freepik<br />

Fotos: Divulgação<br />

cannes Lions <strong>2022</strong><br />

Festival presencial<br />

traz confiança<br />

Luiz Sanches, CCO da BBDO nos Estados<br />

Unidos, Canadá e México, além <strong>de</strong><br />

chairman da AlmapBBDO, está no júri <strong>de</strong><br />

Titanium. Para ele, o festival presencial vai<br />

trazer <strong>de</strong> volta a bola <strong>de</strong> neve positiva, o<br />

retorno da confiança e do alto-astral. pág. 102<br />

entrevista<br />

Mercado<br />

dream Factory amplia<br />

atuação e portfólio<br />

Duda Magalhães afirma que a empresa<br />

se tornou um ecossistema, que engloba<br />

a criação <strong>de</strong> eventos e a aquisição <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual. Tudo em nome<br />

da consolidação do entretenimento<br />

ao vivo, que está a todo vapor. pág. 14<br />

digitaL<br />

Lu mostra força dos<br />

avatares <strong>de</strong> marcas<br />

Ela é a influenciadora virtual mais seguida<br />

do mundo, com 31,2 milhões <strong>de</strong> seguidores<br />

em suas re<strong>de</strong>s sociais, segundo o portal<br />

Virtual Humans.org. Lu também é a<br />

personalida<strong>de</strong> com <strong>maio</strong>r potencial <strong>de</strong> gerar<br />

receita <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> no Instagram. pág. 18<br />

eduardo Kobra fala <strong>de</strong> criação e humanida<strong>de</strong><br />

Muralista famoso, que tem suas obras espalhadas em 50 países, afirma que o seu processo<br />

criativo está intimamente ligado às ruas. “A cida<strong>de</strong> está contida em mim e isso se reflete no<br />

meu trabalho. Eu falo <strong>de</strong> história, memória, <strong>de</strong> personagens que lutaram pela paz”. pág. 26<br />

editorial ................................................................3<br />

conexões ...............................................................6<br />

curtas ....................................................................8<br />

Quem Fez ............................................................10<br />

Marcas .................................................................11<br />

Mercado ..............................................................14<br />

Mídia ...................................................................15<br />

digital .................................................................18<br />

inspiração ..........................................................20<br />

We Love MKt ......................................................22<br />

esg no MKt .........................................................24<br />

entrevista ...........................................................26<br />

ProPMarK 57 anos ..........................................30<br />

cannes Lions <strong>2022</strong> ......................................... 102<br />

supercenas ...................................................... 105<br />

Última Página ................................................. 106<br />

4 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


conexões<br />

LinkedIn:<br />

Post: Publicis Groupe traz vertical<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e bem-estar ao Brasil<br />

Muito sucesso a essa profissional<br />

incrível e inspiradora, que tive<br />

o prazer <strong>de</strong> trabalhar e apren<strong>de</strong>r<br />

muito! Fernanda Galvão!<br />

Yasmin Godoy<br />

dorinHo<br />

Post: Leo Burnett TM é <strong>de</strong>staque<br />

em estudo sobre inclusão<br />

Que todas as agências consigam<br />

índices acima da média em equida<strong>de</strong><br />

racial e direitos LGBTQIA+,<br />

como a Leo Burnett!<br />

Michael G.<br />

Post: Nubank apresenta coleção<br />

<strong>de</strong> aniversário com itens pedidos<br />

por clientes<br />

As marcas estão cada vez mais<br />

atentas aos seus consumidores,<br />

enten<strong>de</strong>ndo e aten<strong>de</strong>ndo seus <strong>de</strong>sejos.<br />

Será que a Nubank tem uma<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca?!<br />

Andrea Bassi<br />

Nenhum copo Stanley? Gostei...<br />

(rs)<br />

Nilson <strong>de</strong> Paiva<br />

Instagram:<br />

Post: Gloria Groove: ‘Como drag<br />

queen, levei cinco anos para fechar<br />

minha primeira publicida<strong>de</strong><br />

paga’<br />

Amo!<br />

Paulinha Morais<br />

última Hora<br />

EXCLUSIVO<br />

A produtora Fantástica Filmes anuncia a chegada<br />

do diretor <strong>de</strong> cena Christiano Metri, na foto acima<br />

com Hermínio Junior (à esquerda) e Marlon Klug (à<br />

direita). “O Chris trouxe à Fantástica um olhar ousado<br />

e contemporâneo nos filmes que havia dirigido como<br />

freelancer e agora arrebentou com Mitsubishi, já como<br />

nosso diretor exclusivo. Ele traz experiências riquíssimas<br />

adquiridas em gran<strong>de</strong>s produções”, elogia Klug.<br />

FAKE<br />

Surgiu como informação,<br />

mas trata-se <strong>de</strong> boato a<br />

possível venda da Mynd<br />

para o Grupo Globo, que<br />

encaminhou a seguinte<br />

resposta à coluna: “Temos<br />

projetos <strong>de</strong> marketing<br />

com a Mynd, assim como<br />

com outras agências do<br />

mercado, mas não proce<strong>de</strong><br />

a informação <strong>de</strong> que ela<br />

esteja sendo comprada<br />

pela Globo”.<br />

BULLET<br />

Com <strong>23</strong> anos <strong>de</strong> experiência<br />

no segmento <strong>de</strong><br />

comunicação, o publicitário<br />

Daniel Machado (foto<br />

abaixo) chega à Bullet<br />

como diretor <strong>de</strong> criação<br />

na equipe da CCO Aline<br />

Noya. O profissional tem<br />

passagens pela TracyLocke,<br />

McCann Health, Ogilvy<br />

Healthworld e Euro Life<br />

(atual Havas Life).<br />

LINGUAGEM<br />

A Damasco Filmes anuncia<br />

a chegada ao seu elenco<br />

<strong>de</strong> diretores da dupla Caio<br />

+ João, formada por Caio<br />

Alfieri e João Rabello (na<br />

foto abaixo com o sócio<br />

Carlos Righi). Eles já<br />

dirigiram filmes para Coca-<br />

Cola, Google e Samsung.<br />

“Não se trata da linguagem<br />

pela linguagem, mas <strong>de</strong><br />

potencializar a história”,<br />

afirmam Caio + João sobre<br />

seu estilo. Eles se juntam a<br />

Fábio Hacker, Edu Martins,<br />

Marcus Baldini, também<br />

sócio da Damasco, e Gabriel<br />

Kalim. Righi afirma que a<br />

Damasco vem produzindo<br />

para Itaú, Nextel, Bra<strong>de</strong>sco,<br />

Mastercard, Brastemp,<br />

Vivo, Renault e J&J.<br />

Além dos longas Bruna<br />

Surfistinha e O Homem<br />

Perfeito, e séries como<br />

PSI (indicada ao Emmy<br />

Internacional).<br />

6 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


curtas<br />

hbo esTreIa 30 segundos<br />

afrICa e guT lI<strong>de</strong>ram d&ad<br />

publICIs healTh é lançada<br />

Armando Ferrentini, publisher do PROPMARK<br />

O publisher do PROPMARK Armando<br />

Ferrentini participa da minissérie 30 Segundos,<br />

que será lançada nesta segunda-<br />

-feira (<strong>23</strong>) às 19 horas, na ESPM, em São<br />

Paulo. Em cinco episódios, o trabalho resgata<br />

as transformações sociais dos últimos<br />

50 anos por meio da propaganda. A estreia<br />

ocorre nesta terça-feira (24) no canal HBO,<br />

às 21h10. Washington Olivetto, Nizan Guanaes,<br />

Ana Carmen Longobardi e Christina<br />

Carvalho Pinto, entre outros nomes ícones<br />

do setor, também gravaram <strong>de</strong>poimentos<br />

para a produção, exibida às terças-feiras. A<br />

partir <strong>de</strong>sta quarta-feira (25), ganha veiculação<br />

também no HBO MAX.<br />

beTC havas promove na mídIa<br />

Árvore Refugiada, da Africa, está entre os finalistas<br />

O Brasil ocupa a quinta posição na<br />

shortlist do D&AD, com 62 representantes.<br />

O campeão da lista, com 400 peças, é os<br />

Estados Unidos. No total, são 1.362 trabalhos<br />

inscritos. Africa e GUT São Paulo encabeçam<br />

a relação <strong>de</strong> finalistas brasileiros.<br />

Cada agência possui <strong>de</strong>z inscrições. Árvore<br />

Refugiada, da Africa para Climate Reality<br />

Brasil, é uma das principais apostas ao<br />

lado <strong>de</strong> Hid<strong>de</strong>n Spots, campanha assinada<br />

pela GUT para Heinz. AKQA, AlmapBDDO<br />

e Soko fecham o ranking das cinco brasileiras<br />

com <strong>maio</strong>r número <strong>de</strong> inscrições no<br />

festival, que divulgará os vencedores nos<br />

dias 24 e 25 <strong>de</strong> <strong>maio</strong>.<br />

ação Celebra 50 anos da TITle IX<br />

Guillaume Epstei e Fernanda Galvão<br />

A Publicis Health nasce com Fernanda<br />

Galvão como managing director da operação.<br />

A executiva, que esteve na McCann<br />

Health nos últimos seis anos, se reportará<br />

a Guillaume Epstein, COO do Publicis<br />

Groupe Brasil. “O objetivo é mostrar que<br />

não são assuntos apenas da indústria <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, mas uma disciplina indispensável<br />

para todas as marcas com propósito”, diz<br />

Fernanda. “Sobretudo <strong>de</strong>pois da pan<strong>de</strong>mia,<br />

ficou evi<strong>de</strong>nte que marcas preocupadas<br />

em impactar positivamente a socieda<strong>de</strong><br />

e impulsionar seus negócios também<br />

precisam estar atentas às pautas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

bem-estar”, pontua Epstein.<br />

Compra agora esColhe ogIlvy<br />

Ariane Finavaro, diretora-geral <strong>de</strong> mídia da agência<br />

A BETC Havas promoveu Ariane Finavaro<br />

a diretora-geral <strong>de</strong> mídia, área li<strong>de</strong>rada<br />

por Jairo Soares, VP <strong>de</strong> mídia e engajamento.<br />

Há cinco anos, ela vinha conduzindo a<br />

equipe <strong>de</strong> varejo da agência, com clientes<br />

como TIM, Pão <strong>de</strong> Açúcar e Assaí. “Temos<br />

plano para transformação cultural da<br />

agência e entregas para clientes a partir da<br />

tecnologia, resultados, inovação e criativida<strong>de</strong>”,<br />

diz Ariane Finavaro. Pesquisa e planejamento<br />

estão entre as áreas <strong>de</strong> atuação<br />

<strong>de</strong> Ariane, que já trabalhou para Unilever,<br />

Bayer, J&J, Air France, Tramontina, Grupo<br />

PSA e PepsiCo. A executiva também tem<br />

passagens por Publicis e JWT.<br />

Imagens lembram conquistas históricas das mulheres<br />

For The Right To: uniu AlmapBBDO e<br />

Getty Images em ação que lembra a luta<br />

das mulheres por igualda<strong>de</strong> no esporte. A<br />

campanha comemora os 50 anos da Title<br />

IX, lei que mudou a história do esporte<br />

feminino norte-americano por proibir<br />

discriminação <strong>de</strong> gênero nas escolas e<br />

faculda<strong>de</strong>s para que meninas tenham as<br />

mesmas oportunida<strong>de</strong>s que garotos. Com<br />

imagens históricas, o filme é narrado por<br />

Dawn Staley, dona <strong>de</strong> três ouros olímpicos,<br />

e traz posters inspirados no visual <strong>de</strong> campanhas<br />

políticas dos anos 1970, década em<br />

que a Title IX foi assinada, além <strong>de</strong> atletas<br />

lutando por seus direitos.<br />

Cliente e agência comemoram início da parceria<br />

O Compra Agora, que reúne mais <strong>de</strong> 40<br />

indústrias dos mais diversos segmentos,<br />

escolheu a Ogilvy Brasil para lançar a sua<br />

marca. “A gente acompanhou o nascimento<br />

do Compra Agora, então, ser parte<br />

<strong>de</strong>ste momento, é uma honra”, comenta<br />

Fernando Musa, CEO da Ogilvy Brasil,<br />

responsável pela estratégia <strong>de</strong> comunicação,<br />

que preten<strong>de</strong> consolidar a empresa<br />

como “um gran<strong>de</strong> parceiro do pequeno<br />

e médio varejista”, espera Júlio Campos,<br />

CEO do Compra Agora. A plataforma B2B<br />

tem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> cuidados pessoais,<br />

alimentos e bebidas até itens <strong>de</strong> limpeza,<br />

higiene e saú<strong>de</strong>, entre outros.<br />

Diretor-presi<strong>de</strong>nte e jor na lis ta<br />

res pon sá vel<br />

Ar man do Fer ren ti ni<br />

Editora-chefe: Kelly Dores<br />

Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />

Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />

Editores-assistentes: Janaina<br />

Langsdorff e Vinícius Novaes<br />

Editor especial: Pedro Yves<br />

Repórteres: Carolina Vilela e Marcos<br />

Bonfim<br />

Revisor: José Carlos Boanerges<br />

Edição <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da Luz<br />

Assistente <strong>de</strong> Arte: Lucas Boccatto<br />

Departamento Comercial<br />

Gerentes: Mel Floriano<br />

mel@editorareferencia.com.br<br />

Tel.: (11) 2065-0748<br />

Monserrat Miró<br />

monserrat@editorareferencia.com.br<br />

Tel.: (11) 2065-0744<br />

Diretor Executivo: Tiago A. Milani<br />

Ferrentini<br />

tamf@editorareferencia.com.br<br />

Departamento <strong>de</strong> Assinaturas<br />

Coor<strong>de</strong>nadora: Regina Sumaya<br />

regina-sumaya@editorareferencia.com.br<br />

Assinaturas/Renovação/<br />

Atendimento a assinantes<br />

assinatura@editorareferencia.com.br<br />

São Paulo (11) 2065-0738<br />

Demais estados: 0800 704 4149<br />

Site: propmark.com.br<br />

Redação: Rua Fran çois Coty, 228<br />

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CEP: 01524-030 Tel.: (11) 2065-0766<br />

as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />

opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />

IMPRESSO EM CASA<br />

8 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


quem fez<br />

Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />

TEMPO<br />

Fomentar o <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> métodos contraceptivos<br />

e incentivar mulheres a falar sobre a sua saú<strong>de</strong><br />

está no centro da ação da Bayer, que chega ao<br />

3º ano em <strong>2022</strong>. O projeto também serve para<br />

motivá-las a se expressar sobre gestações não<br />

planejadas, sexualida<strong>de</strong> e quando gostariam<br />

<strong>de</strong> se tornar mãe. O planejamento foi coor<strong>de</strong>nado<br />

pela executiva Ana Luiza Varga.<br />

CRANE<br />

BAYER<br />

Título: Liberda<strong>de</strong> Vem <strong>de</strong> Dentro; CCO e direção do<br />

comercial: Fabio Shimana; conceito criativo: Felipe<br />

Adati e Thatiana Mazza; diretores <strong>de</strong> arte: Vitor<br />

Massao e Victor Chamas; conteúdo: Ísis Foguer e<br />

Laura Martins; tecnologia: Rodrigo Taira.<br />

Fotos: Divulgação<br />

ECOssIsTEMA<br />

Por <strong>de</strong>ntro das maquininhas <strong>de</strong> cartões há<br />

uma gama <strong>de</strong> soluções integradas muito<br />

além dos serviços oferecidos, que contribuem<br />

com empreen<strong>de</strong>dores na gestão dos<br />

seus negócios. A head <strong>de</strong> marketing Thalita<br />

Martorelli afirma que a marca também é sinônimo<br />

<strong>de</strong> pagamento por aproximação no<br />

transporte público <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />

ALMAPBBDO<br />

CIELO<br />

Título: Todo dia, juntos pelo seu negócio; CCOs:<br />

Luiz Sanches e Pernil; criação: Carlos Yanke e<br />

Michelle Gorodski; produtora: Cine; diretor:<br />

Walk In; som: Raw Áudio; produtores musicais:<br />

Fernando Forni, Ricardo Pinda e Rogerinho Pereira;<br />

aprovação: Thalita Martorelli.<br />

CONFIANÇA<br />

Patrimônio financeiro é o negócio da Wealth,<br />

Investments & Trust, que está nos canais <strong>de</strong><br />

mídia com campanha que mostra conquistas<br />

pessoais como exemplo <strong>de</strong> que é possível fazer<br />

“quando se confia bens financeiros a quem<br />

tem expertise e soli<strong>de</strong>z para executar esta tarefa”.<br />

O comercial vai ser exibido durante cinco<br />

meses assim como as <strong>de</strong>mais peças.<br />

AUDAZ<br />

WIT<br />

Título: Enquanto cuido do melhor da vida; CCO:<br />

João Mosterio; criação: Gabriel Rodrigues Soares,<br />

Equipe Mol e Carlos Eduardo Nascimento; negócios:<br />

Vanessa Parazzi e Ismah Taffarello; produção:<br />

Carolina Margato; produtora: Estúdio Mol;<br />

aprovação: Daniela Libardi.<br />

10 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Marcas<br />

GM investe em game para mostrar<br />

que celular e direção não combinam<br />

Usuário joga pelo WhatsApp e nunca vencerá; i<strong>de</strong>ia é reforçar o perigo<br />

que é digitar enquanto dirige; criação é da Commonwealth//McCann<br />

Chevrolet investiu em um<br />

A game para alertar o motorista<br />

sobre o perigo que é digitar<br />

no celular enquanto dirige.<br />

Intitulado Zap Racing, o jogo<br />

está <strong>de</strong>ntro do WhatsApp e simula<br />

uma corrida <strong>de</strong> carros.<br />

Para jogar, o interessado usa<br />

emojis para <strong>de</strong>sviar <strong>de</strong> obstáculos<br />

como buracos, pe<strong>de</strong>stres e<br />

veículos, até chegar à segunda<br />

e última fase. O nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

aumenta da primeira para<br />

a segunda etapa e, ao final,<br />

quando o jogador pensa que<br />

vai “zerar” o game, ele acaba<br />

colidindo inevitavelmente, recebendo<br />

a mensagem que digi-<br />

Estratégia do game é incentivar usuário a não usar celular enquanto dirige<br />

Divulgação<br />

tar enquanto estiver dirigindo<br />

nunca dá certo no final.<br />

A criação é da Commonwealth//McCann<br />

– divisão da WMc-<br />

Cann para atendimento à Chevrolet,<br />

com estratégia digital<br />

da Isobar e suporte tecnológico<br />

para <strong>de</strong>senvolvimento do game<br />

da MRM Brasil.<br />

Segundo Fe<strong>de</strong>rico Wassermann,<br />

gerente <strong>de</strong> marketing<br />

da GM América do Sul, a i<strong>de</strong>ia é<br />

passar o recado <strong>de</strong> maneira orgânica<br />

e lúdica para facilitar absorção.<br />

“O objetivo é que a pessoa<br />

sempre perca o jogo para<br />

mostrar a importância <strong>de</strong> manter<br />

a atenção na condução”.<br />

ADIVINHA QUAL<br />

UMA DAS<br />

150 EMPRESAS<br />

MAIS INOVADORAS<br />

É O BANCO QUE MAIS<br />

AJUDOU A MODERNIZAR O SISTEMA<br />

FINANCEIRO TRADICIONAL?<br />

Des<strong>de</strong> o 1 o dia, o Original se propôs a fazer diferente e a fazer a diferença.<br />

Abertura <strong>de</strong> conta 100% digital e um banco completo foi apenas o começo<br />

que você já conhece. Mas o que você não sabe é que talvez seja cliente<br />

do Original, mesmo sem ter uma conta com a gente.<br />

O Original já nasceu com um pensamento diferente dos outros bancos:<br />

o <strong>de</strong> banking as service, oferecendo soluções <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> produtos<br />

e serviços financeiros através <strong>de</strong> API’s, promovendo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do open finance no Brasil.<br />

Para o Banco Original, inovação não é só sobre tecnologia. Mas sobre como<br />

<strong>de</strong>ixar a vida mais simples, para que mais pessoas possam ter acesso.<br />

Porque dizer que é completo é fácil.<br />

Mas ser Original é que faz toda a diferença.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 11


O canal <strong>de</strong><br />

notícias que mais<br />

cresce no Brasil<br />

A RECORD NEWS é o canal <strong>de</strong> notícias que mais cresceu em<br />

audiência nos últimos cinco anos.* Crescemos porque fazemos<br />

jornalismo que tem a confiança do espectador e certificação<br />

internacional.**<br />

E se fazemos um jornalismo que o brasileiro confia, também nos<br />

preocupamos com a integrida<strong>de</strong> das marcas <strong>de</strong> nossos clientes.<br />

Nosso jornalismo é factual e isento. Somos brand safe!<br />

On<strong>de</strong> sua marca estiver, a RECORD NEWS estará lá. Seja na TV<br />

aberta, no Youtube, celular ou smartvs.<br />

Fale com nosso comercial e seja nosso parceiro.<br />

52 mil<br />

59 mil<br />

2018<br />

2019


91 mil<br />

Média <strong>de</strong><br />

indivíduos<br />

por minuto<br />

74 mil<br />

#recordnews<br />

ESTAMOS EM TODAS<br />

AS PLATAFORMAS<br />

$<br />

65 mil<br />

ABERTA<br />

FECHADA<br />

TV CONECTADA<br />

REDES SOCIAIS<br />

APP<br />

2020<br />

2021<br />

<strong>2022</strong><br />

FONTES<br />

*Kantar IBOPE Media Instar RM - Rat% Individual<br />

projetado para o Atlas <strong>de</strong> Cobertura RECORD<br />

NEWS 106.551.717 - Dia inteiro Seg a dom - Média<br />

<strong>de</strong> audiência por minuto;<br />

** Reuters Institute — Digital News Report 2021<br />

https://bit.ly/3MmqMyGt


mercaDo<br />

Dream Factory amplia portfólio e<br />

oferece serviços <strong>de</strong> ponta a ponta<br />

Empresa <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser só produtora <strong>de</strong> eventos - setor que se recupera -<br />

e <strong>de</strong>senvolve uma série <strong>de</strong> frentes como Dream Loc e Go Dream<br />

Maratona do Rio, que foi realizada no ano passado e volta a ocorrer em <strong>2022</strong><br />

“A MArinA dA GlóriA,<br />

por exeMplo, teM<br />

reservAs Até 20<strong>23</strong>.<br />

são Muitos pedidos<br />

e consultAs”<br />

Duda Magalhães: “Não há outro player fazendo isso”<br />

Fotos: Divulgação<br />

Neusa spaulucci<br />

turma dos eventos está a todo vapor.<br />

A É que o mercado voltou com programas<br />

<strong>de</strong> entretenimento ao vivo. Duda<br />

Magalhães, presi<strong>de</strong>nte da Dream Factory,<br />

afirma que o país está vivendo o momento<br />

da retomada, com intensida<strong>de</strong> poucas<br />

vezes vista. “É uma intensida<strong>de</strong> inédita,<br />

porque as pessoas têm necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

encontrar, e isso não vai baixar”, arrisca.<br />

Segundo ele, os eventos adiados durante<br />

a pan<strong>de</strong>mia, mais os novos criados agora,<br />

esgotaram as agendas das arenas, dos parques<br />

e das casas <strong>de</strong> shows até o fim do ano.<br />

“A Marina da Glória, por exemplo, tem<br />

reservas até 20<strong>23</strong>. São muitos pedidos, consultas<br />

e reservas”, diz Magalhães. Segundo<br />

ele, o Lollapalooza <strong>2022</strong> foi um divisor <strong>de</strong><br />

águas. “Naquele momento, as marcas se<br />

abriram para a realização <strong>de</strong> eventos ao<br />

vivo e daqui a um mês teremos a Maratona<br />

do Rio, um evento superbem vendido.<br />

Marcas como Cosan e Adidas estarão presentes”,<br />

conta o executivo.<br />

Magalhães faz questão <strong>de</strong> reforçar que a<br />

Dream Factory não é mais apenas uma empresa<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> eventos. Ele afirma<br />

que ela passou <strong>de</strong>ssa fase e saltou para o<br />

que chama <strong>de</strong> ecossistema, que engloba a<br />

criação <strong>de</strong> eventos e aquisição <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

intelectual. Tudo em nome da consolidação<br />

do entretenimento ao vivo.<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, no portfólio proprietário<br />

da Dream Factory estão marcas já<br />

conhecidas como a Maratona do Rio, o Rio<br />

Montreux Jazz Festival, a ArtRio, o Rally<br />

dos Sertões, a Árvore do Rio e, mais recentemente,<br />

a VidCon, encontro <strong>de</strong> criadores<br />

<strong>de</strong> conteúdo digital, que ocorre pela primeira<br />

vez no Brasil em <strong>2022</strong>. Outro exemplo <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual é a organização do<br />

Circuito Brasileiro <strong>de</strong> Surf.<br />

Para agregar valor e oferecer serviços<br />

<strong>de</strong> ponta a ponta, a empresa também traz<br />

em seu guarda-chuva a Dream Experience,<br />

unida<strong>de</strong> focada em soluções <strong>de</strong> comunicação<br />

integrada customizadas para as<br />

<strong>maio</strong>res marcas do país; a Dream Loc, responsável<br />

pelas operações <strong>de</strong> logística e infraestrutura<br />

para os eventos; a Go Dream,<br />

plataforma <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> ingressos, bebidas<br />

e alimentos, e atua com enorme sinergia ao<br />

lado da Easy Live, uma loyaltech <strong>de</strong> entretenimento,<br />

também integrante do Grupo<br />

Dreamers, que viabiliza a troca <strong>de</strong> pontos<br />

por benefícios, a partir <strong>de</strong> um sistema monetário<br />

proprietário. “É a evolução do mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> negócio”, <strong>de</strong>clara. Segundo ele, a<br />

gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria <strong>de</strong>ssas plataformas foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas durante a pan<strong>de</strong>mia.<br />

Magalhães afirma ainda que quer fortalecer<br />

o que a empresa já tem e busca investir<br />

ainda em novos caminhos - por exemplo<br />

em empresas verticais, como aquela<br />

que ven<strong>de</strong> ingressos, bebidas e comidas<br />

nos eventos, e até uma agência <strong>de</strong> viagem.<br />

Tudo isso faz parte do atual ecossistema<br />

da companhia.<br />

Ele acredita que essas novas investidas<br />

da Dream Factory sejam inéditas no Brasil.<br />

“Não há outro player fazendo isso no<br />

mercado brasileiro, que está propício, especialmente<br />

agora, <strong>de</strong>pois da pan<strong>de</strong>mia”,<br />

avalia.<br />

O executivo não gosta muito <strong>de</strong> falar em<br />

investimentos, mas estima que nos últimos<br />

quatro anos a empresa <strong>de</strong>ve ter <strong>de</strong>sembolsado<br />

nos novos projetos em torno <strong>de</strong> R$ 20<br />

milhões.<br />

A unida<strong>de</strong> Dream Experience criou também<br />

ações para o lançamento das lojas físicas<br />

do Magalu no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entre as<br />

iniciativas estiveram a reforma <strong>de</strong> ônibus<br />

do BRT para presentear a cida<strong>de</strong>, um evento<br />

no Cristo Re<strong>de</strong>ntor, com direito a um<br />

show <strong>de</strong> lasers que iluminou a noite carioca,<br />

e o planejamento <strong>de</strong> ações para a orla do<br />

verão carioca.<br />

14 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


mídia<br />

TV linear concentra 79% do tempo<br />

<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o em casa<br />

Estudo da Kantar Ibope Media aponta ainda que<br />

serviços <strong>de</strong> streaming tiveram 21% da audiência<br />

TV linear concentra atualmente 79%<br />

A do tempo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> casa, enquanto os serviços <strong>de</strong> streaming<br />

ocupam 21%. Foi o que apontou o Insi<strong>de</strong><br />

Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong>, estudo realizado pela Kantar<br />

Ibope Media. Em 2021, 205.876.165 pessoas<br />

assistiram aos canais <strong>de</strong> TV aberta e PayTV,<br />

e o tempo médio diário gasto em frente à<br />

telinha ficou em 5h37min.<br />

O jornalismo correspon<strong>de</strong> a 25% <strong>de</strong> todo<br />

o tempo <strong>de</strong>dicado à televisão. Seguindo o<br />

ranking <strong>de</strong> preferências estão o consumo<br />

<strong>de</strong> novelas (18% do tempo), programas <strong>de</strong><br />

auditório (9% do tempo) e reality shows<br />

(4% do tempo).<br />

Já as plataformas online têm ganhado<br />

espaço no Brasil no que se refere ao consumo<br />

<strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, segundo dados do Vi<strong>de</strong>o<br />

Streaming Report, solução da Kantar. Nesse<br />

contexto, dois mo<strong>de</strong>los se <strong>de</strong>stacam. As<br />

empresas gratuitas e financiadas por publicida<strong>de</strong><br />

(AVOD) atingem 58% das pessoas<br />

por mês, enquanto os serviços financiados<br />

por assinaturas dos usuários (SVOD) contemplam<br />

42% das pessoas mensalmente.<br />

As principais razões que levam as pessoas<br />

que acessam ví<strong>de</strong>o por streaming a assinarem<br />

esse tipo <strong>de</strong> serviço são preço e catálogo<br />

amplo <strong>de</strong> novos filmes e séries – cada<br />

um com 47% <strong>de</strong> relevância. Em seguida,<br />

aparece a experiência <strong>de</strong> uso (30%).<br />

No ano passado, 63% do investimento<br />

publicitário foi feito em formatos <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o.<br />

Entre os gêneros <strong>de</strong> programação, <strong>de</strong>staca-<br />

-se a popularida<strong>de</strong> dos reality shows, que<br />

apresentam altos índices <strong>de</strong> audiência.<br />

Insi<strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o <strong>2022</strong> analisa consumo <strong>de</strong> TV em casa<br />

Unsplash<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 15


digital<br />

“Eu sou uma<br />

porta-voz<br />

do Magalu”<br />

Divulgação<br />

Lu, do Magalu, está feliz da “vida” com<br />

as últimas notícias. Segundo o portal<br />

Virtual Humans.org, ela é a influenciadora<br />

virtual mais seguida do mundo, com<br />

31,2 milhões <strong>de</strong> seguidores em suas re<strong>de</strong>s<br />

sociais. Além disso, estudo realizado pelo site<br />

Onbuy.com a posiciona como a personalida<strong>de</strong> com<br />

<strong>maio</strong>r potencial <strong>de</strong> gerar receita <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em<br />

posts do Instagram em <strong>2022</strong>. Em entrevista, ela<br />

conta o que está achando <strong>de</strong> tudo isso e fala sobre<br />

a sua carreira, iniciada em 2003, nos primórdios<br />

das re<strong>de</strong>s sociais. Para ela, a manifestação<br />

da influência virtual abriu um universo <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s na economia criativa e é uma<br />

tendência consolidada em vários países.<br />

Lu: “A marca Magalu foi evoluindo e eu fui crescendo junto com ela”<br />

marcos bonfim<br />

influEnciadora virtual<br />

Tô muito feliz! É o reconhecimento<br />

(Lu foi eleita a<br />

<strong>maio</strong>r influenciadora virtual<br />

do mundo pelo portal Virtual<br />

Humans.org) por todos esses<br />

anos <strong>de</strong> trabalho na criação<br />

<strong>de</strong> conteúdos, <strong>de</strong>dicação aos<br />

clientes do Magalu, e pedindo<br />

para as pessoas <strong>de</strong>ixarem um<br />

like e ativarem a notificação<br />

nos meus ví<strong>de</strong>os (rsrs). Des<strong>de</strong><br />

2003, quando fui criada, venho<br />

compreen<strong>de</strong>ndo melhor<br />

o mundo e o comportamento<br />

das pessoas.<br />

coMo chEgou lá<br />

A marca Magalu foi evoluindo<br />

e eu fui crescendo junto<br />

com ela. Eu adoro conversar<br />

com as pessoas e ajudá-las no<br />

que precisarem, por exemplo:<br />

facilitando a vida <strong>de</strong>las na<br />

hora <strong>de</strong> fazer uma compra no<br />

Magalu, falando sobre várias<br />

coisas, como tecnologia, serviços,<br />

causas sociais importantes<br />

pra mim e pro Magalu.<br />

Estou adorando trazer dicas <strong>de</strong><br />

moda e lifestyle. E, claro, me<br />

divirto com os memes e <strong>de</strong>safios<br />

- adoro participar e compartilhar<br />

vários nas minhas<br />

re<strong>de</strong>s. Acho que as pessoas<br />

acabam se i<strong>de</strong>ntificando comigo,<br />

gostam <strong>de</strong> acompanhar o<br />

meu dia a dia e conseguem me<br />

encontrar em diversas re<strong>de</strong>s<br />

sociais e plataformas, o que<br />

nos aproxima muito. Eles são<br />

muito carinhosos comigo.<br />

transforMação dos MEios<br />

Olha, uma das vantagens<br />

<strong>de</strong> ser virtual é que eu posso<br />

estar em vários lugares e conversar<br />

com várias pessoas ao<br />

mesmo tempo, né? E eu adorei<br />

este tema porque ele me<br />

permite falar do propósito do<br />

Magalu: levar a muitos o que é<br />

privilégio <strong>de</strong> poucos. No meu<br />

dia a dia, sempre fico atenta<br />

para trazer aos meus seguidores<br />

as tendências e novida<strong>de</strong>s<br />

que eu sei que eles gostam,<br />

faço uma ótima curadoria <strong>de</strong><br />

ofertas, divulgo lançamentos<br />

<strong>de</strong> produtos e distribuo vários<br />

cupons! As re<strong>de</strong>s sociais me<br />

ajudam a contar a minha história<br />

e ser eu mesma. Sei que<br />

eu sou virtual, mas essa é uma<br />

forma <strong>de</strong> eu estar pertinho dos<br />

meus seguidores.<br />

PosicionaMEnto E valorEs<br />

Eu sou uma porta-voz do<br />

Magalu. E sei o quanto é importante<br />

usar esse alcance que<br />

tenho para dar visibilida<strong>de</strong> às<br />

“uma das<br />

vantagens <strong>de</strong> ser<br />

virtual é que eu<br />

posso estar em<br />

vários lugares”<br />

causas que a nossa marca acredita.<br />

O combate à violência<br />

contra as mulheres reais ou a<br />

luta antirracista são exemplos<br />

<strong>de</strong> causas que são movimentos<br />

estruturados inicialmente<br />

<strong>de</strong>ntro da empresa e se tornaram<br />

ban<strong>de</strong>iras importantes.<br />

Falar sobre elas é exercitar a<br />

empatia, e isso é importante<br />

para mobilizar e engajar as<br />

pessoas nesses temas. O que<br />

faço é ouvir, ler e enten<strong>de</strong>r<br />

atentamente a minha comunida<strong>de</strong>,<br />

para ter i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> como<br />

estruturar campanhas que incluam<br />

cada vez mais pessoas<br />

que representam o nosso país.<br />

rEcEita dE PublicidadE<br />

Eu acho que a manifestação<br />

da influência virtual abriu um<br />

universo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s na<br />

economia criativa e é uma tendência<br />

consolidada em vários<br />

países. O valor vai muito além<br />

da geração <strong>de</strong> receita com as<br />

minhas parcerias, que também<br />

é muito importante para ajudar<br />

a administrar a minha carreira.<br />

Dá trabalho, viu? Quem vê close,<br />

não vê os corres que eu faço<br />

por aqui! Mas o mais importante<br />

para mim é essa relação<br />

<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e confiança<br />

com minha comunida<strong>de</strong>, fãs<br />

e clientes do Magalu. Por trás<br />

<strong>de</strong> cada imagem que eu posto,<br />

estou contando uma história. E<br />

isso é o que faz as pessoas prestarem<br />

atenção no que quero e<br />

preciso comunicar.<br />

futuro dos avatarEs<br />

Estaremos cada vez mais<br />

presentes na vida das pessoas.<br />

Até celebrida<strong>de</strong>s já estão<br />

criando suas versões em 3D.<br />

Sobre meu futuro, como uma<br />

boa fã <strong>de</strong> séries, não gosto <strong>de</strong><br />

dar spoilers! Mas minha carreira<br />

está bem agitada. Aguar<strong>de</strong>m.<br />

18 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Para homenagear o Propmark<br />

em seus 57 anos resolvemos<br />

fazer uma campanha<br />

O Propmark contribui com nossa indústria da comunicação e marketing há mais <strong>de</strong><br />

meio século e merece nossa homenagem. Por isso estamos neste momento realizando<br />

uma campanha em nossos 12 terminais, com 200 telas <strong>de</strong> led. Nossa tecnologia <strong>de</strong><br />

mensuração <strong>de</strong> audiência e analise <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> múltiplas fontes nos permite estimar<br />

com gran<strong>de</strong> assertivida<strong>de</strong> os resultados <strong>de</strong>sta campanha. Se você quer fazer DOOH<br />

com flexibilida<strong>de</strong>, impacto, inovação e métricas avançadas, procure a RZK Digital.<br />

3,5<br />

milhões<br />

<strong>de</strong> passageiros<br />

por semana<br />

15<br />

milhões<br />

<strong>de</strong> impactos<br />

semanais<br />

R$ 18,9<br />

bilhões<br />

<strong>de</strong> renda mensal<br />

dos resi<strong>de</strong>ntes<br />

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O Whatsapp da RZK Digital


inspiração<br />

a insustentável leveza <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r<br />

Fotos: Arquivo pessoal<br />

“O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar a interação humana e<br />

po<strong>de</strong>r ouvir, mais do que nunca, opiniões e análises das mais variadas”<br />

Martin Montoya<br />

Especial para o ProPMarK<br />

Em uma vida passada, <strong>de</strong>cidi estudar engenharia<br />

eletrônica. Eu me consi<strong>de</strong>rava<br />

uma pessoa <strong>de</strong> números e ciência e queria<br />

<strong>de</strong>dicar minha vida a <strong>de</strong>senvolver soluções<br />

tecnológicas.<br />

Durou pouco.<br />

Depois <strong>de</strong> uma pequena crise existencial,<br />

acabei mudando meu foco para comunicação<br />

social e psicologia, o que me<br />

levou à carreira em propaganda, marketing<br />

e comunicação. Uma reviravolta, aparentemente,<br />

bem radical.<br />

Levou um tempo para compreen<strong>de</strong>r<br />

exatamente por que fiz aquela mudança e<br />

como cheguei no meu caminho atual.<br />

Levou ainda mais tempo para perceber<br />

que, talvez, eu po<strong>de</strong>ria ter continuado<br />

como engenheiro, porque acredito que importa<br />

menos o que você faz, e mais o porquê<br />

o faz.<br />

As pessoas sempre me inspiraram. Os<br />

meandros das suas motivações, às vezes<br />

óbvias e, às vezes, tão difíceis <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r.<br />

Sabedoria e tolice, coragem e covardia,<br />

amor e ódio, egoísmo e consi<strong>de</strong>ração.<br />

Tudo junto, tudo misturado. Máquinas<br />

perfeitas e contraditórias. Afinal eu queria<br />

mesmo ser engenheiro, só que da alma.<br />

Nos últimos 15 anos, a tecnologia mudou<br />

a nossa indústria significativamente. Contamos<br />

com dados e ferramentas antes inimagináveis.<br />

Como ex-futuro engenheiro, acho isso<br />

muito interessante, porque o conhecimento<br />

po<strong>de</strong> nos ajudar a tomar melhores <strong>de</strong>cisões<br />

na comunicação.<br />

Mas acho também que existem algumas<br />

armadilhas.<br />

Os dados mais fáceis, que criam segurança<br />

para os executivos, ainda ten<strong>de</strong>m a ser<br />

superficiais e funcionais. Estamos longe <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cifrar a alma humana puramente com<br />

tecnologia.<br />

O <strong>maio</strong>r potencial das re<strong>de</strong>s está em facilitar<br />

a interação humana e po<strong>de</strong>r ouvir,<br />

mais do que nunca, opiniões e análises das<br />

mais variadas.<br />

Opiniões e análises <strong>de</strong> pessoas, que ainda<br />

possuem a tecnologia mais sofisticada<br />

para enten<strong>de</strong>r as motivações e os sentimentos<br />

<strong>de</strong> outras pessoas: uma mente humana.<br />

O que move os seres humanos e como<br />

construímos narrativas capazes <strong>de</strong> influenciar<br />

o comportamento, isso eu acho fascinante.<br />

A nossa espécie enten<strong>de</strong>u há milhares <strong>de</strong><br />

anos que só lembramos das coisas quando<br />

elas estão inseridas em uma narrativa relevante<br />

e engajadora.<br />

Aqueles encontros ao redor da fogueira,<br />

em que os anciões da tribo contavam histórias,<br />

não eram o precursor da Netflix.<br />

Eram as primeiras campanhas <strong>de</strong> comunicação<br />

da humanida<strong>de</strong>. Histórias memoráveis<br />

que continham alguma moral importante,<br />

alguma informação necessária para<br />

sobreviver ou evoluir no tempo.<br />

A segunda profissão mais antiga do mundo<br />

foi a <strong>de</strong> marqueteiro.<br />

Hoje precisamos lembrar disso e combinar<br />

tecnologia com o que fazemos instintivamente<br />

há milênios: ler a alma humana<br />

e contar histórias que outros queiram<br />

lembrar.<br />

O que me inspira? Você me inspira.<br />

Obrigado por existir e <strong>de</strong>dicar seu tempo<br />

em ler o que escrevi.<br />

Martin Montoya é sócio e CEO da agência ISLA<br />

20 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


we<br />

mkt<br />

charles<strong>de</strong>luvio/Unsplash<br />

Bandidos sanguinários<br />

da dark web<br />

“Covar<strong>de</strong>: alguém que numa situação<br />

perigosa pensa com as pernas”<br />

Ambrose Bierce<br />

FRANCISCO ALBERTO MADIA DE SOUZA<br />

rara a semana em que não ocorra um<br />

É ciberataque. Tendo no seu comando e<br />

operação profissionais altamente qualificados<br />

e do mal. Isso mesmo, bandidos<br />

cruéis, sanguinários, da pior espécie.<br />

A primeira sensação e reação da socieda<strong>de</strong><br />

é que se tratam <strong>de</strong> ladrões oportunistas.<br />

Exagerando, “ladrões <strong>de</strong> galinha” <strong>de</strong><br />

ontem, mais preparados e competentes,<br />

que dão golpes, machucam as finanças<br />

das empresas e das pessoas, e fica por isso<br />

mesmo. Definitivamente, não!<br />

Não fica, são assassinos sanguinários e<br />

<strong>de</strong>sprezíveis. Não dirigem sua sanha criminosa<br />

a uma ou outra pessoa, atacam e<br />

<strong>de</strong>vastam centenas, milhares, <strong>de</strong> pessoas,<br />

<strong>de</strong> uma única vez.<br />

Não pescam com singelas varas <strong>de</strong><br />

pescar. Pescam com re<strong>de</strong>s monumentais...<br />

Crápulas!<br />

Meses atrás o banco <strong>de</strong> dados atacado<br />

por esses bandidos foi o do Grupo Fleury.<br />

médicos, e que, seguramente, provocaram,<br />

<strong>de</strong> forma direta ou indireta, muitas<br />

mortes. Assim, são assassinos impiedosos.<br />

Repito, crápulas.<br />

No <strong>de</strong>sespero, o Fleury teve <strong>de</strong> contratar<br />

<strong>de</strong> emergência as melhores empresas<br />

disponíveis no mercado como PWC, Accenture<br />

e Proteus, <strong>de</strong>ntre outras, tentando<br />

superar a crise o mais rápido possível.<br />

Até quando a socieda<strong>de</strong> continuará<br />

tratando esses assassinos em massa e<br />

recorrentes como crimes civis, comuns,<br />

coloquiais?<br />

Está mais que na hora <strong>de</strong> uma reação<br />

global, sob o comando e patrocínio da<br />

ONU, para darmos início à <strong>maio</strong>r caça<br />

aos bandidos digitais e sanguinários que<br />

hoje nos tiram a tranquilida<strong>de</strong> e o prazer<br />

<strong>de</strong> utilizarmos os fantásticos recursos do<br />

admirável mundo novo em processo <strong>de</strong><br />

construção.<br />

De certa forma, pouco mais <strong>de</strong> 20 anos<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> que tudo começou, vivemos<br />

tempos semelhantes aos dos piratas que<br />

saqueavam os navios e dos bandidos que<br />

assaltavam as diligências.<br />

Tiraram o Fleury do ar, roubaram dados<br />

<strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> clientes, criptografaram<br />

a quase totalida<strong>de</strong>, e passaram a<br />

exigir criptomoedas para liberarem esses<br />

dados e informações.<br />

Enquanto isso acontecia, causaram a<br />

morte <strong>de</strong> algumas pessoas... Pela inacessibilida<strong>de</strong><br />

aos dados...<br />

Não se tratava dos dados da torcida <strong>de</strong><br />

um clube que pura e simplesmente <strong>de</strong>ixava<br />

<strong>de</strong> comprar ingressos por um <strong>de</strong>terminado<br />

tempo.<br />

Eram dados sobre pessoas, sobre a saú<strong>de</strong><br />

das pessoas, sobre milhões <strong>de</strong> exames<br />

Com uma pequena gran<strong>de</strong> diferença.<br />

Bandidos que assumiam riscos para cometerem<br />

seus crimes. Colocavam o <strong>de</strong>les<br />

na reta, a vida em risco.<br />

Hoje, os bandidos da <strong>de</strong>ep web e do<br />

digital trabalham <strong>de</strong> suas casas, confortavelmente,<br />

provocando o pânico e o <strong>de</strong>sespero<br />

em milhões <strong>de</strong> pessoas...<br />

Mais que na hora <strong>de</strong> uma reação total e<br />

po<strong>de</strong>rosa da socieda<strong>de</strong>. Mais que na hora<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar todos eles a, no mínimo, prisão<br />

perpétua.<br />

Nunca fui a favor da pena <strong>de</strong> morte. Estou<br />

reconsi<strong>de</strong>rando...<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

22 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


ESG NO MKT<br />

Martin Adams/Unsplash<br />

Save the date: 2030<br />

Esse é o ano limite para que se concretizem as<br />

metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa)<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

mundo tem um compromisso crucial<br />

O agendado para 2030. Esse é ano limite<br />

para que se concretizem as metas <strong>de</strong> redução<br />

<strong>de</strong> GEE (Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa) assumidas<br />

pelos países signatários do Pacto<br />

Global.<br />

Em 2015, os 193 países-membros das Nações<br />

Unidas aprovaram, por consenso, a<br />

Agenda 2030. Trata-se <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> ação<br />

<strong>de</strong> 2015 a 2030.<br />

O Pacto Global não é um instrumento regulatório,<br />

um código <strong>de</strong> conduta obrigatório<br />

ou meio <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> países.<br />

É uma iniciativa voluntária que fornece<br />

diretrizes para a promoção do crescimento<br />

sustentável e da cidadania, por meio <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>ranças corporativas comprometidas e<br />

inovadoras.<br />

Mas o não cumprimento das metas estabelecidas<br />

po<strong>de</strong> colocar o país na berlinda e<br />

prejudicar relações internacionais. Afinal,<br />

trata-se <strong>de</strong> um pacto para salvar o planeta<br />

do atingimento <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> não retorno,<br />

em relação ao aquecimento global.<br />

Estudos sérios <strong>de</strong>monstram que, se o<br />

mundo não contiver o aumento da temperatura<br />

da Terra em 2°C (melhor se não ultrapassar<br />

1,5°C) até 2030, será impossível<br />

conter efeitos <strong>de</strong>vastadores, que po<strong>de</strong>m até<br />

inviabilizar o planeta para gerações futuras.<br />

O Acordo <strong>de</strong> Paris (COP <strong>de</strong> 2015) levou<br />

o Brasil a assumir uma redução <strong>de</strong> 37% <strong>de</strong><br />

GEE até 2025 e <strong>de</strong> 43% até 2030.<br />

A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada)<br />

do Brasil leva em conta as emissões<br />

referentes a 2005.<br />

As principais metas do Brasil para atingir<br />

essa redução são: aumentar o uso <strong>de</strong> fontes<br />

alternativas <strong>de</strong> energia; aumentar a participação<br />

<strong>de</strong> bioenergias sustentáveis na matriz<br />

energética brasileira para 18% até 2030;<br />

utilizar tecnologias limpas nas indústrias;<br />

melhorar a infraestrutura dos transportes;<br />

diminuir o <strong>de</strong>smatamento; restaurar e reflorestar<br />

até 12 milhões <strong>de</strong> hectares.<br />

O Brasil tem uma matriz energética invejável,<br />

com mais <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> participação <strong>de</strong><br />

fontes renováveis. Por outro lado, não tem<br />

<strong>de</strong>monstrado capacida<strong>de</strong> para conter o <strong>de</strong>s-<br />

matamento e o uso ina<strong>de</strong>quado do solo. O<br />

resultado é que somos o 4º <strong>maio</strong>r emissor<br />

<strong>de</strong> GEE do planeta. Conseguiremos bater<br />

a meta <strong>de</strong> redução assumida no Pacto Global?<br />

O governo afirma que sim, mas não<br />

apresenta plano consistente para tal.<br />

Ao contrário, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nha queimadas e<br />

mostra-se con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte com a ocupação<br />

irregular <strong>de</strong> terras. Apesar <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong><br />

governamental errática, a iniciativa privada<br />

po<strong>de</strong> fazer o seu papel e levar o país a<br />

reduções significativas.<br />

A energia alternativa – eólica, solar,<br />

biogás – vem se mostrando competitiva,<br />

atraindo gran<strong>de</strong>s investimentos privados,<br />

com tendência a melhorar ainda mais a matriz<br />

energética brasileira.<br />

O hidrogênio ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> muita<br />

energia limpa, entra no radar brasileiro e<br />

po<strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r nos próximos anos.<br />

No agronegócio, a busca incessante por<br />

<strong>maio</strong>r produtivida<strong>de</strong> leva produtores a buscarem<br />

soluções menos agressivas ao meio<br />

ambiente. A indústria automotiva está acelerada<br />

na diminuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

combustíveis fósseis, partindo para soluções<br />

baseadas em elétricos e híbridos.<br />

Mas é a pressão da socieda<strong>de</strong> que será<br />

fundamental para forçar governo e empresários<br />

a apresentarem soluções compatíveis<br />

com as metas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> gases. Se não for por amor (consciência),<br />

será pela dor (exigência da socieda<strong>de</strong>).<br />

Com o <strong>maio</strong>r conhecimento, um consequente<br />

aumento <strong>de</strong> importância da agenda<br />

ESG, consumidores e contratantes <strong>de</strong> serviços<br />

exigem um alinhamento aos princípios<br />

<strong>de</strong> respeito ao meio ambiente, às questões<br />

sociais e à prática <strong>de</strong> governança ética e<br />

responsável, gerando uma reação em ca<strong>de</strong>ia<br />

para que todos entrem em sintonia e<br />

contribuam com o atingimento das metas.<br />

2030 po<strong>de</strong>rá ser o momento da virada<br />

para um planeta viável ou uma data fatídica,<br />

do temido ponto <strong>de</strong> não retorno.<br />

Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós, seja na<br />

pessoa física (exercendo pressão e privilegiando<br />

as empresas conscientes) ou na<br />

jurídica (agindo em conformida<strong>de</strong> com os<br />

princípios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>). Temos um<br />

encontro marcado com o futuro. RSVP!<br />

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

24 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Para escrever<br />

uma história<br />

icônica,<br />

sua marca<br />

só precisa<br />

escolher<br />

bem as letras.<br />

I<strong>de</strong>ias icônicas<br />

constroem marcas,<br />

aceleram negócios<br />

e transformam<br />

a socieda<strong>de</strong>.<br />

Com essas letras,<br />

po<strong>de</strong>mos escrever<br />

juntos histórias<br />

icônicas também<br />

nas páginas do<br />

Propaganda & Marketing.<br />

Vem com a gente.


entrevista<br />

Quais os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> produzir megapainéis?<br />

Eu já comecei na rua. Vale comentar<br />

que eu não comecei pintaneduardo<br />

kobra<br />

muralista<br />

pintar para<br />

mim é uma<br />

forma <strong>de</strong> me<br />

comunicar<br />

Ícone da street art no mundo, Eduardo Kobra é<br />

aquele brasileiro que dá orgulho. Seu murais<br />

gigantescos estão espalhados em nada menos<br />

do que 50 países. Os painéis <strong>de</strong> Kobra falam <strong>de</strong><br />

história, memória e <strong>de</strong> personagens que lutaram pela<br />

paz. “Acima <strong>de</strong> tudo, eu venho tratando <strong>de</strong> temas<br />

que eu vivi durante a minha infância, que eu vejo<br />

hoje, que me incomodam, que me <strong>de</strong>ixam feliz”,<br />

afirma o paulistano. Para além da parte financeira,<br />

ele consi<strong>de</strong>ra que a sua arte movimenta i<strong>de</strong>ias,<br />

emoções e sentimentos, e chega a lugares inusitados<br />

e simples, mudando a cara das cida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> pessoas<br />

das mais diversas classes sociais po<strong>de</strong>m ter acesso.<br />

kelly dores<br />

Qual a sua ligação com o mercado <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong> e marketing?<br />

Na história da arte observo que<br />

muitos artistas vieram <strong>de</strong>ssa escola<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e marketing, e<br />

tiveram êxito em suas trajetórias,<br />

transformando rótulos em verda<strong>de</strong>iras<br />

obras <strong>de</strong> arte, produtos em<br />

pinturas. Então, acredito que exista<br />

um diálogo importante entre esses<br />

universos, mas também uma linha<br />

muito tênue que separa esses mundos,<br />

ao mesmo tempo que em alguns<br />

momentos os unifica. Existem<br />

artistas, ilustradores e <strong>de</strong>signers<br />

fantásticos que migraram para o<br />

mundo das galerias, museus, assim<br />

como outros que fizeram essa transição<br />

e continuam mantendo a produção<br />

do trabalho <strong>de</strong> uma forma<br />

contínua e séria. Tenho algum tipo<br />

<strong>de</strong> relação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> parâmetros.<br />

Já <strong>de</strong>senvolveu projetos sob encomenda<br />

para marcas?<br />

Eu acho que é importante a gente<br />

saber dividir. Existe um mito na<br />

arte <strong>de</strong> que artistas que acabam<br />

realizando produtos ou fazendo<br />

associações com marcas não são<br />

bem-vistos no mundo da arte. Enfim,<br />

acho que isso se mostra um<br />

argumento muito sensível, porque<br />

existem, sim, artistas que per<strong>de</strong>m<br />

a mão e acabam colocando suas<br />

obras <strong>de</strong> uma forma até mesmo pejorativa,<br />

sem nenhum tipo <strong>de</strong> controle<br />

ou cuidado, transformando<br />

o trabalho em verda<strong>de</strong>iros produtos.<br />

Mas tem artistas muito bem-<br />

-sucedidos, como Salvador Dalí,<br />

Andy Warhol, tantos outros, que<br />

já realizaram trabalho em rótulos,<br />

produtos e marcas, e continuaram<br />

tendo a sua trajetória respeitadíssima.<br />

Eu, sinceramente, tenho um<br />

caminho, e quando ele encontra a<br />

publicida<strong>de</strong> ou o marketing, quando<br />

essas linhas se cruzam, e o meu<br />

trabalho permanece íntegro, meus<br />

princípios e valores respeitados,<br />

esse diálogo acontece. E difícil citar<br />

aqui quais são as marcas, mas eu já<br />

me relacionei com algumas marcas,<br />

sim, que tiveram esse olhar cuidadoso<br />

sobre a minha trajetória.<br />

Como é ser uma referência na arte popular,<br />

ícone <strong>de</strong> inspiração?<br />

Na realida<strong>de</strong>, eu particularmen-<br />

te não me vejo assim. Sou uma pessoa<br />

bem contida em relação ao meu<br />

trabalho, sou muito pé no chão. Resumindo,<br />

eu mantenho muito firme<br />

as minhas convicções em relação<br />

à integrida<strong>de</strong> no que diz respeito<br />

à evolução. Não tenho nenhuma<br />

conexão com a parte relacionada<br />

a glamour ou algo <strong>de</strong>sse tipo. Eu<br />

acho, sim, muito consistente quando<br />

se tem um trabalho ao longo <strong>de</strong><br />

muitos anos pela persistência, resiliência,<br />

resistência, força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>dicação e empenho. Eu me<br />

consi<strong>de</strong>ro mesmo um trabalhador<br />

na arte. Acredito que todos os dias<br />

tenho a obrigação <strong>de</strong> evoluir, <strong>de</strong> me<br />

<strong>de</strong>dicar, a obrigação <strong>de</strong> fazer algo<br />

melhor do que o dia <strong>de</strong> ontem. Acho<br />

que só <strong>de</strong>ssa forma é possível construir<br />

uma trajetória, uma história<br />

e permanecer feliz. Eu preciso me<br />

sentir bem, feliz com aquilo com o<br />

que estou fazendo. Eu sou muito<br />

crítico com o meu trabalho, sou daquele<br />

tipo que per<strong>de</strong> noites <strong>de</strong> sono<br />

pensando nos projetos. Cada projeto<br />

é uma <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> vida para<br />

mim, seja ele gratuito ou valendo<br />

milhões. Para mim, não há diferença,<br />

também não há diferença <strong>de</strong> um<br />

trabalho feito num lugar simples,<br />

numa comunida<strong>de</strong> ou num lugar<br />

nobre. Em todos os trabalhos eu me<br />

<strong>de</strong>dico integralmente.<br />

Como você aplica a criativida<strong>de</strong> no seu<br />

dia a dia?<br />

Essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar algo<br />

inusitado, <strong>de</strong> tentar encontrar uma<br />

maneira <strong>de</strong> fazer, <strong>de</strong> pensar uma<br />

forma diferente <strong>de</strong> chegar a um resultado,<br />

<strong>de</strong> fazer essa imersão, acho<br />

que a questão é se divertir, é interna.<br />

É um incômodo, algo que me<br />

perturba, é uma necessida<strong>de</strong>, assim<br />

como o ar que eu respiro, a comida<br />

que eu como, o meu filho que está<br />

comigo, a minha família. Criativida<strong>de</strong><br />

para mim é isso, é vencer a<br />

cada dia, transformar os dias, tentar<br />

trazer algo novo, reflexões, pensamentos,<br />

exteriorizar aquilo que está<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim <strong>de</strong> alguma maneira.<br />

E ter objetivos, ter meta, uma visão,<br />

querer chegar a algum lugar também.<br />

E tudo isso vai se <strong>de</strong>sdobrando<br />

e eu vou transformando isso <strong>de</strong><br />

pensamento a <strong>de</strong>senho, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho<br />

a imagem, <strong>de</strong> imagem a mural.<br />

Que método <strong>de</strong>senvolveu para criar as<br />

suas peças?<br />

O método da paixão, do amor,<br />

da <strong>de</strong>dicação. É aquilo que eu sou,<br />

o que penso, o que vejo, no que<br />

acredito e aquilo o que estou apren<strong>de</strong>ndo.<br />

O meu trabalho é a evolução<br />

daquilo que eu sou como ser humano.<br />

Conforme eu vou apren<strong>de</strong>ndo,<br />

meu trabalho vai evoluindo. Conforme<br />

vou me <strong>de</strong>senvolvendo, meu<br />

trabalho vai crescendo. Conforme<br />

vou apren<strong>de</strong>ndo a amar o próximo,<br />

a respeitar o próximo, a preservar o<br />

planeta, meu trabalho vai evoluindo.<br />

Eu não tenho exatamente uma<br />

fonte, mas eu tenho princípios. Na<br />

história da arte eu percebo que existe<br />

muita coisa que não se conecta<br />

comigo e eu não preciso fazer isso<br />

para agradar os outros. Não preciso<br />

usar drogas, beber ou trair minha<br />

mulher. Eu posso fazer diferente,<br />

ter fé em Deus. Eu posso não beber,<br />

assim como eu não bebo há mais <strong>de</strong><br />

12 anos. Eu posso pensar diferente,<br />

posso simplesmente ser aquilo que<br />

sou e transmitir isso através das<br />

minhas obras. As minhas obras são<br />

um reflexo <strong>de</strong>sse aprendizado. Não<br />

me julgo melhor do que ninguém,<br />

muito pelo contrário, acho que<br />

cada um <strong>de</strong> nós está num processo<br />

individual <strong>de</strong> autoconhecimento.<br />

On<strong>de</strong> busca inspiração para o seu trabalho?<br />

A cida<strong>de</strong>, a rua, a periferia, a comunida<strong>de</strong>,<br />

as tretas, a violência urbana,<br />

a poluição. É assim que eu me<br />

<strong>de</strong>senvolvi, cada célula do meu corpo<br />

está conectada a isso <strong>de</strong> alguma<br />

forma. Foi assim que eu me <strong>de</strong>senvolvi,<br />

através <strong>de</strong> ofensas, repressão,<br />

palavras contrárias. Foi assim<br />

que eu encontrei o meu caminho e<br />

percebi que po<strong>de</strong>ria fazer algo diferente,<br />

<strong>de</strong> certa forma transformar o<br />

meu mundo e a partir do meu mundo<br />

colocar mensagens positivas nos<br />

lugares. É assim que eu penso o<br />

meu trabalho, o ambiente urbano,<br />

as cida<strong>de</strong>s. A cida<strong>de</strong> está contida<br />

em mim e isso se reflete no meu trabalho.<br />

Eu falo <strong>de</strong> história, memória,<br />

<strong>de</strong> personagens que lutaram pela<br />

paz. Mas, acima <strong>de</strong> tudo, eu venho<br />

tratando <strong>de</strong> temas que eu vivi durante<br />

a minha infância, que eu vejo<br />

hoje, que me incomodam, que me<br />

<strong>de</strong>ixam feliz. Pintar, para mim, é<br />

uma forma <strong>de</strong> me comunicar.<br />

26 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


do pequeno, já comecei nos painéis,<br />

com esse <strong>de</strong>safio dos materiais, das<br />

escadas, <strong>de</strong> estar na rua no frio, na<br />

chuva, no calor, na neve, seja lá<br />

o que for. Com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

segurança também, altura, os perigos.<br />

E os <strong>de</strong>safios das superfícies,<br />

porque algumas pare<strong>de</strong>s têm muitas<br />

intervenções <strong>de</strong> janelas, portas, os<br />

formatos das pare<strong>de</strong>s às vezes não<br />

correspon<strong>de</strong>m à arte que eu quero<br />

fazer. As viagens, os hotéis, a comida,<br />

estar longe da família, ou seja,<br />

tem milhares <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

estar nas ruas. Mas tem a gran<strong>de</strong> satisfação<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ver o resultado das<br />

produções, do esforço, dos <strong>de</strong>safios.<br />

É isso que continua me movendo.<br />

Tem uma equipe que te ajuda na pintura<br />

dos murais?<br />

Eu optei por um time bem pequeno.<br />

Na realida<strong>de</strong> eu tenho algumas<br />

parcerias em partes mais<br />

burocráticas, porque eu acabo<br />

trabalhando em diversos países e<br />

isso requer uma documentação <strong>de</strong><br />

segurança <strong>de</strong> trabalho, advogados,<br />

parte <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> assessoria.<br />

Eu costumo dizer que a parte da<br />

pintura é o mais fácil, chegar até<br />

ela é o mais difícil. Mas eu sou um<br />

cara que estou totalmente empenhado<br />

na criação 100%. Eu amo<br />

fazer isso, amo pintar. Mas é claro<br />

que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das dimensões,<br />

eu sempre tenho dois profissionais<br />

comigo, que são o Agnaldo e o Marcos.<br />

Eu acabei criando um projeto<br />

chamado Envolva-se, em que eu<br />

dou oportunida<strong>de</strong>s para pessoas<br />

<strong>de</strong> várias partes do mundo e quando<br />

eu estou nesses países acabo<br />

chamando-as para participarem<br />

dos projetos e ter essa troca <strong>de</strong> informações.<br />

Isso para mim também<br />

está sendo bastante produtivo.<br />

O que acha do trabalho colaborativo?<br />

Funciona no seu caso?<br />

Acho que tudo faz parte, nós<br />

somos todos inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e<br />

interconectados. A gente não sabe<br />

tudo, é importante se conectar<br />

com pessoas que têm informação.<br />

Eu preciso muitas vezes estar ligado<br />

a historiadores, pesquisadores,<br />

porque eu gosto <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a<br />

história dos lugares e países on<strong>de</strong><br />

estou. A questão da tecnologia<br />

também, da utilização <strong>de</strong> novos<br />

materiais, novos equipamentos.<br />

Eu acho isso superimportante. É<br />

como uma peça <strong>de</strong> quebra-cabeças,<br />

a peça que muitas vezes falta<br />

“às vezes,<br />

olhar<br />

para trás<br />

também nos<br />

leva para o<br />

futuro”<br />

Alan Teixeira/Divulgação<br />

na gente e po<strong>de</strong> acrescentar com<br />

a informação <strong>de</strong> alguém. Eu pesquiso<br />

muita coisa da história do<br />

passado. Às vezes, algo que foi<br />

criado na arte egípcia acaba servindo<br />

<strong>de</strong> referência para o que eu<br />

estou fazendo hoje. Às vezes, o<br />

olhar para trás também nos leva<br />

para o futuro.<br />

Sua arte abriu caminho para outros<br />

artistas? Ou vice-versa?<br />

É um processo interessante,<br />

porque eu tive pouquíssimas oportunida<strong>de</strong>s.<br />

Os meus pares me excluíram<br />

durante o início da minha<br />

trajetória, talvez por <strong>de</strong>sconhecerem<br />

a origem do meu trabalho.<br />

Mas hoje eu acho que as portas<br />

estão abertas, o muro que existia<br />

<strong>de</strong> divisão entre os museus, as galerias<br />

e as universida<strong>de</strong>s, as ruas,<br />

a comunida<strong>de</strong>, a favela, os artistas<br />

que estão nos lugares, países mais<br />

simples, todos estão conectados.<br />

Não há mais diferença nesse aspecto.<br />

Um segue inspirando o outro. A<br />

arte é infinita, a gente sempre vai<br />

ver uma forma diferente <strong>de</strong> pensar,<br />

<strong>de</strong> criar, cada artista tem seu mundo,<br />

seu universo. É interessante<br />

quando a gente começa a apren<strong>de</strong>r<br />

sobre a história da arte, os artistas,<br />

por que fizeram aquilo e como funcionou,<br />

qual é a conexão da arte<br />

que eles fazem com a vida que tiveram<br />

ou preten<strong>de</strong>m ter. Acho que<br />

essa é a beleza da arte, nos tornar<br />

todos conectados e aprendizes um<br />

dos outros.<br />

Em quais ruas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s brasileiras a<br />

sua arte está exposta? E em quais outros<br />

países?<br />

Vale a pena comentar que o meu<br />

trabalho, em alguns aspectos para<br />

que ele aconteça, é muito similar<br />

a uma peça <strong>de</strong> teatro. Eu faço a<br />

criação, tenho a i<strong>de</strong>ia, o conceito, a<br />

mensagem, aquilo que eu quero <strong>de</strong>senvolver,<br />

e algumas empresas se<br />

conectam a essa proposta, que muitas<br />

vezes fala <strong>de</strong> proteção do meio<br />

ambiente, dos animais, dos mananciais,<br />

florestas, povos indígenas,<br />

questões <strong>de</strong> racismo, <strong>de</strong> violência.<br />

Enfim, quando existe essa conexão<br />

funciona muito bem porque a empresa<br />

po<strong>de</strong> patrocinar isso, como<br />

já aconteceu inúmeras vezes. A minha<br />

arte continua completamente<br />

íntegra. A gente mantém a criação<br />

original e a marca consegue aproveitar<br />

o fato <strong>de</strong> estar entregando<br />

algo para a cida<strong>de</strong>, estar participando<br />

<strong>de</strong> um painel que muitas vezes<br />

está numa avenida, num local relevante<br />

da cida<strong>de</strong>. Temos toda uma<br />

repercussão midiática e isso acaba<br />

sendo bastante importante para<br />

todos os lados. E no que diz respeito<br />

às cida<strong>de</strong>s, eu tenho murais em<br />

muitas capitais, cida<strong>de</strong>s do interior<br />

e cerca <strong>de</strong> 50 países. Vale a pena comentar<br />

que nos Estados Unidos são<br />

50 murais, sendo 20 <strong>de</strong>les em Nova<br />

York. Enfim, eu acho que a cada dia<br />

mais as portas vão se abrindo para<br />

esse tipo <strong>de</strong> trabalho e acho que a<br />

street art, <strong>de</strong> alguma forma, já marcou<br />

essa geração, assim como outros<br />

movimentos <strong>de</strong> arte marcaram<br />

outras épocas.<br />

“a arte é<br />

infinita, a<br />

gente sempre<br />

vai ver<br />

uma forma<br />

diferente<br />

<strong>de</strong> pensar,<br />

<strong>de</strong> criar”<br />

Quando e como a arte <strong>de</strong> rua começou<br />

a ser mais valorizada, e qual é a importância<br />

<strong>de</strong>la para a economia criativa<br />

no Brasil?<br />

Hoje eu sou privilegiado <strong>de</strong> ter<br />

um dos trabalhos mais publicados<br />

em livros didáticos, tenho circulado<br />

por universida<strong>de</strong>s realizando<br />

palestras, tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ter dois murais no Guinness Book.<br />

Nada disso eu busquei, nada disso<br />

eu esperava. Aconteceu <strong>de</strong> forma<br />

orgânica, natural, espontânea mesmo.<br />

Acho que uma resposta simples<br />

para a sua pergunta é o retorno<br />

que eu tenho todos os dias, meninos<br />

e meninas nas comunida<strong>de</strong>s,<br />

nos lugares mais simples, carentes,<br />

voltando a sonhar, a ter esperança,<br />

pensando que é possível através<br />

da arte abrir portas e fronteiras. A<br />

possibilida<strong>de</strong> que a arte me <strong>de</strong>u,<br />

vindo <strong>de</strong> uma origem simples, <strong>de</strong><br />

certa forma tem movimentado<br />

mentes, corações e emoções <strong>de</strong><br />

muitas pessoas. O feedback que eu<br />

tenho pelos lugares que passo é relacionado<br />

a esse universo. Hoje eu<br />

tenho feito obras para 12 diferentes<br />

países, porque todas as obras que<br />

eu tenho em mural, tenho original<br />

em tela, e acabo distribuindo para<br />

galerias ao redor do mundo. Comecei<br />

esse movimento embrionário,<br />

fui um dos precursores no Brasil,<br />

um movimento que ainda era novo<br />

no mundo, e hoje a gente vê esse<br />

crescimento estrondoso da street<br />

art no planeta, movimentando<br />

muita coisa. Não só a parte financeira,<br />

mas as i<strong>de</strong>ias, as emoções, os<br />

sentimentos, mudando a cara das<br />

cida<strong>de</strong>s, levando arte para os lugares<br />

mais inusitados e simples, on<strong>de</strong><br />

pessoas das mais diversas classes<br />

sociais po<strong>de</strong>m ter acesso. E com o<br />

meu instituto, o Instituto Kobra, eu<br />

quero amplificar isso e dar oportunida<strong>de</strong>s<br />

para meninos e meninas.<br />

28 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

Vinicius “Amnx” Amano/Unsplash<br />

Economia criativa impulsiona<br />

trabalho colaborativo no Brasil<br />

Diversida<strong>de</strong> potencializa geração <strong>de</strong> riquezas, mas faltam políticas<br />

públicas capazes <strong>de</strong> elevar a competitivida<strong>de</strong> do país no cenário global<br />

Janaina Langsdorff<br />

Brasil é mundialmente reconhecido por<br />

O sua criativida<strong>de</strong>. Do Carnaval aos Leões<br />

<strong>de</strong> Cannes, exporta i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> encher os<br />

olhos. Mas o país consegue transformar toda<br />

essa potencialida<strong>de</strong> em riqueza? Neste<br />

especial dos 57 anos do PROPMARK, profissionais<br />

analisam o contexto <strong>de</strong> negócios que<br />

têm a criativida<strong>de</strong> como matéria-prima.<br />

Colaborativa por natureza, a economia<br />

criativa é reconhecida por instituições internacionais<br />

como balizador estratégico para<br />

um crescimento que vem a reboque do progresso<br />

pautado na função social. Se a economia<br />

criativa global fosse um país, ela teria<br />

o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong> US$ 4,3 trilhões, <strong>de</strong><br />

acordo com pesquisa do Banco Interamericano<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento.<br />

“Não dá para enten<strong>de</strong>r a economia criativa<br />

sem consi<strong>de</strong>rar o po<strong>de</strong>r da cultura do<br />

compartilhamento”, explica o professor José<br />

Mauro Nunes, da FGV Ebape. No povo brasileiro,<br />

encontra diversida<strong>de</strong>s e sincretismos<br />

que acentuam a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> bens e serviços<br />

transformados em ativo para a produção<br />

<strong>de</strong> renda, especialmente entre os pequenos e<br />

médios empreen<strong>de</strong>dores.<br />

A ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor envolvendo colaboração,<br />

cooperação e compartilhamento fica<br />

visível, por exemplo, em eventos musicais<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, on<strong>de</strong> estão reunidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Estimado Em R$129,9<br />

bilhõEs Em 2020, o Pib<br />

da Economia cRiativa<br />

caiu 31,8% Em RElação a<br />

2019. hojE, Está PRóximo<br />

dE R$190 bilhõEs<br />

30 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

Fotos: Divulgação<br />

“não dá PaRa<br />

EntEndER a Economia<br />

cRiativa sEm<br />

considERaR o PodER<br />

da cultuRa do<br />

comPaRtilhamEnto”<br />

Lucas Foster: diluição <strong>de</strong> riscos e boas parcerias<br />

artistas e suas equipes técnicas até montadores<br />

<strong>de</strong> palco, <strong>de</strong>signers, arquitetos, técnicos<br />

<strong>de</strong> som, iluminadores e profissionais <strong>de</strong> logística,<br />

que convergem em uma experiência<br />

multiplicada pelos espectadores.<br />

Área emblemática da economia criativa, a<br />

cultura abriga artes cênicas, dança, museus,<br />

folclore e gastronomia, além da música. O<br />

setor <strong>de</strong> consumo também evoca a criação<br />

<strong>de</strong> signos criativos com o <strong>de</strong>sign, a publicida<strong>de</strong><br />

e a moda. Criativos por excelência, os<br />

segmentos editorial e audiovisual também<br />

<strong>de</strong>ixam a contribuição vinda dos cinemas,<br />

ví<strong>de</strong>os, livros, televisão e streaming.<br />

Outro campo que vem ganhando espaço é<br />

o dos jogos eletrônicos. “Os games têm hoje<br />

a <strong>maio</strong>r participação na geração <strong>de</strong> negócios<br />

da economia criativa, e o Brasil é muito competitivo”,<br />

aponta Nunes, lembrando que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um jogo para as plataformas<br />

mais cobiçadas do mercado chega a<br />

empregar até 400 pessoas, entre <strong>de</strong>signers<br />

gráficos, roteiristas e programadores. A área<br />

<strong>de</strong> tecnologia é uma das mais pujantes, com<br />

conhecimento gerado a partir <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s,<br />

institutos <strong>de</strong> pesquisa, aceleradoras <strong>de</strong><br />

empresas, centros <strong>de</strong> investigação e polos <strong>de</strong><br />

inovação.<br />

DE mãos DaDas<br />

Conferência das Nações Unidas para<br />

o Comércio e o Desenvolvimento (UNC-<br />

TAD), Programa das Nações Unidas para<br />

o Desenvolvimento (PNUD) e Organização<br />

das Nações Unidas para a Educação, a<br />

Ciência e a Cultura (Unesco) estão entre os<br />

órgãos que já alar<strong>de</strong>aram o valor <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> iluminada pela criativida<strong>de</strong>, por<br />

vezes ignorada nos arautos da economia industrial,<br />

baseada na produção tangível - <strong>de</strong><br />

gela<strong>de</strong>iras a televisores e carros.<br />

O momento é <strong>de</strong> mudança. Cindido <strong>de</strong><br />

pensar, o trabalhador forjado na Revolução<br />

Industrial foi levado a executar, não criar. Era<br />

mais fácil produzir em escala que investir em<br />

educação para estimular inovações capazes<br />

<strong>de</strong> se diferenciar entre os competidores. Mas<br />

a mão <strong>de</strong> obra foi abraçada por tecnologias<br />

que hoje rechaçam o mo<strong>de</strong>lo encaixotado <strong>de</strong><br />

gestão. Agora <strong>de</strong> mãos dadas, digital e criativida<strong>de</strong><br />

emanam um ativo intransferível<br />

anunciado pela Indústria 4.0. “A principal<br />

característica da economia criativa é a produção<br />

<strong>de</strong> valor intangível para a socieda<strong>de</strong>”,<br />

frisa Nunes, da FGV.<br />

A estratégia não é nova. “A humanida<strong>de</strong><br />

sempre produziu bens culturais”, lembra<br />

Nunes. Trata-se <strong>de</strong> um conceito novo <strong>de</strong> origem<br />

antiga. A concepção <strong>de</strong> economia criativa<br />

surgiu no Reino Unido, entre as décadas<br />

<strong>de</strong> 1980 e 1990, da tentativa do Ministério<br />

Britânico da Cultura (UK Department for Culture,<br />

Media and Sports – DCMS) <strong>de</strong> reerguer<br />

não só movimentos criativos outrora capitaneados<br />

pelo furor do <strong>de</strong>sign ou pela música<br />

do The Beatles, mas também para inspirar<br />

Monique Evelle, fundadora da plataforma Inventivos, no Dia Mundial da Criativida<strong>de</strong> e Inovação, em Salvador (BA)<br />

José Mauro Nunes: colaboração e cooperação<br />

alternativas capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a produção<br />

local frente à disputa travada com os chineses.<br />

Em 2002, o inglês John Howkins escreveu<br />

o best-seller The Creative Economy: How<br />

People Make Money from I<strong>de</strong>as, ratificando o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias lucrativas.<br />

DEsvio<br />

Autorida<strong>de</strong>s brasileiras também montaram<br />

as suas diligências. Uma <strong>de</strong>las é Celso<br />

Furtado. Fervoroso <strong>de</strong>fensor das capacida<strong>de</strong>s<br />

criativas do povo brasileiro, o economista<br />

paraibano foi precursor da Lei Rouanet e<br />

se tornou ministro da Cultura do governo do<br />

presi<strong>de</strong>nte José Sarney, em 1986.<br />

Mas foi no mandato da presi<strong>de</strong>nte Dilma<br />

Rousseff, em 2011, que veio a Secretaria<br />

da Economia Criativa (SEC) com o plano<br />

da então ministra da Cultura, Ana <strong>de</strong><br />

Hollanda, <strong>de</strong> recuperar, 25 anos <strong>de</strong>pois, os<br />

preceitos <strong>de</strong> Furtado acerca da ligação entre<br />

cultura e criativida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do Brasil.<br />

Conforme o Decreto 7743/2012, foram listados<br />

um total <strong>de</strong> 20 ativida<strong>de</strong>s diretamente<br />

relacionadas ao setor: animação, arquitetura,<br />

artesanato, artes cênicas, artes visuais,<br />

audiovisual, cultura popular, <strong>de</strong>sign, entretenimento,<br />

eventos, games, gastronomia, literatura<br />

e mercado editorial, moda, música,<br />

publicida<strong>de</strong>, rádio, software, turismo cultural<br />

e TV.<br />

“A iniciativa foi um divisor <strong>de</strong> águas para<br />

o fomento da economia criativa no Brasil,<br />

pois <strong>de</strong>limitou setores e criou políticas, diretrizes<br />

e ações que foram implementadas<br />

por estados e prefeituras para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> ecossistemas criativos em todo<br />

o país”, analisa Lucas Foster, i<strong>de</strong>alizador do<br />

World Creativity Day no Brasil, em 2014, antes<br />

mesmo <strong>de</strong> a Organização das Nações Unidas<br />

(ONU) instituir a data <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> abril como<br />

o Dia Mundial da Criativida<strong>de</strong> e Inovação,<br />

em 2017. Nesse ano, a economia criativa representava<br />

2,64% do PIB do país, abrigando<br />

837.206 empregos formais, o equivalente a<br />

1,8% <strong>de</strong> toda a mão <strong>de</strong> obra nacional.<br />

A expectativa era <strong>de</strong> que atingisse a cifra<br />

<strong>de</strong> US$ 43,7 bilhões até 2021, <strong>de</strong> acordo com<br />

estudo feito à época pela consultoria Price<br />

Waterhouse Coopers para a Fe<strong>de</strong>ração das<br />

Indústrias do Rio <strong>de</strong> Janeiro (Firjan). Hoje<br />

32 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

sucateadas pelo governo <strong>de</strong> Jair Bolsonaro,<br />

as áreas da cultura inseridas na economia<br />

criativa contam com a sua própria resiliência<br />

e talento para inventar jeitos <strong>de</strong> sobreviver à<br />

falta <strong>de</strong> políticas públicas capazes <strong>de</strong> fomentar<br />

investimentos à altura do potencial criativo<br />

brasileiro.<br />

O professor <strong>de</strong> filosofia Rafael Nogueira<br />

é o atual secretário Nacional da Economia<br />

Criativa e Diversida<strong>de</strong> Cultural, da Secretaria<br />

Especial <strong>de</strong> Cultura (Secult), pasta do Ministério<br />

do Turismo. Procurado, o órgão não se<br />

manifestou.<br />

“O governo fe<strong>de</strong>ral tem paralisado<br />

incentivos, como Lei Rouanet, Fundo<br />

Nacional <strong>de</strong> Cultura, <strong>de</strong>mandando leis como<br />

a Aldir Blanc e a Paulo Gustavo, vetadas recentemente”,<br />

lamenta Luciana Modé, coor<strong>de</strong>nadora<br />

do Observatório Itaú Cultural.<br />

No início <strong>de</strong> <strong>maio</strong>, o presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro<br />

barrou a nova Lei Aldir Blanc, que<br />

repassaria R$ 3 bilhões ao ano até 2027 para<br />

o setor cultural, e um mês antes vetou a Lei<br />

Paulo Gustavo, que previa um investimento<br />

<strong>de</strong> R$ 3,8 bilhões para recuperar o setor. O<br />

músico Aldir Blanc e o ator e humorista Paulo<br />

Gustavo morreram por complicações da<br />

Covid-19.<br />

HorizontE<br />

A esperança é <strong>de</strong> que, a partir <strong>de</strong> 20<strong>23</strong>, o<br />

país volte a ter um pensamento sistemático<br />

das políticas culturais no Brasil. “Funk e hip<br />

hop, por exemplo, são dois ritmos extremamente<br />

lucrativos, mas em vez <strong>de</strong> receber financiamento,<br />

são criminalizados. Enquanto<br />

isso, temos Anitta explodindo no Spotify”,<br />

reflete Luciana. Seja qual for o território, é<br />

premente o reconhecimento do potencial<br />

criativo do Brasil, dos ritmos do Nor<strong>de</strong>ste às<br />

diversida<strong>de</strong>s da periferia.<br />

A carência vai <strong>de</strong> políticas públicas a regulamentações<br />

capazes <strong>de</strong> acirrar a competitivida<strong>de</strong><br />

e engrossar as chances <strong>de</strong> internacionalização.<br />

“Ainda há uma série <strong>de</strong> etapas,<br />

além da reconstrução do que foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong><br />

lado nesse governo, para fazer frente ao potencial<br />

da diversida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong> do Brasil<br />

rumo a um <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

sustentável, mais justo e igualitário”, confirma<br />

Luciana.<br />

Estudos mostram que, se a economia criativa global fosse um país, ela teria o quarto <strong>maio</strong>r PIB, <strong>de</strong> US$ 4,3 trilhões<br />

a Economia cRiativa<br />

gERou 855,5 mil Postos dE<br />

tRabalho EntRE outubRo E<br />

dEzEmbRo do ano Passado,<br />

alta dE 13% Em RElação ao<br />

mEsmo intERvalo dE 2020<br />

O retrospecto não é alvissareiro. Entre<br />

2010 e 2020, a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empresas<br />

criativas em relação ao total <strong>de</strong> companhias<br />

brasileiras ficou em cerca <strong>de</strong> 4%. A participação<br />

vem caindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2013. O menor<br />

patamar foi visto em 2020, com participação<br />

<strong>de</strong> 3,6%. As informações do Painel <strong>de</strong> Dados<br />

do Observatório Itaú Cultural indicam curva<br />

<strong>de</strong> queda, acentuada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2014. “Tivemos<br />

um pico no período da Copa do Mundo, e <strong>de</strong>pois<br />

nota-se uma baixa em função do cenário<br />

<strong>de</strong> crise a partir <strong>de</strong> 2015”, contextualiza Luciana<br />

Modé.<br />

A propaganda foi a única a crescer em volume<br />

<strong>de</strong> empresas. O aumento foi <strong>de</strong> 7.347<br />

negócios entre 2010 e 2020, e <strong>de</strong> 268 empre-<br />

Freepik<br />

endimentos entre 2019 e 2021. A alavanca<br />

foi a área <strong>de</strong> marketing direto e promoção<br />

<strong>de</strong> vendas, reflexo do movimento nas re<strong>de</strong>s<br />

sociais.<br />

A diminuição do setor editorial, influenciado<br />

pela digitalização, é a mais alarmante.<br />

A receita bruta encolheu cerca <strong>de</strong> 50% entre<br />

2010 e 2019, com uma leve recuperação<br />

<strong>de</strong> 2018 para 2019. Já a receita bruta da área<br />

<strong>de</strong> tecnologia da informação pulou <strong>de</strong> R$<br />

120.909.592 em 2010 para R$ 215.159.097 em<br />

2019. Enquanto isso, a publicida<strong>de</strong> passou <strong>de</strong><br />

R$ 18.333.799 para R$ 27.055.346, perfazendo<br />

os dois setores mais exuberantes do período.<br />

Contágio<br />

O baque em 2020 não foi à toa. A pan<strong>de</strong>mia<br />

da Covid-19 golpeou ativida<strong>de</strong>s presenciais<br />

como espetáculos <strong>de</strong> teatro, música,<br />

festivais, cinemas e museus. O impacto foi<br />

medido em levantamento da Fundação Getúlio<br />

Vargas (FGV), feito em parceria com o<br />

Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas (Sebrae) e a Secretaria <strong>de</strong> Cultura<br />

e Economia Criativa <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Realizada em junho <strong>de</strong> 2020, a Pesquisa<br />

<strong>de</strong> Conjuntura do Setor <strong>de</strong> Economia Criativa<br />

– Efeitos da Crise da Covid-19 mostra queda<br />

<strong>de</strong> faturamento (88,6%), projetos suspensos<br />

Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />

34 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

(50%), cancelados (42%) e perda <strong>de</strong> patrocínios<br />

(38%).<br />

Estimado em R$ 129,9 bilhões em 2020,<br />

o PIB do setor sofreu uma redução <strong>de</strong> 31,8%<br />

em relação a 2019. Em 2021, o volume esperado<br />

era <strong>de</strong> R$ 181,9 bilhões, próximo <strong>de</strong><br />

retomar o patamar <strong>de</strong> 2019, porém ainda<br />

4,5% inferior. Hoje, está próximo <strong>de</strong> R$ 190<br />

bilhões, cerca <strong>de</strong> 2,6% do PIB. O setor criativo<br />

amargou uma perda <strong>de</strong> R$ 69,2 bilhões<br />

no biênio 2020-2021, o equivalente a 18,2%<br />

da produção total do período. A recuperação<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um crescimento <strong>de</strong> 5,42% ao<br />

ano entre <strong>2022</strong> e 2025, puxado especialmente<br />

pelo avanço <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> interface e<br />

transformação digital aceleradas na quarentena.<br />

Embalada pelo avanço da vacinação, a<br />

retomada já sinalizou impulso na oferta <strong>de</strong><br />

empregos da economia criativa. De acordo<br />

com o Observatório Itaú Cultural, com base<br />

em dados da Pnad Contínua, foram criados<br />

855,5 mil postos <strong>de</strong> trabalho no segmento<br />

entre outubro e <strong>de</strong>zembro do ano passado,<br />

alta <strong>de</strong> 13% em relação ao mesmo intervalo<br />

<strong>de</strong> 2020.<br />

O índice fica acima dos 11% da economia<br />

em geral. O ano <strong>de</strong> 2021 terminou com 7,5<br />

milhões <strong>de</strong> trabalhadores alocados no setor<br />

ante 6,6 milhões verificados um ano antes.<br />

Gastronomia (42%), artes cênicas e visuais<br />

(40%), cinema, música, rádio e TV (34%),<br />

<strong>de</strong>sign (21%) e funções editoriais (20%) acumulam<br />

os percentuais mais elevados. Na<br />

publicida<strong>de</strong>, houve queda <strong>de</strong> 730.249 para<br />

725.308, recuo <strong>de</strong> 1%.<br />

União<br />

“A pan<strong>de</strong>mia ensinou que precisamos do<br />

outro para viver, produzir e nos relacionar.<br />

Nunca foi tão evi<strong>de</strong>nte que colaborar nos<br />

fortalece. Marcas que já ensaiavam parcerias<br />

conseguiram se manter fortes a partir <strong>de</strong> projetos<br />

colaborativos, que se tornaram mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> negócio inspiradores”, atesta Carlos Marcelo<br />

Campos Teixeira, professor da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo e Design (FAU) da<br />

Universida<strong>de</strong> Presbiteriana Mackenzie.<br />

“o govERno fEdERal<br />

tEm PaRalisado<br />

incEntivos, dEmandando<br />

lEis como a aldiR<br />

blanc E a Paulo gustavo,<br />

vEtadas REcEntEmEntE”<br />

Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />

Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural<br />

Lucas Foster reforça que empresas<br />

dos setores criativos precisam incorporar<br />

mo<strong>de</strong>los colaborativos para viabilizar projetos<br />

e negócios inovadores <strong>de</strong> baixo custo.<br />

“Diluir risco e <strong>de</strong>senvolver boas parcerias é<br />

fundamental”, afirma Foster.<br />

Da publicida<strong>de</strong>, ele extrai o contexto <strong>de</strong><br />

transição originado com o avanço da base <strong>de</strong><br />

usuários <strong>de</strong> smartphones. Consi<strong>de</strong>rado um<br />

dos setores criativos mais influentes na economia<br />

criativa brasileira até o início da década<br />

passada, segundo Foster, a propaganda<br />

corre para apresentar inovações e acompanhar<br />

as mudanças no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

mídia, que transformou a relação dos consumidores<br />

com as marcas, fenômeno observado<br />

em todo o mundo.<br />

Já o conceito arquitetônico, por exemplo,<br />

é <strong>de</strong>cisivo na escolha <strong>de</strong> um imóvel. A diversida<strong>de</strong><br />

e a sofisticação dos empreendimentos<br />

comprovam a importância da arquitetura<br />

para gerar valor. “Essa é a contribuição da<br />

arquitetura para a economia criativa no país,<br />

pois, sendo relevante, vai gerar emprego,<br />

renda e tributos”, <strong>de</strong>monstra Foster. Outros<br />

setores analisados nas páginas a seguir mostram<br />

o seu papel. A gastronomia gera valor<br />

para a indústria <strong>de</strong> alimentos, assim como a<br />

moda enaltece a indústria têxtil.<br />

garimpo<br />

Alternativas e novas tendências estão no<br />

relatório Industria 4.0: Rumo a uma nova<br />

Economia Criativa Globalizada, apresentado<br />

no último dia 21 <strong>de</strong> abril, Dia Mundial da<br />

Criativida<strong>de</strong> e Inovação. O material consi<strong>de</strong>ra<br />

os aspectos econômicos da interação entre<br />

criativida<strong>de</strong> e inovações tecnológico-empresariais<br />

para mostrar como a quarta revolução<br />

industrial transformou o trabalho <strong>de</strong> empresas<br />

e profissionais da economia criativa.<br />

Na Agência Brasileira <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong><br />

Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)<br />

também é possível encontrar projetos setoriais<br />

realizados em parceria com as respectivas<br />

associações empresariais nas áreas <strong>de</strong><br />

jogos eletrônicos, inovação, cerâmica e revestimento,<br />

móveis, calçados e acessórios,<br />

componentes para calçados, <strong>de</strong>sign e moda,<br />

arte contemporânea e franquias.<br />

36 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Brasilida<strong>de</strong>, combustível<br />

para economia criativa<br />

AnA COUTO*<br />

A<br />

criativida<strong>de</strong> é uma das habilida<strong>de</strong>s<br />

do século e chave para os <strong>de</strong>safios<br />

da atualida<strong>de</strong>. Associada à<br />

economia, é fonte <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

socioeconômico, criação <strong>de</strong> empregos<br />

e inovação tecnológica. Quanto mais<br />

a tecnologia avança, mais a criativida<strong>de</strong><br />

humana se faz valiosa. Segundo o Fórum<br />

Econômico Mundial, até 2025 a automação<br />

vai eliminar 85 milhões <strong>de</strong> empregos no<br />

mundo, enquanto a nova divisão <strong>de</strong> trabalho,<br />

entre máquinas, humanos e algoritmos,<br />

vai criar 97 milhões. Mais do que<br />

nunca, o olhar criativo, que se alimenta<br />

do mundo para metabolizar novas i<strong>de</strong>ias,<br />

torna-se necessário.<br />

E, no quesito criativida<strong>de</strong>, o brasileiro<br />

brilha. Temos criativida<strong>de</strong> no DNA. Nascemos<br />

do sincretismo cultural e encontramos<br />

a nossa autenticida<strong>de</strong> na antropofagia.<br />

Em um contexto <strong>de</strong> escassez, recorremos à<br />

criativida<strong>de</strong> como resposta aos nossos problemas.<br />

Somos o país da gambiarra e da cultura<br />

“faça do seu jeito mesmo”.<br />

Não à toa, os primeiros insights que temos<br />

da pesquisa Branding Brasil, uma iniciativa<br />

que estamos lançando em junho,<br />

que tem o objetivo <strong>de</strong> investigar como o<br />

brasileiro vê o valor do Brasil, aponta que a<br />

criativida<strong>de</strong> é a característica que reconhecemos<br />

como fortaleza. “Brasileiro é criativo,<br />

faz do limão uma limonada”. Aparece<br />

tanto nas coisas mais simples quanto nas<br />

grandiosas: são apontados como sinônimos<br />

<strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> as Havaianas reparadas com<br />

um prego (gambiarra) e a inventivida<strong>de</strong> do<br />

nosso Carnaval.<br />

A qualida<strong>de</strong> criativa também é o que<br />

impulsiona o nosso empreen<strong>de</strong>dorismo e<br />

inovação. Só no ano passado, o Brasil registrou<br />

a abertura <strong>de</strong> 3,9 milhões <strong>de</strong> negócios.<br />

A economia criativa, que abrange os setores<br />

<strong>de</strong> consumo, mídia, cultura e tecnologia,<br />

representa hoje quase 3% do nosso PIB<br />

e movimenta, em média, R$ 171,5 bilhões<br />

por ano na economia, gera 6,6 milhões <strong>de</strong><br />

empregos e é composta por mais <strong>de</strong> 140 milhões<br />

<strong>de</strong> empresas.<br />

Hoje, o Brasil concentra 77% das startups<br />

e 70% dos investimentos da América Latina<br />

– região que, atualmente, tem o crescimento<br />

mais acelerado em volume <strong>de</strong> capital<br />

<strong>de</strong> risco no mundo –, já conta com quase<br />

30 unicórnios e está entre os 10 países que<br />

mais produzem negócios bilionários, além<br />

<strong>de</strong> exportar inovação com empresas jovens<br />

como iFood, Nubank, Quinto Andar, Gympass,<br />

Loft e Ebanx.<br />

Este cenário sinaliza a potência que<br />

temos em mãos, quando nosso DNA criativo<br />

e uma visão <strong>de</strong> negócio se encontram.<br />

Ao mesmo tempo em que ficamos<br />

inspirados, também nos perguntamos:<br />

se a criativida<strong>de</strong> é força vital para a economia<br />

global e um aspecto tão forte da<br />

nossa cultura, a marca Brasil não <strong>de</strong>veria<br />

ser mais fortemente associada a isso? Até<br />

quando seremos mais reconhecidos pelas<br />

nossas commodities do que pela nossa<br />

proprieda<strong>de</strong> intelectual?<br />

Para se ter uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>scompasso,<br />

Austrália e Nova Zelândia são, junto<br />

com os Estados Unidos, vistas como as nações<br />

que têm o melhor ambiente para criação<br />

e manutenção <strong>de</strong> novos negócios ligados<br />

à indústria criativa, enquanto o Brasil<br />

fica em 28º lugar. Po<strong>de</strong>ríamos estar melhor<br />

posicionados.<br />

Nós, brasileiros, já i<strong>de</strong>ntificamos a<br />

criativida<strong>de</strong> com um ativo valioso da<br />

nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e nosso diferencial. Mas<br />

será que não <strong>de</strong>veria estar <strong>de</strong> forma mais<br />

intencional nos incentivos públicos e<br />

privados para influenciarmos o contexto<br />

global <strong>de</strong> negócios? Com tantos problemas<br />

complexos a serem resolvidos no<br />

Brasil e no mundo, será que não <strong>de</strong>veríamos<br />

investir mais na nossa capacida<strong>de</strong><br />

criativa para encontrar soluções que ninguém<br />

mais vê?<br />

A antropofagia, marca da brasilida<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> inspiração. Pois, como dizia<br />

Caetano Veloso, o Brasil precisa saber comer<br />

e metabolizar. A intenção <strong>de</strong> metabolizar<br />

para criar algo original que possa ser combustível<br />

para a economia criativa no mundo.<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, somos antropófagos!<br />

“Até quAndo seremos<br />

mAis reconhecidos<br />

pelAs nossAs<br />

commodities do<br />

que pelA nossA<br />

propriedA<strong>de</strong><br />

intelectuAl?”<br />

*Ana Couto é CEO do Grupo Ana Couto<br />

ana@anacouto.com.br<br />

38 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


A Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong> é <strong>de</strong>staque<br />

na Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão.<br />

Quando trabalhamos por mais<br />

diversida<strong>de</strong> todos os dias,<br />

o reconhecimento aparece.<br />

Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>. A única agência entre<br />

as 72 empresas do Brasil reconhecidas pela<br />

Pesquisa Ethos/Época <strong>de</strong> Inclusão, promovida<br />

pelo Instituto Ethos em parceria<br />

com a Época Negócios.


propmark 57 aNoS<br />

Alberto Rocha/Divulgação<br />

A criação, o<br />

algoritmo e Bartleby<br />

Fernand alphen*<br />

Muito além <strong>de</strong> qualquer invenção,<br />

a Revolução Industrial do<br />

século 19 nasceu para respon<strong>de</strong>r<br />

a uma i<strong>de</strong>ia: todo trabalho<br />

repetitivo será substituído por máquinas,<br />

mais precisas, mais rápidas, mais produtivas<br />

e não reivindicatórias. Máquinas não<br />

sofrem, não pe<strong>de</strong>m e não reclamam.<br />

O trabalho repetitivo é todo aquele que<br />

prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio, pon<strong>de</strong>ração e análise<br />

para ser executado. É apertar parafusos, digitar<br />

textos, preencher planilhas, calar nas reuniões,<br />

ler em diagonal, jogar Minecraft e rolar<br />

miseravelmente as re<strong>de</strong>s sociais inventadas<br />

para sequestrar o tempo. Como as máquinas,<br />

os algoritmos existem para substituir o ser humano<br />

em suas tarefas repetitivas.<br />

Todo algoritmo, vendido (e comprado)<br />

como uma extraordinária inteligência, é só um<br />

conjunto finito <strong>de</strong> regras que, aplicado a um<br />

conjunto finito <strong>de</strong> dados, resolve um problema.<br />

Um algoritmo não tem inteligência: tem<br />

método. Tanto o algoritmo que seleciona respostas<br />

a uma pergunta – o Google – quanto a<br />

máquina que nos propulsiona sem nos cansar<br />

– a locomotiva – são fantásticas invenções.<br />

É claro que, na observação microscópica<br />

dos fenômenos, ainda po<strong>de</strong>mos preferir encontrar<br />

respostas na enciclopédia impressa:<br />

esta não veiculava coisas erradas, não viciava e<br />

não tinha propaganda. Mas tais conclusões são<br />

estreitas. Não po<strong>de</strong>mos mais viver felizes sem<br />

algoritmos. Com exceção dos luditas e outros<br />

veganos, a volta às cavernas é uma opção <strong>de</strong><br />

vida trabalhosa e cara.<br />

A questão perturbadora, contudo, é perguntar<br />

o quanto nosso trabalho po<strong>de</strong> ser substituído<br />

por um algoritmo. Ou, mais radicalmente,<br />

quando nosso trabalho po<strong>de</strong>rá ser substituído.<br />

Mas estávamos falando <strong>de</strong> trabalhos repetitivos.<br />

Vale, então, reformular a questão: em vez<br />

<strong>de</strong> “o que po<strong>de</strong> ser substituído no trabalho?”,<br />

talvez seja melhor perguntar “o que é repetitivo<br />

nele?”. Ou, ainda, indagar “o que não é<br />

repetitivo no meu trabalho?”. Pois não é repetitivo<br />

tudo aquilo que é novo, original e diferente.<br />

Ou, claro, não é repetitivo tudo aquilo<br />

que é criativo.<br />

Não é repetitivo tudo aquilo que é feito pela<br />

primeira vez, que não foi ousado ainda, que se<br />

atreve. Não é repetitivo tudo o que contraria o<br />

status quo, as regras, as pesquisas, os dados,<br />

o passado, o senso comum, o conveniente, o<br />

responsável, o bem-pensante, o correto, o normal,<br />

o briefing.<br />

Não é repetitivo tudo aquilo que diz “não”<br />

ao conjunto finito <strong>de</strong> regras que, aplicado a um<br />

conjunto finito <strong>de</strong> dados, resolve um problema.<br />

Não é repetitivo o que difere da solução do<br />

algoritmo. As máquinas, os algoritmos, as ferramentas<br />

e as inteligências artificiais não são<br />

inimigas: elas são referências ou, se preferirem,<br />

a régua ou o estímulo para que o trabalho<br />

seja melhor ou diferentemente melhor – portanto,<br />

criativo.<br />

É um <strong>de</strong>safio danado, mas é melhor sentir<br />

esse frio na barriga do que rezar pelo adágio<br />

do “tomara que eu morra antes”, que já matou<br />

tanta gente antes da hora.<br />

Bartleby (<strong>de</strong> Bartleby, o Escrivão, do escritor<br />

estaduni<strong>de</strong>nse Herman Melville) é um funcionário-padrão.<br />

Todos os dias, acorda, veste-<br />

-se e vai trabalhar em um escritório qualquer<br />

<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, mas po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> propaganda.<br />

Ele faz o que mandam e preenche seu<br />

timesheet, todos os dias, com a mesma competência.<br />

Um dia, ele resolve “não”: “I would<br />

prefer not to”. “Não” fazer como todos os dias.<br />

Desobe<strong>de</strong>cer: “I would prefer not to be a little<br />

reasonable”. O “não” <strong>de</strong> Bartleby é o começo<br />

do “sim” re<strong>de</strong>ntor.<br />

E, sempre que a gente se sentir <strong>de</strong>sencorajado<br />

pelas distopias do Vale do Silício, lembramo-nos<br />

da utopia <strong>de</strong> Melville: “Ah humanity!”.<br />

“Machines have less problems”, disse Andy<br />

Warhol. E acrescentou: “I want to be a machine”.<br />

Do you?<br />

“não é repetitivo<br />

tudo aquilo<br />

que é novo, original<br />

e diferente.<br />

ou, claro, não<br />

é repetitivo<br />

tudo aquilo<br />

que é criativo”<br />

*Fernand Alphen é CEO da Fbiz<br />

falphen@fbiz.com.br<br />

40 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

Criativida<strong>de</strong> agrega valor intangível<br />

da propaganda às marcas e serviços<br />

Estudo O valor da publicida<strong>de</strong> no Brasil, realizado pela Deloitte para<br />

o Cenp, mostra que para cada real investido o ROI é oito vezes <strong>maio</strong>r<br />

Fotos: Divulgação e Reprodução<br />

Campanha leika 100 <strong>de</strong>senvolvida pela F/Nazca Saatchi & Saatchi, que conquistou o primeiro Grand Prix do país na competição Film, a principal do festival Cannes Lions<br />

PaulO MacedO<br />

impacto da publicida<strong>de</strong> brasileira no<br />

O PIB é consistente. E continua tendo<br />

efeito pra lá <strong>de</strong> sintomático na economia<br />

do país. No ano passado, segundo o painel<br />

Cenp Meios, o faturamento com compra <strong>de</strong><br />

mídia (cinema, internet, áudio, busca, display,<br />

ví<strong>de</strong>o, jornal, OOH, revista, TV aberta<br />

e por assinatura) <strong>de</strong> 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

somou R$ 17,8 bilhões.<br />

No digital, <strong>de</strong> acordo com o IAB Brasil,<br />

por meio do estudo Ad Spend, em parceria<br />

com a Kantar Ibope Media, o acumulado<br />

<strong>de</strong> 2020 e 2021 (primeiro semestre) foi <strong>de</strong><br />

R$ 36,9 bilhões. Sem mencionar que o segmento<br />

<strong>de</strong> live marketing movimentava até<br />

2019 cerca <strong>de</strong> R$ 50 bilhões por ano, que se<br />

elevava a mais <strong>de</strong> R$ 900 bilhões com feiras<br />

e eventos. Esses números garantem a robustez<br />

do negócio da propaganda, mesmo<br />

com a queda <strong>de</strong> 30% nos investimentos em<br />

mídia no período mais grave da pan<strong>de</strong>mia<br />

da Covid-19.<br />

Porém, há outro viés, segundo pesquisa<br />

encomendada pelo Cenp à Deloitte. O estudo<br />

O valor da publicida<strong>de</strong> no Brasil mostra<br />

que o setor gerou cerca <strong>de</strong> R$ 418,8 bilhões<br />

na economia brasileira em 2020, que correspon<strong>de</strong>m<br />

a 6% do PIB. Pelas contas da<br />

Deloitte, o ROI é inquestionável: cada real<br />

investido em propaganda resultou em R$<br />

8,54 para a economia no ano passado.<br />

O estudo coor<strong>de</strong>nado pela Deloitte contempla<br />

os R$ 49 bilhões em compra <strong>de</strong> mídia<br />

acumulados em 2020, valor puxado por<br />

uma taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>de</strong> 4,5% acima<br />

da inflação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001. A performance<br />

se reflete também no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

“Investir em publicida<strong>de</strong> sempre foi um<br />

bom negócio”, afirma Daniel Queiroz, presi<strong>de</strong>nte<br />

da Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda, no documento da Deloitte.<br />

“A enorme importância da publicida<strong>de</strong> na<br />

geração <strong>de</strong> riquezas para o país não beneficia<br />

apenas os anunciantes e veículos. Ela<br />

traz enormes benefícios econômicos para<br />

o PIB brasileiro, cria empregos, dissemina<br />

a informação. É a indústria que impulsiona<br />

as outras indústrias”, acrescenta Mario<br />

D’Andrea, presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira<br />

das Agências <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>.<br />

A publicida<strong>de</strong> criou 435 mil empregos<br />

em 2019, segundo dados da Relação Anual<br />

<strong>de</strong> Informações Sociais (RAIS), do Ministério<br />

da Economia. “Compilamos dados eco-<br />

“A melhor mAneirA<br />

<strong>de</strong> explicAr é que<br />

A publicidA<strong>de</strong> trAz<br />

umA percepção <strong>de</strong> vAlor<br />

muito mAior do que<br />

A etiquetA <strong>de</strong> preço”<br />

42 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

Fotos: Divulgação<br />

Alexandre Ravagnani é ECD da agência Repense<br />

Karina Monique é diretora <strong>de</strong> criação da Propeg/Brasília<br />

Pedro Cruz, sócio e chief strategy officer da Galeria<br />

nômicos mais relevantes do setor a partir<br />

<strong>de</strong> entrevistas com lí<strong>de</strong>res da publicida<strong>de</strong><br />

no Brasil, representando agências, veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação, entida<strong>de</strong>s do setor, anunciantes,<br />

consultorias em marketing e institutos<br />

<strong>de</strong> pesquisas. O resultado traz um<br />

mapeamento rico e fundamental para que<br />

se entenda sobre os benefícios da publicida<strong>de</strong>,<br />

os <strong>de</strong>safios e tendências do setor,<br />

bem como o comportamento dos consumidores”,<br />

observa a executiva Clarissa Gaiatto,<br />

diretora da Deloitte, no comunicado<br />

sobre o estudo que sofreu atualização,<br />

como informa Alexandre Gibotti, diretor-<br />

-executivo da Abap.<br />

O valor agregado da ativida<strong>de</strong> vai além.<br />

A propaganda tem o asset do valor intangível<br />

às marcas, produtos e serviços. Ela<br />

também contribui para a manutenção <strong>de</strong><br />

uma imagem <strong>de</strong> Primeiro Mundo do Brasil<br />

nos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, como Estados<br />

Unidos, Inglaterra, França, Japão e<br />

Alemanha.<br />

O Brasil é reconhecido por meio da publicida<strong>de</strong><br />

como um dos lí<strong>de</strong>res da economia<br />

criativa global. Não só do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />

peças premiadas nos principais festivais,<br />

mas também pela exportação <strong>de</strong> talentos<br />

que ocupam posições-chaves nas equipes<br />

das principais agências globais. André<br />

Laurentino, por exemplo, comanda a área<br />

criativa da Ogilvy Londres, com clientes<br />

como a Unilever. Luiz Sanches assumiu há<br />

dois meses como CCO da re<strong>de</strong> BBDO nos<br />

Estados Unidos, Canadá e México, além <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rar a operação global <strong>de</strong> SC Johnson e<br />

WhatsApp, ser chairman da AlmapBBDO e<br />

CCO da holding Omnicom.<br />

“A melhor maneira <strong>de</strong> explicar é que a<br />

publicida<strong>de</strong> traz uma percepção <strong>de</strong> valor<br />

muito <strong>maio</strong>r do que a etiqueta <strong>de</strong> preço.<br />

A publicida<strong>de</strong> criativa, ética e memorável<br />

transmite os atributos racionais <strong>de</strong> produtos<br />

e serviços, mas traz atributos emocionais<br />

que, apesar <strong>de</strong> intangíveis, fazem<br />

a diferença e <strong>de</strong>finem as escolhas dos<br />

“A dm9, dissidênciA<br />

profissionAl dA W/brAsil,<br />

dominou A décAdA com<br />

o GrAnd prix <strong>de</strong> mídiA<br />

impressA e dois títulos<br />

<strong>de</strong> AGency of the yeAr”<br />

consumidores. Esta é a publicida<strong>de</strong> que<br />

traz percepção <strong>de</strong> valor. Mas traz também<br />

atributos emocionais para as marcas, construindo<br />

uma percepção <strong>de</strong> valor <strong>maio</strong>r<br />

que a etiqueta <strong>de</strong> preço”, esclarece Luiz<br />

Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp e chairman da<br />

Lew’Lara\TBWA.<br />

A publicida<strong>de</strong>, portanto, como vê a Deloitte,<br />

permite que produtos não virem<br />

commodity, fi<strong>de</strong>liza clientes, impacta valor<br />

das empresas, estimula inovação e fomenta<br />

a competitivida<strong>de</strong>. E também contribui<br />

para outros segmentos da economia criativa,<br />

através <strong>de</strong> patrocínios como teatro,<br />

cinema, música, exposições <strong>de</strong> artes plásticas<br />

e esportes. Em todos os casos, também<br />

há a possibilida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> naming rights,<br />

dos museus às arenas multiuso.<br />

PRÊMIOS<br />

O <strong>de</strong>sempenho da propaganda brasileira<br />

nos principais festivais contribui para a<br />

imagem criativa do país e dá aval à sua presença<br />

como protagonista da economia criativa.<br />

Apenas no Cannes Lions International<br />

Festival of Creativity, as peças brasileiras<br />

receberam 1.716 Leões nos últimos 50 anos,<br />

contabilizando os nove troféus <strong>de</strong> Agência<br />

do Ano e o Cyber Agency of the Year concedido<br />

à DM9DDB em 2005, quando também<br />

ganhou o Grand Prix com o case Reality Advertising,<br />

criado para a marca Super Bon<strong>de</strong>r<br />

(Henkel), na categoria Integrated Interactive<br />

Campaign. A trajetória da DM9DDB no<br />

Cyber Lions teve início em 1998, no primeiro<br />

ano da competição, com um Leão assegurado<br />

com o site da Semana Internacional<br />

<strong>de</strong> Criação, para a Editora Referência.<br />

O Festival <strong>de</strong> Cannes construiu uma<br />

relação íntima com o Brasil. Washington<br />

Olivetto criou, com Francesc Petit, o filme<br />

O homem <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40 anos, seu primeiro<br />

Leão <strong>de</strong> ouro, em 1974. Olivetto ganhou 50<br />

Leões no evento apenas na área Film Lions.<br />

O primeiro jurado foi Alex Periscinoto, nos<br />

anos <strong>de</strong> 1973 e 1974. A F/Nazca Saatchi &<br />

Saatchi conquistou em 2015 o Grand Prix<br />

<strong>de</strong> Film com Leika 100, uma homenagem à<br />

fotografia e ao centenário da câmera, imortalizada<br />

por Henri Cartier-Bresson.<br />

A economia criativa faz parte da essência<br />

<strong>de</strong> Cannes. Quem é premiado, mesmo com<br />

o negacionismo recente, tem mais chance<br />

<strong>de</strong> conquistar novos negócios. O conjunto<br />

<strong>de</strong> prêmios, incluindo D&AD, Clio e Festival<br />

<strong>de</strong> Nova York, ajuda anunciantes a eleger<br />

quem vai estar no funil para colaborar com<br />

suas ações mercadológicas. Não é por outro<br />

motivo que a AlmapBBDO, a agência da década<br />

do Cannes Lions, tem na sua carteira<br />

<strong>de</strong> clientes marcas como WhatsApp, Bra<strong>de</strong>sco<br />

Seguros, Havaianas e Volkswagen.<br />

Para ter essa distinção, a AlmapBBDO assegurou,<br />

<strong>de</strong> 2010 a 2019, 142 Leões, além <strong>de</strong><br />

três troféus <strong>de</strong> Agency of The Year, em 2010,<br />

2011 e 2016. Nesse ranking, ficou à frente da<br />

Wie<strong>de</strong>n+Kennedy e BBDO New York.<br />

“Cannes foi um autêntico MBA para a<br />

minha carreira. Ali aprendi o que nenhuma<br />

escola vai conseguir expor para os seus<br />

alunos. Um mix <strong>de</strong> prática e teoria ao vivo,<br />

com boas risadas, boa comida e boa bebida.<br />

Tenho certeza absoluta <strong>de</strong> que o festival<br />

é uma espécie <strong>de</strong> divisor <strong>de</strong> águas. Quem<br />

44 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


A NEOOH e a WeWork<br />

juntas vão ressignificar<br />

a comunicação no espaço<br />

<strong>de</strong> trabalho híbrido.


PROPMARK 57 ANOS<br />

Fotos: Divulgação<br />

Diogo Salomão, diretor <strong>de</strong> criação da Jüssi em São Paulo Júlia Mota é diretora <strong>de</strong> criação da GUT em São Paulo Fernando Diniz, co-CEO da DPZ&T: “Gran<strong>de</strong> protagonista”<br />

vai a Cannes pela primeira vez volta outro.<br />

A visão sobre a publicida<strong>de</strong> muda e novos<br />

manejos da profissão ficam perceptíveis e<br />

muito mais ágeis”, disse Periscinoto em entrevista<br />

ao PROPMARK.<br />

O publicitário Paulo Cesar Queiroz, head<br />

<strong>de</strong> operações da RZK Digital, fez uma análise<br />

sobre a presença brasileira em Cannes.<br />

“Nos anos <strong>de</strong> 1970, tivemos uma participação<br />

mo<strong>de</strong>sta em número <strong>de</strong> inscrições, conquistando<br />

52 troféus, com <strong>de</strong>staque para a<br />

DPZ e para a Alcântara Machado, a Almap.<br />

Na década <strong>de</strong> 1980, ainda com foco em filmes,<br />

o festival premiou o Brasil 116 vezes,<br />

já com um expressivo aumento <strong>de</strong> agências<br />

participantes, inclusive as multinacionais.<br />

O <strong>de</strong>staque da década foi a W/GGK, que<br />

ainda não era a W/Brasil. É interessante<br />

perceber que a W/GGK foi uma dissidência<br />

da DPZ. Já se nota, então, nos anos <strong>de</strong> 1980,<br />

uma cultura competitiva sendo formada no<br />

Brasil”, informa Queiroz.<br />

Os anos <strong>de</strong> 1990 marcam o Brasil como<br />

<strong>de</strong>staque no cenário internacional da publicida<strong>de</strong>,<br />

explica Queiroz. “Cannes aumentou<br />

o número <strong>de</strong> categorias e conferiu<br />

161 troféus aos brasileiros, que tiveram um<br />

boom na qualida<strong>de</strong> dos ví<strong>de</strong>os. A DM9, dissidência<br />

profissional da W/Brasil, dominou<br />

a década com o Grand Prix <strong>de</strong> Mídia Impressa<br />

e dois títulos <strong>de</strong> Agency of The Year. Com<br />

o <strong>de</strong>staque da DM9 nesse período, aumentou<br />

ainda mais a positiva rivalida<strong>de</strong> criativa<br />

entre as agências brasileiras, marcando um<br />

período <strong>de</strong> ouro na história <strong>de</strong> nossa propaganda.<br />

A partir disso, o Brasil se tornou<br />

o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do Festival <strong>de</strong> Cannes e<br />

o número <strong>de</strong> inscrições das agências nacionais<br />

disparou”, <strong>de</strong>talha Queiroz.<br />

A economia criativa tem novos elementos,<br />

como enfatiza Gabriela Hunnicutt -<br />

foun<strong>de</strong>r/partner/board member da Bold.<br />

“A gran<strong>de</strong> questão, no meu ponto <strong>de</strong> vista,<br />

é como po<strong>de</strong>mos usar toda essa criativida<strong>de</strong><br />

para gerar riqueza não apenas material,<br />

mas social e ambiental. Como os criativos,<br />

junto com as marcas e empresas, po<strong>de</strong>m<br />

“nós brAsileiros, somos<br />

cordiAis, orAis, emotivos,<br />

criAmos empAtiA e nos<br />

relAcionAmos com<br />

sinceridA<strong>de</strong> não<br />

ApenAs com pessoAs,<br />

mAs tAmbém com mArcAs”<br />

criar movimentos que impactem diretamente<br />

temas como educação e inclusão<br />

digital, diversida<strong>de</strong>, sustentabilida<strong>de</strong>? Muitas<br />

coisas já vêm sendo feitas, inclusive no<br />

próprio mercado, mas se cada vez mais as<br />

empresas estiverem dispostas a usar a força<br />

<strong>de</strong> suas marcas (e seus budgets, claro) para<br />

gerar transformação, aí estaremos num<br />

bom caminho. E, com certeza, é o que hoje<br />

as pessoas esperam <strong>de</strong>las”.<br />

Gabriela consi<strong>de</strong>ra o empreen<strong>de</strong>dorismo<br />

como lacuna para os criativos. “Hoje acredito<br />

que o que falta para mais criativos empreen<strong>de</strong>rem<br />

– por opção/vocação e não por<br />

necessida<strong>de</strong> (e isso faz toda a diferença) – é<br />

colocarmos essas disciplinas nas escolas e<br />

criarmos programas <strong>de</strong> incentivo – públicos<br />

e privados –, que ofereçam condições para<br />

que pessoas com mais barreiras estruturais<br />

possam ter as mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

errar e acertar. Empreen<strong>de</strong>r não existe sem<br />

errar. Eu, pelo menos, nunca vi. Por isso,<br />

também é preciso espaço para errar. Lugar<br />

no mercado para empresas boas, com valores<br />

sólidos e propósitos bem <strong>de</strong>finidos, não<br />

falta. O que falta é urgência para transformar<br />

esse cenário e <strong>de</strong>ixar aflorar os nossos<br />

gran<strong>de</strong>s – e inúmeros – talentos”, contextualiza<br />

a executiva da Bold<br />

Gabriela também faz menção a outro<br />

gap: “Um estudo realizado pela PWC com<br />

o Instituto Locomotiva, O Abismo Digital no<br />

Brasil, evi<strong>de</strong>ncia a falta <strong>de</strong> acesso à internet<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que as classes D e E têm. Segundo<br />

o estudo, 81% da população com 10<br />

anos ou mais usam a internet, mas somente<br />

20% têm acesso <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> à re<strong>de</strong>. De todos<br />

os entrevistados, 22% ainda acessa via<br />

mo<strong>de</strong>n ou chip”, afirma.<br />

INTIMIDADE<br />

Na avaliação <strong>de</strong> Paula Queiroz, head <strong>de</strong><br />

estratégia & data insights da Cheil, a criativida<strong>de</strong><br />

é um dos principais produtos <strong>de</strong><br />

exportação do Brasil. Ela reconhece dois<br />

motivos: “O primeiro é nossa pluralida<strong>de</strong>.<br />

Apesar da inegável exclusão e da intolerância<br />

estrutural das minorias ainda presentes<br />

no Brasil, somos um país miscigenado e<br />

uma cultura gregária, on<strong>de</strong> Europa, América,<br />

África e Ásia se encontram e convivem<br />

entre si, criando uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> plural que<br />

une o clássico com o tropical, o elitista com<br />

o popularesco, o sagrado com o profano, o<br />

organizado com o caótico. O segundo ponto<br />

é que nós, brasileiros, somos cordiais, orais,<br />

emotivos, criamos empatia e nos relacionamos<br />

com sincerida<strong>de</strong> não apenas com<br />

pessoas, mas também com marcas, produtos<br />

e serviços. É mais do que uma relação<br />

comercial, já que no Brasil algumas marcas<br />

são quase amigas, que <strong>de</strong>ixamos entrar na<br />

nossa casa”, afirma.<br />

Paula acrescenta: “A ascensão da economia<br />

criativa e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

conteúdo <strong>de</strong>scentralizado trazem ainda<br />

mais oportunida<strong>de</strong>s para o nosso mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> pensamento. Vemos uma geração que<br />

exige das marcas uma relação mais próxima,<br />

humana, realista e conectada com as<br />

necessida<strong>de</strong>s do público. E quem melhor<br />

po<strong>de</strong> fazer isso, se não nós, brasileiros? O<br />

momento agora é <strong>de</strong> nos lembrarmos disso<br />

para continuarmos a fazer a diferença no<br />

mercado e contribuirmos para a construção<br />

<strong>de</strong> uma relação horizontal entre empresas e<br />

consumidores”, diz.<br />

46 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


ASSOCIAÇÃO<br />

BRASILEIRA DE<br />

ANUNCIANTES


PROPMARK 57 ANOS<br />

Fotos: Divulgação<br />

Paula Queiroz é head <strong>de</strong> estratégia da Cheil no Brasil Paulo Cesar Queiroz é head <strong>de</strong> operações da RZK Digital Lica Bueno é CEO da Talent Marcel: “Reputação e mérito”<br />

VOLUME<br />

Fernando Diniz, CEO da DPZ&T, usa dados<br />

da Pesquisa <strong>de</strong> Conjuntura do Setor <strong>de</strong><br />

Economia Criativa/2020 da FGV. “O nosso<br />

PIB criativo, aquele gerado por empresas<br />

que atuam na chamada economia criativa,<br />

representa cerca <strong>de</strong> 3% da riqueza gerada no<br />

Brasil, em torno <strong>de</strong> R$ 190 bilhões em 2020.<br />

São sete milhões <strong>de</strong> pessoas trabalhando<br />

no segmento, com quase um milhão <strong>de</strong> vagas<br />

formais. E a publicida<strong>de</strong> é uma gran<strong>de</strong><br />

protagonista da economia criativa brasileira.<br />

O Brasil foi consi<strong>de</strong>rado o terceiro país<br />

mais criativo <strong>de</strong> toda a história <strong>de</strong> Cannes,<br />

segundo o Lions Creativity Report, <strong>de</strong> 2021,<br />

aliás, ano internacional da economia criativa.<br />

Nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar histórias e<br />

gerar resultados fica explícita nos números<br />

do setor: estima-se que a cada 1% <strong>de</strong> crescimento<br />

do investimento publicitário, nosso<br />

PIB per capita cresça 0,06% (Cenp/Deloitte<br />

2021)”, enumera Diniz.<br />

A criativida<strong>de</strong> é o eixo do futuro na ex-<br />

Gabriela Hunnicutt é fundadora e sócia da agência Bold<br />

“como os criAtivos,<br />

junto com As mArcAs,<br />

po<strong>de</strong>m criAr movimentos<br />

que impActem<br />

diretAmente temAs como<br />

educAção e inclusão?”<br />

pressão <strong>de</strong> Pedro Cruz, sócio-fundador e<br />

chief strategy officer da Galeria. “O primeiro<br />

registro <strong>de</strong> uso do termo ‘economia criativa’<br />

fará 40 anos no ano que vem. Em 1983,<br />

Margaret Thatcher publicou um relatório<br />

governamental que tratou da importância<br />

das áreas <strong>de</strong> tecnologia e criativida<strong>de</strong><br />

no crescimento econômico dos países. Em<br />

1994, a Austrália publicou o Creative Nation,<br />

documento que lançou, pela primeira<br />

vez, um conjunto <strong>de</strong> políticas públicas com<br />

O executivo Robson Ortiz é CEO da digital agency Mirum<br />

ênfase na cultura e na arte. Em 1996, Tony<br />

Blair incluiu o assunto em sua plataforma<br />

<strong>de</strong> governo e campanha para o cargo <strong>de</strong><br />

primeiro-ministro. De lá para cá, o mundo<br />

sofreu mudanças socioculturais profundas,<br />

com o avanço da digitalização. Menina<br />

dos olhos da economia criativa brasileira,<br />

o mercado publicitário no país passa por<br />

uma profunda reformulação. Não é exagero,<br />

portanto, afirmar que os novos vetores<br />

<strong>de</strong> transformação da comunicação pe<strong>de</strong>m<br />

o retorno da paixão e da energia vital que<br />

consagraram o setor, a renovação do apreço<br />

pelo risco — sem o qual não se inventa<br />

o novo — e a coragem para corrigir rotas e<br />

ajustar estruturas sem burocracia. Pe<strong>de</strong>m<br />

também interesse renovado pela proximida<strong>de</strong><br />

e pela atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> dono, que tanto encantaram<br />

o mundo”, contextualiza Cruz.<br />

PAIXÃO<br />

A publicida<strong>de</strong> não é arte, mas se apropria<br />

das artes, como música e cinema, para fomentar<br />

criativida<strong>de</strong>. E isso é orgulho para<br />

os brasileiros, como <strong>de</strong>staca Júlia Mota, diretora<br />

<strong>de</strong> criação da GUT São Paulo. “Como<br />

a criativida<strong>de</strong> é o modus operandi por aqui,<br />

a propaganda achou terreno fértil no nosso<br />

país. No Brasil, a publicida<strong>de</strong> está no hall<br />

das paixões nacionais. O povo transforma<br />

personagens <strong>de</strong> campanhas em meme,<br />

imortaliza jingle, acompanha e <strong>de</strong>bate estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing da Anitta, palpita sobre<br />

como empresas <strong>de</strong>vem abordar temas<br />

polêmicos etc. Existe uma proximida<strong>de</strong><br />

muito interessante entre público e marca.<br />

Por aqui, pessoas <strong>de</strong> fora do nosso mercado<br />

comemoram prêmios internacionais mesmo<br />

sem saber ao certo o que significa toda<br />

essa movimentação que teve início há décadas<br />

e transformou a publicida<strong>de</strong> no refúgio<br />

<strong>de</strong> profissionais brasileiros que queriam<br />

viver <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Quem curte cinema,<br />

música, <strong>de</strong>sign, inovação e arte, vê na publicida<strong>de</strong><br />

opção <strong>de</strong> carreira com boas oportunida<strong>de</strong>s,<br />

o que torna a profissão bastante<br />

relevante para a economia criativa”.<br />

48 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

Fotos: Divulgação<br />

Lucas Feltes: “Performance exige muita criativida<strong>de</strong>”<br />

Tidé Soares é diretor-geral <strong>de</strong> criação na agência Jüssi<br />

“meninA dos olhos<br />

dA economiA criAtivA<br />

brAsileirA, o mercAdo<br />

publicitário no pAís<br />

pAssA por umA profundA<br />

reformulAção”<br />

RESISTÊNCIA<br />

Lica Bueno, CEO da Talent Marcel, quer<br />

saber se há crise criativa. Sua resposta mostra<br />

que a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve passar longe da glamurização.<br />

“Temos enorme mérito pela reputação<br />

alcançada mundialmente, porém o<br />

Palais é uma distração para algo muito mais<br />

importante que nos foi <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> aprendizado<br />

ao longo <strong>de</strong>sses anos por tantos profissionais<br />

da comunicação. Tratamos aqui<br />

daquela criativida<strong>de</strong> que está em função<br />

<strong>de</strong> uma estratégia comprometida em gerar<br />

resultados aos negócios dos clientes. Uma<br />

criativida<strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> tirar a publicida<strong>de</strong><br />

da indiferença e esteja gerando valor para<br />

marcas <strong>de</strong> forma consistente. Criativida<strong>de</strong><br />

que está em função da melhor solução para<br />

um problema que po<strong>de</strong> ter como resultado<br />

inovação, serviço, foco em performance.”<br />

Quem concorda com Lica Bueno no que<br />

se refere à performance é Lucas Feltes, CEO<br />

da WTAG. “Criativida<strong>de</strong> não é um exercício.<br />

Ela é um dom <strong>de</strong>sses profissionais, verda<strong>de</strong>iros<br />

heróis da resistência, que emprestam<br />

seu talento para a comunicação, cada<br />

um com seu olhar. Quando digo que não<br />

é exercício, não quero dizer que não tem<br />

<strong>de</strong> fazer o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> casa. Exercício lustra a<br />

criativida<strong>de</strong> brasileira. A performance, que<br />

é a expertise da minha agência, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

criativida<strong>de</strong> para fazer uma entrega além<br />

do algoritmo. Sem criativida<strong>de</strong>, dado é apenas<br />

dado e, nesse caso, não entra na economia<br />

criativa. É estatística”, conclui Feltes.<br />

Criativida<strong>de</strong> é o que faz a diferença no<br />

mundo <strong>de</strong> hoje. A frase é <strong>de</strong> Alexandre Ravagnani,<br />

diretor-executivo <strong>de</strong> criação da<br />

agência Repense. “A economia criativa já é<br />

uma realida<strong>de</strong>. Ela impulsiona a economia<br />

como um todo, trazendo soluções inovadoras<br />

que vão diferenciar os negócios, separando<br />

aquilo que traz uma nova visão para<br />

esse novo mundo que está sendo moldado,<br />

do que é um simples posicionamento para<br />

uma nova marca ou serviço. É com propósito<br />

e com fortes vínculos na inovação e<br />

tecnologia que será possível fazer essa passagem<br />

com ganhos, tanto para a economia<br />

como para os consumidores, gerando novos<br />

empregos, profissões e visões para um<br />

futuro melhor para todos. Inclusive para os<br />

lucros das empresas e sua sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

Estamos agora bem no meio do caminho, e<br />

criativida<strong>de</strong> nunca foi tão diferenciadora e<br />

necessária”, argumenta o ECD da Repense.<br />

MANEJO<br />

O que a permacultura explica? Quem<br />

respon<strong>de</strong> é a dupla Tidé Soares e Diogo Salomão,<br />

respectivamente, diretor-geral <strong>de</strong><br />

criação na Jüssi e diretor <strong>de</strong> criação na Jüssi.<br />

“Nossa pluralida<strong>de</strong> está diretamente<br />

conectada ao pensamento permacultural,<br />

que sistematiza princípios que po<strong>de</strong>m ser<br />

usados para projetar, criar, gerir e melhorar<br />

todos os esforços realizados por pessoas<br />

e comunida<strong>de</strong>s no sentido <strong>de</strong> um futuro<br />

sustentável. Essa i<strong>de</strong>ia, que subverte as<br />

ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção atuais, permite que<br />

sejamos capazes <strong>de</strong> produzir mais com menos,<br />

gerando abundância. A permacultura<br />

existe por meio do manejo integrado com<br />

florestas, preservando o solo, conservando<br />

fauna e flora e contribuindo para a fertilida<strong>de</strong><br />

do ambiente em que se estabelece.<br />

Washington Olivetto obteve 50 Leões no Cannes Lions<br />

Em outras palavras, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

relações interpessoais genuínas, internas e<br />

externas, contribui para o surgimento <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias cada vez melhores”, afirmam.<br />

“Criar é conceber algo novo, po<strong>de</strong> ainda<br />

ser uma releitura <strong>de</strong> algo que já existia antes<br />

ou também, mais do mesmo”, é o que<br />

pensa Robson Ortiz, CEO da Mirum. Ele<br />

prossegue: “Contudo, ao falarmos <strong>de</strong> criação<br />

ao longo dos anos na nossa indústria,<br />

buscamos por aperfeiçoamento e evolução<br />

<strong>de</strong> pessoas e negócios. Tudo para prosperar<br />

no vasto campo da criativida<strong>de</strong> que nos<br />

surpreen<strong>de</strong> a cada dia. Você já se <strong>de</strong>parou<br />

com esse autoquestionamento: por que não<br />

pensei nisso antes? É nessa hora que você<br />

se dá conta <strong>de</strong> que algo novo foi criado e<br />

muitas vezes estava bem próximo <strong>de</strong> você!<br />

A economia criativa começa na cultura das<br />

organizações. Precisamos estar prontos<br />

para pivotar o negócio”, diz.<br />

Transformação é o efeito da publicida<strong>de</strong><br />

para Karina Monique, diretora <strong>de</strong> criação da<br />

Propeg em Brasília. “Existe um mantra <strong>de</strong>ntro<br />

do mercado publicitário que funciona<br />

tal qual uma dose colossal <strong>de</strong> Rivotril, principalmente<br />

quando a campanha está com<br />

algum tipo <strong>de</strong> problema – o famoso ‘calma,<br />

é só publicida<strong>de</strong>’. Campanhas são campanhas<br />

e, apesar <strong>de</strong> suas complexida<strong>de</strong>s ou<br />

genialida<strong>de</strong>s, a missão não se concentra em<br />

salvar vidas, mas transformá-las”, afirma.<br />

“A publicida<strong>de</strong> brasileira está num holofote<br />

global por refletir muito <strong>de</strong> nós e, quem<br />

sabe um dia, tudo <strong>de</strong> nós. A sensibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Meu primeiro sutiã e o incontestável fofurômetro<br />

estourado dos Bichinhos da Parmalat,<br />

que marcaram gerações, surgiram<br />

da criativida<strong>de</strong> brasileira mais pura. Estava<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa, à vonta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />

sem roupa para receber visita e saiu – para<br />

o mundo inteiro ver, e foi bem recebida em<br />

diversos festivais. Não é só criativida<strong>de</strong>. É a<br />

criativida<strong>de</strong> brasileira criando engajamento,<br />

acompanhando movimentos culturais<br />

gigantes, fazendo o consumidor escolher<br />

ficar ao lado da marca”, finaliza Karina.<br />

50 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

A economia criativa<br />

& a comunicação<br />

Thaís Passarella*<br />

O<br />

termo economia criativa envolve<br />

um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e atores<br />

que têm como matéria-prima a<br />

criativida<strong>de</strong>, gerando receita e movimentando<br />

a economia como um todo. De<br />

imediato, a expressão po<strong>de</strong> nos remeter ao<br />

entretenimento, à cultura e às artes. Mas ela<br />

é muito mais ampla e abrange o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> soluções para resolver problemas.<br />

Des<strong>de</strong> aplicativos e novas soluções até uma<br />

tela <strong>de</strong> mídia em cima do caixa eletrônico,<br />

que faz a mensagem das marcas chegarem<br />

aos lugares mais remotos, além do óbvio das<br />

gran<strong>de</strong>s avenidas e bairros famosos, afinal o<br />

caixa eletrônico hoje leva para toda a população<br />

brasileira diversos produtos e serviços<br />

financeiros ou não, integrando o mundo físico<br />

e o digital.<br />

Vejo muitos pontos em comum entre a<br />

economia criativa e a economia compartilhada.<br />

As duas <strong>de</strong>mocratizam o uso dos recursos,<br />

da tecnologia e promovem <strong>de</strong> certa<br />

forma a sustentabilida<strong>de</strong> e a inclusão. Assim,<br />

os processos econômicos precisaram<br />

trazer vantagens a todos os envolvidos, gerando<br />

melhoria coletiva e acesso.<br />

Um dos fenômenos interessantes nesse<br />

mo<strong>de</strong>lo compartilhado é o movimento que<br />

observamos no varejo ‘digital’, que vem<br />

abrindo lojas físicas. Movimento similar tem<br />

acontecido com fintechs que viram a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> oferecer um ponto <strong>de</strong> contato<br />

físico para seus clientes. No setor financeiro,<br />

bancos têm diversificado suas áreas <strong>de</strong><br />

atuação, oferecendo a infraestrutura para<br />

algumas áreas do mercado, como saú<strong>de</strong>, indústria<br />

e até mesmo fintechs. No formato <strong>de</strong><br />

economia compartilhada, para otimizar custos<br />

sem prejudicar o consumidor final, a novida<strong>de</strong><br />

tem sido o pooling, compartilhamento<br />

<strong>de</strong> infraestruturas essenciais <strong>de</strong> serviços.<br />

Durante a pan<strong>de</strong>mia, para enfrentar a<br />

crise econômica, ambos os conceitos se entrelaçaram,<br />

<strong>de</strong> forma a possibilitar novos<br />

negócios e soluções. Vale lembrar que o relacionamento<br />

com itens <strong>de</strong> consumo também<br />

está mudando, e questões como qualida<strong>de</strong>,<br />

durabilida<strong>de</strong> e reciclagem passaram<br />

a ser prioritárias. Assim como a facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comprar por diversos canais e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

escolha, criando mais oportunida<strong>de</strong>s, seja<br />

no mundo físico ou no digital, para todo<br />

mundo. E como utilizar esses conceitos para<br />

impulsionar os negócios na área <strong>de</strong> comunicação?<br />

Encampando essas tendências e<br />

oferecendo aos clientes uma jornada personalizada<br />

e relevante. Afinal, as pessoas estão<br />

voltando às ruas e ávidas por novida<strong>de</strong>s e<br />

significados!<br />

Assim, abre-se uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong><br />

para as marcas usarem sua criativida<strong>de</strong> e os<br />

recursos tecnológicos, como das mídias out<br />

of home (OOH) tradicional ou em sua forma<br />

digital (DOOH), que po<strong>de</strong>m ser instaladas<br />

em diversos ambientes e locais. Por exemplo,<br />

nos caixas eletrônicos, como é o caso do<br />

Mídia Banco24Horas.<br />

Dessa forma, as marcas conseguem levar<br />

ao seu público-alvo jornadas envolventes e<br />

marcantes, capitalizando diversas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> marketing experiencial e trazendo<br />

os consumidores para seu universo multicanal.<br />

Será que alguém já teria pensado nisso?<br />

O fato é que o ambiente <strong>de</strong> consumo é a zona<br />

quente e <strong>de</strong> apetite das pessoas para receber<br />

informações, novida<strong>de</strong>s, ofertas e incentivos.<br />

Somado a esse ambiente <strong>de</strong> consumo,<br />

tem-se um ativo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor no dia a dia<br />

das pessoas que “libera” dinheiro. Na prática,<br />

vejo esse caso como um real exemplo<br />

que une economia e criativida<strong>de</strong>, até mesmo<br />

no seu sentido literal.<br />

A concorrência gerada por essa nova cultura<br />

ultrapassa os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio centralizados.<br />

A economia criativa compartilhada,<br />

como batizei aqui, cresce porque traz<br />

vantagens reais a todos os envolvidos, direta<br />

ou indiretamente. Uma plataforma que conecta<br />

usuários e motoristas, restaurantes e<br />

clientes ou uma empresa que transforma seu<br />

principal ativo, como um caixa eletrônico,<br />

em um veículo <strong>de</strong> mídia e ‘clusteriza’ e <strong>de</strong>mocratiza<br />

a comunicação também está contribuindo<br />

para a economia criativa e compartilhada.<br />

E um formato híbrido entre físico e<br />

digital <strong>de</strong>ve ser um caminho a ser seguido.<br />

“A economiA criAtivA<br />

compArtilhAdA,<br />

como bAtizei Aqui,<br />

cresce porque trAz<br />

vAntAgens reAis A<br />

todos os envolvidos”<br />

* Thaís Passarella é head do Mídia Banco24Horas<br />

e superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> marketing, marca e comunicação<br />

da TecBan<br />

thais.passarella@tecban.com.br<br />

52 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fórum da Autorregulação<br />

do Mercado Publicitário<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 <strong>2022</strong> ©<br />

cenp.com.br<br />

57 anos registrando e fazendo<br />

história na publicida<strong>de</strong>.<br />

∆<br />

A equipe <strong>de</strong> jornalistas do PROPMARK contou a história da criação<br />

do CENP em 1998. Agora está contando o futuro do novo CENP,<br />

como um Fórum <strong>de</strong> Autorregulação Comercial, um fórum neutro<br />

e aberto que reúne anunciantes, veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />

agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e novos elos digitais para, juntos,<br />

protagonizar um mercado livre, próspero, ético e saudável.<br />

PARABÉNS, PROPMARK, PELOS 57 ANOS.


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

A reinvenção da<br />

economia criativa<br />

fernando taralli*<br />

As pesquisas indicam o baque que<br />

a economia criativa – da qual nós,<br />

publicitários, fazemos parte – sofreu<br />

durante a pan<strong>de</strong>mia. Segundo<br />

o Sebrae, houve uma queda <strong>de</strong> 70%<br />

no faturamento do setor, que foi um dos<br />

mais afetados pela crise. Em esfera global,<br />

a Unesco (Organização das Nações Unidas<br />

para Educação, Ciência e Cultura) lançou<br />

um relatório sobre o tema em que revela<br />

que a área per<strong>de</strong>u 10 milhões <strong>de</strong> empregos<br />

somente em 2020.<br />

Ao mesmo tempo, o documento Remo<strong>de</strong>lando<br />

Políticas para a Criativida<strong>de</strong> reforça<br />

a importância <strong>de</strong>ssa indústria para a coesão<br />

social, o bem-estar e a educação e o quanto<br />

as opções digitais cresceram e ajudaram<br />

as pessoas a passar pelos difíceis dias <strong>de</strong><br />

isolamento.<br />

Na reabertura que vivenciamos, po<strong>de</strong>mos<br />

ver como o <strong>de</strong>sejo reprimido por ativida<strong>de</strong>s<br />

culturais dá novo fôlego ao setor,<br />

com multidões sendo carregadas do Carnaval<br />

<strong>de</strong> rua aos shows internacionais. É revigorante<br />

e inspirador, mesmo sabendo <strong>de</strong><br />

todas as dificulda<strong>de</strong>s que um país como o<br />

Brasil sofre em relação à falta <strong>de</strong> políticas<br />

públicas eficazes para o setor.<br />

Nós, que embora tenhamos a criativida<strong>de</strong><br />

no core do nosso negócio, somos provavelmente<br />

a indústria mais diretamente<br />

associada à parte econômica do termo economia<br />

criativa, temos alguns papéis neste<br />

novo momento que vivemos. O primeiro<br />

<strong>de</strong>les é <strong>de</strong>, como empresas, lançarmos mão<br />

dos instrumentos que temos disponíveis<br />

para estimular os segmentos <strong>de</strong> entretenimento<br />

e cultura. Não só porque isso é bom<br />

para as pessoas, mas porque é bom para as<br />

marcas que querem se conectar com elas.<br />

Patrocínios são bem-vindos. Patrocínios<br />

que agreguem valor, <strong>de</strong> forma criativa, ao<br />

posicionamento da marca ainda mais. Um<br />

exemplo disso foi o projeto Presença Preta,<br />

que a VMLY&R i<strong>de</strong>alizou junto a Vivo e<br />

aumentou a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas<br />

negras na plateia do Lollapalooza. Mas a<br />

verda<strong>de</strong> é que são inúmeras as boas histórias<br />

que vemos surgir no mercado, <strong>de</strong> diferentes<br />

agências e anunciantes.<br />

O intercâmbio cultural que tanto beneficia<br />

a economia criativa como um todo ganha<br />

agora novos contornos com as possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> um mundo híbrido, flex ou como<br />

preferir chamar.<br />

Depois <strong>de</strong> vermos a tecnologia aliada à<br />

criativida<strong>de</strong> salvar a nossa saú<strong>de</strong> mental<br />

nos últimos dois anos, é hora <strong>de</strong> acharmos<br />

novos papéis para essa dobradinha. Papéis<br />

que acompanhem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vida que<br />

não é mais o mesmo do mundo pré-março<br />

<strong>de</strong> 2020, mas também não é mais o <strong>de</strong> 2021.<br />

Para o mercado publicitário especificamente,<br />

mais do que nunca, este é o momento<br />

também <strong>de</strong> se adotar uma postura<br />

<strong>de</strong> corresponsabilida<strong>de</strong> por toda a ca<strong>de</strong>ia.<br />

Precisamos pensar menos individualmente<br />

e mais coletivamente, como indústria.<br />

Enten<strong>de</strong>r que clientes, agências, veículos,<br />

produtoras e <strong>de</strong>mais fornecedores são<br />

todos parte do mesmo ecossistema e implementar<br />

políticas que primem pelo bem-<br />

-estar dos colaboradores em todas essas esferas<br />

nos ajudaria a evoluir mais rápido e a<br />

fazer com que mais pessoas queiram atuar<br />

neste mercado.<br />

Precisamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser a “indústria do<br />

milagre”. Quando milagres acontecem, em<br />

geral, é porque uma pessoa ou um time estão<br />

tendo suas jornadas esticadas. Em mercados<br />

mais maduros, as campanhas têm prazos<br />

muito <strong>maio</strong>res. Será que não é hora <strong>de</strong><br />

revermos essa prática e melhorarmos ainda<br />

mais a capacida<strong>de</strong> criativa das brasileiras e<br />

dos brasileiros, que já é a melhor do mundo?<br />

“para o mercado<br />

publicitário, este é o<br />

momento <strong>de</strong> adotar<br />

uma postura <strong>de</strong><br />

corresponsabilida<strong>de</strong><br />

por toda a ca<strong>de</strong>ia”<br />

*Fernando Taralli é CEO da VMLY&R<br />

fernando.taralli@vmlyr.com<br />

54 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


pedro yves<br />

Brasil se <strong>de</strong>staca como uma das gran<strong>de</strong>s<br />

O potências no mercado mundial <strong>de</strong> jogos<br />

eletrônicos. Hoje, mais <strong>de</strong> 74% dos brasileiros<br />

po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados gamers, como<br />

são conhecidos os a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> entretenimento – público 7% <strong>maio</strong>r<br />

do que o registrado em 2019, <strong>de</strong> acordo com<br />

a Pesquisa Games Brasil. É um público que<br />

não para <strong>de</strong> crescer e, na pan<strong>de</strong>mia, 46%<br />

dos gamers brasileiros passaram a jogar<br />

mais, conforme a mesma pesquisa, que<br />

revela outros dados sobre esse mercado: a<br />

principal faixa etária dos gamers se situa<br />

entre os 25 e 34 anos (33,6%), seguida por 16<br />

a 24 anos (32,5%); as mulheres são <strong>maio</strong>ria,<br />

representando 53,8% do total <strong>de</strong>sse público;<br />

86% dos brasileiros preferem jogar pelo<br />

celular, enquanto 43% priorizam o vi<strong>de</strong>ogame<br />

e 40% o computador; 67% se consipropmark<br />

57 anos<br />

Brasil se consolida como um<br />

dos <strong>maio</strong>res mercados <strong>de</strong> games<br />

País já é o quinto <strong>maio</strong>r consumidor <strong>de</strong> jogos eletrônicos do mundo; cerca<br />

<strong>de</strong> 74% dos brasileiros são a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entretenimento<br />

Divulgação<br />

XDome Gamer Lab, no Shopping Santa Cruz, na capital paulista: espaço real para reunir os praticantes <strong>de</strong> jogos virtuais que oferece soluções <strong>de</strong> ativação e promoção <strong>de</strong> marcas<br />

<strong>de</strong>ram gamers casuais, sem uma rotina <strong>de</strong><br />

jogos tão frequente. Já 33% se consi<strong>de</strong>ram<br />

gamers hardcore, jogando três ou mais vezes<br />

por semana. “Hoje em dia quase todo<br />

mundo tem algum contato com games,<br />

mesmo que não se consi<strong>de</strong>re um gamer,<br />

seja jogando algo mais competitivo ou um<br />

Fifa ao fim <strong>de</strong> semana e até Candy Crush no<br />

celular. Cada vez mais estão ficando óbvias<br />

as vantagens dos jogos em seus vários momentos<br />

da vida, como evolução das crianças<br />

ou saú<strong>de</strong> dos mais idosos”, diz Douglas<br />

Santos, head of gaming da Cheil, agência<br />

especializada em games e e-Sports.<br />

As razões que beneficiaram os gamers<br />

<strong>de</strong>ntro do contexto pandêmico po<strong>de</strong>m ser<br />

várias. Santos enumera algumas das principais,<br />

na sua opinião:<br />

Primeiro, pela busca <strong>de</strong> escapismo, principalmente<br />

no primeiro ano <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia.<br />

“Fomos obrigados a ficar confinados em<br />

“Hoje em dia quase todo<br />

mundo tem algum contato<br />

com games, mesmo que não<br />

se consi<strong>de</strong>re um gamer”<br />

56 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


18ª Edição<br />

FESTIVAL INTERNACIONAL<br />

DE CRIATIVIDADE<br />

CONFERÊNCIA<br />

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Economia Criativa<br />

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propmark 57 anos<br />

Fotos: Divulgação<br />

“nestes dois últimos<br />

anos, surgiram inúmeras<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o<br />

consumidor se manter<br />

engajado e entretido<br />

com o game”<br />

Santos: os games se tornaram verda<strong>de</strong>iras re<strong>de</strong>s sociais<br />

casa, tendo <strong>de</strong> lidar com sentimentos como<br />

medo, insegurança, isolamento... e o game<br />

surgiu como essa válvula <strong>de</strong> escape on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>ríamos ser imersos em realida<strong>de</strong>s mais<br />

lúdicas”, afirma.<br />

Segundo, pela sensação <strong>de</strong> conectivida<strong>de</strong>.<br />

Games se tornaram verda<strong>de</strong>iras re<strong>de</strong>s<br />

sociais. Se na vida real não se podia estar<br />

junto dos amigos, nos games era possível<br />

se reunir online, jogar, recriar momentos <strong>de</strong><br />

conversa e <strong>de</strong>scompressão <strong>de</strong>ntro dos jogos.<br />

Terceiro, pelos avanços e novida<strong>de</strong>s da<br />

própria indústria, que fizeram excelente<br />

trabalho em atrair e manter as pessoas engajadas<br />

com o território. E aqui, ressalta<br />

Santos, entra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lançamento do PS5,<br />

passando pelo lançamento <strong>de</strong> jogos como<br />

Animal Crossing, para Nintendo Switch -<br />

que foi um hit no início da pan<strong>de</strong>mia, até<br />

pela explosão das ORGs <strong>de</strong> eSports atraindo<br />

inúmeros fãs das novas gerações <strong>de</strong> gamers.<br />

“Nestes dois últimos anos, surgiram inúmeras<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o consumidor se<br />

manter engajado e entretido com o game.<br />

Isso sem falar na junção do game com outros<br />

territórios como entretenimento, vi<strong>de</strong><br />

Bruno: “Vamos inovar sempre em tecnologia e inovação”<br />

a série Arcane, da Netflix. Então, na medida<br />

em que o game passou a ocupar esses diversos<br />

espaços na vida das pessoas (game,<br />

entretenimento, comunida<strong>de</strong>, lifestyle etc.<br />

etc.), isso gerou um efeito exponencial em<br />

sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair e reter os players”,<br />

completa Santos.<br />

Bruna: “Vamos ver o game como moda, cultura e lifestyle”<br />

Diversificação<br />

No ano passado, <strong>de</strong> acordo com estimativas<br />

do setor, o mercado <strong>de</strong> games<br />

no Brasil faturou cerca <strong>de</strong> US$ 2,3 bilhões,<br />

alta <strong>de</strong> 5% em relação a 2020. A dimensão<br />

<strong>de</strong>sse mercado também po<strong>de</strong> ser avaliada<br />

pela sua diversificação. Nos últimos anos,<br />

<strong>de</strong> simples importador, o Brasil passou a<br />

criar e exportar jogos eletrônicos. Passou<br />

também a fabricar produtos <strong>de</strong>stinados<br />

a esse segmento que antes eram totalmente<br />

importados.<br />

A AOC, marca do Grupo TPV, um dos<br />

lí<strong>de</strong>res na fabricação <strong>de</strong> monitores, anunciou<br />

recentemente o seu novo monitor<br />

para jogos, o Agon PD27 – Design by Porsche,<br />

inspirado nos carros <strong>de</strong> corrida, criado<br />

em parceria com a Porsche e voltado a<br />

jogadores profissionais. De acordo com<br />

informações do fabricante, o equipamento<br />

conta com características <strong>de</strong> última geração,<br />

como a resolução Quad HD, <strong>de</strong> 2.560<br />

x 1.440 pixels, que permite maximizar os<br />

mínimos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> cada jogo. Foi projetado<br />

para quem <strong>de</strong>seja jogar no mais alto<br />

nível <strong>de</strong> jogos competitivos. Para isso, oferece<br />

suporte ao padrão Vesa DisplayHDR<br />

400, para exibir cores mais intensas, com<br />

HDR realista, excelente contraste e latência<br />

ultrabaixa, para uma experiência <strong>de</strong> jogo<br />

envolvente.<br />

“Sabemos que esse público é muito fiel<br />

às marcas, se preocupa com todos os recursos<br />

<strong>de</strong> jogabilida<strong>de</strong> e está sempre à procura<br />

dos melhores produtos, que atendam às<br />

suas necessida<strong>de</strong>s. Então, queremos inovar<br />

sempre, com monitores que acompanhem<br />

as tecnologias mais recentes e tragam inovação.<br />

Neste caso, <strong>de</strong> nossa parceria com<br />

a Porsche, as novida<strong>de</strong>s são o <strong>de</strong>sign premium<br />

exclusivo e a alta performance”, afirma<br />

Bruno Morari, diretor <strong>de</strong> marketing do<br />

Grupo TPV.<br />

De início uma atração digital voltada às<br />

classes mais abastadas da população, hoje<br />

já inclui jogos voltados às comunida<strong>de</strong>s carentes,<br />

como o Kwai, app <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os curtos,<br />

em apoio à ONG Gerando Falcões, que conta<br />

com o game Missão Favela X, <strong>de</strong>senvolvido<br />

em parceria com a Accenture Interactive<br />

<strong>de</strong>ntro da plataforma Roblox, que <strong>de</strong>u início<br />

à entrada da ONG no metaverso.<br />

A ação na plataforma do Kwai faz parte<br />

<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> iniciativas da ONG voltadas<br />

para acelerar a transformação nas favelas<br />

por meio <strong>de</strong> tecnologia e inovação. O objetivo<br />

com o programa Favela X é conscientizar<br />

a socieda<strong>de</strong> e atrair apoiadores para os projetos<br />

da Gerando Falcões, que são voltados<br />

para a erradicação da pobreza nas favelas.<br />

“E agora vamos ver a consolidação do<br />

game como moda, cultura e lifestyle. Com<br />

o gamer saindo <strong>de</strong> casa, o game vai com<br />

ele! Em forma <strong>de</strong> roupa, tênis e em opções<br />

<strong>de</strong> games mobile também, como os jogos<br />

mobile ou nintendo switch, por exemplo.<br />

Fernanda: “Gamer gosta <strong>de</strong> acompanhar influenciadores”<br />

58 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Propmark 57 anos.<br />

5 + 7 = 12 - 1 = 11<br />

5 x 7 = 30 - 9 = 21.<br />

Não faz o menor sentido.


propmark 57 anos<br />

E, além disso, também temos as subdivisões<br />

por gênero <strong>de</strong> jogo, por plataforma, se<br />

é PC gamer, console gamer, mobile gamer,<br />

por motivação <strong>de</strong> jogo, se é mais casual ou<br />

hardcore player etc.”, diz Bruna Pastorini,<br />

diretora <strong>de</strong> planejamento e conteúdo da<br />

Druid, agência criativa fundada no início<br />

<strong>de</strong> 2021 focada no mundo dos games e nas<br />

plataformas <strong>de</strong> web 3.0.<br />

Além do espaço virtual propriamente<br />

dito, o universo game já conta com as<br />

arenas gamers, que estão surgindo em<br />

shoppings. Recentemente, a Final Level,<br />

empresa que cria e acelera negócios para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do ecossistema do gaming<br />

lifestyle no Brasil, lançou uma arena<br />

gamer num shopping center na zona sul da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em parceria com a BR<br />

Malls. Batizado <strong>de</strong> XDome Gamer Lab, trata-se,<br />

segundo a empresa, <strong>de</strong> uma arena <strong>de</strong><br />

soluções completas que aten<strong>de</strong> tanto jogadores<br />

e consumidores do setor como também<br />

oferece soluções <strong>de</strong> ativação e promoção<br />

<strong>de</strong> marca, organização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e<br />

outros recursos corporativos.<br />

A unida<strong>de</strong> está localizada no Shopping<br />

Metrô Santa Cruz e conta com 300 m 2 sobre<br />

os quais estão posicionadas diversas plataformas:<br />

são 10 PCs otimizados para jogos<br />

conectados em uma arena <strong>de</strong> competição<br />

que remete aos principais torneios <strong>de</strong> jogos<br />

do mundo, além <strong>de</strong> outras 34 máquinas<br />

servidas na Game Station, a área para quem<br />

quer simplesmente jogar, sem a pressão da<br />

competitivida<strong>de</strong>.<br />

“O gamer não gosta só <strong>de</strong> jogar, mas também<br />

<strong>de</strong> acompanhar os influenciadores<br />

com os quais ele mais se i<strong>de</strong>ntifica. É por<br />

essa razão que nosso time <strong>de</strong> criadores <strong>de</strong><br />

conteúdo consegue, <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e abordando vários tópicos, para vários<br />

públicos. Por essa razão, enten<strong>de</strong>mos que<br />

o público que visitará a nossa estrutura se<br />

beneficiará <strong>de</strong>ssa parte – todo mundo já se<br />

imaginou à frente da câmera, e não apenas<br />

Zuñiga: isolamento social impulsionou games<br />

gran<strong>de</strong>s sites <strong>de</strong> venda,<br />

como americanas e<br />

amazon, registram<br />

milHões <strong>de</strong> acessos<br />

e milHares <strong>de</strong> vendas<br />

no segmento <strong>de</strong> games<br />

Fotos: Divulgação<br />

Benetti: “Enxergo gran<strong>de</strong> caminho para o metaverso”<br />

como um espectador, então <strong>de</strong>senvolvemos<br />

essa capacida<strong>de</strong> como mais uma das<br />

ofertas do XDome Gamer Lab,” diz Fernanda<br />

Leão, CEO da Final Level.<br />

A empresa também é responsável por<br />

uma das <strong>maio</strong>res networks <strong>de</strong> criadores<br />

<strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong> games da América Latina.<br />

A plataforma reúne cerca <strong>de</strong> 40 gran<strong>de</strong>s<br />

criadores <strong>de</strong> conteúdo do YouTube, que alcançam<br />

quase 100 milhões <strong>de</strong> inscritos e ultrapassam<br />

500 milhões <strong>de</strong> views mensais.<br />

O portfólio <strong>de</strong> marcas parceiras apresenta<br />

gran<strong>de</strong>s anunciantes do mercado, como<br />

Oi, Coca-Cola, BTG e Monster, além da Riot<br />

Games no segmento <strong>de</strong> publishers. A Final<br />

Level também é dona da Organização <strong>de</strong> e-<br />

-Sports Gamelan<strong>de</strong>rs, 22 vezes campeã no<br />

cenário Brasileiro <strong>de</strong> Valorant.<br />

Os jogos virtuais também marcam forte<br />

presença no e-commerce e em marketplaces.<br />

Hoje, os canais <strong>de</strong> venda digitalizados<br />

oferecem <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> produtos, dos<br />

mais variados, voltados ao público gamer.<br />

Gran<strong>de</strong>s sites <strong>de</strong> venda, como Americanas<br />

e Amazon, registram milhões <strong>de</strong> acessos e<br />

milhares <strong>de</strong> vendas todos os dias – muitas<br />

<strong>de</strong>las justamente no segmento <strong>de</strong> games. E<br />

o Mercado Livre divulgou um estudo recente<br />

que apontou que, entre os produtos mais<br />

buscados no site na categoria Games e Entretenimento,<br />

estão itens como: PC gamer,<br />

PS5, Xbox e ca<strong>de</strong>ira gamer.<br />

Espaços para reunir gamers <strong>de</strong>verão se multiplicar em locais como shoppings num curto período <strong>de</strong> tempo<br />

metaverso<br />

Uma das mais recentes novida<strong>de</strong>s do<br />

mundo digital, o metaverso – ferramenta<br />

que possibilita juntar mundo virtual e mundo<br />

real – já inclui os games em seus conteúdos.<br />

“Com a popularização do metaverso,<br />

as marcas se viram ainda mais ansiosas para<br />

fazer parte <strong>de</strong>sse universo e tem muita coisa<br />

boa indo para o ar, e enxergo um gran<strong>de</strong><br />

caminho pela frente, cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas<br />

e possibilida<strong>de</strong>s”, diz Paulo Benetti, CEO<br />

da Outplay, agência fundada em 2020 especializada<br />

no mercado <strong>de</strong> influenciadores, e<br />

streamers e gestão <strong>de</strong> conteúdo com narrativas.<br />

Seu principal cliente é o Facebook.<br />

60 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Proprietária do metaverso Cida<strong>de</strong> Alta,<br />

a Outplay <strong>de</strong>senvolve eventos proprietários<br />

voltados a experiências tanto digital<br />

quanto físico. Benetti trabalha o cenário <strong>de</strong><br />

bran<strong>de</strong>d content e experience ao ajudar as<br />

marcas a a<strong>de</strong>ntrarem no universo gamer,<br />

expandindo as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações no<br />

metaverso, por meio <strong>de</strong> ativações em games<br />

e stream, além <strong>de</strong> eventos híbridos<br />

com presença no digital e físico.<br />

A aposta tem dado resultados expressivos,<br />

garante Benetti, que cita a média <strong>de</strong><br />

250 mil pessoas simultâneas no servidor<br />

nas principais plataformas <strong>de</strong> live-streaming.<br />

Diariamente, diz ele, a Outplay veicula<br />

mais <strong>de</strong> 180 ví<strong>de</strong>os e 2 milhões <strong>de</strong> views,<br />

tanto no YouTube quanto no perfil do #Cida<strong>de</strong>Alta<br />

no TikTok. O servidor já alcançou<br />

o Trending Topics do Twitter e conta<br />

com gran<strong>de</strong>s criadores <strong>de</strong> conteúdo, como<br />

Loud Coringa, Bruno PlayHard e TheDarkness,<br />

além <strong>de</strong> parcerias com marcas como<br />

Brahma, Tin<strong>de</strong>r, Tri<strong>de</strong>nt, Submarino, Jeep,<br />

Itaú e iFood, cujas ativações têm conectado<br />

o mundo real do metaverso. A agência<br />

também foi responsável pela realização da<br />

primeira parada LGBTQIA+ em games, junto<br />

ao Facebook Inc., e do primeiro Carnaval<br />

Gamer, e mais <strong>de</strong> 100 influenciadores participando<br />

dos eventos simultaneamente em<br />

suas transmissões.<br />

perspectivas<br />

Vinicius Zuñiga, vice-presi<strong>de</strong>nte comercial<br />

da Gamers Club, subsidiária da Immortals<br />

Gaming Club (IGC), uma das <strong>maio</strong>res<br />

plataformas <strong>de</strong> esportes eletrônicos da<br />

América Latina, que atualmente conta com<br />

mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> usuários cadastrados,<br />

sustenta que a pan<strong>de</strong>mia da Covid-19,<br />

apesar <strong>de</strong> ter interferido no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> novos produtos e gerado atraso<br />

em diversos lançamentos <strong>de</strong> peso, por outro<br />

lado impulsionou o <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong><br />

jogos para uma <strong>maio</strong>r parte da população,<br />

por conta principalmente do isolamento<br />

social a que ficou exposta. Com isso, diz,<br />

as marcas vêm buscando cada vez mais se<br />

aproximar <strong>de</strong>sse público e, principalmente,<br />

como se conectar com ele <strong>de</strong> forma relevante<br />

e orgânica.<br />

“É importante falar que a pan<strong>de</strong>mia<br />

impulsionou, mas foi a própria indústria,<br />

com novos jogos sendo <strong>de</strong>senvolvidos e<br />

investimentos sendo feitos, que conseguiu<br />

reter essas pessoas. Alguns e-Sports conseguiram<br />

se adaptar rapidamente para um<br />

novo mo<strong>de</strong>lo e seguir com conteúdo mesmo<br />

no período conturbado. Aqui dá pra<br />

falar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Overwatch League no cenário<br />

global, até o crescimento do interesse pelo<br />

xadrez, que obviamente veio junto <strong>de</strong> investimentos<br />

no chess.com, streamers jogando<br />

o jogo e campeonatos em formatos<br />

novos”, ressalta Zuñiga.<br />

Ele acredita que em breve haverá uma<br />

nova onda <strong>de</strong> inovações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada gênero.<br />

Um primeiro exemplo, cita, foi o próprio<br />

El<strong>de</strong>n Ring, que li<strong>de</strong>rou as vendas na<br />

Steam por três semanas consecutivas e até<br />

Monitor Agon PD27 inspirado nos carros da marca Porsche e voltado para gamers profissionais<br />

“por ser uma forma <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> conteúdo<br />

superimersiva,<br />

a perspectiva é que<br />

os jogos se consoli<strong>de</strong>m<br />

cada vez mais como<br />

clusters essenciais”<br />

hoje não saiu dos Top 10 títulos mais vendidos<br />

na plataforma. “Acredito que aconteceu<br />

em parte por causa da ‘seca’, que não<br />

foi respondida por outros lançamentos com<br />

muito hype por trás, como Cyberpunk 2077.<br />

As vivências <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> jogos estourando<br />

também são prece<strong>de</strong>ntes importantes para<br />

a conversa <strong>de</strong> metaverso hoje”, afirma.<br />

Zuñiga vê como obstáculo ao futuro do<br />

mercado <strong>de</strong> games a rejeição por uma gran<strong>de</strong><br />

parte da comunida<strong>de</strong> sobre como marcas,<br />

executivos famosos e o próprio Facebook<br />

se apropriam como um “metaverso”,<br />

que frequentemente está junto <strong>de</strong> outros<br />

temas como Crypto games e NFTs. “Alguns<br />

caminhos são a comunida<strong>de</strong> dos jogos<br />

a<strong>de</strong>rir ao metaverso como um gênero, ou<br />

a rejeição causar o esquecimento e a gran<strong>de</strong><br />

perda <strong>de</strong> investimento das empresas<br />

<strong>de</strong> jogos que querem entrar nesse cenário.<br />

Divulgação<br />

Foi um pouco o caso com o próprio Second<br />

Life, uns anos atrás, que tinha essa mesma<br />

proposta”, disse.<br />

O vice-presi<strong>de</strong>nte comercial da Gamers<br />

Club antevê diversas perspectivas <strong>de</strong> crescimento<br />

nesse mercado, além dos jogos<br />

digitais propriamente ditos, e cita como<br />

exemplo mais possibilida<strong>de</strong>s na nova geração<br />

<strong>de</strong> consoles e <strong>maio</strong>r público advindo da<br />

pan<strong>de</strong>mia.<br />

“As marcas já estão virando a cabeça<br />

<strong>de</strong> vez na direção <strong>de</strong>sse mercado e, com<br />

<strong>maio</strong>r investimento, veremos crescimento<br />

acelerado, mas obviamente a comunida<strong>de</strong><br />

gamer terá <strong>de</strong> ser ouvida. Também temos a<br />

tendência <strong>de</strong> mobile, console e PC se misturarem.<br />

Jogos cross plataform estão virando<br />

cada vez mais comuns e Genshin Impact,<br />

que não é um jogo necessariamente mobile,<br />

só roda na plataforma, ganhou Jogo Mobile<br />

do Ano no Game Awards passado. Claro que<br />

a tecnologia <strong>de</strong> aparelhos acessível para a<br />

população vai ser fator limitante quanto ao<br />

nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogos que po<strong>de</strong>m<br />

rodar no celular, mas já vemos gran<strong>de</strong>s empresas,<br />

como Riot e Ubisoft, entrando nessa<br />

onda (Rainbow Six, Wild Rift e Valorant<br />

mobile). Por ser uma forma <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

conteúdo superimersiva, a perspectiva é<br />

que os jogos e as comunida<strong>de</strong>s se consoli<strong>de</strong>m<br />

cada vez mais como clusters essenciais<br />

para que marcas se planejem e procurem<br />

formas <strong>de</strong> se aproximar”, finaliza Zuniga.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 61


PROPMARK 57 ANOS<br />

Divulgação<br />

A governança a favor<br />

do talento brasileiro<br />

luiz lara*<br />

A<br />

publicida<strong>de</strong>, já disse Sergio Valente,<br />

é a indústria que movimenta as<br />

outras indústrias. Tenho o privilégio<br />

<strong>de</strong>, nos últimos 40 anos (<strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os 19), conviver e empreen<strong>de</strong>r na publicida<strong>de</strong><br />

que cria, constrói, posiciona e conecta<br />

marcas com milhões <strong>de</strong> consumidores, gerando<br />

uma percepção <strong>de</strong> valor muito <strong>maio</strong>r<br />

do que o estampado na etiqueta <strong>de</strong> preço.<br />

É a publicida<strong>de</strong> que faz a roda da economia<br />

girar, <strong>de</strong>senvolvendo novas categorias <strong>de</strong><br />

produtos e serviços, abrindo mercados, gerando<br />

riquezas, empregos e impostos. Tudo<br />

a partir da força das gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong><br />

campanhas memoráveis que fazem parte<br />

da cultura popular. Porém, só temos essa<br />

indústria da comunicação tão pujante porque<br />

soubemos organizar uma governança<br />

que prestigiou o talento brasileiro.<br />

Temos um mercado próspero, livre e<br />

ético porque os publicitários que nos antece<strong>de</strong>ram<br />

construíram o caminho para<br />

florescer o talento e essas gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias.<br />

Nossa indústria cresceu porque em 1980,<br />

há 42 anos, criou o Conar – Conselho <strong>de</strong> Autorregulamentação<br />

Publicitária, que, junto<br />

com o Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor e<br />

a legislação vigente, protegem os direitos<br />

do cidadão. Campanhas abusivas foram retiradas<br />

do ar graças à participação ativa e<br />

voluntária da socieda<strong>de</strong> civil, que julga livremente<br />

os conteúdos a partir <strong>de</strong> manifestações<br />

<strong>de</strong> cidadãos e empresas que se sentem<br />

atingidos pela publicida<strong>de</strong> antiética.<br />

A prosperida<strong>de</strong> da nossa indústria tem um<br />

importante marco em 1998, quando lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />

agências, veículos <strong>de</strong> comunicação e anunciantes<br />

se uniram e criaram o Cenp – Fórum<br />

da Autorregulação do Mercado Publicitário,<br />

procurando sempre harmonizar os interesses<br />

legítimos <strong>de</strong> anunciantes, veículos e agências<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>. A busca do equilíbrio entre<br />

todas as partes sempre foi uma constante,<br />

inclusive com a expansão digital, por meio<br />

dos novos elos, criando um ambiente neutro,<br />

com diálogo aberto e franco, para emularmos<br />

as melhores práticas como referência<br />

para um mercado livre. Há mais <strong>de</strong> 20 anos,<br />

o Cenp enten<strong>de</strong> e valoriza o po<strong>de</strong>r da propaganda<br />

para os negócios, para a economia<br />

e para a socieda<strong>de</strong>. O recente levantamento<br />

do Cenp-Meios, com a informações prestadas<br />

por 298 agências, mostrou que nossa indústria<br />

movimentou R$ 19,7 bilhões em 2021; e<br />

um estudo da Deloitte comprovou que, <strong>de</strong><br />

cada R$ 1 investido em publicida<strong>de</strong>, são gerados<br />

R$ 8,54 na economia. Por isso somos a<br />

indústria <strong>de</strong> ponta da economia criativa.<br />

É o momento <strong>de</strong> ver novas gerações <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>ranças participarem da transformação<br />

pela qual nossa indústria passa, tais como<br />

Hugo Rodrigues, Sergio Gordilho, Marcio<br />

Santoro, Edu Simon, Marcio Oliveira, Vini<br />

Reis, Luiz Fernando Musa, Filipe Bartholomeu,<br />

Luiz Sanches, Rafael Pitanguy, Marcia<br />

Esteves, André Gola, Eduardo Lorenzi, Camila<br />

Costa, Keka Morelle, Marcio Toscani,<br />

Marcelo Reis, Felipe Simi, Valéria Barone,<br />

Lica Bueno, Erh Ray, Guga Ketzer, João Livi<br />

e André Kassu, entre muitos outros.<br />

Lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> agências que colocam no ar<br />

diariamente inúmeras campanhas. Essas<br />

campanhas só acontecem com a participação<br />

ativa, do briefing à aprovação, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

profissionais dos anunciantes, como<br />

Igor Puga, Frank Pflaumer, João Campos,<br />

Ilca Sierra, Mauro Madruga, Patriciana<br />

Rodrigues, Ariel Grunkraut, Hermann<br />

Mahnke, Fabio Toreta, Mafê Albuquerque,<br />

Cris Larrou<strong>de</strong> e Danielle Bibas, entre muitos<br />

outros que os antece<strong>de</strong>ram e também<br />

estão fazendo a diferença no mercado.<br />

Por parte dos veículos e dos novos elos digitais,<br />

são muitos também os profissionais,<br />

como Manzar Feres, Fred Müller, Daniel Simões,<br />

Alarico Assumpção, Alexandre Guerreiro,<br />

Rafael Soriano, Celia Biondi, Marcelo<br />

Benez, Paulo Pessoa, Fabio Coelho, Ana<br />

Moises e Fiamma Zarife. É impossível nominar<br />

todos, porque a cada dia surgem novos<br />

talentos num mundo multiplataforma,<br />

nessa gran<strong>de</strong> avenida digital que estamos<br />

percorrendo, on<strong>de</strong> a publicida<strong>de</strong> continua<br />

sendo a indústria da liberda<strong>de</strong>. Uma indústria<br />

que informa, educa, entretém, cria hábitos<br />

<strong>de</strong> consumo, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a diversida<strong>de</strong>,<br />

posiciona a causa e o propósito das marcas.<br />

Uma indústria feita por pessoas para pessoas.<br />

Creiam: é essa governança que permitiu<br />

à publicida<strong>de</strong> brasileira ganhar asas e se tornar<br />

uma das mais criativas e premiadas do<br />

mundo. Agora que o Festival <strong>de</strong> Cannes se<br />

aproxima, veremos novamente essa indústria<br />

brilhar com cases fantásticos e criativos.<br />

Vamos juntos continuar protagonizando<br />

nosso <strong>de</strong>stino, promovendo as melhores<br />

práticas com o talento e a força das<br />

gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ias.<br />

“É O MOMENTO DE<br />

VER NOVAS GERAÇÕES<br />

DE LIDERANÇAS<br />

PARTICIPAREM DA<br />

TRANSFORMAÇÃO<br />

PELA QUAL NOSSA<br />

INDÚSTRIA PASSA”<br />

*Luiz Lara é chairman da Lew’Lara\TBWA<br />

e presi<strong>de</strong>nte do Cenp<br />

l.lara@lewlaratbwa.com.br<br />

62 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Áudio potencializa<br />

a economia criativa<br />

Renata Lodi*<br />

O<br />

setor da economia criativa vem<br />

se <strong>de</strong>senvolvendo consistentemente<br />

a cada ano, impactado pelo<br />

aumento do acesso à internet e às<br />

novas tecnologias. Em um contexto atual<br />

tão dinâmico e inovador que vivemos, o<br />

streaming, sem dúvida, já é intrínseco a este<br />

cenário econômico criativo.<br />

O áudio, que sempre foi uma ferramenta<br />

po<strong>de</strong>rosa <strong>de</strong> expressão criativa, quando<br />

atrelado ao streaming, se tornou ainda mais<br />

potente, contribuindo não apenas para o<br />

crescimento da indústria, mas também<br />

para sua <strong>de</strong>mocratização. As velhas barreiras<br />

<strong>de</strong> entrada não existem mais; o sucesso<br />

po<strong>de</strong> vir <strong>de</strong> qualquer lugar do mundo e<br />

qualquer pessoa.<br />

O streaming não apenas gera receitas<br />

recor<strong>de</strong>s na indústria da música ano após<br />

ano, como cada vez há mais artistas compartilhando<br />

esse sucesso. A expectativa<br />

é que muitos mais usufruam do incrível<br />

impacto que o streaming e o Spotify estão<br />

tendo em tornar a indústria da música mais<br />

lucrativa e equitativa.<br />

Hoje, o impacto cultural e monetário da<br />

plataforma é sem prece<strong>de</strong>ntes: em 2021, o<br />

Spotify pagou US$ 7B à indústria musical,<br />

mais do que qualquer outro serviço. Na era<br />

do CD, 25% da receita <strong>de</strong> música era <strong>de</strong>stinada<br />

aos top 50 artistas. No ano passado, só<br />

12% da receita foi para os 50 <strong>maio</strong>res artistas.<br />

Pela primeira vez, mais <strong>de</strong> mil artistas<br />

geraram um valor superior a US$ 1 milhão<br />

pelo Spotify e, impulsionadas pelo streaming,<br />

as principais gravadoras tiveram<br />

mais <strong>de</strong> US$ 4 bilhões <strong>de</strong> lucro em 2021.<br />

Esses dados são do Loud & Clear, site voltado<br />

para artistas e profissionais da indústria<br />

musical enten<strong>de</strong>rem melhor o sistema <strong>de</strong><br />

royalties, os players e as informações sobre<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento e o estado econômico<br />

do streaming <strong>de</strong> música, que mostram que<br />

a indústria está mais saudável do que nunca.<br />

Assim como o Spotify transformou a indústria<br />

da música li<strong>de</strong>rando a revolução do<br />

streaming, estamos contribuindo para impulsionar<br />

o crescimento explosivo do podcasting.<br />

Só no primeiro trimestre <strong>de</strong>ste ano,<br />

vimos um aumento <strong>de</strong> dois dígitos ano a ano<br />

em novos podcasts na plataforma nos principais<br />

mercados em crescimento na América<br />

Latina e no resto do mundo, com mais <strong>de</strong><br />

85% da criação <strong>de</strong> novos podcasts ocorrendo<br />

em nossa plataforma Anchor, por exemplo.<br />

Mudamos a maneira como as pessoas ouvem<br />

e criam música e queremos trazer esse<br />

mesmo tipo <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> transformadora<br />

para o negócio <strong>de</strong> podcast. Proporcionar a<br />

artistas e criadores <strong>de</strong> conteúdo a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> viver <strong>de</strong> sua arte sempre foi a<br />

missão principal do Spotify e continuamos<br />

comprometidos em servir criadores com<br />

novas habilida<strong>de</strong>s para contar suas histórias<br />

e também a criar e apoiar uma indústria<br />

<strong>de</strong> áudio mais diversificada.<br />

Mas no mundo em que vivemos precisamos<br />

também garantir que as vozes que<br />

estão sendo elevadas sejam cada vez mais<br />

diversas e plurais. Para ajudar nessa missão<br />

nos últimos anos, o Spotify <strong>de</strong>senvolveu<br />

uma série <strong>de</strong> iniciativas, como Sound Up e<br />

Podcast Aca<strong>de</strong>my, por exemplo. No Brasil,<br />

o Sound Up apoia jovens negros e indígenas<br />

com orientação e recursos para que possam<br />

construir e estabelecer carreiras ao longo<br />

da vida em podcasting e para que suas<br />

i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> conteúdo se tornem programas <strong>de</strong><br />

sucesso no universo do áudio.<br />

Já no Podcast Aca<strong>de</strong>my, o objetivo é compartilhar<br />

o conhecimento da indústria <strong>de</strong><br />

podcast com os criadores por meio <strong>de</strong> aulas<br />

e workshops, suporte <strong>de</strong> comunicação,<br />

além <strong>de</strong> acesso ao ecossistema <strong>de</strong> ferramentas<br />

e plataformas do Spotify.<br />

Proporcionar ferramentas é um ponto-<br />

-chave para que possamos <strong>de</strong> fato construir<br />

uma comunida<strong>de</strong> criativa cada vez<br />

mais ampla. Permitir que todos, <strong>de</strong> artistas<br />

a compositores, editores e gravadoras, a<br />

podcasters, entendam melhor seu público,<br />

envolvam e aumentem sua base <strong>de</strong> fãs, monetizem<br />

e cumpram seu potencial artístico<br />

é o caminho para o fortalecimento da economia<br />

criativa <strong>de</strong> áudio no mundo<br />

“O áudiO, que sempre<br />

fOi uma ferramenta<br />

pO<strong>de</strong>rOsa <strong>de</strong><br />

expressãO criativa,<br />

quandO atreladO aO<br />

streaming, se tOrnOu<br />

ainda mais pOtente”<br />

*Renata Lodi é head <strong>de</strong><br />

marketing Latam no Spotify<br />

renatalodi@spotify.com<br />

64 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Bom mesmo era...<br />

Marco Giannelli (Pernil)*<br />

Tem uma frase do Riobaldo, personagem<br />

<strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Sertão: Veredas,<br />

que eu adoro: “Eu quase que<br />

nada não sei. Mas <strong>de</strong>sconfio <strong>de</strong><br />

muita coisa”.<br />

Num mundo repleto <strong>de</strong> gurus, xamãs<br />

e Mães Dinah do metaverso capazes <strong>de</strong><br />

antecipar com exatidão os <strong>de</strong>stinos da<br />

humanida<strong>de</strong>, esta citação sempre me<br />

ajudou a manter os pés no chão e ter humilda<strong>de</strong><br />

para reconhecer que tudo o que<br />

eu consigo prever se resume a alguns<br />

achismos.<br />

E, se eu penso que é difícil dizer como<br />

será o futuro, igualmente traiçoeiro é tentar<br />

falar com proprieda<strong>de</strong> do passado.<br />

Explico. Des<strong>de</strong> que entrei na propaganda,<br />

sempre ouvi o mesmo mantra das pessoas<br />

que já trabalhavam há mais tempo: “Bom<br />

mesmo era naquela época...”.<br />

Bons mesmo eram os comerciais dos<br />

anos 1980: a bonita camisa do Fernandinho,<br />

os bilhetinhos dizendo para não<br />

esquecer a minha Caloi, o orelhão que<br />

morria no meio da rua, o primeiro sutiã<br />

da adolescente, o Bombril do Carlinhos<br />

Moreno, o Hitler da Folha <strong>de</strong> S.Paulo.<br />

E olha que eu ouvia isso na meta<strong>de</strong> dos<br />

anos 1990, quando fazia estágio e a propaganda<br />

na TV mostrava que tal coisa<br />

não era nenhuma Brastemp, que só mesmo<br />

um louco pra ter um filho, que tinha<br />

coisas que só a Philco fazia pra você, que<br />

alguns japoneses eram mais criativos que<br />

os japoneses dos outros e a VW era tão<br />

confiável que o controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

checava tudo duas vezes.<br />

Diziam que bons mesmo não eram apenas<br />

os filmes. Eram os salários, as agências,<br />

os uísques, os clientes, as festas, os<br />

diretores, as produções com diárias e orçamentos<br />

infinitos, as cestas com panetones<br />

no fim do ano e por aí vai.<br />

Tão impossível quanto negar a magia<br />

<strong>de</strong> todas essas campanhas, seria esquecer<br />

as vantagens da época. Mas a tal da nostalgia,<br />

como já foi comprovado, nos traz<br />

uma lembrança apenas parcial: ignora,<br />

por exemplo, infinitas horas trabalhadas<br />

na madrugada (e com o orgulho estampado<br />

nas olheiras <strong>de</strong> quem julgava merecer<br />

uma medalha), estilos “enérgicos” <strong>de</strong><br />

chefiar que <strong>de</strong>pois receberiam o nome <strong>de</strong><br />

assédio moral e coisas que pareciam normais<br />

e sequer estavam em pauta.<br />

Não, eu não sou um sujeito otimista e<br />

muito menos perto da perfeição. Bem longe<br />

disso. Driblar os processos <strong>de</strong>sgastantes<br />

e complicados <strong>de</strong> hoje não é fácil. Mas,<br />

tentando enxergar o fundinho meio cheio<br />

do copo, acho que o terreno nunca foi tão<br />

vasto para a criativida<strong>de</strong>. Hoje é possível<br />

ganhar um Grand Prix no Festival <strong>de</strong> Cannes<br />

com um clipe musical e um Oscar em<br />

Hollywood com um curta-metragem bancado<br />

por uma marca. Dois exemplos que<br />

não estão mais restritos àqueles efêmeros<br />

30 segundos e são criação pura.<br />

Além disso, temas que foram esquecidos<br />

durante muito tempo ganham cada<br />

vez mais espaço, e nos fazem prestar mais<br />

atenção e enten<strong>de</strong>r melhor sobre diversida<strong>de</strong><br />

e inclusão (convidar para a festa e<br />

chamar para dançar), equida<strong>de</strong> (perguntar<br />

se tem roupa para ir), saú<strong>de</strong> mental<br />

etc. Mesmo admitindo o quão longe ainda<br />

estamos do i<strong>de</strong>al, os primeiros passos estão<br />

sendo dados. E, sim, precisamos acelerar<br />

muito mais, eu sei.<br />

Por isso, apesar <strong>de</strong> todo o perrengue e<br />

baixo-astral que volta e meia toma conta<br />

do mercado, eu tendo a acreditar que, lá<br />

na frente, a gente vai conseguir ter o distanciamento<br />

necessário para ver as coisas<br />

positivas que começaram a surgir mais recentemente.<br />

E dizer que estes dias aqui,<br />

apesar <strong>de</strong> tudo, também foram “bons<br />

tempos”. Se eu tenho alguma certeza disso?<br />

É claro que não. Mas <strong>de</strong>sconfio que eu<br />

possa estar certo.<br />

“tentando enxergar<br />

o fundinho meio cheio<br />

do copo, acho que o<br />

terreno nunca foi<br />

tão vasto para<br />

a criativida<strong>de</strong>”<br />

*Marco Giannelli (Pernil) é CCO da AlmapBBDO<br />

marco.giannelli@almapbbdo.com.br<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 65


propmark 57 anos<br />

Design vai além da estética graças<br />

à consciência social do consumidor<br />

Empresas perceberam que estratégias <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> marcas e produtos<br />

têm <strong>de</strong> levar em conta os novos tempos <strong>de</strong> ativismo da socieda<strong>de</strong><br />

Vlad Sargu/Unsplash<br />

As empresas perceberam que seu principal ativo, as marcas, tinham <strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos <strong>de</strong> ativismo social para manter uma boa imagem junto ao consumidor<br />

pedro yves<br />

Ao longo das últimas décadas, as <strong>de</strong>mandas<br />

sociais relacionadas a temas<br />

ambientais, à diversida<strong>de</strong> e à inclusão <strong>de</strong><br />

gênero, entre outros tópicos, vinham num<br />

crescendo, mas em sua <strong>maio</strong>ria permaneciam<br />

restritas a grupos <strong>de</strong> ativistas - dos<br />

quais o mais conhecido talvez seja o Greenpeace,<br />

por suas batalhas navais contra os<br />

navios baleeiros. Porém, coincidindo com<br />

a chegada do século 19, esses e outros temas<br />

passaram a mobilizar cada vez mais a<br />

socieda<strong>de</strong> e consequentemente fazer parte<br />

das estratégias <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> consumo. Afinal,<br />

o consumidor começou a tomar mais<br />

consciência dos problemas do mundo que o<br />

cerca, graças principalmente à disseminação<br />

das re<strong>de</strong>s sociais.<br />

E o fenômeno tomou impulso mais recentemente<br />

por causa da pan<strong>de</strong>mia da Covid-19<br />

- um mal que o mundo não enfrentava há<br />

mais <strong>de</strong> um século. “A questão é que a pan<strong>de</strong>mia<br />

acelerou muito esses processos, por<br />

conta das diversas crises: financeira, sanitária<br />

e antropológica. Todos nos <strong>de</strong>mos conta,<br />

principalmente as empresas, <strong>de</strong> que o governo<br />

e a socieda<strong>de</strong>, da forma como estavam<br />

organizados, não dariam conta <strong>de</strong> tudo e as<br />

empresas tiveram <strong>de</strong> entrar com seus recursos<br />

e competências. As empresas se <strong>de</strong>ram<br />

conta que possuem um papel fundamental<br />

em relação aos <strong>de</strong>safios da socieda<strong>de</strong>”, situa<br />

Luciano Deos, sócio-fundador e CEO do Gad’,<br />

uma das mais tradicionais consultorias <strong>de</strong><br />

marcas do país.<br />

Nesse novo papel, as empresas perceberam<br />

que seu principal ativo, as marcas, tinham<br />

<strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos <strong>de</strong><br />

ativismo social. Internamente, mas também<br />

para venda <strong>de</strong> imagem ao público externo.<br />

Nesse contexto, o ESG ganha relevância - na<br />

questão ambiental, social e governança a<br />

partir <strong>de</strong>ssas mudanças <strong>de</strong> paradigmas. “Os<br />

gran<strong>de</strong>s investidores do mercado financeiro<br />

enten<strong>de</strong>ram que as empresas que não estiverem<br />

alinhadas a essas práticas não vão ser<br />

bem-vistas pelo mercado e consumidores e<br />

não vão criar valor. E isso passou a ser um<br />

elemento <strong>de</strong> extrema importância na criação<br />

<strong>de</strong> valor e diferenciação das empresas, olhar<br />

para o tema e ESG, e saber trabalhar esses temas,<br />

é hoje fundamental”, completa Deos.<br />

Mas a marca, o produto que vai às gôndolas<br />

e prateleiras do comércio, também passou<br />

a ter papel relevante na propagação <strong>de</strong> prin-<br />

“O <strong>de</strong>sign tem O papel<br />

<strong>de</strong> tangibilizar<br />

Os cOnceitOs e<br />

persOnalida<strong>de</strong> criadOs<br />

para uma marca nO<br />

imagináriO das pessOas”<br />

cípios éticos. Nesse ponto, o <strong>de</strong>sign e o branding<br />

ganharam protagonismo. “O <strong>de</strong>sign tem<br />

o papel <strong>de</strong> tangibilizar os conceitos e personalida<strong>de</strong><br />

criados para uma marca no imaginário<br />

das pessoas. É por meio <strong>de</strong>le (e das experiências<br />

vividas com a marca) que a imagem se<br />

constrói. Branding é fazer isso tudo acontecer<br />

<strong>de</strong> forma propositiva, verda<strong>de</strong>ira e consistente.<br />

Branding é verbo contínuo. Evolui e requer<br />

uma gestão consistente. Já o <strong>de</strong>sign, que<br />

é parte <strong>de</strong> uma marca, é aquilo que revela em<br />

formas, cores e símbolos o que ela significa,”<br />

explica Cassia Aulisio, comunicóloga, startup<br />

advisor e CEO da Tutto Branding.<br />

A tecnologia, completa Cassia, está colocando<br />

novos canais <strong>de</strong> interação à disposi-<br />

66 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


TEM GENTE FAZENDO COISA BOA.<br />

MOSTRE QUE VOCÊ É UMA DELAS.<br />

Prêmio Colunistas.<br />

Pra quem não aceita<br />

mediocrida<strong>de</strong>.<br />

Inscrições abertas<br />

colunistas.com.br<br />

Está na hora <strong>de</strong> agências, anunciantes, criadores,<br />

fornecedores e veículos mostrarem que a comunicação<br />

brasileira continua criativa <strong>de</strong> norte a sul do país.<br />

Colunistas, há 55 anos valorizando quem<br />

sai do lugar comum.


propmark 57 anos<br />

Fotos: Divulgação<br />

pesquisas qualitativas<br />

sãO falhas pOrque Os<br />

mO<strong>de</strong>radOres sempre<br />

perguntam questões<br />

respOndidas pelO<br />

cérebrO raciOnal<br />

Nóbrega: digital <strong>de</strong>termina nova realida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sign<br />

Deos: marcas têm <strong>de</strong> se adaptar aos novos tempos<br />

ção das pessoas. Com isso, o relacionamento<br />

entre marcas e pessoas tem <strong>de</strong> se aprimorar<br />

constantemente. “Tudo ficou mais próximo<br />

e, com um consumidor mais atento e bem-informado,<br />

os negócios e as marcas precisam<br />

ser ainda mais verda<strong>de</strong>iros.”<br />

Mario Narita, CEO da Narita Design, consi<strong>de</strong>rado<br />

um dos <strong>maio</strong>res especialistas em<br />

<strong>de</strong>sign do Brasil, criou um método <strong>de</strong> avaliação<br />

das reações do consumidor no momento<br />

da escolha <strong>de</strong> um produto, batizado<br />

por ele <strong>de</strong> Processo Límbico. Trata-se <strong>de</strong><br />

uma metodologia que visa revelar as emoções<br />

latentes do consumidor através da observação<br />

do seu comportamento, das suas<br />

escolhas ou <strong>de</strong> seus hábitos.<br />

Para tanto, são utilizados estímulos visuais,<br />

ambientes sensoriais, etnografia,<br />

constelação familiar, antropologia visual e<br />

<strong>de</strong>senhos. “Como ser humano, ten<strong>de</strong>mos inconscientemente<br />

a nos proteger através da<br />

racionalização das nossas atitu<strong>de</strong>s e das nossas<br />

respostas,” diz Narita.<br />

Ele conta que o processo nasceu após observar<br />

que as avaliações das embalagens pelas<br />

pesquisas qualitativas eram falhas porque os<br />

mo<strong>de</strong>radores sempre perguntavam questões<br />

respondidas pelo cérebro racional dos entrevistados,<br />

“ainda hoje o mesmo método é utilizado<br />

pelas gran<strong>de</strong>s companhias”, ressalta.<br />

“Como ser humano ten<strong>de</strong>mos a mentir ou<br />

omitir quando se exigem respostas rápidas,<br />

sobre pressão ou quando não <strong>de</strong>sejamos ver<br />

nossa imagem <strong>de</strong>turpada na frente <strong>de</strong> outras<br />

pessoas. Comportamentos que são manifestados<br />

constantemente nas pesquisas qualitativas.<br />

Porém, através do Processo Límbico,<br />

capturamos o ‘não dito’, isto é, o que o nosso<br />

cérebro racional não consegue camuflar. O<br />

processo é tão revelador que possibilita diferentes<br />

insights: não só para embalagens, assim<br />

como para novos posicionamentos, inovações<br />

e linguagem visual da marca”, garante<br />

Narita, que complementa, “acreditamos que,<br />

uma vez acessado tanto o comportamento ou<br />

a emoção, o consumidor se abrirá para um<br />

diálogo genuíno e duradouro com a marca”.<br />

O omnichannel é outro processo cada<br />

vez mais utilizado pelas marcas para atingir<br />

o consumidor. Foi uma evolução natural do<br />

surgimento das tecnologias digitais, mídias<br />

sociais e dispositivos móveis, que levou a<br />

mudanças significativas no ambiente <strong>de</strong> varejo,<br />

permitindo às marcas re<strong>de</strong>senharem<br />

suas estratégias <strong>de</strong> marketing e produtos. Os<br />

clientes ten<strong>de</strong>m a buscar informações na loja<br />

física e, ao mesmo tempo, obter informações<br />

adicionais <strong>de</strong> seus dispositivos móveis sobre<br />

ofertas e, possivelmente, melhores preços.<br />

“O omnichannel é uma discussão forte<br />

e presente nas empresas. As que nasceram<br />

100% no digital tiveram <strong>maio</strong>r facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar ao novo contexto <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia,<br />

pois é muito mais fácil <strong>de</strong> se apropriar<br />

da questão física, além <strong>de</strong> serem muito mais<br />

capitalizadas. Mas a questão central aqui não<br />

é como unir, é como ter um negócio que pensa<br />

o omnichannel como forma única, não em<br />

juntar duas coisas e ser uma coisa só. Olhando<br />

fundamentalmente a experiência do<br />

cliente, do usuário, é preciso enten<strong>de</strong>r como<br />

eu entrego uma melhor experiência e se ela<br />

passa por momentos físicos e digitais. Eu<br />

tenho <strong>de</strong> olhar para o consumidor no centro<br />

da minha solução, para ter uma entrega <strong>de</strong><br />

valor através <strong>de</strong> uma experiência, olhando<br />

para as ferramentas físicas e digitais. E ainda<br />

temos novas ferramentas e novos universos<br />

vindo aí, como o metaverso, por exemplo,”<br />

afirma Deos.<br />

Para Gabriel Nóbrega, sócio-diretor <strong>de</strong><br />

filmes da Vetor Zero/Lobo, um dos <strong>maio</strong>res<br />

Cassia: tudo ficou mais próximo com consumidor atento<br />

estúdios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign do Brasil, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da tecnologia digital caminhou paralelamente<br />

às <strong>de</strong>mandas sociais na nova<br />

realida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>sign. O mercado publicitário,<br />

diz ele, sempre se<strong>de</strong>nto por novida<strong>de</strong>,<br />

foi <strong>de</strong>mandando da empresa projetos cada<br />

vez mais ousados, on<strong>de</strong> a pós-produção era<br />

protagonista da peça. “A Vetor Zero surgiu no<br />

início dos anos 1990, quando apareceram as<br />

primeiras estações <strong>de</strong> computação gráfica, as<br />

Silicon Graphics. Num momento que a tecnologia<br />

ainda era muito rudimentar, on<strong>de</strong><br />

tudo era feito a partir <strong>de</strong> códigos e números,<br />

a empresa se <strong>de</strong>dicava a fazer principalmente<br />

flying logos. Conforme a computação gráfica<br />

foi evoluindo, o mercado publicitário foi <strong>de</strong>mandando<br />

cada vez mais”, diz Nóbrega.<br />

Nesta mesma época, o <strong>de</strong>sign gráfico começou<br />

a <strong>de</strong>spontar no mundo: apareceram<br />

as primeiras versões do After Effects. Foi por<br />

volta dos anos 2000 que a Vetor Zero trazendo<br />

toda essa expertise do motion graphics<br />

começou a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser uma pós-produtora<br />

para se tornar uma produtora autônoma,<br />

com os próprios diretores e um time <strong>de</strong> <strong>de</strong>signer<br />

renomados que traziam pra <strong>de</strong>ntro e<br />

produziam tudo o que havia <strong>de</strong> mais atual no<br />

universo no <strong>de</strong>sign mundial.<br />

Narita: ten<strong>de</strong>mos a nos proteger pela racionalização<br />

68 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

Divulgação<br />

Colaboração: da porta<br />

para <strong>de</strong>ntro e para fora<br />

Leonardo ChebLy*<br />

É<br />

muito mais fácil para nós, que atuamos<br />

no ecossistema da publicida<strong>de</strong><br />

e do marketing, ter uma percepção<br />

mais próxima e real do que é e, principalmente,<br />

do impacto positivo da economia<br />

criativa. Até porque, mais do que fazer<br />

parte <strong>de</strong>la na essência, é o nosso negócio que<br />

faz, na <strong>maio</strong>ria dos casos, o negócio dos nossos<br />

clientes prosperar cada vez mais graças<br />

às soluções criativas que <strong>de</strong>senvolvemos e<br />

conseguimos oferecer.<br />

Nesse pensamento, a economia criativa<br />

hoje não tem – e nem po<strong>de</strong> ter – mais barreiras.<br />

Mesmo as indústrias e segmentos mais<br />

“duros”, baseados em commodities ou produtos<br />

e serviços básicos, po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem se<br />

beneficiar <strong>de</strong>ssa ferramenta para ir além. E<br />

cabe a nós participar <strong>de</strong>sse processo da melhor<br />

forma possível.<br />

Olhando para <strong>de</strong>ntro, na NEOOH, nosso<br />

primeiro passo foi exatamente pensar como<br />

po<strong>de</strong>ríamos ser mais criativos e inovadores<br />

em um segmento tão concorrido como o <strong>de</strong><br />

out of home, que até muito pouco tempo<br />

atrás tinha entregas bem semelhantes não<br />

só entre os players do setor, mas também ao<br />

início arcaico da comunicação outdoor, com<br />

placas, painéis e cartazes tradicionais. E nós<br />

nos baseamos nos pilares da economia criativa,<br />

unindo criativida<strong>de</strong>, inovação e tecnologia,<br />

para buscar essas respostas.<br />

Encontramos muitos caminhos não olhando<br />

para <strong>de</strong>ntro, para os próprios concorrentes<br />

ou mesmo só para o nosso mercado, mas<br />

para aquilo que acontecia no mundo, o que<br />

estava moldando o futuro e como nossos<br />

produtos e serviços po<strong>de</strong>riam ser parte disso.<br />

No nosso caso, a digitalização foi muito<br />

mais necessida<strong>de</strong> que criativida<strong>de</strong>, então<br />

procuramos dar um passo além: mais do que<br />

só telas digitais, como elas po<strong>de</strong>m ser mais<br />

interativas? Como entregar conteúdo <strong>de</strong> forma<br />

mais relevante e interessante que apenas<br />

publicida<strong>de</strong> tradicional? Como ampliar nossas<br />

entregas para qualquer lugar, indo além<br />

dos nossos pontos físicos?<br />

É em exercícios como esse que vemos a<br />

economia criativa fazer sentido – e numa<br />

lógica que cabe para qualquer negócio.<br />

Por aqui, chegamos a um conceito que ajudou<br />

a permear todas as iniciativas: o Phygital.<br />

Na união entre o físico e o digital, paramos<br />

<strong>de</strong> falar em telas e passamos a pensar<br />

em entregas que vão além <strong>de</strong> qualquer barreira<br />

material.<br />

Isso nos fez evoluir e chegar em métricas<br />

muito mais avançadas, em conteúdo como<br />

um pilar fundamental <strong>de</strong> engajamento, entretenimento<br />

e informação da nossa audiência,<br />

em novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio, on<strong>de</strong><br />

o smartphone nas mãos <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós<br />

po<strong>de</strong> ser um canal po<strong>de</strong>roso também para<br />

o OOH, e até em como retribuir à socieda<strong>de</strong><br />

o sucesso da operação, inspirados nos conceitos<br />

trazidos pelo ESG que nos levaram a<br />

abraçar projetos que zeram nossa pegada <strong>de</strong><br />

carbono e promovem formação para quem<br />

não tinha acesso à educação profissional.<br />

E no meio <strong>de</strong> todo esse processo, ficou<br />

claro que a economia criativa traz outro<br />

elemento primordial, tão <strong>de</strong>batido na nossa<br />

indústria: a colaboração. Vimos, da porta<br />

para <strong>de</strong>ntro, que nenhum <strong>de</strong>sses projetos<br />

aconteceria sem uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong><br />

parceiros que garantem essas expertises<br />

complementares, fazendo nosso planejamento<br />

realmente sair do papel, aplicando<br />

os skills necessários ou mesmo corrigindo a<br />

rota pela experiência <strong>de</strong> quem é especialista<br />

no que faz. Vimos projetos que inicialmente<br />

pareciam não ter nada a ver com o nosso core<br />

business, que po<strong>de</strong>riam ser só <strong>de</strong>vaneios, se<br />

tornar uma realida<strong>de</strong> rentável e gerar novos<br />

produtos e serviços.<br />

Hoje, queremos ser exatamente esse parceiro<br />

<strong>de</strong> quem ainda não sabe como, mas que<br />

quer, po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve pensar em como a criativida<strong>de</strong>,<br />

a tecnologia e a inovação po<strong>de</strong>m transformar<br />

o seu negócio em algo mais efetivo,<br />

lucrativo e produtivo. E queremos continuar<br />

encontrando parceiros para que o nosso<br />

negócio também não pare <strong>de</strong> evoluir, nesse<br />

ciclo virtuoso da colaboração. Fazendo a diferença<br />

na vida das empresas e das pessoas<br />

a todo momento – especialmente a partir da<br />

hora em que cada um <strong>de</strong> nós sai <strong>de</strong> casa.<br />

“a economia criativa<br />

traz outro elemento<br />

primordial, tão<br />

<strong>de</strong>batido na<br />

nossa indústria:<br />

a colaboração”<br />

*Leonardo Chebly é CEO da NEOOH<br />

leonardo@jchebly.com.br<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 69


PROPMARK 57 ANOS<br />

Divulgação<br />

Economia criativa<br />

movimenta negócios<br />

nelcina tropardi*<br />

A<br />

comunicação sempre foi uma ativida<strong>de</strong><br />

estratégica para as marcas,<br />

com gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> movimentar<br />

os negócios – o sucesso das lives<br />

enquanto estávamos isolados <strong>de</strong>vido à<br />

pan<strong>de</strong>mia é um bom recorte do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse<br />

setor, assim como o retorno do patrocínio<br />

das marcas aos festivais <strong>de</strong> músicas que<br />

voltaram a ser realizados presencialmente<br />

neste ano. Para as marcas, a comunicação é<br />

fundamental na superação <strong>de</strong> crises e tem<br />

uma enorme potência colaborativa. Porém,<br />

o impacto causado pela Covid-19, e suas<br />

transformações em diversos setores da socieda<strong>de</strong>,<br />

mudou a rota das estratégias <strong>de</strong><br />

comunicação das marcas.<br />

Costumo dizer que as marcas sempre<br />

foram po<strong>de</strong>rosos arautos que disseminam<br />

valores e i<strong>de</strong>ias, influenciando a socieda<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, como um dos efeitos pós-pan<strong>de</strong>mia,<br />

vemos que é preciso ir além da simples<br />

influência, <strong>de</strong> forma que as marcas que<br />

queiram se manter relevantes, se conectar<br />

genuinamente com seus consumidores e<br />

manter sua reputação precisam contribuir<br />

para a construção <strong>de</strong> um mundo melhor,<br />

focando nas <strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong>, sejam<br />

elas ambientais, sociais ou culturais.<br />

A publicida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> mais ser <strong>de</strong>slocada<br />

da realida<strong>de</strong>, precisa agir com responsabilida<strong>de</strong><br />

e tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> provocar<br />

reflexões e <strong>de</strong>bates sobre temas importantes<br />

que rompam estereótipos e valores ultrapassados,<br />

como diversida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong><br />

e inclusão. Com o propósito <strong>de</strong> “mobilizar<br />

o marketing para transformar os negócios<br />

e a socieda<strong>de</strong>”, a agenda <strong>de</strong> DE&I faz parte<br />

das iniciativas da ABA. Em abril <strong>de</strong>ste<br />

ano, a ABA trouxe para o Brasil o ABA SXSW<br />

Insights <strong>2022</strong>, que refletiu sobre um dos<br />

<strong>maio</strong>res eventos <strong>de</strong> inovação e criativida<strong>de</strong><br />

do mundo e, <strong>de</strong>ntre os insights que ficam<br />

para o mercado anunciante, está justamente<br />

a importância da valorização do humano<br />

e da diversida<strong>de</strong> como caminho para a<br />

criativida<strong>de</strong> e, consequentemente, para a<br />

inovação. Assim, como estratégia para se<br />

manterem relevantes diante <strong>de</strong> um novo<br />

consumidor, as marcas buscam por inovação<br />

e soluções cada vez mais criativas. Mas,<br />

inovação é, <strong>de</strong>ntre outros motivos, resultado<br />

da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas com as quais<br />

trabalhamos. Portanto, se esperamos que<br />

as marcas sejam progressistas nesse sentido,<br />

precisamos <strong>de</strong> uma cultura diversa em<br />

toda a ca<strong>de</strong>ia, dos colaboradores da empresa<br />

às agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />

A segunda edição do estudo Oldiversity®,<br />

divulgado em 2021 pelo Grupo Croma,<br />

mostrou que 67% das pessoas entrevistadas<br />

<strong>de</strong>sejam que exista mais diversida<strong>de</strong><br />

nas marcas e nas empresas. O mesmo estudo<br />

também revelou que 72% dos LGB-<br />

TQIA+ entrevistados gostariam <strong>de</strong> ver mais<br />

propagandas com elementos <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>.<br />

Marcas mais progressistas e inclusivas<br />

ten<strong>de</strong>m a apresentar melhor performance,<br />

pois os públicos excluídos, em geral, constituem<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong>ixadas<br />

para trás por muitas marcas.<br />

Chegamos ao fim da era <strong>de</strong> uma comunicação<br />

<strong>de</strong>slocada da realida<strong>de</strong>. É preciso<br />

agir com responsabilida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong><br />

uma publicida<strong>de</strong> cada vez mais consciente,<br />

humana e engajada na busca por uma socieda<strong>de</strong><br />

mais justa, próspera e sustentável.<br />

O mercado dita as inovações, a tecnologia<br />

está em evolução todos os dias, mas<br />

a criativida<strong>de</strong> está nas pessoas. Inovação<br />

é, portanto, a ação <strong>de</strong> colocar em prática<br />

nossas i<strong>de</strong>ias criativas para impactar<br />

positivamente a socieda<strong>de</strong>. As marcas<br />

que pensam a inovação e a criativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> forma coletiva e diversa para criar um<br />

marketing inclusivo, que as conecte verda<strong>de</strong>iramente<br />

com seus públicos, estão<br />

no caminho certo para alcançar posições<br />

melhores <strong>de</strong>ntro do mercado. Portanto,<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> transformação está em nossas<br />

mãos. A escolha entre evoluir ou ficar para<br />

trás é <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós!<br />

“Chegamos ao<br />

fim da era <strong>de</strong> uma<br />

ComuniCação<br />

<strong>de</strong>sColada da<br />

realida<strong>de</strong>”<br />

* Nelcina Tropardi é presi<strong>de</strong>nte da ABA<br />

e VP e cofundadora da AKIPOSSO+<br />

presi<strong>de</strong>ncia@aba.com.br.<br />

70 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

Varejo ligado à moda inova para<br />

acompanhar evolução do consumo<br />

Nas últimas décadas, marcas como Pernambucanas, Riachuelo, Renner<br />

e C&A têm utilizado dados e inteligência artificial para aten<strong>de</strong>r novo perfil<br />

Unsplash<br />

Moda e criativida<strong>de</strong> sempre andaram juntas e varejistas se mo<strong>de</strong>rnizam para acompanhar as mudanças no perfil do consumidor, que exige mais do que estilo<br />

Neusa spaulucci<br />

Moda e criativida<strong>de</strong> sempre caminharam<br />

juntas. É só olhar para trás para<br />

enxergar o quanto a relação das duas está<br />

entrelaçada. A moda acompanha a evolução<br />

e inova a cada período, causando até<br />

frisson no consumidor. Por isso, no levantamento<br />

realizado para comemorar o aniversário<br />

dos 57 anos do PROPMARK não<br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fora o setor da moda,<br />

principalmente as marcas ligadas ao varejo,<br />

que mais que inovaram todos estes<br />

anos, movimentando fortemente a economia,<br />

sempre com criativida<strong>de</strong>.<br />

Um dos exemplos gritantes <strong>de</strong>ssa inovação<br />

são Pernambucanas, Riachuelo, C&A e<br />

Renner. Cada uma no seu quadrado, buscando<br />

ampliar a atuação para aten<strong>de</strong>r o<br />

consumidor cada vez mais exigente.<br />

A Pernambucanas, por exemplo, a<strong>de</strong>riu<br />

“ViVemos uma era <strong>de</strong><br />

transformações e o tema<br />

sustentabilida<strong>de</strong> Veio<br />

para permear toda a<br />

socieda<strong>de</strong> e transformála<br />

positiVamente”<br />

recentemente ao Movimento Sou <strong>de</strong> Algodão,<br />

criado pela Abrapa (Associação Brasileira<br />

dos Produtores <strong>de</strong> Algodão) para<br />

incentivar o uso dos tecidos <strong>de</strong> algodão.<br />

Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas,<br />

fala que a re<strong>de</strong> viu na iniciativa um trabalho<br />

sólido e concreto, que visa <strong>de</strong>spertar um<br />

<strong>de</strong>bate <strong>maio</strong>r sobre o consumo consciente<br />

em torno da moda.<br />

“O que nos chamou a atenção foi a forma<br />

como o movimento integra os principais<br />

agentes da ca<strong>de</strong>ia produtiva e consumidora<br />

<strong>de</strong> algodão do país”, reflete o executivo,<br />

acrescentando: “Nós, da Pernambucanas,<br />

priorizamos tecidos <strong>de</strong> tecelagens que fazem<br />

parte do Movimento Sou <strong>de</strong> Algodão.<br />

Por meio <strong>de</strong>ssa aproximação entre os elos<br />

da ca<strong>de</strong>ia, hoje não discutimos apenas o <strong>de</strong>sign<br />

da peça na sua etapa final, mas primeiro<br />

enten<strong>de</strong>mos também por quais processos<br />

aquele produto passou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio<br />

e colheita do algodão, tecelagem, lavan<strong>de</strong>ria<br />

e costura. A Pernambucanas preza por<br />

compromissos sociais, ambientais e econômicos<br />

e com a parceria Sou <strong>de</strong> Algodão reforçamos<br />

isso mais uma vez”.<br />

Para ele, a preocupação da socieda<strong>de</strong><br />

com o consumo consciente leva as empresas<br />

a caminharem juntas nesse projeto. Segundo<br />

Borriello, a Pernambucanas tem o<br />

propósito <strong>de</strong> evoluir com as famílias brasileiras<br />

e faz isso através <strong>de</strong> uma atuação éti-<br />

72 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Pernambucas entrou recentemente para o Movimento sou <strong>de</strong> algodão<br />

ca e responsável que busca a inclusão social<br />

em todos os nossos eixos <strong>de</strong> atuação. “Vivemos<br />

uma era <strong>de</strong> transformações e o tema<br />

sustentabilida<strong>de</strong> veio para permear toda a<br />

socieda<strong>de</strong> e transformá-la positivamente,<br />

fazendo isso acontecer conosco também.<br />

Por isso, buscamos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

que alinhem prosperida<strong>de</strong> econômica,<br />

equilíbrio social e uso consciente dos<br />

recursos ambientais em nossas iniciativas”,<br />

explica Borriello.<br />

Para ele, dois passos importantes foram<br />

dados nessa direção: além do Sou <strong>de</strong> Algodão,<br />

a empresa participa do movimento<br />

ModaComVerso, que mostra a importância<br />

<strong>de</strong> saber qual o processo <strong>de</strong> produção por<br />

trás <strong>de</strong> suas roupas. “Também temos colabs<br />

que são produzidas com estudantes <strong>de</strong><br />

moda a partir <strong>de</strong> tecidos <strong>de</strong> saldos que são<br />

ressignificados e aprimorados com técnicas<br />

<strong>de</strong> upciclyng”, comenta.<br />

Ele diz ainda que monitoram e buscam<br />

estabelecer com os fornecedores uma parceria<br />

sustentável, alinhada aos valores<br />

da companhia e às melhores práticas do<br />

mercado. Segundo ele, esse compromisso<br />

Sou <strong>de</strong> Algodão quer<br />

Divulgação<br />

reconquistar espaço<br />

Há seis anos nasceu o Movimento Sou<br />

<strong>de</strong> Algodão, por iniciativa da Abrapa,<br />

associação que representa os produtores<br />

<strong>de</strong>. A entida<strong>de</strong> percebeu que o algodão<br />

havia perdido mercado para os tecidos<br />

sintéticos e <strong>de</strong>cidiu agir.<br />

Júlio Cézar Busato, presi<strong>de</strong>nte da Abrapa,<br />

revela que os jovens são os que menos<br />

usam roupas <strong>de</strong> algodão, “uma fibra qu e é<br />

confortável e ainda sustentável”. “A marca<br />

que quiser participar do movimento<br />

tem <strong>de</strong> se comprometer a divulgar as roupas<br />

<strong>de</strong> algodão”, fala Busato.<br />

Segundo ele, as re<strong>de</strong>s que participam<br />

do movimento têm <strong>de</strong> fazer as roupas com<br />

70% <strong>de</strong> algodão. “A ca<strong>de</strong>ia começa com o<br />

agricultor”. A i<strong>de</strong>ia, segundo o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Abrapa, é incentivar os lojistas a trazer<br />

as roupas dos fundos das lojas para as vitrines.<br />

Até agora compõem o projeto mais<br />

<strong>de</strong> 900 marcas, e Busato fala que quer<br />

Júlio Cézar Busato: comprometimento<br />

chegar até o fim do ano com 1.200 marcas.<br />

Hoje, os estilistas estão engajados ao<br />

movimento, que foi lançado em 2006, na<br />

SP Fashion Week. “Eles ajudam muito a<br />

reverberar o movimento”. Entre os varejistas<br />

que já a<strong>de</strong>riram ao movimento estão<br />

Pernambucanas e Renner, além <strong>de</strong> empresas<br />

como a Vicunha.<br />

A Abrapa acredita na união da ca<strong>de</strong>ia produtiva<br />

para transformar a moda brasileira,<br />

tornando-a mais responsável e incentivando<br />

o consumo consciente. A matéria-prima,<br />

segundo a associação, é acompanhada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio, com análises sobre o uso<br />

controlado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos, consumo atento<br />

<strong>de</strong> água, respeito ao trabalhador e saú<strong>de</strong><br />

econômica dos envolvidos.<br />

Ns<br />

Sergio Borriello: propósito é evoluir cada vez mais<br />

também norteia os contratos, que contemplam<br />

cláusulas relacionadas aos direitos<br />

humanos como repúdio ao trabalho escravo<br />

e infantil, por exemplo, e cláusulas socioambientais.<br />

“Isso faz com que 100% das<br />

relações estabelecidas com nossos fornecedores<br />

<strong>de</strong> produtos e serviços estejam submetidas<br />

a contratos <strong>de</strong>sse perfil”, conta o<br />

executivo.<br />

Ele <strong>de</strong>staca ainda a busca por estabelecer<br />

relações com a socieda<strong>de</strong> a fim <strong>de</strong> contribuir<br />

na construção <strong>de</strong> boas práticas coletivas<br />

do setor. “Somos associados à ABVTEX,<br />

que zela pelo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

do varejo têxtil e coor<strong>de</strong>na o programa<br />

<strong>de</strong> certificação para um mercado formal e<br />

ético; também somos associados ao IDV e<br />

à Fecomércio, nas quais participamos das<br />

plenárias executivas e discussões políticas.<br />

Atuamos ainda no InPacto (Instituto do<br />

Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho<br />

Escravo), com o objetivo <strong>de</strong> fortalecer<br />

e ampliar as ações realizadas em prol <strong>de</strong>ssa<br />

causa”, enumera.<br />

Borriello fala ainda da manutenção da<br />

boa comunicação com o cliente. Ele afirma<br />

que, antes <strong>de</strong> mais nada, é preciso conhecê-<br />

-lo em profundida<strong>de</strong>. “Somos uma marca<br />

<strong>de</strong> 114 anos e uma das conquistas que mais<br />

nos orgulhamos é o forte relacionamento<br />

que estabelecemos com nossos clientes<br />

ao longo <strong>de</strong>ssa jornada. Essa relação próxima<br />

nos possibilitou enten<strong>de</strong>r as preferências,<br />

<strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s, além da forma<br />

como preferem se conectar conosco. Tudo<br />

isso contribui com a nossa comunicação”,<br />

<strong>de</strong>clara.<br />

Para ele, outro ponto importante é a comunicação<br />

feita diretamente nas cerca <strong>de</strong><br />

470 lojas da re<strong>de</strong>. “Nossos colaboradores<br />

têm o mesmo perfil dos clientes, ou seja,<br />

pertencem à mesma classe social, enten<strong>de</strong>m<br />

suas necessida<strong>de</strong>s e sabem como atendê-las.<br />

Somos vistos como uma extensão<br />

da família, como a casa do cliente. Isso tudo<br />

reflete em uma comunicação clara, direta e<br />

realmente efetiva”, afirma.<br />

Ele lembra também que as re<strong>de</strong>s sociais<br />

mudaram completamente a forma como<br />

se trabalha a comunicação, que representa<br />

uma quebra <strong>de</strong> paradigma que os <strong>de</strong>safia<br />

diariamente. “Novos canais surgiram e<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 73


propmark 57 anos<br />

Divulgação<br />

Campanha da coleção <strong>de</strong> outono/inverno da Casas Pernambucanas, marca com 114 anos <strong>de</strong> tradição que busca, agora, se conectar ainda mais com o consumidor<br />

com eles novos comunicadores e uma nova<br />

forma <strong>de</strong> comunicar, cada vez mais próxima.<br />

A mídia tradicional foi ressignificada e,<br />

para fazer sentido no mundo atual, a marca<br />

precisa estar ligada a outras plataformas<br />

digitais <strong>de</strong> comunicação e experiências<br />

físicas, já que estamos conectados o tempo<br />

inteiro”, diz. Segundo ele, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />

realida<strong>de</strong>, o foco é integrar todos os canais,<br />

físicos e digitais, e fortalecer a autonomia<br />

do cliente quando opta pela melhor jornada<br />

<strong>de</strong> compra.<br />

O CEO da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> varejo acredita que a<br />

comunicação tem sido ainda mais importante<br />

do que antes. “Num mundo on<strong>de</strong> as<br />

pessoas buscam cada vez mais por i<strong>de</strong>ntificação,<br />

seja com marcas ou causas, é fundamental<br />

criar essa ponte e contar a história<br />

<strong>de</strong> forma genuína. Atuar com respeito com<br />

cada família brasileira, por meio do apoio e<br />

da proximida<strong>de</strong>, é o que origina a memória<br />

afetiva que os clientes mantêm com a<br />

marca. Todo mundo tem uma história com<br />

a Pernambucanas”, fala. Para ele, isso só<br />

é possível por meio <strong>de</strong> uma comunicação<br />

próxima.<br />

“Sobre os programas <strong>de</strong> mídia, temos diversificado<br />

nossa re<strong>de</strong> e passamos a investir<br />

mais nos canais próprios da Pernambucanas<br />

e temos focado bastante em estratégias<br />

digitais, em especial com influenciadores,<br />

que conseguem transmitir nossa mensagem,<br />

engajar nossa audiência e ainda trazer<br />

novos clientes para a marca”, conta, lembrando<br />

ainda que a garota-propaganda da<br />

Pernambucanas, a atriz Paolla Oliveira, tem<br />

um papel importante na comunicação com<br />

as clientes, já que traz uma forte i<strong>de</strong>ntificação,<br />

representando a autenticida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>terminação,<br />

feminilida<strong>de</strong> e versatilida<strong>de</strong> da<br />

mulher brasileira.<br />

“somos uma marca<br />

omnichannel,<br />

que possibilita ao<br />

cliente a autonomia<br />

para escolher qual<br />

canal prefere”<br />

Borriello fala que o mundo está mudando,<br />

e também a forma <strong>de</strong> se comunicar. Para<br />

ele, a publicida<strong>de</strong> está mais humanizada,<br />

ouvindo mais as pessoas. “Antes a comunicação<br />

era muito unilateral, com a empresa<br />

informando sua oferta, enquanto o cliente<br />

assistia passivamente, sem uma troca<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Com a ampliação dos canais,<br />

em especial as re<strong>de</strong>s sociais, foi possível<br />

estabelecer uma conversa <strong>de</strong> igual para<br />

igual, cuja marca divi<strong>de</strong> seu serviço e posicionamento,<br />

enquanto o cliente ganha voz<br />

e respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira instantânea e honesta”,<br />

relata.<br />

Ele diz ainda que, se usado <strong>de</strong> forma<br />

consciente e estratégica, esse feedback<br />

aprimora muito a conexão com o cliente.<br />

“Com tantos estímulos vindo <strong>de</strong> todos os<br />

lados, vai se <strong>de</strong>stacar quem souber usar as<br />

ferramentas <strong>de</strong> forma próxima, criativa e<br />

ágil, visto que as mídias digitais imprimiram<br />

um ritmo cada vez mais veloz na comunicação”.<br />

Borriello afirma que a mudança no perfil<br />

do consumidor passa por uma pessoa atenta<br />

e disposta a conhecer o processo produtivo<br />

e a forma <strong>de</strong> atuação das marcas. “Há hoje<br />

<strong>maio</strong>r facilida<strong>de</strong> para o cliente pesquisar<br />

sobre o tema, o que contribui para o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> cada um. É bastante positivo<br />

essa mudança <strong>de</strong> postura, pois contribui<br />

com a valorização <strong>de</strong> marcas responsáveis<br />

social e ambientalmente”.<br />

Borriello fala que a Pernambucanas<br />

tem um forte compromisso com a origem<br />

<strong>de</strong> seus produtos, especialmente no que<br />

se refere ao setor têxtil. “Possuímos 100%<br />

<strong>de</strong> toda a ca<strong>de</strong>ia têxtil certificada, incluindo<br />

fornecedores e subcontratados, o que<br />

possibilita atuarmos <strong>de</strong> forma sustentável<br />

aplicando as melhores práticas sociais<br />

e ambientais”, afirma o executivo, acrescentando:<br />

“A nossa trajetória <strong>de</strong> 114<br />

anos no país também fortalece a relação<br />

<strong>de</strong> confiança que estabelecemos com<br />

o consumidor. Temos buscado conscientizá-lo<br />

sobre a importância em escolher<br />

marcas responsáveis, privilegiar o comércio<br />

legal, <strong>de</strong>stacando os ganhos para a socieda<strong>de</strong>,<br />

principalmente sobre a geração <strong>de</strong><br />

emprego e renda”.<br />

Esse acompanhamento na trajetória <strong>de</strong><br />

compra do consumidor, observados todos<br />

estes anos, também passa pela onda do digital.<br />

Ele fala que a empresa aposta na estratégia<br />

Figital, que integra os canais físicos e<br />

digitais. “Somos uma marca omnichannel,<br />

que possibilita ao cliente a autonomia para<br />

escolher qual canal prefere se conectar conosco.<br />

Muitas vezes, ele po<strong>de</strong> iniciar a sua<br />

jornada <strong>de</strong> compra por um canal e finalizar<br />

por outro. É ele quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>”, conta.<br />

Ele afirma ainda que hoje são quase 470<br />

lojas espalhadas pelo Brasil, que servem<br />

como um hub <strong>de</strong> experiência, <strong>de</strong> entrega<br />

<strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong> acesso ao crédito e realização<br />

dos mais diversos serviços financeiros,<br />

suprindo as necessida<strong>de</strong>s das famílias.<br />

“No ano passado, a Pernambucanas abriu<br />

56 lojas no país e este ano a previsão é ultrapassar<br />

essa marca, reforçando o objetivo<br />

74 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Marcello Barbusci<br />

Para toda boa criação<br />

há uma referência.<br />

We transforme your dream<br />

Na<br />

em<br />

sua<br />

in realida<strong>de</strong> a reality<br />

impressão<br />

on no paper. papel.<br />

também.<br />

Nós transformamos seu sonho<br />

Nós We transformamos transforme your seu dream sonho<br />

em in realida<strong>de</strong> a reality on no paper. papel.<br />

“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />

são nossas are our priorida<strong>de</strong>s priorities para for the a melhor best <strong>de</strong>livery.” entrega.”<br />

Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />

“The “A qualida<strong>de</strong> quality do of paper papel e and o processo the printing <strong>de</strong> impressão process<br />

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Tiago Ferrentini - Executive Diretor executivo director<br />

Targeted Revistas Newspapers Jornais e Didatic Livros Catalogs Catálogos and e Paper Papel<br />

segmentadas magazines Tablói<strong>de</strong>s Tabloids Didáticos books yearbooks anuários recycled reciclado<br />

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in a reality on paper.<br />

Newspapers<br />

For Para For more <strong>maio</strong>res more information, informações call call us ligue us on on +55 para +55 11 11 2065 0766<br />

ou envie or drop um or us drop e-mail an us email para an email orcamento@referenciagrafica.com.br<br />

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propmark 57 anos<br />

Elio Silva: investimento em tecnologia<br />

Divulgação<br />

riachuelo está na<br />

vanguarda, diz estilista<br />

Divulgação<br />

<strong>de</strong> estar cada vez mais próximo <strong>de</strong> nossos<br />

clientes. Além das lojas, o cliente po<strong>de</strong> adquirir<br />

os produtos por meio do aplicativo,<br />

site, WhatsApp e pelos reven<strong>de</strong>dores Pernambucanas”,<br />

conclui.<br />

Renato Kherlakian: moda teve explosão <strong>de</strong> marcas<br />

história do jeans no Brasil se mistura<br />

à trajetória <strong>de</strong> Renato Kherlakian,<br />

A<br />

fundador da Zoomp e da RK Denim. Hoje,<br />

a convite da Riachuelo, ele assina a coleção<br />

da linha Pool Premium da re<strong>de</strong>.<br />

Segundo Kherlakian, a nova coleção da<br />

Riachuelo tem como objetivo propor ao<br />

consumidor peças atemporais com proporções<br />

renovadas, com mo<strong>de</strong>lagens aprimoradas.<br />

A i<strong>de</strong>ia é dar à silhueta um “toque<br />

<strong>de</strong> atualida<strong>de</strong>, o esmero da vestibilida<strong>de</strong>,<br />

seleção <strong>de</strong> matérias-primas, as construções<br />

das peças, acabamentos internos e<br />

beneficiamentos das peças da coleção são<br />

garantias <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong> fato premium,<br />

procurei assegurar em todos os processos a<br />

sustentabilida<strong>de</strong>”. Ele conta que na década<br />

<strong>de</strong> 1980/1990 a moda teve uma explosão <strong>de</strong><br />

marcas e estilos no mercado nacional, propondo<br />

ao consumidor brasileiro um leque<br />

muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções para seus closets,<br />

aprimorando a cada momento o bom gosto.<br />

“Graças à evolução da indústria têxtil<br />

toda a ca<strong>de</strong>ia se projetou e se alinhou aos<br />

gran<strong>de</strong>s mercados do país. E o resultado é<br />

que o nosso cliente está sendo o gran<strong>de</strong> beneficiado.<br />

A Riachuelo está na vanguarda”,<br />

acredita.<br />

Kherlakian afirma que, nos dias <strong>de</strong> hoje,<br />

a tecnologia avançada permite projeções<br />

quase que ilimitadas para a criação, que<br />

possam “aten<strong>de</strong>r à evolução do consumidor<br />

em busca da qualida<strong>de</strong> criativa”. “Tanto no<br />

passado como no futuro a criação e a inovação<br />

estarão sempre presentes, fator essencial<br />

para equipes <strong>de</strong> estilo enfrentarem esses<br />

<strong>de</strong>safios nos dão a chancela premium”.<br />

Ele acredita que toda ca<strong>de</strong>ia têxtil está<br />

voltada para a preservação do meio ambiente,<br />

pois ações coletivas se fazem necessárias.<br />

“Estamos caminhando a passos firmes<br />

para a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o plantio<br />

do algodão até processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbotes em lavan<strong>de</strong>ria,<br />

uma missão a ser perseguida nesta<br />

década”.<br />

Ns<br />

InstItuto<br />

Elio Silva, diretor-executivo <strong>de</strong> canais<br />

e marketing da Riachuelo, também fala<br />

como a marca acompanha a evolução<br />

do consumidor nestes anos todos. Para<br />

ele, por exemplo, sustentabilida<strong>de</strong>, trabalho<br />

que a gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria das empresas se<br />

empenha hoje para estar em linha com o<br />

perfil do cliente, faz parte da estratégia da<br />

Riachuelo há bastante tempo. “Mantemos,<br />

no Nor<strong>de</strong>ste, o <strong>maio</strong>r parque fabril da América<br />

Latina, e a nossa preocupação é evoluir<br />

sempre para investir em tecnologia, inovação,<br />

pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, visando<br />

mitigar impactos sociais e ambientais da<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fornecimento”, comenta.<br />

Segundo ele, este ano, a empresa lançou<br />

“uma iniciativa inédita no Brasil”: o<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Tecnológicas (IPT),<br />

cujo objetivo é diminuir o uso <strong>de</strong> matérias-<br />

-primas virgens e levar a companhia a um<br />

outro patamar, <strong>de</strong> escalar a reciclagem têxtil<br />

em circuito fechado. “Quanto aos processos<br />

mais sustentáveis, nossas fábricas<br />

em Natal e Fortaleza produzem orientadas<br />

pela inovação e sustentabilida<strong>de</strong> nos processos.<br />

Concretamente, já atingimos sustentabilida<strong>de</strong><br />

em 100% <strong>de</strong> toda a produção<br />

da fábrica <strong>de</strong> Fortaleza, on<strong>de</strong> concentramos<br />

a produção <strong>de</strong> jeans – peça que mais impacta<br />

o meio ambiente. Esse jeans é produzido<br />

com fibras têxteis certificadas, energia<br />

100% renovável e com uma redução <strong>de</strong> até<br />

85% na utilização <strong>de</strong> químicos, consumindo<br />

até 90% menos <strong>de</strong> água em relação aos<br />

processos convencionais. Esses são alguns<br />

exemplos práticos, mas estamos sempre<br />

em evolução e acreditamos que no caminho<br />

certo”, diz.<br />

As mudanças nas últimas décadas foram<br />

muito radicais e para o setor varejista<br />

não foi diferente. Pelo contrário. E Silva<br />

diz acreditar que não somente a Riachuelo,<br />

mas o varejo como um todo, correu atrás da<br />

omnicanalida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r o consumidor.<br />

“De um lado tínhamos o consumidor<br />

se acostumando com esse novo formato<br />

<strong>de</strong> compra, do outro tínhamos o aprimoramento<br />

dos canais digitais. Agora, cada vez<br />

mais o consumidor ditará o modo e com<br />

quem ele <strong>de</strong>seja se relacionar”. Para Silva,<br />

ele buscará marcas que possuem estratégias<br />

<strong>de</strong> negócio impulsionadas pela inovação<br />

e pela transparência. “Vão buscar a<br />

melhor e mais ágil experiência <strong>de</strong> compra,<br />

optarão por marcas que gerem representativida<strong>de</strong><br />

e tenham um compromisso sociocultural<br />

com produtos mais sustentáveis.<br />

No caso da Riachuelo, mantemos um painel<br />

direto com as nossas clientes e entregamos<br />

o que elas <strong>de</strong>sejam, além <strong>de</strong> contar<br />

com um amplo portfólio <strong>de</strong> produtos com<br />

lojas como ponto <strong>de</strong> contato e espaço para<br />

interações reais e os canais digitais que entregam<br />

comodida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> que todo<br />

mundo quer para o dia a dia”.<br />

Ele comenta ainda sobre as principais<br />

adaptações que a Riachuelo teve <strong>de</strong> fazer<br />

para se manter ativa no setor, como virar<br />

a chavinha e adotar apostar no digital. “A<br />

Riachuelo é uma companhia sólida, com 75<br />

anos <strong>de</strong> história e uma referência da moda<br />

no varejo brasileiro. A proximida<strong>de</strong> e o contato<br />

direto com a nossa consumidora nos<br />

<strong>de</strong>u um ganho para enten<strong>de</strong>r rapidamente<br />

as mudanças e esse novo perfil <strong>de</strong> compra.<br />

Também passamos por um processo <strong>de</strong> aceleração<br />

da transformação digital, impulsionado<br />

pela pan<strong>de</strong>mia, e conseguimos aten<strong>de</strong>r<br />

nossos clientes e oferecer uma jornada<br />

<strong>de</strong> compra online e física <strong>de</strong> excelência.<br />

Seguimos aprimorando, continuamente,<br />

nossa estratégia omnichannel. Hoje, oferecemos,<br />

através do nosso marketplace, um<br />

portfólio enorme <strong>de</strong> produtos, <strong>de</strong> diversos<br />

segmentos e lifestyles, que façam sentido<br />

para a jornada do nosso consumidor”.<br />

Nesse contexto todo, Silva avalia a comunicação<br />

<strong>de</strong> hoje do segmento em relação ao<br />

passado como uma vantagem po<strong>de</strong>rosa. Segundo<br />

ele, a tecnologia mudou a forma <strong>de</strong><br />

se relacionar com o público. Agora, ele dita<br />

as regras <strong>de</strong> como e por on<strong>de</strong> <strong>de</strong>seja se co-<br />

76 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


municar. Na Riachuelo, buscamos aten<strong>de</strong>r<br />

esses diferentes perfis e estamos alinhados<br />

com o futuro, além <strong>de</strong> ter o cliente no centro<br />

do negócio, trabalhamos para <strong>de</strong>senvolver<br />

um negócio cada vez mais interativo e<br />

com alta proposta <strong>de</strong> valor. Investimos em<br />

muitas tecnologias disponíveis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

processo produtivo até as lojas e canais <strong>de</strong><br />

relacionamento. Hoje, 80% do nosso investimento<br />

é em mídias digitais, temos fluxo e<br />

todo pensamento <strong>de</strong> branding voltado para<br />

o digital. Queremos dialogar com o nosso<br />

público por meio do entretenimento, <strong>de</strong><br />

maneira próxima e original, então estamos<br />

em todos os canais que eles estiverem, físicos<br />

ou online”, <strong>de</strong>clara.<br />

estIlIsta<br />

A Riachuelo <strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> passo este<br />

ano com a contratação do estilista Renato<br />

Kherlakian. Ele assina a criação da coleção<br />

Pool Premium. O executivo fala que o objetivo<br />

da marca é sempre buscar gran<strong>de</strong>s<br />

nomes da moda para prestigiar os clientes<br />

como uma curadoria sem igual, como fizeram<br />

recentemente com Moschino. “Somos<br />

admiradores do trabalho do Renato<br />

Kherlakian e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano passado temos<br />

conversado sobre oportunida<strong>de</strong>s na Riachuelo.<br />

O nosso jeans é um produto premium,<br />

temos uma operação <strong>de</strong>dicada a<br />

Cena <strong>de</strong> campanha da Riachuelo, que procura manter canal <strong>de</strong> diálogo aberto com consumidores<br />

“queremos dialogar<br />

com o nosso público por<br />

meio do entretenimento,<br />

<strong>de</strong> maneira próxima<br />

e original”<br />

Divulgação<br />

ele, em Fortaleza. Implementamos melhorias<br />

que hoje nos permitem entregar<br />

o melhor jeans do mercado, com uma qualida<strong>de</strong><br />

equiparada a marcas internacionais, a<br />

assinatura com o Renato Kherlakian chega<br />

para estrear esse novo momento do nosso<br />

produto, somos uma referência”, compara.<br />

Em relação à coleção <strong>de</strong>ste ano, Silva fala<br />

º<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 77


propmark 57 anos<br />

Fotos: Divulgação<br />

Mariana Moraes, da C&A: moda mais pessoal<br />

que buscam apresentar produtos em que<br />

as pessoas se vejam neles. “Queremos gerar<br />

<strong>de</strong>sejo e conexão com o consumidor <strong>de</strong><br />

todas ida<strong>de</strong>s, gêneros e classes sociais que<br />

buscam representativida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um produto com valor agregado. Sabemos<br />

o quanto o Renato Kherlakian marcou gerações,<br />

há esse ‘q’ <strong>de</strong> nostalgia, mas há a<br />

vanguarda <strong>de</strong> uma empresa que busca fazer<br />

um jeans que tenha o foco em vestibilida<strong>de</strong><br />

e qualida<strong>de</strong> e também tenha características<br />

sustentáveis”.<br />

Ele adianta que a empresa ouve as<br />

clientes para a criação da coleção, que há<br />

uma comunida<strong>de</strong> com inúmeras clientes<br />

para ouvir, antes <strong>de</strong> tudo, sobre as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>las. “A partir <strong>de</strong>sse diálogo<br />

e com a ajuda <strong>de</strong> um time multidisciplinar<br />

<strong>de</strong> diferentes frentes da companhia,<br />

conseguimos <strong>de</strong>senvolver novas<br />

coleções com peças exclusivas e versáteis,<br />

abrangendo diferentes categorias, para<br />

os mais diversos corpos e moods. O nosso<br />

objetivo é sempre gerar <strong>de</strong>sejo com um<br />

portfólio completo e produtos <strong>de</strong> excelente<br />

qualida<strong>de</strong> exibidos por meio <strong>de</strong> uma comunicação<br />

360º e integrada”, explica Silva.<br />

Já Mariana Moraes, head <strong>de</strong> marketing<br />

da C&A, afirma que a marca vê a moda<br />

como uma plataforma <strong>de</strong> expressão das<br />

pessoas para o mundo. “Uma plataforma<br />

diversa, divertida, colorida, alegre e ousada.<br />

Por isso buscamos estar cada vez mais<br />

conectados com os hábitos <strong>de</strong> consumo da<br />

mulher brasileira, oferecendo produtos que<br />

vão além da moda, com especial atenção<br />

para qualida<strong>de</strong>, atributos sustentáveis e informação.<br />

Passamos a adotar um conceito<br />

mais seasonless, com a construção <strong>de</strong> uma<br />

plataforma que traga novida<strong>de</strong>s constantes,<br />

que se conecte e reaja às aspirações das<br />

brasileiras”. Ainda segundo ela, criaram<br />

um squad que passou a oferecer coleções<br />

cápsulas a cada 15 dias também nas lojas<br />

físicas. “Também passamos a oferecer uma<br />

moda mais pessoal e customizada, visto<br />

que o volume <strong>de</strong> peças das coleções cápsulas<br />

é menor do que as coleções tradicionais<br />

Campanha animais, da C&A, que também tem no seu portfólio linha plus size: diversida<strong>de</strong><br />

do varejo, conferindo, portanto, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

e diferenciação junto à cliente”, relata.<br />

Para ela, inovar em cada coleção para<br />

ficar em evidência se reflete no trabalho<br />

<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>senvolvem junto à<br />

consumidora. “Na C&A, contamos com um<br />

grupo <strong>de</strong> clientes especiais e convidadas<br />

que nos auxiliam a enten<strong>de</strong>r com profundida<strong>de</strong><br />

a percepção e expectativa do público<br />

para as coleções, além <strong>de</strong> termos social listening<br />

como priorida<strong>de</strong>. Esses insights são<br />

somados a toda pesquisa dos times que elaboram<br />

cada coleção”, conta.<br />

Sobre a sustentabilida<strong>de</strong> e a preservação<br />

do meio ambiente, Mariana fala que elas<br />

precisam ser incorporadas aos valores das<br />

empresas, porque é imprescindível que<br />

toda a ca<strong>de</strong>ia seja repensada e os processos<br />

revisitados para trazer coerência <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong><br />

e, claro, nessa relação com o consumidor,<br />

cada dia mais consciente. “Enten<strong>de</strong>mos<br />

que o consumidor continua procurando<br />

por marcas que tragam o melhor da moda<br />

e <strong>de</strong> estilo, mas que também se interessam<br />

pelos impactos do processo, como cada<br />

empresa atua para diminuir esses impactos<br />

ao meio ambiente a curto, médio e longo<br />

prazos. Essa <strong>de</strong>manda por uma moda ainda<br />

mais pessoal, com dimensão <strong>de</strong> consciência,<br />

sustentabilida<strong>de</strong> e responsabilida<strong>de</strong><br />

social será cada vez <strong>maio</strong>r e, portanto, as<br />

ações em ESG na C&A ganharam um novo<br />

patamar, com a adoção <strong>de</strong> medidas que influenciam<br />

da escolha <strong>de</strong> parceiros e fornecedores<br />

ao <strong>de</strong>senho e confecção <strong>de</strong> produtos”,<br />

argumenta.<br />

A C&A lançou recentemente uma linha<br />

plus size e Mariana <strong>de</strong>clara o orgulho que<br />

sentem em ser uma marca que olha para<br />

a diversida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> o assunto ganhar<br />

a abrangência <strong>de</strong> hoje e isso os faz buscar<br />

evoluir cada vez mais. “Temos uma equipe<br />

multidisciplinar <strong>de</strong>dicada à plataforma<br />

Mais Tamanhos e contamos com estilistas,<br />

gerentes <strong>de</strong> produtos e mo<strong>de</strong>listas, entre<br />

outros profissionais <strong>de</strong> diversas áreas da<br />

companhia, que se <strong>de</strong>dicam a enten<strong>de</strong>r melhor<br />

o mercado, acompanhando as vendas<br />

e pesquisas”. Ela fala ainda que, a partir<br />

<strong>de</strong> inteligência artificial e do uso <strong>de</strong> dados,<br />

acompanham os <strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s dos<br />

clientes, a fim <strong>de</strong> oferecer a moda que eles<br />

querem, sempre valorizando a diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> estilos e corpos, que também é refletida<br />

nas frentes <strong>de</strong> comunicação”, revela.<br />

Para ela, a comunicação do varejo evoluiu<br />

muito e, por sorte, a do setor está mais<br />

diversificada e inclusiva, buscando construir<br />

uma imagem <strong>de</strong> autoestima e autoconfiança,<br />

que é on<strong>de</strong> a moda po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />

atuar. “A nossa comunicação vai ao encontro<br />

do seja você mesmo, à personificação do<br />

nosso conceito Muito Eu. Trabalhamos para<br />

ajudar na <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> diferentes estilos,<br />

possibilida<strong>de</strong>s na moda para todas as ocasiões<br />

e, principalmente, como se sentir bem.<br />

Essa aceitação e o orgulho <strong>de</strong> ser você mesmo<br />

são um passo muito importante rumo a<br />

uma socieda<strong>de</strong> mais <strong>de</strong>mocrática”, finaliza.<br />

Vonta<strong>de</strong> VIVer<br />

Fernanda Feijó, diretora <strong>de</strong> estilo da Lojas<br />

Renner, conta que a proposta da coleção<br />

outono/inverno da marca reflete a necessi-<br />

78 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Maria Cristina Merçon: consumidor mais consciente<br />

Campanha da Lojas Renner: coleções segmentadas, com muita força no estilo<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> se olhar para tudo o que foi vivido<br />

nestes últimos tempos. Segundo ela, nunca<br />

se teve tanta vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver coisas que<br />

tragam bem-estar e expressem as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

“Trouxemos uma coleção cheia <strong>de</strong><br />

texturas, tricôs, tweeds e mistura <strong>de</strong> fios,<br />

além das alfaiatarias, que voltam com muita<br />

força. Em cores, os marrons e os neutros<br />

se misturam com os tons vibrantes que já<br />

antecipam um verão muito colorido”, diz.<br />

Fernanda fala ainda da gran<strong>de</strong> mudança<br />

da moda em relação ao passado. Para ela,<br />

hoje as tendências po<strong>de</strong>m surgir <strong>de</strong> vários<br />

lados e não são necessariamente ditadas<br />

por gran<strong>de</strong>s estilistas. “Além disso, com<br />

a forte presença das re<strong>de</strong>s sociais, a informação<br />

está cada vez mais acessível para todos.<br />

Mais conectado e informado, o cliente<br />

não quer esperar para usar o que está vendo.<br />

Por outro lado, ele está cada vez mais<br />

consciente e exigindo que as marcas entreguem<br />

mais do que peças. Entreguem valor<br />

e propósito”.<br />

Segundo Fernanda, moda é um conjunto<br />

<strong>de</strong> várias referências e não somente das tendências<br />

surgidas nos <strong>de</strong>sfiles ou nas marcas<br />

consagradas, já que a criação po<strong>de</strong> vir<br />

através da arte, da natureza ou <strong>de</strong> qualquer<br />

sinal que inspire. “Na Renner, trabalhamos<br />

segmentando nossas coleções por lifestyle.<br />

E, mesmo tendo um time constantemente<br />

capturando e traduzindo as principais tendências<br />

nacionais e do mundo para nossos<br />

produtos, trabalhamos muito o autoral nas<br />

nossas coleções. Trazemos renovação, mas<br />

com muita força <strong>de</strong> estilo, gerando valor<br />

aos nossos clientes”.<br />

Para ela, o consumidor espera cada vez<br />

mais que as marcas se posicionem <strong>de</strong> forma<br />

consciente. “In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente disso, a<br />

Renner tem a sustentabilida<strong>de</strong> como um<br />

valor. Nesse sentido, temos uma estratégia<br />

<strong>de</strong> moda responsável que norteia não só a<br />

criação dos nossos produtos, mas todos os<br />

processos e ações”.<br />

Segundo Fernanda, a marca busca evoluir<br />

cada vez mais no tema <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>,<br />

tanto que a Renner criou um hub <strong>de</strong><br />

“buscamos estar cada<br />

Vez mais conectados com<br />

os hábitos <strong>de</strong> consumo<br />

da mulher brasileira”<br />

moda digital, que tem como um dos objetivos<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos através<br />

da tecnologia 3D. “Desta forma, reduzimos<br />

<strong>de</strong>sperdícios em várias frentes, como produção<br />

e logística, e trazemos soluções mais<br />

sustentáveis para toda a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fornecimento”,<br />

avalia.<br />

Já Maria Cristina Merçon, diretora <strong>de</strong> marketing<br />

corporativo da Lojas Renner, analisa<br />

o comportamento do consumidor nas<br />

últimas décadas. Para ela, ele já vinha em<br />

constante transformação ao longo dos últimos<br />

anos, e com a pan<strong>de</strong>mia houve uma<br />

disrupção nos hábitos <strong>de</strong> compras, tornando<br />

o cliente muito mais conectado e digitalizado,<br />

com uma jornada fragmentada,<br />

não linear, que passa por diversos canais<br />

(físicos e digitais). “Também percebemos<br />

que hoje o consumidor está mais consciente.<br />

Atento não somente ao que as marcas<br />

comunicam, mas principalmente ao seu<br />

propósito, credibilida<strong>de</strong> e transparência.<br />

Cada vez mais, as pessoas querem se relacionar<br />

com marcas que possuem um propósito<br />

claro, verda<strong>de</strong>iro, coerente com as suas<br />

práticas e atitu<strong>de</strong>s”.<br />

Maria Cristina conta que a Renner sempre<br />

esteve atenta às mudanças dos hábitos<br />

<strong>de</strong> consumo, colocando o cliente no centro<br />

das <strong>de</strong>cisões e mantendo uma relação próxima<br />

e humanizada. “Atualmente, fazemos<br />

isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> moda e lifestyle<br />

omnichannel, usando a tecnologia<br />

a favor da entrega <strong>de</strong> uma experiência <strong>de</strong><br />

marca integrada, consistente, inspiradora e<br />

surpreen<strong>de</strong>nte, que encante o cliente. Buscamos<br />

inovar com humanização, preservando<br />

a conexão emocional e levando em<br />

conta a cumplicida<strong>de</strong> que é a essência da<br />

nossa marca”.<br />

Para ela, o mais importante é perceber<br />

que os consumidores reconhecem tudo<br />

isso. “Um dos termômetros interessantes,<br />

além do nosso Encantômetro, são os indicadores<br />

e rankings em que estamos presentes,<br />

como a pesquisa Ebit, em que a Renner<br />

se mantém há cinco trimestres consecutivos<br />

na primeira posição em Top of Mind<br />

em canais digitais, refletindo o reconhecimento<br />

dos clientes à nossa marca. Outro<br />

exemplo é o prêmio O Melhor <strong>de</strong> São Paulo,<br />

da Folha <strong>de</strong> S.Paulo, em que a Renner li<strong>de</strong>ra<br />

novamente este ano a categoria <strong>de</strong> Melhor<br />

Loja <strong>de</strong> Departamentos”.<br />

Sobre a comunicação, o consumidor,<br />

para ela, busca se relacionar com marcas<br />

que têm propósitos claros e verda<strong>de</strong>iros,<br />

que são transparentes e coerentes em suas<br />

práticas e atitu<strong>de</strong>s. “E a comunicação,<br />

para conectar e engajar, precisa refletir a<br />

essência e verda<strong>de</strong> das marcas”, dispara,<br />

acrescentando: “A Renner sempre teve a<br />

cumplicida<strong>de</strong> como base da relação com os<br />

clientes. Somos uma marca <strong>de</strong>mocrática,<br />

que oferece moda <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que inspira<br />

diferentes estilos, tendo a diversida<strong>de</strong> sempre<br />

presente na nossa comunicação e campanhas.<br />

Nos últimos anos, também avançamos<br />

na comunicação sobre a estratégia<br />

<strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, que envolve compromissos<br />

e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos e<br />

serviços <strong>de</strong> menor impacto socioambiental<br />

que, hoje, já é referência no setor. Buscamos<br />

com isso conscientizar e engajar ainda<br />

mais nossos clientes”.<br />

Ela acrescenta ainda que a Renner acompanha<br />

a transformação do consumidor, que<br />

possui uma jornada não linear, cada vez<br />

mais fragmentada, amplia a presença em<br />

canais digitais, para que estejam presentes<br />

com a Renner on<strong>de</strong> o cliente está, através<br />

<strong>de</strong> conteúdo interessante e inspirador em<br />

moda e lifestyle. “Também usamos dados<br />

para conhecer melhor nossos clientes, <strong>de</strong><br />

forma que possamos entregar produtos,<br />

conteúdos e informações relevantes e <strong>de</strong><br />

valor, personalizados <strong>de</strong> acordo com o perfil<br />

<strong>de</strong> cada consumidor”.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 79


PROPMARK 57 ANOS<br />

Renato Parada/Divulgação<br />

Criativida<strong>de</strong><br />

distribuída<br />

marcio oliveira*<br />

Muito se falou na pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> como<br />

seriam as coisas, o trabalho<br />

e as relações <strong>de</strong>pois que tudo<br />

acabasse. Muito se especulou,<br />

mas agora chegou a hora do test and learn.<br />

Chegou a hora <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r se, <strong>de</strong> fato, você<br />

precisa <strong>de</strong> um escritório, quando precisa e,<br />

principalmente, para que precisa.<br />

Com um celular na mão, um tablete talvez,<br />

o trabalho sempre te perseguiu on<strong>de</strong><br />

quer que você estivesse. E, infelizmente, a<br />

qualquer hora também. A pan<strong>de</strong>mia mostrou<br />

o outro lado disso.<br />

Se o trabalho me persegue, quero trabalhar<br />

on<strong>de</strong> bem enten<strong>de</strong>r. E é isso que permite<br />

que uma agência como a R/GA já tenha<br />

15% <strong>de</strong> seus colaboradores espalhados por<br />

nove estados do Brasil (e crescendo).<br />

Isso é uma das oportunida<strong>de</strong>s que temos<br />

em nossas mãos agora. Mas quero falar <strong>de</strong><br />

outra mais profunda, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong><br />

nosso negócio: a criativida<strong>de</strong> distribuída.<br />

É notório que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agências, holdings<br />

ou agências in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes possuam<br />

em sua gran<strong>de</strong> <strong>maio</strong>ria o mesmo serviço, os<br />

mesmos <strong>de</strong>partamentos e o mesmo mo<strong>de</strong>lo<br />

(ou bem similar), que resultam nas mesmas<br />

entregas em todas as localida<strong>de</strong>s que atuam.<br />

Empresas com mais <strong>de</strong> 10 mil colaboradores<br />

e mais <strong>de</strong> 200 escritórios pelo mundo.<br />

Todos fazendo algo similar.<br />

Mas, e se a gente enten<strong>de</strong>r que os <strong>de</strong>safios,<br />

os problemas e, portanto, as oportunida<strong>de</strong>s<br />

estão sempre concentradas, são<br />

específicas daquele mercado, naquele contexto,<br />

naquele momento, daquela economia?<br />

Só que a solução, o talento, as i<strong>de</strong>ias, a<br />

experiência em resolver criativamente po<strong>de</strong>m<br />

vir <strong>de</strong> todo e qualquer lugar?<br />

Se eu tiver os melhores <strong>de</strong>signers na África<br />

do Sul, por exemplo, eles po<strong>de</strong>m aten<strong>de</strong>r<br />

as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer canto do<br />

mundo. E isso possibilita que a empresa<br />

tenha polos <strong>de</strong> especialistas e complementares<br />

e não uma quase réplica do mesmo<br />

mo<strong>de</strong>lo espalhada pelo mundo.<br />

Ou ainda: a empresa po<strong>de</strong> ter todos os<br />

capabilities, mas po<strong>de</strong> também ter protagonismo<br />

em um serviço <strong>de</strong>ntro da sua re<strong>de</strong>.<br />

Isso para po<strong>de</strong>r colocar em prática essa<br />

criativida<strong>de</strong> distribuída!<br />

Tudo isso faz a gente pensar que para as<br />

marcas <strong>de</strong> nossos clientes, a agência i<strong>de</strong>al<br />

mora <strong>de</strong> fato na nuvem. Porque, em cima<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>safio real, <strong>de</strong> uma oportunida<strong>de</strong><br />

que esse <strong>de</strong>safio traz, vai se construir um<br />

time específico <strong>de</strong> talentos espalhados no<br />

mundo, na re<strong>de</strong> que sabe como aten<strong>de</strong>r, solucionar<br />

e trazer uma visão completamente<br />

nova e diferente para essa marca.<br />

Você po<strong>de</strong> até pensar que isso é uma<br />

viagem. Mas não é. É real e já está acontecendo.<br />

O escritório <strong>de</strong> São Paulo da R/<br />

GA hoje aten<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 27 marcas fora<br />

do Brasil. Seja em Tech, UX, Branding,<br />

Design Systems ou Comunicação, temos<br />

mais 40 pessoas todos os dias colaborando<br />

com pessoas do mundo todo para diferentes<br />

marcas.<br />

Isso é muito bacana e só é possível acontecer<br />

hoje graças à toda tecnologia que temos,<br />

como internet rápida, aplicativos para<br />

vi<strong>de</strong>ochamadas e outros softwares que nos<br />

ajudam no trabalho remoto.<br />

E mais: a criativida<strong>de</strong> distribuída ajuda a<br />

acabar com o nosso complexo <strong>de</strong> vira-latas.<br />

Afinal, somos exemplo e benchmark para<br />

muita coisa boa no mundo.<br />

E somos disputados toda vez que aparece<br />

um <strong>de</strong>safio novo. Se você parar para<br />

pensar nesse Brasilzão, um país que é um<br />

continente, imagine o que a criativida<strong>de</strong><br />

distribuída po<strong>de</strong> fazer para as marcas <strong>de</strong>ste<br />

país e suas agências?<br />

“a criativida<strong>de</strong><br />

distribuída ajuda<br />

a acabar com o<br />

nosso complexo<br />

<strong>de</strong> vira-latas”<br />

* Marcio Oliveira é presi<strong>de</strong>nte da R/GA<br />

marcio.oliveira@rga.com<br />

80 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

A economia criativa<br />

fortalece empresas<br />

Raffael MastRocola*<br />

A<br />

economia criativa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação<br />

do seu conceito por John Howkins,<br />

em 2001, vem impactando diretamente<br />

inúmeras indústrias que vão<br />

da publicida<strong>de</strong> à tecnologia, mas muitas vezes<br />

ela traz consigo a sensação <strong>de</strong> que estamos falando<br />

<strong>de</strong> setores que movimentam menos o<br />

PIB. Mera ilusão. O consumo <strong>de</strong> experiências<br />

suplantou o consumo <strong>de</strong> materiais como mola<br />

propulsora do crescimento das empresas<br />

e das economias globais, em um movimento<br />

acelerado em boa parte pelas quarentenas que<br />

experimentamos nos últimos dois anos.<br />

Na carona <strong>de</strong>sse movimento, a economia<br />

criativa <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma tendência para se<br />

tornar uma necessida<strong>de</strong>, já que as indústrias<br />

que a compõem se tornaram fundamentais<br />

para alimentar esse novo tipo <strong>de</strong> consumidor<br />

através <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> unir criativida<strong>de</strong><br />

e inovação para gerar gran<strong>de</strong>s experiências<br />

humanas.<br />

A importância <strong>de</strong> segmentos criativos se<br />

intensificou, na carona <strong>de</strong> um consumo mais<br />

voltado ao entretenimento; à cobrança <strong>maio</strong>r<br />

por valores e responsabilida<strong>de</strong> social <strong>de</strong> marcas<br />

por parte <strong>de</strong> seus consumidores; e à intensificação<br />

da revolução digital. Essa economia<br />

passou a ser mais mencionada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2021,<br />

quando foi <strong>de</strong>clarado o Ano Internacional da<br />

Economia Criativa para o Desenvolvimento<br />

Sustentável pela ONU – especialmente pelo setor<br />

ter sido um dos que obtiveram crescimento<br />

mais acelerado na economia mundial nos<br />

últimos anos, além da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar<br />

renda e empregos num momento tão crítico.<br />

Assim, a economia criativa passou a importar<br />

não apenas por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar<br />

pequenos e médios negócios e indicar<br />

caminhos futuros, mas por já ser uma parte<br />

relevante do todo das economias dos principais<br />

países do mundo. Nas cinco <strong>maio</strong>res economias<br />

da Europa, que são Alemanha, Reino<br />

Unido, Espanha, Itália e Turquia, e nas três<br />

<strong>maio</strong>res da Ásia Pacífico, compostas por Japão,<br />

Austrália e Coreia do Sul, esse segmento<br />

concentra já 7% da força <strong>de</strong> trabalho. Após as<br />

gran<strong>de</strong>s perdas sofridas com a pan<strong>de</strong>mia, a<br />

economia criativa ampliou seu papel <strong>de</strong> ponto<br />

crucial para alimentar o crescimento internacional<br />

dos países. Cabe também às li<strong>de</strong>ranças<br />

públicas incentivar o tema e financiar empresas<br />

<strong>de</strong> todos os tipos, tamanhos e necessida<strong>de</strong>s<br />

para que elas se <strong>de</strong>senvolvam, gerem empregos<br />

e aju<strong>de</strong>m os países a crescer através do<br />

consumo <strong>de</strong> experiências. Seguindo exemplo<br />

<strong>de</strong> lugares já citados, que têm se beneficiado<br />

<strong>de</strong>sses investimentos.<br />

Outro aspecto importante da economia<br />

criativa, que possibilita a expansão <strong>de</strong> setores<br />

diversos, é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar marcas e<br />

empresas a atingirem novos públicos, tornando<br />

produtos, serviços e, claro, experiências<br />

acessíveis a uma audiência antes negligenciada.<br />

Quando, recentemente, Emicida se tornou<br />

o primeiro artista brasileiro a se apresentar no<br />

Fortnite, em um show que foi exibido por 72<br />

horas entre o fim <strong>de</strong> abril e começo <strong>de</strong> <strong>maio</strong>,<br />

ele se tornou acessível a um novo público,<br />

através da integração dos esforços <strong>de</strong> duas das<br />

indústrias mais <strong>de</strong>stacadas no setor criativo:<br />

games e música.<br />

Também têm se tornado comuns as exposições<br />

internacionais <strong>de</strong> museus consagrados,<br />

compartilhadas por meio <strong>de</strong> novas tecnologias.<br />

Uma iniciativa bastante interessante nesse<br />

sentido foi o Mapa Cultural <strong>de</strong> Perdas da<br />

Ucrânia, uma ação interativa da The Ukrainian<br />

Cultural Foundation que <strong>de</strong>monstrou a escala<br />

da <strong>de</strong>struição da guerra, ao mapear mais <strong>de</strong><br />

150 monumentos e objetos culturais que foram<br />

parciais ou completamente <strong>de</strong>struídos pela invasão<br />

russa. Em momentos como pan<strong>de</strong>mia e<br />

guerra, a indústria criativa sofre em seus mais<br />

diferentes setores, talvez mais que as outras<br />

indústrias. Mas é ela também a primeira a ressurgir,<br />

e ajudar o mundo a se reinventar e criar<br />

soluções, através <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e inovação.<br />

Hoje, quem está fora da economia criativa,<br />

está fora <strong>de</strong> tudo. E as marcas que já enten<strong>de</strong>ram<br />

isso saíram na frente e provavelmente<br />

serão as que vão ditar as próximas tendências.<br />

“A economiA criAtivA<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser<br />

umA tendênciA<br />

pArA se tornAr<br />

umA necessidA<strong>de</strong>”<br />

*Raffael Mastrocola é CEO da Oliver América<br />

Latina<br />

raffaelmastrocola@oliver.agency<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 81


propmark 57 aNoS<br />

arquitetura reafirma papel <strong>de</strong><br />

agente social para construir valor<br />

Segmento utiliza ferramentas do marketing para fazer uma imersão<br />

no cotidiano das pessoas e <strong>de</strong>scobrir a vocação <strong>de</strong> espaços e objetos<br />

Divulgação/Kéré Architectur<br />

Gando Primary School Library, em Gando, Burkina Faso, é uma das criações <strong>de</strong> Diébédo Francis Kéré que exaltam materiais nativos em prol da função social da arquitetura<br />

Janaina Langsdorff<br />

arquiteta italiana naturalizada brasileira<br />

Lina Bo Bardi lutou para valorizar a<br />

A<br />

cultura nacional. Ainda na década <strong>de</strong> 1950,<br />

construiu um museu <strong>de</strong> arte popular em<br />

Salvador (BA), expoente do pensamento<br />

colaborativo, que já unia a sabedoria acadêmica<br />

à prática <strong>de</strong> mestres artesãos para<br />

<strong>de</strong>senhar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> genuinamente<br />

brasileira. Nas andanças pelo Nor<strong>de</strong>ste,<br />

reuniu um acervo <strong>de</strong> quase duas mil obras.<br />

I<strong>de</strong>alizadora do Masp, Lina tem nome<br />

cativo na arquitetura brasileira. O Sesc<br />

Pompeia, por exemplo, foi eleito a sexta<br />

melhor construção em concreto do mundo<br />

pelo jornal inglês The Guardian. Lina é<br />

ainda a primeira mulher a conquistar Leão<br />

<strong>de</strong> Ouro na 17ª Biennale Architettura <strong>de</strong><br />

Veneza, na Itália, homenagem anunciada<br />

em <strong>maio</strong> <strong>de</strong> 2021. Só Oscar Niemeyer e<br />

Paulo Men<strong>de</strong>s da Rocha haviam cravado<br />

as suas obras na premiação.<br />

No último dia 20 <strong>de</strong> março, mês que<br />

marca 30 anos da morte <strong>de</strong> Lina Bo Bardi,<br />

a arquiteta nascida em Roma em 1914 ganhou<br />

documentário no canal Curta e uma<br />

releitura feita no site do Itaú Cultural <strong>de</strong><br />

obras que se tornaram cartão-postal <strong>de</strong><br />

São Paulo. O Masp foi re<strong>de</strong>senhado pela<br />

artista gráfica Catarina Bessell, enquanto<br />

a artista plástica Eliana Bianco revisitou<br />

o Sesc Pompeia, que no passado operava<br />

como uma fábrica <strong>de</strong> tambores. Já a Casa<br />

<strong>de</strong> Vidro, residência <strong>de</strong> Lina e seu marido,<br />

Pietro Maria Bardi, por mais <strong>de</strong> 40 anos,<br />

no bairro do Morumbi, foi refeita pela artista<br />

e arquiteta Carla Caffé.<br />

Outro <strong>de</strong>fensor dos costumes autênticos<br />

<strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> é Diébédo Francis<br />

Kéré. Nascido em Gando, Burkina Faso,<br />

em 1965, e radicado em Berlim, na Alema-<br />

Tal qual a publicida<strong>de</strong>,<br />

a arquiTeTura observa<br />

hábiTos para enTen<strong>de</strong>r<br />

o propósiTo <strong>de</strong> espaços<br />

conforme o conTexTo<br />

social e culTural<br />

82 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Iwan Baan/Divulgação/Zaha Hadid Architects<br />

Centro Heydar Aliyev, em Baku, no Azerbaijão, mostra curvas e ângulos característicos do trabalho da iraquiana-britânica Zaha Hadid, que inspira arquitetos em todo o mundo<br />

Brasil não valoriza<br />

a sua matéria-prima<br />

Quem é arquiteto e publicitário, <strong>de</strong>ixa<br />

uma análise afiada sobre o contexto do<br />

mercado brasileiro. Vindo <strong>de</strong> uma família<br />

<strong>de</strong> arquitetos da Bahia, Sergio Gordilho,<br />

copresi<strong>de</strong>nte e CCO da Africa, ratifica<br />

o potencial da matéria-prima nativa,<br />

mencionando a dianteira alcançada pelos<br />

mexicanos. Mas lembra que o Brasil não<br />

segue essa tendência. “Temos uma riqueza<br />

<strong>de</strong> pedras, como a vitória régia, <strong>de</strong><br />

Minas Gerais, mas preferimos comprar as<br />

italianas, que custam três vezes mais”,<br />

critica Gordilho. Falta educação. Para o<br />

executivo, o Brasil não prepara engenheiros<br />

para inovações, e os arquitetos são<br />

mais reconhecidos por projetos resi<strong>de</strong>nciais.<br />

“Só padronizamos. O Brasil não é<br />

um país <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s arquitetos porque não<br />

conseguiu encontrar a própria arquitetura”,<br />

emenda.<br />

O sucesso da dupla <strong>de</strong> <strong>de</strong>signers Fernando<br />

e Humberto Campana dá guarida à<br />

bronca. Com a Ca<strong>de</strong>ira Favela, os Irmãos<br />

Campana viraram ícones “porque criaram<br />

uma obra que traduz o que nós somos”,<br />

constata Gordilho, fã da <strong>de</strong>signer espanhola<br />

Patricia Urquiola, que exaltou a textura<br />

africana em seus móveis. O executivo<br />

ainda enaltece a trajetória do brasileiro<br />

Isay Weinfeld, cujo trabalho mostra que a<br />

arquitetura está em todo lugar.<br />

Da experiência da propaganda, vem a<br />

certeza <strong>de</strong> que as áreas da economia criativa<br />

se misturam cada vez mais em projetos<br />

colaborativos capazes <strong>de</strong> entreter<br />

Sergio Gordilho, copresi<strong>de</strong>nte e CCO da Africa<br />

Divulgação<br />

e engajar, gerando conversão e venda.<br />

“Está tudo misturado. Na moda, por<br />

exemplo, vemos <strong>de</strong>sfiles feitos para transmitir<br />

uma mensagem, mais que mostrar<br />

roupas”, observa. Para Gordilho, os profissionais<br />

que atuam na indústria criativa<br />

brasileira precisam acreditar no potencial<br />

do Brasil. A publicida<strong>de</strong> dá o seu exemplo<br />

ao colocar o país entre os mais criativos do<br />

mundo. “Devo muito à arquitetura, que<br />

me ensinou a transformar ambientes”, reconhece<br />

Gordilho.<br />

nha, o arquiteto venceu o Prêmio Pritzker<br />

<strong>2022</strong>, o <strong>maio</strong>r reconhecimento mundial<br />

do setor. O direito das crianças a uma sala<br />

<strong>de</strong> aula confortável estampa uma das ban<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> Kéré. Criada em 2001, a Escola<br />

Primária Gando foi erguida por moradores<br />

locais com um <strong>de</strong>senho que combina<br />

materiais nativos e engenharia mo<strong>de</strong>rna.<br />

Ganhador do Prêmio Aga Khan <strong>de</strong> Arquitetura<br />

em 2004, o projeto abriu caminho<br />

para um trabalho pautado na visão social<br />

da arquitetura.<br />

“Uma expressão poética <strong>de</strong> luz é consistente<br />

em toda a obra <strong>de</strong> Kéré. Os raios<br />

<strong>de</strong> sol se infiltram em edifícios, pátios e<br />

espaços intermediários, superando as duras<br />

condições do meio-dia para oferecer<br />

locais <strong>de</strong> serenida<strong>de</strong> ou encontro”, diz o<br />

comunicado oficial do Prêmio Pritzker.<br />

O portfólio <strong>de</strong> Kéré ainda tem instalações<br />

médicas, edifícios <strong>de</strong> parlamento e<br />

campus <strong>de</strong> tecnologias espalhados por<br />

Burkina Faso, República do Benin e Quênia,<br />

entre outras regiões da África. “A arquitetura<br />

sempre teve um papel <strong>de</strong> transformação<br />

social. Kéré é um exemplo <strong>de</strong><br />

autossuperação, que enten<strong>de</strong>u a verda<strong>de</strong>ira<br />

missão da arquitetura, colocando-a<br />

em prática <strong>de</strong> forma colaborativa e viável<br />

economicamente”, afirma o arquiteto<br />

Carlos Marcelo Campos Teixeira, professor<br />

da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arquitetura e Urbanismo<br />

e Design (FAU) da Universida<strong>de</strong><br />

Presbiteriana Mackenzie.<br />

atemporal<br />

Cada um a seu tempo, Lina e Kéré<br />

mostram que não precisa ir longe para<br />

colocar a criativida<strong>de</strong> a serviço do país.<br />

Ambos <strong>de</strong>ixam referências que seguem<br />

inspirando gerações. A leitura e a i<strong>de</strong>ntificação<br />

das condições do entorno <strong>de</strong> uma<br />

intervenção arquitetônica são o ponto <strong>de</strong><br />

partida para iniciar um projeto. A imersão<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 83


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Da publicida<strong>de</strong><br />

para a arquitetura<br />

Nathalie Artaxo/Divulgação/AJ Possato<br />

Carlos Marcelo Campos Teixeira, do Mackenzie<br />

traz pistas sobre a vocação do local, fruição<br />

pública, mobilida<strong>de</strong>, infraestrutura<br />

e público-alvo, configurando a persona<br />

que vai usufruir do espaço a partir <strong>de</strong> um<br />

“DNA exclusivo, que expresse o chamado<br />

‘genius loci’, o espírito do lugar, tornando<br />

o empreendimento único para aquele<br />

povo e região”, comenta Teixeira.<br />

O processo criativo da arquitetura encontra<br />

no trabalho da iraquiana-britânica<br />

Zaha Hadid, falecida em 2016, o ápice da<br />

inovação. Famosa por obras repletas <strong>de</strong><br />

curvas e ângulos, ela “traz o elemento dinâmico<br />

da multi e transdisciplinarida<strong>de</strong>,<br />

envolvendo expertises <strong>de</strong> diferentes áreas<br />

para a materialização <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias fluidas<br />

e futurísticas”, analisa Teixeira.<br />

Entre inspirações e influências, está a<br />

paixão pela arte abstrata do russo Kazimir<br />

Malevich, adotando a pintura como<br />

meio <strong>de</strong> investigação criativa <strong>de</strong> estudos<br />

topográficos. “Outra lição marcante foi o<br />

<strong>de</strong>senho a mão como linguagem e parte<br />

do processo criativo do arquiteto”, acrescenta<br />

o professor.<br />

referêNciaS<br />

É por meio da linguagem gráfica do <strong>de</strong>senho<br />

que arquitetos e <strong>de</strong>signers exercitam<br />

a criativida<strong>de</strong>, tangibilizando informações<br />

captadas durante o mergulho no<br />

cotidiano, e transformando-as em croquis<br />

ou sketches utilizados para comprovar a<br />

pertinência e a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia.<br />

Conceitos <strong>de</strong> pesquisa e análise estratégica<br />

estão embasados no <strong>de</strong>sign research,<br />

que nasce da fusão <strong>de</strong> ferramentas vindas<br />

do marketing com princípios <strong>de</strong> prototipação,<br />

consolidando um processo para investigar<br />

<strong>de</strong>sejos e necessida<strong>de</strong>s materiali-<br />

Juliana e Andrea Possato: brainstorming para discussão e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> soluções apresentadas aos clientes<br />

publicitária Juliana Possato trocou çados pela experiência <strong>de</strong> vida. “A criativida<strong>de</strong><br />

está presente em todos os dias,<br />

A uma carreira sólida na propaganda<br />

pela arquitetura. Após 15 anos em posições<br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, se ren<strong>de</strong>u à paixão apontam elas. Trabalhos <strong>de</strong> outros arqui-<br />

momentos e locais que frequentamos”,<br />

por “oferecer caminhos para que as pessoas<br />

realizem os seus sonhos”. O <strong>de</strong>sejo viagens, revistas, feiras, programas, filtetos,<br />

artistas plásticos, lojas, mostras,<br />

<strong>de</strong> inovar e empreen<strong>de</strong>r também falou mes, eventos culturais, shows e arte são<br />

mais alto.<br />

fontes alimentadas ainda por movimentos<br />

<strong>de</strong> mercado, tecnologias e novos usos<br />

Em socieda<strong>de</strong> com a irmã, a arquiteta<br />

e <strong>de</strong>coradora Andrea Possato, ela aplica a <strong>de</strong> materiais.<br />

visão <strong>de</strong> negócios, estratégia e gestão <strong>de</strong> De Diébédo Francis Kéré vem o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> um trabalho que reafirma<br />

clientes <strong>de</strong>senvolvida ao longo <strong>de</strong> sua carreira<br />

para criar “uma narrativa própria”. o compromisso social da arquiteta. Juliana<br />

e Andrea não acreditam em repo-<br />

No repertório, conhecimento técnico e<br />

estético se juntam à busca por tendências sicionamento. Para elas, o papel original<br />

e inovações em materiais, soluções, produtos,<br />

cores e linguagens para iniciar um fronteiras, alcançando uma nova perspec-<br />

da ativida<strong>de</strong> se mantém, e hoje expan<strong>de</strong><br />

projeto respeitando as expectativas, necessida<strong>de</strong>s<br />

e investimento do cliente. e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação <strong>de</strong> técnicas,<br />

tiva que consi<strong>de</strong>ra a escassez <strong>de</strong> recursos<br />

As irmãs Possato contam que na arquitetura<br />

utilizam os mesmos recursos o resultado estético e funcional.<br />

materiais e mão <strong>de</strong> obra, sem abandonar<br />

da publicida<strong>de</strong> para a construção <strong>de</strong> conceitos.<br />

“Há brainstorming para discussão mas pela representativida<strong>de</strong>, Zaha Ha-<br />

Não só por obras <strong>de</strong>sconstrutivistas,<br />

e <strong>de</strong>finição das soluções que levaremos did é também inspiradora por natureza.<br />

como resposta ao <strong>de</strong>safio do cliente ou “Transcen<strong>de</strong>ndo os resultados da profissão,<br />

na posição <strong>de</strong> mulher, nascida em<br />

projeto”, explicam elas. Design, mobiliários,<br />

tecidos e acabamentos ajudam a 1950, num cenário li<strong>de</strong>rado por homens,<br />

compor o mood board e mood book, usados<br />

para ilustrar o estilo perseguido. primeira mulher a receber o prêmio Prit-<br />

tem um reconhecimento ímpar. Foi a<br />

Como na propaganda, a apresentação<br />

do projeto busca envolver, seduzir e Elas citam também a inspiração vinzker”,<br />

lembram as irmãs Possato.<br />

transportar o cliente ao universo projetado.<br />

“Ele precisa se ver na situação. Sentir van <strong>de</strong>r Rohe com as suas linhas retas,<br />

da do trabalho do arquiteto alemão Mies<br />

o aroma, o aconchego. É como uma campanha<br />

<strong>de</strong> perfumes. Você precisa fazer externa, além do uso do vidro e concreto,<br />

simetria, integração entre área interna e<br />

o consumidor sentir a fragrância com os a exemplo da Farnsworth House. Instalada<br />

em Illinois (EUA), a casa foi construída<br />

olhos, experimentar o produto através<br />

das imagens”, compara a dupla.<br />

entre 1945 e 1951, e virou ícone da arquitetura<br />

Já a inspiração vem dos contornos tra-<br />

mo<strong>de</strong>rna.<br />

84 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Cortesia <strong>de</strong> Marcelo Libeskind via ArquivoArq<br />

Lina Bo Bardi em re<strong>de</strong>senho do Masp feito por Catarina Bessell para o Itaú Cultural Marco <strong>de</strong> São Paulo, o Conjunto Nacional foi projetado por David Libeskind, em 1955<br />

zados em ambientes, produtos e serviços.<br />

“O arquiteto bebe <strong>de</strong> todas as referências<br />

criativas: marketing, moda, arquitetura<br />

<strong>de</strong> vanguarda, arquitetura futurista,<br />

<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> produtos e <strong>de</strong> mobiliário”, reforça<br />

Samia Jardim, diretora da L’espace<br />

AD, loja-conceito especializada em arquitetura<br />

<strong>de</strong> luxo, inaugurada em 2020 na<br />

Marginal Tietê, em São Paulo, pelo Grupo<br />

ADEO, dono também da re<strong>de</strong> francesa <strong>de</strong><br />

bricolagem Leroy Merlin.<br />

A re<strong>de</strong> é atendida pela Ogilvy, que trabalha<br />

para a L’espace AD em projetos pontuais.<br />

Com três mil metros quadrados, 25<br />

ambientes <strong>de</strong>corados e mais <strong>de</strong> 40 fornecedores<br />

nacionais e internacionais, a<br />

área <strong>de</strong> coworking tem ainda programa<br />

<strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> exclusivo para arquitetos e<br />

<strong>de</strong>signers. O projeto nasceu da escuta <strong>de</strong><br />

seis mil especificadores da praça <strong>de</strong> São<br />

Paulo. “Instagram, Pinterest e eventos<br />

como Casacor, iSaloni e DW! complementam<br />

o processo criativo”, pontua Samia.<br />

SimilariDaDeS<br />

Tal qual a publicida<strong>de</strong>, a arquitetura<br />

também parte da observação do comportamento<br />

para enten<strong>de</strong>r o propósito <strong>de</strong> espaços<br />

conforme o contexto social e cultural<br />

do usuário. “Quando projetamos uma<br />

casa ou um ambiente, <strong>de</strong>vemos olhar para<br />

o ser humano e expandir a pesquisa para<br />

o coletivo”, comenta Edson Coutinho, gerente<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sign e tendências da Tok&Stok,<br />

reforçando o recado dado ao mundo com<br />

o trabalho <strong>de</strong> Kéré. Aqui, também vale a<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opiniões, visões e campos<br />

<strong>de</strong> criação para encontrar inovações.<br />

Com mais <strong>de</strong> 11 mil itens e 150 <strong>de</strong>signers<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 85


propmark 57 aNoS<br />

Cortesia <strong>de</strong> Lars Borges<br />

Fotos: Divulgação<br />

Diébédo Francis Kéré, ganhador do Pritzker <strong>2022</strong><br />

nacionais e internacionais, a Tok&Stok<br />

busca inspirar os seus consumidores em<br />

ações <strong>de</strong> comunicação criadas pela E<strong>de</strong>lman<br />

e Box. Na campanha Fotógrafxs, 15<br />

fotógrafos brasileiros exploraram a pluralida<strong>de</strong><br />

do país. Os trabalhos ganharam<br />

uma exposição convidando as pessoas a<br />

criarem uma atmosfera <strong>de</strong> galeria <strong>de</strong> arte<br />

em suas casas.<br />

Fundada em 1978, a Tok&Stok inaugurou<br />

a sua primeira loja na Avenida São<br />

Gabriel, em São Paulo. Referência no varejo<br />

<strong>de</strong> móveis e <strong>de</strong>coração, hoje possui 66<br />

unida<strong>de</strong>s. A re<strong>de</strong> acaba <strong>de</strong> inaugurar a primeira<br />

Loja Studio, em São Caetano (SP). O<br />

próximo <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>ve ser a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Joinville<br />

(SC). “Estamos atentos às conversas<br />

para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> uma maneira<br />

funcional e inteligente, buscando oferecer<br />

uma melhor experiência”, garante Renata<br />

Saad, head <strong>de</strong> comunicação da Tok&Stok.<br />

L’espace AD, loja-conceito do Grupo ADEO<br />

Campanha Seu espaço <strong>de</strong> trabalho, da Tok&Stok<br />

ageNte Social<br />

Moradia e abrigo para educação, cultura<br />

e saú<strong>de</strong>, a arquitetura, porém, tomou um<br />

rumo elitista, que vem sendo <strong>de</strong>smontado<br />

pela “urgência <strong>de</strong> se <strong>de</strong>mocratizar a ativida<strong>de</strong>,<br />

buscando seu aspecto <strong>de</strong> agente<br />

social”, frisa Beatriz Cortez, head <strong>de</strong> arquitetura<br />

da Mobly. Com mais <strong>de</strong> 250 mil artigos,<br />

entre móveis e objetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração,<br />

o negócio aportou no mercado em 2011, e<br />

<strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois estreou na B3.<br />

As suas 14 lojas físicas e quatro centros<br />

<strong>de</strong> distribuição em São Paulo, Minas Gerais,<br />

Santa Catarina e Pernambuco somaram receita<br />

<strong>de</strong> R$ 721,4 milhões no ano passado.<br />

Isay Weinfeld, FGMF e SuperLimão Studio<br />

estão entre os exemplos <strong>de</strong> escritórios contemporâneos<br />

citados como mo<strong>de</strong>los por<br />

Beatriz ao lado <strong>de</strong> Zaha Hadid, Paulo Men<strong>de</strong>s<br />

da Rocha e Santiago Calatrava. São referências<br />

que ajudam a compor o senso <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das obras, principalmente na<br />

etapa <strong>de</strong> criação do projeto.<br />

Samia Jardim, diretora da L’espace AD: arquiteto bebe <strong>de</strong> referências criativas do marketing<br />

Auditório Ibirapuera, criação assinada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é símbolo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

Rovena Rosa/Divulgação/Agência Brasil<br />

86 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 anos<br />

“não somos<br />

carência, e<br />

sim potência”<br />

Douglas Jacó/ Divulgação/ Favela Holding<br />

Celso Athay<strong>de</strong> nasceu na Baixada<br />

Fluminense, no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Sofreu as<br />

agruras das ruas e experimentou a vivência<br />

da favela. Da escola da vida, tirou lições<br />

sobre sobrevivência, hoje reconhecidas e premiadas<br />

no mundo do empreen<strong>de</strong>dorismo social. O CEO da<br />

Favela Holding, que abriga mais <strong>de</strong> 20 empresas,<br />

comemora a receptivida<strong>de</strong> das marcas na Expo<br />

Favela, realizada entre os dias 15 e 17 <strong>de</strong> abril, no<br />

World Tra<strong>de</strong> Center (WTC), em São Paulo, certo <strong>de</strong><br />

que outros eventos voltarão a promover negócios<br />

carregados <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, um dos principais<br />

motores da economia criativa. O potencial abrange<br />

17 milhões <strong>de</strong> pessoas, que movimentam R$ 180,9<br />

bilhões em renda própria ao ano nas favelas.<br />

Celso Athay<strong>de</strong>, CEO da Favela Holding: falta investimento para aceleração <strong>de</strong> negócios<br />

Janaina Langsdorff<br />

potencial<br />

Na Expo Favela, a gente divulgou<br />

a pesquisa Um País<br />

Chamado Favela. Os dados<br />

mostraram que 76% dos moradores<br />

<strong>de</strong> favelas têm, tiveram<br />

ou preten<strong>de</strong>m ter um negócio<br />

próprio; 50% se consi<strong>de</strong>ram<br />

empreen<strong>de</strong>dores; 41% têm negócio<br />

próprio; e 57% abriram<br />

o próprio negócio por falta <strong>de</strong><br />

alternativas <strong>de</strong> renda. Muitos<br />

querem investir, mas não sabem<br />

como. Venho trabalhando<br />

há anos para mostrar que não<br />

somos carência, e sim potência.<br />

Prova disso, foi o que vivemos<br />

no WTC, com mais <strong>de</strong> 30 mil<br />

pessoas circulando pela Expo<br />

Favela. Tivemos mais <strong>de</strong> 20 mil<br />

inscritos e 350 foram selecionados<br />

para ter oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

negócio e conversar com mais<br />

<strong>de</strong> 300 representantes <strong>de</strong> fundos<br />

<strong>de</strong> investimento.<br />

luta<br />

Sempre digo que o empreen<strong>de</strong>dor<br />

da favela é empresário<br />

por sobrevivência. Ven<strong>de</strong> o<br />

almoço para comer na janta. Se<br />

o negócio não está dando certo,<br />

rapidamente ele muda a sua<br />

área <strong>de</strong> atuação e faz seu empreendimento<br />

funcionar.<br />

renda<br />

Estima-se que os moradores<br />

<strong>de</strong> favela geram R$ 180,9<br />

bilhões em renda própria ao<br />

ano. As favelas movimentam<br />

uma massa <strong>de</strong> renda <strong>maio</strong>r que<br />

21 dos 27 estados brasileiros. O<br />

Brasil tem 17 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

vivendo em favelas. Se<br />

formassem um estado, seria o<br />

quarto <strong>maio</strong>r do país.<br />

preparo<br />

A capacitação vem no dia a<br />

dia, o empreen<strong>de</strong>dor da favela<br />

não estudou em gran<strong>de</strong>s escolas,<br />

frequentou faculda<strong>de</strong>s<br />

renomadas. A vivência vem da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer com que<br />

seu negócio funcione e leve o<br />

sustento para sua família.<br />

entrave<br />

Que o brasileiro é empreen<strong>de</strong>dor<br />

por natureza isso a <strong>maio</strong>ria<br />

das pessoas já sabe. Só no<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo são 46,6<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas. E acredito<br />

que a <strong>maio</strong>ria <strong>de</strong>las, <strong>de</strong> forma<br />

direta ou indireta, tem alguma<br />

relação com o empreen<strong>de</strong>dorismo.<br />

Dito isso, a economia criativa<br />

tem muito mais potencial<br />

para se <strong>de</strong>senvolver em comparação<br />

à economia convencional.<br />

O seu gran<strong>de</strong> impeditivo<br />

é a falta <strong>de</strong> investimento para<br />

“a economia<br />

criativa tem mais<br />

potencial para se<br />

<strong>de</strong>senvolver<br />

em comparação<br />

à convencional”<br />

aceleração do negócio. Por isso,<br />

venho trabalhando para fazer<br />

essa conexão entre empreen<strong>de</strong>dores<br />

da favela e investidores<br />

do asfalto.<br />

marcas<br />

Algumas já apren<strong>de</strong>ram a<br />

se comunicar. Um ponto a ser<br />

<strong>de</strong>stacado: a confiança ten<strong>de</strong> a<br />

ser <strong>maio</strong>r <strong>de</strong>ntro da própria comunida<strong>de</strong>.<br />

88% dos moradores<br />

<strong>de</strong> favela confiam mais em um<br />

influenciador da própria comunida<strong>de</strong><br />

que em um famoso.<br />

presença<br />

Na Expo Favela, comprovamos<br />

que boa parte das marcas<br />

olha para a favela, como Vivo,<br />

Gol Linhas Aéreas, Nubank,<br />

Oliveira Foundation, Grupo<br />

Carrefour Brasil, Sesi, iFood,<br />

Global Data Bank, Mon<strong>de</strong>lez International,<br />

Favela Vai Voando,<br />

Ultragaz, Ambev e Facily, entre<br />

outras.<br />

canais<br />

Temos muitas mídias e influenciadores.<br />

Destaco Jornal<br />

Empo<strong>de</strong>rado, Notícia Preta e<br />

Agência Mural, entre outras.<br />

A prestação <strong>de</strong> serviço é o que<br />

funciona. A favela é ligada em<br />

questões práticas. Os empreen<strong>de</strong>dores<br />

buscam melhorar o<br />

que não está funcionando <strong>de</strong>ntro<br />

da favela, como <strong>de</strong>livery e<br />

entrega <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> consumo.<br />

Coisas básicas, que fazem diferença<br />

na vida dos moradores.<br />

verda<strong>de</strong><br />

Existem empresas que, <strong>de</strong><br />

fato, auxiliam com projetos gratuitos<br />

<strong>de</strong> educação financeira,<br />

empreen<strong>de</strong>dorismo, capacitação,<br />

recolocação profissional e<br />

doação <strong>de</strong> alimentos. No último<br />

dia 30 <strong>de</strong> abril, foi iniciada<br />

a doação da Cufa Vale-Gás, uma<br />

parceria da Central Única das<br />

Favelas (Cufa) com a Petrobras.<br />

A iniciativa faz parte do programa<br />

<strong>de</strong> acesso ao gás <strong>de</strong> cozinha<br />

da Petrobras junto a instituições<br />

sem fins lucrativos e prevê<br />

a doação <strong>de</strong> auxílios, beneficiando<br />

mais <strong>de</strong> quatro milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas em todo o Brasil, direta<br />

e indiretamente.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 87


propmArk 57 Anos<br />

Arte e publicida<strong>de</strong> se conectam ao<br />

longo da história e inspiram gerações<br />

Existem inúmeras campanhas que utilizam referências artísticas,<br />

mas o contrário também já ocorreu; cultura é a alavanca da criativida<strong>de</strong><br />

Divulgação<br />

Cena do curta-metragem Curupira e a máquina do <strong>de</strong>stino, da diretora Janaina Wagner, rodado na BR-319: “A <strong>de</strong>struição da Amazônia diz respeito ao mundo inteiro”, afirma ela<br />

kelly dores<br />

vida imita a arte ou a arte imita a vida?<br />

A Publicida<strong>de</strong> é arte? Não há respostas<br />

exatas para essas questões, mas é possível<br />

afirmar que publicida<strong>de</strong> e arte se conectam<br />

completamente – e se misturam. Apesar<br />

<strong>de</strong> parte da classe artística ter um certo<br />

preconceito com propaganda, a história<br />

mostra como as duas ativida<strong>de</strong>s se retroalimentam.<br />

No fim do século 19, foram<br />

artistas (e não publicitários e <strong>de</strong>signers –<br />

profissionais que ainda não existiam) que<br />

fizeram os primeiros cartazes ilustrados,<br />

quando esta era a principal mídia publicitária<br />

para produtos, como tabaco, chocolate<br />

e perfumaria; e também serviços,<br />

como cabarés e circo.<br />

“Eles pintavam os <strong>de</strong>senhos dos pôsteres<br />

que seriam transferidos para as pedras<br />

litográficas e <strong>de</strong>pois impressos em escala.<br />

“embora as artes visuais<br />

sejam a expressão<br />

artística mais utilizada<br />

na publicida<strong>de</strong><br />

contemporânea,<br />

outras também são<br />

frequentemente usadas”<br />

Alguns, como Jules Chéret (seguido por<br />

Toulouse-Lautrec e tantos outros), na Paris<br />

dos anos 1860, dominavam o sistema<br />

<strong>de</strong> impressão em cores”, lembra a coor<strong>de</strong>nadora<br />

do Mestrado Profissional em<br />

Gestão da Economia Criativa da ESPM,<br />

Isabella Perrotta.<br />

A professora <strong>de</strong>staca que, em 1895, Chéret<br />

começa a publicar uma série <strong>de</strong> reproduções<br />

<strong>de</strong> 256 obras <strong>de</strong> 97 artistas parisienses.<br />

A coletânea intitulada Maîtres <strong>de</strong> l’Affiche<br />

(Mestres dos Cartazes) teve lançamentos<br />

mensais, em folhas soltas e numeradas,<br />

durante 60 meses, até 1900. Segundo ela,<br />

muito anterior ao ensaio <strong>de</strong> Walter Benjamin<br />

que, em 1936, influenciado pela fotografia<br />

e pelo cinema, discutia a obra <strong>de</strong> arte<br />

na era da reprodutibilida<strong>de</strong> técnica, a obra<br />

<strong>de</strong> Chéret foi importantíssima, justamente<br />

por trazer à tona a discussão: eram os cartazes<br />

publicitários obras <strong>de</strong> arte?<br />

Com a expansão da publicida<strong>de</strong>, esta<br />

passa a ser uma via <strong>de</strong> mão dupla. Será<br />

a arte <strong>de</strong> vanguarda, no fim da primeira<br />

meta<strong>de</strong> do século 20, que vai beber na<br />

publicida<strong>de</strong>, especialmente a pop arte,<br />

que usava a linguagem publicitária e<br />

exibia produtos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> massa e<br />

todo o universo da comunicação. “Com<br />

88 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Divulgação<br />

Dorinho Bastos: “Sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”<br />

o alargamento <strong>de</strong>sta via, veremos então<br />

um outro fenômeno acontecer – que<br />

será o uso <strong>de</strong> referências ‘clássicas’ (no<br />

sentido <strong>de</strong> serem muito conhecidas) em<br />

campanhas dos mais diversos produtos.<br />

É importante dizer que, embora as artes<br />

visuais sejam a expressão artística mais<br />

utilizada na publicida<strong>de</strong> contemporânea,<br />

outras também são frequentemente usadas.<br />

A música, por exemplo – vamos da<br />

ópera ao funk, passando pela MPB”, ressalta<br />

Isabella.<br />

Professor do curso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> da<br />

ECA-USP, <strong>de</strong>signer gráfico e cartunista,<br />

Dorinho Bastos é certeiro na resposta. “Na<br />

minha opinião, sempre existiu arte na publicida<strong>de</strong>”,<br />

sacramenta. Dorinho sintetiza<br />

o pensamento com a afirmação <strong>de</strong> que a<br />

publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong> tudo da vida e não só<br />

da arte. “Vive <strong>de</strong> qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />

frase, da literatura, do cinema, a inspiração<br />

vem <strong>de</strong> tudo quanto é lado”.<br />

Segundo ele, a relação <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />

arte é muito gran<strong>de</strong>, assim como o <strong>de</strong>sign.<br />

“Na verda<strong>de</strong>, tem uma frase para <strong>de</strong>sign<br />

que também cabe para a publicida<strong>de</strong>. Eu<br />

adoro <strong>de</strong>finições inteligentes e curtas. Ela<br />

é a seguinte: ‘Design é arte aplicada’. Acho<br />

muito legal essa <strong>de</strong>finição”.<br />

Arquiteto por formação, mas apaixonado<br />

por <strong>de</strong>sign e cartoon <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre,<br />

Dorinho lembra que, assim como no cinema,<br />

a publicida<strong>de</strong> tem uma direção <strong>de</strong><br />

arte importantíssima. “É óbvio que os objetivos<br />

são diferentes, um está ven<strong>de</strong>ndo<br />

um produto e o outro é pura arte”, resume<br />

Dorinho, que é cartunista do PROP-<br />

MARK <strong>de</strong> longa data.<br />

Com experiência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50 anos<br />

como cartunista – ele <strong>de</strong>senhou para O<br />

Pasquim, por exemplo –, Dorinho afirma<br />

que o cartoon já teve um espaço muito<br />

interessante na mídia, mas hoje enfrenta<br />

uma <strong>de</strong>svalorização gran<strong>de</strong>. “Na minha<br />

opinião, o impacto da imagem se per<strong>de</strong>u<br />

muito com a internet, com o celular. O<br />

“a publicida<strong>de</strong> vive <strong>de</strong><br />

qualquer coisa, <strong>de</strong> uma<br />

frase, da literatura, do<br />

cinema, a inspiração vem<br />

<strong>de</strong> tudo quanto é lado”<br />

cartoon já foi muito forte, eu fazia muitos<br />

trabalhos para revistas corporativas.<br />

Hoje, o espaço é pequeno”, diz Dorinho.<br />

CAmpAnhAs<br />

São inúmeras as campanhas publicitárias<br />

que utilizam referências artísticas.<br />

A Mona Lisa, provavelmente, seja a obra<br />

mais usada. “Já ajudou a ven<strong>de</strong>r <strong>de</strong> pizza<br />

a produtos <strong>de</strong> limpeza, além <strong>de</strong> frequentemente<br />

ser estrela <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> comportamento<br />

e memes. No auge da pan<strong>de</strong>mia,<br />

ela usou máscara e se <strong>de</strong>scabelou <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sespero. Até o João Carlos Moreno (menino<br />

propaganda da Bombril) já posou <strong>de</strong><br />

Mona Lisa”, recorda a coor<strong>de</strong>nadora do<br />

Mestrado Profissional em Gestão da Economia<br />

Criativa da ESPM.<br />

Recentemente, a marca 3 Corações lançou<br />

uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras<br />

do pintor brasileiro Candido Portinari, um<br />

dos artistas mais importantes do século 20.<br />

A i<strong>de</strong>ia foi enaltecer as riquezas da cultura<br />

brasileira, unindo o café a Portinari, que<br />

nasceu numa fazenda <strong>de</strong> café no interior<br />

<strong>de</strong> São Paulo, o que o inspirou a pintar. De<br />

acordo com histórico, <strong>de</strong>ntre suas 5.400<br />

obras, 257 retratam o dia a dia <strong>de</strong> um cafezal.<br />

As embalagens da linha 3 Corações<br />

Portinari estampam três gran<strong>de</strong>s obras do<br />

artista: Peneirando Café (1957), Meninos<br />

Soltando Pipas (1947) e Café (1942).<br />

“Acreditamos que o café é mais do que<br />

uma bebida. O café também é a expressão<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada brasileiro, que tem<br />

o próprio jeito <strong>de</strong> amar café. E o Brasil também<br />

vai além do futebol e do Carnaval. O<br />

Brasil também é o país do café e o país <strong>de</strong><br />

Portinari, e temos muito o que nos orgulhar<br />

disso! Assim como Portinari se inspirou no<br />

café para criar seu legado memorável, a<br />

3 Corações agora se inspira em Portinari<br />

para criar esta linha <strong>de</strong> cafés 100% arábica,<br />

como homenagem não só para ele, mas<br />

para todos os amantes <strong>de</strong> arte e café”, afirma<br />

Roberta Prado, head <strong>de</strong> marketing do<br />

Grupo 3 Corações.<br />

Para além das artes plásticas, a street art<br />

também já foi elemento da premiada campanha<br />

da Nike Air Max Graffiti Stores, criada<br />

pela AKQA SP para a divulgação <strong>de</strong> novos<br />

mo<strong>de</strong>los da marca. A ação transformou os<br />

muros <strong>de</strong> São Paulo em lojas da Nike, sendo<br />

que os grafites foram usados para ven<strong>de</strong>r os<br />

novos mo<strong>de</strong>los Air Max da marca.<br />

Na ocasião, a Nike fez uma parceria com<br />

o coletivo <strong>de</strong> arte <strong>de</strong> rua InstaGraffiti e convidou<br />

diversos artistas para produzirem<br />

<strong>de</strong>senhos com os tênis Air Max da marca<br />

nos pés dos personagens, transformando<br />

as obras em lojas virtuais da marca.<br />

A i<strong>de</strong>ia foi usar o e-commerce nike.com<br />

como um meio e não um fim. A única maneira<br />

<strong>de</strong> adquirir antecipadamente um dos<br />

novos Air Max era visitar o grafite, acessar<br />

o site da Nike e <strong>de</strong>sbloquear a compra via<br />

geolocalização. Além disso, só era possível<br />

saber o local exato da próxima intervenção<br />

por meio do site.<br />

A AKQA SP ganhou o Grand Prix <strong>de</strong> Media<br />

no Cannes Lions com a campanha em<br />

2019, entre vários outros prêmios, como<br />

também o Yellow Pencil no D&AD. A agência,<br />

aliás, tem um histórico <strong>de</strong> cases premiados<br />

conectados à música. No mesmo<br />

ano, recebeu o GP <strong>de</strong> Entertainment Lions<br />

for Music em Cannes com Bluesman, para<br />

Baco Exu do Blues. E agora, em <strong>2022</strong>, o curta-metragem<br />

Sonho, sobre o funkeiro Nego<br />

Bala, conquistou o Grand Prix no Clio Music<br />

Awards, na categoria Film/Vi<strong>de</strong>o.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 89


propmArk 57 Anos<br />

Arte Como CrítiCA<br />

Arte e cultura são alavancas da criativida<strong>de</strong><br />

e da economia advinda <strong>de</strong>la. São<br />

alavancas para melhorar a comunicação<br />

<strong>de</strong> uma forma geral, tornando-a mais<br />

instigante. “Mas, na verda<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>ve<br />

ser pontuado é que a comunicação, enquanto<br />

uma área produtiva, e seus diversos<br />

produtos (edição <strong>de</strong> livros, jornais,<br />

mídias digitais, audiovisual etc.) são um<br />

núcleo da economia criativa”, pontua a<br />

professora Isabella Perrotta.<br />

Fundamental como repertório e inspiração<br />

para profissionais <strong>de</strong> comunicação,<br />

publicida<strong>de</strong>, jornalismo, cinema, <strong>de</strong>sign<br />

e áreas afins, a arte também incomoda,<br />

<strong>de</strong>nuncia, questiona e faz pensar. Expoente<br />

da arte contemporânea e do cinema<br />

experimental, o trabalho da paulistana<br />

Janaina Wagner é um exemplo atual e interessante<br />

<strong>de</strong>ssa arte crítica.<br />

Janaina é diretora do curta-metragem<br />

Curupira e a máquina do <strong>de</strong>stino, que<br />

traz como pano <strong>de</strong> fundo o <strong>de</strong>smatamento<br />

na Amazônia. O filme mostra o<br />

encontro ficcional entre Curupira e uma<br />

menina chamada Iracema, que perambulam<br />

pela região cada vez mais <strong>de</strong>struída<br />

por garimpeiros e exploração ilegal. O<br />

curta foi rodado em Realida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong><br />

que fica na BR-319, estrada que é um dos<br />

gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento da<br />

Amazônia.<br />

“A Curupira é uma figura pré-colonial<br />

da história do Brasil, que teve sua imagem<br />

<strong>de</strong>turpada, pelo folclore, que veio<br />

junto com o regime militar. Mas que <strong>de</strong><br />

base é uma força primária do Brasil. O<br />

que eu quis fazer foi trazer a Curupira<br />

literalmente para Realida<strong>de</strong>, que é essa<br />

cida<strong>de</strong> que fica na BR-319, uma estrada<br />

que é um dos gran<strong>de</strong>s agentes do <strong>de</strong>smatamento,<br />

porque liga o Amazonas com o<br />

sul do Brasil”, explica Janaina.<br />

A cineasta <strong>de</strong>staca que, para as pessoas<br />

que moram na rodovia, é superinteressante<br />

que a estrada exista porque<br />

isso possibilita que elas se locomovam<br />

e tenham suas vidas, “mas uma vez que<br />

você tem essa estrada, asfaltada, facilita<br />

a entrada dos caminhões para o <strong>de</strong>smatamento<br />

e faz essa ma<strong>de</strong>ira escoar, e o boi<br />

subir para o Amazonas através <strong>de</strong>la”.<br />

Janaina Wagner: ”Meu trabalho é panfletário”<br />

“o meu trabalho só<br />

faz sentido se tiver<br />

um cruzamento entre<br />

política e poética.<br />

arte é uma forma<br />

<strong>de</strong> emancipação do<br />

pensamento das pessoas”<br />

“Tem todas essas complexida<strong>de</strong>s. Não<br />

posso olhar <strong>de</strong> fora e apontar o <strong>de</strong>do, porque<br />

tem pessoas que vivem lá e precisam<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento, mas esse <strong>de</strong>senvolvimento<br />

também é predatório. O que eu<br />

quis trazer para o filme são todas essas<br />

nuances. A Amazônia é um assunto mundial,<br />

por ser algo superimportante da ecologia<br />

global, a <strong>de</strong>struição da Amazônia<br />

diz respeito ao mundo inteiro. É um problema<br />

muito nosso, mas é do mundo”,<br />

ressalta Janaina.<br />

Formada em artes plásticas, a artista<br />

informa que seu trabalho é panfletário<br />

mesmo e até hoje não teve nenhuma<br />

marca envolvida em seus projetos. “Até<br />

agora fiz meus projetos com dinheiro público<br />

e resultado <strong>de</strong> residências artísticas<br />

Isabella Perrotta: “Publicida<strong>de</strong> e arte se conectam”<br />

Fotos: Divulgação<br />

com bolsas <strong>de</strong> produção”, conta ela, que<br />

fez residência em cinema na França. Para<br />

Janaina, po<strong>de</strong>ria ser muito legal fazer<br />

parceria com uma marca que tenha a ver<br />

com os princípios propostos no seu trabalho.<br />

“Precisa ser uma marca engajada em<br />

preservação, ecologia, feminismo”.<br />

Ela afirma que a matéria-prima do seu<br />

trabalho é o mundo e a situação política.<br />

“O meu trabalho só faz sentido se tiver<br />

um cruzamento entre política e poética.<br />

Agora, por exemplo, estou trabalhando<br />

com o tema da <strong>de</strong>struição da Amazônia,<br />

o <strong>de</strong>smatamento, meu próximo filme vai<br />

ser sobre feminicídio. São assuntos políticos,<br />

mas que eu trago para o universo da<br />

linguagem. Para mim, a arte é uma forma<br />

<strong>de</strong> emancipação do pensamento das pessoas”,<br />

avalia.<br />

Apesar da visão crítica, a artista afirma<br />

que “não dá para ignorar que a publicida<strong>de</strong><br />

é superpo<strong>de</strong>rosa e transforma<br />

imagens em feitiços”. Mas avisa: “Acho<br />

interessante entrar nisso <strong>de</strong> alguma forma,<br />

mas sempre <strong>de</strong> uma maneira crítica<br />

porque eu não trabalharia com ninguém<br />

que não fosse <strong>de</strong>ntro dos princípios que<br />

eu acredito. A solução para uma melhora<br />

do mundo vai na direção da <strong>de</strong>saceleração<br />

do consumo e da produção”, finaliza<br />

Janaina.<br />

A campanha da Nike Air Max Graffiti stores, criada pela AKQA SP, usou grafites<br />

A marca 3 Corações lançou uma linha <strong>de</strong> cafés inspirada nas obras <strong>de</strong> Candido Portinari<br />

90 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Experiência: o “X” da<br />

questão na economia<br />

celso andra<strong>de</strong>*<br />

Se há um elemento em qualquer negócio<br />

que nunca po<strong>de</strong> ser commodity,<br />

esse elemento é, sem dúvida, a criativida<strong>de</strong>.<br />

É ela que ajuda a tornar, na<br />

<strong>maio</strong>ria das vezes, negócios comuns em extraordinários,<br />

gerar diferenciação diante da<br />

concorrência ou ainda a superar as expectativas<br />

e <strong>de</strong>sejos do consumidor – sobretudo no<br />

nosso universo, do marketing, e daquela que<br />

a traz no próprio nome: a economia criativa.<br />

Porém, colocá-la só no discurso, na embalagem<br />

ou na campanha po<strong>de</strong> gerar algum<br />

resultado no curto prazo, mas dificilmente<br />

terá efeito sustentável. O que se sustenta na<br />

cabeça e na preferência dos consumidores é<br />

o que esses produtos, serviços e marcas entregam<br />

a mais, como eles se relacionam com<br />

a gente <strong>de</strong> forma inteligente, funcional, marcante<br />

e inesquecível. E é nesse cenário que a<br />

criativida<strong>de</strong> tem papel em outro contexto: o<br />

da economia da experiência.<br />

Há mais <strong>de</strong> 20 anos, Joseph Pine e James<br />

Gilmore trouxeram esse pensamento no livro<br />

que traz o termo como título: A Economia<br />

da Experiência. A data revela que não<br />

estamos falando <strong>de</strong> algo novo, e ainda assim<br />

há indústrias e negócios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<br />

que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> se atentar a esse elemento<br />

que é fundamental para qualquer marca e<br />

mercado, que transforma produtos e serviços<br />

simples em love brands e sucessos <strong>de</strong><br />

faturamento e receita.<br />

A i<strong>de</strong>ia por trás <strong>de</strong> uma economia baseada<br />

em experiências está exatamente em como<br />

as marcas po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>scomoditizar e ampliar<br />

sua percepção <strong>de</strong> valor, na medida em<br />

que elas <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser meras fornecedoras<br />

e se convertem em agentes <strong>de</strong> interações felizes<br />

e estimulantes, que geram satisfação<br />

para o consumidor. É o que faz pagarmos R$<br />

10 a mais por um café no Starbucks, em vez<br />

<strong>de</strong> escolher um espresso que po<strong>de</strong>ria até ser<br />

mais saboroso na cafeteria da próxima esquina.<br />

É o ambiente, o aroma, as texturas, as cores,<br />

a conveniência, o atendimento. Tudo o<br />

que faz você entrar em uma loja como aquela<br />

e experimentar muito mais que água quente<br />

num grão torrado e moído.<br />

E se uma experiência incrível po<strong>de</strong> ser<br />

o segredo do sucesso <strong>de</strong> marcas que trabalham<br />

produtos e serviços básicos e muitas<br />

vezes homogêneos aos <strong>de</strong> seus concorrentes,<br />

quando o contrário acontece, costuma<br />

ser <strong>de</strong>sastroso. Na era da economia da experiência,<br />

uma etapa falha da prestação <strong>de</strong><br />

um serviço, um produto lindo com um <strong>de</strong>talhe<br />

que atrapalhe sua funcionalida<strong>de</strong> ou<br />

um app em que não se consegue visualizar<br />

um campo a preencher ou que dá erro no<br />

momento crucial da conversão da venda,<br />

ou que ainda cria fricção nos “momentos<br />

da verda<strong>de</strong>” para o cliente, po<strong>de</strong> acabar<br />

com milhares <strong>de</strong> outros pontos positivos e<br />

gerar prejuízos irreversíveis.<br />

Em um mundo cada vez mais digital, precisamos<br />

pensar em como gerar experiências<br />

incríveis nos mais diferentes pontos <strong>de</strong> contato,<br />

no <strong>de</strong>talhe do <strong>de</strong>talhe, nos comportamentos<br />

mais peculiares. Usar a nosso favor<br />

os dados, a análise <strong>de</strong> comportamento, o teste<br />

constante <strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong>s – no digital e<br />

no físico –, estando sempre um passo à frente<br />

e garantindo uma experiência ótima em toda<br />

a jornada dos diferentes perfis <strong>de</strong> clientes.<br />

Na economia da experiência, o “X” da<br />

questão é o que está no UX (User Experience)<br />

e, principalmente, no CX (Customer<br />

Experience). É o que faz aquilo que parece<br />

o mais básico possível para o consumidor<br />

se manter assim, é o que o faz voltar ou se<br />

tornar recorrente, é o que o faz se acostumar<br />

com uma utilização virtual daquilo que<br />

sempre foi físico.<br />

Isso, claro, é latente quando falamos das<br />

experiências que naturalmente mexem com<br />

nossas emoções, como ler, ouvir música,<br />

consumir conteúdo e ter um bom momento<br />

<strong>de</strong> entretenimento. Mas não são diferentes<br />

em momentos críticos e necessários, como<br />

pagar uma conta, concluir uma compra ou<br />

ter acesso a um sistema no momento que o<br />

usuário quer e precisa, sem atrasos, sem interrupções<br />

e sem margem para erros.<br />

Uma boa experiência não acelera só nossa<br />

pulsação ou o pensamento. Acelera negócios,<br />

resultados e sucesso <strong>de</strong> empresas<br />

dos mais diferentes setores e tamanhos. A<br />

criativida<strong>de</strong> continua fundamental. Mas se<br />

a experiência for ruim, não há economia<br />

que aguente.<br />

“A criAtividA<strong>de</strong><br />

é fundAmentAl.<br />

mAs, se A experiênciA<br />

for ruim, não<br />

há economiA<br />

que Aguente”<br />

*Celso Andra<strong>de</strong> é CEO da UOTZ<br />

celso@uotz.com.br<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 91


PROPMARK 57 ANOS<br />

Divulgação<br />

A economia<br />

da criativida<strong>de</strong><br />

FERNANDO GUNTOVITCH*<br />

E<br />

stamos vivendo tempos estranhos.<br />

Neste período pós-pan<strong>de</strong>mia, se é<br />

que acabou, estamos saindo anestesiados<br />

e com gran<strong>de</strong>s questionamentos.<br />

Basta ver a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pessoas que mudaram <strong>de</strong> emprego, cida<strong>de</strong>,<br />

modo <strong>de</strong> vida ou regime matrimonial.<br />

Neste turbilhão <strong>de</strong> incertezas é normal<br />

reavaliar as nossas escolhas até aqui. Eu<br />

tento achar respostas através da criativida<strong>de</strong>.<br />

De fazer o novo. Fazer diferente.<br />

A publicida<strong>de</strong> brasileira é uma referência<br />

criativa. No doubt. Não preciso citar todos<br />

os prêmios alcançados, bastando apenas<br />

lembrar <strong>de</strong> campanhas e ações memoráveis,<br />

nos mais variados segmentos.<br />

E exatamente em tempos difíceis como<br />

o que a socieda<strong>de</strong> global está enfrentando,<br />

não <strong>de</strong>vemos poupar o uso da criativida<strong>de</strong>.<br />

Devemos gastar, ou investir, para soar melhor.<br />

Criativida<strong>de</strong> é tudo.<br />

Como qualquer produto ou serviço, criativida<strong>de</strong><br />

custa. Tem valor. A criativida<strong>de</strong><br />

requer conhecimento, requer vivência, requer<br />

curiosida<strong>de</strong>, requer coragem e sobretudo<br />

requer vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer diferente. E<br />

tudo isso requer um investimento.<br />

Investir na formação dos jovens talentos<br />

que as universida<strong>de</strong>s oferecem a cada ano.<br />

Investir nos profissionais que trabalham incansavelmente<br />

para achar soluções para todos<br />

os <strong>de</strong>safios que enfrentamos no campo<br />

profissional.<br />

Investir na transformação digital, enten<strong>de</strong>ndo<br />

o mar <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que temos<br />

para melhorar não só a vida das pessoas,<br />

mas o mundo.<br />

Com tantas transformações que a socieda<strong>de</strong><br />

enfrentou, o uso da criativida<strong>de</strong> sempre<br />

foi a solução para vencer os <strong>de</strong>safios.<br />

E por que estamos abrindo mão <strong>de</strong>la agora?<br />

Lembro o leitor que a tal famosa economia<br />

criativa foi lançada na década <strong>de</strong> 1980<br />

pela dama <strong>de</strong> ferro – Margareth Tatcher,<br />

primeira-ministra da Inglaterra –, que apresentou<br />

um relatório reconhecendo a força<br />

e a importância da cultura e tecnologia no<br />

contexto econômico do país.<br />

É a partir daí que batiza-se a economia<br />

criativa.<br />

A arte nas suas mais variadas formas,<br />

através da pintura, música, teatro e cinema,<br />

entre tantas outras, é fonte inesgotável para<br />

aguçar a nossa criativida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> ser um<br />

bálsamo para a alma.<br />

A criativida<strong>de</strong> precisa ser abastecida,<br />

compartilhada, divulgada. A sua utilização<br />

é uma fonte <strong>de</strong> inspiração para as próximas<br />

gerações, ao menos <strong>de</strong>veria ser.<br />

Que as próximas gerações inspirem-se e<br />

façam mais, criando um movimento virtuoso<br />

e não vicioso, como estamos vivendo<br />

atualmente. Neste caso, menos é menos.<br />

Por que as empresas, 40 anos <strong>de</strong>pois,<br />

estão <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a criativida<strong>de</strong>, o talento,<br />

a coragem <strong>de</strong> fazer o novo, ousar? Por<br />

causa do valor. Existe uma tendência <strong>de</strong><br />

economizar. Economizar na criativida<strong>de</strong>.<br />

Mas ela, diferentemente <strong>de</strong> outras coisas,<br />

não po<strong>de</strong> ser comercializada em frações.<br />

Você não po<strong>de</strong> comprar 50% <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong><br />

e 50% do básico.<br />

Enquanto a ca<strong>de</strong>ia como um todo não se<br />

alinhar e caminhar junto na mesma direção,<br />

estaremos gastando nosso tempo com<br />

reuniões realmente virtuais e não reais.<br />

Acredito no potencial criativo <strong>de</strong> cada indivíduo<br />

e tento fomentar ao máximo para<br />

que isto se reflita não apenas no trabalho,<br />

mas na sua vida/legado.<br />

“o uso da criativida<strong>de</strong><br />

sempre foi a solução<br />

para vencer os<br />

<strong>de</strong>safios”<br />

*Fernando Guntovitch é fundador e CEO da TG<br />

fguntovitch@group.com.br<br />

92 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

As novas formas<br />

<strong>de</strong> conexão<br />

AlexAndre BouzA*<br />

O<br />

que é uma conexão? O que é capaz<br />

<strong>de</strong> criar uma ligação forte e verda<strong>de</strong>ira<br />

entre uma pessoa e um<br />

produto, uma marca? Esta é uma<br />

inquietação que move o Grupo Boticário ao<br />

longo <strong>de</strong> toda a sua história. Des<strong>de</strong> que existimos,<br />

nossas marcas procuram se conectar<br />

às pessoas, fazendo parte do dia a dia e <strong>de</strong><br />

momentos especiais, gerando memórias,<br />

mexendo com sentidos e sentimentos. Essa<br />

busca constante pela conexão está extrapolando<br />

as barreiras que divi<strong>de</strong>m o mundo<br />

digital e o analógico, por meio da inovação<br />

e da criativida<strong>de</strong> – dois dos pilares que sustentam<br />

o conceito <strong>de</strong> economia criativa.<br />

A economia criativa começou a ganhar<br />

<strong>de</strong>staque no início <strong>de</strong>ste século. É a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> promover inovação e criativida<strong>de</strong> em todos<br />

os ramos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, buscando o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

mais sustentável a partir <strong>de</strong><br />

novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio – algo que tem<br />

tudo a ver com o que fazemos no Grupo Boticário.<br />

Neste contexto, é fundamental trilhar<br />

os caminhos para gerar novas formas<br />

<strong>de</strong> se conectar às pessoas. E uma das maneiras<br />

que encontramos para fazer isso foi<br />

entrando no universo dos games.<br />

Estamos atentos ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>sse setor há anos e, em 2021, realizamos<br />

nossa primeira ativação exclusiva <strong>de</strong>ntro do<br />

universo gamer, no Avakin Life, um simulador<br />

<strong>de</strong> realida<strong>de</strong> virtual que permite customizações<br />

únicas para os avatares. Pensando<br />

nisso, criamos uma loja do Boticário in-game,<br />

on<strong>de</strong> era possível interagir com aten<strong>de</strong>ntes<br />

e comprar nossos produtos por tempo<br />

limitado. Aproveitando o Carnaval <strong>de</strong>ste<br />

ano, reabrimos a loja com uma experiência<br />

360º que incluiu blocos, ví<strong>de</strong>os exclusivos<br />

e a venda <strong>de</strong> skins especiais. Mas nem só<br />

<strong>de</strong> experiências virtuais vivem os gamers, e<br />

queremos nos conectar a eles <strong>de</strong>ntro e fora<br />

do meio digital. Pensando nisso, firmamos<br />

parceria com a equipe feminina <strong>de</strong> e-Sports<br />

do Black Dragons, uma das principais organizações<br />

<strong>de</strong>ste nicho no país. Mais do que<br />

associar a marca ao time, nosso propósito<br />

com este patrocínio é acolher mulheres que<br />

lutam pelos seus sonhos com garra e paixão,<br />

marcando presença no seu dia a dia. Sabemos<br />

dos obstáculos enfrentados pelas atletas<br />

e nosso propósito é criar uma relação <strong>de</strong><br />

troca: ouvi-las e enten<strong>de</strong>r como po<strong>de</strong>mos<br />

contribuir para a promoção <strong>de</strong> um ambiente<br />

mais inclusivo e igualitário. Nossas iniciativas<br />

voltadas à economia criativa também<br />

incluem o público que não é gamer.<br />

No Boticário Lab no Shopping Morumbi,<br />

em São Paulo (SP), o consumidor encontra<br />

maneiras inovadoras <strong>de</strong> conhecer e se conectar<br />

aos nossos produtos. A loja conceito<br />

conta com serviços <strong>de</strong> consultoria digital<br />

que utiliza inteligência artificial para escolha<br />

<strong>de</strong> presentes, fragrâncias, itens <strong>de</strong> maquiagem<br />

e outros produtos, para assegurar<br />

a melhor experiência <strong>de</strong> atendimento e<br />

encantar os visitantes. Também direcionamos<br />

nossa criativida<strong>de</strong> para o lançamento<br />

<strong>de</strong> produtos, como foi o caso da fragrância<br />

Floratta My Blue, que foi realizada em<br />

parceria com a Netflix usando como mote<br />

a aclamada série Bridgerton, da Shondaland.<br />

A campanha foi inspirada no clima <strong>de</strong><br />

romance da trama <strong>de</strong> época, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o filme<br />

que remete à história e é recheado <strong>de</strong> easter<br />

eggs até ações com influenciadores digitais.<br />

Criar conexões verda<strong>de</strong>iras vai além <strong>de</strong><br />

um discurso fácil <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r. Estrategicamente,<br />

é fundamental para inserir uma<br />

marca e seus produtos na jornada do consumidor<br />

<strong>de</strong> ponta a ponta – e, <strong>de</strong> quebra,<br />

ainda contribui para fomentar o pensamento<br />

inovador que move as empresas do futuro<br />

rumo ao crescimento perene e sustentável.<br />

O Grupo Boticário não é formado por<br />

marcas <strong>de</strong> produtos, e sim por marcas <strong>de</strong><br />

conexões. É por meio <strong>de</strong>las que queremos<br />

a<strong>de</strong>ntrar o universo dos eSports, dos fãs <strong>de</strong><br />

séries, <strong>de</strong> quem está no metaverso. A inovação<br />

e a criativida<strong>de</strong> seguem nos movendo<br />

para criar laços duradouros tanto <strong>de</strong>ntro<br />

quanto fora do mundo digital.<br />

“A inovAção e<br />

A criAtividA<strong>de</strong><br />

seguem nos movendo<br />

pArA criAr lAços<br />

durAdouros tAnto<br />

<strong>de</strong>ntro quAnto forA<br />

do mundo digitAl”<br />

*Alexandre Bouza é VP Consumer<br />

do Grupo Boticário<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 93


propmark 57 anos<br />

“na cozinha,<br />

a galera se<br />

ajuda <strong>de</strong>mais”<br />

Divulgação<br />

É<br />

da cozinha, consi<strong>de</strong>rada o coração da casa,<br />

que saem as melhores conversas. Uma<br />

<strong>de</strong>las atingiu em cheio Raul Lemos. A<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar a propaganda pela<br />

gastronomia não <strong>de</strong>morou a ecoar entre panelas<br />

e fogões. Começou em 2014. Mas Lemos, que<br />

trabalhava no atendimento <strong>de</strong> contas, teve o seu<br />

<strong>de</strong>stino traçado quando saiu como vice-campeão da<br />

segunda temporada do MasterChef Brasil, franquia<br />

da En<strong>de</strong>mol transmitida na Band, em 2015. Hoje, aos<br />

41 anos, o chef <strong>de</strong> cozinha da CasaLab Gastronomia<br />

e apresentador <strong>de</strong> TV exercita a sua criativida<strong>de</strong> no<br />

preparo <strong>de</strong> receitas para o cotidiano, aproveitando o<br />

boom do setor. A gastronomia é a área da economia<br />

criativa que mais cresceu em oferta <strong>de</strong> empregos no<br />

quarto trimestre do ano passado. A alta foi <strong>de</strong> 42%<br />

em relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2020, segundo o<br />

Painel <strong>de</strong> Dados do Observatório Itaú Cultural.<br />

Raul Lemos, chef <strong>de</strong> cozinha da CasaLab Gastronomia e apresentador <strong>de</strong> TV<br />

Janaina Langsdorff<br />

similarida<strong>de</strong>s<br />

Publicida<strong>de</strong> e gastronomia<br />

têm processos parecidos. O<br />

mais engraçado <strong>de</strong> tudo isso é<br />

que, na minha vida <strong>de</strong> agência,<br />

fui atendimento, pu<strong>de</strong> conhecer<br />

criativos muito feras nas<br />

agências em que eu trabalhei,<br />

e acho que o processo tem as<br />

suas semelhanças: a busca <strong>de</strong><br />

referências, <strong>de</strong> informações<br />

sobre o que funciona, sobre o<br />

que não funciona, quem faz <strong>de</strong><br />

que jeito... é por aí.<br />

diferenças<br />

Mas o resultado não é o<br />

mesmo. A comida é feita para<br />

matar a vonta<strong>de</strong>, e a publicida<strong>de</strong><br />

é feita para gerar vonta<strong>de</strong>.<br />

São antíteses, porém, são<br />

trutas!<br />

inspiração<br />

Na gastronomia, as referências<br />

vêm do mergulho em<br />

livros <strong>de</strong> receita, <strong>de</strong> conteúdos<br />

e documentários sobre comida<br />

e alimentação, além <strong>de</strong><br />

comer e cozinhar sem parar.<br />

Para mim, a criativida<strong>de</strong> vem<br />

da soma das suas referências,<br />

experiências e estudos. Hoje,<br />

po<strong>de</strong>mos seguir nossos “ídolos”<br />

nas re<strong>de</strong>s, e comer!<br />

Brainstorming<br />

A discussão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias é muito<br />

parecida com os <strong>de</strong>bates<br />

que acontecem em agências.<br />

Temos reunião com parceiros<br />

<strong>de</strong> cozinha ou com o time.<br />

Dali, sai uma lista dos pratos<br />

e processos, que po<strong>de</strong>mos<br />

usar para potencializar sabor<br />

ou otimizar o esquema <strong>de</strong> produção.<br />

Criativida<strong>de</strong><br />

Difícil dizer qual foi o prato<br />

mais criativo que já preparei.<br />

Eu tento sempre fazer as coisas<br />

do meu jeito. Acho que fui<br />

muito criativo em uma versão<br />

bem mais barata do Beef<br />

Wellington, que eu chamei <strong>de</strong><br />

“Bife An<strong>de</strong>rson”. Troquei o<br />

filé mignon por carne moída<br />

<strong>de</strong> suíno, e substituí outros ingredientes<br />

mais caros.<br />

Cooperação<br />

A gastronomia <strong>de</strong>ixa ensinamentos<br />

que po<strong>de</strong>m ser<br />

“Temos reunião<br />

com parceiros <strong>de</strong><br />

cozinha ou com o<br />

Time. dali, sai uma<br />

lisTa dos praTos<br />

e processos”<br />

utilizados para que a publicida<strong>de</strong><br />

seja mais colaborativa<br />

e menos hostil ao lidar com<br />

equipes. Então, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

gestão que segui por muito<br />

tempo, me ajuda <strong>de</strong>mais na<br />

cozinha. Mas tem uma coisa<br />

que o trabalho na cozinha possui,<br />

que acredito estar em falta<br />

na publicida<strong>de</strong>: na cozinha, a<br />

galera se ajuda <strong>de</strong>mais. A coisa<br />

não é <strong>de</strong>partamentizada. Todo<br />

mundo é cozinha.<br />

troCa<br />

Quando olho para a mudança<br />

da publicida<strong>de</strong> para<br />

a gastronomia, concluo que<br />

eu gostava do que fazia, mas<br />

não me completava. Quando<br />

eu passei por uma situação<br />

ruim, aproveitei, e me joguei<br />

para os fogões.<br />

saBor e Beleza<br />

A gastronomia consi<strong>de</strong>ra<br />

tanto a criativida<strong>de</strong> na composição<br />

e construção <strong>de</strong> sabores<br />

como a apresentação dos<br />

pratos. Tem <strong>de</strong> tudo. Há quem<br />

preze uma experiência completa<br />

e inovadora. E ainda há<br />

aqueles que querem comer boa<br />

comida.<br />

nas ruas<br />

Para a galera que come<br />

churrasquinho grego no Centro,<br />

vale me chamar! Porque<br />

tem uns bem bons!<br />

fome<br />

É impossível não lembrar<br />

do povo sofrido. Essa, por acaso,<br />

é a minha pegada, tentar<br />

aterrissar ao máximo receitas<br />

e preparos para o dia a dia da<br />

galera. Usar ingredientes diferentes,<br />

especiarias e temperos,<br />

po<strong>de</strong> ajudar <strong>de</strong>mais a<br />

variar uma cesta básica mais<br />

limitada.<br />

94 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

A transformação<br />

da comunicação<br />

rapha avellar*<br />

Quantas vezes por dia você ouve<br />

uma música, assiste uma série, lê<br />

um livro, usa um aplicativo para te<br />

ajudar a realizar alguma tarefa? Sejamos<br />

bem sinceros: em pelo menos meta<strong>de</strong><br />

do nosso tempo acabamos fazendo algumas<br />

<strong>de</strong>ssas coisas. Mas você já reparou que tudo<br />

isso está ligado à economia criativa? Quando<br />

falamos esse nome bonito po<strong>de</strong> parecer algo<br />

diferente, mas nada mais é do que o que<br />

nós consumimos em nosso dia a dia, que é<br />

uma parte extremamente necessária para a<br />

indústria da comunicação como um todo.<br />

O conceito, apesar <strong>de</strong> ser relativamente<br />

novo, envolve ativida<strong>de</strong>s que já conhecemos<br />

há bastante tempo. Mas com todas<br />

essas mudanças que o mundo enfrentou<br />

ao longo dos últimos anos, principalmente<br />

após a pan<strong>de</strong>mia, este tem sido o caminho<br />

para impulsionar o crescimento da economia.<br />

E, além das novas formas que as marcas<br />

encontraram para criar uma conexão<br />

genuína com o seu público, como é o caso<br />

dos criadores <strong>de</strong> conteúdo, hoje elas po<strong>de</strong>m<br />

contar também com inovações capazes <strong>de</strong><br />

levar o jogo para o próximo nível, como é o<br />

caso do metaverso e dos NFTs.<br />

Há algum tempo, as empresas passaram<br />

a compreen<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r real dos influenciadores<br />

não só para se comunicar com a sua<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira mais assertiva,<br />

mas também para criar conteúdos realmente<br />

ricos que entretenham e não interrompam.<br />

E hoje, já não é mais uma opção<br />

<strong>de</strong>senvolver uma estratégia sem antes consi<strong>de</strong>rar<br />

qual ação será feita com influenciadores.<br />

Isso nos mostra que o brilho da<br />

criativida<strong>de</strong> e o da originalida<strong>de</strong> são fundamentais<br />

para alcançar o sucesso.<br />

Já o metaverso ainda passa por uma<br />

fase <strong>de</strong> adaptação e entendimento por parte<br />

da socieda<strong>de</strong> como um todo, o que não<br />

impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma que as marcas já<br />

estejam investindo fortemente nesse novo<br />

universo. A Coca-Cola, por exemplo, lançou<br />

recentemente a sua bebida com sabor<br />

<strong>de</strong> pixel no universo virtual. A Zero Sugar<br />

Byte é uma criação da Coca-Cola Creations,<br />

plataforma global <strong>de</strong> inovação para colaboração,<br />

criativida<strong>de</strong> e conexões culturais<br />

da empresa, e é a primeira edição limitada<br />

a <strong>de</strong>sembarcar na América Latina. A i<strong>de</strong>ia<br />

parece muito futurista, mas na prática ela<br />

une conceitos capazes <strong>de</strong> engajar qualquer<br />

consumidor. Já que não se trata apenas <strong>de</strong><br />

oferecer somente um serviço, mas, sim, <strong>de</strong><br />

proporcionar um mundo completo, com<br />

possibilida<strong>de</strong>s profundas <strong>de</strong> interação.<br />

Os “token não-fungíveis”, tradução em<br />

português para a sigla NFT, por sua vez,<br />

estão conquistando cada vez mais espaço<br />

nesse mercado. Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, eles<br />

movimentaram mais <strong>de</strong> US$ 24,9 bilhões<br />

em 2021 e a tendência é que esse investimento<br />

cresça ainda mais. O fato é que toda<br />

essa expansão está <strong>de</strong>spertando, cada vez<br />

mais, a curiosida<strong>de</strong> das marcas sobre o<br />

tema, mas o que isso representa em termos<br />

<strong>de</strong> retorno efetivo para as empresas?<br />

A real importância <strong>de</strong> um token não está<br />

diretamente ligada com dinheiro, mas sim<br />

com valor e reconhecimento por trás daquele<br />

ativo, como, por exemplo, um álbum<br />

inédito <strong>de</strong> um artista ou aquelas revistas<br />

em quadrinhos. A verda<strong>de</strong> é que quando<br />

as empresas perceberem as oportunida<strong>de</strong>s<br />

que as NFTs oferecem e o público se familiarizar<br />

com essa i<strong>de</strong>ia, tenho certeza que<br />

po<strong>de</strong>remos observar um boom no mercado<br />

e a tendência das NFTs em todo o mundo.<br />

Nesses anos <strong>de</strong> experiência, aprendi que<br />

o foco do público vive em constante mudança<br />

e isso até po<strong>de</strong> parecer <strong>de</strong>sanimador,<br />

mas, com uma boa análise <strong>de</strong> dados e com<br />

uma forte conexão com o seu público, você<br />

po<strong>de</strong> ter muito mais chances <strong>de</strong> produzir<br />

um conteúdo que mova o ponteiro. Para<br />

isso, é preciso pensar muito e bater cabeça<br />

até extrair o melhor para a sua comunida<strong>de</strong>.<br />

Ter 100 ou 1 milhão <strong>de</strong> fãs não é o<br />

mais importante, mas, sim, a fi<strong>de</strong>lização do<br />

seu público para que eles possam causar o<br />

engajamento suficiente para fazer com que<br />

o business dos criadores continue evoluindo.<br />

Se você já faz isso, está no caminho certo.<br />

Mas se para você isso ainda é visto como<br />

algo distante, é melhor correr para não ficar<br />

para trás.<br />

“Nesses aNos <strong>de</strong><br />

experiêNcia, apreNdi<br />

que o foco do público<br />

vive em coNstaNte<br />

mudaNça”<br />

*Rapha Avellar é fundador e CEO da Adventure<br />

simprensa@adventures.inc<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 95


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Criativos com valor<br />

Clariza rosa*<br />

Pensar em economia criativa é lidar<br />

com um conjunto <strong>de</strong> ações, i<strong>de</strong>ias,<br />

pessoas e projetos que po<strong>de</strong>m trazer<br />

retorno econômico.<br />

Já reparou a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> festivais, espetáculos<br />

teatrais, shows ao ar livre, filmes<br />

e séries que são produzidos aqui no Brasil<br />

todos os anos?<br />

Isso sem contar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campanhas<br />

publicitárias que consumimos<br />

diariamente seja na TV, podcasts, jornais,<br />

revistas e principalmente nas re<strong>de</strong>s<br />

sociais.<br />

Nos últimos anos se tem observado novos<br />

segmentos <strong>de</strong> negócios, cujos produtos<br />

e serviços prestados não são mais os<br />

mesmos.<br />

Cada vez mais a indústria criativa vem<br />

dando espaço para talentos individuais<br />

promovendo criações <strong>de</strong> diferentes partes<br />

do país.<br />

O entendimento <strong>de</strong> conexão entre as<br />

marcas, as empresas, a comunida<strong>de</strong> e os<br />

consumidores é uma característica da<br />

economia atual e, mais recentemente, a<br />

geração <strong>de</strong> valor para essa economia mostrou<br />

também estar ligada à construção <strong>de</strong><br />

valores sociais.<br />

É neste ponto que surgem projetos e<br />

ações publicitárias que promovem produtores<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que estão acessando<br />

esse mercado, buscando mostrar i<strong>de</strong>ias e<br />

visões <strong>de</strong> produtos mais conectados com as<br />

realida<strong>de</strong>s sociais.<br />

As mudanças tecnológicas e os novos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação são os gran<strong>de</strong>s<br />

responsáveis pela busca constante por<br />

criativida<strong>de</strong>, serviços e entregas mais representativas.<br />

Mas, é sabido que não existe apenas uma<br />

fonte da criativida<strong>de</strong>, jorrando i<strong>de</strong>ias brilhantes<br />

que façam os conteúdos se tornarem<br />

mais bonitos e interessantes.<br />

Cabe a cada ser humano envolvido nesse<br />

processo fazer o melhor uso da tecnologia<br />

e se responsabilizar pela influência que estamos<br />

tendo na formação cultural da socieda<strong>de</strong><br />

e quem são as pessoas que constroem<br />

esses novos lugares.<br />

As indústrias responsáveis pela venda <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ias criativas vêm crescendo e mostrando<br />

seu impacto econômico que contribuem<br />

com mudanças no âmbito social e financeiro,<br />

mas também com transformações no<br />

mundo intangível.<br />

Um dos casos é o da publicida<strong>de</strong>, que<br />

muda os termos simbólicos e po<strong>de</strong> promover<br />

mudanças estruturais, como o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais plural,<br />

que respeita as pessoas em suas individualida<strong>de</strong>s.<br />

Já dizia o escritor Austin Kleon “É no ato<br />

<strong>de</strong> criar e fazer o nosso trabalho que <strong>de</strong>scobrimos<br />

quem somos”.<br />

Há momentos que precisamos tentar milhares<br />

<strong>de</strong> vezes e compreen<strong>de</strong>r que o nosso<br />

real papel <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa indústria é utilizar<br />

do nosso talento, da nossa imaginação e<br />

construirmos um time para dar voz a quem<br />

sempre foi silenciado.<br />

“cada vez mais a<br />

indústria criativa<br />

vem dando espaço<br />

para talentos<br />

individuais”<br />

*Clariza Rosa é cofundadora e lí<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> novos negócios da Silva<br />

clariza@silvaprodutora.com<br />

96 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

“vivemos um<br />

momento <strong>de</strong> quebra<br />

<strong>de</strong> paradigmas”<br />

Jason Lowe/Divulgação<br />

Com experiência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três décadas em<br />

restaurantes, a cozinheira Paola Carosella<br />

diz que já presenciou muita mudança<br />

<strong>de</strong> tendência, crises e momentos <strong>de</strong><br />

prosperida<strong>de</strong>. “E o resultado disso é um olhar mais<br />

elástico para os momentos. Nada é sempre tão bom<br />

quanto parece, e quando é ruim po<strong>de</strong> existir uma<br />

saída criativa”, afirmou. Para Carosella, consi<strong>de</strong>rada<br />

um dos principais nomes da gastronomia nacional,<br />

economia criativa é uma prova <strong>de</strong> que o mundo,<br />

as socieda<strong>de</strong>s e as formas <strong>de</strong> relacionamento não<br />

são estáticas. “Tudo muda e se transforma e é<br />

fundamental acompanhar, ser criativo, tentar fugir<br />

do olhar já aprendido, do tradicional, isso se aplica a<br />

tudo”, <strong>de</strong>stacou.<br />

VINÍCIUS NOVAES<br />

EcONOMiA cRiAtivA<br />

O que eu entendo por economia<br />

criativa é que o mundo, as<br />

socieda<strong>de</strong>s e as formas <strong>de</strong> nos<br />

relacionar não são estáticas.<br />

Tudo muda e se transforma e é<br />

fundamental acompanhar, ser<br />

criativo, tentar fugir do olhar já<br />

aprendido, do tradicional, isso<br />

se aplica a tudo.<br />

HOSPitAlidAdE<br />

É fundamental, pois trabalhar<br />

com hospitalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>manda um olhar atento e<br />

sensível a todos os movimentos<br />

e tendências. Gastronomia,<br />

restaurantes, tudo o que<br />

envolve aten<strong>de</strong>r e cuidar <strong>de</strong><br />

pessoas <strong>de</strong>manda um olhar<br />

muito atento aos movimentos<br />

sociais, ao que não necessariamente<br />

se vê, mas se percebe.<br />

Quem não consegue ler a realida<strong>de</strong><br />

nas entrelinhas, distinguir<br />

o que será necessário,<br />

o que vai virar tendência, se<br />

per<strong>de</strong> no caminho, fica para<br />

trás.<br />

iMPActO NO diA A diA<br />

Eu trabalho com restaurantes<br />

há mais <strong>de</strong> 30 anos. Já vivi<br />

muita coisa, muita mudança<br />

<strong>de</strong> tendência, muitas crises e<br />

também muitos momentos <strong>de</strong><br />

prosperida<strong>de</strong>. O resultado disso<br />

é um olhar mais elástico para os<br />

momentos. Nada é sempre tão<br />

bom quanto parece, e quando<br />

é ruim po<strong>de</strong> existir uma saída<br />

criativa. Então, po<strong>de</strong>r olhar<br />

para essa possibilida<strong>de</strong>, não<br />

levando tão a sério a realida<strong>de</strong>,<br />

é um bom exercício para<br />

mim. Atualmente, a gastronomia<br />

vive um momento extremamente<br />

difícil. Os insumos<br />

aumentam quase diariamente,<br />

e os preços aos clientes não<br />

po<strong>de</strong>m ser repassados na velocida<strong>de</strong><br />

da inflação. A mão <strong>de</strong><br />

obra é muito escassa e, como<br />

em muitos outros lugares do<br />

mundo, os jovens não sentem<br />

mais <strong>de</strong>sejo ou interesse pelo<br />

trabalho como talvez a minha<br />

geração teve... Isso faz com que<br />

seja muito difícil formar e manter<br />

equipes estáveis, o turnover<br />

é altíssimo e isso tem um preço<br />

muito alto. Quando vivemos<br />

momentos assim, para mim,<br />

o importante é manter o radar<br />

muito ligado, se provocar constantemente<br />

para tentar saídas<br />

fora dos mol<strong>de</strong>s.<br />

MOdElO<br />

Não acho que a gente já<br />

tenha um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> futuro,<br />

sinto que vivemos num mo-<br />

Paola: a gastronomia vive hoje um momento difícil por conta do aumento dos insumos<br />

“se eu compro o<br />

produto, gosto<br />

<strong>de</strong>le, consigo<br />

ven<strong>de</strong>r com muita<br />

credibilida<strong>de</strong>”<br />

mento <strong>de</strong> quebra total <strong>de</strong> paradigmas,<br />

on<strong>de</strong> as novas regras<br />

do jogo ainda não foram criadas<br />

e, quando forem, não serão<br />

mais tão gerais. Eu sinto que<br />

vem pela frente uma gran<strong>de</strong><br />

quebra, <strong>de</strong> estruturas, <strong>de</strong> valores<br />

e <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s. Não temos<br />

tempos fáceis pela frente.<br />

Eu sinto que só quem se torne<br />

elástico e acompanhe o câmbio<br />

vai conseguir fazer parte <strong>de</strong>sse<br />

futuro.<br />

MERcAdO PublicitáRiO<br />

Acho que o começo foi no<br />

MasterChef, na Band. Num<br />

dos primeiros programas tive<br />

<strong>de</strong> fazer um merchan <strong>de</strong> produto<br />

<strong>de</strong> limpeza. Não foi fácil!<br />

Depois fui enten<strong>de</strong>ndo que,<br />

para mim, era muito importante<br />

me i<strong>de</strong>ntificar com aquilo<br />

que eu tinha <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r. Se<br />

fazia sentido para mim, ia fazer<br />

sentido para os outros, pois<br />

eu iria falar a verda<strong>de</strong>. Atualmente,<br />

é assim que trabalho,<br />

com todas as campanhas das<br />

quais faço parte. Se compro o<br />

produto, gosto <strong>de</strong>le e faz sentido<br />

para mim, consigo ven<strong>de</strong>r<br />

com muita credibilida<strong>de</strong> e, na<br />

verda<strong>de</strong>, não estou nem ven<strong>de</strong>ndo,<br />

estou compartilhando<br />

algo do que gosto, e isso as<br />

pessoas querem absorver.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 97


propmark 57 aNoS<br />

Divulgação<br />

Inovar é preciso<br />

RicaRdo fRanken*<br />

Será que economia criativa é mais<br />

um daqueles termos que aparecem<br />

e viram moda, surgem especialistas,<br />

ninguém po<strong>de</strong> ficar <strong>de</strong> fora e, assim<br />

que aparece outra novida<strong>de</strong>, somem? Tenho<br />

a mais absoluta convicção <strong>de</strong> que não.<br />

O nome po<strong>de</strong> até mudar, mas o seu impacto<br />

permanecerá e, mais do que isso, a tal da<br />

economia criativa já está entre nós há algum<br />

tempo. Talvez você não tenha percebido,<br />

porque não <strong>de</strong>ve estar ligando o nome<br />

à pessoa, mas todos nós já trombamos com<br />

seus reflexos diversas vezes, todos os dias.<br />

A face mais explícita <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong><br />

está na integração dos mercados <strong>de</strong> comunicação<br />

e criação <strong>de</strong> conteúdo com outras<br />

áreas <strong>de</strong> negócios. A criativida<strong>de</strong>, o capital<br />

intelectual e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovar são<br />

ativos cada vez mais valorizados em todos<br />

os tipos <strong>de</strong> organizações. Não raro hoje<br />

vemos profissionais oriundos <strong>de</strong> agências<br />

em altos cargos <strong>de</strong> empresas e consultorias<br />

que, até pouco tempo atrás, não voltavam<br />

o seu olhar para essas pessoas em seus processos<br />

seletivos.<br />

Big techs também têm levado para os<br />

seus quadros profissionais <strong>de</strong> marketing<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s multinacionais, e até músicos<br />

e artistas agora fazem parte dos conselhos<br />

consultivos e <strong>de</strong> acionistas <strong>de</strong> bancos e fintechs.<br />

Todos buscam times cada vez mais<br />

multidisciplinares para que diferentes pontos<br />

<strong>de</strong> vista possam ser usados nos processos<br />

<strong>de</strong> criação e <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />

Estes são só alguns exemplos <strong>de</strong> como a<br />

economia criativa tem se integrado e transformado<br />

a economia como um todo.<br />

Mas não é só isso. A pan<strong>de</strong>mia também<br />

escancarou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos esses<br />

valores <strong>de</strong>ntro do DNA <strong>de</strong> toda a companhia,<br />

em diversas áreas e em todos os<br />

níveis. Um momento <strong>de</strong> ruptura como<br />

aconteceu no início <strong>de</strong> 2020, quando todos<br />

tiveram <strong>de</strong> ficar em casa <strong>de</strong>vido ao isolamento<br />

social, acelerou o processo <strong>de</strong> mudanças<br />

e as empresas capazes <strong>de</strong> buscar<br />

soluções e movê-las rapidamente saíram<br />

fortalecidas. Nesta semana, quando eu<br />

estudava biologia com o meu filho David,<br />

<strong>de</strong> 14 anos, li sobre as teorias <strong>de</strong> Darwin e<br />

Lamarck do século 19 e fiquei impressionado<br />

como elas se aplicam perfeitamente ao<br />

mercado atual. Segundo Darwin, aqueles<br />

indivíduos mais capazes <strong>de</strong> se adaptar aos<br />

novos ambientes são os que sobrevivem.<br />

Portanto, as organizações capazes <strong>de</strong> se<br />

adaptar e evoluir, inovando na forma <strong>de</strong><br />

atuar, sendo criativas na a<strong>de</strong>quação dos<br />

seus produtos ou serviços e nos seus formatos<br />

<strong>de</strong> trabalho, são aquelas que estão<br />

hoje colhendo resultados positivos.<br />

Mas a cultura da inovação e o espaço<br />

para que as pessoas possam exercer a sua<br />

criativida<strong>de</strong> não são características que se<br />

po<strong>de</strong> mudar em dias ou meses. É algo que<br />

se cultiva e se pratica ao longo do tempo.<br />

Quem nunca usou, nem encorajou a criativida<strong>de</strong><br />

dos seus colaboradores, incentivando-os<br />

a pensar em soluções diferentes e a<br />

tomar alguma dose <strong>de</strong> risco sem apenas cobrar<br />

resultados, em uma rotina que mais se<br />

assemelha a uma linha <strong>de</strong> montagem que a<br />

uma empresa no século 21, não é capaz <strong>de</strong><br />

mudar essa realida<strong>de</strong> no curto prazo. E é<br />

muito provável, portanto, que saia <strong>de</strong> um<br />

período <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> e mudanças como<br />

o que passamos e ainda estamos passando<br />

com a Covid, menor do que quando entrou,<br />

isso se conseguirem sobreviver. E aí temos<br />

Lamarck: aquilo que usamos se <strong>de</strong>senvolve;<br />

e o que não usamos, atrofia.<br />

As mudanças são cada vez mais rápidas<br />

e, com isso, a economia criativa está <strong>de</strong>ixando<br />

<strong>de</strong> ser um setor específico do mercado<br />

para se transformar progressivamente<br />

em um conceito integrado à cultura <strong>de</strong> todas<br />

as empresas, sejam elas <strong>de</strong> comunicação<br />

ou não. Como diria Fernando Pessoa,<br />

outro gênio do século 19: “Viver não é necessário;<br />

o que é necessário é criar”. É isso,<br />

criar e inovar, sempre.<br />

“A economiA criAtivA<br />

está <strong>de</strong>ixAndo <strong>de</strong> ser<br />

um setor específico<br />

do mercAdo pArA se<br />

trAnsformAr em um<br />

conceito integrAdo”<br />

* Ricardo Franken é managing director da Integer\<br />

OutPromo<br />

ricardofranken@integeroutpromo.com.br<br />

98 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


PROPMARK 57 ANOS<br />

Divulgação<br />

A criativida<strong>de</strong> no<br />

meio da diversida<strong>de</strong><br />

Guilherme Pierri*<br />

Se nos Estados Unidos o berço da economia<br />

criativa é o Vale do Silício, no<br />

Brasil posso afirmar que são as favelas.<br />

Se estivéssemos falando <strong>de</strong> um<br />

estado, as favelas seriam hoje o 4º <strong>maio</strong>r<br />

da nossa fe<strong>de</strong>ração, com números mais expressivos<br />

que Bolívia e Paraguai somados.<br />

Uma população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong><br />

pessoas, em sua <strong>maio</strong>ria com perfil empreen<strong>de</strong>dor.<br />

Uma potência em termos <strong>de</strong> produção<br />

e consumo em meio a um universo<br />

pujante <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e também <strong>de</strong><br />

muita dificulda<strong>de</strong>.<br />

Em pesquisa recente do Data Favela (Instituto<br />

Locomotiva), quase 50% dos moradores<br />

já se consi<strong>de</strong>ram empreen<strong>de</strong>dores,<br />

sendo que 4 em cada 10 já possuem um<br />

negócio próprio, <strong>de</strong> maneira formal ou informal.<br />

Pessoas que empreen<strong>de</strong>m mesmo<br />

na ausência do Estado, <strong>de</strong> forma orgânica<br />

e com pouca margem ao erro, sem investidores,<br />

crédito ou um plano <strong>de</strong> negócio estruturado.<br />

A prática da economia criativa hoje é um<br />

dos principais influenciadores na economia<br />

brasileira. Mas na favela, isso não é nenhuma<br />

novida<strong>de</strong>.<br />

A versatilida<strong>de</strong> na criativida<strong>de</strong> sobra<br />

quando falamos <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo e<br />

inovação, seja na parte social, ambiental,<br />

tecnológica, artesanal ou até mesmo no<br />

âmbito financeiro. Para se ter uma i<strong>de</strong>ia,<br />

mais <strong>de</strong> 29% dos trabalhadores da favela<br />

obtêm alguma renda graças a um aplicativo,<br />

sejam eles os mais populares do asfalto<br />

ou até mesmo apps próprios, como no <strong>de</strong>livery<br />

<strong>de</strong> comida ou na locomoção <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

suas comunida<strong>de</strong>s.<br />

A favela está cheia <strong>de</strong> iniciativas criativas<br />

e, por conta dos territórios, na <strong>maio</strong>ria<br />

das vezes carentes <strong>de</strong> recursos – tanto no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano quanto na formação<br />

<strong>de</strong> profissionais no mercado (principalmente<br />

por uma herança histórica) –,<br />

o empreen<strong>de</strong>dorismo é feito em todos os<br />

âmbitos, por uma questão <strong>de</strong> urgência e sobrevivência.<br />

E o que a princípio era apenas uma questão<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, agora fortalece ainda<br />

mais não só as favelas e os moradores, mas<br />

também o país como um todo. País esse em<br />

que os pequenos negócios são mais <strong>de</strong> um<br />

quarto do PIB e os trabalhadores das favelas,<br />

além <strong>de</strong> movimentarem a roda, mantêm<br />

ela girando. É a economia na base da<br />

pirâmi<strong>de</strong> que mantém a chama acesa do<br />

nosso Brasil.<br />

É essa criativida<strong>de</strong> que nos mostra que,<br />

a partir do momento em que a inteligência<br />

encontra a oportunida<strong>de</strong>, chegamos à virtuosa<br />

combinação <strong>de</strong> renda e esperança. A<br />

favela é protagonista da própria existência<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento, e os moradores são os<br />

personagens da transformação através da<br />

engenhosida<strong>de</strong>.<br />

É a marca <strong>de</strong> roupas do Complexo do Alemão,<br />

que hoje é também vendida na Zona<br />

Sul e vestida por um ator numa série da<br />

Netflix. É a influenciadora digital que usa<br />

suas re<strong>de</strong>s sociais para falar <strong>de</strong> educação<br />

financeira e investimentos, e hoje estampa<br />

comerciais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s bancos. É o jornal da<br />

comunida<strong>de</strong>, que relata os acontecimentos<br />

dos territórios <strong>de</strong> forma legítima e com<br />

mais acesso e informação do que qualquer<br />

outro veículo <strong>de</strong> comunicação.<br />

Até aqui, vimos que, embora inicialmente<br />

não haja tantos recursos, há sagacida<strong>de</strong> e<br />

ousadia <strong>de</strong> sobra para fazer isso acontecer.<br />

São os próprios moradores, sendo os protagonistas<br />

das suas histórias, que estão chamando<br />

para si a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas<br />

vidas. Daqui em diante, acredito que ouviremos<br />

cada vez mais o dito “a favela venceu”.<br />

Afinal, além <strong>de</strong> ser um gran<strong>de</strong> território<br />

<strong>de</strong> inovação e empreen<strong>de</strong>dorismo, ela já<br />

vem há tempos vencendo muitas barreiras<br />

e preconceitos.<br />

“A fAvelA está<br />

cheiA <strong>de</strong> iniciAtivAs<br />

criAtivAs e, por contA<br />

dos territórios,<br />

nA mAioriA dAs<br />

vezes cArentes<br />

<strong>de</strong> recursos”<br />

*Guilherme Pierri é cofundador e co-CEO<br />

da Digital Favela<br />

guilherme@digitalfavela.com.br<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 99


Think wiTh influencers<br />

CONTEÚDO DE MARCA Think wiTh GooGle<br />

Privacida<strong>de</strong>: impactos, soluções<br />

e oportunida<strong>de</strong>s com base<br />

nos <strong>de</strong>sejos do consumidor<br />

RicaRdo Juncioni*<br />

Especial para o Think with Google<br />

SPo<strong>de</strong> parecer difícil compreen<strong>de</strong>r um<br />

ecossistema <strong>de</strong> anúncios digitais sem o<br />

uso dos cookies <strong>de</strong> terceiros, que por mais<br />

<strong>de</strong> uma década foram os indicadores dos<br />

hábitos <strong>de</strong> navegação das pessoas. Mas a indústria<br />

do marketing digital, aliada aos parceiros capazes<br />

<strong>de</strong> oferecer as soluções privacy-first certas, tem se<br />

reinventado nesse cenário. Com uma oportunida<strong>de</strong><br />

em especial: manter o acesso a informações dos<br />

seus consumidores ao passo que oferece anúncios<br />

relevantes, ofertas e conteúdo que fazem essa troca<br />

valer a pena.<br />

ApostAmos em umA estrAtégiA <strong>de</strong> dAdos<br />

primários com nossos clientes,<br />

construindo umA relAção AlinhAdA<br />

à privAcidA<strong>de</strong> dos seus consumidores<br />

– hélio Balbi, Diretor Executivo, Data & Tech da Blinks Essence<br />

uitos dos nossos clientes já enxergam a privacida<strong>de</strong> co-<br />

uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócio”, afirma Hélio Balbi,<br />

“Mmo<br />

Diretor Executivo, Data & Tech da Blinks Essence. “Apostamos<br />

em uma estratégia <strong>de</strong> dados primários construindo uma relação<br />

mais eficiente e alinhada à privacida<strong>de</strong>.”<br />

Alcançar esse estágio, no entanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> encarar a transparência<br />

como priorida<strong>de</strong> nessa relação. Em outras palavras, <strong>de</strong>ixar<br />

claro que os dados compartilhados pelos consumidores estão<br />

seguros e serão utilizados com responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Além da transparência, também é necessário oferecer segurança<br />

e contar com o consentimento para obter informações tão<br />

valiosas, que passam a compor o cerne das estratégias focadas<br />

no consumidor. E é nesse ponto que o data-driven marketing se<br />

torna possível em ativações <strong>de</strong> mídia por meio <strong>de</strong> soluções como<br />

o Customer Match.<br />

Impacto positivo dos anúncios<br />

E o que o consumidor pensa sobre os anúncios com os quais<br />

interage todos os dias? Entre as propagandas com impacto mais<br />

negativo se <strong>de</strong>stacam as que falam <strong>de</strong> produtos já adquiridos<br />

pelo consumidor, interrompem o conteúdo que ele está consumindo<br />

ou anúncios que se repetem ininterruptamente na sua<br />

vida digital.<br />

De acordo com estudos conduzidos pelo Google, sabemos<br />

que os anúncios que aparecem com impacto mais positivo são<br />

os curtos, dos quais se po<strong>de</strong> voltar com facilida<strong>de</strong> ao conteúdo<br />

anterior, os que promovem <strong>maio</strong>r engajamento e os que compartilham<br />

informações relevantes.<br />

100 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


De acordo com Vicente Varela, Chief<br />

Data Media Officer da LewLara/TBWA, “por<br />

meio das soluções do Google, pu<strong>de</strong>mos levar<br />

a relação do uso do first-party data <strong>de</strong><br />

nossos clientes para outro patamar, <strong>de</strong> forma<br />

prática e acionável”, pontua ele. “Hoje,<br />

estamos <strong>de</strong>senvolvendo a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

privacida<strong>de</strong>, mensuração e ativação <strong>de</strong> dados<br />

<strong>de</strong> forma segura e transparente.”<br />

Com o entendimento estabelecido do que<br />

é positivo ou negativo nos anúncios, é hora<br />

<strong>de</strong> implementarmos as soluções disponíveis,<br />

baseadas principalmente em machine learning,<br />

tanto para extrapolarmos o perfil dos<br />

seus dados first-party (Targeting Expansion)<br />

quanto para uma mensuração <strong>de</strong> resultados<br />

ainda mais certeira (Enhanced Conversions).<br />

Aproveitando também as soluções <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem<br />

e <strong>de</strong> incrementalida<strong>de</strong>, as agências<br />

po<strong>de</strong>m aproximar suas atuações dos resultados<br />

<strong>de</strong> negócios dos seus clientes.<br />

compra <strong>de</strong> mídia com estratégias <strong>de</strong> lance<br />

mais próximas aos objetivos do negócio —<br />

ou mesmo via aquisição inteligente <strong>de</strong> consumidores<br />

por meio <strong>de</strong> audiências preditivas.<br />

mAturidA<strong>de</strong> <strong>de</strong> privAcidA<strong>de</strong>,<br />

mensurAção e AtivAção <strong>de</strong><br />

dAdos <strong>de</strong> formA segurA e<br />

trAnspArente: levAmos o<br />

uso <strong>de</strong> dAdos first-pArty<br />

<strong>de</strong> nossos clientes A outro<br />

pAtAmAr<br />

– vicente varela, Chief Data Media<br />

Officer da LewLara/TBW<br />

A boa notícia é que tanto os anunciantes<br />

quanto as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />

ter sucesso nesse novo ecossistema com<br />

foco em privacida<strong>de</strong>. Ambos continuam<br />

apostando em frentes <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> mídia<br />

programática para alavancar seus negócios,<br />

seguindo as preferências <strong>de</strong> seus consumidores.<br />

As pessoas buscam por entretenimento<br />

no mundo digital, e a propaganda é um caminho<br />

para as marcas interagirem <strong>de</strong> forma<br />

estratégica com seus consumidores. O papel<br />

do CMO é enten<strong>de</strong>r a privacida<strong>de</strong> como<br />

uma priorida<strong>de</strong>, gerenciando as preferências<br />

e <strong>de</strong>sejos do consumidor e, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa<br />

relação respeitosa, fazer sua marca sair<br />

na frente.<br />

*Agency Lead Google<br />

Confira mais artigos no Think with Google.<br />

Acesse thinkwithgoogle.com.br<br />

Novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

Essas oportunida<strong>de</strong>s vão muito além da<br />

automação e do uso do machine learning.<br />

Elas seguem ao encontro <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> canais e formatos <strong>de</strong> mídia.<br />

Como fazer isso?<br />

Teste novas fontes <strong>de</strong> dados com a programática<br />

garantida, aposte em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

atribuição e invista em profissionais com<br />

habilida<strong>de</strong>s para o gerenciamento <strong>de</strong> dados.<br />

Assim, sua marca ganha eficiência na<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 101


canneS LionS <strong>2022</strong><br />

Retomada presencial do festival vai<br />

ser positiva, segundo Luiz Sanches<br />

Jurado pela sexta vez, este ano na competição Titanium Lions, o CCO da<br />

BBDO da América do Norte fala que evento virtual não gera experiência<br />

Divulgação<br />

Envolvido em todo o processo da conquista global <strong>de</strong> WhatsApp, Sanches comandou a criação do filme carnaval, o primeiro da campanha Fica só entre vocês, lançada no Brasil<br />

Paulo Macedo<br />

publiciitário Luiz Sanches vai representar<br />

o mercado brasileiro pela segun-<br />

O<br />

da vez no júri da área Titanium do Cannes<br />

Lions International Festival of Creativity,<br />

agendado para acontecer entre os dias 20 e<br />

24 <strong>de</strong> junho no Palais <strong>de</strong>s Festivals. Agora<br />

CCO dos escritórios da BBDO nos Estados<br />

Unidos, Canadá e México, on<strong>de</strong> comanda<br />

mais <strong>de</strong> mil profissionais, além <strong>de</strong> ser<br />

CCO global da holding Omnicom para a SC<br />

Johnson e manter a posição <strong>de</strong> chairman<br />

da AlmapBBDO, Sanches começa a analisar<br />

os cases inscritos a partir <strong>de</strong>sta segunda-<br />

-feira (<strong>23</strong>). “Meu critério será eleger o melhor”,<br />

resume Sanches, que já presidiu os<br />

júris <strong>de</strong> Filme e Outdoor Lions e participou<br />

nos júris <strong>de</strong> Mobile e Print.<br />

Em sua opinião, a volta presencial do<br />

festival será benéfica por alguns motivos.<br />

O primeiro está relacionado ao aspecto<br />

econômico, que comprometeu a liqui<strong>de</strong>z<br />

financeira <strong>de</strong> países, agências e também<br />

do segmento <strong>de</strong> eventos durante a pan<strong>de</strong>mia.<br />

“A crise é gerada por fatos. A Covid<br />

foi implacável. O festival presencial vai<br />

trazer <strong>de</strong> volta a bola <strong>de</strong> neve positiva. A<br />

volta da confiança. E do alto-astral”, diz.<br />

O segundo aspecto é sobre a relação entre<br />

pessoas. “Gente foi feita para ficar com<br />

gente. Não isolada. Consequentemente,<br />

vamos fazer trabalhos melhores”, adiciona.<br />

Em terceiro lugar, a volta presencial<br />

das equipes agregará valor para os clientes<br />

porque “com pessoas juntas nas agências<br />

vai se criar experiências. Pelo computador<br />

não há tanto comprometimento”.<br />

No caso do júri presencial, Sanches enfatiza<br />

que haverá mais tempo para se analisar<br />

as peças inscritas. Em sua avaliação,<br />

os júris online ficam limitados <strong>de</strong>vido ao<br />

tempo que os sistemas virtuais, como o<br />

Zoom, estabelecem. “O virtual é bom pelo<br />

lado processual. Mas não é bom quando<br />

está se falando <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Muitas<br />

peças foram penalizadas. Alguns presi<strong>de</strong>ntes<br />

conseguiram equilibrar e outros<br />

<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> contemplar a criativida<strong>de</strong>.<br />

Não sabemos, porém, o que vai acontecer.<br />

Ainda temos problemas com a pan<strong>de</strong>mia<br />

e ainda há a guerra que está ali nos fundos<br />

“Se exiSte uma revolução<br />

<strong>de</strong> conSumir conteúdo,<br />

ela aconteceu por conta<br />

da mídia. ter a mídia na<br />

eStrutura da agência noS<br />

torna maiS relevanteS”<br />

102 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Luiz Sanches, CCO da BBDO North America: Titanium<br />

da Europa. Apesar <strong>de</strong>sse lado negativo, a<br />

i<strong>de</strong>ia é extrair coisas positivas nesse curto<br />

período do festival. Após dois anos, será<br />

atípico ter um festival presencial”, raciocina<br />

Sanches.<br />

inTeRnacionaL<br />

Com longa carreira na AlmapBBDO, eleita<br />

pelo Cannes Lions como a Agência da Década<br />

do evento, Sanches está há dois meses<br />

na posição <strong>de</strong> CCO da BBDO North America.<br />

Na verda<strong>de</strong>, ele já vinha atuando <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o ano passado. “Agora houve a formalização”.<br />

Ele vai usar como base o escritório da<br />

BBDO <strong>de</strong> Nova York, a agência mais premiada<br />

dos Estados Unidos.<br />

“Quero manter essa performance e levar<br />

referências brasileiras, como o craft e a<br />

simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. Meu plano também<br />

contempla a integração <strong>de</strong> todas as agências<br />

sob o meu comando, cada uma <strong>de</strong>las<br />

com pelo menos duas especialida<strong>de</strong>s específicas<br />

para contribuir com o todo da região.<br />

Com flavors diferentes, elas po<strong>de</strong>rão<br />

ser reconhecidas como a AlmapBBDO, cuja<br />

imagem é associada a craft, i<strong>de</strong>ia e simplicida<strong>de</strong>.<br />

Sempre lembrando que craft <strong>de</strong>ve<br />

estar no texto, na imagem, na música. Em<br />

tudo”, planeja o criativo.<br />

Bayer se uniu ao mundo da moda para ressignificar os minibolsos das calças jeans sugerindo seu uso para Aspirina<br />

“com flavorS<br />

diferenteS, po<strong>de</strong>rão Ser<br />

reconhecidaS como a<br />

almapBBdo, cuja imagem<br />

é aSSociada a craft,<br />

i<strong>de</strong>ia e Simplicida<strong>de</strong>”<br />

MaiS coM MenoS<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fazer mais com menos não<br />

está associada à condição econômica do<br />

Brasil, on<strong>de</strong> os orçamentos são diminutos e<br />

exige que agências e produtoras se virem literalmente<br />

nos 30. Na visão <strong>de</strong> Sanches, ganha<br />

novo contorno com o momento do negócio<br />

da propaganda. Se antes era comum<br />

ter gran<strong>de</strong>s orçamentos para produções,<br />

agora, com a <strong>maio</strong>r exigência <strong>de</strong> conteúdos<br />

nos multivariados pontos <strong>de</strong> conexão com<br />

os consumidores, o volume <strong>de</strong> produção<br />

aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

“Para o cliente se tornar visível e relevante<br />

nesses novos meios digitais se tornou<br />

necessário produzir mais conteúdo.<br />

Como as verbas não aumentam proporcionalmente<br />

à necessida<strong>de</strong>, quem consegue<br />

trabalhar com orçamentos reduzidos, sem<br />

abrir mão da criativida<strong>de</strong>, vai fazer a diferença.<br />

Os brasileiros já estão acostumados<br />

e saem na frente <strong>de</strong> produzir mais quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conteúdo com menos investimento.<br />

Sempre falo que fomos ensinados nas<br />

agências a parar quando apertamos o botão<br />

play. Mas há algum tempo passamos a ter<br />

o after play, que é quando se começa uma<br />

conversa. Tem o trabalho <strong>de</strong> awareness, a<br />

isca para começar essa conversa. E como<br />

manter essa conversa aquecida? Precisamos<br />

produzir mais com menos investimento<br />

e isso foi acelerado durante a pan<strong>de</strong>mia”,<br />

explica Sanches.<br />

PLaTaFoRMa<br />

Vários projetos li<strong>de</strong>rados por Sanches já<br />

estão em andamento nos EUA, mas todos<br />

estão sob sigilo. O conceito que ele propõe<br />

é formalizar plataformas que abrigam campanhas<br />

e não se concentrar apenas no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> ações que, nas palavras<br />

<strong>de</strong> Sanches, “po<strong>de</strong>m ser feitas em um tempo<br />

mais curto”. Esse plano integra a reorganização<br />

da agência, que está em andamento,<br />

e vai exigir pelo menos seis meses para<br />

ser finalizada.<br />

Criptografia <strong>de</strong> ponta a ponta foi a promessa da ação para proteger as mensagens pessoais dos usuário do WhatsApp<br />

MoDeLo<br />

Algo que Sanches não vai conseguir exportar<br />

do Brasil para os EUA é o mo<strong>de</strong>lo<br />

brasileiro <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, que ele consi<strong>de</strong>ra<br />

o mais a<strong>de</strong>quado para a criativida<strong>de</strong>. “Se<br />

existe revolução <strong>de</strong> consumir conteúdo ela<br />

aconteceu por conta da mídia. Ter a mídia<br />

na estrutura da agência nos torna mais relevantes.<br />

E com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impactar<br />

mais positivamente do que quando não<br />

tem a mídia. Isso não tenho como levar pra<br />

lá. A OMD cuida disso. O que po<strong>de</strong>mos fazer<br />

é como pensar o conteúdo. Na AlmapBBDO,<br />

o conceito criativo é que <strong>de</strong>termina o encontro<br />

do formato i<strong>de</strong>al para ter conversas<br />

com pessoas. Adaptamos isso para o mundo<br />

digital. Essa mentalida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> a<br />

mídia não li<strong>de</strong>rar o processo, eu acho que<br />

é possível e já está acontecendo”, finaliza.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 103


Cannes Lions <strong>2022</strong><br />

Malala Yousafzai é a homenageada<br />

do Cannes LionHeart <strong>2022</strong><br />

Malala e seu pai cofundaram em 2014 o Malala Fund, que prega a liberda<strong>de</strong> para meninas construírem o seu futuro<br />

REPOSITIONING<br />

OR DIE!<br />

"Se a oportunida<strong>de</strong> não<br />

bater, construa uma porta",<br />

Milton Berle<br />

Planejamento e Reposicionamento<br />

Estratégicos Sob a Ótica do Mercado<br />

(11) 3<strong>23</strong>1-3998/<strong>23</strong>39<br />

madiamundomarketing.com.br<br />

(11) 98990-0346<br />

@malala<br />

Ativista paquistanesa<br />

virou símbolo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa da educação<br />

em todo o mundo<br />

Cannes LionHeart <strong>2022</strong> vai para Malala<br />

Yousafzai, a mais jovem ganha-<br />

O<br />

dora do Prêmio Nobel da Paz, recebido<br />

em 2014, quando a ativista paquistanesa<br />

tinha apenas 17 anos. A homenagem do<br />

Cannes Lions é concedida a pessoas reconhecidas<br />

por lutarem pelos direitos da<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

Defensora da educação, Malala tem<br />

agora o seu nome cravado no festival, ao<br />

lado <strong>de</strong> Al Gore, Paul Polman e Bono, entre<br />

outros. O Cannes Lions será realizado<br />

na França entre os dias 20 e 24 <strong>de</strong> junho<br />

em formato presencial, após dois anos.<br />

“Sua li<strong>de</strong>rança criativa do Malala Fund<br />

estabeleceu com sucesso uma instituição<br />

que está criando mudanças positivas para<br />

muitos em todo o mundo. Estamos honrados<br />

em presenteá-la com este prêmio”,<br />

disse Philip Thomas, presi<strong>de</strong>nte do Lion.<br />

Em 2014, Malala e seu pai Ziauddin<br />

Yousafzai cofundaram o Malala Fund, organização<br />

sem fins lucrativos, que prega a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha das meninas em buscarem<br />

as próprias oportunida<strong>de</strong>s.<br />

O Malala Fund trabalha em regiões on<strong>de</strong><br />

a <strong>maio</strong>ria das meninas não tem acesso ao<br />

ensino médio, incluindo Afeganistão,<br />

Bangla<strong>de</strong>sh, Brasil, Índia, Líbano, Nigéria<br />

e Tanzânia, além do Paquistão.<br />

Malala sofreu um atentado em 2012 por<br />

incentivar publicamente o aprendizado.<br />

Aos 15 anos, foi baleada na cabeça pelo Talibã,<br />

que havia proibido as meninas <strong>de</strong> frequentarem<br />

a escola. A garota sobreviveu,<br />

e virou símbolo do direito à educação em<br />

todo o mundo.<br />

PaLestrantes<br />

O CCO da Accenture Song, Eco Moliterno,<br />

e o CMO Global da Anheuser-Busch in-<br />

Bev, Marcel Marcon<strong>de</strong>s, são os brasileiros<br />

que estarão ao lado <strong>de</strong> nomes como Paris<br />

Hilton, CEO da 11:11 Media, e o campeão<br />

<strong>de</strong> xadrez Garry Kasparov na programação<br />

<strong>de</strong> palestrantes nesta edição do festival.<br />

Sustentabilida<strong>de</strong>, diversida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong><br />

e inclusão, dados e tecnologia, criativida<strong>de</strong><br />

e eficácia da marca, talento e<br />

transformação <strong>de</strong> negócios guiaram a<br />

composição da agenda, que também trará<br />

David Droga (CEO da Accenture Song),<br />

Tom Morton (CSO da R/GA) e Liz Taylor<br />

(CCO global da Ogilvy).<br />

104 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


supercenas<br />

Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />

Fotos: Divulgação<br />

Apresentadora e atriz, Maria Gal está à frente, a partir <strong>de</strong>sta semana, do programa Preto no Branco, que terá seis episódios e será exibido na gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação da Band News TV<br />

CONSCIENTIZAÇÃO<br />

A gra<strong>de</strong> do canal fechado Band News vai exibir a partir <strong>de</strong>sta<br />

quinta-feira (26) os seis episódios do programa Preto no Branco,<br />

que terá como âncora a apresentadora e atriz Maria Gal. “O talk<br />

show vai dialogar sobre diversida<strong>de</strong>, racismo e atitu<strong>de</strong>s antirracistas.<br />

Com seis episódios na primeira temporada, a atração tem<br />

como proposta ampliar a discussão sobre pautas raciais na televisão<br />

e fomentar a conscientização da população sobre a urgência<br />

em tratarmos <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> inclusão e diversida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>”,<br />

esclarece o comunicado da emissora.<br />

CARREIRA<br />

A escritora e influencer <strong>de</strong> economia e finanças Nathalia Arcuri assinou<br />

compromisso com a Sato Rahal, das irmãs Sabrina, Karina e<br />

Karin Sato, que passa a organizar o seu agenciamento artístico. A<br />

fundadora da plataforma Me Poupe! também vai ativar parcerias<br />

comerciais e licenciamento com os novos gestores, que também<br />

são empresários da Boca Rosa, proprietária da marca Boca Rosa<br />

Company e da atriz e apresentadora Mariana Rios.<br />

A micro-influencer Sam Lor<strong>de</strong>llo ao lado <strong>de</strong> Vera Kopp, fundadora da inCast<br />

Nathalia Arcuri reforça elenco da agência Sato Rahal, especializada em carreiras<br />

INFLUENCERS<br />

O ano <strong>de</strong> <strong>2022</strong> ainda vai dar mais consistência para os influencers<br />

digitais. E o futuro da comunicação e do marketing <strong>de</strong>sse<br />

segmento está na pauta diária da executiva e CEO Vera Kopp,<br />

brasileira radicada em Los Angeles, e fundadora da inCast,<br />

agência com posicionamento global que conta com colaboradores<br />

em 33 países e aten<strong>de</strong> clientes como TikTok, Sallve, Petz,<br />

Magalu, Heineken, Visa, Meliuz, Amazon, AliExpress, PepsiCo<br />

e Cartoon Network. “Falta entendimento do que é <strong>de</strong> fato o<br />

marketing <strong>de</strong> influência. Recorrência, e consistência, é muito<br />

importante para maximizar os resultados”, ela afirma.<br />

jornal propmark - <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 105


última página<br />

aos 57 anos<br />

do pROpmaRK<br />

Kate Hliznitsova/Unsplash<br />

STALIMIR VIEIRA<br />

Em 1985, fui trabalhar na DPZ-Rio. Levava<br />

comigo um gran<strong>de</strong> problema:<br />

on<strong>de</strong> comprar o, então, Propaganda &<br />

Marketing, que era distribuído encartado<br />

na Gazeta Esportiva. Afinal, quem no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro estaria interessado nos bastidores<br />

do futebol paulista? Um paulista,<br />

talvez. E foi esse sujeito que encontrei,<br />

em plena Copacabana, na décima-quinta<br />

banca em que perguntei pelo jornal. Ele<br />

acabara <strong>de</strong> comprar um exemplar da Gazeta<br />

Esportiva. Vibrante, pedi ao jornaleiro:<br />

uma Gazeta Esportiva, por favor. E ele:<br />

vou ficar <strong>de</strong>vendo a você, acabei <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r.<br />

Olhei para o lado e o sujeito tinha embarcado<br />

num ônibus. Corri para o ponto,<br />

acenei ao motorista, e ele tornou a abrir a<br />

porta. O ônibus estava cheio e eu tentava<br />

localizar meu alvo naquele aperto. Lá estava<br />

ele, claro, calvo e, paulistanamente,<br />

<strong>de</strong> bermuda, tênis e meia. Pedindo licença,<br />

fui me aproximando. Com um braço<br />

esticado, segurava-se na barra superior;<br />

sob o outro, a Gazeta Esportiva. Quando<br />

senti que estava próximo o suficiente, para<br />

ser ouvido, mesmo falando baixo, para<br />

não passar nenhum ridículo<br />

diante dos outros passageiros,<br />

iniciei o seguinte diálogo:<br />

- Bom dia, o senhor é paulista?<br />

- Sim, por quê?<br />

- Eu vi que o senhor comprou<br />

a Gazeta.<br />

- Sim.<br />

- É difícil <strong>de</strong> encontrar.<br />

- Muito. Só tem naquela<br />

banca, acho.<br />

- Quanto o senhor pagou?<br />

- Dois cruzeiros.<br />

- O senhor é publicitário?<br />

- Eu? Eu, não.<br />

- O senhor sabia que tem um ca<strong>de</strong>rno<br />

só para publicitários na Gazeta <strong>de</strong> domingo?<br />

- Não lembro.<br />

- Eu sou publicitário.<br />

- Ah, é?<br />

Vagaram dois assentos juntos e nos sentamos.<br />

- O senhor não quer conferir se o ca<strong>de</strong>rno<br />

veio nesse domingo?<br />

- Deixa eu ver.<br />

- Olha só, é esse aí...<br />

- Hum...<br />

- Viu? Só coisa pra publicitário.<br />

- É mesmo.<br />

“Quando<br />

alguém pedir<br />

a gazeta, você<br />

pergunta se é<br />

publicitário.<br />

se não for,<br />

você entrega<br />

o jornal sem o<br />

ca<strong>de</strong>rno”<br />

- O senhor não quer me ven<strong>de</strong>r?<br />

- Ven<strong>de</strong>r?<br />

- Sim, pago cinco cruzeiros.<br />

- Cinco?<br />

- O jornal inteiro não custou dois?<br />

- Sim, e esse ca<strong>de</strong>rno, por que vale<br />

tanto?<br />

Voltou a abrir o ca<strong>de</strong>rno com mais atenção,<br />

página por página, talvez tentando<br />

achar alguma pegadinha.<br />

- Vale pra mim, que sou publicitário.<br />

- Hum...<br />

- Vamos fechar negócio?<br />

- Que tal <strong>de</strong>z?<br />

- Dez o quê?<br />

- Dez cruzeiros.<br />

- Aí é sacanagem.<br />

- Você está me chamando <strong>de</strong> sacana?<br />

- Claro que não, só quis dizer que<br />

não seria justo.<br />

- Como você sabe? Eu tenho um vizinho<br />

publicitário. Ele po<strong>de</strong> se interessar<br />

também.<br />

- O senhor está querendo fazer um<br />

leilão?<br />

- Por que não? Já que vale tanto pra<br />

vocês.<br />

- Tá bom, eu pago os <strong>de</strong>z.<br />

Entreguei o dinheiro e ele me<br />

ofereceu o ca<strong>de</strong>rno. Saltamos<br />

na Central do Brasil. Peguei um<br />

ônibus <strong>de</strong> volta para a zona sul.<br />

Acomodado no último assento,<br />

abri a janela, <strong>de</strong>ixei entrar a<br />

brisa, e vim lendo, feliz da vida.<br />

Chegando em Copacabana, <strong>de</strong>sci<br />

no ponto, on<strong>de</strong> ficava a tal<br />

banca <strong>de</strong> jornais. Fui a jornaleiro<br />

e propus:<br />

- Eu sou publicitário e vou<br />

fazer você ganhar dinheiro.<br />

- Como assim?<br />

- Tá vendo esse ca<strong>de</strong>rno?<br />

- Sim.<br />

- Ele vem <strong>de</strong>ntro da Gazeta Esportiva.<br />

- Certo.<br />

- Então, você vai retirá-lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

do jornal e <strong>de</strong>ixar separado. Quando<br />

alguém pedir a Gazeta, você pergunta se é<br />

publicitário. Se não for, você entrega o jornal<br />

sem o ca<strong>de</strong>rno. E guarda o ca<strong>de</strong>rno pra<br />

mim, que eu pago o preço do exemplar inteiro.<br />

Po<strong>de</strong> ser?<br />

- Tudo bem.<br />

Assim, o Propaganda & Marketing esteve<br />

me esperando todos os domingos naquela<br />

banca, enquanto morei no Rio. PROPMARK,<br />

há 57 anos inspirando soluções criativas.<br />

Stalimir Vieira é diretor da Base <strong>de</strong> Marketing<br />

stalimircom@gmail.com<br />

106 <strong>23</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


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