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ABRIL 2022 • Nº 275 • ANO 26conectando você ao mercado de segurosDPVAT: Qual caminho oseguro obrigatório deveseguir em 2023?maispertodotopoEstratégia decrescimentoinclui fusãoe entradaem novossegmentos>> ESPECIAL SEGUROAUTOMÓVELAssistência 24H: Corretorese segurados aguardammelhora do serviçoCircular 639: Maispossibilidades decoberturas e atendimentos
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ABRIL 2022 • Nº 275 • ANO 26
conectando você ao mercado de seguros
DPVAT: Qual caminho o
seguro obrigatório deve
seguir em 2023?
mais
perto
do
topo
Estratégia de
crescimento
inclui fusão
e entrada
em novos
segmentos
>> ESPECIAL SEGURO
AUTOMÓVEL
Assistência 24H: Corretores
e segurados aguardam
melhora do serviço
Circular 639: Mais
possibilidades de
coberturas e atendimentos
EDITORIAL
O longo caminho do
seguro automóvel
A
carteira de seguro automóvel sempre ocupou lugar de
destaque no mercado de seguros brasileiro. O carro sempre
foi o bem mais precioso e valorizado, simbólico de um
periodo em que a cultura do seguro era ainda menos difundida do que
nos dias atuais.
Houve um tempo, não muito distante, em que as pessoas
passaram a valorizar mais a vida, seus valores e conhecimentos. Assim, a
poupança de longo prazo e a proteção para os entes queridos começou
a ter um sentido mais claro. Além disso, a difusão de novos meios de
locomoção e a novas formas de transporte fez com que, por pouco
tempo, o automóvel não fosse tão valorizado. A retomada econômica
no pós-pandemia mostra que o índice de prêmios do seguro auto deve
voltar aos níveis históricos.
Nesta toada, o segurado de automóvel sofreu não apenas
com o proporcional aumento do prêmio das apólices, por conta da
valorização dos veículos semi-novos, como também pela ineficácia dos
serviços de assistência 24H, que passou por maus bocados.
Falta de guinchos, prestadores de serviços que abandonaram
postos de atendimento, profissionais sem capacitação técnica
assombraram consumidores e corretores de seguro a partir do segundo
semestre de 2021.
Foi necessário haver um movimento conjunto entre Fenacor
e Fenseg para que as seguradoras entendessem a real gravidade dos
problemas. Agora, seguradoras e prestadores de serviços se organizam
para normalizar o atendimento deste serviço que é o principal ponto de
contato do cliente com a companhia.
Também mostramos nesta edição as possibilidades abertas
na carteira de automóvel com a promulgação da circular 639, que
flexibilizou coberturas e formas de contratação. É o mercado se abrindo
a novas possibilidades para atrair mais clientes.
Boa leitura
Diretora de Redação
ABRIL 2022 • Nº 275 • ANO 26
EXPEDIENTE
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opinião desta revista.
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Mande suas dúvidas,
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ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
ÍNDICE
06 painel
10 gente
13 publieditorial
Too Seguros
ASSISTÊNCIA 24H
Corretores de seguros e consumidores sofrem com a
falta de prestadores de serviços e a queda da qualidade
do atendimento dos serviços de assistência. A cobrança
gerou um grupo de trabalho com Fenacor e Fenseg
para buscar uma resolução
>> PÁG. 18
14 capa
AXA conclui o processo de
consolidação das empresas de
grandes riscos e massificados e já
vislumbra as novas possibilidades
de negócios, com mais agilidade
no atendimento ao segurado e ao
corretor de seguros
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
CIRCULAR 639
Novas regras formatadas pela Susep abrem espaço
para a criação de novos produtos, como o seguro para
condutor do veículo, atendimento fora da rede de
prestadores e coberturas mais flexíveis
>> PÁG. 22
28 dpvat
Desde o início de 2021 não há
cobrança de prêmio do seguro
obrigatório. Entretanto, este modelo
pode não se sustentar para o
próximo ano, uma vez que o fundo
administrado agora pela Caixa
pode chegar ao fim
Os artigos assinados são de
responsabilidade exclusiva de seus autores,
não representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
4
PAINEL
inovação
ITC 2022: Networking com quem dita as tendências em tecnologia
O CQCS Experience
já divulgou o calendário
para o Insuretech Connect
2022, que acontece de 20 a
22 de setembro em Las Vegas.
O CQCS Experience foi
criado para contribuir com
os brasileiros que desejam
visitar o evento e otimizar o
seu tempo. Gustavo Doria,
idealizador do CQCS Experience,
espera levar 300
brasileiros para viverem esta experiência. Quem vai ao ITC
conta com mais de 100 palestras, 250 expositores na feira
de negócios e networking em
inovação, tudo auxiliado pela
curadoria do evento.
“Colocamos o Brasil
como a maior delegação estrangeira
no maior evento
de inovação em seguros do
mundo e, este ano, o evento
vem com muitas novidades.
Quem quiser ser inserido no
contexto global de inovação
em seguros tem que participar.
Temos preços e pacotes especiais para isso”, avalia
Doria.
social
Água de beber
A Betterfly e
a Icatu fizeram uma
doação de mil filtros
de água para a organização
internacional
de ajuda humanitária
WATERisLIFE. “Assim
como fizemos no início
da história da Betterfly
no Chile, quando
doamos mil refeições
a crianças desnutridas
no Haiti, marcamos o
início da operação no
Brasil com uma ação
baseada no nosso propósito,
de impactar positivamente a vida das pessoas
que mais precisam. Temos o propósito como norte da
nossa atuação. Ao lado da Icatu, vamos levar água potável
a mil famílias do Nordeste e Norte do país”, afirma o
country manager da startup, Caio Ribeiro.
“O impacto dos filtros na vida dessas famílias
é imensurável, direto na saúde, higiene pessoal e dos
alimentos para consumo, um benefício principalmente
para as crianças. É um trabalho conjunto, com foco
no ODS6 (objetivos de desenvolvimento sustentável).
Água potável e Saneamento para todos”, afirma Baruc
Venditto, diretor da WATERisLIFE na América do Sul.
parceria
Seguro empresarial para restaurantes
A Previsul Seguradora fechou parceria com o
iFood. A união faz parte do programa Vantagens do
Chef, destinado a todos os restaurantes parceiros da
plataforma. Com isso, os mais de 270 mil estabelecimentos
cadastrados no iFood podem contratar o seguro
empresarial criado sob medida para esse público por
um preço especial e exclusivo, a partir de R$ 10 por mês.
O produto oferece proteção contra vendavais,
incêndios, danos elétricos, queda de raio, granizo e deterioração
de mercadorias em ambientes frigorificados,
quando há queda de energia não prevista. As coberturas
são as mesmas em todos os planos. O que muda,
além do preço da mensalidade, de R$ 10 a R$ 67, são os
limites de cobertura, que vão de R$ 1,5 mil a R$ 500 mil,
dependendo da opção contratada.
6
naming rights
É hora do show
No dia 12 de
março, com show dos
Paralamas do Sucesso
foi inaugurado o Tokio
Marine Hall. O acordo
celebrado entre a seguradora
e o Tom Brasil
prevê o direito de uso
do nome da casa de
espetáculos por cinco
anos, contados a partir
do show dos Paralamas.
A iniciativa reforça
a estratégia da
companhia em investir em cultura, especialmente na
música. “Incentivar a cultura, a arte e a educação reflete
o nosso compromisso de que podemos e devemos
investir para a construção de um mundo melhor. Acreditamos
que esse tipo de iniciativa pode dar mais visibilidade
de marca para o nosso público-alvo e posicionar
a empresa como uma incentivadora e facilitadora do
acesso a atividades culturais, ainda mais em um momento
em que o setor está retomando suas atividades
após o período mais crítico da pandemia”, explica o presidente
José Adalberto Ferrara.
diversidade
Apoio a jovens negros
O Fundo Baobá para Equidade Racial e a MetLife
lançaram a segunda etapa do Programa Já É: Educação
para Equidade Racial, cujo objetivo é auxiliar jovens
negros a entrarem e permanecerem na universidade,
oferecendo não só bolsas de estudo em cursinho preparatório
para o vestibular, como também apoio psicológico
individual (sob demanda) e mentorias. Com o
aporte de R$ 1 milhão da MetLife Foundation, o projeto
irá beneficiar jovens entre 18 e 26 anos da cidade de
São Paulo e região metropolitana, de sexo masculino,
feminino, cis, trans e não binários, todos residentes em
bairros, territórios ou comunidades periféricas. Além
de auxiliar na chegada à universidade, o Programa
pretende fazer com que esses alunos concluam seus
cursos, apoiando-os no que for possível.
legal
Marco legal da securitização
A Medida Provisória 1103/22
institui regras gerais para o mercado
brasileiro de securitização e cria a Letra
de Risco de Seguro (LRS), instrumento
para captar recursos no mercado
de capitais e financiar os riscos
de operações de seguro.
Securitização é uma operação
financeira que transforma dívidas em
títulos, chamados de Certificados de Recebíveis, que são
vendidos a investidores e garantem o pagamento antecipado
do débito ao credor. Os títulos são emitidos por
companhias securitizadoras.
Atualmente, os Certificados de Recebíveis estão
presentes no mercado imobiliário e do agronegócio e
ajudam a financiar os dois setores.
A MP estende o uso do instrumento
para qualquer setor da
economia.
A MP 1103/22 também trata
da regulação das LRS, que são
títulos vinculados a uma carteira
de apólices de seguros e resseguros.
As LRS serão emitidas no
mercado por Sociedades Seguradoras de Propósito Específico
(SSPE). Os recursos captados vão ser usados para
garantir os riscos de seguradoras e resseguradoras, entidades
de previdência complementar e operadoras de
planos de saúde. As LRS deverão cobrir integralmente os
riscos aceitos pela SSPE.
7
PAINEL
tecnologia
Metaverso pode impactar mercado
de seguros
A expressão metaverso é utilizada para denominar
espaços virtuais coletivos, construídos a partir da
combinação da realidade virtual, aumentada e mista.
Ou seja, a proposta é espelhar ou replicar o mundo real
no ambiente virtual.
Bruno Costa,
superintendente
de Gestão do
Relacionamento
da MAG Seguros,
participou do 2º
episódio do podcast
Mindcraft e
comentou sobre
as oportunidades
e desafios desse
novo universo.
“Imagine a possibilidade de você treinar um corretor
numa plataforma onde ele está imerso, podendo ter
uma série de informações em tempo real, além de fazer
reuniões com múltiplos corretores no Brasil todo. É possível
pegar experiências diferentes. Eles podem estar
sentados ao redor um do outro podendo acessar dashboard,
podendo interagir. Acho que isso seria de uma
capacidade de interação e imersão fantástica”, opina o
executivo.
marketing
Rock na veia
De olho no público jovem, a Prudential do Brasil
será a seguradora oficial do Rock in Rio 2022. É a segunda
vez que a companhia apoia o maior festival de música
e entretenimento do mundo e do Brasil.
“Levar a marca da empresa e o nosso propósito
de proteger vidas a mais uma edição do Rock in Rio é
motivo de imenso orgulho para nós e comprova a grandeza
do nosso rochedo (nosso rock), símbolo de uma
sólida história construída há mais de 146 anos no mundo.
Estamos muito realizados, pois esta é também uma
oportunidade de nos aproximarmos dos jovens, público
que vem despertando cada vez mais a sua atenção
para o seguro de vida”, comenta o vice-presidente de
Marketing e Digital da companhia, Carlos Cortez.
O Clube dos Seguradores
da Bahia comemorou os 63 anos
de atividades ininterruptas e empossou
a diretoria, em um evento
realizado no Fiesta Bahia Hotel,
em Salvador.
O Presidente do Clube,
Fausto Dorea, explica que o Clube
possui o seu objetivo no mercado
de seguros do Nordeste,
onde amplia o relacionamento
entre os associados e os executivos das seguradoras.
“O Clube possui 63 anos de atividades ininterruptas.
Mesmo com a pandemia, realizamos mais de 50 evenposse
Clube dos Seguradores da Bahia completa 63 anos
tos online e avançamos com o
nosso trabalho. Temos a certeza
que aproximar os associados das
seguradoras compartilhando conhecimento
e gerando novos negócios,
é a nossa especialidade”.
Presidente: Fausto Dorea; Vice-
-Presidente: Paulo Roberto; Diretora
Social: Mariuchi Uzeda; Diretor
Financeiro: Edson Magalhães;
Diretor Secretário: André Pereira;
Conselho Fiscal: Nelson Uzeda, Apoena Vieira, Silvana Pedrosa;
Conselho Fiscal: Paulo Rangel, Cássio Coutinho e
Renato Pitangueiras .
8
estratégia
Marca dividida
A Porto Seguro dividiu sua atuação em três
verticais e tirou o “seguro” do nome. Agora é Porto Seguros
(seguros), Porto Saúde (saúde) e Porto Bank (finanças).
Segundo o presidente do Conselho de Administração
da empresa, Bruno Garfinkel, a companhia
quer “levar a experiência da seguradora para mais
pessoas, oferecendo um atendimento de qualidade.
Seguiremos como uma holding que cuida da identidade
e valores que cultivamos na nossa história”, disse
o executivo.
Segundo
Roberto Santos,
CEO da companhia,
a nova marca
representa a
transformação
do Grupo. Ele
informou que
essa estratégia já
vinha sendo discutida
desde 2020. “Apresentamos aos clientes a nova
Porto, mais moderna e conectada. As verticais são parte
de um ecossistema que vai muito além do seguro”.
O Porto Bank já nasce com 3,5 milhões de clientes,
receita anual de R$ 3,6 milhões e ativos de crédito
que somam R$ 13 bilhões. Quem já tiver produtos financeiros
da empresa, como cartão de crédito, serão
migrados para o novo banco automaticamente. A conta
digital ainda está em fase de testes e logo deve ser liberada
para o público. O presidente da vertical, Marcos
Loução, disse que “todas as soluções financeiras foram
reestruturadas para o digital, podendo ser acessadas
através de um aplicativo no celular”.
regulação
Susep prorroga prazos do Open Insurance
A Superintendência
de Seguros Privados
(Susep) publicou
uma circular que prorroga
os prazos atualmente
definidos para
a implementação da
segunda etapa da Fase I do Open Insurance e revogar
os prazos estipulados para o encaminhamento de propostas
técnicas e implementação da interoperabilidade
do Sistema de Seguros Abertos e o Open Banking.
A Circular transfere a data da implementação da
etapa II da primeira fase do Open Insurance para o dia
30 de junho, mesma data da implementação da etapa
III. Assim como as demais, a segunda etapa da Fase I se
refere à implementação dos requisitos necessários para
o compartilhamento de dados sobre os produtos de seguro
disponíveis para comercialização. A modificação
visa oferecer um prazo mais confortável para as participantes
do Sistema registrarem as APIs, responsáveis
por permitir o acesso às informações dos produtos de
seguros de responsabilidade civil, crédito, financeiros e
dos seguros patrimoniais que não foram contemplados
na etapa anterior. A norma será responsável por mitigar
a dificuldade ocasionada pela concorrência com outras
atividades do ecossistema.
Já a revisão dos prazos relacionados à interoperabilidade
com o Open Banking decorre da necessidade
de harmonização da regulamentação de ambas
as iniciativas de Open Finance. A circular revoga a data
para envio dos padrões tecnológicos, os procedimentos
operacionais para integração, compatibilidade e interoperabilidade
com o Open Banking.
guerra
Indenizações por ataques digitais
Seguradoras enfrentam pedidos
de potencialmente bilhões de
dólares devido aos ataques digitais
ligados à invasão da Ucrânia pela
Rússia, embora os contratos tenham
sido desenhados para que a cobertura
não se estenda a guerras, dizem
fontes do setor.
Se a Rússia fizer um ataque
digital que se espalhe por
vários países, pode gerar pedidos
de indenizações totais de 20 bilhões
de dólares ou mais, semelhantes
ao valor envolvido após
um evento de furacão nos Estados
Unidos.
9
gente
INTERNACIONALIZAÇÃO
A MDS anunciou a
contratação do executivo
Davi Wu, especialista em
relações internacionais, que
irá atuar como diretor executivo
para Negócios Internacionais.
“É uma grande
alegria receber o convite do
José Manuel para retornar à casa na qual iniciei a
minha trajetória em seguros. Agradeço também ao
Ariel Couto, que endossou a oportunidade e compactua
com os planos e iniciativas que temos para
a empresa junto ao cenário mundial”, destaca Wu.
CUIDADOS FINANCEIROS
A Santander Auto, seguradora digital especializada
no ramo automotivo, informou que o especialista
em finanças e gestão de negócios Gustavo
Rodrigues é seu novo diretor executivo de finanças
(CFO). “Estou muito feliz em
assumir esse novo desafio
na insurtech, ajudando a
agregar valor em serviços ao
mercado de seguros auto no
Brasil. O meu objetivo é seguir
alavancando as metas
de crescimento da empresa
e gerir novos projetos garantindo a solidez financeira
da seguradora”, comenta.
VENDAS NO SUL
A Seguros Sura anunciou
seu novo diretor comercial
para a Região Sul
do Brasil, José Henrique Gil
Cairo. Na nova função, ele
atuará realizando a gestão
das filiais de Curitiba e Porto
Alegre, assim como de toda
a região Sul, incluindo Santa Catarina. A estratégia
é fortalecer o relacionamento com corretores e
parceiros da região e potencializar os negócios em
conjunto.
SUPER SUPERINTENDENTES
A SulAmérica Investimentos
anunciou a chegada
de três novos integrantes ao
time. A partir deste mês, a
asset passará a contar com
Natalie Victal, como economista
chefe da empresa;
Paulo Castro, CFA, como superintendente
de Imobiliário; e Gilberto Nagai, CFA,
como superintendente de
Renda Variável e Long Biased.
“A chegada desses profissionais
tem foco no crescimento
dos times de gestão
e das equipes operacionais,
para que o nosso compromisso
com os investidores fique
cada vez mais sólido. Desejamos as boas vindas a
eles”, afirma Marcelo Mello, vice-presidente de Investimentos,
Vida e Previdência da SulAmérica.
DIREÇÃO REGIONAL
Marcelo Biasoli é o
novo Country Manager da
insurtech 123Seguro, com
experiência em liderar áreas
de Inovação, Estratégia, Desenvolvimento
de Negócios
e Marketing. A 123Seguro
desembarcou no Brasil em 2021 através da aquisição
da empresa Seguro Com Você e promete um rápido
crescimento nos próximos anos para ser referência
no mercado brasileiro.
SOCIEDADE RENOVADA
Fernando Sabino é
o novo sócio do Grupo Fox.
“Com a estrutura e alcance
da companhia, vejo a oportunidade
de oferecer um
portfólio completo de produtos
para apoiar nossos
clientes em seus processos decisórios”, afirma.
10
SUPERINTENDÊNCIAS
A Zurich no Brasil
tem duas novas superintendentes
em seus quadros. A
primeira é Daniela Cruz, até
então gerente responsável
pela gestão do portfólio dos
negócios de Vida, Previdência
e Capitalização da empresa no
Brasil e recém-promovida a
Superintendente de Produtos
de Vida, Previdência e Capitalização.
Já Cristiane Abdalla
ingressa na companhia como
superintendente de Sinistros.
LÍDER DE SEGUROS
A Sabemi tem um
novo head de seguros, responsável
por todo o Brasil. O
cargo agora passa a ser ocupado
por Thiago Schmidt,
que assume o lugar antes
ocupado por Rodrigo Pecoraro.
Como head de Seguros,
Schmidt levará para todas as regionais a experiência
e os bons resultados alcançados no Sudeste, região
pela qual foi responsável nos últimos 12 meses.
SEGURADORA DE BANCO
NOVOS NEGÓCIOS
A Willis Towers Watson
anunciou Fabrizio Zerbone
como head de novos negócios
para Saúde e Benefícios
(H&B) no Brasil. Há mais de
10 anos na companhia, o executivo
será o responsável pelo plano de expansão
comercial da área. Até o início deste ano, Zerbone
ocupava o cargo de diretor de gerenciamento de
clientes.
Alessandro Jarzynski chega ao BS2, banco
digital PJ, como vice-presidente da BS2 Seguros,
seguradora anunciada em
dezembro de 2021. O foco
do executivo será a atuação
no setor B2B2C nos ramos
de pessoas e bens, impulsionando
o objetivo de ganhar
mercado rapidamente por
meio da oferta de soluções
ágeis e personalizadas, especialmente para o público
das PME’s.
CEO DA TECNOLOGIA
Sheynna Hakim assumiu
como CEO da Cardif,
seguradora do grupo BNP
Paribas. “Minha missão é
transformar a Cardif de uma
empresa de seguros para
uma empresa de tecnologia”,
disse a executiva. Ela conta
que depois por passagens
em empresas de seguro no Brasil e pela insurtech
Pitzi, encontrou na Cardif uma oportunidade de
costurar parcerias com foco no bem estar social,
com produtos voltados para as pessoas que mais
precisam de proteção.
MUDANÇA DE MARCA E CEO
A Euler Hermes acabou de oficializar Marcel
Farbelow como CEO da companhia no Brasil. Farbelow
atuava como CFO na empresa desde 2016,
e também anunciou a mudança da sua marca para
Allianz Trade. Como CEO,
Farbelow seguirá trabalhando
com o compromisso de
oferecer um serviço diferenciado
aos clientes e corretores,
mantendo foco no
crescimento da empresa no
Brasil, através da diversificação
de portfólio, investimento em pessoas e em tecnologia
e inovação para fornecer uma experiência
única aos clientes.
11
gente
HEAD DE RESSEGUROS
A Aon anunciou Paula Ferreira como Chief
Executive Officer de Resseguros para a companhia
na América Latina.
Reportando-se a
Andy Marcell, CEO Global
de Resseguros, Paula, que
foi anteriormente Líder de
Crescimento de Resseguros
da Aon e Presidente para a
América Latina, conta com
13 anos na empresa e 26
anos no setor de resseguros.
Em sua nova função, ela terá total responsabilidade
em P&L, liderando e gerenciando recursos regionais,
ao mesmo tempo em que formula estratégias de
crescimento de clientes para a região, e fomentando
produtos e serviços inovadores para ajudar os clientes
a tomarem melhores decisões de negócios.
MÚLTIPLAS MUDANÇAS
A Seguros Unimed
anunciou Liliane Baldacci e
Wilson Leal para as diretorias
de Administração e Finanças
e Mercado e Tecnologia, respectivamente.
Os executivos
já faziam parte da alta gestão da empresa como superintendentes:
Liliane, Administrativa
Financeira, e Wilson
Leal, Tecnologia e Inovação.
Fabiano Catran, que atuava
como Diretor Executivo de
Governança, Jurídico e Relações
Institucionais, agora assume
a Diretoria Institucional
e de Clientes.
Os três novos diretores responderão diretamente
à diretoria estatutária, eleita pelo voto direto
do Sistema Unimed em junho de 2021. Liliane vai
gerir os departamentos Administrativo e Financeiro,
Técnico e Atuarial, e Estratégia, Pessoas, Processos
e Projetos. Leal ficará responsável por Marketing,
Tecnologia e Inovação, e Comercial e Produtos. Já
Catran estará à frente da Comunicação, Gestão do
Cliente e Jurídico, Governança, Riscos e Auditoria.
HIGH TECH
A Tokio Marine anunciou
Sergio Miotto como
novo diretor de Tecnologia.
Com formação em Gestão
de Sistemas da Informação
e cerca de 20 anos de experiência
profissional no
mercado de seguros, Miotto
iniciou sua trajetória na companhia em 2016, contratado
como gerente de Tecnologia. Sua constante
busca por inovações e soluções para a empresa e
seus públicos fez com que recebesse uma promoção
em 2019, assumindo como superintendente de
Tecnologia, e cerca de três anos depois, o executivo
encara mais um desafio na nova função.
“Me sinto muito honrado com a oportunidade
de dar continuidade ao trabalho que estamos
executando com excelência, e acredito que mais
importante do que falar sobre mim é valorizar os
feitos e as conquistas da empresa. Claro que a equipe
de Tecnologia tem uma grande participação nessas
conquistas, principalmente quando o assunto é
transformação digital. Somos um time muito forte,
competente e valorizamos o trabalho em equipe,
pilares e valores que são fundamentais para que eu
consiga ter êxito na nova função”, afirma Miotto.
SEGURO DE PESSOAS
Hilca Vaz chega à empresa com mais de 25
anos de experiência no mercado segurador como
a nova diretora de Vida, Previdência e Capitalização
da Mapfre.
Para a executiva, os
mercados de seguros de Vida
e a Previdência Privada estão
em evidência e a Mapfre tem
total capacidade de consolidação
no curto, médio e
longo prazo. “Neste período
que temos vivenciado há
dois anos, a interpretação de
risco, seguros e serviços nos gerou novas oportunidades
no Brasil. Com isso, a seguradora se organizou
para ter, principalmente, os produtos de Vida mais
adequados e aderentes ao novo cotidiano da população”,
comenta.
12
publieditorial
Too Seguros
Benefício Saúde é alternativa
para acesso à saúde mais barata
O CUIDADO COM A SAÚDE NÃO
PRECISA PESAR NO BOLSO.
COM O BENEFÍCIO SAÚDE DO
SEGURO SUPER PROTEÇÃO
INSS DA TOO SEGUROS, TER
ACESSO A CONSULTAS, EXAMES
E COMPRA DE REMÉDIOS FICOU
MAIS FÁCIL E BARATO
Esse é um seguro que pode ser
contratado junto a um empréstimo
consignado com o
banco parceiro e oferece proteção
financeira em caso de invalidez permanente
total por acidente ou falecimento do segurado,
o que dá mais tranquilidade para família dele
poder arcar com os compromissos financeiros sem
outras dores de cabeça, já que o seguro pode quitar
até R$25.000,00 de um empréstimo, dependendo do
contrato.
Com ele, o cliente ganha acesso ao Benefício
Saúde, que dá até 85% de desconto em consultas médicas,
exames e compra de remédios em redes de farmácias
parceiras.
“Essa é uma excelente alternativa para aqueles
que não têm acesso a uma rede de saúde particular e
que enfrentam uma demora muito grande para marcar
consultas ou exames. É acessibilidade, atendimento
ágil e on-line, e um diferencial para o mercado”, diz
Débora Rebello, gerente comercial de Rede&Corban da
Too Seguros.
PLATAFORMA DE SAÚDE AVUS
Tudo isso só foi possível graças à parceria com a
Avus, empresa que oferece aos seus usuários descontos
em uma ampla rede médica, desde médico geral
e odontologia até psicologia e nutrição, com parcerias
com laboratórios e farmácias.
São mais de 200 mil clientes too que já utilizam
os benefícios, que incluem telemedicina e triagem via
chat, inclusive para a covid-19, sem custo adicional.
Em média, a economia com os serviços de saúde para
esses clientes varia entre 55% e 90%, segundo a Avus.
“Nós oferecemos soluções com preços muito
competitivos na área da saúde e temos uma relação
muito forte com as principais redes de farmácia do
Brasil. A expectativa é continuar a crescer de forma
sustentável, impactar cada vez mais brasileiros para
melhorar a qualidade de vida deles, democratizando
o acesso à saúde”, diz Francisco Dias Duarte, diretor
comercial da Avus.
ACIONAMENTO 100% ON-LINE
O agendamento de consultas é feito na plataforma
da Avus pela internet e dá para escolher a
especialidade médica ou ligar no número de atendimento.
O cliente poderá escolher entre mais de 80 especialidades
médicas, com cobertura nacional e sem carência,
diferenciação por idade ou doença preexistente.
Para conseguir descontos na compra de remédios
em redes credenciadas, o cliente só precisa informar
o CPF. O agendamento de exames é feito diretamente
com os laboratórios credenciados.
O serviço possui uma duração de 12 meses e
assim, o aposentado ou pensionista que possui um
empréstimo consignado junto ao parceiro pode usufruir
desses benefícios sempre que precisar.
13
CAPA
AXA
AXA no Brasil mira estar entre as dez maiores se
O
mês de abril ficará marcado na
história da AXA no Brasil. A companhia
finalizou a integração
das operações de Grandes Riscos (antes
chamada de AXA XL) e de Seguros Gerais
sob o comando de Erika Medici, CEO da
empresa desde fevereiro de 2020. Juntas,
as estruturas têm previsão de somar mais
de R$ 1,3 bilhão de prêmios emitidos em
2022, com perspectiva de crescimento
em torno de 10%. Nos corredores da empresa
- no escritório ou nas plataformas
digitais - o que se ouve é “Chegou a AXA
de 2022”!
“Nós tínhamos duas estruturas
que estavam, cada uma, entre as 30
maiores do mercado. Com a integração,
saltamos 14 posições e passamos a ter
participação muito relevante em linhas
prioritárias, mas não vamos parar por aí.
Nossa ambição é estar entre as dez maiores
seguradoras do mercado brasileiro
em breve, em uma estratégia que conjuga
oportunidades de aquisição e crescimento
orgânico”, afirma Erika.
COMPANHIA SALTOU DO
TOP 30 PARA O TOP 16
Posicionamento por ramos
RC Geral #3
Cascos/Hull #4
Aeronáutico #4
Engenharia #6
D&O/E&O #6
Transporte #8
Condomínio #8
RN RO #8
Fonte: Susep, ano 2021
Com a fusão, a seguradora passa a oferecer seis novos produtos:
quatro em Aviação (RETA, Cascos, Responsabilidade Civil e RC
Hangar); Operador Portuário; e Transporte Multimodal, além do aumento
de capacidade nas demais linhas.
“Estamos ainda mais preparados para atender empresas de todos
os portes. Os portfólios têm uma complementaridade importante,
que dá mais peso à nossa oferta e faz corretores e clientes considerarem
a marca AXA para novas oportunidades”, comenta a CEO, citando
o que considera serem vantagens competitivas: “agora, conjugamos
a oferta de Cascos Marítimos com RC para Operador Portuário; nossa
carteira de Transportes era majoritariamente composta por transportadoras,
agora acessamos embarcadores - empresas enormes que podem
ser nossas clientes em outras linhas também”, conclui.
14
guradoras do mercado
NOVAS LIDERANÇAS PARA UM NOVO CICLO DE CRESCIMENTO
Quem também se mostra muito entusiasmado com o novo
momento da AXA é Igor Di Beo, Vice-presidente de Subscrição, Comercial
e Marketing. Em sua visão, as perspectivas são muito boas:
“Estamos consolidados no médio mercado e aumentando nossa relevância
nas pontas. Nos últimos anos, investimos bastante para posicionar
a AXA junto a corretores de pequeno e médio portes, com
uma oferta ágil e digital. Agora, consolidamos a carteira de grandes
riscos. Isso fortalece nossa marca no mercado e nos permite acessar
novas oportunidades”, afirma o executivo, um dos responsáveis por
reestruturar a área técnica da seguradora para dar suporte ao novo
ciclo de crescimento.
Além do departamento de Property
e RC para o segmento Corporate, comandado
pela executiva Carla Almeida, e
o de Massificados, liderado por Clóvis Silva,
a estrutura ganha mais uma diretoria,
focada em Grandes Riscos, sob responsabilidade
de Paulo Alves, executivo com
sólida carreira no mercado de seguros
que nos últimos seis anos atuou na AXA
XL como Head de Marine e Resseguros
Facultativos.
15
CAPA
AXA
PAULO ALVES, Diretor de Large Corporate
CARLA ALMEIDA, Diretora de Middle Corporate
CLÓVIS SILVA, Superintendente de Massificados
Outra mudança importante acontece
na área Comercial. Karine Brandão
assume como Diretora Comercial Global
Brokers, além de manter suas atividades
como responsável comercial pelo Rio
de Janeiro, Espírito Santo e Filial Digital.
Os demais Diretores Regionais - Gustavo
Carvalho (São Paulo), Antônio Vianna
(Sul) e Danilo Gomes (Minas, Centro-Oeste,
Norte e Nordeste) - seguem com as
mesmas atribuições, buscando expandir
as operações da companhia em praças
estratégicas.
KARINE BRANDÃO, Diretora Comercial Global Brokers, RJ, ES e
Filial Digital
“A intensa troca de informações entre times com visões complementares
contribui cada vez mais para o equilíbrio da operação:
temos lideranças técnicas com uma atitude pró-negócio e times comerciais
com o compromisso de olhar também para a rentabilidade
das carteiras”, comenta.
16
Assim como nas áreas Técnica
e Comercial, a diretoria de Sinistros,
liderada por Arthur Mitke,
também passou a ter estruturas
dedicadas a Programas Internacionais
e Sinistros Large Corporate,
departamentos liderados, respectivamente,
por Amanda Menchichi
e Juliana Maciel, ambas egressas
da AXA XL. Nágila Barcellos segue
à frente de Sinistros SME e Priscila
Nunes consolida o relacionamento
com todos os prestadores de
serviços de sinistros.
A área de Finanças está sendo
liderada por um novo CFO desde
o início deste ano. O dono da
posição é Antoine Gérard, francês
já ambientado ao Brasil. O executivo
atua no Grupo AXA há mais de
oito anos e já havia trabalhado no
país quando CFO da AXA Partners
entre 2014 e 2018. Depois, como
CEO, esteve baseado nos EUA, em
Miami - Flórida. Reportando-se a
ele, Anelise Fontes, que atuava na
área de Vida e Parcerias, assume
como Superintendente Atuarial e
de Resseguros.
IGOR DI BEO com lideranças Comerciais e de Marketing
ENTRADA EM NOVOS SEGMENTOS:
AGRO E FROTAS VEICULARES
Além da estratégia de consolidação, a seguradora segue perseguindo
o crescimento orgânico nas linhas já consolidadas e também
em novos segmentos: está iniciando suas operações em seguros
agrícolas para cultivo de soja e milho e, ainda este ano, prevê o
início da oferta para Frotas Veiculares.
“Nossa entrada em Agro vem sendo planejada há alguns
ciclos. Começamos com uma parceria importante para distribuição
de seguros para equipamentos e, agora, ofertamos cobertura
para culturas, em um momento que o mercado necessita de mais
capacidade, tendo em vista o cenário global e os desafios impostos
pelos eventos climáticos extremos dos últimos anos”, afirma o
vice-presidente.
Enquanto a presença em Agro visa aproximar a companhia
de novas oportunidades no setor que é o carro-chefe da economia
brasileira, a entrada em Frotas tem o objetivo de colocar a marca
AXA no campo de visão do imenso grupo de corretores que trabalham
com seguro Automóvel.
REFORÇO EM SEGUROS DE VIDA E
CRESCIMENTO EM PARCERIAS
Para reforçar a proposta de valor
de ser a seguradora parceira de empresas
e empreendedores, a companhia
também remodelou recentemente sua
oferta em seguros de vida, com a incorporação
de novas coberturas e serviços.
Incluiu a proteção para Filhos Póstumos
e acrescentou quatro assistências: Saúde,
Pet, Apoio Psicológico e Despachante. O
objetivo é aumentar a competitividade
do produto, oferecendo uma solução que
atende às necessidades da empresa contratante
e busca levar mais comodidade
ao usuário final.
Na vertente de Parcerias a companhia
segue forte junto ao varejo brasileiro
e busca ampliar sua participação em ecossistemas
digitais.
17
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
ASSISTÊNCIA 24H
Os efeitos da pandemia e da crise
econômica para os clientes das seguradoras
AS RECLAMAÇÕES DOS CLIENTES
SÃO FREQUENTES E VARIADAS. DESDE
FICAR NA ESTRADA AGUARDANDO UM
GUINCHO POR MAIS DE SEIS HORAS
ATÉ PASSAR DIAS SEM CONSERTO
PARA UM REFRIGERADOR
Kelly Lubiato
Uma tempestade perfeita se formou no serviço de assistência
24h. A pandemia tirou as pessoas das ruas, diminuindo a
circulação de veículos, e as fez utilizar com mais frequência
os eletrodomésticos. A crise sanitária provocou também um apagão
de peças e acessórios necessários para reposição de produtos danificados;
a indústria automotiva ficou estagnada e os veículos usados
foram valorizados. A chegada da vacina aumentou a circulação das
pessoas e a vida começou a voltar ao normal.
18
Porém, há uma lacuna entre a volta desta pretensa normalidade
e a realidade que os corretores de seguros e segurados vivenciam
em seu dia-a-dia. Desde meados de 2021, quando as pessoas
começaram efetivamente a retornar às suas atividades normais, os
problemas com a assistência 24h para veículos vieram à tona.
“Este é um problema que afeta a categoria, como um todo. Começamos
a trabalhar nesta questão no meio de 2021, com uma ação
para falar sobre o atendimento das centrais, conta Simone Favaro,
vice-presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo.
Naquele momento eram pessoas que tinham dificuldade para lidar
com centrais de atendimento digital, idosos, dificuldades em geral na
forma de acionamento. “Além do digital, entendemos que havia necessidade
do atendimento humanizado também”, comenta Simone.
Foram estabelecidos novos modelos em algumas seguradoras
que aceitaram as sugestões estabelecidas pela Comissão Intersindical,
que envolve o Sincor-SP e o Sindicato das Seguradoras de
São Paulo.
A partir das demandas dos corretores de seguros que chegaram
ao Sindicato, já havia a sinalização em relação aos problemas de
demora de guinchos, falta de atendimento, linha branca sem prestador
de serviço especializado etc. “Em dezembro de 2021 já havia
um mapeamento dos problemas, agravados ainda mais pelo período
de férias. Algumas seguradoras começaram a visitar prestadores,
realinhar contratos, reajustar valores, principalmente na região litorânea”,
enumera Simone.
Os agravantes, além da pandemia, foram a falência das empresas,
morte de prestadores de serviços, migração dos prestadores
para outras áreas de entregas etc.
A ocorrência de problemas em todo o território nacional levou
a Fenacor – Federação Nacional dos Corretores de Seguros – e
a Fenseg – Federação Nacional de Seguros Gerais – a criarem um
Grupo de Trabalho para discutir os caminhos possíveis para a resolução
destes problemas.
É importante ressaltar que o serviço de assistência 24h é o
mais frequente ponto de contato do consumidor com a seguradora,
considerando que a ocorrência de sinistros é menos frequente que
os pequenos problemas cotidianos. Segundo dados do Grupo de
Trabalho, em 2019 foram realizados 7.623 mil atendimentos no seguro
automóvel; em 2020, foram 6.889 mil e, em 2021, este número
foi de 7.237 mil ocorrências (ver tabela). Para uma frota segurada
com 19.712 mil veículos, o número representa 37% da carteira. O
percentual é parecido nos seguros residências (33%), cujas ocorrências
atingiram a marca de 3.680 mil atendimentos, para uma massa
segurada de 11.000 mil itens.
O trabalho conjunto de corretores e seguradores aconteceu
no Brasil inteiro. André Tozeski, presidente do Sincor-RS, apontou
que a ação em nível nacional. “Existiram alguns problemas pontuais,
com uma seguradora que atua numa região específica. Estamos
apontando os problemas locais e já percebemos uma reação na
ponta, com realinhamento da situação. Já não é mais a catástrofe
que foi há algum tempo”, acrescenta Tozeski.
Entretanto, apesar das empresas afirmarem que várias providências
já foram tomadas, o nível de reclamações dos corretores de
SIMONE FAVARO, do Sindicato dos
Corretores de Seguros de São Paulo
seguros continua alto. Basta uma visita a
grupo de corretores nas mídias sociais para
ver que os próprios profissionais estão
prestando atendimentos simples, como
troca de pneus, recarga em baterias etc.
No seguro residencial, os problemas
identificados iam deste a demora no
atendimento, agendamentos frustrados,
prestadores sem qualificação, preparo ou
ferramentas mínimas para realizar o serviço.
“Os relatos de corretores e de segurados
começam a dar sinais de melhora, em
todas as regiões econômicas do estado”,
afirma Tozeski.
Simone pontua: “As seguradoras
estão empenhadas em tentar resolver,
porque nenhuma seguradora quer ir para
o Procon, para as ações judiciais ou para
as mídias sociais”, aponta Simone.
QUESTÕES FINANCEIRAS
Discordando das justificativas das
seguradoras em relação ao motivo para
chegar ao caos no atendimento da assistência
24h, Tozeski, do Sincor-RS, afirma
que a questão foi meramente financeira:
“ninguém deixou de trabalhar por conta da
pandemia, porque um dono de um caminhão
guincho que custa R$ 500 mil não vai
fazer entrega para o iFood. Ele só pode fazer
guincho. O que se identificou na ponta
foi uma insatisfação dos prestadores de serviços
com os valores recebidos. Isso ficou
claro em todos os casos de reclamações”.
19
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
ASSISTÊNCIA 24H
RONALDO DALCIN, do Sindicato das
Seguradoras do Norte e Nordeste
O guincheiro não quer fazer uma
saída da sua base por R$ 60, com o litro
do diesel a R$ 6,60. Este prestador diz que
não tem condições de trabalhar com o
quilômetro rodado a R$ 2, sem a seguradora
pagar taxa de deslocamento. “Ficou
muito claro que o desentendimento foi
na taxa do serviço”, pontua Tozeski.
Ao ser questionado em um programa
da TV Sincor-SP, Marcelo Sebastião,
presidente da Comissão de Automóvel
da Fenseg, disse as seguradoras estão
muito preocupadas com o tema, porque
o serviço de assistência 24h é o responsável
pelo nível elevado de retenção dos
ROGÉRIO GUANDALINI,
da Europ Assistance
clientes. “No conjunto da obra, há muitas ações para retomar o nível
de satisfação dos segurados”.
A Fenseg tem apenas o poder de recomendar às associadas
algumas ações para que elas tomem providências. “Neste caso em
específico, não há um percentual médio de reajuste porque cada seguradora
tem sua negociação, mas posso garantir que temos modelos
que passaram pelo índice do IPCA, ou acompanhando o aumento
do diesel em 25%, com avaliação e preço novo para o km rodado,
novo preço padrão para saídas até 40km, acrescidos do valor para o
km rodado. Há também o adicional noturno e a hora parada. Tudo
isso leva a um fator de correção particular para cada companhia, dependendo
da região onde ela atua, da distância de seus prestadores
etc”, descreveu Sebastião. É importante ressaltar que o aumento
nem sempre complementa toda a necessidade dos prestadores.
O presidente do Sindicato das Seguradoras do Norte e Nordeste,
Ronaldo Dalcin, destaca que o aumento do diesel foi preocupante,
mas não foi o único responsável pela queda da qualidade do
serviço. “Houve migração, sim, para outras categorias dos funcionários
das bases dos guincheiros. As empresas estavam com dificuldades
para manter as suas frotas”.
Dalcin afirma que as seguradoras estão fazendo visitas presenciais
aos seus prestadores de serviços para fortalecer o relacionamento,
identificar a necessidade de melhoria e aumentar a sua capacitação.
“Temos problemas de atraso de guincho, de socorro mecânico,
mas também há problemas de trato com o cliente”, conta Dalcin.
É importante que o prestador de serviços saiba que ele pertence
ao sistema de seguros. Outro ponto é que o canal digital desafoga
o atendimento humano.
RAIO X
Rogério Guandalini, diretor de Vendas e Marketing da Europ
Assistance, entende que o mercado viveu dois momentos bem distintos
em relação à pandemia: no auge do lockdown, a maioria dos
prestadores que atuam como autônomos ou micro empreendedores
individuais não tinha demanda de trabalho. Para sobreviver eles
procuraram algumas alternativas e muitos migraram para os serviços
de entregas.
Com a abertura provocada pelo avanço das vacinas, aumentou
a demanda das empresas de assistência 24h, mas sem que os
prestadores voltassem na mesma velocidade. “O retorno do prestador
não foi de 100%. Há falta de profissionais e, junto com isso, a volta
da inflação, principalmente do óleo diesel. O custo de operação
destes prestadores subiu demais”, afirma Guandalini.
O executivo explica que, no início, três coisas foram feitas
para atender o novo momento do mercado: acordos de preços, ampliação
da rede e aumento do fluxo de caixa, com mais pagamentos
durante o mesmo mês.
Andrea Riberio, diretora de Operações, Assistência e Gestão
de Fraude da Tokio Marine, também identificou a queda do número
de prestadores de serviços. A seguradora mantém este serviço internalizado
desde 2018. “Adotamos uma série de medidas para atenuar
os eventuais prejuízos dos prestadores. Nós realizamos a manutenção
de todos os contratos apesar da queda no volume, reavaliamos
20
SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA
>> AUTOMÓVEL >> RESIDENCIAL
2019 2020 2021
2019 2020 2021
Qtde. serviços 7.623.502 6.889.739 7.237.399 Qtde. serviços 3.316.254 3.112.990 3.680.598
Itens segurados 2019 2020 jun/21
Casco 17.550.479 18.056.186 18.480.336
RCFV 1.278.542 1.267.018 1.232.318
Total 18.829.021 19.323.204 19.712.654
2021
Residenciais seguradas 11.000.000
Representatividade dos serviços em relação aos itens segurados
% Assistência 2019 2020 2021
Casco 43% 38% 39%
Total 40% 36% 37%
2021
% Assistência 33%
SLA’s e fizemos a redistribuição de volumes por regiões. Também
realizamos visitas aos parceiros em todo Brasil, buscando soluções
e processos que facilitassem a gestão na ponta, reduzindo custos
operacionais. Além disso, reajustamos as tarifas, mitigando os impactos
das perdas financeiras”, informa Andrea.
A partir de agora, a revisão constante dos processos será rotina.
Isso porque as boas condições de hoje podem não ser tão favoráveis
no futuro, por conta da inflação e da volatilidade econômica.
“O que a Tokio Marine tem adotado como regra é revisar constantemente
os processos; realizar reuniões com parceiros de negócios
com propostas de soluções para melhorar a performance; e oferecer
agilidade no acionamento telefônico e digital”, acrescenta a executiva
da seguradora.
Este é um trabalho em construção. Guandalini destaca que
o serviço de assistência passa por um momento delicado, mas
repleto de ensinamentos. Se por um lado houve aumento da demanda,
também há uma maior exigência dos consumidores pelo
atendimento mais especializado e chancelado por uma empresa.
“O mercado de assistência está em um momento especial, porque
a demanda está crescendo em um novo modelo. As pessoas estão
ficando mais em casa, porém com menos tempo para se dedicar às
questões domésticas. A profissionalização da assistência à residência
vem ao encontro do desejo dos clientes de não colocar em casa
alguém que não conhece. A empresa faz toda a verificação da capacidade
e da idoneidade do prestador de serviço, dando segurança
ao consumidor”, ratifica Guandalini.
FUTURO
Guandalini acredita que haverá uma acomodação do mercado.
O Brasil ainda tem um nível de desemprego alto e o setor de
serviços pode receber novos prestadores. “Nós estamos estimulando
de várias formas os prestadores, sejam eles autônomos ou
funcionários de uma empresa maior, a atuarem no setor. Criamos
um clube de benefícios, que através de
pontos conseguidos por atendimento
aos chamados, cumprimento dos SLA’s,
ele vai ganhando pontos para trocar por
produtos de seu interesse”.
A melhora, mesmo que leve, já está
acontecendo. Nos grandes centros, o atendimento
é feito por empresas maiores.
Em locais mais afastados, os prestadores
têm porte menor e atender um perímetro
maior. “Uma das nossas estratégias foi cadastrar
mais prestadores autônomos para,
mesmo em locais mais afastados, evitar
o deslocamento em longa distância. Em
função destes movimentos, hoje a Europ
possui mais CNPJs cadastrados em nossa
base do que no período pré-pandemia.
Tivemos um soluço no ano passado, mas
rapidamente trabalhamos para resolver o
problema”, comemora Guandalini.
A discussão sobre os custos da assistência
24h também veio à baila. “Antes
da pandemia fazíamos quase 5 mil/mês
atendimentos a residências, hoje são 12
mil/mês atendimento. As seguradoras estão
olhando para o custo da assistência
24h que, apesar de ser uma parte muito
pequena do custo do seguro, não deixa
de fazer parte de sua composição”, avalia
Guandalini. O mercado é quem vai dizer
se comporta ou não qualquer variação do
custo, mas o serviço sempre será muito
necessário para a manutenção do cliente.
21
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
CIRCULAR 639
Seu carro merece
COM A CIRCULAR 639, IMPLANTADA
PELA SUSEP EM SETEMBRO DO
ANO PASSADO, E A RETOMADA
DA MOBILIDADE URBANA COM O
ARREFECIMENTO DA PANDEMIA DA
COVID-19, MERCADO COMEÇA A
ADAPTAR O SEGURO PARA VEÍCULOS
AUTOMOTIVOS DESENVOLVENDO
PRODUTOS MAIS FLEXÍVEIS E
COM COBERTURAS PONTUAIS QUE
CAIBAM NO BOLSO DO BRASILEIRO.
MAS ESPECIALISTAS DO SETOR
RECOMENDAM TEMPERANÇA
NESSA FASE INICIAL ATÉ QUE
CONSUMIDORES, CORRETORES E
SEGURADORES ASSIMILEM O NOVO
CONTEXTO REGULADOR
André Felipe de Lima
As intensas e impiedosas chuvas
dos primeiros meses do ano
provocaram enchentes, destruíram
cidades, principalmente no sudeste
do país, e ceifaram vidas, mas também
despertaram no brasileiro a percepção
da importância do seguro. O de automóveis
é um deles. Várias seguradoras que
trabalham com essa carteira registraram
aumento de chamados e de novas contratações
nos primeiros meses deste
ano, e isso apesar de o país encontrar-se
diante de indiscutível inflação e profunda
retração econômica, que colocam em
xeque mercado e consumidores. Não há
como precisar se as novas regras para a
cobertura de veículos automotivos — a
circular número 639, da Superintendência
de Seguros Privados (Susep), em vigor
desde setembro de 2021 — influenciaram
(parcialmente que seja) nessa evolução
da carteira de auto. Mas a promessa
contida na circular 639 para que as companhias tenham mais flexibilidade
para apresentarem produtos mais baratos parece estar
se concretizando. Afinal, embora o seguro auto seja um dos mais
difundidos e procurados no país, ainda há uma demanda reprimida
a ser atendida pelas seguradoras. O que já era popular tende a ficar
ainda mais acessível ao brasileiro, que começa a incorporar a cultura
do seguro de uma forma geral. E o momento parece mesmo oportuno.
Dados divulgados recentemente pela Confederação Nacional
das Seguradoras (CNseg) apontam que o seguro auto — sem considerar
o DPVAT — registrou alta anual de R$ 3,4 bilhões em prêmios
diretos, ou seja, 19,6% acima do que foi registrado em janeiro de
2021, configurando-se, portanto, no maior aumento deste segmento
securitário desde julho de 2013. Diante de números e percentuais
22
tão eloquentes, Apólice conversou com executivos e especialistas
do setor para entender o impacto das novas regras na carteira de
auto e o que verdadeiramente é perceptível nesse sentido.
Presidente da Comissão de Seguro Auto da Federação Nacional
de Seguros Gerais (FenSeg), Marcelo Sebastião destaca que,
além de maior liberdade para as seguradoras desenharem novos
produtos, as novas regras permitem às empresas continuarem ofertando
os produtos do ramo auto já conhecidos pelo consumidor.
“Em relação às tendências, vale pontuar caso a caso. Vemos, por
exemplo, a possibilidade de construção de um seguro auto que ofereça
cobertura parcial para o casco, ou seja, em que o capital segurado
será menor que o valor total do bem. Já o seguro de responsabilidade
civil facultativa do condutor (RCFC) é mais uma opção de
comercialização da cobertura de responsabilidade
civil facultativa auto, na qual a
contratação tem como base a CNH/CPF
do segurado ou condutor, não estando
mais atrelada a um único veículo. Além
disso, poderão ser oferecidas duas opções
de seguro de automóvel, com rede
referenciada ou livre escolha”, explica o
especialista.
Circulares como a 639, que permitem
mais visibilidade para produtos de
auto, não vêm de hoje, argumenta o diretor
de Automóvel da Tokio Marine, Luiz
23
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
CIRCULAR 639
Em relação às tendências, vale pontuar caso a caso. Vemos,
por exemplo, a possibilidade de construção de um seguro
auto que ofereça cobertura parcial para o casco, ou seja, em
que o capital segurado será menor que o valor total do bem.
Já o seguro de responsabilidade civil facultativa do condutor
(RCFC) é mais uma opção de comercialização da cobertura de
responsabilidade civil facultativa auto, na qual a contratação
tem como base a CNH/CPF do segurado ou condutor, não
estando mais atrelada a um único veículo. Além disso,
poderão ser oferecidas duas opções de seguro de automóvel,
com rede referenciada ou livre escolha”
MARCELO SEBASTIÃO, da FenSeg
Padial, destacando que, nos últimos três
anos, a Susep vem sendo bastante ativa
nesse sentido. “A primeira coisa que temos
de ficar é feliz porque (as novas regras)
fomentam muito mais a criação de
novos produtos e, consequentemente,
com um propósito maior para atrair mais
clientes para dentro do nosso mercado”,
pressupõe o executivo da Tokio Marine,
que lançou recentemente um produto
desenhado com base nas novas regras da
Susep, o Auto Econômico. “Vejo que não
é só a Tokio, o mercado está bastante animado
e vai fomentar ainda muito mais”,
empolga-se Padial.
Para o diretor-presidente da Sompo
Seguros, Alfredo Lalia Neto, é inegável
que diferentes perfis e hábitos de
consumo dos segurados serão atendidos
com mais flexibilidade, inclusive com a
simplificação da contratação e do entendimento
do cliente da necessidade de
proteção ao contratar coberturas para
seu patrimônio, sejam elas para carro ou
residência, por exemplo, reunindo sob
uma mesma apólice riscos de modalidades
diferentes.
“As projeções para a indústria automotiva
nos próximos anos, a implementação
da tecnologia 5G e as novas
formas de utilização de veículos trazem
também boas perspectivas para a indústria
de seguros atuar criativamente no
lançamento de soluções que atendam a
um novo panorama de mercado. Na Sompo Seguros, nossas equipes
técnicas e nossa área de inovação acompanham as tendências e trabalham
traçando cenários que nos permitem implementar novidades
que venham a agregar valor no uso do seguro e experiência do
cliente junto à seguradora. O direcionamento vale não só para a diversificação
de portfólio, mas também para a definição/segmentação
de públicos antes não explorados. No cenário atual, contextualizar é
muito importante pois você exemplifica na prática o que o cliente
precisa”, pondera Lalia Neto.
A MÃO INVERSA OU QUE CULTURA ESSA, MINHA GENTE?
Para explorar ainda mais o seguro auto que, como já frisado
nesta reportagem, tem pela frente uma demanda reprimida,
esbarra-se na tão propalada falta de cultura do seguro no país. É
verdade, isso está mudando, mas o que se percebe é uma longa
estrada ainda a ser percorrida e que nela prepondera uma preocupação
da maior parte da população que se traduz em cifras, ou
seja, para o brasileiro, o seguro auto ainda é visto como um produto
caro demais. E tudo fica irrefutavelmente mais evidente quando
os números e percentuais vêm à tona. Recente pesquisa realizada
pela Suhai Seguradora com 1270 proprietários de veículos indica
que 70% dos entrevistados afirmaram não contratar apólices para
proteger seus veículos, sendo que 54% deles atribuem aos preços
o desestímulo pelo seguro. Outros 15% responderam que não buscam
uma apólice para proteger seu veículo por não encontrarem
produtos com os quais se identifiquem ou mesmo em que confiem.
A situação é ainda mais incômoda para quem tem carro com
mais de 5 anos de uso. Do total de entrevistados pela Suhai, cinquenta
e cinco por cento disseram que os preços dos seguros para
veículos, digamos, mais velhos, são inacessíveis para seus bolsos.
Em resumo, o parco orçamento mensal do brasileiro não consegue
inserir o seguro em seu dia a dia. Diante disso, as novas regras determinadas
pela Susep para o seguro auto ajudarão a reverter esse
cenário? Mas, como?
24
“Sim, as novas regras determinadas pela Susep para o seguro
auto podem ajudar a reverter esse cenário”, garante o diretor de produto
da Suhai, Jorge Martinez, que completa: “Como? Incentivando
a criação de produtos para alguns nichos ou situações específicas
de risco, como, por exemplo, seguros intermitentes e, nos casos de
cobertura com perda parcial, o uso de peças compatíveis e a opção
de direcionamento exclusivo para oficinas referenciadas da seguradora.
A mudança é mais no formato de vendas do que em coberturas,
como roubo/furto, colisões parciais, perdas totais por colisão,
incêndio e outros danos.”
CORRETORES, A “PONTE” IDEAL
O desafio das seguradoras daqui em diante é, além de buscar
a redução de preço das apólices para automóveis, tornar os contratos
mais simples, pragmáticos e compreensíveis para um consumidor
pouco familiarizado com o universo do seguro e, sobretudo,
com sua peculiar terminologia. É notória a complexidade que cerca
o seguro de automóvel. As novas regras contidas na circular 639
buscam flexibilizar isso, em tese, conferindo mais liberdade às seguradoras
para desenhar seus contratos e, consequentemente, criar
produtos fora, digamos, da curva para essa carteira. O que antes era
um calhamaço precisa (e deve) se resumir a duas, três, quatro páginas,
no máximo. Mesmo assim, quem poderá orientar esse consumidor
que, como aponta a pesquisa da Suhai, demonstra desânimo
com o seguro auto? “Entendemos que, além das seguradoras trabalharem
nesse processo, os corretores de seguros serão agentes fundamentais
nessa cadeia de relacionamento para assegurar o produto
adequado a cada necessidade”, responde Martinez, da Suhai.
Lalia Neto esclarece, contudo, que já é perceptível no mercado
uma tendência de que o seguro deve ser cada vez mais simples. “A
criação de novos produtos não significa necessariamente que uma
apólice terá um texto mais extenso. Os produtos ‘modulares’, com coberturas
específicas à escolha do segurado, devem contar com apólices
que contemplem somente as cláusulas relacionadas aos riscos
contratados, por exemplo. Sabemos que o consumidor procura por
produtos mais simples e adequados à sua necessidade. Por isso, o
mercado deve se adequar a essa tendência. Outro ponto é que, independentemente
de mais ou menos informação, o segredo está na
forma como a seguradora apresenta isso ao cliente, o estimula a ler e
entender o que contratou”, sinaliza o executivo da Sompo.
As seguradoras buscam simplificar a jornada do cliente e,
com isso, tornar o caminho dele mais estreito até a apólice que deseja
e de que realmente precisa para seu carro. Para isso, a indústria
do seguro investe maciçamente em ferramentas de comunicação
que se utilizam, entre outras, da inteligência artificial, do chatbot
e das redes sociais. Ao criar as regras da circular 639, a Susep certamente
considerou esse contexto.
“Talvez estejamos fazendo uma tempestade em copo d’água
porque o cliente tem ciência de que comprou um produto de roubo
e furto, por isso não cobriria colisão e não haveria problema
nenhum. A primeira coisa que a gente imagina é que essa jornada
(com o cliente) foi bastante assertiva. Com o passar do tempo evoluímos.
Obviamente, quando lançamos um produto que tem um
LUIZ PADIAL,
da Tokio Marine
apelo diferente, endossamos ainda mais
essa questão. Esse é outro pilar que ajuda
sobremaneira a situação”, avalia Padial, da
Tokio Marine, complementado: “Há uma
série de informações para se ter acesso a
tudo, e o consumidor está mais antenado.
Ele, numa simples procura pela internet,
saberá se a seguradora bem ou mal o
atenderá, se o serviço é bom ou não.”
Padial também reforça a importância
do corretor no processo. “Hoje,
treinamos milhares de corretores de uma
forma muito mais ágil, muito mais prática.
Temos o WhatsApp para tirar qualquer
dúvida do consumidor e do corretor. Estamos
falando de um mercado bastante
consolidado, com grandes empresas e a
maioria multinacionais. Não vejo nenhum
empecilho, nenhum problema que onere
produtos. E um detalhe importante: há
vários momentos durante a venda do
seguro, que antecedem a assinatura do
contrato, para que o consumidor tenha a
chance de validar ou não a apólice”, conclui
o executivo da Tokio Marine.
Vistos hoje mais como consultores
que exclusivamente vendedores de
apólices, os corretores representam peça
fundamental no tabuleiro do mercado de
seguros, sobretudo agora com essa reformulação
do seguro para veículos automotivos,
como avalia Marcelo Sebastião,
da FenSeg: “Para divulgar essa gama de
possibilidades (que surgirão com as novas
regras para o seguro auto), nós contamos
25
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
CIRCULAR 639
contato direto com o segurado, compreende suas necessidades de
cobertura e, da mesma forma, é ele o profissional de confiança para
apresentar as coberturas, produtos e serviços que estejam adequados
à realidade do segurado.”
ALFREDO LALIA NETO,
da Sompo
com a parceria dos corretores de seguros,
que são e continuarão sendo peça-chave
na disseminação da cultura do seguro.”
Seguro pay-per-use, seguro vinculado
ao condutor, coberturas parciais ou
combos de coberturas auto somadas a
coberturas de outros ramos são algumas
das opções vislumbradas pelo segmento.
“Mas avalio que, ao mesmo tempo em
que a flexibilização das leis abre a possibilidade
de lançamento de novos produtos,
também vai exigir ainda mais sinergia
entre as seguradoras e corretores de
seguros. A partir do momento em que as
seguradoras formatam produtos aderentes
aos diversos tipos de perfis, inclusive
aqueles que precisam de soluções mais
simples e objetivas, elas entregam exatamente
o que o cliente precisa e ele não
se sente ‘obrigado’ a pagar por algo que
encarece sua apólice ou que ele acredite
que não vá usar. Os agentes do mercado
deverão trabalhar muito próximos para
informar ao segurado, que ainda não
está totalmente familiarizado com o mercado”,
analisa Lalia Neto.
O executivo da Sompo mantêm
em consonância com a linha de avaliação
do representante da FenSeg, e também
ressalta: “Se as perspectivas se concretizarem,
o papel do corretor de seguros
será ainda mais relevante do que já foi em
todas essas décadas desde a Lei 6.594/64,
que regula a profissão de corretor de seguros.
É o corretor de seguros que tem o
COBRINDO O QUE, AFINAL?
Há, porém, especialistas em seguro automotivo que apontam
exceções que surgirão com as novas regras e que podem resultar
em dificuldades contratuais tanto para segurados quanto para seguradoras,
que poderão se deparar com apólices que deveriam ser
simplificadas, mas, ao contrário, serão bastante complexas e extensas,
indo, portanto, na contramão da essência das novas regras da
circular 639, que busca facilitar o surgimento de novos produtos
para a carteira de auto. Dois exemplos dessas dificuldades — alertam
alguns consultores — podem surgir nas coberturas do “casco”
e de incêndio, por exemplo. Com o que e como (contratualmente)
devem se comprometer seguradora e segurado em situação do gênero?
Diante do exposto pelos consultores, quais, enfim, os maiores
desafios para o seguro auto em 2022 e como as novas regras determinadas
pela Susep poderão atenuá-los?
Lalia Neto antecipa que o momento atual é de adaptação às
novas regras e enfatiza que contar com alguma cobertura é melhor
que não contar com nenhuma. “Coberturas para situações específicas
podem ser uma solução que atenda a segurados entrantes no mercado
ou que estejam momentaneamente impossibilitados de assumir
uma cobertura mais ampla. A questão de deixar claro para o segurado
o que exatamente ele está contratando passa pela forma sobre
como disponibilizar as opções de contratação e também sobre como
o corretor de seguros presta a consultoria para explicar exatamente o
que o segurado vai contratar”, diz o executivo. Para isso — reforça Lalia
Neto —, é necessário que todo o mercado de seguros invista na comunicação
com o segurado e com os parceiros corretores de seguros
para que esse processo aconteça de forma adequada e o consumidor
saiba sempre os detalhes de sua apólice e todas as coberturas contempladas
nela. “Além disso, é importante destacar que as seguradoras
podem optar ou não por oferecer este tipo de cobertura”, assinala.
RESTRIÇÃO DA MOBILIDADE NA PANDEMIA E SEUS REFLEXOS
A exemplo do que aconteceu com a economia mundial, o
seguro auto também sentiu os efeitos da pandemia, avalia Sebastião.
Inicialmente, enfatiza ele, por meio da restrição da mobilidade
urbana e em seguida por outros fatores. O representante da FenSeg
explica quais são esses aspectos: “Em 2021, o ritmo de produção da
indústria automobilística foi impactado pela escassez de semicondutores
no mercado global. Ainda assim, o segmento mostrou resiliência
e está se recuperando. A arrecadação de prêmios expandiu
8,8% no ano passado, somando R$ 38,4 bilhões”, recorda Sebastião,
para quem as novas regras para o seguro auto fazem parte de um
processo permanente de aprimoramento do mercado segurador
brasileiro em geral. “Inclusive oriundo de consulta pública, que permitiu
coletar sugestões das seguradoras à luz do que os clientes e
corretores compartilham de necessidades, e do seguro auto em particular”,
pondera.
26
Com a retomada da mobilidade, não se esperava nada diferente
que o reaquecimento do seguro auto. “Com eventos como futebol,
carnaval, shows etc, estamos com muita procura (por seguro
auto), tanto que estamos com um desempenho espetacular neste
começo de ano. De janeiro a março, crescemos 56%, e essa retomada
tem a ver também com a percepção maior de risco”, antecipa Padial,
da Tokio Marine.
Lalia Neto é ainda mais detalhista na avaliação dos reflexos
da pandemia no desempenho do seguro auto nos últimos dois
anos. Para ele, o impacto sofrido pelo mercado de seguro de automóvel
no período foi ocasionado por uma série de fatores. Além da
restrição de circulação de pessoas nas ruas, ele menciona a intensificação
da prática do home office e outras medidas de isolamento
social seguidas pela falta de insumos para produção e consequente
falta de veículos novos no mercado. No rol deste fatores, Lalia Neto
inclui também a valorização dos veículos usados e seminovos, o aumento
do custo de manutenção, principalmente o de combustíveis,
e o surgimento de novos meios de locomoção. São estes — frisa o
executivo da Sompo — alguns dos acontecimentos que refletiram
no resultado do segmento e exigiram muita estratégia por parte das
seguradoras na pandemia.
“É importante ressaltar que esses movimentos afetam não
só as seguradoras, mas toda a rede de apoio que a circunda, como
serviços de assistência, peças para sinistros, etc. Porém não acredito
que as novas regras sejam exatamente uma resposta a esse impacto.
Elas têm por objetivo trazer mais aceitação e clareza da sociedade
sobre as necessidades de proteção e por, consequência, dar a
oportunidade de simplificar e aumentar o entendimento dos clientes
e corretores em relação aos produtos oferecidos e possibilidades
a oferecer”, observa Lalia Neto.
HÁ MOTIVOS PARA SE PREOCUPAR COM JUDICIALIZAÇÃO?
Com as novas regas da circular 639, alguns advogados que
atuam no setor alertam para o risco de aumento da judicialização
entre seguradoras e segurados, justamente por conta da “cobertura
pontual”, ou seja, a cobertura de parte do carro somente, como debateram
os executivos ouvidos por Apólice para essa reportagem.
“Quanto mais clara a comunicação, melhor o entendimento e os
riscos de mal-entendidos ficam reduzidos para todos”, sugere Martinez,
da Suhai.
Com mais de 20 anos de experiência no mercado securitário,
Padial recorda a época em que a Tokio Marine lançou um seguro
para auto popular e que o principal temor do mercado na ocasião
era justamente a palavra “judicialização”.
“Esse termo é inerente ao nosso negócio ou de qualquer
negócio financeiro. Obviamente, tudo o que fazemos é exatamente
com o propósito de diminuir o ruído com o consumidor, com o
corretor e no trabalho da companhia”, enfatiza Padial, ressaltando
que ao longo da carreira jamais se viu criando um “Frankenstein” em
seguros que, por exemplo, cobrirá a parte da frente do carro e não
a parte traseira. “O que dizemos ao consumidor e ao corretor é o
seguinte: se o consumidor tem a propriedade do bem, é porque ele
quer chegar a sua casa com seu veículo segurado. Deixamos claro
JORGE MARTINEZ,
da Suhai
que o que ele está comprando é realmente
o que é necessário para ele”, destaca
Padial. Ou seja, a política de negócios
da Tokio Marine para o seguro auto é a
de não abrir mão de alguns aspectos de
cobertura para não haver dúvida para o
cliente. “Por que vou arrumar uma confusão
com consumidor, se é muito mais fácil
dizer a ele tudo o que realmente tem de
direito? Espero que o mercado atue também
dessa forma, porque aqui estamos
procurando melhorar sempre nesse quesito”,
finaliza o executivo da Tokio.
Mas ainda é cedo para afirma se
haverá ou não aumento da judicialização
após a implantação das novas regras
para o seguro auto, como assinala Lalia
Neto: “É importante ressaltar que o setor
de seguros é regulado e as seguradoras
cumprem o que está estabelecido na
apólice. Acredito que, desde que o segurado
seja devidamente orientado sobre o
produto que está adquirindo e as coberturas
contempladas nele, o risco de uma
eventual judicialização se reduz substancialmente.”
Seguradores, bem como corretores
e os próprios consumidores, ainda
incorporam as novas possibilidades que
a circular 639 da Susep trouxe à tona.
Mas os sinais de que as companhias incrementarão
a carteira são irreversíveis.
No final das contas, o consumidor atento
e previdente é quem mais ganhará com
isso tudo.
27
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
DPVAT
28
Há caixa até
DEZEMBRO?
ESSA É A PERGUNTA QUE MUITOS NO MERCADO
FAZEM EM RELAÇÃO AO DINHEIRO RETIDO PELO
DPVAT PARA O PAGAMENTO DE INDENIZAÇÕES ATÉ
O FINAL DO ANO. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
GESTORA DO SEGURO DESDE JANEIRO DO ANO
PASSADO, GARANTE QUE O SALDO É POSITIVO.
PARALELAMENTE AO QUESTIONAMENTO, O SETOR
PLEITEIA UMA NOVA REGULAMENTAÇÃO PARA
ESSE MODELO DE GESTÃO. NO CONGRESSO, A
MOBILIZAÇÃO SE INTENSIFICA PARA QUE NOVAS
DIRETRIZES SEJAM IMPLEMENTADAS A PARTIR
DOS PRIMEIROS MESES DE 2023 E, EM OUTRA
VIA, UM GRUPO DE TRABALHO CONSTITUÍDO PELO
CNSP DISCUTIRÁ UM DESTINO PARA UM DOS MAIS
POLÊMICOS MODELOS DE SEGURO VIGENTE NO PAÍS
André Felipe de Lima
Sim, há dinheiro em caixa para
cobrir até dezembro deste ano o
seguro obrigatório de danos pessoais
causados por veículos automotores
de via terrestre, o popular e não menos
polêmico DPVAT. Quem garante é a Caixa
Econômica Federal, gestora única deste
seguro desde janeiro de 2021, quando
foi designada pelo governo federal, sob
o acompanhamento regulatório da Superintendência
de Seguros Privados (Susep),
para substituir a Seguradora Líder,
que atuava desde 2008 como gestora
única do DPVAT. “O patrimônio do Fundo
DPVAT fechou o mês de fevereiro de
2022 com saldo de R$3,670 bilhões, recursos
esses suficientes para fazer frente
às indenizações relacionadas ao contrato
firmado entre a Caixa e a Susep em 2022”,
informa a Caixa, em nota emitida por sua
assessoria de imprensa, refutando especulações
no mercado de que o fundo não
se sustentaria até o fim do ano.
Como informa a Susep, também
por meio de nota, tanto o fundo DPVAT
bem como outros temas alusivos ao seguro
em questão serão discutidos por
um grupo de trabalho cuja constituição
foi aprovada no último dia 29 de março
pelo Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP). O futuro do DPVAT, independentemente
dos projetos de lei em
trâmite no Congresso para que seja revisto
ou mesmo substituído por um modelo
inverso ao viés monopolista atual,
será decidido por este grupo mencionado
pela Susep.
Pode-se dizer que o DPVAT, ou o
seu embrião propriamente dito, surgiu
em 1966 no bojo do Decreto-lei 73/66,
que ficou conhecido como a “Lei do Seguro”.
É verdade, o seguro não se chamava
DPVAT e, sim, Recovat, e com essa
nomenclatura manteve-se até a entrada
em vigor da Lei 6.194, de 1974, quando
nascia, enfim, o DPVAT, cujo propósito é
até hoje o de indenizar (por morte ou invalidez)
vítimas de acidentes de trânsito,
sem distinção, sejam elas passageiros dos
veículos ou seus motoristas e também
pedestres, brasileiros ou estrangeiros.
29
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
DPVAT
contundentes contra fraudes, um problema que rodeou o DPVAT
nos últimos anos e que desencadeou mobilizações do Ministério
Público e, inclusive, da própria Susep para combatê-las. O deputado
também destacou ser essencial que os corretores não sejam alijados
do processo e que a futura regulamentação que se discute e se
espera adequada ao DPVAT incorpore-os definitivamente no atendimento
aos segurados. De lá para cá, Zé Neto vem tentando uma
agenda com a Caixa para debater a gestão do DPVAT, mas, conforme
informações de seu gabinete, o deputado ainda não obteve a
tão ansiada agenda com o banco estatal. “Com a retomada das comissões
permanentes, pode ser que essa agenda aconteça. Mas foi
um semestre perdido”, conforma-se um assessor parlamentar de Zé
Neto. Apólice tentou ouvir o deputado, mas não obteve retorno até
o fechamento da edição.
ZÉ NETO,
deputado federal
Desde que a Caixa assumiu a gestão
dos recursos e do pagamento das
indenizações do DPVAT, exatamente
no dia 18 de janeiro de 2021, o seguro
permanece fomentando acalorados debates
sobre sua conjuntura. Sem adentrar
na discussão política que o norteia,
o banco estatal prefere concentrar o
debate no emprego da digitalização
“100%” dos processos de solicitação e
pagamento da indenização e na disponibilização
de suas mais de 4 mil agências
para atendimento aos beneficiários
de indenização, como resume a nota enviada
à Apólice pela sua assessoria.
Independentemente de a Caixa
afirmar esmerar-se para a digitalização
dos processos do DPVAT, a concentração
da gestão do seguro, exatamente como
acontecia com sua antecessora, a Seguradora
Líder, permanece no topo da vasta
lista de questionamentos da indústria securitária
no país, e esse debate se estende
ao campo político, como aconteceu
em dezembro passado, na Câmara dos
Deputados, em Brasília, durante audiência
da Comissão de Desenvolvimento
Econômico, Indústria, Comércio e Serviços
da casa parlamentar.
No rol dos críticos ao modelo
atual do DPVAT está o deputado federal
Zé Neto (PT/BA). Ele participou daquela
audiência pública e nela alertou para a
necessidade urgente de modernização
da gestão do seguro bem como de ações
QUESTIONÁVEL MONOPÓLIO
Porém, a queixa mais ruidosa consiste na concentração das
operações anteriormente a cargo da Seguradora Líder e agora sob
os cuidados única e exclusivamente da Caixa, após a sucessão de
denúncias de fraudes apontadas pelo Ministério Público em gestões
anteriores da Líder que culminaram em intervenções da Susep em
2019. Apólice questionou a Susep e a própria Caixa sobre a possibilidade
de que o governo empenhe alguma política para quebra
desse monopólio no DPVAT, considerando, afinal, que um dos motes
da equipe econômica em Brasília é justamente uma economia sem
entraves, aberta e liberal, nas palavras do próprio presidente Jair
Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes. Laconicamente, a Caixa respondeu,
em nota, o seguinte: “A Caixa foi contratada em 2021 pela
Susep para gerir e operacionalizar DPVAT ante a sua comprovada
experiência na implementação de políticas públicas, pela presença
nacional, com mais de 4200 agências em todo o Brasil, e pela tecnologia
aplicada na prevenção e redução de fraudes.”
PRAZO PARA ANÁLISE E CONCLUSÃO DE PROCESSOS
A Caixa rebate as acusações de que não estaria cumprindo
o prazo para análise e conclusão dos processos, informando que os
pedidos de indenização estão sendo analisados no prazo de 30 dias
previstos na Lei nº 6.194/74, com o correlato pagamento daqueles
para os quais tenha ocorrido o completo fornecimento, pelo solicitante,
da documentação necessária acerca da ocorrência. “Importa
salientar, contudo, que quando verificada pendência documental,
em que é necessária correção ou complementação de documentos
pelo solicitante, o prazo é interrompido até que a correção ou complementação
de toda a documentação devida seja feita, a partir de
quando a análise é retomada e o prazo reiniciado, nos termos do
artigo 8º da resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP) nº 399, de 29 de dezembro de 2020. Vale ainda salientar que
o prazo também é interrompido quando é necessária perícia médica
para constatação da condição afirmada pelo solicitante no pedido”,
destaca a nota da Caixa.
Igualmente por meio de nota, a Susep ressalta que a partir
dos dados disponibilizados pela Caixa, foram constatados alguns
atrasos nos primeiros meses de 2021, o que se justificou porque a
30
Apólice questionou a Susep e a própria Caixa sobre a possibilidade de que o governo empenhe alguma política
para quebra desse monopólio no DPVAT, considerando, afinal, que um dos motes da equipe econômica em
Brasília é justamente uma economia sem entraves, aberta e liberal, nas palavras do próprio presidente Jair
Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes. Laconicamente, a Caixa respondeu, em nota, o seguinte: “A Caixa foi
contratada em 2021 pela Susep para gerir e operacionalizar DPVAT ante a sua comprovada experiência na
implementação de políticas públicas, pela presença nacional, com mais de 4200 agências em todo o Brasil,
e pela tecnologia aplicada na prevenção e redução de fraudes
operação foi implantada com urgência em face da dissolução voluntária
do consórcio DPVAT no final de novembro de 2020. “Esses
desafios foram identificados pela fiscalização da Susep e corrigidos.
Dados mais recentes enviados pela Caixa indicam que o tempo médio
para pagamento da indenização é de cerca de 21 dias, a contar
do protocolo do pedido. Após a entrega do laudo pericial, o pagamento
tem sido realizado em menos de dois dias. Sem a necessidade
de perícia, o pagamento tem sido realizado em menos de uma
semana”, explica a nota.
Perguntamos também à Susep se a autarquia pode determinar
à Caixa que ela faça os pagamentos das indenizações do seguro
DPVAT em contas bancárias de outras bandeiras financeiras. Na
mesma nota, o órgão regulador informa que a conta digital aberta
na Caixa “não é onerosa” e “permite” que os beneficiários “transfiram
gratuitamente” as indenizações recebidas para a conta bancária de
sua escolha. “Adicionalmente, os pagamentos efetuados por meio
da conta digital trazem maior segurança para a operação e auxiliam
no combate a fraudes, evitando a apropriação indevida e o desvio
de recursos”, completa a Susep.
DOS ESCÂNDALOS À RENOVAÇÃO DA IMAGEM
Resgatar a credibilidade do DPVAT é um desafio que não
somente a Caixa e a Susep assumiram mas, fundamentalmente, o
Planalto, nem sempre logrando êxito. Em dezembro de 2019, Jair
Bolsonaro tentou emplacar uma medida provisória (MP 904) para
mexer em toda a estrutura anterior do DPVAT. Mas o Supremo Tribunal
Federal a derrubou. O resultado infrutífero repetiu-se na comissão
mista da Câmara e do Senado, onde a MP caducou definitivamente
em novembro de 2020 com a anuência do então presidente
da Câmara, Rodrigo Maia, em reta final de mandato na Mesa parlamentar
e o apoio incondicional do partido Rede, que capitaneou a
manobra política que determinou a derrota de Bolsonaro, que viu
sua “MP do DPVAT” naufragar de vez no STF após ação movida pelo
Rede na corte suprema.
Mas a essência que motivara a MP manteve-se. Afinal, desde
2015, quando a operação “Tempo de Despertar” foi deflagrada pelo
Ministério Público de Minas Gerais e a Polícia Federal, com suporte
do Tribunal de Contas da União (TCU), da Susep e do Ministério
da Economia, que tentam incansavelmente reinventar o DPVAT. Na
época, até mesmo uma CPI no Congresso foi instaurada na tentativa
de tornar pública e denunciar a cadeia de fraudes da qual eram
acusados alguns executivos gestores do
DPVAT. O fato é que nenhum deles foi
preso ou mesmo indiciado. Mas o poder
público não sossegou até identificar mais
indícios de irregularidades. Nova investigação
iniciada em dezembro de 2019, e
concluída em novembro de 2020, denunciara
indícios de irregularidade na gestão
de R$ 2,25 bilhões do fundo arrecadado
com o DPVAT. Na ocasião, a Líder, ainda a
controladora do seguro, defendeu-se ao
alegar que “não tolera práticas irregulares”.
Logo após a revelação das investigações
da Susep, veio o turbulento e trágico
período de pandemia da covid-19,
mas com ela também a reestruturação da
Líder, que aos poucos vai se retirando do
DPVAT. É, entretanto, publicamente notório
que a seguradora enfrentou sérias
dificuldades por conta das acusações de
malversação à frente do seguro. O que,
afinal, a companhia extraiu daquele período
para evitar o encerramento das
atividades? Que trabalho de reposicionamento
de imagem foi desenvolvido nesse
sentido? O diretor-presidente da Líder,
Leandro Martins Alves, tem a palavra:
“Aproveitamos a oportunidade
para ressaltar que não há e nunca houve
desvio de valores por parte da Seguradora
Líder em relação ao montante de
R$2,25 bilhões. O órgão regulador fala
de ineficiência no uso dos recursos, pois
existe uma divergência de opiniões entre
ele e o mercado segurador, representado
por nós, da Líder, quanto à natureza
de recursos do DPVAT: se públicos ou privados.
O entendimento quanto aos recursos
serem públicos é o pano de fundo
da cobrança realizada pelo citado órgão
31
ESPECIAL SEGURO AUTOMÓVEL
DPVAT
O órgão regulador fala de ineficiência no uso dos recursos,
pois existe uma divergência de opiniões entre ele e o
mercado segurador, representado por nós, da Líder, quanto
à natureza de recursos do DPVAT: se públicos ou privados.
O entendimento quanto aos recursos serem públicos é o
pano de fundo da cobrança realizada pelo citado órgão
regulador e, tal discussão, encontra-se atualmente na esfera
administrativa, seguindo, em breve, provavelmente, para a
instância judicial. A Seguradora Líder sofreu uma profunda
transformação e eliminou qualquer questão ocorrida no
passado”
LEANDRO MARTINS ALVES, da Líder
regulador e, tal discussão, encontra-se
atualmente na esfera administrativa, seguindo,
em breve, provavelmente, para
a instância judicial. A Seguradora Líder
sofreu uma profunda transformação e
eliminou qualquer questão ocorrida no
passado. A partir de 2017, iniciamos um
trabalho de gestão focado em quatro
pilares: tolerância zero às fraudes; fortalecimento
da cultura de compliance;
simplificação da jornada do cliente; e
controle rigoroso das despesas administrativas
com ganhos de eficiência.
De 2017 a 2021, mais de 1,4 milhão de
brasileiros recebeu o seguro DPVAT via
Seguradora Líder, o que resultou no valor
total indenizado de mais de R$ 6 bilhões”,
diz Alves.
Como justificativa para esse reposicionamento
corporativo, o executivo
da Líder lista alguns resultados obtidos
recentemente pela seguradora. O primeiro
deles foram ações estratégicas que integram
o programa interno de combate
às fraudes que, segundo Alves, ocasionaram
um desestímulo de 80% nos ataques
de quadrilhas contra o eguro DPVAT nos
últimos três anos. “Para chegar a esse patamar,
adotamos tecnologias de ponta,
como machine learning e inteligência
artificial. E, nesse período, conseguimos
barrar o processamento de mais de 10
mil pedidos indevidos de indenização, o
que representou mais de R$ 71 milhões em perdas evitadas antes
da liquidação dos sinistros”, cita o executivo da Líder, que também
buscou fortalecer-se na governança corporativa e na transparência
de gestão.
Além de significativa redução do número de reclamações e
do tempo médio de pagamento do seguro, o conjunto de ações estratégicas
permitiu à Líder, como reforça Alves, uma economia de
mais de R$ 632 milhões entre 2016 e 2020, sendo, aproximadamente,
R$ 337 milhões de redução as despesas relacionadas com sinistros
e R$ 295 milhões nas despesas gerais e administrativas. “Todas as
menções negativas que já foram efetuadas em relação à Seguradora
Líder dizem respeito a um período anterior à transformação acima
resumida”, garante o diretor-presidente da companhia, lembrando
que o consórcio do seguro DPVAT somente poderá ser efetivamente
extinto com o encerramento do run-off e quando realizada sua liquidação.
“Sabendo-se que, em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor
o novo Código Civil Brasileiro, que reduziu de 20 para 3 anos o prazo
prescricional para os beneficiários do seguro DPVAT manifestarem
seu interesse no recebimento das indenizações por meio dos avisos
dos sinistros ocorridos, entendemos que existe a possibilidade de se
estender as atividades de pagamento de indenizações, no mínimo,
por este mesmo prazo. Ou seja, vítimas de sinistros, ocorridos até
31 de dezembro de 2020, poderão avisá-los até 31 de dezembro de
2023, ressalta Alves.
Outra importante ação de reposicionamento de imagem da
Líder foi iniciada em agosto de 2018, o programa Recomeço, cujo
intuito era o de reforçar o compromisso social da Seguradora Líder.
“No período de 2018 a 2020, o projeto apoiou a qualificação e a reinserção
de mais de mil beneficiários do seguro DPVAT no mercado de
trabalho, por meio de cursos de capacitação e acesso às oportunidades
abertas em empresas parceiras. Mas o início do processo de
run-off tornou necessária a descontinuação do programa”, concluiu
Alves.
32
AOS NÚMEROS, PORTANTO
Números preliminares do exercício
da Líder em 2021 indicam que a
seguradora recebeu 255.840 avisos de
sinistros e que realizou o pagamento
de 197.569 indenizações nas três coberturas
previstas em lei. Estes números
referem-se exclusivamente à Seguradora Líder no tocante às ocorrências
de trânsito registradas até 2020 ou em anos anteriores. Segundo
a base histórica da Líder, em média, 50% das solicitações de
indenizações de um ano são referentes aos sinistros ocorridos no
ano vigente, as quais, em 2021, foram responsabilidade da Caixa
Econômica Federal.
PANORAMA DAS INDENIZAÇÕES - SEGURO DPVAT
ANO
QUANTIDADE/ AVISOS
QUANTIDADE/
PAGAMENTOS
VALOR PAGO EM
R$ MIL
2019 600.717 353.232 1.452.005
2020 471.310 310.710 1.234.175
2021 255.840 197.569 834.822
Fonte: Seguradora Líder
O QUE PODERÁ MUDAR SE DEPENDER DO AMBIENTE POLÍTICO
A Líder busca um recomeço, Rodrigo Maia não está mais na
Presidência da Câmara, a bancada do Rede está mais preocupada
com a reeleição de seus políticos e Jair Bolsonaro tem como foco
único manter-se no Planalto. Mesmo assim, o debate em Brasília em
torno da situação do DPVAT não foi arrefecido. Tramita na Câmara
desde 2017 o projeto de lei (PL 8338), de autoria do deputado federal
Lucas Vergilio (Solidariedade/GO), que cria o Seguro Obrigatório de
Acidentes de Trânsito (Soat) para substituir o DPVAT. A meta primária
do PL é a livre concorrência e o fim do monopólio da gestão do seguro,
permitindo que os proprietários de veículos tenham autonomia
para escolher com qual seguradora (sejam elas independentes ou
por meio de consórcio) poderão contratar o Soat tendo os valores de
prêmios e de indenização estabelecidos livremente pelo mercado,
porém sob as diretrizes do Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP). A expectativa dos políticos que acompanham o setor securitário
é de que o PL seja votado em Plenário ainda este ano.
Paralelamente ao PL 8338/2017, também tramita na Câmara
o PL 766, de autoria do deputado Júlio Lopes (PP/RJ), apresentado
no dia 30 de março deste ano. A proposta estabelece novas
regras para a cobertura de danos pessoais ocorridos em veículos
atingidos por desastres naturais. Enfatiza o texto: “Equipara-se a
acidente, para fins de pagamento da indenização prevista neste
artigo, os eventos danosos que envolvam veículos automotores
de via terrestre causados direta ou indiretamente por desastres
naturais como enchentes, inundações, alagamentos, deslizamento
de encostas, queda de barreiras e demais situações congêneres, a
serem previstas em regulamento.”
O PL 766/2022 foi encaminhado à
Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania da Câmara, mas sem previsão
de que avance de forma mais célere este
ano.
Enquanto deputados ainda debatem
seus projetos de lei e o grupo de
trabalho determinado pelo CNSP sequer
foi constituído, o futuro do DPVAT segue
regido por um expressivo e incômodo
ponto de interrogação, sobretudo se
considerarmos que todos os imbróglios
dos últimos anos que o envolveram —
e fundamentalmente devido à redução
e término da cobrança do prêmio
de seguro — foram responsáveis para
que o governo deixasse de repassar ao
Sistema Único de Saúde (SUS) cerca de
15 bilhões de reais. Esta verba poderia
ter sido utilizada emergencialmente ao
longo da pandemia de covid-19, mas,
infelizmente, está parada. Quando, afinal,
será retomada para o atendimento
à saúde pública, exatamente como determina
a legislação? Não se sabe, e nem
o mercado e tampouco o poder público
têm a resposta.
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