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CREPÚSCULO.

A saga da históira de Bella e Eduard.

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PROCESSO TRANSMIDIÁTICO DE RECONSTRUÇÃO DE SENTIDOS DA SAGA

CREPÚSCULO

Anderson Peter Costa e Silva.

Resumo

À medida que as plataformas da Web e a sua promoção da cultura participativa

evoluem na forma como as obras são criadas, analisadas, compartilhadas e

entregues, as novas tecnologias emergentes influenciam grandemente as narrativas

transmídias do futuro. Mas no que diz respeito à audiência, as experiências de

plataformas cruzadas não são tão diferentes daquelas dos espectadores que

experimentam a adaptação de um romance que leram. Olhando por esse prisma, a

conclusão 'é uma contradição em termos de uma das qualidades únicas que a

narrativa transmídia possui, pois ela é fundamentalmente ausente de uma conclusão’.

A questão é que sempre haverá consumidores motivados a participarem como

produtores resultantes do engajamento com os textos e enquanto houver infinitas

interpretações, modificações e transposições destes textos criados, a narrativa

transmídia será perene. O espectador que vê uma adaptação depois de ler o livro que

o inspirou terá uma experiência cinematográfica diferente de alguém que viu o filme

sem ter lido anteriomente o livro, pois no livro, é bem provável que a história seja mais

complexa, os personagens melhor desenvolvidos e as evoluções gerais mais

graduais. Todos esses detalhes, embora desconhecidos para as pessoas que viram

apenas o filme, estão fadados a desempenhar um papel significativo na experiência

de visualização de quem leu o livro primeiro, tornando-o agradável ou desagradável.

Entender como esses elementos afetam a audiência pode ser significativo para

entender a relação entre um espectador e um projeto multiplataforma, pois o conceito

transmídia engloba qualquer narrativa que aumente os níveis de imersão disponíveis

para o seu público ao se mover através dos meios, eventualmente levando à criação

de produtos mais imersivos. No caso da saga Crepúsculo, como uma entidade

multiplataforma e multimídia, o vampiro está intimamente ligado à própria natureza da

Transmídia. Prova disso é que as fronteiras entre público e palco, leitor e texto tornamse

permeáveis de modo que o vampiro transmídia começa a confundir as fronteiras

entre este mundo e o imaginário.

Palavras-chave: Transmidia, Cibercutura, Cultura e Tecnologia.

Abstract

As web platforms and their promotion of participatory culture evolve in the way works

are created, analyzed, shared and delivered, new emerging technologies will greatly


influence the transmedia narratives of the future. But as far as the audience is

concerned, cross-platform experiences are not so different from those of viewers who

experience the adaptation of a novel they have read. Looking at it from that

perspective, the conclusion 'is a contradiction in terms of one of the unique qualities

that the transmedia narrative has, as it is fundamentally absent from a conclusion'. The

point is that there will always be consumers motivated to participate as producers

resulting from the engagement with the texts and as long as there are infinite

interpretations, modifications and transpositions of these created texts, the transmedia

narrative will be perennial. The viewer who sees an adaptation after reading the book

that inspired him will have a cinematic experience different from someone who saw the

film without having previously read the book, because in the book, the story is more

likely to be more complex, the characters better developed and more gradual general

developments. All of these details, while unknown to people who have seen only the

film, are bound to play a significant role in the viewing experience of those who read

the book first, making it enjoyable or unpleasant. Understanding how these elements

affect the audience can be significant in understanding the relationship between a

viewer and a multiplatform project, as the transmedia concept encompasses any

narrative that increases the levels of immersion available to your audience when

moving through the media, eventually leading to creating more immersive products. In

the case of the Twilight saga, as a multiplatform and multimedia entity, the vampire is

closely linked to the very nature of Transmedia. Proof of this is that the boundaries

between audience and stage, reader and text become permeable so that the

transmedia vampire begins to blur the boundaries between this world and the

imaginary.

Keywords: Transmedia, Cyberculture, Culture and Technology.

Introdução

O objeto deste artigo se trata da saga de amor entre uma humana e um

vampiro intitulada Crepúsculo. A saga relata fatos da vida da personagem principal,

Bella, uma garota que se muda para a pacata cidade de Forks e uma paixão inusitada

por um vampiro transforma sua vida. Os livros marcaram o início do fenômeno literário

desta saga que vendeu mais de 42 milhões de cópias em todo o mundo, com

traduções em 37 línguas diferentes.

Com a adaptação cinematográfica de Crepúsculo, que foi lançada em 19

de dezembro do ano de 2008, arrecadou US$ 35.7 milhões no dia da estreia, e

totalizou US$ 408.9 milhões em todo o mundo. Em Lua Nova (2006), o filme estreou

dia 20 de novembro do ano de 2009 e arrecadou US$ 72,7 milhões em seu primeiro

dia de lançamento, chegando a pouco mais de US$ 709 milhões mundialmente. O


terceiro filme da saga, Eclipse (2007), foi lançado nas telas brasileiras no dia 30 de

junho de 2010. Eclipse colocou Bella diante de várias escolhas, a mais difícil delas era

optar entre a amizade de Jacob e a paixão de Edward. Em Amanhecer, Bella, Edward

e Jacob foram obrigados a definirem os seus destinos. A saga remete o leitor ao

embate final entre vampiros e lobisomens, que é o grande desfecho da série. O

interessante é sabermos que cada livro da série foi inspirado e vagamente baseado

em um clássico diferente da literatura. Crepúsculo, em Orgulho e Preconceito de Jane

Austen, Lua Nova, em Romeu e Julieta de William Shakespeare, Eclipse, em “O Morro

dos Ventos Uivantes” e Amanhecer, em outro de Shakespeare, “Sonho de uma noite

de Verão”. No ciberespaço, a saga Crepúsculo foi reconhecida e aprovada pelos fãs,

passando a atuar no cotidiano dos leitores juvenis, nas escolas, shoppings,

supermercados, entre outros ambientes permeados por leitores jovens e adolescentes

conectados à série, realizando uma leitura dinâmica e com alto poder de produção. A

narrativa transmidiática abarcou uma resposta satisfatória concernente ao fenômeno

da obra impressa aos seus desdobramentos midiáticos, que inclui os filmes, os blogs,

site oficial e outros produtos relacionados à 12 franquia Crepúsculo.

Desdobramentos da saga em todo o mundo.

A escritora Stephenie Meyer, começou a escrever o primeiro livro do

romance em junho de 2003, após um sonho; ela se sentou na frente do computador e

tentando recordar-se de tudo, iniciou a história que agora apaixona leitores de todas

as idades e de todos os lugares do mundo. Depois de muitos fãs de Harry Potter terem

chorado o fim da saga, as esperanças voltaram-se para “Crepúsculo”, o novo

fenômeno que atraiu milhões de fãs. Apesar da história não ter semelhanças entre si,

o fato de envolver adolescentes e mundos ficcionais foram o bastante para a saga

Crepúsculo se tornar um dos maiores fenômenos midiáticos. Crepúsculo se tornou um

exemplo de literatura transversal de todas as idades, ultrapassando a faixa etária dos

30 anos, sendo a maioria dos leitores mulheres.

Combinando sensualidade e mistério, romance e fantasia, Stephenie

Meyer produz uma trama de extraordinário suspense neste primeiro volume da série

que marcou sua estreia literária. O fascínio dos romances sobre os vampiros havia

regressado. Desde “Drácula”2, filme de Bram Stoker, que nenhum outro tinha se

igualado em repercussão àquele clássico do século XIX.


A saga Crepúsculo. Lua Nova

A série de livros “Crepúsculo” se tornou best-seller internacional, e com o

filme não poderia ser diferente. Crepúsculo é a maior estreia nas bilheterias de um

filme dirigido por uma mulher na história do cinema.

Ao finalizar o livro Crepúsculo, Stephenie produziu múltiplos epílogos com

centenas de páginas, foi quando entendeu que não estava preparada para deixar de

escrever sobre Bella e Edward. Começou a escrever uma sequência intitulada

“Forever Dawn”, que falava sobre o último ano de Bella no ensino médio. Quando

descobriu que Crepúsculo iria ser publicado para os jovens, decidiu escrever o

próximo livro para um público similar; então, surgiu o título Lua Nova.

Sobre esse título, a autora comenta: “A maioria das meninas se apaixonam

uma vez, se é que já se apaixonou, e quando acredita que existe uma única pessoa

no universo que é perfeita para elas. A ideia de que possa existir mais de uma pessoa

para se amar e mais de um tipo de amor é, difícil de compreender...” Lua Nova trata

dessa relação, da primeira decepção amorosa e do processo de superação. Esse

sentimento, uma pitada de decepção amorosa, supõe ser apenas o começo da

jornada emocional de Bella em Lua Nova.

A saga Crepúsculo. Eclipse

O regresso de Edward e sua família para Forks devolve a felicidade a Bella.

As narrativas são características do livro. Enquanto a cidade de Seattle é assolada

por uma sequência de assassinatos misteriosos, uma vampira maligna continua sua

busca por vingança. Bella encontra-se cercada de perigos outra vez. Eclipse foi

publicado com tiragem inicial de um milhão de cópias. O livro substituiu “Harry Potter

e as Relíquias da Morte” de JK Rowling no topo das listas de mais vendidos ao redor

do mundo, incluindo a New York Times, mesmo o livro de Rowling tendo sido lançado

apenas duas semanas antes.

A estreia de “Eclipse” nos cinemas uniu mães e filhas apaixonadas pelo

casal Bella e Edward da saga Crepúsculo. O número se junta a outros recordes


obtidos pelos filmes no Brasil, como o de maior pré-estreia. Foram 200 mil

espectadores nas sessões de meia-noite e cinco da terça-feira, de maior número de

salas, 692 cópias em 780 cinemas, e ainda com maior vendagem de ingressos

antecipados, 320 mil. Nos Estados Unidos, a aventura vampiresca arrecadou US$

68.5 milhões no dia de sua estreia.

A autora Stephenie Meyer, juntamente com a editora Little Brown and

Company, lançaram nos Estados Unidos, no dia 02 de agosto de 2008, o último livro

da saga “Crepúsculo”, com 756 páginas de muita aventura, contendo 39 capítulos.

Com o título original, “Breaking Dawn”, fez referência ao início da vida de Bella como

vampira recém-nascida. O livro de 567 páginas manteve os 39 capítulos originais,

proporcionando uma boa despedida aos seus fãs e seguidores fiéis. O livro vendeu

1,3 milhões de cópias nos Estados Unidos, 20 mil no Reino Unido em suas primeiras

vinte e quatro horas de publicação e 100 mil no Canadá durante seu primeiro fim de

semana. A última parte da série foi o livro infantil mais vendido de 2008, com mais de

seis milhões de cópias vendidas.

Ao fim da saga, certamente, os seguidores iriam querer eternizar o que

fosse possível transmidiar; foi o que ocorreu! O final aguçou a curiosidade dos fãs.

Mas a própria Stephenie Meyer, se pronunciou a respeito da dificuldade em reduzir

um livro de quase 600 páginas em 90 minutos. O último livro Amanhecer ultrapassou

fronteiras e chegou a muitas partes do mundo, causando muita admiração.

Twilight Brasil: o primeiro site a apostar na saga Crepúsculo

O Twilight Brasil foi o primeiro site que disponibilizou todas as informações

sobre a saga Crepúsculo de forma interativa, rápida e criativa para todos os

seguidores da série. A novidade do referido site é que todas as informações estão no

idioma português, o que favorece a leitura e a velocidade das informações desejadas.

As novidades postadas estão ligadas à série e imagens dos personagens. Twilight

Brasil, além de referência para os fãs brasileiros, também é o único site do país

referendado na página oficial do filme Eclipse, ao lado de sites dedicados

exclusivamente à saga em diferentes países. Espaços de interação e interatividade

são produzidos por fãs e não tem qualquer ligação com a autora da série, os autores

e produtores dos filmes. O interesse principal é reunir informações sobre a saga e

enviá-las para o ciberespaço, de modo preciso contemplando as hipercomplexidades.


Transmidiação e produção de sentidos. Do impresso ao filme

O processo da transmidiação que ocorre do livro para as telas e das telas

para outros desdobramentos nas mídias de massa é incrível, que ocorre graças ao

processo de intertextualidade e de interdiscursividade; que promovem produções de

sentidos à partir desta interdiscursividade coletiva.

O sujeito não é considerado como um ser individual, que produz discursos

com liberdade: ele tem a ilusão de ser o dono de seu discurso, mas é apenas

um efeito do ajustamento ideológico. O discurso é construído sobre um

inasserido, um pré-construído (um já-lá), que remete ao que todos sabem,

aos conteúdos já colocados para o sujeito universal, aos conteúdos

estabelecidos para a memória discursiva. (GREGOLIN, 2003, p.27)

Os gestos discursivos engendram intertextos de produção continuada e

intermídias. Partindo destes raciocínios, significa que as escolhas feitas ao dizer, ao

produzir um discurso, não são aleatórias — ainda que possam ser inconscientes —

mas decorrentes das condições em que esse discurso é realizado.

Assim como um texto não se inicia nele nem se encerra, depreende-se que

a intertextualidade é inerente ao processo de produção. As integrantes do grupo foram

solicitadas referências nas entrevistas sobre outros textos, como os trabalhos

produzidos ligados à saga, o que leram, reescreveram e sobre o que mais quisessem

informar. A produção de discursos não acontece no vazio. Ao contrário, todo discurso

se relaciona de alguma forma com os que já foram produzidos. Nesse sentido, os

textos, como resultantes da atividade discursiva, estão em constante e contínua

relação uns com os outros. No caso da saga Crepúsculo, os discursos aguçaram

sentidos de prazer, responsabilidade e até de orgulho e vaidade. Os discursos se

ancoram na trindade amor, beleza e juventude. O cinema, a publicidade, a TV, o rádio,

as novas tecnologias da comunicação e da informação são os meios responsáveis

por sua veiculação. Tais meios assumem uma centralidade na construção dos novos

mitos, imagens, modelos de comportamento, ideais de felicidade e valores que irão

povoar o imaginário social, definindo como tipos ideais de homem e de mulher aqueles

considerados jovens, belos e sedutores.

Na cultura contemporânea o discurso percorre novos e grandes espaços

de habitação e coabitação, formando novas formas de relacionamentos e outros

ecossistemas comunicacionais. Segundo Cogo e Brignol (2010), a centralidade que a


esfera midiática assume na vida cotidiana e nas relações sociais vem sendo discutida

como uma importante reconfiguração com implicações de diversas ordens, inclusive

nas relações de tempo e espaço e nas vivências identitárias. E segue a discussão e

afirmam que as mídias penetram todas as instâncias da vida social, e estão no foco

das discussões sobre globalização, mundialização da cultura e aceleração dos fluxos

informacionais, sendo apontadas como protagonistas de mudanças nas interações

sociais e nas formas de reconhecimento.

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