NBE_HORTENSIAS_ABRIL_2022
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Nosso Bem Estar • Nº 156 • Abril <strong>2022</strong> • 10<br />
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL<br />
Sebastião Salgado nasceu em<br />
1944, em Minas Gerais, Brasil, e<br />
vive em Paris, na França. Economista<br />
por formação, começou sua carreira<br />
como fotógrafo profissional<br />
em 1973. Viajou para mais de 100<br />
países com seus projetos fotográficos,<br />
que, além de inúmeras publicações<br />
na imprensa internacional, fo<br />
ram destaque em livros como Outras<br />
Américas, 1986; Terra,1997;<br />
Êxodos, 2000; Gênesis, 2013; Gold,<br />
mina de ouro Serra Pelada, 2019, e<br />
Amazônia, 2021, entre muitos outros.<br />
Exposições feitas a partir dessas<br />
obras foram e continuam sendo<br />
mostradas até hoje em museus e<br />
galerias de todo o mundo. O<br />
documentário O sal da terra,<br />
2014, codirigido por Wim<br />
Wenders e Juliano Ribeiro<br />
Salgado, conta parte da história<br />
do fotógrafo e recebeu<br />
o Prêmio Especial do Júri no<br />
Festival de Cannes no mesmo<br />
ano e indicado ao Oscar.<br />
Sebastião e sua esposa<br />
Lélia criaram o Instituto Terra,<br />
que tem como missão o<br />
reflorestamento, a preservação<br />
e a educação ambiental.<br />
E trabalham desde a década<br />
de 1990 na recuperação<br />
ambiental de parte da<br />
Mata Atlântica brasileira, no<br />
Vale do Rio Doce, no estado<br />
de Minas Gerais.<br />
mas e suas esperanças. Os documentários<br />
foram filmados na Amazônia brasileira pouco<br />
antes da epidemia da Covid-19, evento<br />
que impediu a participação presencial dos<br />
indígenas nas mostras internacionais.<br />
Em seus materiais de divulgação e<br />
em suas abordagens para a imprensa de<br />
todo o mundo, o fotógrafo traz à tona a<br />
grave devastação da floresta e as pressões<br />
sobre as comunidades indígenas.<br />
A história da etnia Yawanawá, do<br />
Acre, é uma das mais impressionantes.<br />
Em cerca de 50 anos, a etnia saiu da absoluta<br />
invisibilidade para um período de<br />
grande exuberância cultural, tornando-se<br />
referência para o mundo.<br />
Em 1970, sua comunidade não contava<br />
com mais de 120 membros, com<br />
altíssimo índice de alcoolismo e consequente<br />
desagregação social e cultural.<br />
“Nossa língua foi proibida, só os velhos<br />
a conheciam, as crianças só aprendiam<br />
o português. Nossas crenças e tradições<br />
eram consideradas diabólicas pelos<br />
missionários e muitos de nós acreditavam<br />
nisso. Passamos a viver como escravos<br />
no trabalho e na cultura”, conta<br />
Biraci Brasil Yawanawá, que no início dos<br />
anos 1990 assumiu a liderança do grupo,<br />
expulsou a missão religiosa, restabeleceu<br />
o ensino da língua tradicional e passou<br />
a incentivar o estudo dos antigos mi-<br />
RENATO AMOROSO/DIVULGAÇÃO/<strong>NBE</strong><br />
SEBASTIÃO SALGADO/DIVULGAÇÃO/<strong>NBE</strong><br />
Abril Indígena<br />
A escolha do “Dia do Aborígene<br />
Americano” para celebrar as culturas indígenas<br />
na América foi definida no ano de<br />
1940 por representantes de etnias de diferentes<br />
países reunidos na cidade de Pátzcuaro<br />
(México), no Primeiro Congresso<br />
Indigenista Interamericano.<br />
A celebração conjunta em 19 de abril<br />
tem o objetivo de reivindicar medidas em<br />
defesa dos povos indígenas das Américas. A<br />
data foi adotada no Brasil por Decreto-Lei<br />
em 1943 e identificada como “Dia do Índio”.<br />
Para os indígenas brasileiros, abril marca<br />
o mês da resistência, de reflexão,<br />
respeito e defesa dos povos originários.<br />
A Articulação dos Povos Indígenas<br />
do Brasil (APIB) é a entidade que<br />
aglutina organizações regionais indígenas<br />
e nasceu com o propósito de fortalecer<br />
a união dos povos, a articulação<br />
entre as diferentes regiões e organizações<br />
indígenas do país.<br />
Para <strong>2022</strong>, a APIB está organizando<br />
aquele que deverá ser o mais importante<br />
Acampamento Terra Livre dos últimos anos,<br />
a fim de tentar frear as ameaças e agressões<br />
aos direitos indígenas, entre elas a proposta<br />
de lei conhecida como PL 191, que quer permitir<br />
a mineração compulsória em terras indígenas,<br />
e a aprovação do chamado Marco<br />
Temporal, que representa uma ameaça aos<br />
direitos dos Povos Indígenas brasileiros à terra,<br />
hoje garantidos pela Constituição Federal.<br />
Saiba mais em http://apib.info/apib e<br />
https://www.povosdafloresta.eco.br<br />
SITE APIB/DIVULGAÇÃO/<strong>NBE</strong><br />
Acordo mundial<br />
sobre uso de plásticos<br />
Representantes de 175 nações concordaram<br />
em Assembleia da ONU em<br />
02 de março de <strong>2022</strong> a desenvolver o<br />
primeiro acordo global contra a poluição<br />
plástica.<br />
Trata-se de uma iniciativa histórica<br />
na luta pela preservação da biodiversidade<br />
e controle no uso de materiais plásticos.<br />
A expectativa é que o tratado seja<br />
apresentado até o fim de 2024. O texto<br />
final deverá focar no “ciclo de vida”<br />
completo do plástico, ou seja, os impactos<br />
de sua produção, uso, descarte e reciclagem.<br />
O tratado também prevê a negociação<br />
de metas globais em números, com<br />
medidas que podem ser obrigatórias ou<br />
voluntárias, mecanismos de controle e o<br />
desenvolvimento de planos de ação nacionais,<br />
levando em conta as especificidades<br />
dos diferentes países e um sistema<br />
de ajuda aos países pobres.<br />
As negociações devem começar no<br />
segundo semestre deste ano e estarão<br />
abertas a todos os países-membros da<br />
ONU.<br />
Dos cerca de 460 milhões de toneladas<br />
de plásticos produzidos em 2019 em<br />
todo o mundo, menos de 10% são atualmente<br />
reciclados e 22% foram abandonados<br />
em aterros sanitários improvisados,<br />
queimados ao ar livre ou despejados<br />
no meio da natureza, de acordo com as<br />
últimas estimativas da OCDE (Organização<br />
para Cooperação e Desenvolvimento<br />
Econômico).