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BOLETIM INFORMATIVO DE FRÁGUAS

ATUALIDADE: UCRÂNIA

Desde que a Ucrânia se tornou independente nunca

participou em conflitos, é um país pacífico e acolhedor.

Ninguém conhece o seu país como os seus cidadãos, e fico

revoltada quando as pessoas dizem que na Ucrânia existem

neonazis e acreditam nas notícias falsas que saem nas

televisões, e que são censuradas pela Rússia.

A minha mãe continua a viver na Ucrânia, e todos os dias

tenho de falar com ela e quando não atende, fico aflita,

apesar de ela estar longe da zona de conflito, a

preocupação é constante.

Em Portugal, temos uma grande comunidade de

ucranianos que têm como objetivo juntar dinheiro para um

dia mais tarde regressarem à Ucrânia. Os que já

regressaram, com esta situação, ficaram sem nada.

Vivi toda a minha infância e adolescência numa pequena

vila da Ucrânia. Quando terminei os estudos, mudei-me

para uma grande cidade, onde esperava ter melhores

oportunidades, mas nessa altura, época pós-união

soviética, os anos foram bastante difíceis, as indústrias

estavam a fechar e o desemprego a aumentar. No

trabalho que tinha, o salário só dava para pagar as

despesas.

Estou muito orgulhosa com a união da população, aqueles

que estão no local a defender o nosso país e os que estão

pelo mundo fora, com a vontade de fazer tudo que está o

seu alcance para apoiar e ajudar quem mais precisa.

O meu sonho era ter o meu cantinho e quando comecei

a pensar no meu futuro, percebi que não havia grandes

perspetivas e que o tempo estava a passar sem ter nada

do que sonhava.

Em 2000, começou a falar-se em emigração e eu decidi

arriscar. O meu destino inicial era Espanha, mas as

promessas de trabalho não correram como planeado, e

através de intermediários, em fevereiro de 2002,

cheguei a Portugal.

Sem dominar a língua portuguesa, não era fácil arranjar

trabalho e, por isso, nos primeiros tempos, dediquei-me

apenas a aprender o idioma.

Passado pouco tempo, conheci o meu marido, a quem

agradeço a coragem que teve, de me assumir como sua

mulher e me ter escolhido como mãe dos seus filhos.

Também ele filho de emigrantes, foi o meu grande apoio

na integração na comunidade da freguesia de Fráguas.

O que está a acontecer com o meu país de origem,

ninguém imaginou que fosse possível. Eu nunca vou

entender o que estão a fazer à população do meu país.

Tenho muito orgulho do presidente elegido pelo povo, pois

apesar de ter sido enxovalhado, não desiste do seu país, do

seu povo, da terra onde vive. Espero que não nos desiluda.

Tenho esperança que a guerra acabe brevemente, é duro

acordar com más notícias todos os dias.

Obrigada ao povo português pela solidariedade, mesmo

com tudo o que acontece aqui, não perderam a

sensibilidade e o amor ao próximo. Isso só demostra que o

ser humano continua na sua essência a ser bom e acredito

que vai continuar assim.

Obrigada pela compaixão!

Glória à Ucrânia!

Natália Romanova

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