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um quadro de acordos mútuos universais, que finalmente levarão a uma estrutura
confederada em escala mundial. Para isso, a filosofia política pouco mais pode
fazer além de descrever e prescrever o novo princípio de ação política. Assim
como, segundo Kant, não deveria ocorrer nada na guerra que impossibilitasse
uma paz e reconciliação futuras, da mesma forma, segundo as implicações da
filosofia de Jaspers, na política atual não deveria ocorrer nada contrário à
solidariedade realmevnte existente entre a humanidade. A longo prazo, isso pode
significar que a guerra deve ser conduzida a partir do arsenal de meios políticos,
não só porque a possibilidade de uma guerra atômica ameaçaria a existência de
toda a humanidade, mas porque cada guerra, por mais limitada que seja no uso
dos meios e territórios, afeta imediata e diretamente toda a humanidade. A
abolição da guerra, tal como a abolição de uma pluralidade de Estados
soberanos, traria seus próprios perigos particulares; os vários exércitos com suas
antigas tradições e códigos de honra mais ou menos respeitados seriam
substituídos por forças policiais confederadas, e nossas experiências com os
Estados policiais e governos totalitários modernos, onde o antigo poder do
exército é eclipsado pela onipotência crescente da polícia, não nos permitem ser
demasiado otimistas a respeito dessa perspectiva. Tudo isso, porém, ainda se
encontra num futuro muito distante.
1 Origin and goal of history, pp. 193 e ss.
2 “Idéia de uma história universal sob o ponto de vista cosmopolita” (1784).
3 Ver The great philosophers, vol. i, 1962, vol. ii, 1966.
4 Reason and existence, Nova York, 1955, p. 67.
5 “Grenzenlose Kommunikation” é uma expressão que aparece em quase todas as obras de Jaspers.
6 Cf. “Vom lebendigen Geist der Universität” (1946) in: Rechenschaft und Ausblick (Munique, 1951), p.
185
7 Cf. “Vom lebendigen Geist der Universität” (1946) in: Rechenschaft und Ausblick (Munique, 1951), p.
185.
8 Jaspers não utiliza essa expressão. Freqüentemente menciona que o filosofar é “ação interior”, prática
etc. Não posso discutir aqui a relação entre o pensar e o viver. Mas a seguinte frase pode mostrar em que
sentido se justificaria meu uso interpretativo de ancilla vitae: “Was im denkenden Leben getan werden muss,
dem soll ein Philosophieren dienen, das enrinnernd und vorausgreifend die Wahrheit offenbar macht” [O
que deve ser feito na vida do pensamento servirá como uma maneira de filosofar que, pela lembrança e pela
previsão, torne evidente a verdade]. Ibid., p. 356.
9 Origin, pp. 1 e s.
10 Ibid., pp. 262 e s.
11 “Vom Europäischen Geist” (1946), in Rechenschaft und Ausblick, p. 260.
12 The Federalist, n o 51
13 “Idea for a universal history”, op. cit., Introdução.
14 “[...] a vontade geral reverenciada, mas praticamente ineficaz, que é fundada na razão”, “To eternal
peace” (1795), tradução citada a partir de Carl Joachim Friedrich, ed. Modern Library.