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Homens Em Tempos Sombrios - Hannah Arendt

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em 1968, um volume em inglês de textos de Benjamin — Illuminations — para

o qual escreveu um fundamental e inspirado estudo introdutório, também

incluído neste livro. Em 1975, ano de sua morte, em plena redação de The life of

the mind, Hannah Arendt estava trabalhando na edição, em inglês, de um

segundo volume de textos de Benjamin — Reflections.

É ainda a amizade, sob o signo da lealdade, que fez Hannah Arendt preparar e

apresentar, em 1955, com importante estudo introdutório — igualmente presente

neste livro —, a edição em alemão, publicada na Suíça, dos ensaios do

romancista e pensador austríaco Hermann Broch. Hannah Arendt conheceu

Broch em Nova York, em 1946, e ficaram amigos próximos até sua morte, em

1951. Hannah Arendt o admirava sobretudo como romancista, considerando-o

uma espécie de elo entre Proust e Kafka.

Foi, sem dúvida, no mesmo espírito de lealdade e amizade que Mary

McCarthy editou os manuscritos de Hannah Arendt, preparando a edição

póstuma do seu testamento filosófico: The life of the mind.

Hannah Arendt foi grata aos eua, que a receberam como refugiada e cuja

cidadania posteriormente assumiu com seriedade, mas sem perda de identidade.

A avaliação sobre os founding fathers e sobre a Revolução Americana do século

xviii é, também, um ato de gratidão nesta fábula política publicada em 1963 que

é On revolution, destinada a preservar o significado da tradição revolucionária.

Isso não a impediu de manifestar-se, com coragem, em plena época de

McCarthy, quando corria o risco de desnaturalização, contra os métodos

totalitários utilizados para combater o comunismo. Nem atrapalhou a lucidez

com a qual, ao examinar os documentos do Pentágono e a mentira política,

criticou os policy-makers de Washington, que na época da Guerra do Vietnã,

embora livres do pecado da ideologia, tratavam hipóteses como realidades e

teorias como fatos estabelecidos, com as lamentáveis conseqüências de todos

conhecidas.

Hannah Arendt era, para usar uma frase sua, feminini generis, o que marcou a

sua reflexão sobre a condição feminina. Já em 1931 havia escrito uma longa

resenha do livro de Alice Rühle-Gerstel, “O problema contemporâneo da

mulher”, na qual questionava a validade de um movimento isolado de mulheres,

da mesma forma como duvidava da sabedoria política de um movimento só de

jovens. O que Hannah Arendt consistentemente quis, para as mulheres e das

mulheres, era uma atenção às discriminações políticas e jurídicas que

enfrentavam que fosse suficientemente abrangente, para inserir os problemas

políticos e jurídicos de condição feminina no contexto mais amplo dos grupos

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