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garças cruzando o céu, ao lado da nuvem, garça e nuvem partilhando o belo céu
por poucos momentos de vôo. 39 Certamente neste mundo não existe o amor
eterno, nem mesmo uma fidelidade comum. Não há nada além da intensidade do
momento; isto é, a paixão, que é até um pouco mais perecível que o próprio
homem.
Baal possivelmente não poderia ser a divindade de nenhuma ordem social, e o
reino por ele governado é povoado pelos marginais da sociedade — os párias
que, por viverem fora da civilização, mantêm uma relação mais intensa, e
portanto mais autêntica, com o sol, que se levanta e se põe com uma indiferença
majestosa e brilha sobre todas as criaturas vivas. Há, por exemplo, a “Balada dos
piratas”, com seu navio carregado de homens rudes, bêbados, pecadores,
blasfemos, resolutos na destruição. 40 Lá estão eles no navio condenado,
enlouquecidos pela bebida, pela escuridão, com chuvas inauditas, adoentados
pelo sol e pelo frio, à mercê de todos os elementos, caminhando celeremente
para a sua ruína. E então vem o refrão: “Ó Céu, radiante e límpido azul!
Formidável vento em nossas velas! Voem o céu e o vento, desde que o mar fique
em torno do [navio] Santa Maria”.
Von Branntwein toll und Finsternissen!
Von unerhörten Güssen nass!
Vom Frost eisweisser Nacht zerrissen!
Im Mastkorb, von Gesichten blass!
Von Sonne nackt gebrannt und krank!
(Die hatten sie im Winter lieb)
Aus Hunger, Fieber und Gestank
Sang alles, was noch übrig blieb:
Himmel, strahlender Azur!
Enormer Wind, die Segel bläh!
Lasst Wind und Himmel fahren! Nur
Lasst uns Sankt Marie die See!
Escolhi a primeira estrofe dessa balada — a ser recitada como uma espécie de
melopéia, com melodia composta por Brecht —, pois ilustra um outro elemento
muito evidente nesses hinos à vida, a saber, o elemento de orgulho diabólico
caro a todos os aventureiros e marginais de Brecht, o orgulho dos homens
absolutamente descuidados, que só se renderão às forças catastróficas da
natureza, e nunca às preocupações cotidianas de uma vida respeitável, e muito