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tradução de Homero por Voss. Pode ser lida também como uma história sobre os
vícios da Bildung.) “The immortal story”, pelo contrário, é concebida e escrita à
maneira de uma história popular. Seu herói é um “negociante de chá
imensamente rico” em Cantão, com razões muito sólidas para ter “fé em sua
própria onipotência”, o qual só entrou em contato com os livros no final de sua
vida. Então se aborreceu que contassem coisas que nunca tinham acontecido e se
sentiu positivamente ofendido quando lhe contaram que a única história que ele
conhecia — a do marinheiro que desembarcou, encontrou um velho fidalgo, “o
homem mais rico” da cidade, que lhe pediu para “dar o melhor de si” na cama de
sua jovem esposa, pois assim ele ainda poderia ter um filho, e lhe pagou uma
moeda de cinco guinéus pelo serviço — “nunca aconteceu, e [...] nunca
acontecerá, e é por isso que ela é contada”. Assim, o velho sai em busca de um
marinheiro para tornar verdadeira a velha história, contada em todos os portos de
todo o mundo. E tudo parece correr bem — exceto o fato de que o jovem
marinheiro, pela manhã, nega-se a reconhecer a mais leve semelhança entre a
história e o que ocorrera a ele durante a noite, recusa os cinco guinéus e deixa
para a senhora em questão o único tesouro que possui, “uma grande concha
rósea brilhante” que, segundo ele pensa, “talvez não exista nenhuma outra
parecida em todo o mundo”.
“Echoes”, o último conto nessa categoria, é uma continuação tardia de “The
dreamers”, em Gothic tales, a história sobre Pellegrina Leoni. “A diva que
perdera a voz” ouve falar novamente em suas perambulações do menino
Emanuele, que agora ela tenta converter em sua própria imagem, de modo que
seu sonho, seu melhor e menos egoísta sonho, possa se tornar verdadeiro — que
a voz que proporcionou tanto prazer possa ressuscitar. Robert Langbaum, que
mencionei anteriormente, observou que aqui “Isak Dinesen apontou o dedo
acusador contra si mesma” e que a história, como de algum modo sugerem as
primeiras páginas, é “sobre o canibalismo”, mas nada nela confirma que a
cantora estava “se alimentando [do menino] para recuperar sua própria juventude
e ressuscitar a Pellegrina Leoni que enterrara em Milão doze anos antes”. (A
própria escolha de um sucessor masculino impossibilita essa interpretação.) A
conclusão pessoal da cantora é: “E a voz de Pellegrina Leoni não mais se
ouvirá”. O menino, antes de começar a atirar pedras contra ela, acusara-a: “Você
é uma bruxa. Você é um vampiro. [...] Agora sei que morreria se voltasse para
você” — para a próxima lição de canto. Essas mesmas acusações o jovem poeta
poderia ter bradado ao seu mecenas, o jovem marinheiro ao seu benfeitor e
geralmente todos os que, sob o pretexto de serem ajudados, são usados para