edição de 21 de março de 2022
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especial digitaL<br />
Leis tentam frear notícias falsas e<br />
manipulação <strong>de</strong> comportamentos<br />
Discussão global encontra no Brasil o PL 2630/20, texto aguardado<br />
pelo mercado, mas rebatido por especialistas que pe<strong>de</strong>m mudanças<br />
Janaina Langsdorff<br />
Uma das fake news mais estarrecedoras<br />
da história foi<br />
contada por Joseph Goebbels,<br />
braço direito <strong>de</strong> Adolf Hitler,<br />
após a batalha <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n,<br />
cida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong>struída pela<br />
ofensiva capitaneada pelo Reino<br />
Unido contra o III Reich na<br />
Segunda Guerra Mundial. As<br />
bombas mataram 25 mil civis.<br />
Como se já não fosse tragédia<br />
suficiente, o lí<strong>de</strong>r da propaganda<br />
nazista, porém, acrescentou<br />
muito ao número. Pelas contas<br />
<strong>de</strong> Goebbels, 200 mil pessoas<br />
foram mortas. O número falso e<br />
imagens <strong>de</strong> corpos empilhados<br />
nas ruas <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n foram vazados<br />
por Goebbels à imprensa<br />
em uma tentativa <strong>de</strong> incitar as<br />
forças alemãs prestes a per<strong>de</strong>r<br />
a guerra e <strong>de</strong>smoralizar os Aliados<br />
em um ataque ainda hoje<br />
consi<strong>de</strong>rado controverso.<br />
Dres<strong>de</strong>n era uma cida<strong>de</strong> cultural,<br />
e não alvo militar. O quanto<br />
o ataque serviu para frear o<br />
esforço <strong>de</strong> guerra nazista não se<br />
sabe. Mas o <strong>de</strong>bate moral tratado<br />
em um dos episódios do documentário<br />
Gran<strong>de</strong>s Momentos<br />
da Segunda Guerra em Cores,<br />
da Netflix, não <strong>de</strong>ixa dúvidas.<br />
“Goebbels produziu uma das<br />
mais bem-sucedidas fake news<br />
na história das fake news”, diz<br />
o historiador Fre<strong>de</strong>rick Taylor,<br />
autor <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n: Terça-feira,<br />
13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1945.<br />
Quase oito décadas <strong>de</strong>pois, a<br />
humanida<strong>de</strong> ainda não apren<strong>de</strong>u.<br />
Pelo contrário. Transformou<br />
plataformas em arma <strong>de</strong><br />
notícias falsas. A eleição <strong>de</strong><br />
Donald Trump, a crise da Cambridge<br />
Analytica, o Brexit, o genocídio<br />
em Myanmar, a eleição<br />
<strong>de</strong> Jair Bolsonaro, as mentiras<br />
sobre a Covid-19 e as narrativas<br />
discrepantes do ataque russo à<br />
Ucrânia vão além <strong>de</strong> ameaças à<br />
<strong>de</strong>mocracia.<br />
São assuntos que alimentam<br />
o meio digital com a estranha<br />
curiosida<strong>de</strong> inerente ao ser<br />
humano <strong>de</strong> guardar audiência<br />
Fora <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>sinformação se espalha persuadindo um contingente cada vez maior <strong>de</strong> usuários em todo o mundo<br />
PxHere<br />
20 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark