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edição de 21 de março de 2022

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ARmANdO FeRReNtiNi<br />

ReCeBe HOmeNAGem<br />

9º Encontro <strong>de</strong><br />

Mídias premiou<br />

o publisher do<br />

PROPMARK e<br />

reuniu profissionais<br />

para falar sobre<br />

tendências. pág. 32<br />

ABA ReeleGe NelCiNA tROpARdi<br />

A ABA (Associação Brasileira <strong>de</strong> Anunciantes)<br />

elegeu também novos membros para os conselhos,<br />

comitês e presi<strong>de</strong>ntes regionais. pág. 34<br />

BlOOmiN’ BRANds<br />

ApOstA em Aussie<br />

A diretora <strong>de</strong><br />

marketing Renata<br />

Lamarco afirma que<br />

a re<strong>de</strong> especializada<br />

em frango está<br />

em forte expansão<br />

no Brasil. pág. 16<br />

propmark.com.br ANO 57 - Nº 2886 - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> R$ 15,00<br />

Freepik<br />

meio digital vive dilema <strong>de</strong><br />

privacida<strong>de</strong> e fake news<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a bolha da internet explodiu, em meados <strong>de</strong> 1999, o meio digital nunca foi tão<br />

colocado à prova. pouco mais <strong>de</strong> duas décadas <strong>de</strong>pois, o setor vivencia outro estouro. <strong>de</strong>sta<br />

vez, críticas acerca da invasão <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> e notícias falsas bombar<strong>de</strong>iam o <strong>de</strong>bate, que<br />

atinge em cheio a indústria da propaganda. O pROpmARK preparou especial que aborda<br />

soluções e leis que po<strong>de</strong>m transformar a veiculação <strong>de</strong> anúncios segmentados, responsáveis<br />

por 90% dos R$ 23 bilhões movimentados pela publicida<strong>de</strong> digital no Brasil. pág. 20


PROPMARK DIGITAL<br />

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56 ANOS. DE VIDA.


editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

Do lado das big techs, há resistência ao PL. No último dia 3 <strong>de</strong> março,<br />

o Facebook publicou anúncio na Folha <strong>de</strong> S.Paulo, Estadão e<br />

O Globo dizendo que “o PL das Fake News <strong>de</strong>veria combater fake<br />

news. E não a lanchonete do seu bairro”. Antes disso, Google, Meta,<br />

Twitter e Mercado Livre já haviam assinado uma carta conjunta alediscutindo<br />

o digital<br />

Já faz algum tempo que o complexo ambiente digital, com sua<br />

famosa sopa <strong>de</strong> letrinhas, se tornou um <strong>de</strong>safio enorme para a<br />

indústria da comunicação. Se por um lado a internet ajudou a publicida<strong>de</strong><br />

a direcionar <strong>de</strong> forma assertiva as mensagens das marcas,<br />

com um alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> segmentação, mensuração <strong>de</strong> audiência<br />

e uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais, por outro trouxe preocupações crescentes<br />

como as fake news e o <strong>de</strong>bate sobre a invasão da privacida<strong>de</strong><br />

dos dados dos consumidores.<br />

Hoje, mais do que nunca, o marketing digital está em pauta. A LGPD<br />

(Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados Pessoais), que entrou em vigor no<br />

país em agosto <strong>de</strong> 20<strong>21</strong>, impôs novas regras e exige consentimento<br />

para armazenamento das informações capturadas. Na esteira da nova<br />

lei, veio a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> acabar com os cookies para i<strong>de</strong>ntificar<br />

os usuários e suas respectivas experiências nos sites que visitam.<br />

O Google promete o fim do uso <strong>de</strong> cookies no Chrome até o fim <strong>de</strong>ste<br />

ano e como lí<strong>de</strong>r do ecossistema – ao lado do Facebook, concentra<br />

mais <strong>de</strong> 70% do investimento digital publicitário – vai impactar<br />

todo o mercado. Não à toa adtechs <strong>de</strong> todos os portes já se movimentam<br />

para encontrar alternativas mais simpáticas para i<strong>de</strong>ntificar<br />

o comportamento dos usuários e continuar entregando uma<br />

publicida<strong>de</strong> segmentada, <strong>de</strong> forma menos invasiva que os rastreadores<br />

dos computadores. Tecnologias avançadas para isso não faltam,<br />

garantem os especialistas.<br />

No Especial Digital <strong>de</strong>sta semana, Isabela Cardoso, head <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> do Google Brasil, explica que está em curso uma<br />

transformação da infraestrutura digital e programática alinhada<br />

aos novos padrões <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>. Para preservar seus produtos <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong>, entre os quais machine learning, automação e dados<br />

próprios, o Google está promovendo discussões com cerca <strong>de</strong> 30<br />

players do universo martech global para diagnosticar o que chama<br />

<strong>de</strong> novas tecnologias <strong>de</strong> anonimização.<br />

Outro calcanhar <strong>de</strong> aquiles é o fato <strong>de</strong> as plataformas digitais terem<br />

se tornado terreno fácil para a proliferação <strong>de</strong> notícias falsas.<br />

Aqui no Brasil, a discussão se arrasta entre idas e vindas arbitradas<br />

por alterações da Câmara dos Deputados no texto original do<br />

senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do Projeto <strong>de</strong> Lei<br />

2630/20, que institui a Lei Brasileira <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>, Responsabilida<strong>de</strong><br />

e Transparência na Internet, conhecido como PL das Fake News.<br />

O texto, relatado pelo <strong>de</strong>putado Orlando Silva (PCdoB-SP), segue<br />

em apreciação.<br />

É possível que a votação ocorra ainda neste mês <strong>de</strong> março. Mas não<br />

há consenso. Um lado <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> mais rigi<strong>de</strong>z, enquanto o outro quer<br />

um texto mais genérico. O PL prevê, por exemplo, que as plataformas<br />

digitais tenham representação no país, o que não ocorre com o<br />

Telegram, re<strong>de</strong> adotada pelo presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro.<br />

Em 15 <strong>de</strong> fevereiro, Facebook, Google, YouTube, Instagram, Twitter,<br />

TikTok, WhatsApp e Kwai assinaram um acordo com o TSE<br />

(Tribunal Superior Eleitoral) para combater a <strong>de</strong>sinformação nas<br />

eleições <strong>de</strong> <strong>2022</strong>. O Telegram foi o único ausente, e o LinkedIn<br />

também firmou um memorando <strong>de</strong> entendimento. Canais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>núncias, avisos <strong>de</strong> conteúdo in<strong>de</strong>vido, relatórios <strong>de</strong> transparência<br />

e treinamentos para autorida<strong>de</strong>s eleitorais estão entre os<br />

compromissos assumidos.<br />

“O PL 2630/2020 trata questões sensíveis. Medos e ameaças parecem<br />

ser sensações que <strong>de</strong>correm <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong> e do momento<br />

em que muitas <strong>de</strong>finições ainda precisam ser feitas, sobretudo<br />

tratando-se <strong>de</strong> um ano eleitoral”, comenta o advogado Maurício<br />

Tamer, em entrevista ao PROPMARK.<br />

gando que o PL representa uma “ameaça à publicida<strong>de</strong> digital”. O<br />

setor argumenta que o projeto impe<strong>de</strong> a segmentação <strong>de</strong> anúncios,<br />

o que prejudicaria principalmente pequenas e médias empresas.<br />

Mas em um ponto todos concordam: quanto mais transparência<br />

menos fake news. Porém, a indústria do segmento acredita que o<br />

PL precisa ainda maturar.<br />

***<br />

Anunciantes<br />

Na semana passada, Nelcina Tropardi foi reeleita para mais dois<br />

anos <strong>de</strong> mandato à frente da presidência da ABA (Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Anunciantes). A eleição ocorreu durante reunião <strong>de</strong> diretoria<br />

da entida<strong>de</strong>. Em entrevista exclusiva ao PROPMARK, Nelcina falou<br />

sobre os planos para o novo mandato na entida<strong>de</strong>, o movimento<br />

<strong>de</strong> boas práticas no mercado publicitário, além <strong>de</strong> uma possível<br />

volta da ABA ao Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) – a<br />

associação se <strong>de</strong>sligou do Cenp em janeiro do ano passado.<br />

“Essa gestão será marcada pelos <strong>de</strong>safios da contemporaneida<strong>de</strong>, sendo<br />

um <strong>de</strong>les, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trabalho híbrido. Virtual e presencial juntos<br />

não é mais um efeito temporário, seja para o trabalho ou para a realização<br />

<strong>de</strong> eventos. E essa realida<strong>de</strong> tem um impacto importante na vida<br />

<strong>de</strong> uma associação, isto é, como seguir sendo um ponto <strong>de</strong> suporte e<br />

contato para os associados no presencial e no virtual. De qualquer forma,<br />

não po<strong>de</strong>mos retroce<strong>de</strong>r, temos <strong>de</strong> reapren<strong>de</strong>r a trabalhar nessa<br />

nova dinâmica”, disse ela em um dos trechos da entrevista publicada<br />

na íntegra no PROPMARK online (encurtador.com.br/fhmF4).<br />

Sobre o Cenp, a executiva disse que “a ABA po<strong>de</strong>rá, sim, futuramente<br />

avaliar seu retorno ao Cenp, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá dos próximos<br />

passos do órgão em sua restruturação”. Nelcina explica: “Convidamos<br />

Luiz Lara e Silvio Genesini para apresentarem seus planos para<br />

o novo Cenp a fim <strong>de</strong> que possamos acompanhar <strong>de</strong> perto essas<br />

importantes movimentações. A participação <strong>de</strong>les nesta reunião <strong>de</strong><br />

diretoria da ABA não significa que estamos voltando para o Cenp.<br />

Ela representa a continuida<strong>de</strong> do diálogo que temos mantido com a<br />

nova gestão do Cenp para acompanhar sua evolução efetiva”.<br />

***<br />

Crescimento <strong>de</strong> investimento<br />

Boa notícia para o mercado publicitário. Segundo o ranking Cenp-<br />

-Meios, que acaba <strong>de</strong> ser divulgado, o investimento em mídia em<br />

20<strong>21</strong> totalizou R$ 19,7 bilhões, um crescimento <strong>de</strong> 38,7% na comparação<br />

com o ano anterior, quando o volume alcançou R$ 14,2 bi<br />

– em em 2019, antes da pan<strong>de</strong>mia, esse valor foi <strong>de</strong> R$ 17,5 bilhões,<br />

com dados <strong>de</strong> 226 agências.<br />

Neste ano, os dados foram fornecidos por 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todo o país, participantes do painel. Em 2020, participaram<br />

<strong>21</strong>7 agências. “Mesmo partindo <strong>de</strong> bases diferentes, é inegável que<br />

a publicida<strong>de</strong> brasileira mostrou a sua força mais uma vez”, afirmou<br />

Luiz Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp.<br />

“O investimento publicitário superou com folga os níveis pré-pan<strong>de</strong>mia,<br />

com um crescimento expressivo – falamos <strong>de</strong> quase 40%<br />

– em 20<strong>21</strong>, mesmo levando em conta a inflação do período. Mesmo<br />

num cenário tão difícil, em meio a dificulda<strong>de</strong>s e incertezas, a<br />

publicida<strong>de</strong> reafirmou ser a roda que faz a economia girar, aproximando<br />

consumidores e anunciantes, usando os bons serviços das<br />

agências e dos veículos <strong>de</strong> comunicação”, completou Lara.<br />

***<br />

Encontro<br />

Confira a cobertura do 9º Encontro <strong>de</strong> Mídias, que reuniu profissionais<br />

para discutir <strong>de</strong>safios e tendências da indústria, além <strong>de</strong> premiar<br />

gran<strong>de</strong>s nomes da propaganda. Este editorialista recebeu homenagem<br />

por sua trajetória <strong>de</strong> décadas no mercado <strong>de</strong> comunicação.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 3


Índice<br />

Especial Digital<br />

analisa PL das<br />

Fake news<br />

A Câmara dos Deputados po<strong>de</strong><br />

aprovar ainda no fim <strong>de</strong>ste mês<br />

o Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/20.<br />

Indústria do segmento tem<br />

severas críticas ao texto.<br />

Divulgação<br />

Live marketinG<br />

atenas busca<br />

diversida<strong>de</strong> interna<br />

Originária da Bahia, agência li<strong>de</strong>rada por<br />

Denise Garrido e Quércia Andra<strong>de</strong> (foto)<br />

fala que 65% do quadro dos colaboradores<br />

é formado por lí<strong>de</strong>res mulheres. Denise<br />

afirma ainda que tenta ser mais plural e<br />

diversa possível para que a comunicação<br />

possa ser verda<strong>de</strong>ira. pág. 36<br />

caPa<br />

20<br />

Unsplash<br />

wirestock/ freepik<br />

mÍdia<br />

Unsplash<br />

cOnsumO<br />

Unsplash<br />

mercadO<br />

cenp revela<br />

investimento em mídia<br />

O Fórum da Autorregulação do<br />

Mercado Publicitário apresenta nesta<br />

segunda-feira (<strong>21</strong>) o painel Cenp-Meios<br />

20<strong>21</strong>. Os investimentos em mídia somam<br />

R$ 19,7 bilhões. Os dados foram fornecidos<br />

por 298 agências <strong>de</strong> todo o país. pág. 34<br />

Globoplay transmite<br />

cerimônia do Oscar<br />

Após 52 anos, a Re<strong>de</strong> Globo não exibirá<br />

o evento. O grupo mostrará a premiação<br />

pela plataforma Globoplay. No ambiente<br />

da TV paga, a transmissão será no TNT.<br />

Os âncoras serão Maria Beltrão, Fabio<br />

Porchat, Marcelo Adnet e Dira Paes. pág. 19<br />

microsoft amplia<br />

dynamics 365<br />

Empresa incrementou a solução que<br />

possibilita monitorar a jornada do<br />

consumidor. I<strong>de</strong>ia é aprimorar o trabalho do<br />

marketing a i<strong>de</strong>ntificar o comportamento<br />

dos clientes e oferecer recomendações<br />

customizadas com base na inteligência<br />

artificial. pág. 31<br />

editorial ................................................................3<br />

conexões ...............................................................6<br />

curtas ....................................................................8<br />

Quem Fez ............................................................10<br />

We Love mkt ......................................................12<br />

inspiração ..........................................................13<br />

Giro ......................................................................14<br />

Opinião ................................................................15<br />

entrevista ...........................................................16<br />

esG no mkt .........................................................18<br />

mídia ...................................................................19<br />

especial digital .................................................20<br />

mercado ..............................................................32<br />

marcas .................................................................35<br />

agências .............................................................36<br />

supercenas .........................................................37<br />

Última Página ....................................................38<br />

4 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Quando nos<br />

perguntam<br />

o que somos.<br />

Somos<br />

uma<br />

smartech.<br />

Somos<br />

a Brivia_<br />

E aqui está o<br />

convite para<br />

você nos<br />

conhecer melhor.


conexões<br />

Parabéns, Cristina Duclos, pelo<br />

novo <strong>de</strong>safio com uma linda<br />

proposta .<br />

Abaetê Azevedo<br />

última Hora<br />

LinkedIn:<br />

Post: Brasileiro será head global<br />

<strong>de</strong> criação da R/GA<br />

Saulo Rodrigues, meu ídolo!<br />

Val Pacheco<br />

Post: Marketing acompanha expansão<br />

do Dr. Consulta no mercado<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

dorinHo<br />

Post: Final Level anuncia aquisição<br />

da Nice House<br />

Vamos com tudo!<br />

Fernanda Lobao<br />

Post: Guilherme Brum retorna à<br />

Ampfy como sócio e chief business<br />

officer<br />

Obrigado pela nota e<br />

carinho, PROPMARK e time!<br />

Guilherme Brum<br />

Post: WMcCann cria em SP cargo<br />

<strong>de</strong> diretor-geral e promove<br />

Vitor Lieff<br />

Obrigado PROPMARK!<br />

Vitor Lieff<br />

Post: João Branco, do Méqui:<br />

precisamos <strong>de</strong> menos campanhas<br />

e <strong>de</strong> mais conversas<br />

Esse cara me inspira todos<br />

os dias a amar muito tudo<br />

isso <strong>de</strong> marketing.<br />

Lígia Couto<br />

MARTECH<br />

O empresário Bazinho Ferraz, CEO, fundador e sócio da<br />

holding B&Partners, anuncia ao mercado nesta segunda-<br />

-feira (<strong>21</strong>) o ingresso no seu ecossistema da Postmetria,<br />

especializada em CXaaS (Customer Experience as a<br />

Service). Ferraz, na foto acima, à direita, com o CEO e sócio<br />

Dirceu Corrêa Jr., explica o movimento: “Nos estruturamos<br />

para acelerar o crescimento <strong>de</strong> martechs e retailtechs.<br />

Elas possuem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio escalável que soma<br />

ao portfólio <strong>de</strong> soluções da B&P <strong>de</strong> brandtech network.<br />

Funciona como um filtro <strong>de</strong> especialistas nos mercados<br />

<strong>de</strong> marketing e varejo para investidores por estarmos em<br />

constante contato com empresas <strong>de</strong>sses setores.<br />

A Postmetria inaugura com sua especialização em levar<br />

o CX a um outro patamar <strong>de</strong> uso”. A Posmetria tem na<br />

sua li<strong>de</strong>rança, além <strong>de</strong> Corrêa Jr., os executivos Eduardo<br />

Moscheta (CTO) e Jeferson Weber Santos (CFO).<br />

ATIVAÇÃO<br />

O L.A.B Diageo (Leo Arc Blend), operação que reúne<br />

profissionais da ARC Worldwi<strong>de</strong> Brasil e Leo Burnett<br />

Tailor Ma<strong>de</strong>, está promovendo a ação Praia <strong>de</strong> Paulistano,<br />

que leva o clima <strong>de</strong> praia para dois pontos icônicos<br />

<strong>de</strong> São Paulo: Avenida Paulista e Parque Villa Lobos.<br />

O projeto, para a marca Gordon’s Tonic, é inspirado no<br />

comportamento das pessoas que vivem na cida<strong>de</strong> e<br />

adotam parques e avenidas como suas praias (foto acima).<br />

PROPCAST<br />

Mariana Sá, CCO da WMcCann, vai ser a representante<br />

brasileira no júri da área Direct do D&AD <strong>de</strong>ste ano, que<br />

será realizado em maio. A criativa, convidada <strong>de</strong> mais<br />

uma edição do PROPCAST, participará do festival pela<br />

terceira vez como jurada. A temática social permanece.<br />

“A pan<strong>de</strong>mia acelerou esse processo, mas a gente já vinha<br />

vendo essa movimentação antes da pan<strong>de</strong>mia”, afirma.<br />

6 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


curtas<br />

oMniCoM tAMBéM sAi dA rússiA<br />

WMCCAnn soLtA A LíngUA<br />

finAL LeveL CoMprA niCe HoUse<br />

Social Income/Unsplash<br />

Empresas fecham o cerco à Rússia<br />

O grupo Omnicom aumenta a lista <strong>de</strong><br />

empresas que resolveram <strong>de</strong>ixar a Rússia<br />

após a invasão da Ucrânia. Li<strong>de</strong>ranças conversam<br />

com parceiros locais “para garantir<br />

a continuida<strong>de</strong> dos serviços aos clientes<br />

e proporcionar um futuro para colegas<br />

russos, alguns há décadas na Omnicom”,<br />

diz o grupo em comunicado. Na Ucrânia,<br />

a holding tem cerca <strong>de</strong> 200 colaboradores,<br />

que estão recebendo ajuda humanitária,<br />

incluindo transporte, acomodações, vistos<br />

e documentos <strong>de</strong> trabalho, serviços <strong>de</strong> tradução,<br />

suporte <strong>de</strong> realocação, suprimentos<br />

e apoio médico. Dentsu, WPP, Publicis e<br />

IPG também já saíram da Rússia.<br />

JoHnnie WALker ContrA Assédio<br />

Paula Molina, diretora <strong>de</strong> RH da agência<br />

O programa WMcCann Bilíngue começa<br />

a ser oferecido aos colaboradores da<br />

agência com oferta <strong>de</strong> bolsas na plataforma<br />

GoFluent a partir do próximo mês <strong>de</strong><br />

abril. Meta<strong>de</strong> das vagas são reservadas<br />

para aceleração <strong>de</strong> carreira e diversida<strong>de</strong><br />

com foco no idioma inglês para ambiente<br />

corporativo. “Incentivo é essencial para<br />

retenção”, lembra Paula Molina, diretora<br />

<strong>de</strong> RH da WMcCann. Estão previstas aulas<br />

<strong>de</strong> conversação e materiais disponíveis <strong>de</strong><br />

forma online. Os contemplados <strong>de</strong>verão<br />

cumprir no mínimo <strong>de</strong>z horas mensais <strong>de</strong><br />

treinamento, duas aulas em grupo ao mês<br />

e testes semestrais.<br />

vivo gArAnte presençA pretA<br />

Equipe comemora chegada da nova operação<br />

A compra da plataforma <strong>de</strong> entretenimento<br />

do TikTok Nice House pela Final<br />

Level Co chega para consolidar marcas<br />

próprias, talentos e ativos <strong>de</strong> ambas as<br />

empresas. A experiência da Nice House<br />

em ví<strong>de</strong>os curtos e em pequenos e médios<br />

creators combinada com a expertise da<br />

Final Level Co junto a gran<strong>de</strong>s criadores<br />

<strong>de</strong>ve ajudar a nova operação a atingir um<br />

faturamento estimado <strong>de</strong> R$ 50 milhões<br />

em <strong>2022</strong>. O processo <strong>de</strong> aquisição contou<br />

com assessoria financeira do BTG Pactual e<br />

da consultoria Visagio. Os sócios-fundadores<br />

da Nice House se juntarão à Final Level<br />

Co como sócios-executivos.<br />

AfriCA CoLoCA BrAsiL nA WArC<br />

Johnnie Walker e Women Friendly se juntam na ação<br />

A partir <strong>de</strong>ste mês, Johnnie Walker custeará<br />

a certificação <strong>de</strong> 40 estabelecimentos<br />

das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

Recife com o selo Women Friendly, além<br />

<strong>de</strong> oferecer, gratuitamente, capacitação a<br />

mil profissionais da área, interessados em<br />

obter informações sobre como tornar os<br />

ambientes mais seguros para as mulheres.<br />

A iniciativa ocorre após alertas da pesquisa<br />

Bares sem Assédio, realizada pelo Studio<br />

I<strong>de</strong>ias com 2.2<strong>21</strong> entrevistadas. Os dados<br />

revelam que 66% das brasileiras já foram<br />

assediadas em bares, baladas, restaurantes<br />

e casas noturnas. Entre as trabalhadoras, o<br />

índice sobe para 78%.<br />

Ingressos são para Lollapalooza, que terá Djonga<br />

A Vivo vai presentear pessoas negras<br />

com a sua cota <strong>de</strong> ingressos do Lollapalooza.<br />

Patrocinadora do Lolla Lounge, a<br />

telecom abarca a iniciativa no projeto #PresençaPreta,<br />

divulgado sob o slogan Nossos<br />

holofotes estão na plateia. Nosso olhar, no<br />

futuro. Com filme estrelado pelo rapper<br />

Djonga, a campanha tem veiculação na TV<br />

e mídias digitais. A estratégia <strong>de</strong> comunicação<br />

ainda reúne mais <strong>de</strong> 50 influenciadores<br />

negros convidados pela marca para<br />

produzirem conteúdos especiais sobre o<br />

evento. A VMLY&R assina o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da ação. O Lollapalooza está marcado<br />

para os dias 25, 26 e 27 <strong>de</strong> março.<br />

Ação Salla 2032 ajudou a <strong>de</strong>finir posição na Warc<br />

O Brasil assegura participação no<br />

Creative - 100, da Warc, com a Africa, que<br />

ficou em terceiro lugar no ranking. Publicis<br />

Milão e AMV BBDO London ocupam<br />

os primeiros lugares. premiações globais<br />

e regionais ajudaram a <strong>de</strong>finir a lista, que<br />

consi<strong>de</strong>rou campanhas criadas para Sport-<br />

TV, Folha <strong>de</strong> S.Paulo e Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Psiquiatria. salla 2032, para House<br />

of Lapland, também foi <strong>de</strong>cisiva. A ação,<br />

que ganhou GP em Entertainment Lions for<br />

Sport e sete Leões no Cannes Lions 20<strong>21</strong>,<br />

cravou a candidatura da cida<strong>de</strong> finlan<strong>de</strong>sa<br />

<strong>de</strong> Salla para os Jogos <strong>de</strong> Verão 2032 a fim<br />

<strong>de</strong> alertar sobre mudanças climáticas.<br />

Diretor-presi<strong>de</strong>nte e jor na lis ta<br />

res pon sá vel<br />

Ar man do Fer ren ti ni<br />

Editora-chefe: Kelly Dores<br />

Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />

Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />

Editores-assistentes: Janaina<br />

Langsdorff e Vinícius Novaes<br />

Editor especial: Pedro Yves<br />

Repórteres: Carolina Vilela e Marcos<br />

Bonfim<br />

Revisor: José Carlos Boanerges<br />

Edição <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da Luz<br />

Assistente <strong>de</strong> Arte: Lucas Boccatto<br />

Departamento Comercial<br />

Gerentes: Mel Floriano<br />

mel@editorareferencia.com.br<br />

Tel.: (11) 2065-0748<br />

Monserrat Miró<br />

monserrat@editorareferencia.com.br<br />

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Diretor Executivo: Tiago A. Milani<br />

Ferrentini<br />

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Departamento <strong>de</strong> Assinaturas<br />

Coor<strong>de</strong>nadora: Regina Sumaya<br />

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Assinaturas/Renovação/<br />

Atendimento a assinantes<br />

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São Paulo (11) 2065-0738<br />

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Redação: Rua Fran çois Coty, 228<br />

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as ma té rias as si na das não re pre sen tam ne ces sa ria men te a<br />

opi nião <strong>de</strong>s te jor nal, po <strong>de</strong>n do até mes mo ser con trá rias a ela.<br />

IMPRESSO EM CASA<br />

8 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


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Enquanto todo mundo assistia ao<br />

boom do e-commerce, agimos rápido<br />

e criamos uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios para<br />

a aceleração <strong>de</strong> e-business com a<br />

Integer\OutPromo.<br />

Enquanto o mercado cobrava agilida<strong>de</strong><br />

e custos otimizados nas produções, criamos<br />

uma produtora in-house para produções<br />

<strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong>.<br />

Enquanto todos tratavam o PR<br />

como um assunto separado, criamos<br />

uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios com a<br />

InPress | Porter Novelli,<br />

rompendo os padrões <strong>de</strong> press releases<br />

e colocando o PR no centro <strong>de</strong> tudo.<br />

Porque trabalhamos todos os dias para<br />

antecipar as necessida<strong>de</strong>s das nossas<br />

marcas e entregar uma solução disruptiva<br />

para todas elas.<br />

Isso é<br />

Isso é<br />

Escaneie e fale<br />

com a Marcia Esteves<br />

pra saber como<br />

po<strong>de</strong>mos fazer a diferença<br />

para a sua marca.


quEm fEz<br />

Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />

IMUNIDADE<br />

Com término no fim <strong>de</strong>ste mês <strong>de</strong> março, a<br />

campanha no Instagram <strong>de</strong> Targifor+C com<br />

influencers, entre os quais Adriana Alves,<br />

Luiza, Lore Improta, Xamã, Ivan Moré e Macla<br />

Tenório, ressalta a mensagem <strong>de</strong> oferecer<br />

mais imunida<strong>de</strong> para os consumidores. Além<br />

disso, ação mostra que o medicamento dá<br />

mais disposição.<br />

Music2 Mynd<br />

SANOFI<br />

Título: Mynd Influencers Club; produto: Targifor+C;<br />

CEO: Fátima Pissarra; COO: Carlos Scappini;<br />

planejamento: Mari Lima, Diego “Dico” Barbosa,<br />

Gilson Sabino, Lara Lebrão e João Pedro Branco;<br />

aprovação: Eugénie Cornuet, Maria Eugenia Duca<br />

e Luisa Men<strong>de</strong>s.<br />

Fotos: Divulgação<br />

MINIDOC<br />

Composto por 10 episódios, no ar no You-<br />

Tube e nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Black Princess <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

dia 11, sempre às sextas-feiras, projeto mostra<br />

o lado B do artista, pouco conhecido do<br />

gran<strong>de</strong> público que prestigia seus shows.<br />

A direção criativa e conceito é do próprio<br />

DJ Al0k e <strong>de</strong> Fábio Soares. Alok é business<br />

partner do anunciante <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 20<strong>21</strong>.<br />

bEtc HAVAs<br />

GRUPO PETRÓPOLIS<br />

Título: Histórias Não Contadas; criação: Marcelo<br />

Ribeiro, Victor Castelo, Pedro Arvati, Caio<br />

Stucchi-Zucchi, Matheus Szymanski, Philippe<br />

Demar e Rodrigo Cotellessa; aprovação: Eliana<br />

Cassandre, Nathalia Cajueiro, Lia Santamaria,<br />

Rodrigo Nogueira Silveira e João Paulo Araujo.<br />

MULHER<br />

Dakota trouxe Juliana Paes para li<strong>de</strong>rar homenagem<br />

neste mês <strong>de</strong>dicado às mulheres.<br />

As convidadas são Myrian Veloso, médica-<br />

-cirurgiã da etnia Guarani Mbyá; Paola Antonini,<br />

mo<strong>de</strong>lo, digital influencer e criadora <strong>de</strong><br />

um instituto para reabilitação <strong>de</strong> pessoas com<br />

<strong>de</strong>ficiência; e Liliane Rocha, mestre em políticas<br />

públicas e CEO da Gestão Kairós.<br />

bistrô<br />

DAKOTA<br />

Título: #Mulheres que causam; diretor <strong>de</strong> criação:<br />

Gabriel Besnos; diretora <strong>de</strong> planejamento:<br />

Bárbara Carrion; diretora <strong>de</strong> atendimento: Paula<br />

Fonseca Flôres; produção executiva: Marc E<strong>de</strong>nburg<br />

e Rafaella Molon; stylist: Yan Acioli; aprovação:<br />

equipe <strong>de</strong> marketing da Dakota.<br />

10 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


TEM GENTE FAZENDO COISA BOA.<br />

MOSTRE QUE VOCÊ É UMA DELAS.<br />

Prêmio Colunistas.<br />

Pra quem não aceita<br />

mediocrida<strong>de</strong>.<br />

Inscrições abertas<br />

colunistas.com.br<br />

Está na hora <strong>de</strong> agências, anunciantes, criadores,<br />

fornecedores e veículos mostrarem que a comunicação<br />

brasileira continua criativa <strong>de</strong> norte a sul do país.<br />

Colunistas, há 55 anos valorizando quem<br />

sai do lugar comum.


we<br />

mkt<br />

Sharon McCutcheon/Unsplash<br />

Som Livre, quando o<br />

som chega ao fim...<br />

“Manhã, <strong>de</strong>spontando lá fora.<br />

Manhã, já é sol, já é hora”<br />

Paulinho Tapajós e Nonato Buzar<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

alvez nunca as pessoas tenham ouvido<br />

Tmais músicas do que nesses dois anos<br />

<strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia. Mas, aquela que se converteu<br />

na maior lançadora <strong>de</strong> sucessos do país,<br />

durante quase cinco décadas, chegou ao<br />

fim como um negócio milionário e próspero.<br />

Agora, e nunca mais, próspero, como foi<br />

até meses atrás.<br />

No início, a Globo recorria às gravadoras<br />

tradicionais para compor a trilha sonora<br />

<strong>de</strong> suas novelas. Isso durou poucos anos.<br />

Descobriu que tinha uma mina <strong>de</strong> ouro<br />

nas mãos. Que eram as novelas da Globo<br />

que pautavam o gosto musical da maioria<br />

dos brasileiros, e que não fazia mais sentido<br />

continuar recorrendo às <strong>de</strong>mais gravadoras.<br />

E assim nasceu, um dia, no ano <strong>de</strong><br />

1969, a Som Livre.<br />

Na página 259 do livro <strong>de</strong>le, Boni, o homem<br />

que mudou a história do Brasil, que<br />

reeditou quem somos nós, brasileiros, está<br />

escrito:<br />

“No dia 1º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1971, eu e minha<br />

família, o Tarcísio e a Glória, o Ibrahim<br />

Sued, o Luiz Borgerth (autor do livro do<br />

Boni) e alguns amigos fomos participar da<br />

procissão marítima do Senhor dos Navegantes,<br />

em Salvador, a convite do Alberto<br />

Maluf e do David Raw, da TV Aratu. Eram<br />

mais <strong>de</strong> mil barcos no mar e o dia estava<br />

lindo e ensolarado. Os barcos iam navegando<br />

e todos cantavam hinos religiosos, como<br />

o Queremos Deus. Quando perceberam<br />

que o Tarcísio Meira estava em uma das<br />

embarcações, as pessoas do barco ao lado<br />

começaram a entoar a música da abertura<br />

<strong>de</strong> Irmãos Coragem e a coisa foi passando<br />

<strong>de</strong> barco a barco. De repente, mais <strong>de</strong> três<br />

mil pessoas cantavam, no mar <strong>de</strong> Salvador,<br />

a uma só voz, “Irmão, é preciso coragem...”.<br />

Naquele momento, talvez nem mesmo<br />

o Boni tenha realizado a dimensão <strong>de</strong> sua<br />

obra. As novelas da Globo, além <strong>de</strong> pautarem<br />

as cores, as formas, o <strong>de</strong>sign, as roupas<br />

e o gosto dos brasileiros, passaram a orientar<br />

nossas preferências musicais. E assim,<br />

a Som Livre revelou-se uma mina <strong>de</strong> ouro<br />

monumental.<br />

50 anos <strong>de</strong>pois, a realida<strong>de</strong> é completamente<br />

diferente e outra. O ouro música<br />

continua existindo e tão forte, importante<br />

e próspero como antes, só que agora as fontes<br />

e os caminhos são outros.<br />

Existe uma nova ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor... Em<br />

sua reinvenção o Grupo Globo concluiu que<br />

a Som Livre, ainda que dê resultados, não<br />

tem mais nada a ver com o novo caminho<br />

escolhido.<br />

E assim, meses atrás, fechou um acordo<br />

para ven<strong>de</strong>r a Som Livre para a Sony Music.<br />

Ao menos num primeiro momento a Sony<br />

não preten<strong>de</strong> incorporar a Som Livre.<br />

Vai manter como um centro autônomo<br />

<strong>de</strong> produção, seguindo sob o comando do<br />

CEO Marcelo Soares. No comunicado à imprensa,<br />

Jorge Nobrega (até então CEO da<br />

Globo) escreveu:<br />

“Estamos muito felizes em ter encontrado<br />

na Sony uma nova casa para a Som<br />

Livre, um negócio que foi construído <strong>de</strong>ntro<br />

da Globo e sempre foi muito querido <strong>de</strong><br />

todos nós. A Som Livre produziu e lançou<br />

músicas com a Globo por mais <strong>de</strong> meio século<br />

e foi um importante capítulo da história<br />

da Globo. Nós queríamos assegurar que<br />

esse acordo preservasse tudo o que a Som<br />

Livre representa para os brasileiros...”.<br />

Acho que o Jorge Nobrega não enten<strong>de</strong>u.<br />

A Som Livre foi um importante capítulo da<br />

história recente do Brasil.<br />

Amigos, nada é para sempre.<br />

Irmãos, é preciso coragem.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

12 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


inspiração<br />

Caminho do mar<br />

“Apren<strong>de</strong>r seus<br />

dialetos. Aguçar<br />

a sensibilida<strong>de</strong>.<br />

É contemplar.<br />

Se isso não tem<br />

tudo a ver com o meu<br />

ofício diário, eu não<br />

sei o que po<strong>de</strong>ria ser”<br />

Fotos: Arquivo Pessoal<br />

CESAR ARAI<br />

Especial para o PROPMARK<br />

Nasci e vivi 27 anos da minha vida em<br />

São Paulo, quase todos eles na Vila Dalila,<br />

Zona Leste da cida<strong>de</strong>.<br />

Em 2018, fui a passeio pela primeira vez<br />

para o Rio <strong>de</strong> Janeiro e o curioso é que, durante<br />

a viagem, um amigo me perguntou<br />

<strong>de</strong>spretensiosamente: e aí, você moraria<br />

aqui? Olhei para a paisagem e era impossível<br />

dizer outra coisa - Sim, adoraria passar<br />

uns tempos neste lugar.<br />

Corta a cena. Em 2019, pouco menos <strong>de</strong><br />

um ano <strong>de</strong>pois, recebo uma ligação do ex-<br />

-diretor <strong>de</strong> criação, Rafael Con<strong>de</strong>, que me<br />

fez uma proposta para ir trabalhar com ele<br />

na Cida<strong>de</strong> Maravilhosa.<br />

Confesso que, a princípio, não foi fácil<br />

pensar em sair da minha cida<strong>de</strong>, ficar longe<br />

dos meus familiares e amigos. Fiquei dias<br />

refletindo e a conversa acabou avançando.<br />

Decidi me mudar e estava certo <strong>de</strong> que seria<br />

uma experiência única e passageira, mas<br />

com algo eu não contava: que iria me apaixonar<br />

pela cida<strong>de</strong> e pelo seu estilo <strong>de</strong> vida.<br />

Morar próximo ao mar, para quem passou<br />

boa parte da vida fazendo trajetos <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> uma hora e meia <strong>de</strong> casa ao trabalho,<br />

foi um verda<strong>de</strong>iro presente. São Paulo<br />

é incrível, mas também <strong>de</strong>sgastante, principalmente<br />

quando é preciso pegar a linha<br />

vermelha do metrô abarrotada às 7h.<br />

Colocar meu barquinho no mar e remar<br />

sentido a outro estado era uma mudança<br />

pessoal que fazia muito sentido também<br />

na profissional, pois na verda<strong>de</strong> eu estava<br />

exausto e mal sabia que precisava <strong>de</strong> novos<br />

ares e rumos. Apesar das gran<strong>de</strong>s agências<br />

e estúdios estarem na capital paulista, nesse<br />

momento só fiz duas coisas: arrumar as<br />

malas e escutar meu coração.<br />

E a gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que foi morando<br />

no Rio que eu pu<strong>de</strong> colocar um portfólio na<br />

rua que foi bem recebido pelas pessoas.<br />

Consegui mostrar um pouco da evolução<br />

do meu craft e a partir daí ter conversas ótimas<br />

e oportunida<strong>de</strong>s que eu jamais imaginaria.<br />

Foi uma grata surpresa ver profissionais<br />

que eu conhecia e admirava interessados<br />

em trabalhar comigo e isso reforça o meu<br />

pensamento <strong>de</strong> que, quando a gente está<br />

feliz, esse sentimento se expan<strong>de</strong> para todos<br />

os aspectos da nossa vida.<br />

Fiz um trabalho <strong>de</strong> introspecção, mergulhei<br />

para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim para enten<strong>de</strong>r<br />

o que realmente importava, quais eram<br />

as minhas priorida<strong>de</strong>s, perdas e ganhos e<br />

quais os reflexos das minhas <strong>de</strong>cisões.<br />

Nem tudo se resume a dinheiro e a belos<br />

cargos no LinkedIn, e po<strong>de</strong>r fazer essa<br />

nova escolha é honrar o meu compromisso<br />

<strong>de</strong> aproveitar ao máximo as oportunida<strong>de</strong>s<br />

que a vida tem me dado.<br />

O que você está disposto a abrir mão e o<br />

que é inegociável? Descobri que estar próximo<br />

ao mar e ter um modo <strong>de</strong> vida menos<br />

caótico é o que me realiza, bem diferente<br />

do que o neoliberalismo afirma, <strong>de</strong> que nós<br />

po<strong>de</strong>mos ter tudo se <strong>de</strong> fato quisermos.<br />

Essa afirmativa é totalmente ingênua<br />

em pensar que seria realmente possível<br />

ter tudo, sem abrir mão <strong>de</strong> absolutamente<br />

nada. O próprio apontar <strong>de</strong> uma direção<br />

carrega em si a recusa <strong>de</strong> outras tantas possibilida<strong>de</strong>s.<br />

Perdas sempre vão existir e o que é possível<br />

fazer é a análise dos benefícios e prejuízos<br />

para uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão muito<br />

mais coerente com aquilo que somos, assumindo<br />

todas as responsabilida<strong>de</strong>s do que<br />

queremos e estamos buscando.<br />

Estar ao lado do mar é encontrar espaço<br />

para o respiro. É valorizar o contraste. É<br />

enxergar linhas, formas e cores. É perceber<br />

os movimentos, ritmo e harmonia. É se encontrar<br />

em unida<strong>de</strong> com o todo. É escutar<br />

os ruídos.<br />

Apren<strong>de</strong>r seus dialetos. Aguçar a sensibilida<strong>de</strong>.<br />

É contemplar. Se isso não tem<br />

tudo a ver com o meu ofício diário, eu não<br />

sei o que po<strong>de</strong>ria ser. E como já dizia Amyr<br />

Klink...<br />

“O mar não é um obstáculo. É um caminho”.<br />

Cezar Arai é <strong>de</strong>signer lead da Magma<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 13


Giro Brasil<br />

Divulgação<br />

Vamos caminhar<br />

juntos e mergulhar<br />

no mar <strong>de</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s<br />

André MAscArenhAs<br />

Sem dúvida, estamos vivendo um momento<br />

<strong>de</strong> muita transformação e, quando<br />

me perguntam qual o <strong>de</strong>safio na publicida<strong>de</strong><br />

atual, eu respondo que o gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>safio é saber como vai ficar o processo<br />

da comunicação com as novas configurações<br />

do digital. A pan<strong>de</strong>mia acelerou um<br />

movimento que já vinha acontecendo e<br />

temos na nossa frente um gran<strong>de</strong> estímulo<br />

para buscar novas oportunida<strong>de</strong>s, para<br />

pensar o novo e fazer comunicação com<br />

qualida<strong>de</strong>, conectada com as novas formas<br />

<strong>de</strong> contato com o público.<br />

A comunicação se torna mais abrangente<br />

e focada em nichos para o consumo <strong>de</strong><br />

mídia e fica mais evi<strong>de</strong>nte que, para que<br />

ela seja efetiva, é cada vez mais relevante o<br />

processo criativo, o trabalho feito com competência,<br />

a importância do planejamento<br />

estratégico, do planejamento <strong>de</strong> comunicação,<br />

reforçando valores que você sempre<br />

teve, mas com novos processos para que se<br />

alcance os mesmos objetivos. Temos um cenário<br />

diferente, com fortalecimento <strong>de</strong> setores<br />

como o e-commerce e o rompimento<br />

das fronteiras geográficas, então, o que vejo<br />

como gran<strong>de</strong> transformação é como vamos<br />

romper essas barreiras. Além da questão<br />

do mercado, internamente vivemos muitas<br />

mudanças. Por exemplo, minha agência<br />

aten<strong>de</strong> o setor público e o <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que<br />

não parou durante a pan<strong>de</strong>mia. Tivemos<br />

<strong>de</strong> nos adaptar ao home office rapidamente,<br />

sem parar o atendimento. E hoje, vemos<br />

que em vários setores conseguimos ter uma<br />

produtivida<strong>de</strong> maior do que tínhamos no<br />

formato convencional com pessoas trabalhando<br />

com a rotina que encaixa melhor no<br />

seu dia a dia.<br />

Se antes vivíamos uma situação “relativamente”<br />

cômoda, on<strong>de</strong> tínhamos os<br />

canais específicos para os anúncios e contávamos<br />

com as audiências dos veículos,<br />

para que a nossa mensagem<br />

chegasse ao nosso público<br />

nos intervalos comerciais,<br />

no digital não. Não temos<br />

mais um só gerador <strong>de</strong> audiência,<br />

temos milhares! E<br />

somos nós, agências e clientes,<br />

que vamos gerar a nossa<br />

audiência. Nesta nova configuração,<br />

fica evi<strong>de</strong>nte, cada<br />

vez mais, a importância dos produtores <strong>de</strong><br />

conteúdo, muito mais do que era no passado.<br />

Agora, quando vamos nos comunicar<br />

com um nicho <strong>de</strong> consumidores, eles<br />

só vão acessar seu material e seu produto<br />

se a comunicação for relevante para o interesse<br />

<strong>de</strong>le.<br />

“As AdAptAções<br />

são muitAs e<br />

precisAmos <strong>de</strong><br />

foco no cAminho<br />

que vAmos<br />

trilhAr”<br />

Ficamos em Feira <strong>de</strong> Santana, no interior<br />

da Bahia. Aqui temos excelentes profissionais,<br />

mas antes, para trazer alguém <strong>de</strong> fora,<br />

era preciso oferecer uma estrutura para o<br />

profissional viver na cida<strong>de</strong> e<br />

ter <strong>de</strong> contar com a sua adaptação<br />

ou não. Agora, po<strong>de</strong>mos<br />

trabalhar com profissionais do<br />

Brasil inteiro. As adaptações<br />

são muitas e precisamos <strong>de</strong><br />

foco no caminho que vamos<br />

trilhar. As agências não po<strong>de</strong>m<br />

pensar só em resolver os<br />

problemas <strong>de</strong> comunicação,<br />

mas também têm <strong>de</strong> lidar com<br />

as questões estratégicas do cliente. O gran<strong>de</strong><br />

diferencial da publicida<strong>de</strong> atual é participar<br />

com a empresa <strong>de</strong> um diagnóstico profundo<br />

do mercado on<strong>de</strong> ela está inserida, do<br />

seu produto, para on<strong>de</strong> ela está indo e saber<br />

como se situar nesse contexto.<br />

Precisamos ter em mente sempre que,<br />

ao mesmo tempo que temos novos <strong>de</strong>safios,<br />

abrimos também um mar <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />

A diferença está na forma como<br />

vamos encarar o problema e a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quação aos processos. Po<strong>de</strong>mos ser a<br />

empresa tradicional que vai se fechar em<br />

si mesma e tentar repetir os processos<br />

que vinham acontecendo ou po<strong>de</strong>mos ser<br />

quem vai mergulhar e <strong>de</strong>sbravar esse mar<br />

<strong>de</strong> novas possibilida<strong>de</strong>s.<br />

André Mascarenhas é vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

do Sinapro-Bahia, fundador e CEO da<br />

Artecapital Propaganda<br />

andre.mascarenhas@artecapital.com.br<br />

14 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


opinião<br />

StreetMarketStore/Unsplash<br />

Favela venceu<br />

Julio Beltrão<br />

eu comercial <strong>de</strong> TV não me engana” é<br />

“Sum trecho da canção Capítulo 4 Versículo<br />

3, do álbum clássico do Racionais<br />

MC’s, Sobrevivendo no Inferno.<br />

Ela ganhou um novo significado <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 anos do lançamento e <strong>de</strong>ixou<br />

<strong>de</strong> ser “música <strong>de</strong> marginal” para se tornar<br />

uma leitura obrigatória <strong>de</strong> vestibular <strong>de</strong><br />

lugares on<strong>de</strong> pretos não podiam colocar<br />

os pés.<br />

Ficou curioso para saber qual é o novo<br />

significado <strong>de</strong> um trecho tão<br />

emblemático que fora proclamado<br />

durante diversas gerações<br />

<strong>de</strong> favelados?<br />

Eu explico! No dia 7 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong> <strong>2022</strong>, assistimos a história<br />

da quebrada sendo escrita<br />

<strong>de</strong> forma que jamais ousamos<br />

imaginar.<br />

Nós assistimos o Thiago<br />

Marques (Mítico), um jovem<br />

periférico <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> da região Norte<br />

do país, e o Igor Cavalari (Igão), um jovem<br />

preto e favelado, escreverem juntos na história<br />

um recor<strong>de</strong> ao lado do maior ídolo <strong>de</strong><br />

uma geração, o cantor Mano Brown.<br />

Eles alcançaram um pico <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 345<br />

mil visualizações simultâneas no canal<br />

Podpah.<br />

Sem dúvidas, nessas 345 mil visualizações,<br />

tivemos pretos, favelados, LGBTQIA+<br />

e outras classes esquecidas ano após ano<br />

por nós, publicitários.<br />

“AgorA te<br />

pergunto:<br />

quAntos<br />

pretos,<br />

fAvelAdos,<br />

lgBtqIA+<br />

você tem do<br />

seu lAdo?”<br />

Visualizações <strong>de</strong> pessoas que estão assistindo<br />

o seu maior ídolo falar abertamente<br />

sobre comercial <strong>de</strong> TV, sobre a importância<br />

<strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> streaming musical<br />

para o seu projeto Mano a Mano e sobre o<br />

quanto houve mudança <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong><br />

lá para cá.<br />

E você? Já mudou o seu pensamento sobre<br />

campanhas para pessoas fora da sua<br />

bolha do CEP do “Bairro <strong>de</strong> Boy” em que<br />

você vive ou você continua em seus brainstormings<br />

ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> pessoas privilegiadas,<br />

que reproduzem os mesmos pensamentos<br />

dos publicitários dos anos 1980, que acreditavam<br />

que “preto <strong>de</strong>svaloriza o produto<br />

anunciado”?<br />

Assistimos e aplaudimos três<br />

favelados fazendo história!<br />

Você está lendo um texto <strong>de</strong> um<br />

preto favelado que segue na luta<br />

por uma publicida<strong>de</strong> igualitária e<br />

plural, porém, me pergunto quantos<br />

pretos, favelados, LGBTQIA+<br />

estão sentados nas ca<strong>de</strong>iras ao seu<br />

lado nas agências e clientes.<br />

Confesso que tenho um sonho,<br />

que inclusive já compartilhei algumas<br />

vezes por aqui, <strong>de</strong> encontrar mais rostos<br />

iguais ao meu nos “calls” e eventos da publicida<strong>de</strong><br />

por esse Brasil afora.<br />

E agora te pergunto: e aí, quantos pretos,<br />

favelados, LGBTQIA+ você tem do seu lado?<br />

Ou esse target só é importante na sua<br />

planilha <strong>de</strong> mídia e no post da sua re<strong>de</strong> social,<br />

na falha tentativa <strong>de</strong> mostrar que você<br />

é “o maior aliado <strong>de</strong> uma causa que você<br />

não acredita, porém, te ajuda no engajamento”?<br />

Somos consumidores, recordistas e potências.<br />

Queira você ou não, nós chegamos!<br />

Julio Beltrão é head do núcleo <strong>de</strong> Pretos da<br />

Mynd, maior agência <strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> influência<br />

e entretenimento do país<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 15


entRevista<br />

Renata lamaRco<br />

diretora <strong>de</strong> marketing da Bloomin’ Brands<br />

quem pRova<br />

aussie GRill,<br />

pRovavelmente<br />

vai seR um<br />

cliente<br />

Lançada em plena pan<strong>de</strong>mia da Covid-19, quando<br />

os restaurantes sofriam restrições e o <strong>de</strong>livery<br />

explodia, Aussie Grill é a marca especializada<br />

em chicken do Grupo Bloomin’ Brands, dono<br />

também do Outback e Abbraccio, com vendas somente<br />

no iFood. Nesta entrevista, a diretora <strong>de</strong> marketing<br />

Renata Lamarco fala que a aposta <strong>de</strong> trazer a re<strong>de</strong> no<br />

formato digital e naquele momento foi acertada, afirma<br />

que as vendas crescem e o brasileiro é fã <strong>de</strong> frango,<br />

e explica os meandros <strong>de</strong> construir uma marca do<br />

zero. “A marca está em forte expansão e tem bastante<br />

perspectiva no mercado brasileiro”, diz a executiva.<br />

kelly dores<br />

De on<strong>de</strong> surgiu a inspiração para<br />

criar a re<strong>de</strong> Aussie Grill?<br />

A marca também tem uma inspiração<br />

da comida australiana.<br />

Ela começou nos Estados Unidos<br />

e, inclusive, lá ela chama Aussie<br />

Grill/Outback. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

novo formato, uma nova culinária,<br />

muito baseada no chicken,<br />

mas nos EUA começou como<br />

uma marca mais casual <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> Outback. Para o Brasil, enten<strong>de</strong>mos<br />

que fazia mais sentido,<br />

até em razão do momento da<br />

pan<strong>de</strong>mia, trazer Aussie como<br />

uma marca <strong>de</strong> <strong>de</strong>livery, exclusivamente<br />

digital.<br />

Há quanto tempo a marca existe?<br />

Nos EUA, começou em 2019<br />

e aqui no Brasil em setembro <strong>de</strong><br />

2020. O plano era trazer Aussie antes<br />

da pan<strong>de</strong>mia, porque a gente<br />

via bastante potencial. E quando<br />

a pan<strong>de</strong>mia começou, vimos, nos<br />

primeiros seis meses, uma oportunida<strong>de</strong><br />

muito gran<strong>de</strong>, porque<br />

tínhamos gran<strong>de</strong>s cozinhas em<br />

Outback e Abbraccio, com bastante<br />

espaço e um time forte. Foi uma<br />

forma <strong>de</strong> otimizar esse espaço e<br />

tempo ocioso, dado que ficamos<br />

mais <strong>de</strong> 100 dias com os restaurantes<br />

fechados. O objetivo foi trazer<br />

um negócio novo para encontrar<br />

uma nova ocasião <strong>de</strong> consumo.<br />

Qual tem sido o retorno?<br />

Para a gente, foi uma gran<strong>de</strong><br />

surpresa, porque começamos uma<br />

operação na Zona Sul <strong>de</strong> São Paulo,<br />

em setembro <strong>de</strong> 2020, que foi<br />

muito bem, e em janeiro <strong>de</strong> 20<strong>21</strong><br />

começou a escalar, e hoje temos<br />

70 operações em 33 cida<strong>de</strong>s. Mas<br />

essa expansão ocorreu até março<br />

<strong>de</strong> 20<strong>21</strong>. Ou seja, com seis meses<br />

<strong>de</strong> vida, foi <strong>de</strong> uma para 70 operações.<br />

A gente tinha uma facilida<strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> expandir por ser <strong>de</strong>ntro<br />

da nossa estrutura. Foi muito<br />

mais uma questão <strong>de</strong> preparar<br />

os restaurantes, fazer um treinamento<br />

para garantir que os produtos<br />

tivessem o mesmo padrão,<br />

com qualida<strong>de</strong>, e um trabalho <strong>de</strong><br />

marketing para mapear quais eram<br />

os melhores lugares, para enten<strong>de</strong>r<br />

as regiões que tinham mais<br />

potencial, a concorrência e o consumo.<br />

Fizemos um mapeamento<br />

muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercado e fomos<br />

ajustando com o carro andando.<br />

Interessante que, quando lançamos<br />

a marca, ela tinha um perfil<br />

<strong>de</strong> sabor um pouco mais apimentado.<br />

Fomos colhendo o feedback<br />

dos clientes e a<strong>de</strong>quando. Até em<br />

toda parte visual fizemos um posicionamento<br />

muito exclusivo para<br />

essa marca no Brasil.<br />

Hoje ela continua 100% digital?<br />

Sim, 100% digital no Brasil,<br />

com plano <strong>de</strong> expansão tanto<br />

digitalmente como também estamos<br />

avaliando um ponto físico.<br />

A gente enten<strong>de</strong> que já tem um<br />

público bem fiel à Aussie Grill.<br />

Como é uma marca que temos<br />

todos os dados <strong>de</strong> comportamento<br />

<strong>de</strong> consumo pelo iFood, é<br />

possível ver que tem cliente que<br />

come Aussie Grill duas ou três<br />

vezes por semana. É um público<br />

que se apaixonou pelo perfil do<br />

sabor. Estamos bem satisfeitos<br />

com os resultados até aqui. Temos<br />

planos <strong>de</strong> abrir pelo menos<br />

mais <strong>de</strong>z operações virtuais.<br />

Como é a construção da marca no<br />

Brasil?<br />

No primeiro momento, a gente<br />

abriu com a marca muito similar<br />

com o que existia nos EUA, e<br />

enten<strong>de</strong>u que no Brasil tinha um<br />

público muito jovem, por isso,<br />

precisávamos trazer uma imagem<br />

mais <strong>de</strong>scolada e focando muito<br />

em digital. Começamos o trabalho<br />

com a Knowmads e foi evoluindo<br />

primeiro na questão do posicionamento,<br />

o que tinha <strong>de</strong> diferencial,<br />

como o sabor sweet spicy, que<br />

é apimentado e adocicado, com<br />

uma a<strong>de</strong>quação gran<strong>de</strong> para o<br />

público. Essa questão <strong>de</strong> comer (o<br />

frango) com a mão também. Com<br />

ilustrações e tudo que tenha um<br />

perfil mais digital. No iFood (as<br />

entregas são feitas exclusivamente<br />

nesse app), todos os nossos pratos<br />

têm os ingredientes escritos à<br />

mão, tem toda uma questão <strong>de</strong><br />

feito à mão, que é também um diferencial<br />

da marca, especialmente<br />

quando se olha nessa categoria <strong>de</strong><br />

preços. Aussie tem um diferencial<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que é muito<br />

um perfil Outback e Abbraccio,<br />

com tudo preparado diariamente.<br />

Tentamos trazer esse craft para a<br />

marca e lançamos no segundo semestre<br />

<strong>de</strong> 2020 o primeiro filme,<br />

que levou o nome Viaja no sabor,<br />

com uma pegada bem divertida e<br />

jovem, e tem 1,5 milhão <strong>de</strong> visualizações<br />

no YouTube.<br />

E como é feita a comunicação da<br />

marca?<br />

Fazemos bastante re<strong>de</strong>s sociais,<br />

marketing digital e PR,<br />

além das comunicações do próprio<br />

iFood. Começamos um teste<br />

offline em alguns mercados do<br />

Brasil, que aliás está indo muito<br />

bem, com mídia exterior, em Maceió,<br />

Fortaleza, Salvador, Recife,<br />

Natal e Londrina, além <strong>de</strong> Florianópolis<br />

e Balneário Camboriú.<br />

Começou há cerca <strong>de</strong> dois anos<br />

esse plano <strong>de</strong> OOH e estamos expandindo<br />

esse investimento para<br />

outras praças.<br />

A agência Knowmads aten<strong>de</strong> a Aussie?<br />

Não, a Knowmads é a agência<br />

que nos ajudou na construção e<br />

adaptação da marca no Brasil, e a<br />

agência que aten<strong>de</strong> a gente hoje<br />

é a ABlab.<br />

E por que no Brasil vocês não usaram<br />

o sobrenome Outback, como<br />

nos EUA?<br />

A gente enten<strong>de</strong>u que o Outback<br />

no país tem uma característica<br />

muito específica <strong>de</strong> marca,<br />

que é lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado em casual<br />

dinning, e achou que, para uma<br />

marca que ia aten<strong>de</strong>r exclusivamente<br />

no digital e focada no frango,<br />

faria muito sentido separar<br />

as duas marcas, com posicionamentos<br />

diferentes. No Outback,<br />

80% do negócio ainda é no<br />

restaurante e os pratos principais<br />

não são focados em frango.<br />

Então, a gente achou que essa<br />

associação não faria sentido no<br />

mercado brasileiro. Já nos Estados<br />

Unidos, eles têm a oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trazer uma marca mais<br />

jovem para <strong>de</strong>ntro da assinatura<br />

Outback porque isso agrega<br />

e consegue ganhar um público<br />

novo. Lá, o Outback é para um<br />

público mais velho, e aqui é uma<br />

marca que é superjovem também<br />

e consegue ser muito abrangente<br />

no público.<br />

16 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Nem mesmo na comunicação a<br />

associação <strong>de</strong> Aussie com Outback<br />

é feita?<br />

Não. É claro que quando a<br />

gente lançou para o mercado<br />

sempre trouxe a marca <strong>de</strong>ntro<br />

do Grupo Bloomin’ Brands, mas<br />

hoje não temos nenhuma associação<br />

direta.<br />

Mas tem alguns ví<strong>de</strong>os com internautas<br />

chamando Aussie <strong>de</strong> ‘o primo<br />

pobre do Outback’.<br />

Sobre a questão <strong>de</strong> ser um primo<br />

do Outback, a gente viu muitas<br />

associações positivas também.<br />

Os nossos lovers, influenciadores<br />

e clientes Outback, por acreditarem<br />

muito na marca, quiseram<br />

conhecer Aussie Grill e <strong>de</strong>ram<br />

muitos feedbacks positivos. Mas é<br />

uma experiência totalmente diferente<br />

<strong>de</strong> Outback, principalmente<br />

por essa questão <strong>de</strong> Aussie ser<br />

exclusiva no digital. O Outback<br />

tem toda uma questão <strong>de</strong> atendimento,<br />

experiência, ambiente<br />

e tudo mais. A gente até brinca<br />

que é o primo, assim como Abbraccio,<br />

mas numa ocasião totalmente<br />

diferente.<br />

Qual é o papel da comunicação no<br />

projeto <strong>de</strong> expansão da marca no<br />

país?<br />

É fundamental, porque estamos<br />

construindo a marca, que<br />

tem apenas um ano e meio. E a<br />

cada mercado que a gente abre<br />

é uma explicação, é construir <strong>de</strong><br />

fato o que é Aussie Gril, o perfil<br />

<strong>de</strong> sabor, e o que a marca traz.<br />

A gente começou a fazer alguns<br />

projetos sociais ligados a skate, a<br />

esportes radicais, que é algo que<br />

a marca vive muito, porque tem<br />

essa personalida<strong>de</strong> jovem. A comunicação<br />

tem um papel fundamental<br />

na experimentação e conversão<br />

da marca. A gente enten<strong>de</strong><br />

que quem prova Aussie Grill uma<br />

vez, provavelmente vai ser um<br />

cliente da marca. É muito uma<br />

construção <strong>de</strong> marca do zero e<br />

como ganhar uma base <strong>de</strong> clientes<br />

em mercados tão distintos. E<br />

acho que a gente tem conseguido<br />

fazer isso muito bem, pela forma<br />

que tem escalado e expandido.<br />

Toda semana batemos recor<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vendas, acho que isso é um ponto<br />

“lançamos<br />

o primeiro<br />

filme com<br />

o nome<br />

Viaja no<br />

sabor e uma<br />

pegada bem<br />

diVertida”<br />

Carmem Fernan<strong>de</strong>s/Divulgação<br />

bem importante que mostra que<br />

a marca está em forte expansão e<br />

tem bastante perspectiva no mercado<br />

brasileiro.<br />

Qual é o perfil do público da marca<br />

no Brasil?<br />

De acordo com as nossas pesquisas,<br />

é um público bem jovem,<br />

<strong>de</strong> 18 a 25 anos, principalmente.<br />

E é um público que procura essas<br />

ocasiões <strong>de</strong> mais informalida<strong>de</strong>.<br />

A gente vê, em dias <strong>de</strong> reality<br />

show e <strong>de</strong> jogos, as pessoas pedindo<br />

bastante para compartilhar.<br />

É uma marca que encontra<br />

mesmo esse momento bem informal<br />

e mais <strong>de</strong>scolado que o jovem<br />

procura com uma qualida<strong>de</strong><br />

muito boa e no preço ofertado.<br />

E qual é a percepção do brasileiro<br />

em relação a Aussie Grill?<br />

Des<strong>de</strong> o minuto um da marca<br />

a gente teve um QR co<strong>de</strong> na embalagem<br />

pedindo feedback e tivemos<br />

muitas respostas, inclusive<br />

com ondas diferentes. A cada<br />

onda a gente apren<strong>de</strong> alguma<br />

coisa nova, por exemplo, hoje o<br />

mercado que mais ven<strong>de</strong> Aussie<br />

Grill é Belo Horizonte. Daí, a gente<br />

fica tentando enten<strong>de</strong>r o que<br />

BH tem <strong>de</strong> tão forte, porque ven<strong>de</strong><br />

mais do que o dobro da segunda<br />

cida<strong>de</strong>. Com essas pesquisas,<br />

conseguimos enten<strong>de</strong>r o nosso<br />

público-alvo e apren<strong>de</strong>r o melhor<br />

jeito <strong>de</strong> se comunicar com<br />

ele <strong>de</strong> uma forma relevante, para<br />

construir a marca e os valores.<br />

Existem outras re<strong>de</strong>s especializadas<br />

em frango como Aussie Grill no país?<br />

Existem outros players <strong>de</strong> fast-<br />

-food com frango, mas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

casual dinning, que é a nossa categoria,<br />

no ambiente exclusivamente<br />

digital, não tem nenhum<br />

concorrente direto. Mas a gente<br />

enten<strong>de</strong> que, como Aussie é<br />

uma marca do digital, qualquer<br />

concorrente do iFood acaba entrando<br />

nessa opção <strong>de</strong> consumo.<br />

O iFood traz uma complexida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> concorrência muito maior do<br />

que uma praça <strong>de</strong> alimentação.<br />

A gente tem metas muito agressivas<br />

para encantar o cliente e,<br />

como o iFood é a nossa praça<br />

<strong>de</strong> alimentação, precisamos ter<br />

uma avaliação e um ranking muito<br />

bom para ser escolhido, principalmente<br />

por uma pessoa que<br />

não conhece a marca ainda.<br />

Em quais países a marca também<br />

está presente?<br />

Em Hong Kong, Canadá, Arábia<br />

Saudita e Catar, com restaurantes<br />

físicos.<br />

Dá para dizer que o brasileiro gosta<br />

<strong>de</strong> frango?<br />

Muito. A gente até se surpreen<strong>de</strong>u<br />

em alguns mercados, como BH e<br />

“o mercado<br />

que mais<br />

Ven<strong>de</strong> aussie<br />

grill é belo<br />

Horizonte”<br />

Belém, que é o segundo mercado<br />

<strong>de</strong> Aussie. Essa viagem no sabor<br />

que a gente fala realmente conquistou<br />

quem prova, que acaba<br />

pedindo outras vezes. Vimos que<br />

tem uma a<strong>de</strong>rência muito gran<strong>de</strong><br />

do frango, especialmente em<br />

algumas regiões. Mas mesmo em<br />

São Paulo e no Rio as vendas são<br />

fortes e crescentes.<br />

E quais são as metas para este ano?<br />

O objetivo é crescer mais <strong>de</strong> 10%<br />

em número <strong>de</strong> operações e tornar<br />

a marca mais conhecida. Queremos<br />

aumentar a presença nas<br />

re<strong>de</strong>s sociais, o que também vem<br />

crescendo muito rápido. Estamos<br />

com quase 30 mil seguidores no<br />

Instagram, com crescimento <strong>de</strong><br />

forma muito orgânica e rápida e<br />

90% dos comentários são positivos.<br />

A gente está enten<strong>de</strong>ndo que<br />

o cliente está se conectando com<br />

a marca muito além só <strong>de</strong> uma<br />

oferta ou promoção.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 17


ESG NO MKT<br />

Clemens van Lay/Unsplash<br />

Os 4 pontos<br />

fundamentais do ESG<br />

O tema entrou <strong>de</strong>finitivamente em pauta nas<br />

reuniões <strong>de</strong> diretoria e <strong>de</strong> conselho <strong>de</strong> empresas<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Já não é <strong>de</strong> hoje que as empresas mais antenadas<br />

estão preocupadas com o meio<br />

ambiente, com a responsabilida<strong>de</strong> social e<br />

as boas práticas <strong>de</strong> uma governança ética e<br />

transparente. Mas, com a disseminação do<br />

acrônimo ESG e da cobrança crescente do<br />

mundo financeiro e da socieda<strong>de</strong>, como um<br />

todo, por uma atitu<strong>de</strong> em consonância com<br />

os seus princípios, o tema ganhou um caráter<br />

<strong>de</strong> urgência.<br />

Empresas cobram dos seus fornecedores a<br />

comprovação <strong>de</strong> que estão seguindo a cartilha<br />

ESG, a socieda<strong>de</strong> também exerce pressão<br />

junto às empresas e os consumidores condicionam<br />

sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra às boas práticas<br />

dos provedores <strong>de</strong> produtos e serviços.<br />

Resultado disso tudo: o tema entrou <strong>de</strong>finitivamente<br />

em pauta nas reuniões <strong>de</strong> diretoria e<br />

<strong>de</strong> conselho <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> todos os portes.<br />

O que era algo nice to have, agora virou<br />

must. E aí vêm as dúvidas: como se a<strong>de</strong>quar<br />

aos princípios ESG? Quais os parâmetros para<br />

comparar as ativida<strong>de</strong>s da minha empresa<br />

e saber se minhas práticas estão a<strong>de</strong>quadas?<br />

Como comunicar minhas ações sem correr o<br />

risco <strong>de</strong> ser percebido como greenwashing?<br />

De fato, não é simples tudo isso, principalmente<br />

porque temos três gran<strong>de</strong>s áreas<br />

a cuidar: ambiental, social e <strong>de</strong> governança.<br />

E, além <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>ntro da operação da<br />

empresa, é preciso olhar para fora: <strong>de</strong> nada<br />

adiantará adotar uma conduta coerente com<br />

os bons princípios se os seus fornecedores<br />

não acompanharem.<br />

Se o seu fornecedor pisa na bola, você<br />

também recebe cartão vermelho. Basta lembrar<br />

dos casos da Nike (fornecedores usando<br />

trabalho infantil) e Zara (fornecedores com<br />

funcionários submetidos a trabalho análogo<br />

à escravidão).<br />

É preciso adotar um padrão <strong>de</strong> conduta<br />

<strong>de</strong>ntro da empresa e estabelecer códigos e<br />

exigências aos fornecedores. Sim, é complexo.<br />

Mas isso não <strong>de</strong>ve ser razão para não começar.<br />

Então, para ajudar aqueles que estão<br />

confusos, sem saber como começar, aí vão<br />

os 4 pontos que, na minha opinião, <strong>de</strong>vem<br />

nortear seu movimento <strong>de</strong> alinhamento aos<br />

princípios ESG.<br />

Ponto 1: Conheça os princípios e as nuances<br />

ESG e as 17 ODS da ONU. Você sabe que<br />

o E tem a ver com as questões ambientais,<br />

o S com os aspectos sociais e o G, <strong>de</strong> governança.<br />

Mas quais questões ambientais <strong>de</strong>vem<br />

ser consi<strong>de</strong>radas? Existem aquelas óbvias,<br />

relacionadas, por exemplo, ao consumo<br />

consciente <strong>de</strong> energia, à aplicação dos<br />

tais 3 Rs – Reduzir, Reutilizar, Reciclar – ou<br />

ainda à <strong>de</strong>stinação apropriada <strong>de</strong> resíduos<br />

<strong>de</strong>correntes da sua operação.<br />

Do lado do S, existe a questão da equida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gêneros, o afastamento <strong>de</strong> qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> preconceito e um ambiente<br />

<strong>de</strong> trabalho respeitoso e igualitário. Pensando<br />

no G, chegamos à preocupação com<br />

as bases <strong>de</strong> convivência ética da diretoria<br />

ou conselho, a prevenção contra qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> corrupção e as relações totalmente<br />

<strong>de</strong>ntro da lei. Mas é preciso conhecer mais.<br />

É preciso um olhar também para além da<br />

operação da empresa. Que ações po<strong>de</strong>m ser<br />

efetivadas em benefício <strong>de</strong> carentes ou discriminados?<br />

Ponto 2: Envolva todos os stakehol<strong>de</strong>rs<br />

na escolha das ações. Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir por<br />

um programa <strong>de</strong> ações ESG, envolva e engaje<br />

todos os stakehol<strong>de</strong>rs. Pesquise junto<br />

aos seus clientes, sócios ou acionistas, fornecedores.<br />

Vali<strong>de</strong> antes suas escolhas e dê<br />

materialida<strong>de</strong> a elas.<br />

Ponto 3: Comece! Não espere o mundo<br />

i<strong>de</strong>al. Faça um plano <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong>termine recursos<br />

e responsáveis e faça acontecer num<br />

prazo exequível. O importante é começar.<br />

Com o tempo, outras oportunida<strong>de</strong>s vão<br />

surgir e você po<strong>de</strong> incrementar o seu programa<br />

ESG.<br />

Ponto 4: Comunique e reporte na medida<br />

certa. Cuidado com o greenwashing!<br />

Veja como você po<strong>de</strong> se aplicar a alguma<br />

certificação reconhecida pelo mercado<br />

ou elabore um relatório <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s não<br />

financeiras, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>monstrar, <strong>de</strong> forma<br />

genuína e pon<strong>de</strong>rada, o seu empenho<br />

em se alinhar aos princípios <strong>de</strong> melhores<br />

práticas.<br />

Sei que esses 4 pontos ainda tratam do<br />

assunto <strong>de</strong> forma superficial. Mas espero<br />

que possam trazer insights interessantes<br />

para seus próximos passos.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

18 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Mídia<br />

Globoplay vai transmitir premiação<br />

do Oscar após 52 anos na TV aberta<br />

Na TV paga o<br />

canal TNT vai<br />

exibir os filmes e<br />

profissionais que<br />

vão levar a estatueta<br />

concedida pelo júri<br />

da Aca<strong>de</strong>my Awards<br />

<strong>de</strong> Hollywood<br />

Paulo Macedo<br />

Com capacida<strong>de</strong> para abrigar 3.400 convidados,<br />

o Dolby Theatre, em Los Angeles,<br />

vai esten<strong>de</strong>r o seu tapete vermelho<br />

para receber atores e agentes da indústria<br />

do cinema no próximo domingo (27). Além<br />

<strong>de</strong>sse grupo selecionado, as mais <strong>de</strong> 270<br />

emissoras <strong>de</strong> TV do mundo cre<strong>de</strong>nciadas<br />

para o evento aguardam audiência superior<br />

a 24 milhões <strong>de</strong> espectadores. Segundo a<br />

Nielsen, em 20<strong>21</strong> foram cerca <strong>de</strong> 9 milhões<br />

observando os agraciados, 13 milhões menor<br />

do que em 2020.<br />

Após 52 anos, a Globo não vai transmitir<br />

o evento. Este ano vai mostrar os<br />

resultados na Globoplay. No ambiente<br />

da TV paga, a transmissão será no TNT.<br />

De acordo com a jornalista Cristina Padiglione,<br />

do jornal Folha <strong>de</strong> S.Paulo, a <strong>de</strong>cisão<br />

da emissora está relacionada ao custo alto<br />

do dólar, que inviabiliza pacote <strong>de</strong> cotas<br />

publicitárias a<strong>de</strong>quadas ao bolso dos anunciantes.<br />

A Globoplay terá como âncoras<br />

Maria Beltrão (Globonews), Fabio Porchat<br />

(GNT), Marcelo Adnet (Globo) e Dira Paes<br />

(Globo).<br />

A 94ª edicão do Oscar já tem favoritos:<br />

Will Smith, pela atuação em King Richard,<br />

como pai <strong>de</strong> Serena e Venus Williams, na<br />

categoria Melhor Ator. Denzel Washington e<br />

Javier Bar<strong>de</strong>m também estão entre<br />

os favoritos na mesma categoria. Nicole<br />

Kidman não é zebra com a sua<br />

interpretação <strong>de</strong> Lucille Ball em Sendo Ricardos;<br />

assim como Lady Gaga como Patrizia<br />

Reggiani, em House of Gucci; e Jennifer<br />

Hudson como Aretha Franklin, em Respect.<br />

Na principal categoria, a <strong>de</strong> Melhor Filme,<br />

estão Ataque dos Cães, Belfast e Amor,<br />

Sublime Amor. A diretora neozelan<strong>de</strong>za<br />

Jane Campion, com Ataque <strong>de</strong> Cães, é favorita<br />

na área <strong>de</strong> direção, mas o campeoníssimo<br />

Steven Spielberg, <strong>de</strong> Amor, Sublime<br />

Amor, corre por fora, junto com Kenneth<br />

Branagh, diretor <strong>de</strong> Belfast.<br />

Cobiçado prêmio da indústria cinematográfica será celebrado no Dolby Theatre na Hollywood Boulevard em LA (CSA)<br />

Abramark informa<br />

Aqui as melhores lições<br />

<strong>de</strong> marketing <strong>de</strong><br />

excepcional qualida<strong>de</strong>.<br />

No <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> seus<br />

autores e protagonistas.<br />

Confira!<br />

www.abramark.com.br<br />

freepik<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 19


especial digitaL<br />

Leis tentam frear notícias falsas e<br />

manipulação <strong>de</strong> comportamentos<br />

Discussão global encontra no Brasil o PL 2630/20, texto aguardado<br />

pelo mercado, mas rebatido por especialistas que pe<strong>de</strong>m mudanças<br />

Janaina Langsdorff<br />

Uma das fake news mais estarrecedoras<br />

da história foi<br />

contada por Joseph Goebbels,<br />

braço direito <strong>de</strong> Adolf Hitler,<br />

após a batalha <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n,<br />

cida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong>struída pela<br />

ofensiva capitaneada pelo Reino<br />

Unido contra o III Reich na<br />

Segunda Guerra Mundial. As<br />

bombas mataram 25 mil civis.<br />

Como se já não fosse tragédia<br />

suficiente, o lí<strong>de</strong>r da propaganda<br />

nazista, porém, acrescentou<br />

muito ao número. Pelas contas<br />

<strong>de</strong> Goebbels, 200 mil pessoas<br />

foram mortas. O número falso e<br />

imagens <strong>de</strong> corpos empilhados<br />

nas ruas <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n foram vazados<br />

por Goebbels à imprensa<br />

em uma tentativa <strong>de</strong> incitar as<br />

forças alemãs prestes a per<strong>de</strong>r<br />

a guerra e <strong>de</strong>smoralizar os Aliados<br />

em um ataque ainda hoje<br />

consi<strong>de</strong>rado controverso.<br />

Dres<strong>de</strong>n era uma cida<strong>de</strong> cultural,<br />

e não alvo militar. O quanto<br />

o ataque serviu para frear o<br />

esforço <strong>de</strong> guerra nazista não se<br />

sabe. Mas o <strong>de</strong>bate moral tratado<br />

em um dos episódios do documentário<br />

Gran<strong>de</strong>s Momentos<br />

da Segunda Guerra em Cores,<br />

da Netflix, não <strong>de</strong>ixa dúvidas.<br />

“Goebbels produziu uma das<br />

mais bem-sucedidas fake news<br />

na história das fake news”, diz<br />

o historiador Fre<strong>de</strong>rick Taylor,<br />

autor <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n: Terça-feira,<br />

13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1945.<br />

Quase oito décadas <strong>de</strong>pois, a<br />

humanida<strong>de</strong> ainda não apren<strong>de</strong>u.<br />

Pelo contrário. Transformou<br />

plataformas em arma <strong>de</strong><br />

notícias falsas. A eleição <strong>de</strong><br />

Donald Trump, a crise da Cambridge<br />

Analytica, o Brexit, o genocídio<br />

em Myanmar, a eleição<br />

<strong>de</strong> Jair Bolsonaro, as mentiras<br />

sobre a Covid-19 e as narrativas<br />

discrepantes do ataque russo à<br />

Ucrânia vão além <strong>de</strong> ameaças à<br />

<strong>de</strong>mocracia.<br />

São assuntos que alimentam<br />

o meio digital com a estranha<br />

curiosida<strong>de</strong> inerente ao ser<br />

humano <strong>de</strong> guardar audiência<br />

Fora <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>sinformação se espalha persuadindo um contingente cada vez maior <strong>de</strong> usuários em todo o mundo<br />

PxHere<br />

20 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Cris Camargo, do IAB Brasil: “Não ao fim da publicida<strong>de</strong> digital”<br />

Anúncios<br />

segmentAdos<br />

respon<strong>de</strong>m por<br />

90% dos r$ 23 bi<br />

dA publicidA<strong>de</strong><br />

digitAl<br />

cativa para <strong>de</strong>sastres e comportamentos<br />

hostis. Como em outras<br />

invenções perpetradas na<br />

história, o ser humano distorce<br />

o fogo amigo soprado pelas<br />

inovações. Atrás das telas, anônimos<br />

preferem atirar palavras<br />

para agredir, estimular o ódio e<br />

reforçar preconceitos passíveis<br />

até <strong>de</strong> virar realida<strong>de</strong>.<br />

O dilema das re<strong>de</strong>s é inegável.<br />

“Eventos como Cambridge<br />

Analytics e a invasão ao Capitólio<br />

<strong>de</strong>ixaram o lado negativo<br />

evi<strong>de</strong>nte. Pressionados por diferentes<br />

governos do mundo,<br />

as plataformas começaram um<br />

processo <strong>de</strong> autorregulamentação,<br />

passando a ter esforços<br />

maiores sobre os conteúdos e a<br />

privacida<strong>de</strong> dos usuários”, observa<br />

Felipe Bogéa, professor<br />

do MBA executivo em marketing<br />

da ESPM.<br />

Mas excluir pessoas e grupos,<br />

especialmente figuras públicas<br />

como Trump, Bolsonaro<br />

ou Lula, não é tão simples.<br />

Questões ligadas a políticas e<br />

opinião tornam a linha entre a<br />

censura e a proteção mais tênue.<br />

“Estamos tratando <strong>de</strong> milhares<br />

<strong>de</strong> contas produzindo<br />

conteúdos todos os dias. Simplesmente<br />

banir uma não é a<br />

solução a<strong>de</strong>quada para resolver<br />

um problema <strong>de</strong> discurso <strong>de</strong><br />

ódio ou fake news. A natureza<br />

dispersa e difusa da internet e<br />

das mídias sociais torna o controle<br />

muito mais difícil”, atesta<br />

o professor Bogéa.<br />

Regras <strong>de</strong> conduta adiantam?<br />

Em 2019, o Batalhão Azov<br />

foi banido do Facebook. Agora<br />

contrário à Rússia na guerra<br />

contra a Ucrânia, o grupo extremista<br />

outrora consi<strong>de</strong>rado uma<br />

organização perigosa voltou a<br />

receber comentários. O especialista<br />

em direito digital Maurício<br />

Tamer, do Machado Meyer<br />

Advogados, reflete se o conteúdo<br />

<strong>de</strong>ve ser questionado ou os<br />

mecanismos <strong>de</strong> produção e veiculação.<br />

“Não se trata <strong>de</strong> dizer<br />

se concordamos ou não com a<br />

postura. No cenário regulatório<br />

atual, é possível dizer que<br />

o posicionamento do Facebook<br />

está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua livre iniciativa<br />

operacional”, esclarece o<br />

advogado.<br />

O Facebook ainda permitiu<br />

que mo<strong>de</strong>radores mantenham<br />

pedidos <strong>de</strong> violência e morte<br />

contra “invasores da Rússia”,<br />

soldados e até dos presi<strong>de</strong>ntes<br />

da Rússia e <strong>de</strong> Belarus, Vladimir<br />

Putin e Aleksan<strong>de</strong>r Lukashenko.<br />

“Como resultado da<br />

invasão russa na Ucrânia, temporariamente<br />

permitiremos<br />

formas <strong>de</strong> expressão política<br />

que normalmente violariam<br />

nossas regras, incluindo discurso<br />

violento como ‘morte<br />

aos invasores da Rússia’. Mas<br />

não permitiremos pedidos <strong>de</strong><br />

violência contra civis russos”,<br />

escreveu em comunicado um<br />

porta-voz da Meta, holding que<br />

controla o Facebook. Vale burlar<br />

as próprias políticas mesmo<br />

com um inimigo em comum?<br />

Como lidar com o po<strong>de</strong>r nas<br />

mãos das bigtechs? Leis conseguirão<br />

equilibrar forças?<br />

<strong>de</strong>dos cruzados<br />

O contexto global encontra<br />

no Brasil uma discussão que se<br />

arrasta entre idas e vindas arbitradas<br />

por alterações da Câmara<br />

dos Deputados no texto original<br />

do senador Alessandro Vieira<br />

(Cidadania-SE), autor do Projeto<br />

<strong>de</strong> Lei 2630/20, que institui<br />

a Lei Brasileira <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>,<br />

Responsabilida<strong>de</strong> e Transparência<br />

na Internet, conhecido<br />

como PL das Fake News. O texto,<br />

relatado pelo <strong>de</strong>putado Orlando<br />

Silva (PCdoB-SP), segue<br />

em apreciação.<br />

Há quem avente a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> que a votação ocorra<br />

ainda neste mês <strong>de</strong> março.<br />

Mas não há consenso. Um lado<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> mais rigi<strong>de</strong>z, enquanto<br />

o outro quer um texto mais<br />

genérico. A resistência faz coro<br />

no Planalto. O PL prevê que as<br />

plataformas digitais tenham<br />

representação no país, o que<br />

não acontece com o Telegram,<br />

re<strong>de</strong> adotada pelo presi<strong>de</strong>nte<br />

Jair Bolsonaro. Um eventual<br />

banimento já foi alertado pelo<br />

ministro Luís Roberto Barroso,<br />

ex-presi<strong>de</strong>nte do Tribunal Superior<br />

Eleitoral (TSE).<br />

No dia 15 <strong>de</strong> fevereiro, Facebook,<br />

Google, YouTube, Instagram,<br />

Twitter, TikTok, Whats-<br />

App e Kwai assinaram um acordo<br />

com o TSE para combater<br />

a <strong>de</strong>sinformação nas eleições<br />

<strong>de</strong> <strong>2022</strong>. O Telegram foi o único<br />

ausente, e o LinkedIn também<br />

firmou um memorando<br />

<strong>de</strong> entendimento. Canais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>núncias, avisos <strong>de</strong> conteúdo<br />

in<strong>de</strong>vido, relatórios <strong>de</strong> transparência<br />

e treinamentos para autorida<strong>de</strong>s<br />

eleitorais estão entre<br />

os compromissos assumidos.<br />

O tema permanece no encalço<br />

dos ministros Edson Fachin e<br />

Alexandre <strong>de</strong> Moraes, empossados<br />

no dia 22 <strong>de</strong> fevereiro como<br />

presi<strong>de</strong>nte e vice-presi<strong>de</strong>nte da<br />

Corte Eleitoral, respectivamente.<br />

“O PL 2630/2020 trata questões<br />

sensíveis. Medos e ameaças<br />

parecem ser sensações que<br />

<strong>de</strong>correm <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong><br />

e do momento em que muitas<br />

<strong>de</strong>finições ainda precisam ser<br />

feitas, sobretudo tratando-se<br />

Felipe Bogéa, da ESPM: “Lado negativo evi<strong>de</strong>nte”<br />

Fotos: Divulgação<br />

<strong>de</strong> um ano eleitoral”, comenta<br />

o advogado Maurício Tamer. O<br />

ministro Alexandre <strong>de</strong> Moraes<br />

será o presi<strong>de</strong>nte do TSE durante<br />

as eleições <strong>de</strong> outubro e<br />

é também relator do inquérito<br />

das fake news no Supremo.<br />

Embora haja conversas com<br />

representantes <strong>de</strong> partidos<br />

para apressar a votação do PL,<br />

o ritmo <strong>de</strong> tramitação coloca<br />

em dúvida a sua eficácia até<br />

o tilintar das urnas. A brecha<br />

é esgarçada pelos players do<br />

mundo digital. No último dia 3<br />

<strong>de</strong> março, o Facebook publicou<br />

anúncio na Folha <strong>de</strong> S.Paulo,<br />

Estadão e O Globo dizendo que<br />

“o PL das Fake News <strong>de</strong>veria<br />

combater fake news. E não a<br />

lanchonete do seu bairro”. Antes<br />

disso, Google, Meta, Twitter<br />

e Mercado Livre já haviam<br />

assinado uma carta conjunta<br />

alegando que o PL representa<br />

uma “ameaça à publicida<strong>de</strong> digital”.<br />

O setor argumenta que o<br />

projeto impe<strong>de</strong> a segmentação<br />

<strong>de</strong> anúncios, o que prejudicaria<br />

principalmente pequenas e médias<br />

empresas.<br />

Boca no tromBone<br />

A polêmica vai da ban<strong>de</strong>ira<br />

legítima ao cinismo. “Não é<br />

uma preocupação do Facebook<br />

o bem-estar dos empreen<strong>de</strong>dores<br />

por diversos motivos. Sabemos,<br />

por exemplo, que o anúncio<br />

<strong>de</strong> uma loja po<strong>de</strong> não ser<br />

entregue caso as métricas arbitrárias<br />

impostas pela própria<br />

plataforma não sejam alcançados”,<br />

acusa Yasmin Curzi, pesquisadora<br />

do Centro <strong>de</strong> Tecnologia<br />

e Socieda<strong>de</strong> (CTS) da FGV<br />

Direito Rio. Sobram críticas<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> <strong>21</strong>


especial digitaL<br />

também ao PL. Sem mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

governança <strong>de</strong>finido para monitoramento<br />

das plataformas,<br />

os códigos <strong>de</strong> conduta ficam “à<br />

mercê da autorregulamentação<br />

das próprias re<strong>de</strong>s”, con<strong>de</strong>na a<br />

pesquisadora.<br />

Além disso, as regras para os<br />

algoritmos não são tão incisivas<br />

como na China e Reino Unido,<br />

cujos mecanismos <strong>de</strong> perfilhamento<br />

<strong>de</strong> dados e segmentação<br />

<strong>de</strong> anúncios priorizam 0 controle<br />

<strong>de</strong> vícios, hábitos nocivos<br />

e não cívicos na internet. “O PL<br />

2630/20 tem uma posição muito<br />

mais mo<strong>de</strong>rada. Ele não proíbe<br />

o perfilhamento e não impe<strong>de</strong><br />

que anúncios sejam veiculados<br />

com segmentação, que é o que<br />

se tenta empurrar no discurso<br />

público”, rebate Yasmin.<br />

O foco está na autonomia<br />

dos usuários. Yasmin esclarece<br />

que o inciso terceiro do Artigo<br />

12 estabelece a permissão das<br />

pessoas para o recebimento <strong>de</strong><br />

anúncios, que são basicamente<br />

a<strong>de</strong>quações às regras <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

vigentes no Brasil. Normas<br />

<strong>de</strong> transparência e monitoramento<br />

<strong>de</strong> anúncios estão nos<br />

artigos 9 e 10, além do 19 e 20.<br />

Ativo valioso das plataformas,<br />

os anúncios seguram mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong> negócios erguidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

anos 2000, e hoje turbinados<br />

por machine learning e técnicas<br />

<strong>de</strong> inteligência artificial para<br />

predição <strong>de</strong> comportamentos<br />

<strong>de</strong> consumo.<br />

Atribuir autonomia ao usuário<br />

para a escolha dos anúncios<br />

está longe <strong>de</strong> ser uma conversa<br />

fiada. Isso <strong>de</strong>sestabiliza o império<br />

montado pelas gigantes<br />

do setor. Foi o que aconteceu<br />

no ano passado, quando a Apple<br />

introduziu os recursos <strong>de</strong><br />

privacida<strong>de</strong> ATT (App Tracking<br />

Transparency) no iOS 14.5,<br />

permitindo que o usuário do<br />

iPhone <strong>de</strong>cida se quer ou não<br />

ser rastreado. A medida gerou<br />

um prejuízo <strong>de</strong> US$ 10 bilhões<br />

ao Facebook em 20<strong>21</strong>. “É um<br />

exemplo <strong>de</strong> como uma regra <strong>de</strong><br />

proteção e auto<strong>de</strong>terminação<br />

do usuário afeta o que chamamos<br />

capitalismo <strong>de</strong> vigilância”,<br />

constata Yasmin.<br />

Apesar <strong>de</strong> reconhecer avanços<br />

nas discussões, a pesquisadora<br />

da FGV acredita em melhorias<br />

no PL, capazes <strong>de</strong> fazer<br />

com que as plataformas sejam<br />

mais cumpridoras <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres.<br />

Dados da Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Comunicação<br />

Empresarial (Aberje) mostram<br />

Bruno Fernan<strong>de</strong>s, da FDC: “Texto dúbio, incipiente e arbitrário”<br />

que 75% das empresas já foram<br />

ameaçadas por fake news, enquanto<br />

uma pesquisa da empresa<br />

<strong>de</strong> cibersegurança PSafe<br />

com 9.638 pessoas comprova<br />

que 64,20% da amostra já recebeu<br />

notícia falsa.<br />

Principal forma <strong>de</strong> disseminação,<br />

as re<strong>de</strong>s sociais respon<strong>de</strong>m<br />

por 54,34% das investidas,<br />

seguidas por aplicativos <strong>de</strong><br />

mensagens (20,67%), site falso<br />

(18,74%) e SMS (6,25%). “Espero<br />

que, pelo menos, o mo<strong>de</strong>lo<br />

regulatório <strong>de</strong> governança seja<br />

aprovado”, adianta Yasmin,<br />

que ainda trabalha para atualizar<br />

o Artigo 19 do Marco Civil<br />

da Internet. Implementada<br />

em 2014, a lei não tinha como<br />

prever a escalada do po<strong>de</strong>r das<br />

plataformas para amplificar<br />

conteúdos e intervir sobremaneira<br />

na socieda<strong>de</strong>, e hoje precisa<br />

<strong>de</strong> ajustes para se adaptar à<br />

nova realida<strong>de</strong>.<br />

iAb pe<strong>de</strong> exclusão<br />

<strong>de</strong> pArágrAfos<br />

que tornAm A<br />

publicidA<strong>de</strong><br />

direcionAdA<br />

“inviável e ilegAl”<br />

bas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> dos setores<br />

<strong>de</strong> eletroeletrônicos e informática<br />

(89%), agropecuária (79%),<br />

vestuário (75%), imobiliário<br />

(72%) e financeiro (55%) são<br />

<strong>de</strong>stinadas à publicida<strong>de</strong> digital,<br />

que contribui para alavancar<br />

negócios, produtos e serviços.<br />

“Além <strong>de</strong> criar empregos, o<br />

setor promove benefícios para<br />

a socieda<strong>de</strong>, como o acesso gratuito<br />

<strong>de</strong> serviços digitais”, insiste<br />

Cris.<br />

O primeiro parágrafo do Artigo<br />

12 é outro que o IAB quer<br />

limar. Essa regra “proíbe a<br />

venda <strong>de</strong> softwares, plugins<br />

e quaisquer outras tecnologias<br />

que permitam disseminação<br />

massiva nos serviços <strong>de</strong> mensageria<br />

instantânea”, limitando,<br />

<strong>de</strong> acordo com a entida<strong>de</strong>,<br />

o uso <strong>de</strong> mensageria para ações<br />

publicitárias e prejudicando a<br />

inovação.<br />

O cenário é mesmo contraditório,<br />

pois esses são os mesmos<br />

recursos utilizados pelos<br />

órgãos públicos para o disparo<br />

<strong>de</strong> mensagens, confirmação <strong>de</strong><br />

agendamentos e compartilhamento<br />

<strong>de</strong> informações sobre<br />

programas sociais, entre outros<br />

serviços prestados à população.<br />

Os artigos 5, 6, 16, 17, 18, 19, 20,<br />

<strong>21</strong> e 25 também preocupam o<br />

IAB. “Não temos como afirmar<br />

se vão <strong>de</strong> fato revisar o texto do<br />

PL”, teme Cris Camargo.<br />

“Vejo boas intenções no<br />

sentido <strong>de</strong> regular, controlar e<br />

coibir <strong>de</strong>terminados comportamentos.<br />

Entretanto, não vejo<br />

nenhuma das partes querendo<br />

assumir responsabilida<strong>de</strong>s, seja<br />

na curadoria ou na punição”,<br />

reprova Bruno Fernan<strong>de</strong>s, protados<br />

por terceiros, quando tiverem<br />

como objetivo exclusivo<br />

a exploração direta e indireta<br />

no mercado em que atua ou<br />

em outros mercados”; e que “o<br />

provedor que armazenar e utilizar<br />

dados <strong>de</strong> qualquer natureza<br />

em <strong>de</strong>sacordo com o disposto<br />

no § 1º, incorrerá em infração<br />

prevista no disposto no Art. 36<br />

da Lei nº 12.529, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 2011”.<br />

O IAB pe<strong>de</strong> a exclusão <strong>de</strong><br />

ambos os parágrafos por tornar<br />

“inviável e ilegal a ativida<strong>de</strong><br />

econômica da publicida<strong>de</strong> direcionada,<br />

que hoje é exercida <strong>de</strong><br />

forma regular e <strong>de</strong> acordo com<br />

or<strong>de</strong>namentos, como o Marco<br />

Civil da Internet e a Lei Geral <strong>de</strong><br />

Proteção <strong>de</strong> Dados Pessoais”,<br />

justifica Cris Camargo.<br />

Um dos principais canais <strong>de</strong><br />

investimento <strong>de</strong> mídia no Brasil,<br />

a publicida<strong>de</strong> digital movimentou<br />

R$ 23 bilhões em 2020.<br />

Anúncios segmentados respon<strong>de</strong>m<br />

por 90% <strong>de</strong>sse aporte, segundo<br />

a pesquisa Digital AdSpend,<br />

realizada pelo IAB Brasil<br />

em parceria com a Kantar Ibope<br />

Media. Mais da meta<strong>de</strong> das ver-<br />

Fotos: Divulgação<br />

Yasmin Curzi, da FGV: “PL 2630/20 tem posição mo<strong>de</strong>rada”<br />

Bronca<br />

Quem vem em socorro do setor,<br />

pe<strong>de</strong> apoio ao movimento<br />

Diga não ao fim da publicida<strong>de</strong><br />

digital, encabeçado pelo IAB<br />

Brasil (Interactive Advertising<br />

Bureau). “Ouvimos opiniões<br />

e i<strong>de</strong>ntificamos que, em seu<br />

texto mais recente, esse PL representa<br />

uma ameaça sem prece<strong>de</strong>ntes<br />

para a publicida<strong>de</strong><br />

digital”, reclama Cris Camargo,<br />

CEO do IAB Brasil.<br />

A executiva <strong>de</strong>staca os artigos<br />

7 e 12 para ilustrar o impasse.<br />

O Artigo 7 fala que “fica<br />

vedada a combinação do tratamento<br />

<strong>de</strong> dados pessoais dos<br />

serviços essenciais dos provedores<br />

com os <strong>de</strong> serviços pres-<br />

22 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


fessor associado da Fundação<br />

Dom Cabral (FDC), que lamenta<br />

a disseminação fora <strong>de</strong> controle<br />

das fake news atualmente.<br />

Mas o estudioso concorda<br />

que, se aprovado como está,<br />

o PL das Fake News causará<br />

prejuízo financeiro. E no que<br />

tange ao cruzamento e compartilhamento<br />

<strong>de</strong> informações,<br />

ainda po<strong>de</strong> bater <strong>de</strong> frente com<br />

a Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados<br />

(LGPD). “Ao consi<strong>de</strong>rar o<br />

tratamento <strong>de</strong> dados pessoais<br />

por terceiros para explorar o<br />

mercado uma infração, o projeto<br />

<strong>de</strong> lei po<strong>de</strong> impedir tecnologias<br />

como a verificação em dois<br />

fatores, envio <strong>de</strong> mensagens<br />

programáticas e o uso <strong>de</strong> controladores<br />

<strong>de</strong> dados”, reforça<br />

Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Maurício Tamer, advogado <strong>de</strong> direito digital: “Momento <strong>de</strong> reconstrução”<br />

mais expLicações<br />

Obrigar as plataformas a remunerar<br />

os veículos jornalísticos<br />

é outra queixa. Segundo<br />

Fernan<strong>de</strong>s, os critérios para se<br />

<strong>de</strong>finir quais são as publicações<br />

elegíveis a receberem pelas notícias<br />

exibidas nas plataformas<br />

não está claro. “Esse processo já<br />

<strong>de</strong>veria estar acontecendo através<br />

<strong>de</strong> parcerias legitimadas”,<br />

indica o professor da FDC.<br />

O receio é <strong>de</strong> que apenas os<br />

veículos <strong>de</strong> imprensa tradicionais<br />

sejam contemplados,<br />

em <strong>de</strong>trimento do jornalismo<br />

local e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, limitando<br />

o acesso a fontes diversas.<br />

“Associações <strong>de</strong> jornalismo e<br />

profissionais da imprensa assinaram<br />

um manifesto em 20<strong>21</strong><br />

chamando a atenção para os<br />

efeitos negativos e pedindo a<br />

remoção do artigo no texto do<br />

projeto”, aponta Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Um dos riscos seria o cerceamento<br />

da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa<br />

com o possível prejuízo a jornalistas<br />

não consi<strong>de</strong>rados como<br />

tais, mas que produzem conteúdo<br />

igualmente verda<strong>de</strong>iro. “A<br />

i<strong>de</strong>ia é boa e bem-intencionada,<br />

mas talvez ainda precise <strong>de</strong><br />

aprofundamento no Congresso<br />

Nacional”, recomenda Tamer,<br />

do Machado Meyer Advogados.<br />

Condições, valor e veículos que<br />

teriam direito à remuneração<br />

também preocupam Felipe Bogéa,<br />

da ESPM. Mesmo assim,<br />

ele encara a discussão como<br />

um avanço, a exemplo do que já<br />

acontece na Austrália, primeiro<br />

país a criar remuneração entre<br />

plataformas e veículos.<br />

“Um ano após a implementação,<br />

ainda vemos dificulda<strong>de</strong>.<br />

Com o tempo, os diferentes<br />

atores <strong>de</strong>veriam ir ajustando<br />

a remuneração. E os legisladores,<br />

com base em dados, <strong>de</strong>veriam<br />

rever a lei <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois<br />

ou cinco anos”, exemplifica<br />

Bogéa. Diante da falta <strong>de</strong> regras,<br />

políticas e códigos estruturados,<br />

Bruno Fernan<strong>de</strong>s, da<br />

FDC, propõe que a discussão<br />

“gire em torno da responsabilida<strong>de</strong><br />

das plataformas diante<br />

dos fatos e das ações”.<br />

Dúvidas persistem: plataformas<br />

po<strong>de</strong>m atuar como censoras?<br />

Po<strong>de</strong>m ser punidas pelo<br />

comportamento <strong>de</strong> seus usuários?<br />

Devem assumir o controle<br />

da veracida<strong>de</strong> das informações<br />

compartilhadas em seus meios?<br />

Elas têm capacida<strong>de</strong>, estrutura<br />

e autarquia para tal? “Percebo<br />

ainda um texto dúbio, incipiente<br />

e, ora, arbitrário”, respon<strong>de</strong><br />

Fernan<strong>de</strong>s.<br />

Contestar a formulação <strong>de</strong><br />

leis “é esperado, lógico e lícito<br />

no sentido <strong>de</strong> evitar a regulamentação,<br />

preferindo uma<br />

autorregulação do setor, e<br />

também <strong>de</strong> querer influenciar<br />

no <strong>de</strong>bate e nas leis estabelecidas”,<br />

avalia Felipe Bogéa.<br />

O advogado Maurício Tamer<br />

confirma que parte do papel<br />

das estruturas jurídicas neste<br />

processo é melhorar as normas<br />

com a participação dos agentes<br />

<strong>de</strong> mercado e socieda<strong>de</strong> civil.<br />

“Costumo dizer que as tecnologias<br />

colocam o Direito e as suas<br />

leis em um verda<strong>de</strong>iro divã.<br />

O momento é <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução<br />

e reconstrução”, corrobora<br />

Tamer.<br />

Para Bogéa, o projeto <strong>de</strong> lei<br />

tem limitações e excessos, mas<br />

Divulgação<br />

“<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> hoje<br />

<strong>de</strong>terminArão<br />

o futuro do<br />

discurso público<br />

e influenciArão<br />

A sociedA<strong>de</strong>”<br />

não vai acabar com a internet<br />

livre. As questões mais polêmicas<br />

estão na mo<strong>de</strong>ração do<br />

conteúdo online, que exigem<br />

mais agilida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong><br />

das plataformas para coibir a<br />

difusão <strong>de</strong> informações falsas;<br />

no excesso <strong>de</strong> obrigações sobre<br />

dados e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> como os<br />

sistemas funcionam, on<strong>de</strong> a lei<br />

serviria para regular e controlar<br />

sem expor <strong>de</strong>masiadamente<br />

questões intrínsecas das plataformas<br />

e sem ser um peso <strong>de</strong>snecessário<br />

às empresas; além<br />

da restrição ao uso <strong>de</strong> informações<br />

pessoais para segmentação<br />

<strong>de</strong> anúncios. “Isso me<br />

parece um excesso e não tem<br />

uma relação tão direta com a<br />

contenção <strong>de</strong> fake news”, contrapõe<br />

Felipe Bogéa, da ESPM.<br />

perna curta<br />

A história <strong>de</strong>ixa alertas. Em<br />

1944, a então União Soviética<br />

reportou aos Aliados as atrocida<strong>de</strong>s<br />

cometidas pelos alemães<br />

contra o povo ju<strong>de</strong>u. Mas<br />

a mídia à época se recusou a<br />

publicar a história acreditando<br />

que se tratava <strong>de</strong> uma farsa da<br />

propaganda soviética. Quantas<br />

vidas po<strong>de</strong>riam ter sido salvas?<br />

Quem sabe a menina Anne<br />

Frank não contaria ela mesma<br />

as passagens <strong>de</strong> seu diário,<br />

hoje famoso em todo o mundo.<br />

Capturada em 1944 após dois<br />

anos vivendo em um porão na<br />

Holanda, a garota foi levada ao<br />

campo <strong>de</strong> concentração e extermínio<br />

<strong>de</strong> Auschwitz-Birkenau e<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>portada para Bergen-<br />

-Belsen, on<strong>de</strong> morreu vítima<br />

<strong>de</strong> febre tifói<strong>de</strong> em fevereiro <strong>de</strong><br />

1945, apenas três meses antes<br />

do fim da guerra na Europa.<br />

Hoje, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> editar a realida<strong>de</strong><br />

é empunhado pelas<br />

bigtechs. “Usuários <strong>de</strong> mídia<br />

social têm pouco controle sobre<br />

o conteúdo que veem. As<br />

plataformas usam algoritmos<br />

complexos na escolha dos conteúdos,<br />

expondo as pessoas<br />

a postagens que talvez nunca<br />

tenham procurado por conta<br />

própria”, confirma Bogéa, da<br />

ESPM. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as bigtechs<br />

não passam <strong>de</strong> plataformas<br />

<strong>de</strong> tecnologia, que “apenas”<br />

conectam pessoas, já virou conversa<br />

para boi dormir. “Uma<br />

<strong>de</strong>finição mais assertiva parece<br />

<strong>de</strong>mandar um estudo técnico e<br />

até sociológico”, sugere o advogado<br />

Maurício Tamer.<br />

A concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

exige equilíbrio para preservar<br />

o regime <strong>de</strong>mocrático, interesse<br />

da socieda<strong>de</strong> e das próprias<br />

bigtechs, “que só existem em<br />

razão da liberda<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mocracia<br />

assegura”, adverte<br />

Tamer. Segundo ele, mais do<br />

que colocá-las na pare<strong>de</strong>, as<br />

plataformas <strong>de</strong>vem ser valorizadas<br />

como agentes <strong>de</strong>ste processo<br />

sob pena <strong>de</strong> se “criar uma<br />

regulação que ignore a realida<strong>de</strong><br />

e, por isso, não funcione”,<br />

finaliza.<br />

Mas não só as leis estabelecem<br />

limites. O tema exige iniciativas<br />

e políticas públicas <strong>de</strong><br />

educação digital. A socieda<strong>de</strong><br />

precisa se engajar na discussão<br />

e cobrar posturas a<strong>de</strong>quadas.<br />

“As <strong>de</strong>cisões das plataformas e<br />

dos reguladores tomadas hoje<br />

<strong>de</strong>terminarão o futuro do discurso<br />

público e influenciarão<br />

os maiores acontecimentos da<br />

socieda<strong>de</strong>”, avisa Felipe Bogéa,<br />

da ESPM. As consequências político-econômicas,<br />

humanitárias<br />

e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, talvez,<br />

só mesmo a história conseguirá<br />

aferir. E é sempre bom lembrar<br />

que mentira tem perna curta.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 23


especial digital<br />

Plataformas discordam do texto da PL das fake news porque acreditam que transformado em lei ele vai trazer prejuízo aos negócios e à liberda<strong>de</strong> da internet; Google, Twitter, Mercado Livre, Facebo<br />

Players creem que texto do Pl das<br />

fakes news precisa mudar e maturar<br />

Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/2020 po<strong>de</strong> ser aprovado no fim <strong>de</strong>ste mês e<br />

gera <strong>de</strong>bate, já que indústria do setor vê pontos prejudiciais ao negócio<br />

Neusa spaulucci<br />

lógico que ninguém gosta <strong>de</strong><br />

É notícia ruim e muito menos<br />

<strong>de</strong> ser enganado. E para conter<br />

tais abusos, principalmente em<br />

ano <strong>de</strong> eleição, como é o caso<br />

do Brasil, tramita na Câmara<br />

dos Deputados o Projeto <strong>de</strong> Lei<br />

2630/2020, ou PL das Fake News.<br />

A discussão não é nova. Começou<br />

em 2019 e foi aprovado no<br />

Senado em 2020, tudo em no-<br />

me do combate às notícias falsas.<br />

Porém, nos últimos meses,<br />

o <strong>de</strong>bate ganhou força porque<br />

po<strong>de</strong> ser aprovado no fim <strong>de</strong>ste<br />

mês. Uma fonte ligada a um dos<br />

players do setor afirma que foram<br />

feitas algumas rodadas <strong>de</strong><br />

negociações, mas tudo voltou à<br />

estaca zero. É que a indústria –<br />

leia-se principalmente Google,<br />

Twitter, Facebook/Instagram,<br />

TikTok e Mercado Livre – questiona<br />

a efetivida<strong>de</strong> da futura lei,<br />

que po<strong>de</strong> até “não pegar” da maneira<br />

como está sendo proposta.<br />

Segundo a mesma fonte, que<br />

prefere não se i<strong>de</strong>ntificar, o PL<br />

nasceu bem-intencionado, mas<br />

traz no seu escopo assuntos não<br />

relacionados a fake news. “Ano<br />

eleitoral tem essa maquiagem”.<br />

Todos concordam que quanto<br />

mais transparência menos fake<br />

news e é por aí que a indústria<br />

do segmento se bate e <strong>de</strong>bate<br />

para tentar barrar o que uma outra<br />

fonte do PROPMARK afirma<br />

que o PL ainda precisa maturar.<br />

E lembra que, após a aprovação,<br />

tem um bom período <strong>de</strong> adaptação<br />

que po<strong>de</strong> levar até dois anos.<br />

Essa mesma fonte afirma<br />

que o impacto do PL como está<br />

será gran<strong>de</strong> em todos os sentidos,<br />

inclusive para o usuário e<br />

os pequenos anunciantes das<br />

plataformas, que, segundo ela,<br />

será <strong>de</strong> cunho econômico, com<br />

a “proibição <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> anún-<br />

24 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


ok/Instagram eTikTok se unem contra o projeto<br />

Unsplash<br />

cios”. “Estamos fazendo nosso<br />

trabalho e a principal estratégia<br />

tem sido alertar, uma atitu<strong>de</strong><br />

quase educacional”.<br />

Recentemente Facebook/Instagram,<br />

Google, Mercado Livre<br />

e Twitter assinaram juntas uma<br />

carta que fala que “ninguém<br />

quer que notícias falsas se espalhem<br />

nas re<strong>de</strong>s e, como plataformas<br />

<strong>de</strong> tecnologia, investem<br />

em recursos e ações concretas e<br />

transparentes para combater a<br />

<strong>de</strong>sinformação. “Estamos comprometidos<br />

a <strong>de</strong>bater com a socieda<strong>de</strong><br />

como po<strong>de</strong>mos enfrentar<br />

esse <strong>de</strong>safio juntos”.<br />

“Reconhecemos os esforços<br />

do Congresso Nacional na formulação<br />

<strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> lei<br />

que ofereça à socieda<strong>de</strong> meios<br />

eficientes <strong>de</strong> lidar com o problema,<br />

mas, da forma como está<br />

hoje, o Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/2020<br />

trata pouco do combate à <strong>de</strong>sinformação.<br />

Na verda<strong>de</strong>, o texto,<br />

que ficou conhecido como PL<br />

das Fake News, passou a representar<br />

potencial ameaça para<br />

a internet livre, <strong>de</strong>mocrática e<br />

aberta que conhecemos hoje e<br />

transforma a vida dos brasileiros<br />

todos os dias”.<br />

Ainda segundo a carta, se<br />

transformado em lei, “o texto vai<br />

restringir o acesso das pessoas a<br />

fontes diversas e plurais <strong>de</strong> informação;<br />

<strong>de</strong>sestimular as plataformas<br />

a tomar medidas para<br />

manter um ambiente saudável<br />

online; e causar um impacto negativo<br />

em milhões <strong>de</strong> pequenos<br />

e médios negócios que buscam<br />

se conectar com seus consumidores<br />

por meio <strong>de</strong> anúncios e<br />

serviços digitais”.<br />

imPedimento<br />

Em outro trecho da carta, as<br />

empresas alertam sobre “milhões<br />

<strong>de</strong> pequenos e médios<br />

negócios, como a padaria ou a<br />

pizzaria <strong>de</strong> bairro, que não po<strong>de</strong>rão<br />

mais anunciar seus produtos<br />

com eficiência e a custo baixo na<br />

internet”, pois “um dos artigos<br />

do texto impe<strong>de</strong> o uso responsável<br />

e equilibrado <strong>de</strong> dados pessoais<br />

– em conformida<strong>de</strong> com a<br />

Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados<br />

(LGPD), promulgada após amplo<br />

<strong>de</strong>bate pela socieda<strong>de</strong> – para<br />

a entrega eficiente <strong>de</strong> anúncios<br />

e serviços que são cruciais para<br />

micro e pequenas empresas e<br />

para toda a economia brasileira”.<br />

E, por fim, avalia que ao “estabelecer<br />

regras que se aplicariam<br />

apenas às plataformas digitais,<br />

o PL 2630 acaba com a <strong>de</strong>mocratização<br />

da publicida<strong>de</strong>, que foi<br />

possível graças à internet e privilegia<br />

alguns grupos <strong>de</strong> mídia”.<br />

Fabio Coelho, presi<strong>de</strong>nte do<br />

Google Brasil, revelou, em comunicado<br />

ao mercado, no último<br />

dia 11, sua opinião sobre o<br />

assunto. Ele comenta que reconhece<br />

a importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater<br />

soluções para o problema, mas<br />

se preocupa que o Congresso<br />

“esteja fazendo isso sem consi<strong>de</strong>rar<br />

as consequências negativas<br />

e in<strong>de</strong>sejadas que o projeto<br />

<strong>de</strong> lei po<strong>de</strong> trazer”.<br />

Segundo Coelho, o PL 2630<br />

impõe uma série <strong>de</strong> obrigações<br />

que <strong>de</strong>ixariam as ferramentas<br />

<strong>de</strong> busca menos seguras para todos<br />

e mais suscetíveis a abusos<br />

e frau<strong>de</strong>s. “O projeto <strong>de</strong> lei exige<br />

que sejam divulgadas informações<br />

minuciosas sobre como<br />

nossos sistemas funcionam,<br />

entre elas <strong>de</strong>talhes sobre a base<br />

<strong>de</strong> treinamentos <strong>de</strong> sistemas e<br />

métodos usados para melhorar<br />

nossos serviços, monitorar violações<br />

e tomar medidas <strong>de</strong> fiscalização,<br />

o que prejudicaria significativamente<br />

nossa capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> combater abusos e spam e<br />

proteger nossos usuários <strong>de</strong> golpes”,<br />

explica.<br />

Ele diz também que divulgar<br />

esse tipo <strong>de</strong> dado não ajudará na<br />

luta contra a <strong>de</strong>sinformação. “Ao<br />

contrário, oferecerá a agentes<br />

mal-intencionados um ‘guia’ sobre<br />

como contornar as proteções<br />

dos nossos sistemas, trazendo<br />

prejuízos para a qualida<strong>de</strong> e a<br />

segurança dos nossos resultados<br />

<strong>de</strong> busca”.<br />

O executivo conta ainda que,<br />

no YouTube, enfrenta uma “batalha<br />

contínua contra aqueles<br />

que buscam enganar os sistemas<br />

– <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criadores<br />

que testam<br />

os limites <strong>de</strong><br />

nossas políticas<br />

contra discurso<br />

<strong>de</strong> ódio até tentativas<br />

coor<strong>de</strong>nadas<br />

<strong>de</strong> espalhar<br />

narrativas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação”.<br />

“Grupos<br />

<strong>de</strong>dicados a<br />

esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

constantemente<br />

tentam<br />

manipular os nossos sistemas e,<br />

quando i<strong>de</strong>ntificamos violações<br />

às nossas políticas, agimos imediatamente”.<br />

Coelho fala ainda da obrigação<br />

que o PL impõe <strong>de</strong> pagamento<br />

pelo “uso” <strong>de</strong> “conteúdo<br />

jornalístico”, sem <strong>de</strong>finir o que<br />

seria este “uso” ou o que seria<br />

“conteúdo jornalístico”. “Da<br />

maneira como está, o texto po<strong>de</strong><br />

significar coisas diferentes, o<br />

que por si só já representa uma<br />

falta <strong>de</strong> clareza sobre efeitos práticos<br />

<strong>de</strong>ssa proposta e suas possíveis<br />

consequências negativas”,<br />

argumenta.<br />

Ele <strong>de</strong>staca ainda a publicida<strong>de</strong><br />

digital, que “tem sido fundamental<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da web aberta, permitindo que<br />

as pessoas acessem informações<br />

sem custo, que os veículos <strong>de</strong><br />

comunicação possam monetizar<br />

seus conteúdos, que anunciantes<br />

se conectem a potenciais<br />

consumidores e permitindo a<br />

existência <strong>de</strong> produtos gratuitos<br />

como a própria Busca, o Gmail<br />

e o Google Maps, entre outros”.<br />

“O PL 2630, contudo, po<strong>de</strong> limitar<br />

a capacida<strong>de</strong> das empresas<br />

brasileiras <strong>de</strong> usarem a internet<br />

“o texto, que<br />

ficou conhecido<br />

como PL das fake<br />

news, Passou<br />

a rePresentar<br />

PotenciaL ameaça<br />

Para a internet<br />

Livre, <strong>de</strong>mocrática<br />

e aberta”<br />

para alavancar seus negócios.<br />

Se o texto atual do projeto <strong>de</strong> lei<br />

for aprovado, milhares <strong>de</strong> pequenas<br />

e médias empresas no<br />

Brasil – muitas <strong>de</strong>las ainda se recuperando<br />

da crise causada pela<br />

pan<strong>de</strong>mia – terão dificulda<strong>de</strong>s<br />

em aumentar suas vendas com a<br />

ajuda da publicida<strong>de</strong> online”.<br />

O Twitter também enviou<br />

comunicado se posicionando a<br />

respeito do polêmico PL 2630. A<br />

empresa diz atuar em diversas<br />

frentes para garantir que as conversas<br />

públicas sejam saudáveis,<br />

seguras e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, bem<br />

como para proteger a integrida<strong>de</strong><br />

do <strong>de</strong>bate que acontece na plataforma.<br />

“Para as eleições <strong>de</strong>ste<br />

ano, reforçamos o nosso compromisso<br />

<strong>de</strong> fortalecer o diálogo<br />

<strong>de</strong>mocrático e garantir a liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> expressão<br />

das pessoas.<br />

O Twitter <strong>de</strong>clara<br />

que entre<br />

as principais<br />

frentes estão<br />

iniciativas para<br />

conscientizar e<br />

educar as pessoas<br />

que usam<br />

a plataforma,<br />

combater comportamentos<br />

que po<strong>de</strong>m levar<br />

à disseminação<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> recursos que<br />

ajudam as pessoas a encontrar<br />

conteúdos confiáveis <strong>de</strong> curadoria<br />

sobre as eleições”.<br />

A companhia revela que essas<br />

iniciativas acontecem por meio<br />

<strong>de</strong> parcerias com autorida<strong>de</strong>s<br />

e especialistas na “criação <strong>de</strong><br />

ações e conteúdos <strong>de</strong> educação<br />

midiática ou via funcionalida<strong>de</strong>s<br />

e recursos implementados no<br />

próprio Twitter – por exemplo,<br />

a parceria que realizamos com<br />

o Tribunal Superior Eleitoral<br />

(TSE). “Na busca por termos relacionados<br />

às eleições na plataforma,<br />

o primeiro resultado da<br />

pesquisa, apresentado no topo<br />

da lista, será uma notificação<br />

com um link para a página do<br />

TSE com dados úteis sobre o processo<br />

eleitoral”.<br />

O TikTok também fala que a<br />

segurança e o bem-estar da “comunida<strong>de</strong><br />

são priorida<strong>de</strong>s”. “Removemos<br />

conteúdos enganosos<br />

e danosos sobre processos cívicos<br />

quando i<strong>de</strong>ntificados. Enten<strong>de</strong>mos<br />

que qualquer regulação<br />

da internet <strong>de</strong>ve levar em conta a<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e a segurança<br />

das pessoas”.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 25


EspEcial DIGITAL<br />

Fim dos cookies traz <strong>de</strong>safios para<br />

propaganda na era da privacida<strong>de</strong><br />

Google monta fórum global com mais<br />

<strong>de</strong> 30 martechs para propor mo<strong>de</strong>lo<br />

para publishers e anunciantes; ponto<br />

<strong>de</strong> partida é a solução Privacy Sandbox<br />

Fullvector/Freepik<br />

Paulo Macedo<br />

Des<strong>de</strong> o abissal Netscape, a navegação<br />

na internet vem ganhando mais infraestrutura<br />

e sofisticação. O uso <strong>de</strong> cookies<br />

para i<strong>de</strong>ntificar os usuários e suas respectivas<br />

experiências nos sites que visitam é<br />

recorrente. Os rastros são visíveis, como<br />

um filme já assistido, viagem ou a <strong>de</strong>gustação<br />

<strong>de</strong> receita gastronômica, mas eles<br />

<strong>de</strong>terminam como a publicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> direcionar<br />

<strong>de</strong> forma assertiva os interesses<br />

das marcas na interação com o universo<br />

do consumo.<br />

Mas há novas regras que exigem atenção<br />

para não empelotar a massa <strong>de</strong>sses biscoitos<br />

finos que reagem quando estão metendo a<br />

mão na privacida<strong>de</strong>. A LGPD exige consentimento<br />

para armazenamento das informações<br />

capturadas. Elas são fundamentais<br />

para uma navegabilida<strong>de</strong> consistente nos<br />

browsers. Removê-los não é tarefa complicada.<br />

O que complica é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />

usuário processar mais informações.<br />

A questão dos cookies veio à tona com<br />

a <strong>de</strong>cisão do Google <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretar o seu fim<br />

no Chrome, que chamou a atenção da autorida<strong>de</strong><br />

antitruste nos EUA. Preservar a<br />

privacida<strong>de</strong> é preciso, mas vai <strong>de</strong> encontro<br />

aos interesses dos publishers direcionarem<br />

conteúdos comerciais sob medida às suas<br />

audiências. Divididos em firsty party (primários)<br />

e third party (terciários), os cookies<br />

“É um verda<strong>de</strong>iro<br />

divisor <strong>de</strong> águas que<br />

vai evi<strong>de</strong>nciar o bom<br />

marketing, aquele que<br />

foca em estratÉgia”<br />

Divulgação<br />

Carolina Medina é head <strong>de</strong> parceria do Chrome na AL<br />

mudaram o conceito das abordagens mercadológicas,<br />

entretenimento e <strong>de</strong> informação.<br />

O foco do Chrome são os biscoitos finos<br />

third party. Junto com o Facebook, o Google<br />

li<strong>de</strong>ra, por meio da plataforma Google Ads,<br />

a relação com agências e anunciantes, que<br />

se beneficiam dos cookies. A hegemonia do<br />

Chrome é notória: cerca <strong>de</strong> 70% dos navegadores<br />

globais, mais Gmail e Analytics.<br />

A i<strong>de</strong>ia do Google, porém, não é acabar<br />

com o mercado. Pelo contrário! A cena mudou<br />

e requer adaptação. No início <strong>de</strong>sse<br />

ano, como explica Isabela Cardoso, head <strong>de</strong><br />

produtos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> do Google Brasil,<br />

está em curso uma transformação da infraestrutura<br />

digital e programática alinhada<br />

aos novos padrões <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>. Isabela<br />

relembra que em janeiro <strong>de</strong>ste ano o Google,<br />

com base nos feedbacks dos testes<br />

FloC, apresentou ao mercado o Topics: uma<br />

nova proposta <strong>de</strong> Privacy Sandbox para a<br />

publicida<strong>de</strong>. “Para a publicida<strong>de</strong> com interesse<br />

dos usuários”, resume Isabela. “C<br />

Topics é confluência <strong>de</strong> tecnologia; não é<br />

substituição única”, disse a executiva.<br />

Para preservar os seus produtos <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong>, entre os quais machine learning,<br />

automação e dados próprios, o<br />

Google está promovendo discussões com<br />

cerca <strong>de</strong> 30 players do universo martech<br />

global para diagnosticar o que chama <strong>de</strong><br />

novas tecnologias <strong>de</strong> anonimização. O<br />

que está em jogo?<br />

26 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Manzar Feres é diretora <strong>de</strong> negócios integrados da Globo<br />

PRIVACY SANDBOX<br />

“É um <strong>de</strong>safio aten<strong>de</strong>r dados e funcionalida<strong>de</strong>s<br />

com o mindset da privacida<strong>de</strong>.<br />

A i<strong>de</strong>ia é manter a experiência <strong>de</strong> navegação<br />

com equilíbrio entre web sustentável,<br />

livre e aberta. O trabalho do Chrome é <strong>de</strong>senvolver<br />

novas tecnologias para suportar<br />

publishers e usuários. Fóruns globais com<br />

a indústria significa que o Privacy Sandbox<br />

requer inputs dos principais atores.<br />

Propomos novas techs em caso <strong>de</strong> usos específicos<br />

à indústria <strong>de</strong> advertising. Além<br />

<strong>de</strong> outras funcionalida<strong>de</strong>s contra frau<strong>de</strong>,<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e customização <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong><br />

acordo com o <strong>de</strong>vice”, <strong>de</strong>ixa claro Carolina<br />

Medina, especialista <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> do<br />

Chrome na América Latina.<br />

Mas será que é mesmo uma ameaça à publicida<strong>de</strong><br />

o fim dos cookies, como muitos<br />

players estão colocando na pauta? Vai comprometer<br />

a programática? Quem respon<strong>de</strong><br />

é Daniel Kaminitz, CEO da Weach Group.<br />

“Nenhum milímetro, pelo contrário. A<br />

mídia programática é totalmente focada<br />

na assertivida<strong>de</strong> do target, portanto altamente<br />

customizável <strong>de</strong> acordo com cada<br />

estratégia, objetivo e público-alvo. O setor<br />

será bastante favorecido com segmentações<br />

<strong>de</strong> IDs proprietários, com o próprio<br />

usuário indicando quais assuntos são <strong>de</strong><br />

seu interesse”, afirma.<br />

O executivo Daniel Kaminitz é CEO da Weach Group<br />

Fabio Mancini é diretor <strong>de</strong> plataformas digitais da Cheil<br />

Kaminitz acrescenta: “Até então eram<br />

parte fundamental e quase única na i<strong>de</strong>ntificação<br />

dos usuários e seus comportamentos<br />

e, por meio <strong>de</strong>les, a publicida<strong>de</strong> pô<strong>de</strong>,<br />

ao longo dos anos, traçar seus planejamentos<br />

e estratégias, montar suas provisões e<br />

medir resultados. O ID único terá a mesma<br />

função, mas agora quem <strong>de</strong>cidirá estar ou<br />

não em <strong>de</strong>terminado cluster é o usuário,<br />

em um mo<strong>de</strong>lo muito mais responsável e<br />

respeitoso com a audiência”.<br />

Assim como numa relação interpessoal,<br />

consetimento é a palavra-chave. Atualmente,<br />

pedir para aceitar cookies virou<br />

medida padrão. É o que propõe Henrique<br />

Casagranda, sócio e diretor <strong>de</strong> mídia da Cadastra.<br />

O gran<strong>de</strong> caminho são os data-lakes<br />

robustos: o armazenamento <strong>de</strong>sses dados,<br />

com consentimento do usuário, apenas do<br />

lado do servidor. “Nesse contexto, a Cadastra<br />

está se preparando para não se limitar<br />

apenas à publicida<strong>de</strong> contextual, mas sim<br />

capacitar nossos cientistas <strong>de</strong> dados para<br />

encontrarem maneiras criativas e, ao mesmo<br />

tempo, eficientes <strong>de</strong> impactar os consumidores<br />

digitais <strong>de</strong> maneira atraente,<br />

assertiva e relevante. Isso passa por <strong>de</strong>senhar<br />

estratégias junto <strong>de</strong> nossos clientes<br />

pensando sempre em caminhos alternativos,<br />

que não esbarrem na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

fornecedores terceiros <strong>de</strong> dados, portanto,<br />

muitas vezes, acabamos percebendo ser<br />

possível trazer ainda mais resultado a partir<br />

das bases proprietárias”.<br />

A publicida<strong>de</strong> precisa repensar o passo<br />

adiante dos cookies para continuar medindo<br />

impactos. “O cliente é o centro do<br />

negócio e é ele quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> o que, como e<br />

quando conce<strong>de</strong>r ou revogar suas permissões<br />

<strong>de</strong> captura <strong>de</strong> dados, além <strong>de</strong>le saber<br />

o que será feito”, pon<strong>de</strong>ra Marco Marsitch,<br />

diretor <strong>de</strong> data services & CRM da Jüssi, que<br />

prossegue: “O party data e o first party data<br />

<strong>de</strong>vem ser o mindset das empresas <strong>de</strong> agora<br />

em diante. Receber sinais dos clientes, <strong>de</strong><br />

forma consensual, leva as empresas a conhecerem<br />

melhor seu cliente, <strong>de</strong>ixando-o<br />

no centro das escolhas, e, com isso, gerando<br />

maior impacto e valor agregado, diminuindo<br />

inferências e fazendo um relacionamento<br />

mais direto e contextualizado”.<br />

Maura Coracini é diretora <strong>de</strong> mídia e digital da Kantar<br />

A postergação da <strong>de</strong>cisão do Google para<br />

2023 está dando mais tempo para os agentes<br />

<strong>de</strong> marketing se organizarem. “Para<br />

minimizar o impacto”, sintetiza Roberta<br />

Queiroz, diretora <strong>de</strong> mídia da Innova AATB.<br />

“Ficar atentos às novas tecnologias que já<br />

estão em estudo, seus resultados e impactos<br />

na LGPD”, ela acrescenta.<br />

Por outro lado, Bruno La<strong>de</strong>ira, CEO da<br />

Moringa, reconhece que os insights dos<br />

cookies vão ocasionar perdas. “Entretanto,<br />

não há com o que se preocupar. É importante<br />

ter em mente que esse também<br />

é um verda<strong>de</strong>iro divisor <strong>de</strong> águas que vai<br />

evi<strong>de</strong>nciar o bom marketing, aquele que<br />

foca em estratégia. Precisaremos, a partir<br />

<strong>de</strong> agora, <strong>de</strong> ainda mais tecnologia para<br />

sair do lugar-comum: APIs e trackeamento<br />

server-si<strong>de</strong>, por exemplo, no caso do<br />

Google”, esclarece La<strong>de</strong>ira.<br />

É importante lembrar, <strong>de</strong> acordo com recomendação<br />

<strong>de</strong> Fabio Mancini, diretor <strong>de</strong><br />

plataformas digitais e CRM da Cheil, que<br />

não é somente o Google que tem esses planos.<br />

“A Apple já tem o IDFA (ID for Advertisers),<br />

conhecido como i<strong>de</strong>ntificador para<br />

publicida<strong>de</strong>, e tirou os cookies do Safari.<br />

A Mozilla também já fez esse movimento.<br />

Agora com o anúncio do Google estamos<br />

falando <strong>de</strong> praticamente 70% do mercado<br />

brasileiro (60% mundial) <strong>de</strong> navegadores,<br />

Helo Goldman é VP <strong>de</strong> mídia e performance da LBTM<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 27


EspEcial DIGITAL<br />

Fotos: Divulgação<br />

Francesco Simeone é chief growth officer da Logan<br />

segundo o StatCounter, e isso, sim, preocupa<br />

o mercado publicitário. Isso significa<br />

que os anunciantes e seus parceiros precisam<br />

se reinventar – e rápido – para essa<br />

transição. Muito se fala e há um alvoroço<br />

<strong>de</strong> como será a compra <strong>de</strong> mídia ou ações<br />

digitais segmentadas, mas já paramos para<br />

pensar em como vamos medir tudo isso<br />

sem os cookies <strong>de</strong> terceiros? Os anunciantes<br />

ainda terão acesso e po<strong>de</strong>rão usar os<br />

próprios dados primários, mas a correspondência<br />

<strong>de</strong> dados entre re<strong>de</strong>s será muito<br />

mais difícil. Contaremos com uma análise<br />

mais profunda em cada plataforma, em vez<br />

da visualização multiplataforma habilitada<br />

pelo rastreamento <strong>de</strong> cookies <strong>de</strong> terceiros”,<br />

exorta Fabio Mancini.<br />

O fim dos cookies certamente é <strong>de</strong>cisão<br />

disruptiva para o mo<strong>de</strong>lo comercial na internet.<br />

Esse é o pensamento <strong>de</strong> Maura Coracini,<br />

diretora <strong>de</strong> mídia e digital da Kantar.<br />

“Na nossa última pesquisa com profissionais<br />

<strong>de</strong> marketing, i<strong>de</strong>ntificamos que mais<br />

da meta<strong>de</strong> dos anunciantes (59%) estão<br />

preocupados com a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rastrear<br />

mídia online por meio <strong>de</strong> cookies. Essas<br />

preocupações se traduzem em um período<br />

<strong>de</strong> experimentação para a maioria das<br />

marcas e suas agências”.<br />

Segundo Denys Fehr, CEO e sócio da<br />

Just a Little Data, o fim dos third-party<br />

cookies significa a perda <strong>de</strong> uma categoria<br />

<strong>de</strong> dados. “Ações <strong>de</strong> CRM para amplificar<br />

a base <strong>de</strong> dados e focar em ações <strong>de</strong><br />

remarketing segmentado. Alguns veículos,<br />

como Facebook e Verizon, estão disponibilizando<br />

API’s <strong>de</strong> conversão através <strong>de</strong> servidores<br />

próprios plugados às plataformas<br />

dos anunciantes para armazenar informações<br />

<strong>de</strong> navegação no site a fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

comportamentos do público”, <strong>de</strong>talha<br />

Fehr, que vê obstáculos “para anunciantes<br />

e publishers no planejamento e segmentação<br />

<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> digital”.<br />

Há cinco anos, como informa Gerson Ribeiro,<br />

sócio-diretor da Vitrio, <strong>de</strong>u início à<br />

estruturação <strong>de</strong> CDPs proprietários. “Também<br />

investimos nas análises criativas e<br />

no mapeamento da jornada <strong>de</strong> compra do<br />

consumidor, gerando insights valiosos para<br />

levarmos aos clientes a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in-<br />

Isabela Cardoso cuida da privacida<strong>de</strong> no Chrome<br />

“em vez <strong>de</strong> trabalharmos<br />

algumas gran<strong>de</strong>s<br />

campanhas anuais,<br />

passamos a trabalhar<br />

várias minicampanhas<br />

semanais”<br />

vestimento em conteúdo, subvertendo a<br />

lógica das marcas agirem como anunciantes<br />

e passando a agir como entertainers,<br />

ganhando relevância no cotidiano <strong>de</strong> seus<br />

consumidores e da socieda<strong>de</strong>. Em vez <strong>de</strong><br />

trabalharmos algumas gran<strong>de</strong>s campanhas<br />

anuais, passamos a trabalhar várias minicampanhas<br />

semanais, com agilida<strong>de</strong> criativa<br />

e mais conectado nas necessida<strong>de</strong>s dos<br />

consumidores”.<br />

Para continuar seguindo as pegadas <strong>de</strong><br />

quem interessa, nas palavras <strong>de</strong> Francesco<br />

Simeone, CGO global e gerente-geral no<br />

país do Grupo Logan, “a segmentação e a<br />

atribuição para medição <strong>de</strong> resultados precisarão<br />

migrar <strong>de</strong> uma implementação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminações para uma implementação<br />

probabilística”.<br />

Simeone prossegue: “A cada impressão<br />

e clique que entregamos no mobile,<br />

por exemplo, recebemos informações <strong>de</strong><br />

contexto geográfico, conteúdo, hábitos<br />

<strong>de</strong> consumo que nos permitem, aplicando<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> machine learning, atribuir<br />

com muita precisão cada uma <strong>de</strong>ssas interações.<br />

Nesse novo mundo cookieless existem<br />

dois gran<strong>de</strong>s vencedores. Os primeiros<br />

são os consumidores, que se apropriam <strong>de</strong><br />

sua privacida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>m virar donos da<br />

própria segmentação; em segundo lugar, a<br />

mesma indústria publicitária, por ser mais<br />

transparente com eles e entrando numa<br />

Rafael Rez é fundador e CMO da Web Estratégica<br />

forma mais orientada à evolução tecnológica.<br />

Em suma, a personalização <strong>de</strong> campanhas<br />

publicitárias e a privacida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />

coexistir com a metodologia certa e o justo<br />

foco na inovação”.<br />

RELAÇÃO<br />

Como a <strong>de</strong>cisão do Google ocorreu há<br />

dois anos, não há surpresa. Quem reforça<br />

esse contexto é Vilma Moraes, diretora <strong>de</strong><br />

grupo <strong>de</strong> mídia da R/GA. “As marcas que já<br />

vinham se organizando para este momento<br />

terão um impacto menor em sua performance.<br />

Acredito que esse movimento significa<br />

uma maior qualificação na audiência<br />

<strong>de</strong>sejada. Investir em uma relação sólida,<br />

<strong>de</strong> confiança entre a marca e/ou serviços<br />

e seus respectivos consumidores, além <strong>de</strong><br />

construir uma base forte <strong>de</strong> first-party data<br />

– sem consi<strong>de</strong>rar as iniciativas imediatistas,<br />

pois a construção <strong>de</strong>stes dados necessita<br />

<strong>de</strong> um trabalho a longo prazo, que busque,<br />

principalmente, a segurança dos dados individuais<br />

e a clareza na relação entre ambas<br />

as partes”, raciocina Vilma.<br />

Confiança é item <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong><br />

nessa transição. “Os anunciantes <strong>de</strong>vem<br />

ter em mente que, quando o maior navegador<br />

do mercado sinaliza a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> sua<br />

plataforma à LGPD, dificilmente haverá estratégia<br />

<strong>de</strong> mídia digital <strong>de</strong> sucesso que não<br />

se adapte a este momento. O que sabemos,<br />

é que <strong>de</strong>veremos fortalecer a construção <strong>de</strong><br />

dados primários e, gradativamente, diminuir<br />

a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> terceiros.<br />

Além disso, acreditar em novos caminhos<br />

que serão propostos através <strong>de</strong> estudos e<br />

hipóteses criados pelo próprio Google e outros<br />

gran<strong>de</strong>s players”, esmiuça Vilma.<br />

APIS<br />

É momento <strong>de</strong> reinventar a comunicação<br />

e estratégias <strong>de</strong> tracking <strong>de</strong> resultados em<br />

níveis mais <strong>de</strong>talhados. Esse é o olhar <strong>de</strong><br />

Helo Goldman, VP <strong>de</strong> mídia e performance<br />

da Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>.<br />

“A LBTM já firmou parceria com a Amazon<br />

para oferecermos soluções <strong>de</strong> cloud e<br />

datatech para nossos clientes visando dados<br />

proprietários. Estamos investindo na<br />

área <strong>de</strong> AdTech com foco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

28 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Divulgação<br />

Paulo César Itabaiana é managing director da Teads<br />

APIs que suportem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

cliente em seus respectivos negócios e objetivos<br />

diferentes. Reforçamos a área <strong>de</strong><br />

data intelligence da agência com equipe <strong>de</strong><br />

engenharia e cientistas <strong>de</strong> dados, que estão<br />

trabalhando em linha com os times <strong>de</strong> tecnologia<br />

para oferecer soluções customizadas<br />

para cada estratégia e negócio. O fato<br />

<strong>de</strong> priorizar a privacida<strong>de</strong> dos usuários no<br />

targeting por contexto, por exemplo, <strong>de</strong>ve<br />

tornar a comunicação mais atrativa e com<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> engajar ainda mais o público que<br />

não se sente invadido, mas sim selecionado.<br />

A meta é priorizar o estudo das soluções,<br />

<strong>de</strong>finindo metas e processos que se<br />

encaixem em cada necessida<strong>de</strong>, tanto <strong>de</strong>senvolvendo<br />

projetos <strong>de</strong> tracking quanto<br />

estabelecendo parcerias para segmentação<br />

e mídia programática, que contemplem as<br />

estratégias <strong>de</strong> negócio das marcas anunciantes”,<br />

argumenta Helo.<br />

Há novas formas <strong>de</strong> segmentação. Essa é<br />

aposta <strong>de</strong> Paulo César Itabaiana, managing<br />

director da Teads Brasil. Em sua opinião,<br />

“testar e estar consciente que nesse novo<br />

cenário não <strong>de</strong>manda só uma, mas múltiplas<br />

formas <strong>de</strong> segmentação para manter<br />

o padrão <strong>de</strong> resultados anteriores.” Quais<br />

as iniciativas? Itabaiana respon<strong>de</strong>: “Na Teads<br />

já temos cases <strong>de</strong> campanhas bem-sucedidas<br />

sem o uso <strong>de</strong> cookies, mais <strong>de</strong> 50<br />

cases com marcas locais e regionais e, para<br />

tais projetos, adotamos algumas iniciativas<br />

para que os anunciantes consigam manter<br />

práticas eficazes <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> digital sem<br />

a presença <strong>de</strong> cookies. São soluções que<br />

possuem dois aspectos: segmentação contextual,<br />

que permite mapear com base no<br />

conteúdo em que o anúncio é inserido; e<br />

segmentação por audiência”.<br />

A Teads está usando IDs únicos que, na<br />

expressão <strong>de</strong> Itabaiana, “transformam o<br />

login” em uma nova forma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o<br />

usuário. O <strong>de</strong>safio é sua adoção por publishers<br />

e usuários, já que por hora, ao nível<br />

global, pouquíssimos fazem login”.<br />

Há comprometimento da compra programática<br />

para quem não investe em first<br />

party data. Para Manzar Feres, diretora <strong>de</strong><br />

negócios integrados em publicida<strong>de</strong> da<br />

Globo, quem atua só com cookies, terá <strong>de</strong><br />

Henrique Casagranda comanda mídia na Cadastra<br />

“a nestlÉ atua sob dois<br />

âmbitos, o tecnológico<br />

e um segundo mais<br />

relacionado à educação e<br />

aculturamento <strong>de</strong> dados”<br />

rever a sua abordagem.<br />

“Investimos fortemente em tecnologia<br />

para garantir toda infraestrutura, segurança<br />

e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento para<br />

tratar os nossos dados combinados a partir<br />

<strong>de</strong> parcerias com outras empresas que<br />

também possuem dados primários. Nossa<br />

fortaleza está no conhecimento que temos<br />

sobre os hábitos e interesses dos brasileiros,<br />

que conquistamos através da navegação<br />

logada com os Globo IDs. E, como já<br />

mencionado, trabalhamos constantemente<br />

para não apenas ampliar, mas principalmente<br />

enriquecer as informações que a<br />

análise <strong>de</strong>sses dados nos permite aferir sobre<br />

os diferentes consumidores. Para isso,<br />

unimos nossos dados primários com os das<br />

marcas, sempre respeitando o sigilo e privacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssas informações, o que amplia<br />

o olhar sobre hábitos e interesses dos consumidores<br />

e garante segmentações ainda<br />

mais assertivas”.<br />

Agências e anunciantes <strong>de</strong>vem ter o que<br />

em mente nessa transição? Na avaliação<br />

<strong>de</strong> Manzar, “será essencial buscar parcerias<br />

confiáveis”. É como um lego. “O dado<br />

first party valerá ainda mais e será necessário<br />

um trabalho bastante próximo entre<br />

players, anunciantes e agências para que<br />

seja possível o enriquecimento das diferentes<br />

bases <strong>de</strong> relacionamento com os consumidores.<br />

Não po<strong>de</strong>mos esperar 2023 para<br />

Bruno Campos <strong>de</strong> Oliveira é CMO da empresa AdsPlay<br />

começarmos a nos preocupar com a convergência<br />

entre bases <strong>de</strong> dados. Encontrar<br />

parceiros estratégicos e aptos a aplicar inteligência<br />

às informações geradas no relacionamento<br />

com as pessoas já é urgente. Uma<br />

relação <strong>de</strong> ganha-ganha para as estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing e geração <strong>de</strong> negócios a partir<br />

das novas tendências <strong>de</strong> acompanhamento<br />

do consumidor”, reflete Manzar.<br />

Antes <strong>de</strong> o Google se manifestar, a discussão<br />

já ganhava força em 2017, com o<br />

posicionamento da Apple sobre o fim da<br />

captura <strong>de</strong> dados para o uso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

ou ações <strong>de</strong> marketing. Quem relembra<br />

é Thiago Cesar, diretor <strong>de</strong> mídia, conteúdo<br />

e growth marketing da Nestlé.<br />

“A Nestlé atua sob dois âmbitos, o tecnológico<br />

e um segundo mais relacionado<br />

à educação e aculturamento <strong>de</strong> dados. No<br />

primeiro caso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2018, a companhia<br />

vem se parametrizando para construção<br />

<strong>de</strong> um data lake potente que nos permita<br />

não apenas colecionar dados, como também<br />

acioná-los para tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão,<br />

insights e ativação <strong>de</strong> audiências em mídia<br />

paga. Não acreditamos que exista algo<br />

que minimize totalmente os impactos,<br />

pois vemos a questão muito mais como<br />

um convite a trabalhar <strong>de</strong> uma forma diferente<br />

do que necessariamente um problema<br />

a ser contornado”.<br />

A principal mudança, na perspectiva <strong>de</strong><br />

Thiago César, “pressupõe o conhecimento<br />

<strong>de</strong> tecnologia, que vai além <strong>de</strong> questões relacionadas<br />

a comunicação, criativida<strong>de</strong> ou<br />

métricas <strong>de</strong> marca e negócios apenas. A visão<br />

<strong>de</strong> tecnologia, que antes estava restrita<br />

às atribuições do mídia, por exemplo, passam<br />

a fazer parte da rotina do marqueteiro<br />

como também dos profissionais <strong>de</strong> criação<br />

e planejamento nas agências. Não acredito<br />

que todos tenhamos <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r profundamente<br />

<strong>de</strong> tecnologia ou até mesmo <strong>de</strong><br />

programação, mas minimamente será necessário<br />

dominar quais ferramentas passam<br />

a compor a jornada <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> audiências,<br />

como datalake, diversas opções <strong>de</strong><br />

cloud disponíveis no mercado, enten<strong>de</strong>r<br />

minimamente sobre as diferentes leituras<br />

<strong>de</strong> resultados e o que esperar <strong>de</strong> cada uma<br />

das ferramentas, assim como ferramentas<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 29


EspEcial DIGITAL<br />

Fotos: Divulgação<br />

Vilma Moraes é diretora <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> mídia da R/GA<br />

safe heaven, <strong>de</strong>cisivas para a monetização<br />

<strong>de</strong> dados ou intercâmbio <strong>de</strong> dados entre<br />

indústrias sem que haja conflito ou risco<br />

em LGPD. Parece que o mundo realmente<br />

se sofisticou, que conhecer as plataformas<br />

e ferramentas <strong>de</strong> AdTech, e o que elas são<br />

capazes <strong>de</strong> fazer, é um idioma necessário<br />

daqui em diante. Novamente, não acredito<br />

que todos tenhamos <strong>de</strong> ser tecnólogos,<br />

obviamente, mas conhecedores das possibilida<strong>de</strong>s<br />

que a tecnologia nos oferece, sem<br />

sombra <strong>de</strong> dúvidas”.<br />

BRANDING<br />

Criar conteúdo <strong>de</strong> valor, investir em<br />

branding, investir em qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto<br />

e <strong>de</strong> atendimento é o resumo da ópera do<br />

fim dos cookies <strong>de</strong> Rafael Rez, fundador e<br />

CMO da Web Estratégica.<br />

“As marcas que enten<strong>de</strong>m o ecossistema<br />

digital como um todo investem em canais<br />

proprietários há muito tempo. Sites, blogs,<br />

APPs, e-mail marketing, CRM e outras iniciativas<br />

<strong>de</strong> contato e relacionamento com<br />

leads e clientes que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> mídia.<br />

Quem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> mídia po<strong>de</strong><br />

chorar ou mudar <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>. A proteção<br />

<strong>de</strong> dados será cada vez maior, o custo<br />

<strong>de</strong> mídia cresce a cada ano e a <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> plataformas externas é cada vez mais um<br />

risco para as marcas. Quando o Google implementou<br />

o ‘not provi<strong>de</strong>d’, em 2011, isso<br />

caiu como uma bomba no mercado <strong>de</strong> SEO.<br />

Aos poucos o mercado se adaptou, novas<br />

ferramentas surgiram e o mercado seguiu<br />

em frente crescendo, mesmo com dados<br />

<strong>de</strong> acesso orgânico encriptados e anonimizados.<br />

O mesmo ocorrerá agora. O próprio<br />

Google oferecerá soluções <strong>de</strong> trackeamento<br />

encriptadas que permitirão monitorar conversões<br />

em campanhas criadas na re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

anúncios e os anunciantes adotarão os novos<br />

padrões”, constata Rez.<br />

O Yahoo lançou no ano passado a solução<br />

Next-Gen Solutions. “Des<strong>de</strong> 2019, quando<br />

o final dos cookies <strong>de</strong> terceiros tornou-se<br />

uma realida<strong>de</strong> próxima, promovemos uma<br />

série <strong>de</strong> ações para educar nossos parceiros<br />

e clientes sobre a <strong>de</strong>sativação. Nesse sentido,<br />

lançamos em 20<strong>21</strong> o Next-Gen Solutions,<br />

que utiliza conteúdo e outros dados<br />

Denys Fehr é CEO e sócio da agência Just a Little Data<br />

“fóruns globais com<br />

a indústria significa<br />

que o privacy sandbox<br />

requer inputs dos<br />

principais atores”<br />

em tempo real, como clima, localização e<br />

tipos <strong>de</strong> dispositivos para alimentar algoritmos<br />

<strong>de</strong> machine-learning, que permitem<br />

que os anunciantes se conectem com seus<br />

públicos mais relevantes sem a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cookies, IDs <strong>de</strong> aplicativos móveis,<br />

navegadores, armazenamento ou criação<br />

<strong>de</strong> perfis em nível <strong>de</strong> usuário. Isso porque<br />

enten<strong>de</strong>mos que, à medida que o ecossistema<br />

publicitário se distancia dos cookies<br />

e dos IDs <strong>de</strong> apps – e a legislação referente<br />

à privacida<strong>de</strong> passa por transformações –,<br />

anunciantes e publishers precisam <strong>de</strong> soluções<br />

que os aju<strong>de</strong>m a alcançar o consumidor<br />

<strong>de</strong> maneira relevante e significativa,<br />

mesmo que haja ausência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificadores”,<br />

recomenda Thiago Bordignon, solutions<br />

manager do Yahoo Brasil.<br />

Ao encerrar <strong>de</strong>finitivamente o tracking<br />

<strong>de</strong> navegação e coleta <strong>de</strong> dados para publicida<strong>de</strong>,<br />

o Google <strong>de</strong>clara a importância da<br />

transparência diante do marco legal global.<br />

“A partir do momento que o site ou app <strong>de</strong>ixa<br />

claro o que ele está coletando, por que e<br />

como isso será utilizado, é muito mais fácil<br />

ter clientes que compartilham seus dados<br />

por livre e espontânea vonta<strong>de</strong>. Existe<br />

até uma tendência mapeada pela Gartner<br />

que mostra que as pessoas estão voltando<br />

a compartilhar seus dados com mais<br />

frequência ao perceberem que, com isso,<br />

recebem conteúdos e anúncios mais personalizados.<br />

Segundo a consultoria, até 2023<br />

a taxa <strong>de</strong> não-aceite <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em dispositivos<br />

móveis <strong>de</strong>ve cair quase 30%”, diz<br />

Bruno Campos <strong>de</strong> Oliveira, CMO da AdsPlay<br />

Mídia Programática.<br />

Gerson Ribeiro é sócio-diretor e partner da Vitrio<br />

PROGRAMÁTICA<br />

Diretor <strong>de</strong> performance da WMcCann,<br />

Vitor Miguel chama a atenção para a perda<br />

<strong>de</strong> dados. “Na minha visão, o principal<br />

trabalho no momento é com o CRM e<br />

conhecer com profundida<strong>de</strong> seu público.<br />

Saber o tipo <strong>de</strong> produto que o consumidor<br />

compra, com qual frequência e enten<strong>de</strong>r<br />

os hábitos <strong>de</strong> consumo sempre<br />

foi uma necessida<strong>de</strong> que muitas marcas<br />

esqueceram pela facilida<strong>de</strong> trazida pelos<br />

cookies. Agora, com o anúncio do Google,<br />

essas estratégias terão <strong>de</strong> ser mais<br />

bem trabalhadas. Mas acredito que nas<br />

dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m aparecer as melhores<br />

oportunida<strong>de</strong>s. Marcas que conseguirem<br />

ser relevantes terão <strong>de</strong>staque e, por consequência,<br />

crescimento”.<br />

Miguel avança sobre a questão da mídia<br />

programática: “Como conhecemos<br />

hoje, a mídia programática também será<br />

modificada. Atualmente, as empresas<br />

compartilham e fazem a venda <strong>de</strong> dados<br />

para tornar a entrega cada vez mais assertiva<br />

e isso não será mais possível. Os<br />

publishers também precisarão se reinventar<br />

para conseguir propor soluções<br />

relevantes para os anunciantes e, consequentemente,<br />

continuarem ven<strong>de</strong>ndo os<br />

espaços publicitários. Acredito que existirá<br />

uma briga pelo first-party. Os cookies<br />

passavam todas as informações sobre o<br />

comportamento <strong>de</strong> navegação do usuário<br />

e, assim, os anúncios eram completamente<br />

assertivos. Era comum escutar<br />

frases como: “Eu queria um celular novo<br />

e do nada comecei a receber vários anúncios<br />

em todo o site que eu acessava”. Esse<br />

é o po<strong>de</strong>r dos cookies. Por meio do compartilhamento<br />

<strong>de</strong> informações, os anunciantes<br />

conseguiam saber os <strong>de</strong>sejos dos<br />

consumidores e enviavam <strong>de</strong> forma rápida<br />

a oferta <strong>de</strong>sejada, aumentando a rentabilida<strong>de</strong><br />

da campanha. Em um mundo<br />

tão competitivo como o que vivemos, a<br />

informação vale ouro e a precisão com<br />

que os anúncios são recebidos aumenta –<br />

e muito – o faturamento daqueles que <strong>de</strong><br />

fato sabem utilizá-los. Por esses motivos<br />

os cookies se tornaram fundamentais”,<br />

finaliza Miguel.<br />

30 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


digital<br />

Unsplash<br />

Microsoft<br />

possibilita varejo<br />

conhecer ‘novo’<br />

consumidor<br />

Empresa investiu na<br />

ampliação da solução<br />

Dynamics 365, que usa<br />

nuvem, dados e inteligência<br />

artificial para monitorar<br />

a jornada do consumo<br />

Inteligência artificial, nuvem e consolidação <strong>de</strong> dados ajudam as marcas a acompanhar o cliente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento da compra até a troca <strong>de</strong> um produto<br />

Neusa spaulucci<br />

Microsoft ampliou a solução<br />

do Dynamics 365, que<br />

A<br />

possibilita as marcas a monitorar<br />

a jornada do consumidor.<br />

A i<strong>de</strong>ia é aprimorar o trabalho<br />

das equipes <strong>de</strong> marketing a<br />

i<strong>de</strong>ntificarem o comportamento<br />

dos clientes e oferecer recomendações<br />

customizadas com<br />

base na inteligência artificial.<br />

Segundo Marcon<strong>de</strong>s Farias,<br />

diretor <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> Dynamics<br />

365 e power platform da Microsoft<br />

Brasil, com o novo arsenal<br />

é possível segmentar o consumo<br />

e entregar conteúdo alinhado<br />

aos canais e produtos da preferência<br />

<strong>de</strong> cada um. Farias diz<br />

ainda que, durante a pan<strong>de</strong>mia,<br />

provocada pela Covid-19, as empresas<br />

acumularam uma quantida<strong>de</strong><br />

absurda <strong>de</strong> informação<br />

que precisava ser processada,<br />

e o Dynamics 365 evoluiu a tecnologia<br />

para o varejo.<br />

Por isso, o setor consegue<br />

analisar toda a jornada do<br />

cliente, “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a compra até a<br />

troca do produto”, se for o caso.<br />

A tecnologia <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />

dados e IA po<strong>de</strong> ser utilizada,<br />

segundo Farias, para gerenciamento<br />

inteligente <strong>de</strong> estoque,<br />

auxiliar na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores e reduzir riscos<br />

<strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s. Tudo isso está alinhado<br />

com a mudança no comportamento<br />

o consumidor.<br />

As empresas hoje estão apostando<br />

em soluções em nuvem<br />

para oferecer serviços <strong>de</strong> forma<br />

personalizada, ou seja, levando<br />

em consi<strong>de</strong>ração como o consumidor<br />

gostaria <strong>de</strong> ser contatado,<br />

informado <strong>de</strong> novos produtos<br />

ou promoções nos canais das lojas,<br />

e quais produtos são <strong>de</strong> seu<br />

interesse para que possa i<strong>de</strong>ntificá-los<br />

mais facilmente no e-<br />

-commerce ou no marketplace.<br />

Farias fala em digitalização<br />

personalizada, já que há diversos<br />

recursos tecnológicos que<br />

po<strong>de</strong>m auxiliar as companhias,<br />

a começar pela análise do comportamento<br />

dos consumidores<br />

que é feita por meio da inteligência<br />

artificial.<br />

“Com ela, é possível mapear<br />

o meio <strong>de</strong> contato mais eficaz<br />

para cada cliente e os produtos<br />

do interesse, além <strong>de</strong> oferecer<br />

promoções <strong>de</strong> acordo com o<br />

gosto <strong>de</strong> cada um, evitando os<br />

spams e o <strong>de</strong>sgaste da marca.<br />

É uma revolução no marketing<br />

<strong>de</strong> produtos e serviços, que vai<br />

beneficiar a marca com maior<br />

índice <strong>de</strong> conversão em vendas<br />

e os consumidores não serão<br />

contatados <strong>de</strong> forma excessiva”,<br />

diz Farias.<br />

Ele lembra que o período <strong>de</strong><br />

isolamento forçado pela pan<strong>de</strong>mia<br />

chacoalhou as empresas<br />

e a tecnologia foi fundamental<br />

para que as marcas ganhassem<br />

mais impulso no mercado <strong>de</strong><br />

consumo. Com a evolução da<br />

plataforma, Marcon<strong>de</strong>s avalia<br />

que é possível unificar dados<br />

dos perfis únicos <strong>de</strong> uma empresa<br />

e <strong>de</strong>cifrar quem são os<br />

consumidores. “Essa solução é<br />

o conceito do Dynamics 365”,<br />

diz o executivo, acrescentado:<br />

“As empresas têm <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

quem é esse cara que não vai<br />

mais à loja”.<br />

Para ele, a chave do sucesso<br />

daqui para frente também será<br />

a relação entre as partes: consumidor<br />

e empresa, que, para ele,<br />

tem duas opções: respeitar a regulamentação<br />

e estreitar laços<br />

<strong>de</strong> confiança. Ainda segundo<br />

o executivo, o profissional <strong>de</strong><br />

marketing tem <strong>de</strong> saber que<br />

existe atualmente um “novo”<br />

consumidor, que usa a internet<br />

para fazer compras e também<br />

para conhecer as marcas. Esse<br />

mesmo profissional também<br />

<strong>de</strong>ve mudar a maneira como faz<br />

propaganda, muito em função<br />

do mundo digital. “A empresa<br />

tem <strong>de</strong> saber quem é o consumidor.<br />

Será uma questão <strong>de</strong> sobrevivência<br />

da marca”, analisa.<br />

Segundo dados compartilhados<br />

pela Microsoft, o varejo passou<br />

por uma digitalização acelerada<br />

nos últimos anos, tanto em<br />

<strong>de</strong>corrência do e-commerce,<br />

quanto pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

atendimento rápido e eficaz<br />

durante o fechamento das lojas<br />

físicas no início da pan<strong>de</strong>mia.<br />

Agora, com as estruturas<br />

mais robustas para aten<strong>de</strong>r às<br />

<strong>de</strong>mandas elásticas <strong>de</strong> consumidores<br />

online, o setor vem<br />

se reinventando para aprimorar<br />

a jornada do consumidor,<br />

utilizando-se <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong><br />

inteligência artificial, nuvem e<br />

análise <strong>de</strong> dados para personalizar<br />

a experiência <strong>de</strong> acordo<br />

com a preferências e o comportamento<br />

<strong>de</strong> cada cliente.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 31


mercado<br />

Profissionais <strong>de</strong> mídia apontam<br />

os caminhos para criar conexões<br />

9º Encontro <strong>de</strong> Mídias reuniu publicitários para discutir transformações<br />

da indústria e ainda premiou <strong>de</strong>staques <strong>de</strong> agências, marcas e veículos<br />

marcos bonfim<br />

No retorno do Encontro <strong>de</strong><br />

Mídias ao formato presencial,<br />

os profissionais discutiram<br />

as transformações constantes<br />

da indústria publicitária e a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma relação cada<br />

vez mais afinada entre o tripé<br />

agência-anunciante-veículo<br />

para o fortalecimento e o crescimento<br />

do mercado <strong>de</strong> comunicação.<br />

Com um número maior <strong>de</strong> canais<br />

e plataformas, essa conexão<br />

entre os três pares po<strong>de</strong> significar<br />

melhores estratégias para<br />

a inserção das marcas em conteúdos<br />

que conversem com os<br />

públicos <strong>de</strong> interesse. “Acredito<br />

muito numa intimida<strong>de</strong> entre<br />

agência, anunciante e veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação. É visceral em<br />

uma estratégia vencedora”, afirma<br />

Hermann Mahnke, diretor<br />

<strong>de</strong> marketing para o Mercosul da<br />

General Motors.<br />

Para profissionais como Ricardo<br />

Monteiro, CEO da Tunad; e<br />

Glaucia Montanha, CEO da Convert<br />

e head <strong>de</strong> digital business<br />

da Artplan; muita coisa mudou,<br />

como a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamento<br />

dos consumidores, o<br />

que traz novos <strong>de</strong>safios, mas é<br />

importante que as marcas comecem<br />

a sair do lugar <strong>de</strong> commodities<br />

em que entraram quando<br />

focaram muito em performance<br />

e <strong>de</strong>ixaram a construção <strong>de</strong> marca<br />

em segundo plano.<br />

“Precisa haver uma preocupação<br />

com essa queda das marcas,<br />

em como gerar proximida<strong>de</strong><br />

e pensar em como ressignificar<br />

os meios tradicionais”, disse<br />

Glaucia. Para a executiva, também<br />

é preciso retirar o título<br />

<strong>de</strong> ‘veículo <strong>de</strong> massa’ das TVs –<br />

<strong>de</strong>nominação que po<strong>de</strong> sugerir<br />

que a marca está atirando para<br />

todos os lados, sem controle –,<br />

até porque hoje o mercado já<br />

conta com uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

números para analisar.<br />

Segundo Alarico Naves, superinten<strong>de</strong>nte-comercial<br />

multiplataforma<br />

do Grupo Record, essa<br />

9º Encontro <strong>de</strong> Mídias reuniu nomes como Hermann Mahnke, Ricardo Monteiro, Glaucia Montanha e Alarico Naves<br />

relação com agência e anunciantes<br />

tem evoluído muito na<br />

emissora. Ele cita como exemplo<br />

a inserção do TikTok no programa<br />

A Fazenda, uma parceria que<br />

ajudou a impulsionar a presença<br />

da plataforma no Brasil e virou<br />

case.<br />

“Nós escutamos os anunciantes,<br />

os seus <strong>de</strong>sejos e moldamos<br />

os formatos e entregas especiais<br />

em conteúdos para trabalhar e<br />

avançar nos projetos”, <strong>de</strong>staca<br />

o executivo sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> estratégias que contextualizam<br />

os produtos <strong>de</strong>ntro<br />

dos programas da gra<strong>de</strong> da<br />

emissora.<br />

Nessa jornada <strong>de</strong> criar conexões<br />

mais assertivas, os executivos<br />

também se mostraram<br />

preocupados com o manuseio<br />

dos dados e como gerar insights<br />

a partir <strong>de</strong>les. Como as informações<br />

não param <strong>de</strong> aumentar<br />

e chegam quebradas, por diversas<br />

fontes, hoje há uma dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conseguir visualizá-las<br />

“Acredito muito<br />

numA intimidA<strong>de</strong><br />

entre AgênciA,<br />

AnunciAnte<br />

e veículos <strong>de</strong><br />

comunicAção”<br />

Fotos: Alê Oliveira<br />

integralmente.<br />

Segundo Glaucia, esse processo<br />

<strong>de</strong> análise <strong>de</strong> dados está consumindo<br />

um número “absurdo<br />

<strong>de</strong> pessoas”. “Um terço dos<br />

profissionais tentando conectar<br />

dados, não criando insights.<br />

Temos <strong>de</strong> conversar sobre isso<br />

e elevar a discussão. Quantas<br />

pessoas iremos precisar, num<br />

trabalho que é supermanual,<br />

com dados quebrados?”, questiona.<br />

Um cenário problemático<br />

especialmente diante da falta <strong>de</strong><br />

profissionais <strong>de</strong> tecnologia no<br />

mercado.<br />

“Data lake [repositório <strong>de</strong> dados]<br />

é uma solução, mas tem <strong>de</strong><br />

interpretar. É uma combinação<br />

<strong>de</strong> inteligência artificial, mas<br />

precisa <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> pessoas”,<br />

diz Monteiro, da Tunad.<br />

Todas essas transformações no<br />

mercado têm criado questionamento<br />

sobre qual <strong>de</strong>ve ser o perfil<br />

e o comportamento do novo<br />

mídia. Para Fabio Freitas, chief<br />

growth officer da FCB e integran-<br />

32 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


Fotos: Alê Oliveira<br />

Fabio Freitas, da FCB: “Eu acredito num mercado híbrido <strong>de</strong> generalistas e estrategistas”<br />

Marcelo Pachedo, da WarnerMedia: “O mídia nunca esteve tão importante”<br />

te do Grupo <strong>de</strong> Mídia, o maior <strong>de</strong>safio<br />

é que o mercado <strong>de</strong>manda<br />

profissionais cada dia mais ecléticos.<br />

“Quando ele tem um <strong>de</strong>safio,<br />

as soluções são multiplicadas.<br />

Ele é obrigado a ter um leque<br />

<strong>de</strong> conhecimento muito melhor e<br />

mais amplo. Eu acredito em um<br />

mercado híbrido <strong>de</strong> generalistas<br />

e estrategistas <strong>de</strong> longo prazo e<br />

a atuação muito cirúrgica <strong>de</strong> profissionais<br />

que são especialistas”.<br />

Em sua concepção, o perfil mais<br />

estratégico ten<strong>de</strong>ria a ficar com<br />

o anunciante, que contrataria a<br />

agência e os seus especialistas<br />

para executarem o plano.<br />

Segundo Marcelo Pacheco,<br />

VP ad salles da WarnerMedia, o<br />

mídia “nunca teve tão importante”.<br />

“Antes, teve aquele esfriamento<br />

da carreira do mídia,<br />

e agora é um personagem fundamental<br />

<strong>de</strong>ntro das estruturas<br />

dos veículos”. Ele conta que os<br />

meios <strong>de</strong> comunicação começaram<br />

a enxergar o que só as agências<br />

percebiam antes: o valor<br />

que esses profissionais po<strong>de</strong>m<br />

entregar no dia a dia, por terem<br />

o olhar <strong>de</strong> quem compra. “Se o<br />

cara tem formação em mídia,<br />

ele tem um enorme diferencial<br />

competitivo”, afirma.<br />

Freitas aproveitou o evento<br />

também para mostrar a nova<br />

estrutura do Grupo <strong>de</strong> Mídia,<br />

que tem a proposta <strong>de</strong> ser mais<br />

aberto, plural e contar com profissionais<br />

<strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> agências,<br />

veículos e anunciantes para amplificar<br />

o seu alcance.<br />

Prêmio<br />

O evento realizado na última<br />

semana ainda revelou os vencedores<br />

do 9º Prêmio Encontro<br />

<strong>de</strong> Mídias. As indicações para<br />

o reconhecimento dos profissionais<br />

foram selecionadas em<br />

2019 e divulgadas recentemente,<br />

após a retomada das ativida<strong>de</strong>s.<br />

São eles: COO/presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> agência: Hugo Rodrigues<br />

(WMcCann); VP/diretor-geral <strong>de</strong><br />

mídia: Andrea Hirata (Leo Burnett);<br />

Equipe <strong>de</strong> mídia: DPZ&T;<br />

Diretor <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> contas:<br />

Thiago Rodrigues (BETC Havas);<br />

VP/diretor <strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação:<br />

Maurício Kotait (Viacom<br />

Brasil - hoje o profissional<br />

está na CNN); Diretor/executivo<br />

<strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação: Ari<br />

Martire (Viacom Brasil); Melhor<br />

equipe comercial <strong>de</strong> veículo<br />

<strong>de</strong> comunicação: Re<strong>de</strong> Globo;<br />

Profissional <strong>de</strong> marketing e comunicação<br />

<strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação:<br />

Eduardo Coutinho<br />

(Sony); Profissional <strong>de</strong> anunciante:<br />

Igor Puga (Santan<strong>de</strong>r).<br />

Publisher do ProPmarK recebe<br />

homenagem por sua trajetória<br />

Armando Ferrentini, diretor-<br />

-presi<strong>de</strong>nte e publisher do<br />

PROPMARK, foi homenageado<br />

no 9º Encontro <strong>de</strong> Mídias por<br />

suas contribuições ao mercado<br />

<strong>de</strong> comunicação. Ele foi o<br />

primeiro jornalista a escrever<br />

sobre o tra<strong>de</strong> publicitário no<br />

Brasil. Ao receber o prêmio,<br />

Ferrrentini disse que se sentia<br />

lisonjeado com o reconhecimento.<br />

“Muito obrigado por essa<br />

homenagem incrível, talvez<br />

não mereça tanto, mas, como<br />

dizia o saudoso Carlito Maia, ‘e<br />

se eu merecer?’. Foi tão incrível<br />

essa homenagem que superou<br />

em muito o que eu tinha preparado.<br />

O que fica disso é que<br />

a vida vale a pena, o trabalho<br />

recompensa, a honestida<strong>de</strong> é<br />

um valor que só valoriza quem<br />

a tem, e esse mundo da propaganda<br />

é um mundo totalmente<br />

diferente, <strong>de</strong> emoções frequentes”,<br />

afirmou.<br />

No ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> homenagem, a<br />

organização do Encontro <strong>de</strong> Mí-<br />

Alê Oliveira<br />

Armando Ferrentini recebe das mãos <strong>de</strong> Claudio Venancio prêmio especial pela carreira<br />

dias <strong>de</strong>stacou o pioneirismo <strong>de</strong><br />

Ferrentini no jornalismo sobre<br />

o mercado publicitário nacional,<br />

a criação do coluna Asteriscos,<br />

em 1965, que daria origem<br />

posteriormente ao PROPMARK;<br />

a atuação <strong>de</strong>cisiva para a criação<br />

da ESPM, da qual é presi<strong>de</strong>nte<br />

do Conselho Deliberativo<br />

e conselheiro emérito, além da<br />

<strong>de</strong>fesa constante do livre mercado<br />

e do estímulo às melhores<br />

práticas <strong>de</strong>ntro do indústria <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

Em seu discurso, Ferrentini<br />

lembrou que, ainda na época<br />

da coluna Asteriscos, escrevia<br />

sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Brasil<br />

participar mais dos eventos internacionais,<br />

como o festival <strong>de</strong><br />

Cannes, para conhecer e avançar,<br />

e hoje vê com felicida<strong>de</strong> o<br />

fato <strong>de</strong> o país ter uma das melhores<br />

publicida<strong>de</strong>s do mundo,<br />

capaz <strong>de</strong> encantar milhões <strong>de</strong><br />

pessoas diariamente. “Graças<br />

ao talento brasileiro, que absorve<br />

o que há <strong>de</strong> melhor nas<br />

artes e consegue fazer melhor.<br />

O mundo não aprecia apenas<br />

o Brasil pelas suas belezas naturais,<br />

pelas diversas fases da<br />

temperatura, o mundo nos admira<br />

porque realmente merecemos<br />

ser admirados”.<br />

Para Claudio Venancio, publicitário<br />

e organizador do evento,<br />

o reconhecimento é uma forma<br />

<strong>de</strong> relembrar toda essa trajetória.<br />

“O Armando é um dos poucos<br />

publicitários que tem algumas<br />

décadas na propaganda<br />

brasileira, todas elas <strong>de</strong>dicadas<br />

ao incentivo da nossa publicida<strong>de</strong><br />

e aos profissionais que fazem<br />

parte <strong>de</strong>la, <strong>de</strong> forma que é mais<br />

do que merecida essa homenagem”,<br />

disse.<br />

mb<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 33


mercado<br />

Nelcina Tropardi é reeleita para<br />

presidência da aBa em <strong>2022</strong>-2024<br />

Associação ligada aos anunciantes também elegeu novos membros para<br />

a diretoria nacional, conselhos fiscais e presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> comitês nacionais<br />

Vinícius noVaes<br />

ABA (Associação Brasileira<br />

A <strong>de</strong> Anunciantes) reelegeu<br />

Nelcina Tropardi como presi<strong>de</strong>nte<br />

da entida<strong>de</strong> pelos próximos<br />

dois anos. A associação<br />

também escolheu novos membros<br />

para diretoria nacional,<br />

conselho superior, conselho<br />

fiscal e comitê <strong>de</strong> compliance,<br />

além <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> comitês<br />

nacionais.<br />

Para o cargo <strong>de</strong> copresi<strong>de</strong>nte<br />

do conselho superior foi<br />

eleita Patrícia Borges, chief<br />

digital & marketing officer da<br />

Diageo. Frank Pflaumer, vice-<br />

-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> marketing, comunicação<br />

e assuntos corporativos<br />

da Nestlé, foi reeleito<br />

1º vice-presi<strong>de</strong>nte da diretoria<br />

nacional; e Ana Paula Castello<br />

Branco, diretora <strong>de</strong> branding<br />

da TIM, reeleita presi<strong>de</strong>nte da<br />

ABA Capítulo Rio.<br />

Sergio Pompílio, da Johnson<br />

& Johnson – que atuou como<br />

copresi<strong>de</strong>nte nas duas gestões<br />

anteriores – foi eleito presi<strong>de</strong>nte<br />

do conselho superior.<br />

Investimentos em mídia crescem<br />

39% em 20<strong>21</strong>, aponta cenp-meios<br />

Relatório mostrou que valor total foi <strong>de</strong> R$ 19,7 bilhões; com aumento<br />

<strong>de</strong> 6,8%, internet foi a mídia que mais apresentou crescimento no ano<br />

Nova diretoria será li<strong>de</strong>rada por Nelcina Tropardi, que ficará no comando da entida<strong>de</strong> até 2024: objetivo <strong>de</strong> seguir sendo protagonista<br />

Nelcina relembrou que<br />

a ABA conquistou sua se<strong>de</strong><br />

própria <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 62 anos,<br />

e afirmou que iniciativas que<br />

marcaram o último biênio<br />

vão continuar, como o movimento<br />

pelas boas práticas<br />

Relatório do Cenp-Meios<br />

mostrou que o investimento<br />

em mídia, via agências,<br />

cresceu 38,7% no ano passado.<br />

O total, em 20<strong>21</strong>, foi <strong>de</strong> R$ 19,7<br />

bilhões ante R$ 14,2 bilhões em<br />

2020. Os dados foram fornecidos<br />

por 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todo o país.<br />

Entre os segmentos, a internet<br />

foi a que apresentou a maior alta<br />

entre os dois anos – 6,81%, com<br />

um investimento <strong>de</strong> R$ 6,6 bilhões<br />

e share <strong>de</strong> 33,5%. A TV aberta<br />

concentrou R$ 8,9 bi em 20<strong>21</strong>.<br />

O setor <strong>de</strong> mídia out of home, por<br />

sua vez, recebeu um investimento<br />

<strong>de</strong> R$ 1,6 bilhão. O cinema foi<br />

a mídia com o menor aporte das<br />

agências, com um valor pouco<br />

acima <strong>de</strong> R$ 15 milhões.<br />

Presi<strong>de</strong>nte do Cenp, Luiz<br />

Lara afirmou que o documento<br />

revela que o investimento publicitário<br />

voltou aos níveis pré-<br />

-pan<strong>de</strong>mia, quando o volume<br />

do mercado publicitário, que<br />

tem a intenção <strong>de</strong> contribuir<br />

com diversos fatores por meio<br />

<strong>de</strong> ações.<br />

“Sinto-me orgulhosa em estar<br />

mais uma vez na presidência<br />

da ABA, sendo que meu<br />

Alê Oliveira<br />

<strong>de</strong>sejo é que sigamos como<br />

protagonistas da construção<br />

<strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> comunicação<br />

mais transparente e colaborativo,<br />

fazendo do marketing<br />

um po<strong>de</strong>roso instrumento<br />

<strong>de</strong> transformação”, disse.<br />

foi <strong>de</strong> <strong>de</strong> R$ 17,5 bilhões.<br />

“O investimento teve um<br />

crescimento expressivo – falamos<br />

<strong>de</strong> quase 40% – em 20<strong>21</strong>,<br />

mesmo levando em conta a<br />

inflação do período. Apesar<br />

do cenário tão difícil, em meio<br />

a dificulda<strong>de</strong>s e incertezas,<br />

a publicida<strong>de</strong> reafirma ser a<br />

roda que faz a economia girar,<br />

aproximando consumidores e<br />

anunciantes, usando os bons<br />

serviços das agências e dos veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação”, disse<br />

Luiz Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp.<br />

Dudu Godoy, VP do Cenp,<br />

<strong>de</strong>staca a capilarida<strong>de</strong> dos dados<br />

do Cenp. “O painel tem um<br />

grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> sem paralelo.<br />

Os dados <strong>de</strong> investimento<br />

saem direto dos sistemas das<br />

agências participantes, graças<br />

ao trabalho das empresas AdSolutions,<br />

Microuniverso, Publi,<br />

VBS, IClips e Operand, provedoras<br />

<strong>de</strong> softwares <strong>de</strong> gestão”.<br />

34 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


marcas<br />

Usaflex lança coleção sem gênero<br />

para incrementar coleção <strong>de</strong> verão<br />

Marca diversificou negócio, antes restrito a calçados ortopédicos, com<br />

franquias e exportação para ven<strong>de</strong>r seus 25 mil pares produzidos por dia<br />

Paulo Macedo<br />

setor calçadista é um<br />

O dos mais consistentes<br />

da economia brasileira.<br />

O país tem alguns polos importantes,<br />

como o <strong>de</strong> Franca, em<br />

São Paulo, e o gaúcho. O <strong>de</strong>sign<br />

e a comunicação têm ajudado<br />

a formar o conhecimento das<br />

marcas e, consequentemente,<br />

propiciar valor agregado<br />

aos negócios, que movimentaram<br />

cerca <strong>de</strong> US$ 1 bilhão<br />

em 20<strong>21</strong> e estão em fase <strong>de</strong><br />

crescimento, segundo a Associação<br />

Brasileira das Indústrias<br />

<strong>de</strong> Calçados.<br />

A Usaflex, que manufatura<br />

25 mil pares por dia, está em<br />

fase <strong>de</strong> transformação, que<br />

será consolidada em breve com<br />

processo <strong>de</strong> rebranding como<br />

informa o diretor <strong>de</strong> marketing<br />

Claudio Teixeira, que administra<br />

um orçamento anual <strong>de</strong><br />

R$ 28 milhões, abastecido por<br />

fundo que tem como base as<br />

250 lojas franqueadas da marca<br />

que nasceu no segmento funcional/ortopédico,<br />

mas hoje<br />

tem share <strong>de</strong> 12% na sua produção<br />

e vendas. Atualmente, a pizza<br />

é dividida com 60% para os<br />

mo<strong>de</strong>los da área Casual; Ícones,<br />

com 8%; Essenciais, com 8%; e<br />

Estilo, com 5%.<br />

São 350 SKUs que se renovam<br />

a cada lançamento <strong>de</strong> coleção,<br />

cinco ao todo, mas com<br />

cápsulas que trazem 60 produtos<br />

para nichos específicos. No<br />

próximo mês <strong>de</strong> agosto, quando<br />

apresenta sua coleção <strong>de</strong><br />

primavera/verão, a Usaflex vai<br />

incorporar ao portfólio linha<br />

sem gênero, “completamente<br />

neutra”, nas palavras <strong>de</strong> Teixeira,<br />

que po<strong>de</strong>rão ser usados<br />

por consumidores <strong>de</strong> qualquer<br />

orientação. O lab interno <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign<br />

está reescrevendo para a<br />

linguagem brasileira o portfólio<br />

da italiana Extralight, especializada<br />

em E.V.A. (Etil Vinil Acetato),<br />

borracha não-tóxica flexível,<br />

que é a<strong>de</strong>rente a qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> calçado.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Mo<strong>de</strong>lo faz pose com artigo que integra o catálogo da marca, renovado a cada coleção<br />

O executivo Claudio Teixeira comanda o marketing da Usaflex, com fundo <strong>de</strong> R$ 28 mi<br />

Especializada em produtos<br />

em couro, que contempla 95%<br />

da sua carteira, os artigos com<br />

vinil fortalecem esse modal,<br />

que teve início com a primeira<br />

coleção batizada <strong>de</strong> Poofy.<br />

“Assim como Crox não tem<br />

gênero específico, vamos in-<br />

vestir nessa tendência com essa<br />

nova linha. Isso está alinhado<br />

com as ações <strong>de</strong> propósito que<br />

estamos implementando com o<br />

Por Todas e o Instituto Polem.<br />

Com a<strong>de</strong>são ao que recomenda<br />

a Lei Maria da Penha. Patrocinamos<br />

a final da Super Copa<br />

“A melhor dAtA do<br />

cAlendário pArA<br />

As nossAs vendAs<br />

ocorre no diA<br />

dAs mães. <strong>de</strong>pois,<br />

verão e nAtAl”<br />

Feminina, vencida pelo Corinthians,<br />

com placas e tapetes 3D<br />

ao lado das balizas”, <strong>de</strong>staca<br />

Teixeira.<br />

A comunicação da Usaflex é<br />

coor<strong>de</strong>nada pela agência Invent<br />

Casa Criativa. A maior parte é<br />

<strong>de</strong>stinada para ações no digital<br />

(60%), mas também na ambientação<br />

dos PDVs das franquias e<br />

das cinco mil lojas multimarcas<br />

(30%) e mídia 30%. Teixeira relata<br />

que em 2019 a Usaflex foi<br />

patrocinadora do Big Brother<br />

Brasil. Mantém presença em<br />

programas como o Cozinha Prática,<br />

apresentado pela chef Rita<br />

Lobo no canal fechado GNT.<br />

“Temos <strong>de</strong> estar atentos<br />

às tendências <strong>de</strong> mercado com<br />

alguma antecedência. O pessoal<br />

que participa das nossas<br />

imersões criativas consi<strong>de</strong>ra<br />

pesquisas da WGSN e também<br />

do instituto americano Snoop.<br />

Também observamos dados<br />

da Accenture para nos ajudar<br />

a compreen<strong>de</strong>r cenários”, afirma<br />

Teixeira. “A melhor data<br />

do calendário para as nossas<br />

vendas ocorre no Dia das Mães.<br />

Depois, verão e Natal”, ele<br />

acrescenta.<br />

Com os canais tradicionais<br />

em velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro, a<br />

i<strong>de</strong>ia é incrementar as vendas<br />

digitais por e-commerce. “Até<br />

2025, o investimento será <strong>de</strong><br />

R$ 100 milhões para o mo<strong>de</strong>lo<br />

omnichannel estar em todas as<br />

pontas. O nosso catálogo, produzido<br />

internamente, inclusive<br />

fotos, é outro instrumento. Ele<br />

nos ajuda no sell in (canais) e<br />

sell out (consumidores)”, finaliza<br />

Teixeira.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 35


AgênciAs<br />

Atenas se diferencia pela expertise<br />

regional e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> relações perenes<br />

Empresa <strong>de</strong> live marketing fundada na Bahia aposta em plataformas para<br />

construção <strong>de</strong> marca, com cases <strong>de</strong> Devassa e Green Your City, da HNK<br />

kelly dores<br />

Uma agência que tem duas<br />

baianas como sócias à<br />

frente <strong>de</strong> toda a operação. Quer<br />

mais diversida<strong>de</strong>? 65% do quadro<br />

dos colaboradores são formados<br />

por lí<strong>de</strong>res mulheres<br />

e vai além. “A gente tenta ser o<br />

mais plural e diverso possível<br />

para que a comunicação possa<br />

ser verda<strong>de</strong>ira. Esse olhar faz<br />

a diferença. A agência acabou<br />

<strong>de</strong> ganhar o Selo da Diversida<strong>de</strong><br />

Étnico-Racial, da Secretaria<br />

<strong>de</strong> Reparação <strong>de</strong> Salvador,<br />

tem uma quantida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> colaboradores negros e uma<br />

maioria formada por mulheres”,<br />

conta Denise Garrido, que<br />

fundou a agência <strong>de</strong> live marketing<br />

Atenas em 2007, ao lado<br />

<strong>de</strong> Quércia Andra<strong>de</strong>.<br />

Criada em Salvador, a Atenas<br />

transferiu há alguns anos sua<br />

se<strong>de</strong> para São Paulo, “o que <strong>de</strong>u<br />

mais visibilida<strong>de</strong>”, mas o olhar<br />

regional para o Nor<strong>de</strong>ste continua<br />

sendo um dos diferenciais<br />

da agência que atrai clientes<br />

com interesse em se comunicar<br />

com a região. “Pelo fato <strong>de</strong><br />

a agência ter nascido no Nor<strong>de</strong>ste,<br />

tem uma <strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong><br />

dos clientes para esse olhar<br />

diverso e regional. Somos uma<br />

Atenas para cada cliente”, ressalta<br />

Denise.<br />

Mas elas garantem que a<br />

empresa tem um pensamento<br />

global, tanto que ganhou no<br />

ano passado a plataforma <strong>de</strong><br />

música e sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Heineken, a Green Your City. A<br />

agência foi a responsável pelo<br />

lançamento da ação que iluminou<br />

<strong>de</strong> ver<strong>de</strong> prédios icônicos<br />

como o Copan e o Terraço Itália,<br />

na capital paulista.<br />

“A gente tem feito muitas<br />

plataformas para construção <strong>de</strong><br />

marca, com o objetivo <strong>de</strong> criar<br />

territórios e ações perenes”,<br />

<strong>de</strong>staca Denise. Ela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

a construção <strong>de</strong> relações que<br />

extrapolem o job a job. “A pior<br />

coisa que a gente vive no nosso<br />

mercado é o job a job, porque<br />

você não constrói uma relação<br />

com as marcas. A gente tem<br />

uma visão <strong>de</strong> construir a marca<br />

junto com o cliente, entrar na<br />

estratégia mesmo. A gente trabalha<br />

360º para a marca”.<br />

construção <strong>de</strong> mArcA<br />

Em sua visão, o futuro do<br />

mercado <strong>de</strong> live marketing é começar<br />

a construir marca. “Não<br />

é só o ATL que <strong>de</strong>termina isso.<br />

Muitas campanhas, experiências<br />

criadas pela Atenas <strong>de</strong>rivaram<br />

da abordagem da publicida<strong>de</strong>”,<br />

afirma Denise. Um dos<br />

cases <strong>de</strong> sucesso da Atenas é a<br />

Divulgação<br />

As sócias Denise Garrido e Quércia Andra<strong>de</strong> criaram a Atenas há 15 anos, em Salvador<br />

“A pior coisA<br />

que A gente vive<br />

no nosso mercAdo<br />

é o job A job”<br />

plataforma <strong>de</strong> música Devassa<br />

Tropical Transforma. “Devassa<br />

sempre foi vista como uma<br />

marca sexista e o objetivo da<br />

plataforma criada para o Carnaval<br />

foi se associar à música<br />

brasileira e isso virou o cerne da<br />

marca. A i<strong>de</strong>ia foi acabar com o<br />

passado sexista da marca e se<br />

conectar à música. A Devassa<br />

passou a patrocinar vários festivais<br />

culturais <strong>de</strong> música in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Promovemos vários<br />

eventos únicos, como o primeiro<br />

encontro <strong>de</strong> Gilberto Gil e<br />

Baianasystem”, cita ela.<br />

Com a pan<strong>de</strong>mia e a proibição<br />

<strong>de</strong> eventos presenciais,<br />

Quércia salienta que a agência<br />

teve <strong>de</strong> se reinventar e, apesar<br />

das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado,<br />

registrou crescimento nos dois<br />

últimos anos. O foco foi criar<br />

projetos digitais para os clientes.<br />

“Em vez <strong>de</strong> ficar parado e<br />

com medo, a gente foi pra cima<br />

com vários projetos. A Atenas<br />

promoveu mais <strong>de</strong> 40 lives”,<br />

pontua a publicitária.<br />

E quando as lives começaram<br />

a cair, a saída foi encontrar<br />

outro formato. “A Devassa foi a<br />

primeira marca a fazer uma live<br />

patrocinada na TV paga, com<br />

show no Multishow no mês da<br />

Consciência Negra, com Iza,<br />

Carlinhos Brown e Criolo, entre<br />

outros, para homenagear a cultura<br />

preta. Foi a terceira maior<br />

audiência da TV paga no Brasil”,<br />

afirma Denise.<br />

As publicitárias afirmam que<br />

o ano está aquecido com vários<br />

projetos encaminhados, além<br />

<strong>de</strong> a agência estar participando<br />

<strong>de</strong> diversas concorrências. “Temos<br />

eventos em produção para<br />

Devassa, Amstel e convenção<br />

para JBS, por exemplo”, indica<br />

Quércia, ressaltando que a relação<br />

próxima com os clientes<br />

faz a Atenas ter um alto índice<br />

<strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> contas. Entre<br />

as principais marcas atendidas<br />

atualmente estão Heineken,<br />

Devassa, Eisenbahn, Ba<strong>de</strong>n Ba<strong>de</strong>n,<br />

Amstel, JBS (Seara), Vivo,<br />

Suvinil, Accor e Beefeater.<br />

36 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark


supercenas<br />

Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />

Fotos: Divulgação<br />

Presente em mais <strong>de</strong> quatro mil pontos <strong>de</strong> venda, no país e na América Latina, Via Uno recorre à atriz e influencer Grazi Massafera para promover sua coleção <strong>de</strong>dicada ao inverno<br />

INVERNO<br />

A atriz Grazi Massafera é a estrela da campanha que promete aquecer<br />

o inverno mercadológico da marca Via Uno, presente em cerca<br />

<strong>de</strong> quatro mil PDVs no Brasil e na América Latina. “Queríamos um<br />

inverno quente e com muita cor, pois, além <strong>de</strong> ser uma tendência,<br />

as cores reforçam nosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver uma temporada positiva<br />

que atenda a todas as regiões. Com muita tranquilida<strong>de</strong>, a WTAG<br />

conduziu o projeto do início ao fim”, esclarece a executiva Carol<br />

Costa, gerente <strong>de</strong> marketing do anunciante. A equipe criativa da<br />

agência foi li<strong>de</strong>rada pelo sócio e ECD Dudu Rodrigues, com apoio<br />

da diretora <strong>de</strong> arte Bruna Rauber e da diretora <strong>de</strong> conteúdo Sarah<br />

Feltes.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Quando o diretor Gabriel Dietrich, do elenco da O2 Filmes, leu<br />

a letra <strong>de</strong> Dar uma Deitchada, da cantora Duda Beat, <strong>de</strong>cidiu<br />

trazer referências da MTV e usar clima retrô na cena. Para a coreografia<br />

arregimentou Flávio Verne, responsável pelas dancinhas<br />

<strong>de</strong> Luísa Sonza e Pablo Vittar. Dietrich já dirigiu Fernanda<br />

Montenegro e Fernanda Torres em campanha <strong>de</strong> Dia das Mães.<br />

O diretor da O2 Filmes Gabriel Dietrich, com Duda Beat, durante a gravação do clipe<br />

Ivete Sangalo está na campanha <strong>de</strong> Clinique criada pela agência MariaSãoPaulo<br />

IDADE<br />

Para materializar o lançamento da linha Smart, a marca <strong>de</strong> hidratantes<br />

Clinique trouxe a cantora Ivete Sangalo como embaixadora<br />

dos dois itens anti-ida<strong>de</strong> do seu portfólio: Sérum Smart<br />

e creme antirrugas Smart Eye. “Queríamos uma campanha encantadora<br />

com uma pessoa que refletisse a beleza da brasileira<br />

e nossas consumidoras se reconhecessem nela. Por isso, escolhemos<br />

Ivete Sangalo, essa mulher po<strong>de</strong>rosa que representa tão<br />

bem essa brasilida<strong>de</strong> e a pele das nossas consumidoras”, justifica<br />

Mariana Seta, diretora da Clinique, marca da The Estée<br />

Lau<strong>de</strong>r Companies. A criação é da agência MariaSãoPaulo.<br />

jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 37


última página<br />

Unsplash<br />

O não a<br />

gente já tem<br />

Flávio Waiteman<br />

não jornalista, que tem audiência <strong>de</strong><br />

O um gran<strong>de</strong> jornal e trata <strong>de</strong> assuntos<br />

que um gran<strong>de</strong> jornal trataria, mas que faz<br />

isso como se estivesse batendo um papo<br />

no boteco, nós já temos. E não dá certo. Falta<br />

formação <strong>de</strong> jornalista, falta faculda<strong>de</strong>, educação<br />

suficiente para que se entenda coisas<br />

como ética, responsabilida<strong>de</strong>, estética, língua<br />

portuguesa, dialética, e a sutil e perigosa<br />

diferença entre opinião, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />

e crime.<br />

O não político, que chegou lá<br />

fazendo a não política e prometendo<br />

a não política e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

um tempo em vez do toma lá da cá<br />

faz o toma toma, toma, toma lá dá<br />

cá, já temos também. E, também<br />

não <strong>de</strong>u certo. Não tem como dar<br />

certo, pois o não político uma hora<br />

cai justamente porque falta política.<br />

O difícil é quando todo um país<br />

sofre anos para apren<strong>de</strong>r isso.<br />

disrupção nos custa muito caro a reputação<br />

do mercado. Comunicação requer formação,<br />

ética, estética, antropologia, técnica, talento,<br />

estudo, tentativas, erros, acertos e humanida<strong>de</strong>.<br />

Requer 10 mil horas <strong>de</strong> treinamento<br />

no mínimo para quem se dispõem a tentar.<br />

Nada na natureza brilha sem fricção. Dá trabalho,<br />

mano.<br />

Vamos voltar para as faculda<strong>de</strong>s, para os<br />

centros educacionais, para as aulas <strong>de</strong> arte<br />

e até para o autodidatismo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja<br />

<strong>de</strong>dicação e talento envolvidos. Enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

gente voltou a ser hype.<br />

“O nãO<br />

pOlíticO é<br />

sedutOr nO<br />

iníciO e pOr<br />

issO é bem<br />

vOtadO”<br />

Os não veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />

que prometem a liberda<strong>de</strong>,<br />

voz a todos, a não interrupção, a<br />

<strong>de</strong>fesa das minorias mas que vivem<br />

<strong>de</strong> receitas publicitárias veiculadas<br />

em conteúdos <strong>de</strong> ódio,<br />

também já temos.<br />

O mundo já tem isso <strong>de</strong>mais. É<br />

a nova nicotina e não é legal.<br />

O não político é sedutor no início e por isso<br />

é bem votado, pois ninguém acredita, afinal,<br />

que alguém vai ser idiota em fazer todo absurdo<br />

que fala. Mas eles fazem.<br />

Precisamos <strong>de</strong> políticos bem formados, <strong>de</strong>centes,<br />

que façam uma coisa apenas a vida inteira:<br />

política. E, claro, sejam honestos.<br />

O não publicitário, que profetizou o fim<br />

da publicida<strong>de</strong> como conhecíamos, o fim da<br />

mídia como conhecíamos, o fim da filmagem<br />

<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> como conhecíamos... bem,<br />

você já enten<strong>de</strong>u, e que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prometer<br />

mudar tudo, abre uma agência que faz tudo<br />

menos comunicação <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, isso<br />

também já temos.<br />

E essa distração com o nome pomposo <strong>de</strong><br />

É hora <strong>de</strong> anunciantes saberem exatamente<br />

on<strong>de</strong> suas marcas são vistas. Ao lado <strong>de</strong> quais<br />

notícias ou conteúdos. E as notícias precisam<br />

vir <strong>de</strong> Folhas, Estadões, Globos etc. Veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação que são discutíveis, que têm<br />

gente que gosta e gente que não gosta, que<br />

pisam na bola, mas que têm CNPJ e en<strong>de</strong>reço<br />

fixo para pagar por isso. Informação é importante<br />

<strong>de</strong>mais e perigosa <strong>de</strong>mais para custar<br />

barato e ser fornecida por qualquer um.<br />

O não alguma coisa cansou. O não da cultura,<br />

o não do meio ambiente, dos direitos humanos,<br />

da saú<strong>de</strong>, o não presi<strong>de</strong>nte.<br />

É, amigo, o po<strong>de</strong>r da comunicação convenceu<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas a nos trazer até aqui.<br />

E será a comunicação que vai nos tirar daqui.<br />

E que seja urgente, pois tá osso.<br />

Flávio Waiteman é CCO/Foun<strong>de</strong>r da Tech and<br />

Soul<br />

flavio.waiteman@techandsoul.com.br<br />

38 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark

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