edição de 21 de março de 2022
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ARmANdO FeRReNtiNi<br />
ReCeBe HOmeNAGem<br />
9º Encontro <strong>de</strong><br />
Mídias premiou<br />
o publisher do<br />
PROPMARK e<br />
reuniu profissionais<br />
para falar sobre<br />
tendências. pág. 32<br />
ABA ReeleGe NelCiNA tROpARdi<br />
A ABA (Associação Brasileira <strong>de</strong> Anunciantes)<br />
elegeu também novos membros para os conselhos,<br />
comitês e presi<strong>de</strong>ntes regionais. pág. 34<br />
BlOOmiN’ BRANds<br />
ApOstA em Aussie<br />
A diretora <strong>de</strong><br />
marketing Renata<br />
Lamarco afirma que<br />
a re<strong>de</strong> especializada<br />
em frango está<br />
em forte expansão<br />
no Brasil. pág. 16<br />
propmark.com.br ANO 57 - Nº 2886 - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> R$ 15,00<br />
Freepik<br />
meio digital vive dilema <strong>de</strong><br />
privacida<strong>de</strong> e fake news<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a bolha da internet explodiu, em meados <strong>de</strong> 1999, o meio digital nunca foi tão<br />
colocado à prova. pouco mais <strong>de</strong> duas décadas <strong>de</strong>pois, o setor vivencia outro estouro. <strong>de</strong>sta<br />
vez, críticas acerca da invasão <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> e notícias falsas bombar<strong>de</strong>iam o <strong>de</strong>bate, que<br />
atinge em cheio a indústria da propaganda. O pROpmARK preparou especial que aborda<br />
soluções e leis que po<strong>de</strong>m transformar a veiculação <strong>de</strong> anúncios segmentados, responsáveis<br />
por 90% dos R$ 23 bilhões movimentados pela publicida<strong>de</strong> digital no Brasil. pág. 20
PROPMARK DIGITAL<br />
OU IMPRESSO. QUEM<br />
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O QUE ACONTECE NO<br />
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56 ANOS. DE VIDA.
editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Do lado das big techs, há resistência ao PL. No último dia 3 <strong>de</strong> março,<br />
o Facebook publicou anúncio na Folha <strong>de</strong> S.Paulo, Estadão e<br />
O Globo dizendo que “o PL das Fake News <strong>de</strong>veria combater fake<br />
news. E não a lanchonete do seu bairro”. Antes disso, Google, Meta,<br />
Twitter e Mercado Livre já haviam assinado uma carta conjunta alediscutindo<br />
o digital<br />
Já faz algum tempo que o complexo ambiente digital, com sua<br />
famosa sopa <strong>de</strong> letrinhas, se tornou um <strong>de</strong>safio enorme para a<br />
indústria da comunicação. Se por um lado a internet ajudou a publicida<strong>de</strong><br />
a direcionar <strong>de</strong> forma assertiva as mensagens das marcas,<br />
com um alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> segmentação, mensuração <strong>de</strong> audiência<br />
e uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais, por outro trouxe preocupações crescentes<br />
como as fake news e o <strong>de</strong>bate sobre a invasão da privacida<strong>de</strong><br />
dos dados dos consumidores.<br />
Hoje, mais do que nunca, o marketing digital está em pauta. A LGPD<br />
(Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados Pessoais), que entrou em vigor no<br />
país em agosto <strong>de</strong> 20<strong>21</strong>, impôs novas regras e exige consentimento<br />
para armazenamento das informações capturadas. Na esteira da nova<br />
lei, veio a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> acabar com os cookies para i<strong>de</strong>ntificar<br />
os usuários e suas respectivas experiências nos sites que visitam.<br />
O Google promete o fim do uso <strong>de</strong> cookies no Chrome até o fim <strong>de</strong>ste<br />
ano e como lí<strong>de</strong>r do ecossistema – ao lado do Facebook, concentra<br />
mais <strong>de</strong> 70% do investimento digital publicitário – vai impactar<br />
todo o mercado. Não à toa adtechs <strong>de</strong> todos os portes já se movimentam<br />
para encontrar alternativas mais simpáticas para i<strong>de</strong>ntificar<br />
o comportamento dos usuários e continuar entregando uma<br />
publicida<strong>de</strong> segmentada, <strong>de</strong> forma menos invasiva que os rastreadores<br />
dos computadores. Tecnologias avançadas para isso não faltam,<br />
garantem os especialistas.<br />
No Especial Digital <strong>de</strong>sta semana, Isabela Cardoso, head <strong>de</strong> produtos<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> do Google Brasil, explica que está em curso uma<br />
transformação da infraestrutura digital e programática alinhada<br />
aos novos padrões <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>. Para preservar seus produtos <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong>, entre os quais machine learning, automação e dados<br />
próprios, o Google está promovendo discussões com cerca <strong>de</strong> 30<br />
players do universo martech global para diagnosticar o que chama<br />
<strong>de</strong> novas tecnologias <strong>de</strong> anonimização.<br />
Outro calcanhar <strong>de</strong> aquiles é o fato <strong>de</strong> as plataformas digitais terem<br />
se tornado terreno fácil para a proliferação <strong>de</strong> notícias falsas.<br />
Aqui no Brasil, a discussão se arrasta entre idas e vindas arbitradas<br />
por alterações da Câmara dos Deputados no texto original do<br />
senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do Projeto <strong>de</strong> Lei<br />
2630/20, que institui a Lei Brasileira <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>, Responsabilida<strong>de</strong><br />
e Transparência na Internet, conhecido como PL das Fake News.<br />
O texto, relatado pelo <strong>de</strong>putado Orlando Silva (PCdoB-SP), segue<br />
em apreciação.<br />
É possível que a votação ocorra ainda neste mês <strong>de</strong> março. Mas não<br />
há consenso. Um lado <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> mais rigi<strong>de</strong>z, enquanto o outro quer<br />
um texto mais genérico. O PL prevê, por exemplo, que as plataformas<br />
digitais tenham representação no país, o que não ocorre com o<br />
Telegram, re<strong>de</strong> adotada pelo presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro.<br />
Em 15 <strong>de</strong> fevereiro, Facebook, Google, YouTube, Instagram, Twitter,<br />
TikTok, WhatsApp e Kwai assinaram um acordo com o TSE<br />
(Tribunal Superior Eleitoral) para combater a <strong>de</strong>sinformação nas<br />
eleições <strong>de</strong> <strong>2022</strong>. O Telegram foi o único ausente, e o LinkedIn<br />
também firmou um memorando <strong>de</strong> entendimento. Canais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>núncias, avisos <strong>de</strong> conteúdo in<strong>de</strong>vido, relatórios <strong>de</strong> transparência<br />
e treinamentos para autorida<strong>de</strong>s eleitorais estão entre os<br />
compromissos assumidos.<br />
“O PL 2630/2020 trata questões sensíveis. Medos e ameaças parecem<br />
ser sensações que <strong>de</strong>correm <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong> e do momento<br />
em que muitas <strong>de</strong>finições ainda precisam ser feitas, sobretudo<br />
tratando-se <strong>de</strong> um ano eleitoral”, comenta o advogado Maurício<br />
Tamer, em entrevista ao PROPMARK.<br />
gando que o PL representa uma “ameaça à publicida<strong>de</strong> digital”. O<br />
setor argumenta que o projeto impe<strong>de</strong> a segmentação <strong>de</strong> anúncios,<br />
o que prejudicaria principalmente pequenas e médias empresas.<br />
Mas em um ponto todos concordam: quanto mais transparência<br />
menos fake news. Porém, a indústria do segmento acredita que o<br />
PL precisa ainda maturar.<br />
***<br />
Anunciantes<br />
Na semana passada, Nelcina Tropardi foi reeleita para mais dois<br />
anos <strong>de</strong> mandato à frente da presidência da ABA (Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Anunciantes). A eleição ocorreu durante reunião <strong>de</strong> diretoria<br />
da entida<strong>de</strong>. Em entrevista exclusiva ao PROPMARK, Nelcina falou<br />
sobre os planos para o novo mandato na entida<strong>de</strong>, o movimento<br />
<strong>de</strong> boas práticas no mercado publicitário, além <strong>de</strong> uma possível<br />
volta da ABA ao Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) – a<br />
associação se <strong>de</strong>sligou do Cenp em janeiro do ano passado.<br />
“Essa gestão será marcada pelos <strong>de</strong>safios da contemporaneida<strong>de</strong>, sendo<br />
um <strong>de</strong>les, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> trabalho híbrido. Virtual e presencial juntos<br />
não é mais um efeito temporário, seja para o trabalho ou para a realização<br />
<strong>de</strong> eventos. E essa realida<strong>de</strong> tem um impacto importante na vida<br />
<strong>de</strong> uma associação, isto é, como seguir sendo um ponto <strong>de</strong> suporte e<br />
contato para os associados no presencial e no virtual. De qualquer forma,<br />
não po<strong>de</strong>mos retroce<strong>de</strong>r, temos <strong>de</strong> reapren<strong>de</strong>r a trabalhar nessa<br />
nova dinâmica”, disse ela em um dos trechos da entrevista publicada<br />
na íntegra no PROPMARK online (encurtador.com.br/fhmF4).<br />
Sobre o Cenp, a executiva disse que “a ABA po<strong>de</strong>rá, sim, futuramente<br />
avaliar seu retorno ao Cenp, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá dos próximos<br />
passos do órgão em sua restruturação”. Nelcina explica: “Convidamos<br />
Luiz Lara e Silvio Genesini para apresentarem seus planos para<br />
o novo Cenp a fim <strong>de</strong> que possamos acompanhar <strong>de</strong> perto essas<br />
importantes movimentações. A participação <strong>de</strong>les nesta reunião <strong>de</strong><br />
diretoria da ABA não significa que estamos voltando para o Cenp.<br />
Ela representa a continuida<strong>de</strong> do diálogo que temos mantido com a<br />
nova gestão do Cenp para acompanhar sua evolução efetiva”.<br />
***<br />
Crescimento <strong>de</strong> investimento<br />
Boa notícia para o mercado publicitário. Segundo o ranking Cenp-<br />
-Meios, que acaba <strong>de</strong> ser divulgado, o investimento em mídia em<br />
20<strong>21</strong> totalizou R$ 19,7 bilhões, um crescimento <strong>de</strong> 38,7% na comparação<br />
com o ano anterior, quando o volume alcançou R$ 14,2 bi<br />
– em em 2019, antes da pan<strong>de</strong>mia, esse valor foi <strong>de</strong> R$ 17,5 bilhões,<br />
com dados <strong>de</strong> 226 agências.<br />
Neste ano, os dados foram fornecidos por 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> todo o país, participantes do painel. Em 2020, participaram<br />
<strong>21</strong>7 agências. “Mesmo partindo <strong>de</strong> bases diferentes, é inegável que<br />
a publicida<strong>de</strong> brasileira mostrou a sua força mais uma vez”, afirmou<br />
Luiz Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp.<br />
“O investimento publicitário superou com folga os níveis pré-pan<strong>de</strong>mia,<br />
com um crescimento expressivo – falamos <strong>de</strong> quase 40%<br />
– em 20<strong>21</strong>, mesmo levando em conta a inflação do período. Mesmo<br />
num cenário tão difícil, em meio a dificulda<strong>de</strong>s e incertezas, a<br />
publicida<strong>de</strong> reafirmou ser a roda que faz a economia girar, aproximando<br />
consumidores e anunciantes, usando os bons serviços das<br />
agências e dos veículos <strong>de</strong> comunicação”, completou Lara.<br />
***<br />
Encontro<br />
Confira a cobertura do 9º Encontro <strong>de</strong> Mídias, que reuniu profissionais<br />
para discutir <strong>de</strong>safios e tendências da indústria, além <strong>de</strong> premiar<br />
gran<strong>de</strong>s nomes da propaganda. Este editorialista recebeu homenagem<br />
por sua trajetória <strong>de</strong> décadas no mercado <strong>de</strong> comunicação.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 3
Índice<br />
Especial Digital<br />
analisa PL das<br />
Fake news<br />
A Câmara dos Deputados po<strong>de</strong><br />
aprovar ainda no fim <strong>de</strong>ste mês<br />
o Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/20.<br />
Indústria do segmento tem<br />
severas críticas ao texto.<br />
Divulgação<br />
Live marketinG<br />
atenas busca<br />
diversida<strong>de</strong> interna<br />
Originária da Bahia, agência li<strong>de</strong>rada por<br />
Denise Garrido e Quércia Andra<strong>de</strong> (foto)<br />
fala que 65% do quadro dos colaboradores<br />
é formado por lí<strong>de</strong>res mulheres. Denise<br />
afirma ainda que tenta ser mais plural e<br />
diversa possível para que a comunicação<br />
possa ser verda<strong>de</strong>ira. pág. 36<br />
caPa<br />
20<br />
Unsplash<br />
wirestock/ freepik<br />
mÍdia<br />
Unsplash<br />
cOnsumO<br />
Unsplash<br />
mercadO<br />
cenp revela<br />
investimento em mídia<br />
O Fórum da Autorregulação do<br />
Mercado Publicitário apresenta nesta<br />
segunda-feira (<strong>21</strong>) o painel Cenp-Meios<br />
20<strong>21</strong>. Os investimentos em mídia somam<br />
R$ 19,7 bilhões. Os dados foram fornecidos<br />
por 298 agências <strong>de</strong> todo o país. pág. 34<br />
Globoplay transmite<br />
cerimônia do Oscar<br />
Após 52 anos, a Re<strong>de</strong> Globo não exibirá<br />
o evento. O grupo mostrará a premiação<br />
pela plataforma Globoplay. No ambiente<br />
da TV paga, a transmissão será no TNT.<br />
Os âncoras serão Maria Beltrão, Fabio<br />
Porchat, Marcelo Adnet e Dira Paes. pág. 19<br />
microsoft amplia<br />
dynamics 365<br />
Empresa incrementou a solução que<br />
possibilita monitorar a jornada do<br />
consumidor. I<strong>de</strong>ia é aprimorar o trabalho do<br />
marketing a i<strong>de</strong>ntificar o comportamento<br />
dos clientes e oferecer recomendações<br />
customizadas com base na inteligência<br />
artificial. pág. 31<br />
editorial ................................................................3<br />
conexões ...............................................................6<br />
curtas ....................................................................8<br />
Quem Fez ............................................................10<br />
We Love mkt ......................................................12<br />
inspiração ..........................................................13<br />
Giro ......................................................................14<br />
Opinião ................................................................15<br />
entrevista ...........................................................16<br />
esG no mkt .........................................................18<br />
mídia ...................................................................19<br />
especial digital .................................................20<br />
mercado ..............................................................32<br />
marcas .................................................................35<br />
agências .............................................................36<br />
supercenas .........................................................37<br />
Última Página ....................................................38<br />
4 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Quando nos<br />
perguntam<br />
o que somos.<br />
Somos<br />
uma<br />
smartech.<br />
Somos<br />
a Brivia_<br />
E aqui está o<br />
convite para<br />
você nos<br />
conhecer melhor.
conexões<br />
Parabéns, Cristina Duclos, pelo<br />
novo <strong>de</strong>safio com uma linda<br />
proposta .<br />
Abaetê Azevedo<br />
última Hora<br />
LinkedIn:<br />
Post: Brasileiro será head global<br />
<strong>de</strong> criação da R/GA<br />
Saulo Rodrigues, meu ídolo!<br />
Val Pacheco<br />
Post: Marketing acompanha expansão<br />
do Dr. Consulta no mercado<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
dorinHo<br />
Post: Final Level anuncia aquisição<br />
da Nice House<br />
Vamos com tudo!<br />
Fernanda Lobao<br />
Post: Guilherme Brum retorna à<br />
Ampfy como sócio e chief business<br />
officer<br />
Obrigado pela nota e<br />
carinho, PROPMARK e time!<br />
Guilherme Brum<br />
Post: WMcCann cria em SP cargo<br />
<strong>de</strong> diretor-geral e promove<br />
Vitor Lieff<br />
Obrigado PROPMARK!<br />
Vitor Lieff<br />
Post: João Branco, do Méqui:<br />
precisamos <strong>de</strong> menos campanhas<br />
e <strong>de</strong> mais conversas<br />
Esse cara me inspira todos<br />
os dias a amar muito tudo<br />
isso <strong>de</strong> marketing.<br />
Lígia Couto<br />
MARTECH<br />
O empresário Bazinho Ferraz, CEO, fundador e sócio da<br />
holding B&Partners, anuncia ao mercado nesta segunda-<br />
-feira (<strong>21</strong>) o ingresso no seu ecossistema da Postmetria,<br />
especializada em CXaaS (Customer Experience as a<br />
Service). Ferraz, na foto acima, à direita, com o CEO e sócio<br />
Dirceu Corrêa Jr., explica o movimento: “Nos estruturamos<br />
para acelerar o crescimento <strong>de</strong> martechs e retailtechs.<br />
Elas possuem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio escalável que soma<br />
ao portfólio <strong>de</strong> soluções da B&P <strong>de</strong> brandtech network.<br />
Funciona como um filtro <strong>de</strong> especialistas nos mercados<br />
<strong>de</strong> marketing e varejo para investidores por estarmos em<br />
constante contato com empresas <strong>de</strong>sses setores.<br />
A Postmetria inaugura com sua especialização em levar<br />
o CX a um outro patamar <strong>de</strong> uso”. A Posmetria tem na<br />
sua li<strong>de</strong>rança, além <strong>de</strong> Corrêa Jr., os executivos Eduardo<br />
Moscheta (CTO) e Jeferson Weber Santos (CFO).<br />
ATIVAÇÃO<br />
O L.A.B Diageo (Leo Arc Blend), operação que reúne<br />
profissionais da ARC Worldwi<strong>de</strong> Brasil e Leo Burnett<br />
Tailor Ma<strong>de</strong>, está promovendo a ação Praia <strong>de</strong> Paulistano,<br />
que leva o clima <strong>de</strong> praia para dois pontos icônicos<br />
<strong>de</strong> São Paulo: Avenida Paulista e Parque Villa Lobos.<br />
O projeto, para a marca Gordon’s Tonic, é inspirado no<br />
comportamento das pessoas que vivem na cida<strong>de</strong> e<br />
adotam parques e avenidas como suas praias (foto acima).<br />
PROPCAST<br />
Mariana Sá, CCO da WMcCann, vai ser a representante<br />
brasileira no júri da área Direct do D&AD <strong>de</strong>ste ano, que<br />
será realizado em maio. A criativa, convidada <strong>de</strong> mais<br />
uma edição do PROPCAST, participará do festival pela<br />
terceira vez como jurada. A temática social permanece.<br />
“A pan<strong>de</strong>mia acelerou esse processo, mas a gente já vinha<br />
vendo essa movimentação antes da pan<strong>de</strong>mia”, afirma.<br />
6 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
curtas<br />
oMniCoM tAMBéM sAi dA rússiA<br />
WMCCAnn soLtA A LíngUA<br />
finAL LeveL CoMprA niCe HoUse<br />
Social Income/Unsplash<br />
Empresas fecham o cerco à Rússia<br />
O grupo Omnicom aumenta a lista <strong>de</strong><br />
empresas que resolveram <strong>de</strong>ixar a Rússia<br />
após a invasão da Ucrânia. Li<strong>de</strong>ranças conversam<br />
com parceiros locais “para garantir<br />
a continuida<strong>de</strong> dos serviços aos clientes<br />
e proporcionar um futuro para colegas<br />
russos, alguns há décadas na Omnicom”,<br />
diz o grupo em comunicado. Na Ucrânia,<br />
a holding tem cerca <strong>de</strong> 200 colaboradores,<br />
que estão recebendo ajuda humanitária,<br />
incluindo transporte, acomodações, vistos<br />
e documentos <strong>de</strong> trabalho, serviços <strong>de</strong> tradução,<br />
suporte <strong>de</strong> realocação, suprimentos<br />
e apoio médico. Dentsu, WPP, Publicis e<br />
IPG também já saíram da Rússia.<br />
JoHnnie WALker ContrA Assédio<br />
Paula Molina, diretora <strong>de</strong> RH da agência<br />
O programa WMcCann Bilíngue começa<br />
a ser oferecido aos colaboradores da<br />
agência com oferta <strong>de</strong> bolsas na plataforma<br />
GoFluent a partir do próximo mês <strong>de</strong><br />
abril. Meta<strong>de</strong> das vagas são reservadas<br />
para aceleração <strong>de</strong> carreira e diversida<strong>de</strong><br />
com foco no idioma inglês para ambiente<br />
corporativo. “Incentivo é essencial para<br />
retenção”, lembra Paula Molina, diretora<br />
<strong>de</strong> RH da WMcCann. Estão previstas aulas<br />
<strong>de</strong> conversação e materiais disponíveis <strong>de</strong><br />
forma online. Os contemplados <strong>de</strong>verão<br />
cumprir no mínimo <strong>de</strong>z horas mensais <strong>de</strong><br />
treinamento, duas aulas em grupo ao mês<br />
e testes semestrais.<br />
vivo gArAnte presençA pretA<br />
Equipe comemora chegada da nova operação<br />
A compra da plataforma <strong>de</strong> entretenimento<br />
do TikTok Nice House pela Final<br />
Level Co chega para consolidar marcas<br />
próprias, talentos e ativos <strong>de</strong> ambas as<br />
empresas. A experiência da Nice House<br />
em ví<strong>de</strong>os curtos e em pequenos e médios<br />
creators combinada com a expertise da<br />
Final Level Co junto a gran<strong>de</strong>s criadores<br />
<strong>de</strong>ve ajudar a nova operação a atingir um<br />
faturamento estimado <strong>de</strong> R$ 50 milhões<br />
em <strong>2022</strong>. O processo <strong>de</strong> aquisição contou<br />
com assessoria financeira do BTG Pactual e<br />
da consultoria Visagio. Os sócios-fundadores<br />
da Nice House se juntarão à Final Level<br />
Co como sócios-executivos.<br />
AfriCA CoLoCA BrAsiL nA WArC<br />
Johnnie Walker e Women Friendly se juntam na ação<br />
A partir <strong>de</strong>ste mês, Johnnie Walker custeará<br />
a certificação <strong>de</strong> 40 estabelecimentos<br />
das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />
Recife com o selo Women Friendly, além<br />
<strong>de</strong> oferecer, gratuitamente, capacitação a<br />
mil profissionais da área, interessados em<br />
obter informações sobre como tornar os<br />
ambientes mais seguros para as mulheres.<br />
A iniciativa ocorre após alertas da pesquisa<br />
Bares sem Assédio, realizada pelo Studio<br />
I<strong>de</strong>ias com 2.2<strong>21</strong> entrevistadas. Os dados<br />
revelam que 66% das brasileiras já foram<br />
assediadas em bares, baladas, restaurantes<br />
e casas noturnas. Entre as trabalhadoras, o<br />
índice sobe para 78%.<br />
Ingressos são para Lollapalooza, que terá Djonga<br />
A Vivo vai presentear pessoas negras<br />
com a sua cota <strong>de</strong> ingressos do Lollapalooza.<br />
Patrocinadora do Lolla Lounge, a<br />
telecom abarca a iniciativa no projeto #PresençaPreta,<br />
divulgado sob o slogan Nossos<br />
holofotes estão na plateia. Nosso olhar, no<br />
futuro. Com filme estrelado pelo rapper<br />
Djonga, a campanha tem veiculação na TV<br />
e mídias digitais. A estratégia <strong>de</strong> comunicação<br />
ainda reúne mais <strong>de</strong> 50 influenciadores<br />
negros convidados pela marca para<br />
produzirem conteúdos especiais sobre o<br />
evento. A VMLY&R assina o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da ação. O Lollapalooza está marcado<br />
para os dias 25, 26 e 27 <strong>de</strong> março.<br />
Ação Salla 2032 ajudou a <strong>de</strong>finir posição na Warc<br />
O Brasil assegura participação no<br />
Creative - 100, da Warc, com a Africa, que<br />
ficou em terceiro lugar no ranking. Publicis<br />
Milão e AMV BBDO London ocupam<br />
os primeiros lugares. premiações globais<br />
e regionais ajudaram a <strong>de</strong>finir a lista, que<br />
consi<strong>de</strong>rou campanhas criadas para Sport-<br />
TV, Folha <strong>de</strong> S.Paulo e Associação Brasileira<br />
<strong>de</strong> Psiquiatria. salla 2032, para House<br />
of Lapland, também foi <strong>de</strong>cisiva. A ação,<br />
que ganhou GP em Entertainment Lions for<br />
Sport e sete Leões no Cannes Lions 20<strong>21</strong>,<br />
cravou a candidatura da cida<strong>de</strong> finlan<strong>de</strong>sa<br />
<strong>de</strong> Salla para os Jogos <strong>de</strong> Verão 2032 a fim<br />
<strong>de</strong> alertar sobre mudanças climáticas.<br />
Diretor-presi<strong>de</strong>nte e jor na lis ta<br />
res pon sá vel<br />
Ar man do Fer ren ti ni<br />
Editora-chefe: Kelly Dores<br />
Editores: Neu sa Spau luc ci, Paulo<br />
Macedo e Alê Oliveira (Fotografia)<br />
Editores-assistentes: Janaina<br />
Langsdorff e Vinícius Novaes<br />
Editor especial: Pedro Yves<br />
Repórteres: Carolina Vilela e Marcos<br />
Bonfim<br />
Revisor: José Carlos Boanerges<br />
Edição <strong>de</strong> Arte: Adunias Bispo da Luz<br />
Assistente <strong>de</strong> Arte: Lucas Boccatto<br />
Departamento Comercial<br />
Gerentes: Mel Floriano<br />
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8 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
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Enquanto todo mundo assistia ao<br />
boom do e-commerce, agimos rápido<br />
e criamos uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios para<br />
a aceleração <strong>de</strong> e-business com a<br />
Integer\OutPromo.<br />
Enquanto o mercado cobrava agilida<strong>de</strong><br />
e custos otimizados nas produções, criamos<br />
uma produtora in-house para produções<br />
<strong>de</strong> baixa complexida<strong>de</strong>.<br />
Enquanto todos tratavam o PR<br />
como um assunto separado, criamos<br />
uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negócios com a<br />
InPress | Porter Novelli,<br />
rompendo os padrões <strong>de</strong> press releases<br />
e colocando o PR no centro <strong>de</strong> tudo.<br />
Porque trabalhamos todos os dias para<br />
antecipar as necessida<strong>de</strong>s das nossas<br />
marcas e entregar uma solução disruptiva<br />
para todas elas.<br />
Isso é<br />
Isso é<br />
Escaneie e fale<br />
com a Marcia Esteves<br />
pra saber como<br />
po<strong>de</strong>mos fazer a diferença<br />
para a sua marca.
quEm fEz<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
IMUNIDADE<br />
Com término no fim <strong>de</strong>ste mês <strong>de</strong> março, a<br />
campanha no Instagram <strong>de</strong> Targifor+C com<br />
influencers, entre os quais Adriana Alves,<br />
Luiza, Lore Improta, Xamã, Ivan Moré e Macla<br />
Tenório, ressalta a mensagem <strong>de</strong> oferecer<br />
mais imunida<strong>de</strong> para os consumidores. Além<br />
disso, ação mostra que o medicamento dá<br />
mais disposição.<br />
Music2 Mynd<br />
SANOFI<br />
Título: Mynd Influencers Club; produto: Targifor+C;<br />
CEO: Fátima Pissarra; COO: Carlos Scappini;<br />
planejamento: Mari Lima, Diego “Dico” Barbosa,<br />
Gilson Sabino, Lara Lebrão e João Pedro Branco;<br />
aprovação: Eugénie Cornuet, Maria Eugenia Duca<br />
e Luisa Men<strong>de</strong>s.<br />
Fotos: Divulgação<br />
MINIDOC<br />
Composto por 10 episódios, no ar no You-<br />
Tube e nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Black Princess <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
dia 11, sempre às sextas-feiras, projeto mostra<br />
o lado B do artista, pouco conhecido do<br />
gran<strong>de</strong> público que prestigia seus shows.<br />
A direção criativa e conceito é do próprio<br />
DJ Al0k e <strong>de</strong> Fábio Soares. Alok é business<br />
partner do anunciante <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 20<strong>21</strong>.<br />
bEtc HAVAs<br />
GRUPO PETRÓPOLIS<br />
Título: Histórias Não Contadas; criação: Marcelo<br />
Ribeiro, Victor Castelo, Pedro Arvati, Caio<br />
Stucchi-Zucchi, Matheus Szymanski, Philippe<br />
Demar e Rodrigo Cotellessa; aprovação: Eliana<br />
Cassandre, Nathalia Cajueiro, Lia Santamaria,<br />
Rodrigo Nogueira Silveira e João Paulo Araujo.<br />
MULHER<br />
Dakota trouxe Juliana Paes para li<strong>de</strong>rar homenagem<br />
neste mês <strong>de</strong>dicado às mulheres.<br />
As convidadas são Myrian Veloso, médica-<br />
-cirurgiã da etnia Guarani Mbyá; Paola Antonini,<br />
mo<strong>de</strong>lo, digital influencer e criadora <strong>de</strong><br />
um instituto para reabilitação <strong>de</strong> pessoas com<br />
<strong>de</strong>ficiência; e Liliane Rocha, mestre em políticas<br />
públicas e CEO da Gestão Kairós.<br />
bistrô<br />
DAKOTA<br />
Título: #Mulheres que causam; diretor <strong>de</strong> criação:<br />
Gabriel Besnos; diretora <strong>de</strong> planejamento:<br />
Bárbara Carrion; diretora <strong>de</strong> atendimento: Paula<br />
Fonseca Flôres; produção executiva: Marc E<strong>de</strong>nburg<br />
e Rafaella Molon; stylist: Yan Acioli; aprovação:<br />
equipe <strong>de</strong> marketing da Dakota.<br />
10 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
TEM GENTE FAZENDO COISA BOA.<br />
MOSTRE QUE VOCÊ É UMA DELAS.<br />
Prêmio Colunistas.<br />
Pra quem não aceita<br />
mediocrida<strong>de</strong>.<br />
Inscrições abertas<br />
colunistas.com.br<br />
Está na hora <strong>de</strong> agências, anunciantes, criadores,<br />
fornecedores e veículos mostrarem que a comunicação<br />
brasileira continua criativa <strong>de</strong> norte a sul do país.<br />
Colunistas, há 55 anos valorizando quem<br />
sai do lugar comum.
we<br />
mkt<br />
Sharon McCutcheon/Unsplash<br />
Som Livre, quando o<br />
som chega ao fim...<br />
“Manhã, <strong>de</strong>spontando lá fora.<br />
Manhã, já é sol, já é hora”<br />
Paulinho Tapajós e Nonato Buzar<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
alvez nunca as pessoas tenham ouvido<br />
Tmais músicas do que nesses dois anos<br />
<strong>de</strong> pan<strong>de</strong>mia. Mas, aquela que se converteu<br />
na maior lançadora <strong>de</strong> sucessos do país,<br />
durante quase cinco décadas, chegou ao<br />
fim como um negócio milionário e próspero.<br />
Agora, e nunca mais, próspero, como foi<br />
até meses atrás.<br />
No início, a Globo recorria às gravadoras<br />
tradicionais para compor a trilha sonora<br />
<strong>de</strong> suas novelas. Isso durou poucos anos.<br />
Descobriu que tinha uma mina <strong>de</strong> ouro<br />
nas mãos. Que eram as novelas da Globo<br />
que pautavam o gosto musical da maioria<br />
dos brasileiros, e que não fazia mais sentido<br />
continuar recorrendo às <strong>de</strong>mais gravadoras.<br />
E assim nasceu, um dia, no ano <strong>de</strong><br />
1969, a Som Livre.<br />
Na página 259 do livro <strong>de</strong>le, Boni, o homem<br />
que mudou a história do Brasil, que<br />
reeditou quem somos nós, brasileiros, está<br />
escrito:<br />
“No dia 1º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1971, eu e minha<br />
família, o Tarcísio e a Glória, o Ibrahim<br />
Sued, o Luiz Borgerth (autor do livro do<br />
Boni) e alguns amigos fomos participar da<br />
procissão marítima do Senhor dos Navegantes,<br />
em Salvador, a convite do Alberto<br />
Maluf e do David Raw, da TV Aratu. Eram<br />
mais <strong>de</strong> mil barcos no mar e o dia estava<br />
lindo e ensolarado. Os barcos iam navegando<br />
e todos cantavam hinos religiosos, como<br />
o Queremos Deus. Quando perceberam<br />
que o Tarcísio Meira estava em uma das<br />
embarcações, as pessoas do barco ao lado<br />
começaram a entoar a música da abertura<br />
<strong>de</strong> Irmãos Coragem e a coisa foi passando<br />
<strong>de</strong> barco a barco. De repente, mais <strong>de</strong> três<br />
mil pessoas cantavam, no mar <strong>de</strong> Salvador,<br />
a uma só voz, “Irmão, é preciso coragem...”.<br />
Naquele momento, talvez nem mesmo<br />
o Boni tenha realizado a dimensão <strong>de</strong> sua<br />
obra. As novelas da Globo, além <strong>de</strong> pautarem<br />
as cores, as formas, o <strong>de</strong>sign, as roupas<br />
e o gosto dos brasileiros, passaram a orientar<br />
nossas preferências musicais. E assim,<br />
a Som Livre revelou-se uma mina <strong>de</strong> ouro<br />
monumental.<br />
50 anos <strong>de</strong>pois, a realida<strong>de</strong> é completamente<br />
diferente e outra. O ouro música<br />
continua existindo e tão forte, importante<br />
e próspero como antes, só que agora as fontes<br />
e os caminhos são outros.<br />
Existe uma nova ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valor... Em<br />
sua reinvenção o Grupo Globo concluiu que<br />
a Som Livre, ainda que dê resultados, não<br />
tem mais nada a ver com o novo caminho<br />
escolhido.<br />
E assim, meses atrás, fechou um acordo<br />
para ven<strong>de</strong>r a Som Livre para a Sony Music.<br />
Ao menos num primeiro momento a Sony<br />
não preten<strong>de</strong> incorporar a Som Livre.<br />
Vai manter como um centro autônomo<br />
<strong>de</strong> produção, seguindo sob o comando do<br />
CEO Marcelo Soares. No comunicado à imprensa,<br />
Jorge Nobrega (até então CEO da<br />
Globo) escreveu:<br />
“Estamos muito felizes em ter encontrado<br />
na Sony uma nova casa para a Som<br />
Livre, um negócio que foi construído <strong>de</strong>ntro<br />
da Globo e sempre foi muito querido <strong>de</strong><br />
todos nós. A Som Livre produziu e lançou<br />
músicas com a Globo por mais <strong>de</strong> meio século<br />
e foi um importante capítulo da história<br />
da Globo. Nós queríamos assegurar que<br />
esse acordo preservasse tudo o que a Som<br />
Livre representa para os brasileiros...”.<br />
Acho que o Jorge Nobrega não enten<strong>de</strong>u.<br />
A Som Livre foi um importante capítulo da<br />
história recente do Brasil.<br />
Amigos, nada é para sempre.<br />
Irmãos, é preciso coragem.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
12 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
inspiração<br />
Caminho do mar<br />
“Apren<strong>de</strong>r seus<br />
dialetos. Aguçar<br />
a sensibilida<strong>de</strong>.<br />
É contemplar.<br />
Se isso não tem<br />
tudo a ver com o meu<br />
ofício diário, eu não<br />
sei o que po<strong>de</strong>ria ser”<br />
Fotos: Arquivo Pessoal<br />
CESAR ARAI<br />
Especial para o PROPMARK<br />
Nasci e vivi 27 anos da minha vida em<br />
São Paulo, quase todos eles na Vila Dalila,<br />
Zona Leste da cida<strong>de</strong>.<br />
Em 2018, fui a passeio pela primeira vez<br />
para o Rio <strong>de</strong> Janeiro e o curioso é que, durante<br />
a viagem, um amigo me perguntou<br />
<strong>de</strong>spretensiosamente: e aí, você moraria<br />
aqui? Olhei para a paisagem e era impossível<br />
dizer outra coisa - Sim, adoraria passar<br />
uns tempos neste lugar.<br />
Corta a cena. Em 2019, pouco menos <strong>de</strong><br />
um ano <strong>de</strong>pois, recebo uma ligação do ex-<br />
-diretor <strong>de</strong> criação, Rafael Con<strong>de</strong>, que me<br />
fez uma proposta para ir trabalhar com ele<br />
na Cida<strong>de</strong> Maravilhosa.<br />
Confesso que, a princípio, não foi fácil<br />
pensar em sair da minha cida<strong>de</strong>, ficar longe<br />
dos meus familiares e amigos. Fiquei dias<br />
refletindo e a conversa acabou avançando.<br />
Decidi me mudar e estava certo <strong>de</strong> que seria<br />
uma experiência única e passageira, mas<br />
com algo eu não contava: que iria me apaixonar<br />
pela cida<strong>de</strong> e pelo seu estilo <strong>de</strong> vida.<br />
Morar próximo ao mar, para quem passou<br />
boa parte da vida fazendo trajetos <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> uma hora e meia <strong>de</strong> casa ao trabalho,<br />
foi um verda<strong>de</strong>iro presente. São Paulo<br />
é incrível, mas também <strong>de</strong>sgastante, principalmente<br />
quando é preciso pegar a linha<br />
vermelha do metrô abarrotada às 7h.<br />
Colocar meu barquinho no mar e remar<br />
sentido a outro estado era uma mudança<br />
pessoal que fazia muito sentido também<br />
na profissional, pois na verda<strong>de</strong> eu estava<br />
exausto e mal sabia que precisava <strong>de</strong> novos<br />
ares e rumos. Apesar das gran<strong>de</strong>s agências<br />
e estúdios estarem na capital paulista, nesse<br />
momento só fiz duas coisas: arrumar as<br />
malas e escutar meu coração.<br />
E a gran<strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é que foi morando<br />
no Rio que eu pu<strong>de</strong> colocar um portfólio na<br />
rua que foi bem recebido pelas pessoas.<br />
Consegui mostrar um pouco da evolução<br />
do meu craft e a partir daí ter conversas ótimas<br />
e oportunida<strong>de</strong>s que eu jamais imaginaria.<br />
Foi uma grata surpresa ver profissionais<br />
que eu conhecia e admirava interessados<br />
em trabalhar comigo e isso reforça o meu<br />
pensamento <strong>de</strong> que, quando a gente está<br />
feliz, esse sentimento se expan<strong>de</strong> para todos<br />
os aspectos da nossa vida.<br />
Fiz um trabalho <strong>de</strong> introspecção, mergulhei<br />
para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim para enten<strong>de</strong>r<br />
o que realmente importava, quais eram<br />
as minhas priorida<strong>de</strong>s, perdas e ganhos e<br />
quais os reflexos das minhas <strong>de</strong>cisões.<br />
Nem tudo se resume a dinheiro e a belos<br />
cargos no LinkedIn, e po<strong>de</strong>r fazer essa<br />
nova escolha é honrar o meu compromisso<br />
<strong>de</strong> aproveitar ao máximo as oportunida<strong>de</strong>s<br />
que a vida tem me dado.<br />
O que você está disposto a abrir mão e o<br />
que é inegociável? Descobri que estar próximo<br />
ao mar e ter um modo <strong>de</strong> vida menos<br />
caótico é o que me realiza, bem diferente<br />
do que o neoliberalismo afirma, <strong>de</strong> que nós<br />
po<strong>de</strong>mos ter tudo se <strong>de</strong> fato quisermos.<br />
Essa afirmativa é totalmente ingênua<br />
em pensar que seria realmente possível<br />
ter tudo, sem abrir mão <strong>de</strong> absolutamente<br />
nada. O próprio apontar <strong>de</strong> uma direção<br />
carrega em si a recusa <strong>de</strong> outras tantas possibilida<strong>de</strong>s.<br />
Perdas sempre vão existir e o que é possível<br />
fazer é a análise dos benefícios e prejuízos<br />
para uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão muito<br />
mais coerente com aquilo que somos, assumindo<br />
todas as responsabilida<strong>de</strong>s do que<br />
queremos e estamos buscando.<br />
Estar ao lado do mar é encontrar espaço<br />
para o respiro. É valorizar o contraste. É<br />
enxergar linhas, formas e cores. É perceber<br />
os movimentos, ritmo e harmonia. É se encontrar<br />
em unida<strong>de</strong> com o todo. É escutar<br />
os ruídos.<br />
Apren<strong>de</strong>r seus dialetos. Aguçar a sensibilida<strong>de</strong>.<br />
É contemplar. Se isso não tem<br />
tudo a ver com o meu ofício diário, eu não<br />
sei o que po<strong>de</strong>ria ser. E como já dizia Amyr<br />
Klink...<br />
“O mar não é um obstáculo. É um caminho”.<br />
Cezar Arai é <strong>de</strong>signer lead da Magma<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 13
Giro Brasil<br />
Divulgação<br />
Vamos caminhar<br />
juntos e mergulhar<br />
no mar <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s<br />
André MAscArenhAs<br />
Sem dúvida, estamos vivendo um momento<br />
<strong>de</strong> muita transformação e, quando<br />
me perguntam qual o <strong>de</strong>safio na publicida<strong>de</strong><br />
atual, eu respondo que o gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>safio é saber como vai ficar o processo<br />
da comunicação com as novas configurações<br />
do digital. A pan<strong>de</strong>mia acelerou um<br />
movimento que já vinha acontecendo e<br />
temos na nossa frente um gran<strong>de</strong> estímulo<br />
para buscar novas oportunida<strong>de</strong>s, para<br />
pensar o novo e fazer comunicação com<br />
qualida<strong>de</strong>, conectada com as novas formas<br />
<strong>de</strong> contato com o público.<br />
A comunicação se torna mais abrangente<br />
e focada em nichos para o consumo <strong>de</strong><br />
mídia e fica mais evi<strong>de</strong>nte que, para que<br />
ela seja efetiva, é cada vez mais relevante o<br />
processo criativo, o trabalho feito com competência,<br />
a importância do planejamento<br />
estratégico, do planejamento <strong>de</strong> comunicação,<br />
reforçando valores que você sempre<br />
teve, mas com novos processos para que se<br />
alcance os mesmos objetivos. Temos um cenário<br />
diferente, com fortalecimento <strong>de</strong> setores<br />
como o e-commerce e o rompimento<br />
das fronteiras geográficas, então, o que vejo<br />
como gran<strong>de</strong> transformação é como vamos<br />
romper essas barreiras. Além da questão<br />
do mercado, internamente vivemos muitas<br />
mudanças. Por exemplo, minha agência<br />
aten<strong>de</strong> o setor público e o <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que<br />
não parou durante a pan<strong>de</strong>mia. Tivemos<br />
<strong>de</strong> nos adaptar ao home office rapidamente,<br />
sem parar o atendimento. E hoje, vemos<br />
que em vários setores conseguimos ter uma<br />
produtivida<strong>de</strong> maior do que tínhamos no<br />
formato convencional com pessoas trabalhando<br />
com a rotina que encaixa melhor no<br />
seu dia a dia.<br />
Se antes vivíamos uma situação “relativamente”<br />
cômoda, on<strong>de</strong> tínhamos os<br />
canais específicos para os anúncios e contávamos<br />
com as audiências dos veículos,<br />
para que a nossa mensagem<br />
chegasse ao nosso público<br />
nos intervalos comerciais,<br />
no digital não. Não temos<br />
mais um só gerador <strong>de</strong> audiência,<br />
temos milhares! E<br />
somos nós, agências e clientes,<br />
que vamos gerar a nossa<br />
audiência. Nesta nova configuração,<br />
fica evi<strong>de</strong>nte, cada<br />
vez mais, a importância dos produtores <strong>de</strong><br />
conteúdo, muito mais do que era no passado.<br />
Agora, quando vamos nos comunicar<br />
com um nicho <strong>de</strong> consumidores, eles<br />
só vão acessar seu material e seu produto<br />
se a comunicação for relevante para o interesse<br />
<strong>de</strong>le.<br />
“As AdAptAções<br />
são muitAs e<br />
precisAmos <strong>de</strong><br />
foco no cAminho<br />
que vAmos<br />
trilhAr”<br />
Ficamos em Feira <strong>de</strong> Santana, no interior<br />
da Bahia. Aqui temos excelentes profissionais,<br />
mas antes, para trazer alguém <strong>de</strong> fora,<br />
era preciso oferecer uma estrutura para o<br />
profissional viver na cida<strong>de</strong> e<br />
ter <strong>de</strong> contar com a sua adaptação<br />
ou não. Agora, po<strong>de</strong>mos<br />
trabalhar com profissionais do<br />
Brasil inteiro. As adaptações<br />
são muitas e precisamos <strong>de</strong><br />
foco no caminho que vamos<br />
trilhar. As agências não po<strong>de</strong>m<br />
pensar só em resolver os<br />
problemas <strong>de</strong> comunicação,<br />
mas também têm <strong>de</strong> lidar com<br />
as questões estratégicas do cliente. O gran<strong>de</strong><br />
diferencial da publicida<strong>de</strong> atual é participar<br />
com a empresa <strong>de</strong> um diagnóstico profundo<br />
do mercado on<strong>de</strong> ela está inserida, do<br />
seu produto, para on<strong>de</strong> ela está indo e saber<br />
como se situar nesse contexto.<br />
Precisamos ter em mente sempre que,<br />
ao mesmo tempo que temos novos <strong>de</strong>safios,<br />
abrimos também um mar <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />
A diferença está na forma como<br />
vamos encarar o problema e a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>quação aos processos. Po<strong>de</strong>mos ser a<br />
empresa tradicional que vai se fechar em<br />
si mesma e tentar repetir os processos<br />
que vinham acontecendo ou po<strong>de</strong>mos ser<br />
quem vai mergulhar e <strong>de</strong>sbravar esse mar<br />
<strong>de</strong> novas possibilida<strong>de</strong>s.<br />
André Mascarenhas é vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
do Sinapro-Bahia, fundador e CEO da<br />
Artecapital Propaganda<br />
andre.mascarenhas@artecapital.com.br<br />
14 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
opinião<br />
StreetMarketStore/Unsplash<br />
Favela venceu<br />
Julio Beltrão<br />
eu comercial <strong>de</strong> TV não me engana” é<br />
“Sum trecho da canção Capítulo 4 Versículo<br />
3, do álbum clássico do Racionais<br />
MC’s, Sobrevivendo no Inferno.<br />
Ela ganhou um novo significado <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 anos do lançamento e <strong>de</strong>ixou<br />
<strong>de</strong> ser “música <strong>de</strong> marginal” para se tornar<br />
uma leitura obrigatória <strong>de</strong> vestibular <strong>de</strong><br />
lugares on<strong>de</strong> pretos não podiam colocar<br />
os pés.<br />
Ficou curioso para saber qual é o novo<br />
significado <strong>de</strong> um trecho tão<br />
emblemático que fora proclamado<br />
durante diversas gerações<br />
<strong>de</strong> favelados?<br />
Eu explico! No dia 7 <strong>de</strong> março<br />
<strong>de</strong> <strong>2022</strong>, assistimos a história<br />
da quebrada sendo escrita<br />
<strong>de</strong> forma que jamais ousamos<br />
imaginar.<br />
Nós assistimos o Thiago<br />
Marques (Mítico), um jovem<br />
periférico <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> da região Norte<br />
do país, e o Igor Cavalari (Igão), um jovem<br />
preto e favelado, escreverem juntos na história<br />
um recor<strong>de</strong> ao lado do maior ídolo <strong>de</strong><br />
uma geração, o cantor Mano Brown.<br />
Eles alcançaram um pico <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 345<br />
mil visualizações simultâneas no canal<br />
Podpah.<br />
Sem dúvidas, nessas 345 mil visualizações,<br />
tivemos pretos, favelados, LGBTQIA+<br />
e outras classes esquecidas ano após ano<br />
por nós, publicitários.<br />
“AgorA te<br />
pergunto:<br />
quAntos<br />
pretos,<br />
fAvelAdos,<br />
lgBtqIA+<br />
você tem do<br />
seu lAdo?”<br />
Visualizações <strong>de</strong> pessoas que estão assistindo<br />
o seu maior ídolo falar abertamente<br />
sobre comercial <strong>de</strong> TV, sobre a importância<br />
<strong>de</strong> um serviço <strong>de</strong> streaming musical<br />
para o seu projeto Mano a Mano e sobre o<br />
quanto houve mudança <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong><br />
lá para cá.<br />
E você? Já mudou o seu pensamento sobre<br />
campanhas para pessoas fora da sua<br />
bolha do CEP do “Bairro <strong>de</strong> Boy” em que<br />
você vive ou você continua em seus brainstormings<br />
ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> pessoas privilegiadas,<br />
que reproduzem os mesmos pensamentos<br />
dos publicitários dos anos 1980, que acreditavam<br />
que “preto <strong>de</strong>svaloriza o produto<br />
anunciado”?<br />
Assistimos e aplaudimos três<br />
favelados fazendo história!<br />
Você está lendo um texto <strong>de</strong> um<br />
preto favelado que segue na luta<br />
por uma publicida<strong>de</strong> igualitária e<br />
plural, porém, me pergunto quantos<br />
pretos, favelados, LGBTQIA+<br />
estão sentados nas ca<strong>de</strong>iras ao seu<br />
lado nas agências e clientes.<br />
Confesso que tenho um sonho,<br />
que inclusive já compartilhei algumas<br />
vezes por aqui, <strong>de</strong> encontrar mais rostos<br />
iguais ao meu nos “calls” e eventos da publicida<strong>de</strong><br />
por esse Brasil afora.<br />
E agora te pergunto: e aí, quantos pretos,<br />
favelados, LGBTQIA+ você tem do seu lado?<br />
Ou esse target só é importante na sua<br />
planilha <strong>de</strong> mídia e no post da sua re<strong>de</strong> social,<br />
na falha tentativa <strong>de</strong> mostrar que você<br />
é “o maior aliado <strong>de</strong> uma causa que você<br />
não acredita, porém, te ajuda no engajamento”?<br />
Somos consumidores, recordistas e potências.<br />
Queira você ou não, nós chegamos!<br />
Julio Beltrão é head do núcleo <strong>de</strong> Pretos da<br />
Mynd, maior agência <strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> influência<br />
e entretenimento do país<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 15
entRevista<br />
Renata lamaRco<br />
diretora <strong>de</strong> marketing da Bloomin’ Brands<br />
quem pRova<br />
aussie GRill,<br />
pRovavelmente<br />
vai seR um<br />
cliente<br />
Lançada em plena pan<strong>de</strong>mia da Covid-19, quando<br />
os restaurantes sofriam restrições e o <strong>de</strong>livery<br />
explodia, Aussie Grill é a marca especializada<br />
em chicken do Grupo Bloomin’ Brands, dono<br />
também do Outback e Abbraccio, com vendas somente<br />
no iFood. Nesta entrevista, a diretora <strong>de</strong> marketing<br />
Renata Lamarco fala que a aposta <strong>de</strong> trazer a re<strong>de</strong> no<br />
formato digital e naquele momento foi acertada, afirma<br />
que as vendas crescem e o brasileiro é fã <strong>de</strong> frango,<br />
e explica os meandros <strong>de</strong> construir uma marca do<br />
zero. “A marca está em forte expansão e tem bastante<br />
perspectiva no mercado brasileiro”, diz a executiva.<br />
kelly dores<br />
De on<strong>de</strong> surgiu a inspiração para<br />
criar a re<strong>de</strong> Aussie Grill?<br />
A marca também tem uma inspiração<br />
da comida australiana.<br />
Ela começou nos Estados Unidos<br />
e, inclusive, lá ela chama Aussie<br />
Grill/Outback. Trata-se <strong>de</strong> um<br />
novo formato, uma nova culinária,<br />
muito baseada no chicken,<br />
mas nos EUA começou como<br />
uma marca mais casual <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> Outback. Para o Brasil, enten<strong>de</strong>mos<br />
que fazia mais sentido,<br />
até em razão do momento da<br />
pan<strong>de</strong>mia, trazer Aussie como<br />
uma marca <strong>de</strong> <strong>de</strong>livery, exclusivamente<br />
digital.<br />
Há quanto tempo a marca existe?<br />
Nos EUA, começou em 2019<br />
e aqui no Brasil em setembro <strong>de</strong><br />
2020. O plano era trazer Aussie antes<br />
da pan<strong>de</strong>mia, porque a gente<br />
via bastante potencial. E quando<br />
a pan<strong>de</strong>mia começou, vimos, nos<br />
primeiros seis meses, uma oportunida<strong>de</strong><br />
muito gran<strong>de</strong>, porque<br />
tínhamos gran<strong>de</strong>s cozinhas em<br />
Outback e Abbraccio, com bastante<br />
espaço e um time forte. Foi uma<br />
forma <strong>de</strong> otimizar esse espaço e<br />
tempo ocioso, dado que ficamos<br />
mais <strong>de</strong> 100 dias com os restaurantes<br />
fechados. O objetivo foi trazer<br />
um negócio novo para encontrar<br />
uma nova ocasião <strong>de</strong> consumo.<br />
Qual tem sido o retorno?<br />
Para a gente, foi uma gran<strong>de</strong><br />
surpresa, porque começamos uma<br />
operação na Zona Sul <strong>de</strong> São Paulo,<br />
em setembro <strong>de</strong> 2020, que foi<br />
muito bem, e em janeiro <strong>de</strong> 20<strong>21</strong><br />
começou a escalar, e hoje temos<br />
70 operações em 33 cida<strong>de</strong>s. Mas<br />
essa expansão ocorreu até março<br />
<strong>de</strong> 20<strong>21</strong>. Ou seja, com seis meses<br />
<strong>de</strong> vida, foi <strong>de</strong> uma para 70 operações.<br />
A gente tinha uma facilida<strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> expandir por ser <strong>de</strong>ntro<br />
da nossa estrutura. Foi muito<br />
mais uma questão <strong>de</strong> preparar<br />
os restaurantes, fazer um treinamento<br />
para garantir que os produtos<br />
tivessem o mesmo padrão,<br />
com qualida<strong>de</strong>, e um trabalho <strong>de</strong><br />
marketing para mapear quais eram<br />
os melhores lugares, para enten<strong>de</strong>r<br />
as regiões que tinham mais<br />
potencial, a concorrência e o consumo.<br />
Fizemos um mapeamento<br />
muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercado e fomos<br />
ajustando com o carro andando.<br />
Interessante que, quando lançamos<br />
a marca, ela tinha um perfil<br />
<strong>de</strong> sabor um pouco mais apimentado.<br />
Fomos colhendo o feedback<br />
dos clientes e a<strong>de</strong>quando. Até em<br />
toda parte visual fizemos um posicionamento<br />
muito exclusivo para<br />
essa marca no Brasil.<br />
Hoje ela continua 100% digital?<br />
Sim, 100% digital no Brasil,<br />
com plano <strong>de</strong> expansão tanto<br />
digitalmente como também estamos<br />
avaliando um ponto físico.<br />
A gente enten<strong>de</strong> que já tem um<br />
público bem fiel à Aussie Grill.<br />
Como é uma marca que temos<br />
todos os dados <strong>de</strong> comportamento<br />
<strong>de</strong> consumo pelo iFood, é<br />
possível ver que tem cliente que<br />
come Aussie Grill duas ou três<br />
vezes por semana. É um público<br />
que se apaixonou pelo perfil do<br />
sabor. Estamos bem satisfeitos<br />
com os resultados até aqui. Temos<br />
planos <strong>de</strong> abrir pelo menos<br />
mais <strong>de</strong>z operações virtuais.<br />
Como é a construção da marca no<br />
Brasil?<br />
No primeiro momento, a gente<br />
abriu com a marca muito similar<br />
com o que existia nos EUA, e<br />
enten<strong>de</strong>u que no Brasil tinha um<br />
público muito jovem, por isso,<br />
precisávamos trazer uma imagem<br />
mais <strong>de</strong>scolada e focando muito<br />
em digital. Começamos o trabalho<br />
com a Knowmads e foi evoluindo<br />
primeiro na questão do posicionamento,<br />
o que tinha <strong>de</strong> diferencial,<br />
como o sabor sweet spicy, que<br />
é apimentado e adocicado, com<br />
uma a<strong>de</strong>quação gran<strong>de</strong> para o<br />
público. Essa questão <strong>de</strong> comer (o<br />
frango) com a mão também. Com<br />
ilustrações e tudo que tenha um<br />
perfil mais digital. No iFood (as<br />
entregas são feitas exclusivamente<br />
nesse app), todos os nossos pratos<br />
têm os ingredientes escritos à<br />
mão, tem toda uma questão <strong>de</strong><br />
feito à mão, que é também um diferencial<br />
da marca, especialmente<br />
quando se olha nessa categoria <strong>de</strong><br />
preços. Aussie tem um diferencial<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que é muito<br />
um perfil Outback e Abbraccio,<br />
com tudo preparado diariamente.<br />
Tentamos trazer esse craft para a<br />
marca e lançamos no segundo semestre<br />
<strong>de</strong> 2020 o primeiro filme,<br />
que levou o nome Viaja no sabor,<br />
com uma pegada bem divertida e<br />
jovem, e tem 1,5 milhão <strong>de</strong> visualizações<br />
no YouTube.<br />
E como é feita a comunicação da<br />
marca?<br />
Fazemos bastante re<strong>de</strong>s sociais,<br />
marketing digital e PR,<br />
além das comunicações do próprio<br />
iFood. Começamos um teste<br />
offline em alguns mercados do<br />
Brasil, que aliás está indo muito<br />
bem, com mídia exterior, em Maceió,<br />
Fortaleza, Salvador, Recife,<br />
Natal e Londrina, além <strong>de</strong> Florianópolis<br />
e Balneário Camboriú.<br />
Começou há cerca <strong>de</strong> dois anos<br />
esse plano <strong>de</strong> OOH e estamos expandindo<br />
esse investimento para<br />
outras praças.<br />
A agência Knowmads aten<strong>de</strong> a Aussie?<br />
Não, a Knowmads é a agência<br />
que nos ajudou na construção e<br />
adaptação da marca no Brasil, e a<br />
agência que aten<strong>de</strong> a gente hoje<br />
é a ABlab.<br />
E por que no Brasil vocês não usaram<br />
o sobrenome Outback, como<br />
nos EUA?<br />
A gente enten<strong>de</strong>u que o Outback<br />
no país tem uma característica<br />
muito específica <strong>de</strong> marca,<br />
que é lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado em casual<br />
dinning, e achou que, para uma<br />
marca que ia aten<strong>de</strong>r exclusivamente<br />
no digital e focada no frango,<br />
faria muito sentido separar<br />
as duas marcas, com posicionamentos<br />
diferentes. No Outback,<br />
80% do negócio ainda é no<br />
restaurante e os pratos principais<br />
não são focados em frango.<br />
Então, a gente achou que essa<br />
associação não faria sentido no<br />
mercado brasileiro. Já nos Estados<br />
Unidos, eles têm a oportunida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trazer uma marca mais<br />
jovem para <strong>de</strong>ntro da assinatura<br />
Outback porque isso agrega<br />
e consegue ganhar um público<br />
novo. Lá, o Outback é para um<br />
público mais velho, e aqui é uma<br />
marca que é superjovem também<br />
e consegue ser muito abrangente<br />
no público.<br />
16 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Nem mesmo na comunicação a<br />
associação <strong>de</strong> Aussie com Outback<br />
é feita?<br />
Não. É claro que quando a<br />
gente lançou para o mercado<br />
sempre trouxe a marca <strong>de</strong>ntro<br />
do Grupo Bloomin’ Brands, mas<br />
hoje não temos nenhuma associação<br />
direta.<br />
Mas tem alguns ví<strong>de</strong>os com internautas<br />
chamando Aussie <strong>de</strong> ‘o primo<br />
pobre do Outback’.<br />
Sobre a questão <strong>de</strong> ser um primo<br />
do Outback, a gente viu muitas<br />
associações positivas também.<br />
Os nossos lovers, influenciadores<br />
e clientes Outback, por acreditarem<br />
muito na marca, quiseram<br />
conhecer Aussie Grill e <strong>de</strong>ram<br />
muitos feedbacks positivos. Mas é<br />
uma experiência totalmente diferente<br />
<strong>de</strong> Outback, principalmente<br />
por essa questão <strong>de</strong> Aussie ser<br />
exclusiva no digital. O Outback<br />
tem toda uma questão <strong>de</strong> atendimento,<br />
experiência, ambiente<br />
e tudo mais. A gente até brinca<br />
que é o primo, assim como Abbraccio,<br />
mas numa ocasião totalmente<br />
diferente.<br />
Qual é o papel da comunicação no<br />
projeto <strong>de</strong> expansão da marca no<br />
país?<br />
É fundamental, porque estamos<br />
construindo a marca, que<br />
tem apenas um ano e meio. E a<br />
cada mercado que a gente abre<br />
é uma explicação, é construir <strong>de</strong><br />
fato o que é Aussie Gril, o perfil<br />
<strong>de</strong> sabor, e o que a marca traz.<br />
A gente começou a fazer alguns<br />
projetos sociais ligados a skate, a<br />
esportes radicais, que é algo que<br />
a marca vive muito, porque tem<br />
essa personalida<strong>de</strong> jovem. A comunicação<br />
tem um papel fundamental<br />
na experimentação e conversão<br />
da marca. A gente enten<strong>de</strong><br />
que quem prova Aussie Grill uma<br />
vez, provavelmente vai ser um<br />
cliente da marca. É muito uma<br />
construção <strong>de</strong> marca do zero e<br />
como ganhar uma base <strong>de</strong> clientes<br />
em mercados tão distintos. E<br />
acho que a gente tem conseguido<br />
fazer isso muito bem, pela forma<br />
que tem escalado e expandido.<br />
Toda semana batemos recor<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
vendas, acho que isso é um ponto<br />
“lançamos<br />
o primeiro<br />
filme com<br />
o nome<br />
Viaja no<br />
sabor e uma<br />
pegada bem<br />
diVertida”<br />
Carmem Fernan<strong>de</strong>s/Divulgação<br />
bem importante que mostra que<br />
a marca está em forte expansão e<br />
tem bastante perspectiva no mercado<br />
brasileiro.<br />
Qual é o perfil do público da marca<br />
no Brasil?<br />
De acordo com as nossas pesquisas,<br />
é um público bem jovem,<br />
<strong>de</strong> 18 a 25 anos, principalmente.<br />
E é um público que procura essas<br />
ocasiões <strong>de</strong> mais informalida<strong>de</strong>.<br />
A gente vê, em dias <strong>de</strong> reality<br />
show e <strong>de</strong> jogos, as pessoas pedindo<br />
bastante para compartilhar.<br />
É uma marca que encontra<br />
mesmo esse momento bem informal<br />
e mais <strong>de</strong>scolado que o jovem<br />
procura com uma qualida<strong>de</strong><br />
muito boa e no preço ofertado.<br />
E qual é a percepção do brasileiro<br />
em relação a Aussie Grill?<br />
Des<strong>de</strong> o minuto um da marca<br />
a gente teve um QR co<strong>de</strong> na embalagem<br />
pedindo feedback e tivemos<br />
muitas respostas, inclusive<br />
com ondas diferentes. A cada<br />
onda a gente apren<strong>de</strong> alguma<br />
coisa nova, por exemplo, hoje o<br />
mercado que mais ven<strong>de</strong> Aussie<br />
Grill é Belo Horizonte. Daí, a gente<br />
fica tentando enten<strong>de</strong>r o que<br />
BH tem <strong>de</strong> tão forte, porque ven<strong>de</strong><br />
mais do que o dobro da segunda<br />
cida<strong>de</strong>. Com essas pesquisas,<br />
conseguimos enten<strong>de</strong>r o nosso<br />
público-alvo e apren<strong>de</strong>r o melhor<br />
jeito <strong>de</strong> se comunicar com<br />
ele <strong>de</strong> uma forma relevante, para<br />
construir a marca e os valores.<br />
Existem outras re<strong>de</strong>s especializadas<br />
em frango como Aussie Grill no país?<br />
Existem outros players <strong>de</strong> fast-<br />
-food com frango, mas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
casual dinning, que é a nossa categoria,<br />
no ambiente exclusivamente<br />
digital, não tem nenhum<br />
concorrente direto. Mas a gente<br />
enten<strong>de</strong> que, como Aussie é<br />
uma marca do digital, qualquer<br />
concorrente do iFood acaba entrando<br />
nessa opção <strong>de</strong> consumo.<br />
O iFood traz uma complexida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> concorrência muito maior do<br />
que uma praça <strong>de</strong> alimentação.<br />
A gente tem metas muito agressivas<br />
para encantar o cliente e,<br />
como o iFood é a nossa praça<br />
<strong>de</strong> alimentação, precisamos ter<br />
uma avaliação e um ranking muito<br />
bom para ser escolhido, principalmente<br />
por uma pessoa que<br />
não conhece a marca ainda.<br />
Em quais países a marca também<br />
está presente?<br />
Em Hong Kong, Canadá, Arábia<br />
Saudita e Catar, com restaurantes<br />
físicos.<br />
Dá para dizer que o brasileiro gosta<br />
<strong>de</strong> frango?<br />
Muito. A gente até se surpreen<strong>de</strong>u<br />
em alguns mercados, como BH e<br />
“o mercado<br />
que mais<br />
Ven<strong>de</strong> aussie<br />
grill é belo<br />
Horizonte”<br />
Belém, que é o segundo mercado<br />
<strong>de</strong> Aussie. Essa viagem no sabor<br />
que a gente fala realmente conquistou<br />
quem prova, que acaba<br />
pedindo outras vezes. Vimos que<br />
tem uma a<strong>de</strong>rência muito gran<strong>de</strong><br />
do frango, especialmente em<br />
algumas regiões. Mas mesmo em<br />
São Paulo e no Rio as vendas são<br />
fortes e crescentes.<br />
E quais são as metas para este ano?<br />
O objetivo é crescer mais <strong>de</strong> 10%<br />
em número <strong>de</strong> operações e tornar<br />
a marca mais conhecida. Queremos<br />
aumentar a presença nas<br />
re<strong>de</strong>s sociais, o que também vem<br />
crescendo muito rápido. Estamos<br />
com quase 30 mil seguidores no<br />
Instagram, com crescimento <strong>de</strong><br />
forma muito orgânica e rápida e<br />
90% dos comentários são positivos.<br />
A gente está enten<strong>de</strong>ndo que<br />
o cliente está se conectando com<br />
a marca muito além só <strong>de</strong> uma<br />
oferta ou promoção.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 17
ESG NO MKT<br />
Clemens van Lay/Unsplash<br />
Os 4 pontos<br />
fundamentais do ESG<br />
O tema entrou <strong>de</strong>finitivamente em pauta nas<br />
reuniões <strong>de</strong> diretoria e <strong>de</strong> conselho <strong>de</strong> empresas<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Já não é <strong>de</strong> hoje que as empresas mais antenadas<br />
estão preocupadas com o meio<br />
ambiente, com a responsabilida<strong>de</strong> social e<br />
as boas práticas <strong>de</strong> uma governança ética e<br />
transparente. Mas, com a disseminação do<br />
acrônimo ESG e da cobrança crescente do<br />
mundo financeiro e da socieda<strong>de</strong>, como um<br />
todo, por uma atitu<strong>de</strong> em consonância com<br />
os seus princípios, o tema ganhou um caráter<br />
<strong>de</strong> urgência.<br />
Empresas cobram dos seus fornecedores a<br />
comprovação <strong>de</strong> que estão seguindo a cartilha<br />
ESG, a socieda<strong>de</strong> também exerce pressão<br />
junto às empresas e os consumidores condicionam<br />
sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra às boas práticas<br />
dos provedores <strong>de</strong> produtos e serviços.<br />
Resultado disso tudo: o tema entrou <strong>de</strong>finitivamente<br />
em pauta nas reuniões <strong>de</strong> diretoria e<br />
<strong>de</strong> conselho <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> todos os portes.<br />
O que era algo nice to have, agora virou<br />
must. E aí vêm as dúvidas: como se a<strong>de</strong>quar<br />
aos princípios ESG? Quais os parâmetros para<br />
comparar as ativida<strong>de</strong>s da minha empresa<br />
e saber se minhas práticas estão a<strong>de</strong>quadas?<br />
Como comunicar minhas ações sem correr o<br />
risco <strong>de</strong> ser percebido como greenwashing?<br />
De fato, não é simples tudo isso, principalmente<br />
porque temos três gran<strong>de</strong>s áreas<br />
a cuidar: ambiental, social e <strong>de</strong> governança.<br />
E, além <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>ntro da operação da<br />
empresa, é preciso olhar para fora: <strong>de</strong> nada<br />
adiantará adotar uma conduta coerente com<br />
os bons princípios se os seus fornecedores<br />
não acompanharem.<br />
Se o seu fornecedor pisa na bola, você<br />
também recebe cartão vermelho. Basta lembrar<br />
dos casos da Nike (fornecedores usando<br />
trabalho infantil) e Zara (fornecedores com<br />
funcionários submetidos a trabalho análogo<br />
à escravidão).<br />
É preciso adotar um padrão <strong>de</strong> conduta<br />
<strong>de</strong>ntro da empresa e estabelecer códigos e<br />
exigências aos fornecedores. Sim, é complexo.<br />
Mas isso não <strong>de</strong>ve ser razão para não começar.<br />
Então, para ajudar aqueles que estão<br />
confusos, sem saber como começar, aí vão<br />
os 4 pontos que, na minha opinião, <strong>de</strong>vem<br />
nortear seu movimento <strong>de</strong> alinhamento aos<br />
princípios ESG.<br />
Ponto 1: Conheça os princípios e as nuances<br />
ESG e as 17 ODS da ONU. Você sabe que<br />
o E tem a ver com as questões ambientais,<br />
o S com os aspectos sociais e o G, <strong>de</strong> governança.<br />
Mas quais questões ambientais <strong>de</strong>vem<br />
ser consi<strong>de</strong>radas? Existem aquelas óbvias,<br />
relacionadas, por exemplo, ao consumo<br />
consciente <strong>de</strong> energia, à aplicação dos<br />
tais 3 Rs – Reduzir, Reutilizar, Reciclar – ou<br />
ainda à <strong>de</strong>stinação apropriada <strong>de</strong> resíduos<br />
<strong>de</strong>correntes da sua operação.<br />
Do lado do S, existe a questão da equida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> gêneros, o afastamento <strong>de</strong> qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> preconceito e um ambiente<br />
<strong>de</strong> trabalho respeitoso e igualitário. Pensando<br />
no G, chegamos à preocupação com<br />
as bases <strong>de</strong> convivência ética da diretoria<br />
ou conselho, a prevenção contra qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> corrupção e as relações totalmente<br />
<strong>de</strong>ntro da lei. Mas é preciso conhecer mais.<br />
É preciso um olhar também para além da<br />
operação da empresa. Que ações po<strong>de</strong>m ser<br />
efetivadas em benefício <strong>de</strong> carentes ou discriminados?<br />
Ponto 2: Envolva todos os stakehol<strong>de</strong>rs<br />
na escolha das ações. Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir por<br />
um programa <strong>de</strong> ações ESG, envolva e engaje<br />
todos os stakehol<strong>de</strong>rs. Pesquise junto<br />
aos seus clientes, sócios ou acionistas, fornecedores.<br />
Vali<strong>de</strong> antes suas escolhas e dê<br />
materialida<strong>de</strong> a elas.<br />
Ponto 3: Comece! Não espere o mundo<br />
i<strong>de</strong>al. Faça um plano <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong>termine recursos<br />
e responsáveis e faça acontecer num<br />
prazo exequível. O importante é começar.<br />
Com o tempo, outras oportunida<strong>de</strong>s vão<br />
surgir e você po<strong>de</strong> incrementar o seu programa<br />
ESG.<br />
Ponto 4: Comunique e reporte na medida<br />
certa. Cuidado com o greenwashing!<br />
Veja como você po<strong>de</strong> se aplicar a alguma<br />
certificação reconhecida pelo mercado<br />
ou elabore um relatório <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s não<br />
financeiras, <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>monstrar, <strong>de</strong> forma<br />
genuína e pon<strong>de</strong>rada, o seu empenho<br />
em se alinhar aos princípios <strong>de</strong> melhores<br />
práticas.<br />
Sei que esses 4 pontos ainda tratam do<br />
assunto <strong>de</strong> forma superficial. Mas espero<br />
que possam trazer insights interessantes<br />
para seus próximos passos.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
18 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Mídia<br />
Globoplay vai transmitir premiação<br />
do Oscar após 52 anos na TV aberta<br />
Na TV paga o<br />
canal TNT vai<br />
exibir os filmes e<br />
profissionais que<br />
vão levar a estatueta<br />
concedida pelo júri<br />
da Aca<strong>de</strong>my Awards<br />
<strong>de</strong> Hollywood<br />
Paulo Macedo<br />
Com capacida<strong>de</strong> para abrigar 3.400 convidados,<br />
o Dolby Theatre, em Los Angeles,<br />
vai esten<strong>de</strong>r o seu tapete vermelho<br />
para receber atores e agentes da indústria<br />
do cinema no próximo domingo (27). Além<br />
<strong>de</strong>sse grupo selecionado, as mais <strong>de</strong> 270<br />
emissoras <strong>de</strong> TV do mundo cre<strong>de</strong>nciadas<br />
para o evento aguardam audiência superior<br />
a 24 milhões <strong>de</strong> espectadores. Segundo a<br />
Nielsen, em 20<strong>21</strong> foram cerca <strong>de</strong> 9 milhões<br />
observando os agraciados, 13 milhões menor<br />
do que em 2020.<br />
Após 52 anos, a Globo não vai transmitir<br />
o evento. Este ano vai mostrar os<br />
resultados na Globoplay. No ambiente<br />
da TV paga, a transmissão será no TNT.<br />
De acordo com a jornalista Cristina Padiglione,<br />
do jornal Folha <strong>de</strong> S.Paulo, a <strong>de</strong>cisão<br />
da emissora está relacionada ao custo alto<br />
do dólar, que inviabiliza pacote <strong>de</strong> cotas<br />
publicitárias a<strong>de</strong>quadas ao bolso dos anunciantes.<br />
A Globoplay terá como âncoras<br />
Maria Beltrão (Globonews), Fabio Porchat<br />
(GNT), Marcelo Adnet (Globo) e Dira Paes<br />
(Globo).<br />
A 94ª edicão do Oscar já tem favoritos:<br />
Will Smith, pela atuação em King Richard,<br />
como pai <strong>de</strong> Serena e Venus Williams, na<br />
categoria Melhor Ator. Denzel Washington e<br />
Javier Bar<strong>de</strong>m também estão entre<br />
os favoritos na mesma categoria. Nicole<br />
Kidman não é zebra com a sua<br />
interpretação <strong>de</strong> Lucille Ball em Sendo Ricardos;<br />
assim como Lady Gaga como Patrizia<br />
Reggiani, em House of Gucci; e Jennifer<br />
Hudson como Aretha Franklin, em Respect.<br />
Na principal categoria, a <strong>de</strong> Melhor Filme,<br />
estão Ataque dos Cães, Belfast e Amor,<br />
Sublime Amor. A diretora neozelan<strong>de</strong>za<br />
Jane Campion, com Ataque <strong>de</strong> Cães, é favorita<br />
na área <strong>de</strong> direção, mas o campeoníssimo<br />
Steven Spielberg, <strong>de</strong> Amor, Sublime<br />
Amor, corre por fora, junto com Kenneth<br />
Branagh, diretor <strong>de</strong> Belfast.<br />
Cobiçado prêmio da indústria cinematográfica será celebrado no Dolby Theatre na Hollywood Boulevard em LA (CSA)<br />
Abramark informa<br />
Aqui as melhores lições<br />
<strong>de</strong> marketing <strong>de</strong><br />
excepcional qualida<strong>de</strong>.<br />
No <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> seus<br />
autores e protagonistas.<br />
Confira!<br />
www.abramark.com.br<br />
freepik<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 19
especial digitaL<br />
Leis tentam frear notícias falsas e<br />
manipulação <strong>de</strong> comportamentos<br />
Discussão global encontra no Brasil o PL 2630/20, texto aguardado<br />
pelo mercado, mas rebatido por especialistas que pe<strong>de</strong>m mudanças<br />
Janaina Langsdorff<br />
Uma das fake news mais estarrecedoras<br />
da história foi<br />
contada por Joseph Goebbels,<br />
braço direito <strong>de</strong> Adolf Hitler,<br />
após a batalha <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n,<br />
cida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong>struída pela<br />
ofensiva capitaneada pelo Reino<br />
Unido contra o III Reich na<br />
Segunda Guerra Mundial. As<br />
bombas mataram 25 mil civis.<br />
Como se já não fosse tragédia<br />
suficiente, o lí<strong>de</strong>r da propaganda<br />
nazista, porém, acrescentou<br />
muito ao número. Pelas contas<br />
<strong>de</strong> Goebbels, 200 mil pessoas<br />
foram mortas. O número falso e<br />
imagens <strong>de</strong> corpos empilhados<br />
nas ruas <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n foram vazados<br />
por Goebbels à imprensa<br />
em uma tentativa <strong>de</strong> incitar as<br />
forças alemãs prestes a per<strong>de</strong>r<br />
a guerra e <strong>de</strong>smoralizar os Aliados<br />
em um ataque ainda hoje<br />
consi<strong>de</strong>rado controverso.<br />
Dres<strong>de</strong>n era uma cida<strong>de</strong> cultural,<br />
e não alvo militar. O quanto<br />
o ataque serviu para frear o<br />
esforço <strong>de</strong> guerra nazista não se<br />
sabe. Mas o <strong>de</strong>bate moral tratado<br />
em um dos episódios do documentário<br />
Gran<strong>de</strong>s Momentos<br />
da Segunda Guerra em Cores,<br />
da Netflix, não <strong>de</strong>ixa dúvidas.<br />
“Goebbels produziu uma das<br />
mais bem-sucedidas fake news<br />
na história das fake news”, diz<br />
o historiador Fre<strong>de</strong>rick Taylor,<br />
autor <strong>de</strong> Dres<strong>de</strong>n: Terça-feira,<br />
13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1945.<br />
Quase oito décadas <strong>de</strong>pois, a<br />
humanida<strong>de</strong> ainda não apren<strong>de</strong>u.<br />
Pelo contrário. Transformou<br />
plataformas em arma <strong>de</strong><br />
notícias falsas. A eleição <strong>de</strong><br />
Donald Trump, a crise da Cambridge<br />
Analytica, o Brexit, o genocídio<br />
em Myanmar, a eleição<br />
<strong>de</strong> Jair Bolsonaro, as mentiras<br />
sobre a Covid-19 e as narrativas<br />
discrepantes do ataque russo à<br />
Ucrânia vão além <strong>de</strong> ameaças à<br />
<strong>de</strong>mocracia.<br />
São assuntos que alimentam<br />
o meio digital com a estranha<br />
curiosida<strong>de</strong> inerente ao ser<br />
humano <strong>de</strong> guardar audiência<br />
Fora <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>sinformação se espalha persuadindo um contingente cada vez maior <strong>de</strong> usuários em todo o mundo<br />
PxHere<br />
20 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Cris Camargo, do IAB Brasil: “Não ao fim da publicida<strong>de</strong> digital”<br />
Anúncios<br />
segmentAdos<br />
respon<strong>de</strong>m por<br />
90% dos r$ 23 bi<br />
dA publicidA<strong>de</strong><br />
digitAl<br />
cativa para <strong>de</strong>sastres e comportamentos<br />
hostis. Como em outras<br />
invenções perpetradas na<br />
história, o ser humano distorce<br />
o fogo amigo soprado pelas<br />
inovações. Atrás das telas, anônimos<br />
preferem atirar palavras<br />
para agredir, estimular o ódio e<br />
reforçar preconceitos passíveis<br />
até <strong>de</strong> virar realida<strong>de</strong>.<br />
O dilema das re<strong>de</strong>s é inegável.<br />
“Eventos como Cambridge<br />
Analytics e a invasão ao Capitólio<br />
<strong>de</strong>ixaram o lado negativo<br />
evi<strong>de</strong>nte. Pressionados por diferentes<br />
governos do mundo,<br />
as plataformas começaram um<br />
processo <strong>de</strong> autorregulamentação,<br />
passando a ter esforços<br />
maiores sobre os conteúdos e a<br />
privacida<strong>de</strong> dos usuários”, observa<br />
Felipe Bogéa, professor<br />
do MBA executivo em marketing<br />
da ESPM.<br />
Mas excluir pessoas e grupos,<br />
especialmente figuras públicas<br />
como Trump, Bolsonaro<br />
ou Lula, não é tão simples.<br />
Questões ligadas a políticas e<br />
opinião tornam a linha entre a<br />
censura e a proteção mais tênue.<br />
“Estamos tratando <strong>de</strong> milhares<br />
<strong>de</strong> contas produzindo<br />
conteúdos todos os dias. Simplesmente<br />
banir uma não é a<br />
solução a<strong>de</strong>quada para resolver<br />
um problema <strong>de</strong> discurso <strong>de</strong><br />
ódio ou fake news. A natureza<br />
dispersa e difusa da internet e<br />
das mídias sociais torna o controle<br />
muito mais difícil”, atesta<br />
o professor Bogéa.<br />
Regras <strong>de</strong> conduta adiantam?<br />
Em 2019, o Batalhão Azov<br />
foi banido do Facebook. Agora<br />
contrário à Rússia na guerra<br />
contra a Ucrânia, o grupo extremista<br />
outrora consi<strong>de</strong>rado uma<br />
organização perigosa voltou a<br />
receber comentários. O especialista<br />
em direito digital Maurício<br />
Tamer, do Machado Meyer<br />
Advogados, reflete se o conteúdo<br />
<strong>de</strong>ve ser questionado ou os<br />
mecanismos <strong>de</strong> produção e veiculação.<br />
“Não se trata <strong>de</strong> dizer<br />
se concordamos ou não com a<br />
postura. No cenário regulatório<br />
atual, é possível dizer que<br />
o posicionamento do Facebook<br />
está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua livre iniciativa<br />
operacional”, esclarece o<br />
advogado.<br />
O Facebook ainda permitiu<br />
que mo<strong>de</strong>radores mantenham<br />
pedidos <strong>de</strong> violência e morte<br />
contra “invasores da Rússia”,<br />
soldados e até dos presi<strong>de</strong>ntes<br />
da Rússia e <strong>de</strong> Belarus, Vladimir<br />
Putin e Aleksan<strong>de</strong>r Lukashenko.<br />
“Como resultado da<br />
invasão russa na Ucrânia, temporariamente<br />
permitiremos<br />
formas <strong>de</strong> expressão política<br />
que normalmente violariam<br />
nossas regras, incluindo discurso<br />
violento como ‘morte<br />
aos invasores da Rússia’. Mas<br />
não permitiremos pedidos <strong>de</strong><br />
violência contra civis russos”,<br />
escreveu em comunicado um<br />
porta-voz da Meta, holding que<br />
controla o Facebook. Vale burlar<br />
as próprias políticas mesmo<br />
com um inimigo em comum?<br />
Como lidar com o po<strong>de</strong>r nas<br />
mãos das bigtechs? Leis conseguirão<br />
equilibrar forças?<br />
<strong>de</strong>dos cruzados<br />
O contexto global encontra<br />
no Brasil uma discussão que se<br />
arrasta entre idas e vindas arbitradas<br />
por alterações da Câmara<br />
dos Deputados no texto original<br />
do senador Alessandro Vieira<br />
(Cidadania-SE), autor do Projeto<br />
<strong>de</strong> Lei 2630/20, que institui<br />
a Lei Brasileira <strong>de</strong> Liberda<strong>de</strong>,<br />
Responsabilida<strong>de</strong> e Transparência<br />
na Internet, conhecido<br />
como PL das Fake News. O texto,<br />
relatado pelo <strong>de</strong>putado Orlando<br />
Silva (PCdoB-SP), segue<br />
em apreciação.<br />
Há quem avente a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> que a votação ocorra<br />
ainda neste mês <strong>de</strong> março.<br />
Mas não há consenso. Um lado<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> mais rigi<strong>de</strong>z, enquanto<br />
o outro quer um texto mais<br />
genérico. A resistência faz coro<br />
no Planalto. O PL prevê que as<br />
plataformas digitais tenham<br />
representação no país, o que<br />
não acontece com o Telegram,<br />
re<strong>de</strong> adotada pelo presi<strong>de</strong>nte<br />
Jair Bolsonaro. Um eventual<br />
banimento já foi alertado pelo<br />
ministro Luís Roberto Barroso,<br />
ex-presi<strong>de</strong>nte do Tribunal Superior<br />
Eleitoral (TSE).<br />
No dia 15 <strong>de</strong> fevereiro, Facebook,<br />
Google, YouTube, Instagram,<br />
Twitter, TikTok, Whats-<br />
App e Kwai assinaram um acordo<br />
com o TSE para combater<br />
a <strong>de</strong>sinformação nas eleições<br />
<strong>de</strong> <strong>2022</strong>. O Telegram foi o único<br />
ausente, e o LinkedIn também<br />
firmou um memorando<br />
<strong>de</strong> entendimento. Canais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>núncias, avisos <strong>de</strong> conteúdo<br />
in<strong>de</strong>vido, relatórios <strong>de</strong> transparência<br />
e treinamentos para autorida<strong>de</strong>s<br />
eleitorais estão entre<br />
os compromissos assumidos.<br />
O tema permanece no encalço<br />
dos ministros Edson Fachin e<br />
Alexandre <strong>de</strong> Moraes, empossados<br />
no dia 22 <strong>de</strong> fevereiro como<br />
presi<strong>de</strong>nte e vice-presi<strong>de</strong>nte da<br />
Corte Eleitoral, respectivamente.<br />
“O PL 2630/2020 trata questões<br />
sensíveis. Medos e ameaças<br />
parecem ser sensações que<br />
<strong>de</strong>correm <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong><br />
e do momento em que muitas<br />
<strong>de</strong>finições ainda precisam ser<br />
feitas, sobretudo tratando-se<br />
Felipe Bogéa, da ESPM: “Lado negativo evi<strong>de</strong>nte”<br />
Fotos: Divulgação<br />
<strong>de</strong> um ano eleitoral”, comenta<br />
o advogado Maurício Tamer. O<br />
ministro Alexandre <strong>de</strong> Moraes<br />
será o presi<strong>de</strong>nte do TSE durante<br />
as eleições <strong>de</strong> outubro e<br />
é também relator do inquérito<br />
das fake news no Supremo.<br />
Embora haja conversas com<br />
representantes <strong>de</strong> partidos<br />
para apressar a votação do PL,<br />
o ritmo <strong>de</strong> tramitação coloca<br />
em dúvida a sua eficácia até<br />
o tilintar das urnas. A brecha<br />
é esgarçada pelos players do<br />
mundo digital. No último dia 3<br />
<strong>de</strong> março, o Facebook publicou<br />
anúncio na Folha <strong>de</strong> S.Paulo,<br />
Estadão e O Globo dizendo que<br />
“o PL das Fake News <strong>de</strong>veria<br />
combater fake news. E não a<br />
lanchonete do seu bairro”. Antes<br />
disso, Google, Meta, Twitter<br />
e Mercado Livre já haviam<br />
assinado uma carta conjunta<br />
alegando que o PL representa<br />
uma “ameaça à publicida<strong>de</strong> digital”.<br />
O setor argumenta que o<br />
projeto impe<strong>de</strong> a segmentação<br />
<strong>de</strong> anúncios, o que prejudicaria<br />
principalmente pequenas e médias<br />
empresas.<br />
Boca no tromBone<br />
A polêmica vai da ban<strong>de</strong>ira<br />
legítima ao cinismo. “Não é<br />
uma preocupação do Facebook<br />
o bem-estar dos empreen<strong>de</strong>dores<br />
por diversos motivos. Sabemos,<br />
por exemplo, que o anúncio<br />
<strong>de</strong> uma loja po<strong>de</strong> não ser<br />
entregue caso as métricas arbitrárias<br />
impostas pela própria<br />
plataforma não sejam alcançados”,<br />
acusa Yasmin Curzi, pesquisadora<br />
do Centro <strong>de</strong> Tecnologia<br />
e Socieda<strong>de</strong> (CTS) da FGV<br />
Direito Rio. Sobram críticas<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> <strong>21</strong>
especial digitaL<br />
também ao PL. Sem mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
governança <strong>de</strong>finido para monitoramento<br />
das plataformas,<br />
os códigos <strong>de</strong> conduta ficam “à<br />
mercê da autorregulamentação<br />
das próprias re<strong>de</strong>s”, con<strong>de</strong>na a<br />
pesquisadora.<br />
Além disso, as regras para os<br />
algoritmos não são tão incisivas<br />
como na China e Reino Unido,<br />
cujos mecanismos <strong>de</strong> perfilhamento<br />
<strong>de</strong> dados e segmentação<br />
<strong>de</strong> anúncios priorizam 0 controle<br />
<strong>de</strong> vícios, hábitos nocivos<br />
e não cívicos na internet. “O PL<br />
2630/20 tem uma posição muito<br />
mais mo<strong>de</strong>rada. Ele não proíbe<br />
o perfilhamento e não impe<strong>de</strong><br />
que anúncios sejam veiculados<br />
com segmentação, que é o que<br />
se tenta empurrar no discurso<br />
público”, rebate Yasmin.<br />
O foco está na autonomia<br />
dos usuários. Yasmin esclarece<br />
que o inciso terceiro do Artigo<br />
12 estabelece a permissão das<br />
pessoas para o recebimento <strong>de</strong><br />
anúncios, que são basicamente<br />
a<strong>de</strong>quações às regras <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
vigentes no Brasil. Normas<br />
<strong>de</strong> transparência e monitoramento<br />
<strong>de</strong> anúncios estão nos<br />
artigos 9 e 10, além do 19 e 20.<br />
Ativo valioso das plataformas,<br />
os anúncios seguram mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> negócios erguidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
anos 2000, e hoje turbinados<br />
por machine learning e técnicas<br />
<strong>de</strong> inteligência artificial para<br />
predição <strong>de</strong> comportamentos<br />
<strong>de</strong> consumo.<br />
Atribuir autonomia ao usuário<br />
para a escolha dos anúncios<br />
está longe <strong>de</strong> ser uma conversa<br />
fiada. Isso <strong>de</strong>sestabiliza o império<br />
montado pelas gigantes<br />
do setor. Foi o que aconteceu<br />
no ano passado, quando a Apple<br />
introduziu os recursos <strong>de</strong><br />
privacida<strong>de</strong> ATT (App Tracking<br />
Transparency) no iOS 14.5,<br />
permitindo que o usuário do<br />
iPhone <strong>de</strong>cida se quer ou não<br />
ser rastreado. A medida gerou<br />
um prejuízo <strong>de</strong> US$ 10 bilhões<br />
ao Facebook em 20<strong>21</strong>. “É um<br />
exemplo <strong>de</strong> como uma regra <strong>de</strong><br />
proteção e auto<strong>de</strong>terminação<br />
do usuário afeta o que chamamos<br />
capitalismo <strong>de</strong> vigilância”,<br />
constata Yasmin.<br />
Apesar <strong>de</strong> reconhecer avanços<br />
nas discussões, a pesquisadora<br />
da FGV acredita em melhorias<br />
no PL, capazes <strong>de</strong> fazer<br />
com que as plataformas sejam<br />
mais cumpridoras <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres.<br />
Dados da Associação<br />
Brasileira <strong>de</strong> Comunicação<br />
Empresarial (Aberje) mostram<br />
Bruno Fernan<strong>de</strong>s, da FDC: “Texto dúbio, incipiente e arbitrário”<br />
que 75% das empresas já foram<br />
ameaçadas por fake news, enquanto<br />
uma pesquisa da empresa<br />
<strong>de</strong> cibersegurança PSafe<br />
com 9.638 pessoas comprova<br />
que 64,20% da amostra já recebeu<br />
notícia falsa.<br />
Principal forma <strong>de</strong> disseminação,<br />
as re<strong>de</strong>s sociais respon<strong>de</strong>m<br />
por 54,34% das investidas,<br />
seguidas por aplicativos <strong>de</strong><br />
mensagens (20,67%), site falso<br />
(18,74%) e SMS (6,25%). “Espero<br />
que, pelo menos, o mo<strong>de</strong>lo<br />
regulatório <strong>de</strong> governança seja<br />
aprovado”, adianta Yasmin,<br />
que ainda trabalha para atualizar<br />
o Artigo 19 do Marco Civil<br />
da Internet. Implementada<br />
em 2014, a lei não tinha como<br />
prever a escalada do po<strong>de</strong>r das<br />
plataformas para amplificar<br />
conteúdos e intervir sobremaneira<br />
na socieda<strong>de</strong>, e hoje precisa<br />
<strong>de</strong> ajustes para se adaptar à<br />
nova realida<strong>de</strong>.<br />
iAb pe<strong>de</strong> exclusão<br />
<strong>de</strong> pArágrAfos<br />
que tornAm A<br />
publicidA<strong>de</strong><br />
direcionAdA<br />
“inviável e ilegAl”<br />
bas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> dos setores<br />
<strong>de</strong> eletroeletrônicos e informática<br />
(89%), agropecuária (79%),<br />
vestuário (75%), imobiliário<br />
(72%) e financeiro (55%) são<br />
<strong>de</strong>stinadas à publicida<strong>de</strong> digital,<br />
que contribui para alavancar<br />
negócios, produtos e serviços.<br />
“Além <strong>de</strong> criar empregos, o<br />
setor promove benefícios para<br />
a socieda<strong>de</strong>, como o acesso gratuito<br />
<strong>de</strong> serviços digitais”, insiste<br />
Cris.<br />
O primeiro parágrafo do Artigo<br />
12 é outro que o IAB quer<br />
limar. Essa regra “proíbe a<br />
venda <strong>de</strong> softwares, plugins<br />
e quaisquer outras tecnologias<br />
que permitam disseminação<br />
massiva nos serviços <strong>de</strong> mensageria<br />
instantânea”, limitando,<br />
<strong>de</strong> acordo com a entida<strong>de</strong>,<br />
o uso <strong>de</strong> mensageria para ações<br />
publicitárias e prejudicando a<br />
inovação.<br />
O cenário é mesmo contraditório,<br />
pois esses são os mesmos<br />
recursos utilizados pelos<br />
órgãos públicos para o disparo<br />
<strong>de</strong> mensagens, confirmação <strong>de</strong><br />
agendamentos e compartilhamento<br />
<strong>de</strong> informações sobre<br />
programas sociais, entre outros<br />
serviços prestados à população.<br />
Os artigos 5, 6, 16, 17, 18, 19, 20,<br />
<strong>21</strong> e 25 também preocupam o<br />
IAB. “Não temos como afirmar<br />
se vão <strong>de</strong> fato revisar o texto do<br />
PL”, teme Cris Camargo.<br />
“Vejo boas intenções no<br />
sentido <strong>de</strong> regular, controlar e<br />
coibir <strong>de</strong>terminados comportamentos.<br />
Entretanto, não vejo<br />
nenhuma das partes querendo<br />
assumir responsabilida<strong>de</strong>s, seja<br />
na curadoria ou na punição”,<br />
reprova Bruno Fernan<strong>de</strong>s, protados<br />
por terceiros, quando tiverem<br />
como objetivo exclusivo<br />
a exploração direta e indireta<br />
no mercado em que atua ou<br />
em outros mercados”; e que “o<br />
provedor que armazenar e utilizar<br />
dados <strong>de</strong> qualquer natureza<br />
em <strong>de</strong>sacordo com o disposto<br />
no § 1º, incorrerá em infração<br />
prevista no disposto no Art. 36<br />
da Lei nº 12.529, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> novembro<br />
<strong>de</strong> 2011”.<br />
O IAB pe<strong>de</strong> a exclusão <strong>de</strong><br />
ambos os parágrafos por tornar<br />
“inviável e ilegal a ativida<strong>de</strong><br />
econômica da publicida<strong>de</strong> direcionada,<br />
que hoje é exercida <strong>de</strong><br />
forma regular e <strong>de</strong> acordo com<br />
or<strong>de</strong>namentos, como o Marco<br />
Civil da Internet e a Lei Geral <strong>de</strong><br />
Proteção <strong>de</strong> Dados Pessoais”,<br />
justifica Cris Camargo.<br />
Um dos principais canais <strong>de</strong><br />
investimento <strong>de</strong> mídia no Brasil,<br />
a publicida<strong>de</strong> digital movimentou<br />
R$ 23 bilhões em 2020.<br />
Anúncios segmentados respon<strong>de</strong>m<br />
por 90% <strong>de</strong>sse aporte, segundo<br />
a pesquisa Digital AdSpend,<br />
realizada pelo IAB Brasil<br />
em parceria com a Kantar Ibope<br />
Media. Mais da meta<strong>de</strong> das ver-<br />
Fotos: Divulgação<br />
Yasmin Curzi, da FGV: “PL 2630/20 tem posição mo<strong>de</strong>rada”<br />
Bronca<br />
Quem vem em socorro do setor,<br />
pe<strong>de</strong> apoio ao movimento<br />
Diga não ao fim da publicida<strong>de</strong><br />
digital, encabeçado pelo IAB<br />
Brasil (Interactive Advertising<br />
Bureau). “Ouvimos opiniões<br />
e i<strong>de</strong>ntificamos que, em seu<br />
texto mais recente, esse PL representa<br />
uma ameaça sem prece<strong>de</strong>ntes<br />
para a publicida<strong>de</strong><br />
digital”, reclama Cris Camargo,<br />
CEO do IAB Brasil.<br />
A executiva <strong>de</strong>staca os artigos<br />
7 e 12 para ilustrar o impasse.<br />
O Artigo 7 fala que “fica<br />
vedada a combinação do tratamento<br />
<strong>de</strong> dados pessoais dos<br />
serviços essenciais dos provedores<br />
com os <strong>de</strong> serviços pres-<br />
22 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
fessor associado da Fundação<br />
Dom Cabral (FDC), que lamenta<br />
a disseminação fora <strong>de</strong> controle<br />
das fake news atualmente.<br />
Mas o estudioso concorda<br />
que, se aprovado como está,<br />
o PL das Fake News causará<br />
prejuízo financeiro. E no que<br />
tange ao cruzamento e compartilhamento<br />
<strong>de</strong> informações,<br />
ainda po<strong>de</strong> bater <strong>de</strong> frente com<br />
a Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados<br />
(LGPD). “Ao consi<strong>de</strong>rar o<br />
tratamento <strong>de</strong> dados pessoais<br />
por terceiros para explorar o<br />
mercado uma infração, o projeto<br />
<strong>de</strong> lei po<strong>de</strong> impedir tecnologias<br />
como a verificação em dois<br />
fatores, envio <strong>de</strong> mensagens<br />
programáticas e o uso <strong>de</strong> controladores<br />
<strong>de</strong> dados”, reforça<br />
Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Maurício Tamer, advogado <strong>de</strong> direito digital: “Momento <strong>de</strong> reconstrução”<br />
mais expLicações<br />
Obrigar as plataformas a remunerar<br />
os veículos jornalísticos<br />
é outra queixa. Segundo<br />
Fernan<strong>de</strong>s, os critérios para se<br />
<strong>de</strong>finir quais são as publicações<br />
elegíveis a receberem pelas notícias<br />
exibidas nas plataformas<br />
não está claro. “Esse processo já<br />
<strong>de</strong>veria estar acontecendo através<br />
<strong>de</strong> parcerias legitimadas”,<br />
indica o professor da FDC.<br />
O receio é <strong>de</strong> que apenas os<br />
veículos <strong>de</strong> imprensa tradicionais<br />
sejam contemplados,<br />
em <strong>de</strong>trimento do jornalismo<br />
local e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, limitando<br />
o acesso a fontes diversas.<br />
“Associações <strong>de</strong> jornalismo e<br />
profissionais da imprensa assinaram<br />
um manifesto em 20<strong>21</strong><br />
chamando a atenção para os<br />
efeitos negativos e pedindo a<br />
remoção do artigo no texto do<br />
projeto”, aponta Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Um dos riscos seria o cerceamento<br />
da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa<br />
com o possível prejuízo a jornalistas<br />
não consi<strong>de</strong>rados como<br />
tais, mas que produzem conteúdo<br />
igualmente verda<strong>de</strong>iro. “A<br />
i<strong>de</strong>ia é boa e bem-intencionada,<br />
mas talvez ainda precise <strong>de</strong><br />
aprofundamento no Congresso<br />
Nacional”, recomenda Tamer,<br />
do Machado Meyer Advogados.<br />
Condições, valor e veículos que<br />
teriam direito à remuneração<br />
também preocupam Felipe Bogéa,<br />
da ESPM. Mesmo assim,<br />
ele encara a discussão como<br />
um avanço, a exemplo do que já<br />
acontece na Austrália, primeiro<br />
país a criar remuneração entre<br />
plataformas e veículos.<br />
“Um ano após a implementação,<br />
ainda vemos dificulda<strong>de</strong>.<br />
Com o tempo, os diferentes<br />
atores <strong>de</strong>veriam ir ajustando<br />
a remuneração. E os legisladores,<br />
com base em dados, <strong>de</strong>veriam<br />
rever a lei <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois<br />
ou cinco anos”, exemplifica<br />
Bogéa. Diante da falta <strong>de</strong> regras,<br />
políticas e códigos estruturados,<br />
Bruno Fernan<strong>de</strong>s, da<br />
FDC, propõe que a discussão<br />
“gire em torno da responsabilida<strong>de</strong><br />
das plataformas diante<br />
dos fatos e das ações”.<br />
Dúvidas persistem: plataformas<br />
po<strong>de</strong>m atuar como censoras?<br />
Po<strong>de</strong>m ser punidas pelo<br />
comportamento <strong>de</strong> seus usuários?<br />
Devem assumir o controle<br />
da veracida<strong>de</strong> das informações<br />
compartilhadas em seus meios?<br />
Elas têm capacida<strong>de</strong>, estrutura<br />
e autarquia para tal? “Percebo<br />
ainda um texto dúbio, incipiente<br />
e, ora, arbitrário”, respon<strong>de</strong><br />
Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Contestar a formulação <strong>de</strong><br />
leis “é esperado, lógico e lícito<br />
no sentido <strong>de</strong> evitar a regulamentação,<br />
preferindo uma<br />
autorregulação do setor, e<br />
também <strong>de</strong> querer influenciar<br />
no <strong>de</strong>bate e nas leis estabelecidas”,<br />
avalia Felipe Bogéa.<br />
O advogado Maurício Tamer<br />
confirma que parte do papel<br />
das estruturas jurídicas neste<br />
processo é melhorar as normas<br />
com a participação dos agentes<br />
<strong>de</strong> mercado e socieda<strong>de</strong> civil.<br />
“Costumo dizer que as tecnologias<br />
colocam o Direito e as suas<br />
leis em um verda<strong>de</strong>iro divã.<br />
O momento é <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução<br />
e reconstrução”, corrobora<br />
Tamer.<br />
Para Bogéa, o projeto <strong>de</strong> lei<br />
tem limitações e excessos, mas<br />
Divulgação<br />
“<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> hoje<br />
<strong>de</strong>terminArão<br />
o futuro do<br />
discurso público<br />
e influenciArão<br />
A sociedA<strong>de</strong>”<br />
não vai acabar com a internet<br />
livre. As questões mais polêmicas<br />
estão na mo<strong>de</strong>ração do<br />
conteúdo online, que exigem<br />
mais agilida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong><br />
das plataformas para coibir a<br />
difusão <strong>de</strong> informações falsas;<br />
no excesso <strong>de</strong> obrigações sobre<br />
dados e <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> como os<br />
sistemas funcionam, on<strong>de</strong> a lei<br />
serviria para regular e controlar<br />
sem expor <strong>de</strong>masiadamente<br />
questões intrínsecas das plataformas<br />
e sem ser um peso <strong>de</strong>snecessário<br />
às empresas; além<br />
da restrição ao uso <strong>de</strong> informações<br />
pessoais para segmentação<br />
<strong>de</strong> anúncios. “Isso me<br />
parece um excesso e não tem<br />
uma relação tão direta com a<br />
contenção <strong>de</strong> fake news”, contrapõe<br />
Felipe Bogéa, da ESPM.<br />
perna curta<br />
A história <strong>de</strong>ixa alertas. Em<br />
1944, a então União Soviética<br />
reportou aos Aliados as atrocida<strong>de</strong>s<br />
cometidas pelos alemães<br />
contra o povo ju<strong>de</strong>u. Mas<br />
a mídia à época se recusou a<br />
publicar a história acreditando<br />
que se tratava <strong>de</strong> uma farsa da<br />
propaganda soviética. Quantas<br />
vidas po<strong>de</strong>riam ter sido salvas?<br />
Quem sabe a menina Anne<br />
Frank não contaria ela mesma<br />
as passagens <strong>de</strong> seu diário,<br />
hoje famoso em todo o mundo.<br />
Capturada em 1944 após dois<br />
anos vivendo em um porão na<br />
Holanda, a garota foi levada ao<br />
campo <strong>de</strong> concentração e extermínio<br />
<strong>de</strong> Auschwitz-Birkenau e<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>portada para Bergen-<br />
-Belsen, on<strong>de</strong> morreu vítima<br />
<strong>de</strong> febre tifói<strong>de</strong> em fevereiro <strong>de</strong><br />
1945, apenas três meses antes<br />
do fim da guerra na Europa.<br />
Hoje, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> editar a realida<strong>de</strong><br />
é empunhado pelas<br />
bigtechs. “Usuários <strong>de</strong> mídia<br />
social têm pouco controle sobre<br />
o conteúdo que veem. As<br />
plataformas usam algoritmos<br />
complexos na escolha dos conteúdos,<br />
expondo as pessoas<br />
a postagens que talvez nunca<br />
tenham procurado por conta<br />
própria”, confirma Bogéa, da<br />
ESPM. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as bigtechs<br />
não passam <strong>de</strong> plataformas<br />
<strong>de</strong> tecnologia, que “apenas”<br />
conectam pessoas, já virou conversa<br />
para boi dormir. “Uma<br />
<strong>de</strong>finição mais assertiva parece<br />
<strong>de</strong>mandar um estudo técnico e<br />
até sociológico”, sugere o advogado<br />
Maurício Tamer.<br />
A concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
exige equilíbrio para preservar<br />
o regime <strong>de</strong>mocrático, interesse<br />
da socieda<strong>de</strong> e das próprias<br />
bigtechs, “que só existem em<br />
razão da liberda<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mocracia<br />
assegura”, adverte<br />
Tamer. Segundo ele, mais do<br />
que colocá-las na pare<strong>de</strong>, as<br />
plataformas <strong>de</strong>vem ser valorizadas<br />
como agentes <strong>de</strong>ste processo<br />
sob pena <strong>de</strong> se “criar uma<br />
regulação que ignore a realida<strong>de</strong><br />
e, por isso, não funcione”,<br />
finaliza.<br />
Mas não só as leis estabelecem<br />
limites. O tema exige iniciativas<br />
e políticas públicas <strong>de</strong><br />
educação digital. A socieda<strong>de</strong><br />
precisa se engajar na discussão<br />
e cobrar posturas a<strong>de</strong>quadas.<br />
“As <strong>de</strong>cisões das plataformas e<br />
dos reguladores tomadas hoje<br />
<strong>de</strong>terminarão o futuro do discurso<br />
público e influenciarão<br />
os maiores acontecimentos da<br />
socieda<strong>de</strong>”, avisa Felipe Bogéa,<br />
da ESPM. As consequências político-econômicas,<br />
humanitárias<br />
e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, talvez,<br />
só mesmo a história conseguirá<br />
aferir. E é sempre bom lembrar<br />
que mentira tem perna curta.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 23
especial digital<br />
Plataformas discordam do texto da PL das fake news porque acreditam que transformado em lei ele vai trazer prejuízo aos negócios e à liberda<strong>de</strong> da internet; Google, Twitter, Mercado Livre, Facebo<br />
Players creem que texto do Pl das<br />
fakes news precisa mudar e maturar<br />
Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/2020 po<strong>de</strong> ser aprovado no fim <strong>de</strong>ste mês e<br />
gera <strong>de</strong>bate, já que indústria do setor vê pontos prejudiciais ao negócio<br />
Neusa spaulucci<br />
lógico que ninguém gosta <strong>de</strong><br />
É notícia ruim e muito menos<br />
<strong>de</strong> ser enganado. E para conter<br />
tais abusos, principalmente em<br />
ano <strong>de</strong> eleição, como é o caso<br />
do Brasil, tramita na Câmara<br />
dos Deputados o Projeto <strong>de</strong> Lei<br />
2630/2020, ou PL das Fake News.<br />
A discussão não é nova. Começou<br />
em 2019 e foi aprovado no<br />
Senado em 2020, tudo em no-<br />
me do combate às notícias falsas.<br />
Porém, nos últimos meses,<br />
o <strong>de</strong>bate ganhou força porque<br />
po<strong>de</strong> ser aprovado no fim <strong>de</strong>ste<br />
mês. Uma fonte ligada a um dos<br />
players do setor afirma que foram<br />
feitas algumas rodadas <strong>de</strong><br />
negociações, mas tudo voltou à<br />
estaca zero. É que a indústria –<br />
leia-se principalmente Google,<br />
Twitter, Facebook/Instagram,<br />
TikTok e Mercado Livre – questiona<br />
a efetivida<strong>de</strong> da futura lei,<br />
que po<strong>de</strong> até “não pegar” da maneira<br />
como está sendo proposta.<br />
Segundo a mesma fonte, que<br />
prefere não se i<strong>de</strong>ntificar, o PL<br />
nasceu bem-intencionado, mas<br />
traz no seu escopo assuntos não<br />
relacionados a fake news. “Ano<br />
eleitoral tem essa maquiagem”.<br />
Todos concordam que quanto<br />
mais transparência menos fake<br />
news e é por aí que a indústria<br />
do segmento se bate e <strong>de</strong>bate<br />
para tentar barrar o que uma outra<br />
fonte do PROPMARK afirma<br />
que o PL ainda precisa maturar.<br />
E lembra que, após a aprovação,<br />
tem um bom período <strong>de</strong> adaptação<br />
que po<strong>de</strong> levar até dois anos.<br />
Essa mesma fonte afirma<br />
que o impacto do PL como está<br />
será gran<strong>de</strong> em todos os sentidos,<br />
inclusive para o usuário e<br />
os pequenos anunciantes das<br />
plataformas, que, segundo ela,<br />
será <strong>de</strong> cunho econômico, com<br />
a “proibição <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> anún-<br />
24 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
ok/Instagram eTikTok se unem contra o projeto<br />
Unsplash<br />
cios”. “Estamos fazendo nosso<br />
trabalho e a principal estratégia<br />
tem sido alertar, uma atitu<strong>de</strong><br />
quase educacional”.<br />
Recentemente Facebook/Instagram,<br />
Google, Mercado Livre<br />
e Twitter assinaram juntas uma<br />
carta que fala que “ninguém<br />
quer que notícias falsas se espalhem<br />
nas re<strong>de</strong>s e, como plataformas<br />
<strong>de</strong> tecnologia, investem<br />
em recursos e ações concretas e<br />
transparentes para combater a<br />
<strong>de</strong>sinformação. “Estamos comprometidos<br />
a <strong>de</strong>bater com a socieda<strong>de</strong><br />
como po<strong>de</strong>mos enfrentar<br />
esse <strong>de</strong>safio juntos”.<br />
“Reconhecemos os esforços<br />
do Congresso Nacional na formulação<br />
<strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> lei<br />
que ofereça à socieda<strong>de</strong> meios<br />
eficientes <strong>de</strong> lidar com o problema,<br />
mas, da forma como está<br />
hoje, o Projeto <strong>de</strong> Lei 2630/2020<br />
trata pouco do combate à <strong>de</strong>sinformação.<br />
Na verda<strong>de</strong>, o texto,<br />
que ficou conhecido como PL<br />
das Fake News, passou a representar<br />
potencial ameaça para<br />
a internet livre, <strong>de</strong>mocrática e<br />
aberta que conhecemos hoje e<br />
transforma a vida dos brasileiros<br />
todos os dias”.<br />
Ainda segundo a carta, se<br />
transformado em lei, “o texto vai<br />
restringir o acesso das pessoas a<br />
fontes diversas e plurais <strong>de</strong> informação;<br />
<strong>de</strong>sestimular as plataformas<br />
a tomar medidas para<br />
manter um ambiente saudável<br />
online; e causar um impacto negativo<br />
em milhões <strong>de</strong> pequenos<br />
e médios negócios que buscam<br />
se conectar com seus consumidores<br />
por meio <strong>de</strong> anúncios e<br />
serviços digitais”.<br />
imPedimento<br />
Em outro trecho da carta, as<br />
empresas alertam sobre “milhões<br />
<strong>de</strong> pequenos e médios<br />
negócios, como a padaria ou a<br />
pizzaria <strong>de</strong> bairro, que não po<strong>de</strong>rão<br />
mais anunciar seus produtos<br />
com eficiência e a custo baixo na<br />
internet”, pois “um dos artigos<br />
do texto impe<strong>de</strong> o uso responsável<br />
e equilibrado <strong>de</strong> dados pessoais<br />
– em conformida<strong>de</strong> com a<br />
Lei Geral <strong>de</strong> Proteção <strong>de</strong> Dados<br />
(LGPD), promulgada após amplo<br />
<strong>de</strong>bate pela socieda<strong>de</strong> – para<br />
a entrega eficiente <strong>de</strong> anúncios<br />
e serviços que são cruciais para<br />
micro e pequenas empresas e<br />
para toda a economia brasileira”.<br />
E, por fim, avalia que ao “estabelecer<br />
regras que se aplicariam<br />
apenas às plataformas digitais,<br />
o PL 2630 acaba com a <strong>de</strong>mocratização<br />
da publicida<strong>de</strong>, que foi<br />
possível graças à internet e privilegia<br />
alguns grupos <strong>de</strong> mídia”.<br />
Fabio Coelho, presi<strong>de</strong>nte do<br />
Google Brasil, revelou, em comunicado<br />
ao mercado, no último<br />
dia 11, sua opinião sobre o<br />
assunto. Ele comenta que reconhece<br />
a importância <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater<br />
soluções para o problema, mas<br />
se preocupa que o Congresso<br />
“esteja fazendo isso sem consi<strong>de</strong>rar<br />
as consequências negativas<br />
e in<strong>de</strong>sejadas que o projeto<br />
<strong>de</strong> lei po<strong>de</strong> trazer”.<br />
Segundo Coelho, o PL 2630<br />
impõe uma série <strong>de</strong> obrigações<br />
que <strong>de</strong>ixariam as ferramentas<br />
<strong>de</strong> busca menos seguras para todos<br />
e mais suscetíveis a abusos<br />
e frau<strong>de</strong>s. “O projeto <strong>de</strong> lei exige<br />
que sejam divulgadas informações<br />
minuciosas sobre como<br />
nossos sistemas funcionam,<br />
entre elas <strong>de</strong>talhes sobre a base<br />
<strong>de</strong> treinamentos <strong>de</strong> sistemas e<br />
métodos usados para melhorar<br />
nossos serviços, monitorar violações<br />
e tomar medidas <strong>de</strong> fiscalização,<br />
o que prejudicaria significativamente<br />
nossa capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> combater abusos e spam e<br />
proteger nossos usuários <strong>de</strong> golpes”,<br />
explica.<br />
Ele diz também que divulgar<br />
esse tipo <strong>de</strong> dado não ajudará na<br />
luta contra a <strong>de</strong>sinformação. “Ao<br />
contrário, oferecerá a agentes<br />
mal-intencionados um ‘guia’ sobre<br />
como contornar as proteções<br />
dos nossos sistemas, trazendo<br />
prejuízos para a qualida<strong>de</strong> e a<br />
segurança dos nossos resultados<br />
<strong>de</strong> busca”.<br />
O executivo conta ainda que,<br />
no YouTube, enfrenta uma “batalha<br />
contínua contra aqueles<br />
que buscam enganar os sistemas<br />
– <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criadores<br />
que testam<br />
os limites <strong>de</strong><br />
nossas políticas<br />
contra discurso<br />
<strong>de</strong> ódio até tentativas<br />
coor<strong>de</strong>nadas<br />
<strong>de</strong> espalhar<br />
narrativas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação”.<br />
“Grupos<br />
<strong>de</strong>dicados a<br />
esse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />
constantemente<br />
tentam<br />
manipular os nossos sistemas e,<br />
quando i<strong>de</strong>ntificamos violações<br />
às nossas políticas, agimos imediatamente”.<br />
Coelho fala ainda da obrigação<br />
que o PL impõe <strong>de</strong> pagamento<br />
pelo “uso” <strong>de</strong> “conteúdo<br />
jornalístico”, sem <strong>de</strong>finir o que<br />
seria este “uso” ou o que seria<br />
“conteúdo jornalístico”. “Da<br />
maneira como está, o texto po<strong>de</strong><br />
significar coisas diferentes, o<br />
que por si só já representa uma<br />
falta <strong>de</strong> clareza sobre efeitos práticos<br />
<strong>de</strong>ssa proposta e suas possíveis<br />
consequências negativas”,<br />
argumenta.<br />
Ele <strong>de</strong>staca ainda a publicida<strong>de</strong><br />
digital, que “tem sido fundamental<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da web aberta, permitindo que<br />
as pessoas acessem informações<br />
sem custo, que os veículos <strong>de</strong><br />
comunicação possam monetizar<br />
seus conteúdos, que anunciantes<br />
se conectem a potenciais<br />
consumidores e permitindo a<br />
existência <strong>de</strong> produtos gratuitos<br />
como a própria Busca, o Gmail<br />
e o Google Maps, entre outros”.<br />
“O PL 2630, contudo, po<strong>de</strong> limitar<br />
a capacida<strong>de</strong> das empresas<br />
brasileiras <strong>de</strong> usarem a internet<br />
“o texto, que<br />
ficou conhecido<br />
como PL das fake<br />
news, Passou<br />
a rePresentar<br />
PotenciaL ameaça<br />
Para a internet<br />
Livre, <strong>de</strong>mocrática<br />
e aberta”<br />
para alavancar seus negócios.<br />
Se o texto atual do projeto <strong>de</strong> lei<br />
for aprovado, milhares <strong>de</strong> pequenas<br />
e médias empresas no<br />
Brasil – muitas <strong>de</strong>las ainda se recuperando<br />
da crise causada pela<br />
pan<strong>de</strong>mia – terão dificulda<strong>de</strong>s<br />
em aumentar suas vendas com a<br />
ajuda da publicida<strong>de</strong> online”.<br />
O Twitter também enviou<br />
comunicado se posicionando a<br />
respeito do polêmico PL 2630. A<br />
empresa diz atuar em diversas<br />
frentes para garantir que as conversas<br />
públicas sejam saudáveis,<br />
seguras e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, bem<br />
como para proteger a integrida<strong>de</strong><br />
do <strong>de</strong>bate que acontece na plataforma.<br />
“Para as eleições <strong>de</strong>ste<br />
ano, reforçamos o nosso compromisso<br />
<strong>de</strong> fortalecer o diálogo<br />
<strong>de</strong>mocrático e garantir a liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> expressão<br />
das pessoas.<br />
O Twitter <strong>de</strong>clara<br />
que entre<br />
as principais<br />
frentes estão<br />
iniciativas para<br />
conscientizar e<br />
educar as pessoas<br />
que usam<br />
a plataforma,<br />
combater comportamentos<br />
que po<strong>de</strong>m levar<br />
à disseminação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sinformação e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> recursos que<br />
ajudam as pessoas a encontrar<br />
conteúdos confiáveis <strong>de</strong> curadoria<br />
sobre as eleições”.<br />
A companhia revela que essas<br />
iniciativas acontecem por meio<br />
<strong>de</strong> parcerias com autorida<strong>de</strong>s<br />
e especialistas na “criação <strong>de</strong><br />
ações e conteúdos <strong>de</strong> educação<br />
midiática ou via funcionalida<strong>de</strong>s<br />
e recursos implementados no<br />
próprio Twitter – por exemplo,<br />
a parceria que realizamos com<br />
o Tribunal Superior Eleitoral<br />
(TSE). “Na busca por termos relacionados<br />
às eleições na plataforma,<br />
o primeiro resultado da<br />
pesquisa, apresentado no topo<br />
da lista, será uma notificação<br />
com um link para a página do<br />
TSE com dados úteis sobre o processo<br />
eleitoral”.<br />
O TikTok também fala que a<br />
segurança e o bem-estar da “comunida<strong>de</strong><br />
são priorida<strong>de</strong>s”. “Removemos<br />
conteúdos enganosos<br />
e danosos sobre processos cívicos<br />
quando i<strong>de</strong>ntificados. Enten<strong>de</strong>mos<br />
que qualquer regulação<br />
da internet <strong>de</strong>ve levar em conta a<br />
liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e a segurança<br />
das pessoas”.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 25
EspEcial DIGITAL<br />
Fim dos cookies traz <strong>de</strong>safios para<br />
propaganda na era da privacida<strong>de</strong><br />
Google monta fórum global com mais<br />
<strong>de</strong> 30 martechs para propor mo<strong>de</strong>lo<br />
para publishers e anunciantes; ponto<br />
<strong>de</strong> partida é a solução Privacy Sandbox<br />
Fullvector/Freepik<br />
Paulo Macedo<br />
Des<strong>de</strong> o abissal Netscape, a navegação<br />
na internet vem ganhando mais infraestrutura<br />
e sofisticação. O uso <strong>de</strong> cookies<br />
para i<strong>de</strong>ntificar os usuários e suas respectivas<br />
experiências nos sites que visitam é<br />
recorrente. Os rastros são visíveis, como<br />
um filme já assistido, viagem ou a <strong>de</strong>gustação<br />
<strong>de</strong> receita gastronômica, mas eles<br />
<strong>de</strong>terminam como a publicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> direcionar<br />
<strong>de</strong> forma assertiva os interesses<br />
das marcas na interação com o universo<br />
do consumo.<br />
Mas há novas regras que exigem atenção<br />
para não empelotar a massa <strong>de</strong>sses biscoitos<br />
finos que reagem quando estão metendo a<br />
mão na privacida<strong>de</strong>. A LGPD exige consentimento<br />
para armazenamento das informações<br />
capturadas. Elas são fundamentais<br />
para uma navegabilida<strong>de</strong> consistente nos<br />
browsers. Removê-los não é tarefa complicada.<br />
O que complica é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />
usuário processar mais informações.<br />
A questão dos cookies veio à tona com<br />
a <strong>de</strong>cisão do Google <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretar o seu fim<br />
no Chrome, que chamou a atenção da autorida<strong>de</strong><br />
antitruste nos EUA. Preservar a<br />
privacida<strong>de</strong> é preciso, mas vai <strong>de</strong> encontro<br />
aos interesses dos publishers direcionarem<br />
conteúdos comerciais sob medida às suas<br />
audiências. Divididos em firsty party (primários)<br />
e third party (terciários), os cookies<br />
“É um verda<strong>de</strong>iro<br />
divisor <strong>de</strong> águas que<br />
vai evi<strong>de</strong>nciar o bom<br />
marketing, aquele que<br />
foca em estratÉgia”<br />
Divulgação<br />
Carolina Medina é head <strong>de</strong> parceria do Chrome na AL<br />
mudaram o conceito das abordagens mercadológicas,<br />
entretenimento e <strong>de</strong> informação.<br />
O foco do Chrome são os biscoitos finos<br />
third party. Junto com o Facebook, o Google<br />
li<strong>de</strong>ra, por meio da plataforma Google Ads,<br />
a relação com agências e anunciantes, que<br />
se beneficiam dos cookies. A hegemonia do<br />
Chrome é notória: cerca <strong>de</strong> 70% dos navegadores<br />
globais, mais Gmail e Analytics.<br />
A i<strong>de</strong>ia do Google, porém, não é acabar<br />
com o mercado. Pelo contrário! A cena mudou<br />
e requer adaptação. No início <strong>de</strong>sse<br />
ano, como explica Isabela Cardoso, head <strong>de</strong><br />
produtos <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> do Google Brasil,<br />
está em curso uma transformação da infraestrutura<br />
digital e programática alinhada<br />
aos novos padrões <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>. Isabela<br />
relembra que em janeiro <strong>de</strong>ste ano o Google,<br />
com base nos feedbacks dos testes<br />
FloC, apresentou ao mercado o Topics: uma<br />
nova proposta <strong>de</strong> Privacy Sandbox para a<br />
publicida<strong>de</strong>. “Para a publicida<strong>de</strong> com interesse<br />
dos usuários”, resume Isabela. “C<br />
Topics é confluência <strong>de</strong> tecnologia; não é<br />
substituição única”, disse a executiva.<br />
Para preservar os seus produtos <strong>de</strong><br />
publicida<strong>de</strong>, entre os quais machine learning,<br />
automação e dados próprios, o<br />
Google está promovendo discussões com<br />
cerca <strong>de</strong> 30 players do universo martech<br />
global para diagnosticar o que chama <strong>de</strong><br />
novas tecnologias <strong>de</strong> anonimização. O<br />
que está em jogo?<br />
26 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Divulgação<br />
Manzar Feres é diretora <strong>de</strong> negócios integrados da Globo<br />
PRIVACY SANDBOX<br />
“É um <strong>de</strong>safio aten<strong>de</strong>r dados e funcionalida<strong>de</strong>s<br />
com o mindset da privacida<strong>de</strong>.<br />
A i<strong>de</strong>ia é manter a experiência <strong>de</strong> navegação<br />
com equilíbrio entre web sustentável,<br />
livre e aberta. O trabalho do Chrome é <strong>de</strong>senvolver<br />
novas tecnologias para suportar<br />
publishers e usuários. Fóruns globais com<br />
a indústria significa que o Privacy Sandbox<br />
requer inputs dos principais atores.<br />
Propomos novas techs em caso <strong>de</strong> usos específicos<br />
à indústria <strong>de</strong> advertising. Além<br />
<strong>de</strong> outras funcionalida<strong>de</strong>s contra frau<strong>de</strong>,<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e customização <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong><br />
acordo com o <strong>de</strong>vice”, <strong>de</strong>ixa claro Carolina<br />
Medina, especialista <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong> do<br />
Chrome na América Latina.<br />
Mas será que é mesmo uma ameaça à publicida<strong>de</strong><br />
o fim dos cookies, como muitos<br />
players estão colocando na pauta? Vai comprometer<br />
a programática? Quem respon<strong>de</strong><br />
é Daniel Kaminitz, CEO da Weach Group.<br />
“Nenhum milímetro, pelo contrário. A<br />
mídia programática é totalmente focada<br />
na assertivida<strong>de</strong> do target, portanto altamente<br />
customizável <strong>de</strong> acordo com cada<br />
estratégia, objetivo e público-alvo. O setor<br />
será bastante favorecido com segmentações<br />
<strong>de</strong> IDs proprietários, com o próprio<br />
usuário indicando quais assuntos são <strong>de</strong><br />
seu interesse”, afirma.<br />
O executivo Daniel Kaminitz é CEO da Weach Group<br />
Fabio Mancini é diretor <strong>de</strong> plataformas digitais da Cheil<br />
Kaminitz acrescenta: “Até então eram<br />
parte fundamental e quase única na i<strong>de</strong>ntificação<br />
dos usuários e seus comportamentos<br />
e, por meio <strong>de</strong>les, a publicida<strong>de</strong> pô<strong>de</strong>,<br />
ao longo dos anos, traçar seus planejamentos<br />
e estratégias, montar suas provisões e<br />
medir resultados. O ID único terá a mesma<br />
função, mas agora quem <strong>de</strong>cidirá estar ou<br />
não em <strong>de</strong>terminado cluster é o usuário,<br />
em um mo<strong>de</strong>lo muito mais responsável e<br />
respeitoso com a audiência”.<br />
Assim como numa relação interpessoal,<br />
consetimento é a palavra-chave. Atualmente,<br />
pedir para aceitar cookies virou<br />
medida padrão. É o que propõe Henrique<br />
Casagranda, sócio e diretor <strong>de</strong> mídia da Cadastra.<br />
O gran<strong>de</strong> caminho são os data-lakes<br />
robustos: o armazenamento <strong>de</strong>sses dados,<br />
com consentimento do usuário, apenas do<br />
lado do servidor. “Nesse contexto, a Cadastra<br />
está se preparando para não se limitar<br />
apenas à publicida<strong>de</strong> contextual, mas sim<br />
capacitar nossos cientistas <strong>de</strong> dados para<br />
encontrarem maneiras criativas e, ao mesmo<br />
tempo, eficientes <strong>de</strong> impactar os consumidores<br />
digitais <strong>de</strong> maneira atraente,<br />
assertiva e relevante. Isso passa por <strong>de</strong>senhar<br />
estratégias junto <strong>de</strong> nossos clientes<br />
pensando sempre em caminhos alternativos,<br />
que não esbarrem na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />
fornecedores terceiros <strong>de</strong> dados, portanto,<br />
muitas vezes, acabamos percebendo ser<br />
possível trazer ainda mais resultado a partir<br />
das bases proprietárias”.<br />
A publicida<strong>de</strong> precisa repensar o passo<br />
adiante dos cookies para continuar medindo<br />
impactos. “O cliente é o centro do<br />
negócio e é ele quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> o que, como e<br />
quando conce<strong>de</strong>r ou revogar suas permissões<br />
<strong>de</strong> captura <strong>de</strong> dados, além <strong>de</strong>le saber<br />
o que será feito”, pon<strong>de</strong>ra Marco Marsitch,<br />
diretor <strong>de</strong> data services & CRM da Jüssi, que<br />
prossegue: “O party data e o first party data<br />
<strong>de</strong>vem ser o mindset das empresas <strong>de</strong> agora<br />
em diante. Receber sinais dos clientes, <strong>de</strong><br />
forma consensual, leva as empresas a conhecerem<br />
melhor seu cliente, <strong>de</strong>ixando-o<br />
no centro das escolhas, e, com isso, gerando<br />
maior impacto e valor agregado, diminuindo<br />
inferências e fazendo um relacionamento<br />
mais direto e contextualizado”.<br />
Maura Coracini é diretora <strong>de</strong> mídia e digital da Kantar<br />
A postergação da <strong>de</strong>cisão do Google para<br />
2023 está dando mais tempo para os agentes<br />
<strong>de</strong> marketing se organizarem. “Para<br />
minimizar o impacto”, sintetiza Roberta<br />
Queiroz, diretora <strong>de</strong> mídia da Innova AATB.<br />
“Ficar atentos às novas tecnologias que já<br />
estão em estudo, seus resultados e impactos<br />
na LGPD”, ela acrescenta.<br />
Por outro lado, Bruno La<strong>de</strong>ira, CEO da<br />
Moringa, reconhece que os insights dos<br />
cookies vão ocasionar perdas. “Entretanto,<br />
não há com o que se preocupar. É importante<br />
ter em mente que esse também<br />
é um verda<strong>de</strong>iro divisor <strong>de</strong> águas que vai<br />
evi<strong>de</strong>nciar o bom marketing, aquele que<br />
foca em estratégia. Precisaremos, a partir<br />
<strong>de</strong> agora, <strong>de</strong> ainda mais tecnologia para<br />
sair do lugar-comum: APIs e trackeamento<br />
server-si<strong>de</strong>, por exemplo, no caso do<br />
Google”, esclarece La<strong>de</strong>ira.<br />
É importante lembrar, <strong>de</strong> acordo com recomendação<br />
<strong>de</strong> Fabio Mancini, diretor <strong>de</strong><br />
plataformas digitais e CRM da Cheil, que<br />
não é somente o Google que tem esses planos.<br />
“A Apple já tem o IDFA (ID for Advertisers),<br />
conhecido como i<strong>de</strong>ntificador para<br />
publicida<strong>de</strong>, e tirou os cookies do Safari.<br />
A Mozilla também já fez esse movimento.<br />
Agora com o anúncio do Google estamos<br />
falando <strong>de</strong> praticamente 70% do mercado<br />
brasileiro (60% mundial) <strong>de</strong> navegadores,<br />
Helo Goldman é VP <strong>de</strong> mídia e performance da LBTM<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 27
EspEcial DIGITAL<br />
Fotos: Divulgação<br />
Francesco Simeone é chief growth officer da Logan<br />
segundo o StatCounter, e isso, sim, preocupa<br />
o mercado publicitário. Isso significa<br />
que os anunciantes e seus parceiros precisam<br />
se reinventar – e rápido – para essa<br />
transição. Muito se fala e há um alvoroço<br />
<strong>de</strong> como será a compra <strong>de</strong> mídia ou ações<br />
digitais segmentadas, mas já paramos para<br />
pensar em como vamos medir tudo isso<br />
sem os cookies <strong>de</strong> terceiros? Os anunciantes<br />
ainda terão acesso e po<strong>de</strong>rão usar os<br />
próprios dados primários, mas a correspondência<br />
<strong>de</strong> dados entre re<strong>de</strong>s será muito<br />
mais difícil. Contaremos com uma análise<br />
mais profunda em cada plataforma, em vez<br />
da visualização multiplataforma habilitada<br />
pelo rastreamento <strong>de</strong> cookies <strong>de</strong> terceiros”,<br />
exorta Fabio Mancini.<br />
O fim dos cookies certamente é <strong>de</strong>cisão<br />
disruptiva para o mo<strong>de</strong>lo comercial na internet.<br />
Esse é o pensamento <strong>de</strong> Maura Coracini,<br />
diretora <strong>de</strong> mídia e digital da Kantar.<br />
“Na nossa última pesquisa com profissionais<br />
<strong>de</strong> marketing, i<strong>de</strong>ntificamos que mais<br />
da meta<strong>de</strong> dos anunciantes (59%) estão<br />
preocupados com a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rastrear<br />
mídia online por meio <strong>de</strong> cookies. Essas<br />
preocupações se traduzem em um período<br />
<strong>de</strong> experimentação para a maioria das<br />
marcas e suas agências”.<br />
Segundo Denys Fehr, CEO e sócio da<br />
Just a Little Data, o fim dos third-party<br />
cookies significa a perda <strong>de</strong> uma categoria<br />
<strong>de</strong> dados. “Ações <strong>de</strong> CRM para amplificar<br />
a base <strong>de</strong> dados e focar em ações <strong>de</strong><br />
remarketing segmentado. Alguns veículos,<br />
como Facebook e Verizon, estão disponibilizando<br />
API’s <strong>de</strong> conversão através <strong>de</strong> servidores<br />
próprios plugados às plataformas<br />
dos anunciantes para armazenar informações<br />
<strong>de</strong> navegação no site a fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />
comportamentos do público”, <strong>de</strong>talha<br />
Fehr, que vê obstáculos “para anunciantes<br />
e publishers no planejamento e segmentação<br />
<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> digital”.<br />
Há cinco anos, como informa Gerson Ribeiro,<br />
sócio-diretor da Vitrio, <strong>de</strong>u início à<br />
estruturação <strong>de</strong> CDPs proprietários. “Também<br />
investimos nas análises criativas e<br />
no mapeamento da jornada <strong>de</strong> compra do<br />
consumidor, gerando insights valiosos para<br />
levarmos aos clientes a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> in-<br />
Isabela Cardoso cuida da privacida<strong>de</strong> no Chrome<br />
“em vez <strong>de</strong> trabalharmos<br />
algumas gran<strong>de</strong>s<br />
campanhas anuais,<br />
passamos a trabalhar<br />
várias minicampanhas<br />
semanais”<br />
vestimento em conteúdo, subvertendo a<br />
lógica das marcas agirem como anunciantes<br />
e passando a agir como entertainers,<br />
ganhando relevância no cotidiano <strong>de</strong> seus<br />
consumidores e da socieda<strong>de</strong>. Em vez <strong>de</strong><br />
trabalharmos algumas gran<strong>de</strong>s campanhas<br />
anuais, passamos a trabalhar várias minicampanhas<br />
semanais, com agilida<strong>de</strong> criativa<br />
e mais conectado nas necessida<strong>de</strong>s dos<br />
consumidores”.<br />
Para continuar seguindo as pegadas <strong>de</strong><br />
quem interessa, nas palavras <strong>de</strong> Francesco<br />
Simeone, CGO global e gerente-geral no<br />
país do Grupo Logan, “a segmentação e a<br />
atribuição para medição <strong>de</strong> resultados precisarão<br />
migrar <strong>de</strong> uma implementação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminações para uma implementação<br />
probabilística”.<br />
Simeone prossegue: “A cada impressão<br />
e clique que entregamos no mobile,<br />
por exemplo, recebemos informações <strong>de</strong><br />
contexto geográfico, conteúdo, hábitos<br />
<strong>de</strong> consumo que nos permitem, aplicando<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> machine learning, atribuir<br />
com muita precisão cada uma <strong>de</strong>ssas interações.<br />
Nesse novo mundo cookieless existem<br />
dois gran<strong>de</strong>s vencedores. Os primeiros<br />
são os consumidores, que se apropriam <strong>de</strong><br />
sua privacida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>m virar donos da<br />
própria segmentação; em segundo lugar, a<br />
mesma indústria publicitária, por ser mais<br />
transparente com eles e entrando numa<br />
Rafael Rez é fundador e CMO da Web Estratégica<br />
forma mais orientada à evolução tecnológica.<br />
Em suma, a personalização <strong>de</strong> campanhas<br />
publicitárias e a privacida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />
coexistir com a metodologia certa e o justo<br />
foco na inovação”.<br />
RELAÇÃO<br />
Como a <strong>de</strong>cisão do Google ocorreu há<br />
dois anos, não há surpresa. Quem reforça<br />
esse contexto é Vilma Moraes, diretora <strong>de</strong><br />
grupo <strong>de</strong> mídia da R/GA. “As marcas que já<br />
vinham se organizando para este momento<br />
terão um impacto menor em sua performance.<br />
Acredito que esse movimento significa<br />
uma maior qualificação na audiência<br />
<strong>de</strong>sejada. Investir em uma relação sólida,<br />
<strong>de</strong> confiança entre a marca e/ou serviços<br />
e seus respectivos consumidores, além <strong>de</strong><br />
construir uma base forte <strong>de</strong> first-party data<br />
– sem consi<strong>de</strong>rar as iniciativas imediatistas,<br />
pois a construção <strong>de</strong>stes dados necessita<br />
<strong>de</strong> um trabalho a longo prazo, que busque,<br />
principalmente, a segurança dos dados individuais<br />
e a clareza na relação entre ambas<br />
as partes”, raciocina Vilma.<br />
Confiança é item <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong><br />
nessa transição. “Os anunciantes <strong>de</strong>vem<br />
ter em mente que, quando o maior navegador<br />
do mercado sinaliza a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> sua<br />
plataforma à LGPD, dificilmente haverá estratégia<br />
<strong>de</strong> mídia digital <strong>de</strong> sucesso que não<br />
se adapte a este momento. O que sabemos,<br />
é que <strong>de</strong>veremos fortalecer a construção <strong>de</strong><br />
dados primários e, gradativamente, diminuir<br />
a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> terceiros.<br />
Além disso, acreditar em novos caminhos<br />
que serão propostos através <strong>de</strong> estudos e<br />
hipóteses criados pelo próprio Google e outros<br />
gran<strong>de</strong>s players”, esmiuça Vilma.<br />
APIS<br />
É momento <strong>de</strong> reinventar a comunicação<br />
e estratégias <strong>de</strong> tracking <strong>de</strong> resultados em<br />
níveis mais <strong>de</strong>talhados. Esse é o olhar <strong>de</strong><br />
Helo Goldman, VP <strong>de</strong> mídia e performance<br />
da Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong>.<br />
“A LBTM já firmou parceria com a Amazon<br />
para oferecermos soluções <strong>de</strong> cloud e<br />
datatech para nossos clientes visando dados<br />
proprietários. Estamos investindo na<br />
área <strong>de</strong> AdTech com foco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
28 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Divulgação<br />
Paulo César Itabaiana é managing director da Teads<br />
APIs que suportem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />
cliente em seus respectivos negócios e objetivos<br />
diferentes. Reforçamos a área <strong>de</strong><br />
data intelligence da agência com equipe <strong>de</strong><br />
engenharia e cientistas <strong>de</strong> dados, que estão<br />
trabalhando em linha com os times <strong>de</strong> tecnologia<br />
para oferecer soluções customizadas<br />
para cada estratégia e negócio. O fato<br />
<strong>de</strong> priorizar a privacida<strong>de</strong> dos usuários no<br />
targeting por contexto, por exemplo, <strong>de</strong>ve<br />
tornar a comunicação mais atrativa e com<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> engajar ainda mais o público que<br />
não se sente invadido, mas sim selecionado.<br />
A meta é priorizar o estudo das soluções,<br />
<strong>de</strong>finindo metas e processos que se<br />
encaixem em cada necessida<strong>de</strong>, tanto <strong>de</strong>senvolvendo<br />
projetos <strong>de</strong> tracking quanto<br />
estabelecendo parcerias para segmentação<br />
e mídia programática, que contemplem as<br />
estratégias <strong>de</strong> negócio das marcas anunciantes”,<br />
argumenta Helo.<br />
Há novas formas <strong>de</strong> segmentação. Essa é<br />
aposta <strong>de</strong> Paulo César Itabaiana, managing<br />
director da Teads Brasil. Em sua opinião,<br />
“testar e estar consciente que nesse novo<br />
cenário não <strong>de</strong>manda só uma, mas múltiplas<br />
formas <strong>de</strong> segmentação para manter<br />
o padrão <strong>de</strong> resultados anteriores.” Quais<br />
as iniciativas? Itabaiana respon<strong>de</strong>: “Na Teads<br />
já temos cases <strong>de</strong> campanhas bem-sucedidas<br />
sem o uso <strong>de</strong> cookies, mais <strong>de</strong> 50<br />
cases com marcas locais e regionais e, para<br />
tais projetos, adotamos algumas iniciativas<br />
para que os anunciantes consigam manter<br />
práticas eficazes <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> digital sem<br />
a presença <strong>de</strong> cookies. São soluções que<br />
possuem dois aspectos: segmentação contextual,<br />
que permite mapear com base no<br />
conteúdo em que o anúncio é inserido; e<br />
segmentação por audiência”.<br />
A Teads está usando IDs únicos que, na<br />
expressão <strong>de</strong> Itabaiana, “transformam o<br />
login” em uma nova forma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o<br />
usuário. O <strong>de</strong>safio é sua adoção por publishers<br />
e usuários, já que por hora, ao nível<br />
global, pouquíssimos fazem login”.<br />
Há comprometimento da compra programática<br />
para quem não investe em first<br />
party data. Para Manzar Feres, diretora <strong>de</strong><br />
negócios integrados em publicida<strong>de</strong> da<br />
Globo, quem atua só com cookies, terá <strong>de</strong><br />
Henrique Casagranda comanda mídia na Cadastra<br />
“a nestlÉ atua sob dois<br />
âmbitos, o tecnológico<br />
e um segundo mais<br />
relacionado à educação e<br />
aculturamento <strong>de</strong> dados”<br />
rever a sua abordagem.<br />
“Investimos fortemente em tecnologia<br />
para garantir toda infraestrutura, segurança<br />
e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento para<br />
tratar os nossos dados combinados a partir<br />
<strong>de</strong> parcerias com outras empresas que<br />
também possuem dados primários. Nossa<br />
fortaleza está no conhecimento que temos<br />
sobre os hábitos e interesses dos brasileiros,<br />
que conquistamos através da navegação<br />
logada com os Globo IDs. E, como já<br />
mencionado, trabalhamos constantemente<br />
para não apenas ampliar, mas principalmente<br />
enriquecer as informações que a<br />
análise <strong>de</strong>sses dados nos permite aferir sobre<br />
os diferentes consumidores. Para isso,<br />
unimos nossos dados primários com os das<br />
marcas, sempre respeitando o sigilo e privacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssas informações, o que amplia<br />
o olhar sobre hábitos e interesses dos consumidores<br />
e garante segmentações ainda<br />
mais assertivas”.<br />
Agências e anunciantes <strong>de</strong>vem ter o que<br />
em mente nessa transição? Na avaliação<br />
<strong>de</strong> Manzar, “será essencial buscar parcerias<br />
confiáveis”. É como um lego. “O dado<br />
first party valerá ainda mais e será necessário<br />
um trabalho bastante próximo entre<br />
players, anunciantes e agências para que<br />
seja possível o enriquecimento das diferentes<br />
bases <strong>de</strong> relacionamento com os consumidores.<br />
Não po<strong>de</strong>mos esperar 2023 para<br />
Bruno Campos <strong>de</strong> Oliveira é CMO da empresa AdsPlay<br />
começarmos a nos preocupar com a convergência<br />
entre bases <strong>de</strong> dados. Encontrar<br />
parceiros estratégicos e aptos a aplicar inteligência<br />
às informações geradas no relacionamento<br />
com as pessoas já é urgente. Uma<br />
relação <strong>de</strong> ganha-ganha para as estratégias<br />
<strong>de</strong> marketing e geração <strong>de</strong> negócios a partir<br />
das novas tendências <strong>de</strong> acompanhamento<br />
do consumidor”, reflete Manzar.<br />
Antes <strong>de</strong> o Google se manifestar, a discussão<br />
já ganhava força em 2017, com o<br />
posicionamento da Apple sobre o fim da<br />
captura <strong>de</strong> dados para o uso <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
ou ações <strong>de</strong> marketing. Quem relembra<br />
é Thiago Cesar, diretor <strong>de</strong> mídia, conteúdo<br />
e growth marketing da Nestlé.<br />
“A Nestlé atua sob dois âmbitos, o tecnológico<br />
e um segundo mais relacionado<br />
à educação e aculturamento <strong>de</strong> dados. No<br />
primeiro caso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2018, a companhia<br />
vem se parametrizando para construção<br />
<strong>de</strong> um data lake potente que nos permita<br />
não apenas colecionar dados, como também<br />
acioná-los para tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão,<br />
insights e ativação <strong>de</strong> audiências em mídia<br />
paga. Não acreditamos que exista algo<br />
que minimize totalmente os impactos,<br />
pois vemos a questão muito mais como<br />
um convite a trabalhar <strong>de</strong> uma forma diferente<br />
do que necessariamente um problema<br />
a ser contornado”.<br />
A principal mudança, na perspectiva <strong>de</strong><br />
Thiago César, “pressupõe o conhecimento<br />
<strong>de</strong> tecnologia, que vai além <strong>de</strong> questões relacionadas<br />
a comunicação, criativida<strong>de</strong> ou<br />
métricas <strong>de</strong> marca e negócios apenas. A visão<br />
<strong>de</strong> tecnologia, que antes estava restrita<br />
às atribuições do mídia, por exemplo, passam<br />
a fazer parte da rotina do marqueteiro<br />
como também dos profissionais <strong>de</strong> criação<br />
e planejamento nas agências. Não acredito<br />
que todos tenhamos <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r profundamente<br />
<strong>de</strong> tecnologia ou até mesmo <strong>de</strong><br />
programação, mas minimamente será necessário<br />
dominar quais ferramentas passam<br />
a compor a jornada <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> audiências,<br />
como datalake, diversas opções <strong>de</strong><br />
cloud disponíveis no mercado, enten<strong>de</strong>r<br />
minimamente sobre as diferentes leituras<br />
<strong>de</strong> resultados e o que esperar <strong>de</strong> cada uma<br />
das ferramentas, assim como ferramentas<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 29
EspEcial DIGITAL<br />
Fotos: Divulgação<br />
Vilma Moraes é diretora <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> mídia da R/GA<br />
safe heaven, <strong>de</strong>cisivas para a monetização<br />
<strong>de</strong> dados ou intercâmbio <strong>de</strong> dados entre<br />
indústrias sem que haja conflito ou risco<br />
em LGPD. Parece que o mundo realmente<br />
se sofisticou, que conhecer as plataformas<br />
e ferramentas <strong>de</strong> AdTech, e o que elas são<br />
capazes <strong>de</strong> fazer, é um idioma necessário<br />
daqui em diante. Novamente, não acredito<br />
que todos tenhamos <strong>de</strong> ser tecnólogos,<br />
obviamente, mas conhecedores das possibilida<strong>de</strong>s<br />
que a tecnologia nos oferece, sem<br />
sombra <strong>de</strong> dúvidas”.<br />
BRANDING<br />
Criar conteúdo <strong>de</strong> valor, investir em<br />
branding, investir em qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto<br />
e <strong>de</strong> atendimento é o resumo da ópera do<br />
fim dos cookies <strong>de</strong> Rafael Rez, fundador e<br />
CMO da Web Estratégica.<br />
“As marcas que enten<strong>de</strong>m o ecossistema<br />
digital como um todo investem em canais<br />
proprietários há muito tempo. Sites, blogs,<br />
APPs, e-mail marketing, CRM e outras iniciativas<br />
<strong>de</strong> contato e relacionamento com<br />
leads e clientes que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> mídia.<br />
Quem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> mídia po<strong>de</strong><br />
chorar ou mudar <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>. A proteção<br />
<strong>de</strong> dados será cada vez maior, o custo<br />
<strong>de</strong> mídia cresce a cada ano e a <strong>de</strong>pendência<br />
<strong>de</strong> plataformas externas é cada vez mais um<br />
risco para as marcas. Quando o Google implementou<br />
o ‘not provi<strong>de</strong>d’, em 2011, isso<br />
caiu como uma bomba no mercado <strong>de</strong> SEO.<br />
Aos poucos o mercado se adaptou, novas<br />
ferramentas surgiram e o mercado seguiu<br />
em frente crescendo, mesmo com dados<br />
<strong>de</strong> acesso orgânico encriptados e anonimizados.<br />
O mesmo ocorrerá agora. O próprio<br />
Google oferecerá soluções <strong>de</strong> trackeamento<br />
encriptadas que permitirão monitorar conversões<br />
em campanhas criadas na re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
anúncios e os anunciantes adotarão os novos<br />
padrões”, constata Rez.<br />
O Yahoo lançou no ano passado a solução<br />
Next-Gen Solutions. “Des<strong>de</strong> 2019, quando<br />
o final dos cookies <strong>de</strong> terceiros tornou-se<br />
uma realida<strong>de</strong> próxima, promovemos uma<br />
série <strong>de</strong> ações para educar nossos parceiros<br />
e clientes sobre a <strong>de</strong>sativação. Nesse sentido,<br />
lançamos em 20<strong>21</strong> o Next-Gen Solutions,<br />
que utiliza conteúdo e outros dados<br />
Denys Fehr é CEO e sócio da agência Just a Little Data<br />
“fóruns globais com<br />
a indústria significa<br />
que o privacy sandbox<br />
requer inputs dos<br />
principais atores”<br />
em tempo real, como clima, localização e<br />
tipos <strong>de</strong> dispositivos para alimentar algoritmos<br />
<strong>de</strong> machine-learning, que permitem<br />
que os anunciantes se conectem com seus<br />
públicos mais relevantes sem a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cookies, IDs <strong>de</strong> aplicativos móveis,<br />
navegadores, armazenamento ou criação<br />
<strong>de</strong> perfis em nível <strong>de</strong> usuário. Isso porque<br />
enten<strong>de</strong>mos que, à medida que o ecossistema<br />
publicitário se distancia dos cookies<br />
e dos IDs <strong>de</strong> apps – e a legislação referente<br />
à privacida<strong>de</strong> passa por transformações –,<br />
anunciantes e publishers precisam <strong>de</strong> soluções<br />
que os aju<strong>de</strong>m a alcançar o consumidor<br />
<strong>de</strong> maneira relevante e significativa,<br />
mesmo que haja ausência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificadores”,<br />
recomenda Thiago Bordignon, solutions<br />
manager do Yahoo Brasil.<br />
Ao encerrar <strong>de</strong>finitivamente o tracking<br />
<strong>de</strong> navegação e coleta <strong>de</strong> dados para publicida<strong>de</strong>,<br />
o Google <strong>de</strong>clara a importância da<br />
transparência diante do marco legal global.<br />
“A partir do momento que o site ou app <strong>de</strong>ixa<br />
claro o que ele está coletando, por que e<br />
como isso será utilizado, é muito mais fácil<br />
ter clientes que compartilham seus dados<br />
por livre e espontânea vonta<strong>de</strong>. Existe<br />
até uma tendência mapeada pela Gartner<br />
que mostra que as pessoas estão voltando<br />
a compartilhar seus dados com mais<br />
frequência ao perceberem que, com isso,<br />
recebem conteúdos e anúncios mais personalizados.<br />
Segundo a consultoria, até 2023<br />
a taxa <strong>de</strong> não-aceite <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em dispositivos<br />
móveis <strong>de</strong>ve cair quase 30%”, diz<br />
Bruno Campos <strong>de</strong> Oliveira, CMO da AdsPlay<br />
Mídia Programática.<br />
Gerson Ribeiro é sócio-diretor e partner da Vitrio<br />
PROGRAMÁTICA<br />
Diretor <strong>de</strong> performance da WMcCann,<br />
Vitor Miguel chama a atenção para a perda<br />
<strong>de</strong> dados. “Na minha visão, o principal<br />
trabalho no momento é com o CRM e<br />
conhecer com profundida<strong>de</strong> seu público.<br />
Saber o tipo <strong>de</strong> produto que o consumidor<br />
compra, com qual frequência e enten<strong>de</strong>r<br />
os hábitos <strong>de</strong> consumo sempre<br />
foi uma necessida<strong>de</strong> que muitas marcas<br />
esqueceram pela facilida<strong>de</strong> trazida pelos<br />
cookies. Agora, com o anúncio do Google,<br />
essas estratégias terão <strong>de</strong> ser mais<br />
bem trabalhadas. Mas acredito que nas<br />
dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m aparecer as melhores<br />
oportunida<strong>de</strong>s. Marcas que conseguirem<br />
ser relevantes terão <strong>de</strong>staque e, por consequência,<br />
crescimento”.<br />
Miguel avança sobre a questão da mídia<br />
programática: “Como conhecemos<br />
hoje, a mídia programática também será<br />
modificada. Atualmente, as empresas<br />
compartilham e fazem a venda <strong>de</strong> dados<br />
para tornar a entrega cada vez mais assertiva<br />
e isso não será mais possível. Os<br />
publishers também precisarão se reinventar<br />
para conseguir propor soluções<br />
relevantes para os anunciantes e, consequentemente,<br />
continuarem ven<strong>de</strong>ndo os<br />
espaços publicitários. Acredito que existirá<br />
uma briga pelo first-party. Os cookies<br />
passavam todas as informações sobre o<br />
comportamento <strong>de</strong> navegação do usuário<br />
e, assim, os anúncios eram completamente<br />
assertivos. Era comum escutar<br />
frases como: “Eu queria um celular novo<br />
e do nada comecei a receber vários anúncios<br />
em todo o site que eu acessava”. Esse<br />
é o po<strong>de</strong>r dos cookies. Por meio do compartilhamento<br />
<strong>de</strong> informações, os anunciantes<br />
conseguiam saber os <strong>de</strong>sejos dos<br />
consumidores e enviavam <strong>de</strong> forma rápida<br />
a oferta <strong>de</strong>sejada, aumentando a rentabilida<strong>de</strong><br />
da campanha. Em um mundo<br />
tão competitivo como o que vivemos, a<br />
informação vale ouro e a precisão com<br />
que os anúncios são recebidos aumenta –<br />
e muito – o faturamento daqueles que <strong>de</strong><br />
fato sabem utilizá-los. Por esses motivos<br />
os cookies se tornaram fundamentais”,<br />
finaliza Miguel.<br />
30 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
digital<br />
Unsplash<br />
Microsoft<br />
possibilita varejo<br />
conhecer ‘novo’<br />
consumidor<br />
Empresa investiu na<br />
ampliação da solução<br />
Dynamics 365, que usa<br />
nuvem, dados e inteligência<br />
artificial para monitorar<br />
a jornada do consumo<br />
Inteligência artificial, nuvem e consolidação <strong>de</strong> dados ajudam as marcas a acompanhar o cliente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento da compra até a troca <strong>de</strong> um produto<br />
Neusa spaulucci<br />
Microsoft ampliou a solução<br />
do Dynamics 365, que<br />
A<br />
possibilita as marcas a monitorar<br />
a jornada do consumidor.<br />
A i<strong>de</strong>ia é aprimorar o trabalho<br />
das equipes <strong>de</strong> marketing a<br />
i<strong>de</strong>ntificarem o comportamento<br />
dos clientes e oferecer recomendações<br />
customizadas com<br />
base na inteligência artificial.<br />
Segundo Marcon<strong>de</strong>s Farias,<br />
diretor <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> Dynamics<br />
365 e power platform da Microsoft<br />
Brasil, com o novo arsenal<br />
é possível segmentar o consumo<br />
e entregar conteúdo alinhado<br />
aos canais e produtos da preferência<br />
<strong>de</strong> cada um. Farias diz<br />
ainda que, durante a pan<strong>de</strong>mia,<br />
provocada pela Covid-19, as empresas<br />
acumularam uma quantida<strong>de</strong><br />
absurda <strong>de</strong> informação<br />
que precisava ser processada,<br />
e o Dynamics 365 evoluiu a tecnologia<br />
para o varejo.<br />
Por isso, o setor consegue<br />
analisar toda a jornada do<br />
cliente, “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a compra até a<br />
troca do produto”, se for o caso.<br />
A tecnologia <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />
dados e IA po<strong>de</strong> ser utilizada,<br />
segundo Farias, para gerenciamento<br />
inteligente <strong>de</strong> estoque,<br />
auxiliar na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />
<strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores e reduzir riscos<br />
<strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s. Tudo isso está alinhado<br />
com a mudança no comportamento<br />
o consumidor.<br />
As empresas hoje estão apostando<br />
em soluções em nuvem<br />
para oferecer serviços <strong>de</strong> forma<br />
personalizada, ou seja, levando<br />
em consi<strong>de</strong>ração como o consumidor<br />
gostaria <strong>de</strong> ser contatado,<br />
informado <strong>de</strong> novos produtos<br />
ou promoções nos canais das lojas,<br />
e quais produtos são <strong>de</strong> seu<br />
interesse para que possa i<strong>de</strong>ntificá-los<br />
mais facilmente no e-<br />
-commerce ou no marketplace.<br />
Farias fala em digitalização<br />
personalizada, já que há diversos<br />
recursos tecnológicos que<br />
po<strong>de</strong>m auxiliar as companhias,<br />
a começar pela análise do comportamento<br />
dos consumidores<br />
que é feita por meio da inteligência<br />
artificial.<br />
“Com ela, é possível mapear<br />
o meio <strong>de</strong> contato mais eficaz<br />
para cada cliente e os produtos<br />
do interesse, além <strong>de</strong> oferecer<br />
promoções <strong>de</strong> acordo com o<br />
gosto <strong>de</strong> cada um, evitando os<br />
spams e o <strong>de</strong>sgaste da marca.<br />
É uma revolução no marketing<br />
<strong>de</strong> produtos e serviços, que vai<br />
beneficiar a marca com maior<br />
índice <strong>de</strong> conversão em vendas<br />
e os consumidores não serão<br />
contatados <strong>de</strong> forma excessiva”,<br />
diz Farias.<br />
Ele lembra que o período <strong>de</strong><br />
isolamento forçado pela pan<strong>de</strong>mia<br />
chacoalhou as empresas<br />
e a tecnologia foi fundamental<br />
para que as marcas ganhassem<br />
mais impulso no mercado <strong>de</strong><br />
consumo. Com a evolução da<br />
plataforma, Marcon<strong>de</strong>s avalia<br />
que é possível unificar dados<br />
dos perfis únicos <strong>de</strong> uma empresa<br />
e <strong>de</strong>cifrar quem são os<br />
consumidores. “Essa solução é<br />
o conceito do Dynamics 365”,<br />
diz o executivo, acrescentado:<br />
“As empresas têm <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r<br />
quem é esse cara que não vai<br />
mais à loja”.<br />
Para ele, a chave do sucesso<br />
daqui para frente também será<br />
a relação entre as partes: consumidor<br />
e empresa, que, para ele,<br />
tem duas opções: respeitar a regulamentação<br />
e estreitar laços<br />
<strong>de</strong> confiança. Ainda segundo<br />
o executivo, o profissional <strong>de</strong><br />
marketing tem <strong>de</strong> saber que<br />
existe atualmente um “novo”<br />
consumidor, que usa a internet<br />
para fazer compras e também<br />
para conhecer as marcas. Esse<br />
mesmo profissional também<br />
<strong>de</strong>ve mudar a maneira como faz<br />
propaganda, muito em função<br />
do mundo digital. “A empresa<br />
tem <strong>de</strong> saber quem é o consumidor.<br />
Será uma questão <strong>de</strong> sobrevivência<br />
da marca”, analisa.<br />
Segundo dados compartilhados<br />
pela Microsoft, o varejo passou<br />
por uma digitalização acelerada<br />
nos últimos anos, tanto em<br />
<strong>de</strong>corrência do e-commerce,<br />
quanto pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
atendimento rápido e eficaz<br />
durante o fechamento das lojas<br />
físicas no início da pan<strong>de</strong>mia.<br />
Agora, com as estruturas<br />
mais robustas para aten<strong>de</strong>r às<br />
<strong>de</strong>mandas elásticas <strong>de</strong> consumidores<br />
online, o setor vem<br />
se reinventando para aprimorar<br />
a jornada do consumidor,<br />
utilizando-se <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong><br />
inteligência artificial, nuvem e<br />
análise <strong>de</strong> dados para personalizar<br />
a experiência <strong>de</strong> acordo<br />
com a preferências e o comportamento<br />
<strong>de</strong> cada cliente.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 31
mercado<br />
Profissionais <strong>de</strong> mídia apontam<br />
os caminhos para criar conexões<br />
9º Encontro <strong>de</strong> Mídias reuniu publicitários para discutir transformações<br />
da indústria e ainda premiou <strong>de</strong>staques <strong>de</strong> agências, marcas e veículos<br />
marcos bonfim<br />
No retorno do Encontro <strong>de</strong><br />
Mídias ao formato presencial,<br />
os profissionais discutiram<br />
as transformações constantes<br />
da indústria publicitária e a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma relação cada<br />
vez mais afinada entre o tripé<br />
agência-anunciante-veículo<br />
para o fortalecimento e o crescimento<br />
do mercado <strong>de</strong> comunicação.<br />
Com um número maior <strong>de</strong> canais<br />
e plataformas, essa conexão<br />
entre os três pares po<strong>de</strong> significar<br />
melhores estratégias para<br />
a inserção das marcas em conteúdos<br />
que conversem com os<br />
públicos <strong>de</strong> interesse. “Acredito<br />
muito numa intimida<strong>de</strong> entre<br />
agência, anunciante e veículos<br />
<strong>de</strong> comunicação. É visceral em<br />
uma estratégia vencedora”, afirma<br />
Hermann Mahnke, diretor<br />
<strong>de</strong> marketing para o Mercosul da<br />
General Motors.<br />
Para profissionais como Ricardo<br />
Monteiro, CEO da Tunad; e<br />
Glaucia Montanha, CEO da Convert<br />
e head <strong>de</strong> digital business<br />
da Artplan; muita coisa mudou,<br />
como a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamento<br />
dos consumidores, o<br />
que traz novos <strong>de</strong>safios, mas é<br />
importante que as marcas comecem<br />
a sair do lugar <strong>de</strong> commodities<br />
em que entraram quando<br />
focaram muito em performance<br />
e <strong>de</strong>ixaram a construção <strong>de</strong> marca<br />
em segundo plano.<br />
“Precisa haver uma preocupação<br />
com essa queda das marcas,<br />
em como gerar proximida<strong>de</strong><br />
e pensar em como ressignificar<br />
os meios tradicionais”, disse<br />
Glaucia. Para a executiva, também<br />
é preciso retirar o título<br />
<strong>de</strong> ‘veículo <strong>de</strong> massa’ das TVs –<br />
<strong>de</strong>nominação que po<strong>de</strong> sugerir<br />
que a marca está atirando para<br />
todos os lados, sem controle –,<br />
até porque hoje o mercado já<br />
conta com uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
números para analisar.<br />
Segundo Alarico Naves, superinten<strong>de</strong>nte-comercial<br />
multiplataforma<br />
do Grupo Record, essa<br />
9º Encontro <strong>de</strong> Mídias reuniu nomes como Hermann Mahnke, Ricardo Monteiro, Glaucia Montanha e Alarico Naves<br />
relação com agência e anunciantes<br />
tem evoluído muito na<br />
emissora. Ele cita como exemplo<br />
a inserção do TikTok no programa<br />
A Fazenda, uma parceria que<br />
ajudou a impulsionar a presença<br />
da plataforma no Brasil e virou<br />
case.<br />
“Nós escutamos os anunciantes,<br />
os seus <strong>de</strong>sejos e moldamos<br />
os formatos e entregas especiais<br />
em conteúdos para trabalhar e<br />
avançar nos projetos”, <strong>de</strong>staca<br />
o executivo sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> estratégias que contextualizam<br />
os produtos <strong>de</strong>ntro<br />
dos programas da gra<strong>de</strong> da<br />
emissora.<br />
Nessa jornada <strong>de</strong> criar conexões<br />
mais assertivas, os executivos<br />
também se mostraram<br />
preocupados com o manuseio<br />
dos dados e como gerar insights<br />
a partir <strong>de</strong>les. Como as informações<br />
não param <strong>de</strong> aumentar<br />
e chegam quebradas, por diversas<br />
fontes, hoje há uma dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> conseguir visualizá-las<br />
“Acredito muito<br />
numA intimidA<strong>de</strong><br />
entre AgênciA,<br />
AnunciAnte<br />
e veículos <strong>de</strong><br />
comunicAção”<br />
Fotos: Alê Oliveira<br />
integralmente.<br />
Segundo Glaucia, esse processo<br />
<strong>de</strong> análise <strong>de</strong> dados está consumindo<br />
um número “absurdo<br />
<strong>de</strong> pessoas”. “Um terço dos<br />
profissionais tentando conectar<br />
dados, não criando insights.<br />
Temos <strong>de</strong> conversar sobre isso<br />
e elevar a discussão. Quantas<br />
pessoas iremos precisar, num<br />
trabalho que é supermanual,<br />
com dados quebrados?”, questiona.<br />
Um cenário problemático<br />
especialmente diante da falta <strong>de</strong><br />
profissionais <strong>de</strong> tecnologia no<br />
mercado.<br />
“Data lake [repositório <strong>de</strong> dados]<br />
é uma solução, mas tem <strong>de</strong><br />
interpretar. É uma combinação<br />
<strong>de</strong> inteligência artificial, mas<br />
precisa <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> pessoas”,<br />
diz Monteiro, da Tunad.<br />
Todas essas transformações no<br />
mercado têm criado questionamento<br />
sobre qual <strong>de</strong>ve ser o perfil<br />
e o comportamento do novo<br />
mídia. Para Fabio Freitas, chief<br />
growth officer da FCB e integran-<br />
32 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
Fotos: Alê Oliveira<br />
Fabio Freitas, da FCB: “Eu acredito num mercado híbrido <strong>de</strong> generalistas e estrategistas”<br />
Marcelo Pachedo, da WarnerMedia: “O mídia nunca esteve tão importante”<br />
te do Grupo <strong>de</strong> Mídia, o maior <strong>de</strong>safio<br />
é que o mercado <strong>de</strong>manda<br />
profissionais cada dia mais ecléticos.<br />
“Quando ele tem um <strong>de</strong>safio,<br />
as soluções são multiplicadas.<br />
Ele é obrigado a ter um leque<br />
<strong>de</strong> conhecimento muito melhor e<br />
mais amplo. Eu acredito em um<br />
mercado híbrido <strong>de</strong> generalistas<br />
e estrategistas <strong>de</strong> longo prazo e<br />
a atuação muito cirúrgica <strong>de</strong> profissionais<br />
que são especialistas”.<br />
Em sua concepção, o perfil mais<br />
estratégico ten<strong>de</strong>ria a ficar com<br />
o anunciante, que contrataria a<br />
agência e os seus especialistas<br />
para executarem o plano.<br />
Segundo Marcelo Pacheco,<br />
VP ad salles da WarnerMedia, o<br />
mídia “nunca teve tão importante”.<br />
“Antes, teve aquele esfriamento<br />
da carreira do mídia,<br />
e agora é um personagem fundamental<br />
<strong>de</strong>ntro das estruturas<br />
dos veículos”. Ele conta que os<br />
meios <strong>de</strong> comunicação começaram<br />
a enxergar o que só as agências<br />
percebiam antes: o valor<br />
que esses profissionais po<strong>de</strong>m<br />
entregar no dia a dia, por terem<br />
o olhar <strong>de</strong> quem compra. “Se o<br />
cara tem formação em mídia,<br />
ele tem um enorme diferencial<br />
competitivo”, afirma.<br />
Freitas aproveitou o evento<br />
também para mostrar a nova<br />
estrutura do Grupo <strong>de</strong> Mídia,<br />
que tem a proposta <strong>de</strong> ser mais<br />
aberto, plural e contar com profissionais<br />
<strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> agências,<br />
veículos e anunciantes para amplificar<br />
o seu alcance.<br />
Prêmio<br />
O evento realizado na última<br />
semana ainda revelou os vencedores<br />
do 9º Prêmio Encontro<br />
<strong>de</strong> Mídias. As indicações para<br />
o reconhecimento dos profissionais<br />
foram selecionadas em<br />
2019 e divulgadas recentemente,<br />
após a retomada das ativida<strong>de</strong>s.<br />
São eles: COO/presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> agência: Hugo Rodrigues<br />
(WMcCann); VP/diretor-geral <strong>de</strong><br />
mídia: Andrea Hirata (Leo Burnett);<br />
Equipe <strong>de</strong> mídia: DPZ&T;<br />
Diretor <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> contas:<br />
Thiago Rodrigues (BETC Havas);<br />
VP/diretor <strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação:<br />
Maurício Kotait (Viacom<br />
Brasil - hoje o profissional<br />
está na CNN); Diretor/executivo<br />
<strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação: Ari<br />
Martire (Viacom Brasil); Melhor<br />
equipe comercial <strong>de</strong> veículo<br />
<strong>de</strong> comunicação: Re<strong>de</strong> Globo;<br />
Profissional <strong>de</strong> marketing e comunicação<br />
<strong>de</strong> veículo <strong>de</strong> comunicação:<br />
Eduardo Coutinho<br />
(Sony); Profissional <strong>de</strong> anunciante:<br />
Igor Puga (Santan<strong>de</strong>r).<br />
Publisher do ProPmarK recebe<br />
homenagem por sua trajetória<br />
Armando Ferrentini, diretor-<br />
-presi<strong>de</strong>nte e publisher do<br />
PROPMARK, foi homenageado<br />
no 9º Encontro <strong>de</strong> Mídias por<br />
suas contribuições ao mercado<br />
<strong>de</strong> comunicação. Ele foi o<br />
primeiro jornalista a escrever<br />
sobre o tra<strong>de</strong> publicitário no<br />
Brasil. Ao receber o prêmio,<br />
Ferrrentini disse que se sentia<br />
lisonjeado com o reconhecimento.<br />
“Muito obrigado por essa<br />
homenagem incrível, talvez<br />
não mereça tanto, mas, como<br />
dizia o saudoso Carlito Maia, ‘e<br />
se eu merecer?’. Foi tão incrível<br />
essa homenagem que superou<br />
em muito o que eu tinha preparado.<br />
O que fica disso é que<br />
a vida vale a pena, o trabalho<br />
recompensa, a honestida<strong>de</strong> é<br />
um valor que só valoriza quem<br />
a tem, e esse mundo da propaganda<br />
é um mundo totalmente<br />
diferente, <strong>de</strong> emoções frequentes”,<br />
afirmou.<br />
No ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> homenagem, a<br />
organização do Encontro <strong>de</strong> Mí-<br />
Alê Oliveira<br />
Armando Ferrentini recebe das mãos <strong>de</strong> Claudio Venancio prêmio especial pela carreira<br />
dias <strong>de</strong>stacou o pioneirismo <strong>de</strong><br />
Ferrentini no jornalismo sobre<br />
o mercado publicitário nacional,<br />
a criação do coluna Asteriscos,<br />
em 1965, que daria origem<br />
posteriormente ao PROPMARK;<br />
a atuação <strong>de</strong>cisiva para a criação<br />
da ESPM, da qual é presi<strong>de</strong>nte<br />
do Conselho Deliberativo<br />
e conselheiro emérito, além da<br />
<strong>de</strong>fesa constante do livre mercado<br />
e do estímulo às melhores<br />
práticas <strong>de</strong>ntro do indústria <strong>de</strong><br />
comunicação.<br />
Em seu discurso, Ferrentini<br />
lembrou que, ainda na época<br />
da coluna Asteriscos, escrevia<br />
sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Brasil<br />
participar mais dos eventos internacionais,<br />
como o festival <strong>de</strong><br />
Cannes, para conhecer e avançar,<br />
e hoje vê com felicida<strong>de</strong> o<br />
fato <strong>de</strong> o país ter uma das melhores<br />
publicida<strong>de</strong>s do mundo,<br />
capaz <strong>de</strong> encantar milhões <strong>de</strong><br />
pessoas diariamente. “Graças<br />
ao talento brasileiro, que absorve<br />
o que há <strong>de</strong> melhor nas<br />
artes e consegue fazer melhor.<br />
O mundo não aprecia apenas<br />
o Brasil pelas suas belezas naturais,<br />
pelas diversas fases da<br />
temperatura, o mundo nos admira<br />
porque realmente merecemos<br />
ser admirados”.<br />
Para Claudio Venancio, publicitário<br />
e organizador do evento,<br />
o reconhecimento é uma forma<br />
<strong>de</strong> relembrar toda essa trajetória.<br />
“O Armando é um dos poucos<br />
publicitários que tem algumas<br />
décadas na propaganda<br />
brasileira, todas elas <strong>de</strong>dicadas<br />
ao incentivo da nossa publicida<strong>de</strong><br />
e aos profissionais que fazem<br />
parte <strong>de</strong>la, <strong>de</strong> forma que é mais<br />
do que merecida essa homenagem”,<br />
disse.<br />
mb<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 33
mercado<br />
Nelcina Tropardi é reeleita para<br />
presidência da aBa em <strong>2022</strong>-2024<br />
Associação ligada aos anunciantes também elegeu novos membros para<br />
a diretoria nacional, conselhos fiscais e presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> comitês nacionais<br />
Vinícius noVaes<br />
ABA (Associação Brasileira<br />
A <strong>de</strong> Anunciantes) reelegeu<br />
Nelcina Tropardi como presi<strong>de</strong>nte<br />
da entida<strong>de</strong> pelos próximos<br />
dois anos. A associação<br />
também escolheu novos membros<br />
para diretoria nacional,<br />
conselho superior, conselho<br />
fiscal e comitê <strong>de</strong> compliance,<br />
além <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> comitês<br />
nacionais.<br />
Para o cargo <strong>de</strong> copresi<strong>de</strong>nte<br />
do conselho superior foi<br />
eleita Patrícia Borges, chief<br />
digital & marketing officer da<br />
Diageo. Frank Pflaumer, vice-<br />
-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> marketing, comunicação<br />
e assuntos corporativos<br />
da Nestlé, foi reeleito<br />
1º vice-presi<strong>de</strong>nte da diretoria<br />
nacional; e Ana Paula Castello<br />
Branco, diretora <strong>de</strong> branding<br />
da TIM, reeleita presi<strong>de</strong>nte da<br />
ABA Capítulo Rio.<br />
Sergio Pompílio, da Johnson<br />
& Johnson – que atuou como<br />
copresi<strong>de</strong>nte nas duas gestões<br />
anteriores – foi eleito presi<strong>de</strong>nte<br />
do conselho superior.<br />
Investimentos em mídia crescem<br />
39% em 20<strong>21</strong>, aponta cenp-meios<br />
Relatório mostrou que valor total foi <strong>de</strong> R$ 19,7 bilhões; com aumento<br />
<strong>de</strong> 6,8%, internet foi a mídia que mais apresentou crescimento no ano<br />
Nova diretoria será li<strong>de</strong>rada por Nelcina Tropardi, que ficará no comando da entida<strong>de</strong> até 2024: objetivo <strong>de</strong> seguir sendo protagonista<br />
Nelcina relembrou que<br />
a ABA conquistou sua se<strong>de</strong><br />
própria <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 62 anos,<br />
e afirmou que iniciativas que<br />
marcaram o último biênio<br />
vão continuar, como o movimento<br />
pelas boas práticas<br />
Relatório do Cenp-Meios<br />
mostrou que o investimento<br />
em mídia, via agências,<br />
cresceu 38,7% no ano passado.<br />
O total, em 20<strong>21</strong>, foi <strong>de</strong> R$ 19,7<br />
bilhões ante R$ 14,2 bilhões em<br />
2020. Os dados foram fornecidos<br />
por 298 agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> todo o país.<br />
Entre os segmentos, a internet<br />
foi a que apresentou a maior alta<br />
entre os dois anos – 6,81%, com<br />
um investimento <strong>de</strong> R$ 6,6 bilhões<br />
e share <strong>de</strong> 33,5%. A TV aberta<br />
concentrou R$ 8,9 bi em 20<strong>21</strong>.<br />
O setor <strong>de</strong> mídia out of home, por<br />
sua vez, recebeu um investimento<br />
<strong>de</strong> R$ 1,6 bilhão. O cinema foi<br />
a mídia com o menor aporte das<br />
agências, com um valor pouco<br />
acima <strong>de</strong> R$ 15 milhões.<br />
Presi<strong>de</strong>nte do Cenp, Luiz<br />
Lara afirmou que o documento<br />
revela que o investimento publicitário<br />
voltou aos níveis pré-<br />
-pan<strong>de</strong>mia, quando o volume<br />
do mercado publicitário, que<br />
tem a intenção <strong>de</strong> contribuir<br />
com diversos fatores por meio<br />
<strong>de</strong> ações.<br />
“Sinto-me orgulhosa em estar<br />
mais uma vez na presidência<br />
da ABA, sendo que meu<br />
Alê Oliveira<br />
<strong>de</strong>sejo é que sigamos como<br />
protagonistas da construção<br />
<strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> comunicação<br />
mais transparente e colaborativo,<br />
fazendo do marketing<br />
um po<strong>de</strong>roso instrumento<br />
<strong>de</strong> transformação”, disse.<br />
foi <strong>de</strong> <strong>de</strong> R$ 17,5 bilhões.<br />
“O investimento teve um<br />
crescimento expressivo – falamos<br />
<strong>de</strong> quase 40% – em 20<strong>21</strong>,<br />
mesmo levando em conta a<br />
inflação do período. Apesar<br />
do cenário tão difícil, em meio<br />
a dificulda<strong>de</strong>s e incertezas,<br />
a publicida<strong>de</strong> reafirma ser a<br />
roda que faz a economia girar,<br />
aproximando consumidores e<br />
anunciantes, usando os bons<br />
serviços das agências e dos veículos<br />
<strong>de</strong> comunicação”, disse<br />
Luiz Lara, presi<strong>de</strong>nte do Cenp.<br />
Dudu Godoy, VP do Cenp,<br />
<strong>de</strong>staca a capilarida<strong>de</strong> dos dados<br />
do Cenp. “O painel tem um<br />
grau <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> sem paralelo.<br />
Os dados <strong>de</strong> investimento<br />
saem direto dos sistemas das<br />
agências participantes, graças<br />
ao trabalho das empresas AdSolutions,<br />
Microuniverso, Publi,<br />
VBS, IClips e Operand, provedoras<br />
<strong>de</strong> softwares <strong>de</strong> gestão”.<br />
34 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
marcas<br />
Usaflex lança coleção sem gênero<br />
para incrementar coleção <strong>de</strong> verão<br />
Marca diversificou negócio, antes restrito a calçados ortopédicos, com<br />
franquias e exportação para ven<strong>de</strong>r seus 25 mil pares produzidos por dia<br />
Paulo Macedo<br />
setor calçadista é um<br />
O dos mais consistentes<br />
da economia brasileira.<br />
O país tem alguns polos importantes,<br />
como o <strong>de</strong> Franca, em<br />
São Paulo, e o gaúcho. O <strong>de</strong>sign<br />
e a comunicação têm ajudado<br />
a formar o conhecimento das<br />
marcas e, consequentemente,<br />
propiciar valor agregado<br />
aos negócios, que movimentaram<br />
cerca <strong>de</strong> US$ 1 bilhão<br />
em 20<strong>21</strong> e estão em fase <strong>de</strong><br />
crescimento, segundo a Associação<br />
Brasileira das Indústrias<br />
<strong>de</strong> Calçados.<br />
A Usaflex, que manufatura<br />
25 mil pares por dia, está em<br />
fase <strong>de</strong> transformação, que<br />
será consolidada em breve com<br />
processo <strong>de</strong> rebranding como<br />
informa o diretor <strong>de</strong> marketing<br />
Claudio Teixeira, que administra<br />
um orçamento anual <strong>de</strong><br />
R$ 28 milhões, abastecido por<br />
fundo que tem como base as<br />
250 lojas franqueadas da marca<br />
que nasceu no segmento funcional/ortopédico,<br />
mas hoje<br />
tem share <strong>de</strong> 12% na sua produção<br />
e vendas. Atualmente, a pizza<br />
é dividida com 60% para os<br />
mo<strong>de</strong>los da área Casual; Ícones,<br />
com 8%; Essenciais, com 8%; e<br />
Estilo, com 5%.<br />
São 350 SKUs que se renovam<br />
a cada lançamento <strong>de</strong> coleção,<br />
cinco ao todo, mas com<br />
cápsulas que trazem 60 produtos<br />
para nichos específicos. No<br />
próximo mês <strong>de</strong> agosto, quando<br />
apresenta sua coleção <strong>de</strong><br />
primavera/verão, a Usaflex vai<br />
incorporar ao portfólio linha<br />
sem gênero, “completamente<br />
neutra”, nas palavras <strong>de</strong> Teixeira,<br />
que po<strong>de</strong>rão ser usados<br />
por consumidores <strong>de</strong> qualquer<br />
orientação. O lab interno <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign<br />
está reescrevendo para a<br />
linguagem brasileira o portfólio<br />
da italiana Extralight, especializada<br />
em E.V.A. (Etil Vinil Acetato),<br />
borracha não-tóxica flexível,<br />
que é a<strong>de</strong>rente a qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> calçado.<br />
Fotos: Divulgação<br />
Mo<strong>de</strong>lo faz pose com artigo que integra o catálogo da marca, renovado a cada coleção<br />
O executivo Claudio Teixeira comanda o marketing da Usaflex, com fundo <strong>de</strong> R$ 28 mi<br />
Especializada em produtos<br />
em couro, que contempla 95%<br />
da sua carteira, os artigos com<br />
vinil fortalecem esse modal,<br />
que teve início com a primeira<br />
coleção batizada <strong>de</strong> Poofy.<br />
“Assim como Crox não tem<br />
gênero específico, vamos in-<br />
vestir nessa tendência com essa<br />
nova linha. Isso está alinhado<br />
com as ações <strong>de</strong> propósito que<br />
estamos implementando com o<br />
Por Todas e o Instituto Polem.<br />
Com a<strong>de</strong>são ao que recomenda<br />
a Lei Maria da Penha. Patrocinamos<br />
a final da Super Copa<br />
“A melhor dAtA do<br />
cAlendário pArA<br />
As nossAs vendAs<br />
ocorre no diA<br />
dAs mães. <strong>de</strong>pois,<br />
verão e nAtAl”<br />
Feminina, vencida pelo Corinthians,<br />
com placas e tapetes 3D<br />
ao lado das balizas”, <strong>de</strong>staca<br />
Teixeira.<br />
A comunicação da Usaflex é<br />
coor<strong>de</strong>nada pela agência Invent<br />
Casa Criativa. A maior parte é<br />
<strong>de</strong>stinada para ações no digital<br />
(60%), mas também na ambientação<br />
dos PDVs das franquias e<br />
das cinco mil lojas multimarcas<br />
(30%) e mídia 30%. Teixeira relata<br />
que em 2019 a Usaflex foi<br />
patrocinadora do Big Brother<br />
Brasil. Mantém presença em<br />
programas como o Cozinha Prática,<br />
apresentado pela chef Rita<br />
Lobo no canal fechado GNT.<br />
“Temos <strong>de</strong> estar atentos<br />
às tendências <strong>de</strong> mercado com<br />
alguma antecedência. O pessoal<br />
que participa das nossas<br />
imersões criativas consi<strong>de</strong>ra<br />
pesquisas da WGSN e também<br />
do instituto americano Snoop.<br />
Também observamos dados<br />
da Accenture para nos ajudar<br />
a compreen<strong>de</strong>r cenários”, afirma<br />
Teixeira. “A melhor data<br />
do calendário para as nossas<br />
vendas ocorre no Dia das Mães.<br />
Depois, verão e Natal”, ele<br />
acrescenta.<br />
Com os canais tradicionais<br />
em velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro, a<br />
i<strong>de</strong>ia é incrementar as vendas<br />
digitais por e-commerce. “Até<br />
2025, o investimento será <strong>de</strong><br />
R$ 100 milhões para o mo<strong>de</strong>lo<br />
omnichannel estar em todas as<br />
pontas. O nosso catálogo, produzido<br />
internamente, inclusive<br />
fotos, é outro instrumento. Ele<br />
nos ajuda no sell in (canais) e<br />
sell out (consumidores)”, finaliza<br />
Teixeira.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 35
AgênciAs<br />
Atenas se diferencia pela expertise<br />
regional e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> relações perenes<br />
Empresa <strong>de</strong> live marketing fundada na Bahia aposta em plataformas para<br />
construção <strong>de</strong> marca, com cases <strong>de</strong> Devassa e Green Your City, da HNK<br />
kelly dores<br />
Uma agência que tem duas<br />
baianas como sócias à<br />
frente <strong>de</strong> toda a operação. Quer<br />
mais diversida<strong>de</strong>? 65% do quadro<br />
dos colaboradores são formados<br />
por lí<strong>de</strong>res mulheres<br />
e vai além. “A gente tenta ser o<br />
mais plural e diverso possível<br />
para que a comunicação possa<br />
ser verda<strong>de</strong>ira. Esse olhar faz<br />
a diferença. A agência acabou<br />
<strong>de</strong> ganhar o Selo da Diversida<strong>de</strong><br />
Étnico-Racial, da Secretaria<br />
<strong>de</strong> Reparação <strong>de</strong> Salvador,<br />
tem uma quantida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> colaboradores negros e uma<br />
maioria formada por mulheres”,<br />
conta Denise Garrido, que<br />
fundou a agência <strong>de</strong> live marketing<br />
Atenas em 2007, ao lado<br />
<strong>de</strong> Quércia Andra<strong>de</strong>.<br />
Criada em Salvador, a Atenas<br />
transferiu há alguns anos sua<br />
se<strong>de</strong> para São Paulo, “o que <strong>de</strong>u<br />
mais visibilida<strong>de</strong>”, mas o olhar<br />
regional para o Nor<strong>de</strong>ste continua<br />
sendo um dos diferenciais<br />
da agência que atrai clientes<br />
com interesse em se comunicar<br />
com a região. “Pelo fato <strong>de</strong><br />
a agência ter nascido no Nor<strong>de</strong>ste,<br />
tem uma <strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong><br />
dos clientes para esse olhar<br />
diverso e regional. Somos uma<br />
Atenas para cada cliente”, ressalta<br />
Denise.<br />
Mas elas garantem que a<br />
empresa tem um pensamento<br />
global, tanto que ganhou no<br />
ano passado a plataforma <strong>de</strong><br />
música e sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Heineken, a Green Your City. A<br />
agência foi a responsável pelo<br />
lançamento da ação que iluminou<br />
<strong>de</strong> ver<strong>de</strong> prédios icônicos<br />
como o Copan e o Terraço Itália,<br />
na capital paulista.<br />
“A gente tem feito muitas<br />
plataformas para construção <strong>de</strong><br />
marca, com o objetivo <strong>de</strong> criar<br />
territórios e ações perenes”,<br />
<strong>de</strong>staca Denise. Ela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />
a construção <strong>de</strong> relações que<br />
extrapolem o job a job. “A pior<br />
coisa que a gente vive no nosso<br />
mercado é o job a job, porque<br />
você não constrói uma relação<br />
com as marcas. A gente tem<br />
uma visão <strong>de</strong> construir a marca<br />
junto com o cliente, entrar na<br />
estratégia mesmo. A gente trabalha<br />
360º para a marca”.<br />
construção <strong>de</strong> mArcA<br />
Em sua visão, o futuro do<br />
mercado <strong>de</strong> live marketing é começar<br />
a construir marca. “Não<br />
é só o ATL que <strong>de</strong>termina isso.<br />
Muitas campanhas, experiências<br />
criadas pela Atenas <strong>de</strong>rivaram<br />
da abordagem da publicida<strong>de</strong>”,<br />
afirma Denise. Um dos<br />
cases <strong>de</strong> sucesso da Atenas é a<br />
Divulgação<br />
As sócias Denise Garrido e Quércia Andra<strong>de</strong> criaram a Atenas há 15 anos, em Salvador<br />
“A pior coisA<br />
que A gente vive<br />
no nosso mercAdo<br />
é o job A job”<br />
plataforma <strong>de</strong> música Devassa<br />
Tropical Transforma. “Devassa<br />
sempre foi vista como uma<br />
marca sexista e o objetivo da<br />
plataforma criada para o Carnaval<br />
foi se associar à música<br />
brasileira e isso virou o cerne da<br />
marca. A i<strong>de</strong>ia foi acabar com o<br />
passado sexista da marca e se<br />
conectar à música. A Devassa<br />
passou a patrocinar vários festivais<br />
culturais <strong>de</strong> música in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
Promovemos vários<br />
eventos únicos, como o primeiro<br />
encontro <strong>de</strong> Gilberto Gil e<br />
Baianasystem”, cita ela.<br />
Com a pan<strong>de</strong>mia e a proibição<br />
<strong>de</strong> eventos presenciais,<br />
Quércia salienta que a agência<br />
teve <strong>de</strong> se reinventar e, apesar<br />
das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado,<br />
registrou crescimento nos dois<br />
últimos anos. O foco foi criar<br />
projetos digitais para os clientes.<br />
“Em vez <strong>de</strong> ficar parado e<br />
com medo, a gente foi pra cima<br />
com vários projetos. A Atenas<br />
promoveu mais <strong>de</strong> 40 lives”,<br />
pontua a publicitária.<br />
E quando as lives começaram<br />
a cair, a saída foi encontrar<br />
outro formato. “A Devassa foi a<br />
primeira marca a fazer uma live<br />
patrocinada na TV paga, com<br />
show no Multishow no mês da<br />
Consciência Negra, com Iza,<br />
Carlinhos Brown e Criolo, entre<br />
outros, para homenagear a cultura<br />
preta. Foi a terceira maior<br />
audiência da TV paga no Brasil”,<br />
afirma Denise.<br />
As publicitárias afirmam que<br />
o ano está aquecido com vários<br />
projetos encaminhados, além<br />
<strong>de</strong> a agência estar participando<br />
<strong>de</strong> diversas concorrências. “Temos<br />
eventos em produção para<br />
Devassa, Amstel e convenção<br />
para JBS, por exemplo”, indica<br />
Quércia, ressaltando que a relação<br />
próxima com os clientes<br />
faz a Atenas ter um alto índice<br />
<strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> contas. Entre<br />
as principais marcas atendidas<br />
atualmente estão Heineken,<br />
Devassa, Eisenbahn, Ba<strong>de</strong>n Ba<strong>de</strong>n,<br />
Amstel, JBS (Seara), Vivo,<br />
Suvinil, Accor e Beefeater.<br />
36 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark
supercenas<br />
Paulo Macedo paulo@propmark.com.br<br />
Fotos: Divulgação<br />
Presente em mais <strong>de</strong> quatro mil pontos <strong>de</strong> venda, no país e na América Latina, Via Uno recorre à atriz e influencer Grazi Massafera para promover sua coleção <strong>de</strong>dicada ao inverno<br />
INVERNO<br />
A atriz Grazi Massafera é a estrela da campanha que promete aquecer<br />
o inverno mercadológico da marca Via Uno, presente em cerca<br />
<strong>de</strong> quatro mil PDVs no Brasil e na América Latina. “Queríamos um<br />
inverno quente e com muita cor, pois, além <strong>de</strong> ser uma tendência,<br />
as cores reforçam nosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver uma temporada positiva<br />
que atenda a todas as regiões. Com muita tranquilida<strong>de</strong>, a WTAG<br />
conduziu o projeto do início ao fim”, esclarece a executiva Carol<br />
Costa, gerente <strong>de</strong> marketing do anunciante. A equipe criativa da<br />
agência foi li<strong>de</strong>rada pelo sócio e ECD Dudu Rodrigues, com apoio<br />
da diretora <strong>de</strong> arte Bruna Rauber e da diretora <strong>de</strong> conteúdo Sarah<br />
Feltes.<br />
REFERÊNCIAS<br />
Quando o diretor Gabriel Dietrich, do elenco da O2 Filmes, leu<br />
a letra <strong>de</strong> Dar uma Deitchada, da cantora Duda Beat, <strong>de</strong>cidiu<br />
trazer referências da MTV e usar clima retrô na cena. Para a coreografia<br />
arregimentou Flávio Verne, responsável pelas dancinhas<br />
<strong>de</strong> Luísa Sonza e Pablo Vittar. Dietrich já dirigiu Fernanda<br />
Montenegro e Fernanda Torres em campanha <strong>de</strong> Dia das Mães.<br />
O diretor da O2 Filmes Gabriel Dietrich, com Duda Beat, durante a gravação do clipe<br />
Ivete Sangalo está na campanha <strong>de</strong> Clinique criada pela agência MariaSãoPaulo<br />
IDADE<br />
Para materializar o lançamento da linha Smart, a marca <strong>de</strong> hidratantes<br />
Clinique trouxe a cantora Ivete Sangalo como embaixadora<br />
dos dois itens anti-ida<strong>de</strong> do seu portfólio: Sérum Smart<br />
e creme antirrugas Smart Eye. “Queríamos uma campanha encantadora<br />
com uma pessoa que refletisse a beleza da brasileira<br />
e nossas consumidoras se reconhecessem nela. Por isso, escolhemos<br />
Ivete Sangalo, essa mulher po<strong>de</strong>rosa que representa tão<br />
bem essa brasilida<strong>de</strong> e a pele das nossas consumidoras”, justifica<br />
Mariana Seta, diretora da Clinique, marca da The Estée<br />
Lau<strong>de</strong>r Companies. A criação é da agência MariaSãoPaulo.<br />
jornal propmark - <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 37
última página<br />
Unsplash<br />
O não a<br />
gente já tem<br />
Flávio Waiteman<br />
não jornalista, que tem audiência <strong>de</strong><br />
O um gran<strong>de</strong> jornal e trata <strong>de</strong> assuntos<br />
que um gran<strong>de</strong> jornal trataria, mas que faz<br />
isso como se estivesse batendo um papo<br />
no boteco, nós já temos. E não dá certo. Falta<br />
formação <strong>de</strong> jornalista, falta faculda<strong>de</strong>, educação<br />
suficiente para que se entenda coisas<br />
como ética, responsabilida<strong>de</strong>, estética, língua<br />
portuguesa, dialética, e a sutil e perigosa<br />
diferença entre opinião, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
e crime.<br />
O não político, que chegou lá<br />
fazendo a não política e prometendo<br />
a não política e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
um tempo em vez do toma lá da cá<br />
faz o toma toma, toma, toma lá dá<br />
cá, já temos também. E, também<br />
não <strong>de</strong>u certo. Não tem como dar<br />
certo, pois o não político uma hora<br />
cai justamente porque falta política.<br />
O difícil é quando todo um país<br />
sofre anos para apren<strong>de</strong>r isso.<br />
disrupção nos custa muito caro a reputação<br />
do mercado. Comunicação requer formação,<br />
ética, estética, antropologia, técnica, talento,<br />
estudo, tentativas, erros, acertos e humanida<strong>de</strong>.<br />
Requer 10 mil horas <strong>de</strong> treinamento<br />
no mínimo para quem se dispõem a tentar.<br />
Nada na natureza brilha sem fricção. Dá trabalho,<br />
mano.<br />
Vamos voltar para as faculda<strong>de</strong>s, para os<br />
centros educacionais, para as aulas <strong>de</strong> arte<br />
e até para o autodidatismo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja<br />
<strong>de</strong>dicação e talento envolvidos. Enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
gente voltou a ser hype.<br />
“O nãO<br />
pOlíticO é<br />
sedutOr nO<br />
iníciO e pOr<br />
issO é bem<br />
vOtadO”<br />
Os não veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />
que prometem a liberda<strong>de</strong>,<br />
voz a todos, a não interrupção, a<br />
<strong>de</strong>fesa das minorias mas que vivem<br />
<strong>de</strong> receitas publicitárias veiculadas<br />
em conteúdos <strong>de</strong> ódio,<br />
também já temos.<br />
O mundo já tem isso <strong>de</strong>mais. É<br />
a nova nicotina e não é legal.<br />
O não político é sedutor no início e por isso<br />
é bem votado, pois ninguém acredita, afinal,<br />
que alguém vai ser idiota em fazer todo absurdo<br />
que fala. Mas eles fazem.<br />
Precisamos <strong>de</strong> políticos bem formados, <strong>de</strong>centes,<br />
que façam uma coisa apenas a vida inteira:<br />
política. E, claro, sejam honestos.<br />
O não publicitário, que profetizou o fim<br />
da publicida<strong>de</strong> como conhecíamos, o fim da<br />
mídia como conhecíamos, o fim da filmagem<br />
<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> como conhecíamos... bem,<br />
você já enten<strong>de</strong>u, e que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prometer<br />
mudar tudo, abre uma agência que faz tudo<br />
menos comunicação <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, isso<br />
também já temos.<br />
E essa distração com o nome pomposo <strong>de</strong><br />
É hora <strong>de</strong> anunciantes saberem exatamente<br />
on<strong>de</strong> suas marcas são vistas. Ao lado <strong>de</strong> quais<br />
notícias ou conteúdos. E as notícias precisam<br />
vir <strong>de</strong> Folhas, Estadões, Globos etc. Veículos<br />
<strong>de</strong> comunicação que são discutíveis, que têm<br />
gente que gosta e gente que não gosta, que<br />
pisam na bola, mas que têm CNPJ e en<strong>de</strong>reço<br />
fixo para pagar por isso. Informação é importante<br />
<strong>de</strong>mais e perigosa <strong>de</strong>mais para custar<br />
barato e ser fornecida por qualquer um.<br />
O não alguma coisa cansou. O não da cultura,<br />
o não do meio ambiente, dos direitos humanos,<br />
da saú<strong>de</strong>, o não presi<strong>de</strong>nte.<br />
É, amigo, o po<strong>de</strong>r da comunicação convenceu<br />
milhões <strong>de</strong> pessoas a nos trazer até aqui.<br />
E será a comunicação que vai nos tirar daqui.<br />
E que seja urgente, pois tá osso.<br />
Flávio Waiteman é CCO/Foun<strong>de</strong>r da Tech and<br />
Soul<br />
flavio.waiteman@techandsoul.com.br<br />
38 <strong>21</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2022</strong> - jornal propmark