FPF360 Suplemento Futsal
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REVISTA OFICIAL DA FEDERAÇÃO
PORTUGUESA DE FUTEBOL
EDIÇÃO EXTRA N.º 9
JANEIRO 2022
COMO SE FAZEM
CAMPEÕES
CAMPEÕES DA EUROPA E CAMPEÕES DO MUNDO: COMO CHEGÁMOS ATÉ AQUI
E QUAL A PERSPETIVA DE FUTURO? A FPF360 FEZ UMA ABORDAGEM ESTRUTURANTE
À MODALIDADE DE PAVILHÃO MAIS PRATICADA NO PAÍS.
EDITORIAL
FERNANDO GOMES
PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL
REINVENTAR
O SUCESSO
A participação de Portugal na fase final do Europeu
de Futsal, a decorrer nos Países Baixos, obedecerá,
como sempre, no futebol, futsal ou futebol de praia,
à velha máxima de que o futebol
não tem a compensação da memória.
Os êxitos e as vitórias passadas só interessam
até ao próximo jogo onde tudo começa de novo,
do zero a zero, e onde tudo está por provar.
A exigência que os próprios jogadores, equipa técnica,
liderada superlativamente por Jorge Brás, staff e estrutura
da FPF colocam ao serviço da representação portuguesa
dita, assim, que quando chegarmos aos encontros frente
a Sérvia, Países Baixos e Ucrânia pouco contarão os factos
insofismáveis de que Portugal está na sua nona fase final
consecutiva da mais importante prova europeia de futsal;
que não é derrotado em jogos oficiais desde o jogo
de atribuição dos 3º e 4º lugares do Campeonato
do Mundo da Colômbia em 2016; ou mesmo que se
apresenta como campeão europeu em título e atual
campeão mundial da modalidade.
Sabemos que, no momento de entrar na quadra, os nossos
jogadores apenas olharão em frente, para o futuro, para
o que aí vem. E que mais do que contemplarem as suas
glórias passadas, colocarão a sua garra, talento e espírito
indomável ao serviço de um País que se sente
sempre orgulhoso, nas horas boas e também
nas más, da forma como o representam.
Ao longo das próximas páginas, os leitores da FPF360
poderão descobrir como foi pavimentado o caminho
até chegarmos onde estamos – como a FPF planeou
e executou os planos que permitiram a Portugal ser
a maior potência global desta modalidade. Explicaremos
igualmente como colocámos milhares e milhares
de jovens a jogar futsal e como queremos continuar
a caminhar rumo à excelência, depois de atravessarmos
uma pandemia que nos abalou mas não nos derrubou,
nem, principalmente, nos retirou a confiança
inabalável no nosso caminho.
Sabemos, porque o nosso coletivo é devedor
da nossa total gratidão e confiança, que a Seleção
Nacional continuará a trilhar o caminho do sucesso
e das vitórias. Sabemos que demonstrará que só
se constrói o futuro quando estamos totalmente
comprometidos com o presente.
Sabemos igualmente que os portugueses se identificam
incondicionalmente com este espírito de devoção,
de sacrifício e com o compromisso total
de reinvenção e evolução da Equipa das Quinas.
Sabemos que juntos procuraremos a vitória.
Sabemos que juntos defenderemos Portugal.
UMA DÉCADA DE CRESCIMENTO SUSTENTADO
NEM UMA PANDEMIA MUNDIAL IMPEDIU PORTUGAL DE SE AFIRMAR COMO POTÊNCIA MUNDIAL DO FUTSAL.
ESTE SUPLEMENTO DA FPF360 É INTEIRAMENTE DEDICADO A EXPLICAR, SOB DIVERSOS PONTOS DE VISTA, O CAMINHO
QUE TEM SIDO FEITO NUMA MODALIDADE QUE TEM TANTO DE EXIGENTE COMO DE ENTUSIASMANTE.
6 MAIS UMA MONTANHA
OS CAMPEÕES DA EUROPA E DO MUNDO SÃO O “ALVO
A ABATER” NO EURO-2022, MAS A AMBIÇÃO DE QUEM
SE QUER MANTER NO TOPO DA COMPETITIVIDADE
TEM DE SER MÁXIMA.
8 RICARDINHO
EM GRANDE ENTREVISTA
O “MÁGICO” FOI O ESPECIALÍSSIMO CONVIDADO
DO PODCAST FPF360 E FALOU DE CORAÇÃO ABERTO.
18 FUTSAL EM PORTUGAL,
UMA DÉCADA EM ANÁLISE (2011-2021)
PEDRO DIAS, DIRETOR DA FPF PARA O FUTSAL, EXPLICA AO
DETALHE A FORMA COMO A FPF DESENVOLVEU A MODALIDADE
E TAMBÉM OS PLANOS PARA UM FUTURO QUE SE PRETENDE
CADA VEZ MAIS PRÓSPERO.
26 CAMPEÕESEUROPEUS E MUNDIAIS
DOIS POSTERS CUJO SIGNIFICADO AINDA
TEMOS DIFICULDADE EM QUANTIFICAR.
14 O QUE TEM O FUTSAL?
DOIS DOS JOGADORES MAIS INTERNACIONAIS DE SEMPRE
PELA SELEÇÃO NACIONAL PORTUGUESA, ARNALDO PEREIRA
E GONÇALO ALVES, FALAM SOBRE O DESPORTO QUE
TRANSFORMARAM EM PROFISSÃO.
29 FUTSAL MEDIÁTICO
PEDRO CATITA, COMENTADOR DO CANAL 11,
ESCREVE UM ENSAIO QUE ESTABELECE UM PARALELISMO
ENTRE O CRESCIMENTO DO FUTSAL E O SEU ESPAÇO NOS
MEDIA (MAIS E MENOS TRADICIONAIS).
FPF360
Revista oficial da Federação
Portuguesa de Futebol
Registo na ERC N.º
126365
Depósito legal
359066/13
Tiragem
500 exemplares
Propriedade/Edição/Redação
Avenida das Seleções
1495-433 Cruz Quebrada - Dafundo
NIF: 500 110 387
Telefone: (+351) 213 252 700
Fax: (+351) 213 252 780
Email: info@fpf.pt · Site: www.fpf.pt
Estatuto editorial disponível em
www.fpf.pt/Institucional/Revista-FPF360
Diretor
Alexandre Pereira
Conceção e textos
Rodrigo Dias e
Francisco Trigo de Abreu
Design
Nuno Martins e Tiago Ribeiro
Fotografia
FPF
Fecho editorial
17 de janeiro de 2022
Assinaturas, dúvidas, críticas e sugestões
360@fpf.pt
COMO
SE CHEGA
AO TOPO?
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Portugal é campeão da Europa e do Mundo de futsal masculino.
Quando se chega ao topo – ou sobe a montanha, como gosta de dizer o
Selecionador Nacional Jorge Braz -, a lembrança nostálgica do caminho
percorrido é quase inevitável. No entanto, a alta competição não se
adequa com grandes exercícios de saudosismo. Numa altura em que
a Equipa das Quinas já trabalha para procurar novamente o sucesso
no Campeonato da Europa de 2022, este suplemento da FPF360
exclusivamente dedicado ao caminho que o futsal português vem
percorrendo visa tanto valorizar todos aqueles que contribuíram para o
desenvolvimento da modalidade (e foram muitíssimos), como recordar
que a tarefa agora é ainda mais árdua: manter o nível competitivo
correspondente às expectativas criadas por resultados brilhantes.
Não há, como nunca houve, fórmulas mágicas. Essa será talvez a maior
conclusão a que vai chegar quem ler as próximas páginas. A Federação
Portuguesa de Futebol, as Associações Distritais e Regionais e os clubes
tiveram e vão continuar a ter um papel fundamental na angariação
de praticantes e no desenvolvimento das suas competências para
enriquecer um desporto já por si espetacular, com muitos golos, em
que a bola ronda constantemente as balizas. Todas as pessoas – mais ou
menos profissionais, mais ou menos mediáticas – ligadas à modalidade
são importantes para que ela continue a crescer solidamente no nosso
país, tal como se percebeu de forma clara durante uma pandemia
que podia ter abalado muito mais do que abalou.
Uma das vozes mais avalizadas para falar de espetáculo e sucesso
contínuo é Ricardinho, o único jogador de futsal a ser distinguido
seis vezes como o melhor do mundo. Como sempre, o “mágico”
falou à FPF360 com o coração. Não escondeu as emoções que
o têm invadido depois de ter anunciado o “adeus” à Seleção
Nacional e revelou-se motivado para ter um papel influente
no desenvolvimento da modalidade que o notabilizou.
Como respeitar a memória é importante, nesta revista vai
ainda poder reavivar memórias de outros dois jogadores
que tantas vezes defenderam a camisola das Quinas:
Arnaldo Pereira e Gonçalo Alves escreveram textos
imperdíveis sobre a forma como se apaixonaram pelo futsal.
Como o crescimento de um desporto não se resume apenas à perspetiva
de quem brilhou no campo, esta publicação não podia deixar de ouvir
quem deu contributos relevantes fora das quadras. Pedro Dias, Diretor
da FPF para o futsal e futebol de praia, faz uma análise estruturante,
sustentada em números, do caminho percorrido segundo as diretrizes
de uma estratégia seguida desde há sensivelmente 10 anos. Já Pedro
Catita, comentador de futsal no Canal 11, aceitou o desafio de abordar
o crescimento mediático da modalidade nas últimas décadas.
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Entrevista
RICARDINHO
“CONTINUO A
DIVERTIR-ME DA
MESMA MANEIRA”
O único jogador na história do futsal a vencer por seis vezes o prémio
de melhor jogador do mundo deu uma longa entrevista ao podcast
FPF360. Num tom informal, Ricardinho falou sobre diversos temas
relacionados com a modalidade que o projetou e não escondeu a sua
visão sobre as questões relacionadas com a formação de jogadores.
É precisamente esse o destaque principal do resumo desta conversa,
que publicamos nas próximas páginas.
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Os atletas de altíssimo nível dizem sempre
que ganhar não gera cansaço, mas nunca
estiveste num jogo, mesmo nos escalões de
formação em que pensasses – “Bem, como
isto está um empatezinho já não era mau…”
Nos seniores isso também já aconteceu!
[risos] Obviamente que queremos sempre
ganhar e conquistar todos os pontos, todos
os títulos. Infelizmente (ou felizmente,
para a modalidade) nós não jogamos
nem trabalhamos sozinhos. Há sempre
um rival, que por vezes até pode nem ter a
possibilidade de ser profissional, mas também
luta arduamente para criar a surpresa ou
conseguir, pela primeira vez, vencer um rival
forte. Acima de tudo, todos querem chegar ao
topo […]. Então, sinceramente, já houve vários
jogos em que pensei que o empate já era muito
bom, mas quando chegas ao balneário
já pensas que a equipa podia ter ganho
ou ter feito um bocadinho mais por isso.
Sem essa mentalidade vencedora
não tinhas chegado tão longe?
Há um conjunto de coisas que podiam ter
feito com que não tivesse chegado tão longe,
não é só uma questão de mentalidade. Ela
ajuda-te no dia a dia, para te ires superando.
Lembro-me perfeitamente que, quando
assinei o meu primeiro contrato profissional,
não jogava muito tempo e achava que devia
jogar mais porque tinha qualidade para isso.
Até que o meu treinador na altura me disse:
“Eu já sei que tu és bom com bola, quero é
ver-te a jogar sem ela: a defender, a pressionar,
a fazer carrinhos…” Era o tipo de coisas que os
mágicos, os “rabiscas”, como costumo dizer,
os que só gostam de jogar com a bola no pé,
têm mais dificuldade em fazer. Então,
o que eu fiz nessa altura foi o seguinte:
em vez de me focar mais no Arnaldo ou no
André Lima, os melhores jogadores ofensivos
que havia em Portugal, comecei a olhar mais
para o Pedro Costa, que era um trabalhador,
para o Zé Maria, muito bom defensivamente,
e mais tarde também para o Gonçalo [Alves].
Como o meu “copo” estava a esse nível
muito vazio, tentei ao máximo começar
a enchê-lo, absorver toda a experiência
que os melhores atletas me poderiam passar.
Acho que consegui fazer isso, fui evoluindo.
Quando cheguei a Espanha era muito mais
completo, mais competitivo, não só no jogo
como no treino. Portanto, a tua mentalidade
competitiva ajuda no dia a dia, mas há muitos
outros fatores que são necessários
para tenhas uma carreira com títulos.
A juntar a isso tudo, também tens – digamos
- algum jeito. Consegues emocionar-te
quando vês talento tal como os outros
o fazem quando estás em campo?
Muito. Aliás, neste meu último grande
desafio aqui em França, que infelizmente
não está a sair da forma que queria, isso está
a acontecer. Ao ver o crescimento de alguns
jogadores…quando os vejo jogar, a maneira
como se deslocam em campo, a forma
como encaram o jogo…todo esse talento
de diamantes em bruto que, com o tempo,
se estão a tornar perfeitos. Para mim,
é um orgulho ter ajudado a que esses atletas
tenham chegado a este tipo de patamar, de
jogar, de pensar, de querer competir contra
os melhores, de já não se assustarem com
os nomes. Essas coisas, para mim, são títulos
ganhos. Não têm reconhecimento, mas são
importantes e emociono-me quando
olho para eles […].
Por falar nisso, como é a tua
relação com os jovens jogadores?
Bastante fácil. Para já, eu sou uma pessoa
bastante faladora. Depois, se sou muito
exigente comigo, imagina com os outros.
Gosto de estar sempre a trabalhar no limite,
em todos os treinos, em todos os jogos.
Obviamente que isso nem sempre é possível,
mas quero sempre estar disponível para
a competição. Quando os miúdos treinam
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connosco percebes perfeitamente que eles
têm medo de ir ao choque, não te querem
magoar porque és uma estrela, ou o jogador
“tal”. Eu só lhes digo que eles têm de me
respeitar fora do campo, como pessoa, como
jogador, pelo que ganhei. Lá dentro, estão a
competir por um lugar como eu. Só joga quem
trabalha e chega ao limite. Se querem começar
a jogar têm de me tirar a bola, têm de meter
o pé, o corpo. Ainda um dia destes houve um
que me fez um drible e pediu-me desculpa
depois disso. Respondi-lhe logo: “Desculpa,
nada! Tens é de fazer isso todos os dias!” […].
Vejo aí ainda muita paixão pelo jogo.
É importante que um desportista de alto
nível se consiga divertir em campo?
R: Continuo a divertir-me da mesma
maneira. Passei recentemente uma fase
difícil, obviamente que depois da última
lesão no meu pé há dribles que eu vou ter
mais dificuldade em fazer. Aliás, no Mundial
[2021] fiz muito poucos dribles devido a
essa paragem de cinco meses. As pessoas
pensavam que eu ia andar a fazer “pontapés
de bicicleta” ou “cabritos”. Isso não dava,
tive de adaptar o meu jogo ao que eram as
necessidades da seleção. Mesmo assim,
consegui terminar como o jogador com mais
minutos, mais recuperações de bola e mais
assistências. Acho que consegui superar-me,
juntamente com os meus companheiros. Se
algum atleta não se diverte em campo, alguma
coisa está errada. Tens de pensar que estás
a fazer o que mais gostas, ainda por cima
muitos de nós recebem dinheiro por isso.
Jogamos Europeus, Mundiais, as pessoas
pagam bilhete para nos verem e perdem
tempo em casa com as famílias para nos
acompanharem através da televisão. O país
para! Então, porque é que não te vais divertir?
Porque é que não vais fazer aquilo que mais
gostas, sorrindo? A única coisa que tentei
adaptar no meu jogo foi ser objetivo para
que as pessoas não pensassem que só queria
“brincar na areia” ou fazer “palhaçada”.
A minha “palhaçada” é uma opção de jogo
que eu via para tentar driblar ou marcar golo.
Nunca pensei só em fazer isso porque “é fixe”
ou porque vai dar um bom vídeo no Youtube.
Até há um comentário engraçado de um dos
melhores guarda-redes do mundo, o Paco
Sedano, que dizia muitas vezes: “O que faço
quando vejo o Ricardinho aparecer sozinho
à minha frente? Sorrio, porque já sei que
ou aparecer na TV”. Isso ainda me dá mais
alegria porque os meus adversários sabem
que, quando faço aquilo, não é para gozar
com ninguém. É a minha opção […].
Criar uma academia, juntamente
com o internacional espanhol Ortiz,
foi uma forma de também partilhares
a tua visão do futsal?
Mais do que criar a academia Ricardinho/
Ortiz, o objetivo é participar. Já tive academias
de futsal em várias partes do país e o mais
importante de que me apercebi
é que nem sempre as tuas ideias chegam aos
treinadores e às pessoas que te representam
naquele momento. Foi por isso que desisti
um pouco dessa ideia. Eu e o Carlos Ortiz,
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que tem uma visão mais ou menos parecida
à minha, quisemos criar uma academia
de desenvolvimento técnico indo aos países
e jogando com os atletas locais […]. Quando
fizemos isso pela primeira vez, no Japão,
adorei o resultado. Numa das “aulas” passou
um tufão, começou a chover imenso e nós
estávamos a fazer aquilo ao ar livre. Estamos
a falar de jogadores de 8, 9 ou 10 anos e,
quando perguntámos se eles queriam
continuar, disseram logo que sim. Só aí já
percebes a paixão e a vontade de aprender
dessas crianças. Queriam absorver
a oportunidade de estar com dois atletas
de alto nível. É isso que nós queremos: contar
um pouco a nossa história, como chegámos
às equipas, as dificuldades pelas quais
passámos e, depois, passar-lhes alguns
ensinamentos. Explicar porque é que a técnica
é importante, tanto individual como coletiva,
para além da importância de saber ouvir
e de querer aprender. São ferramentas
que nós não tivemos e estamos a tentar
potenciar desde muito cedo […].
O que é indispensável
na formação dos jovens jogadores?
Eu acho sobretudo que depende dos atletas.
Claro que é importante ter boas condições,
que o treinador seja bom…ele pode ser bom,
mas se não quiseres ouvir, se não quiseres
aprender, se achares que o talento é tudo…
para mim, há coisas básicas: veres talento
no atleta e quereres trabalhá-lo, não pensando
apenas no resultado [dos jogos]. Acho que
a maioria da formação não quer formar, quer
ganhar. Depois, há os que querem formar e,
se forem ganhando, perfeito. E ainda
os que querem formar, ganhando. Temos
de encontrar o meio-termo. Temos de dar
valor ao que é ganhar já desde a formação,
mas não acredito que o André Coelho,
formado no ABC Nelas, tenha ganho todos
os campeonatos nacionais […]. Isso não quer
dizer que não tens talento ou que não podes
representar a seleção. Na minha opinião, tudo
depende em 70 ou 80% da capacidade do
atleta em querer aprender, ter um foco
no futsal, querer chegar a patamares altos e ter
referências na modalidade. Depois, há mais
20 ou 30% que dependem de outras pessoas.
Posso falar no meu caso, porque trabalhei
com pessoas que acreditaram em mim
e perderam tempo comigo. Nem todos
os treinadores de formação perdem tempo
individualmente com os atletas. No meu
tempo não era fácil, agora se calhar as
condições são melhores. Lembro-me
perfeitamente de ir uma hora e meia antes
para os treinos e estar 40 minutos a passar
a bola contra a parede, primeiro com um pé
e depois com o outro. Depois disso ainda
fintava cones, ou mesmo camisolas porque
às vezes não havia cones. Para ganharmos
na formação temos de trabalhar a “perna má”
dos jogadores? Não. E no futuro? É importante
ou não? A mesma coisa se aplica à escola: para
que é que vou aprender inglês se não vou sair
de Portugal? Se eu pensar pequeno, é assim.
Se eu pensar grande, tenho de ponderar se
quero aprender a língua para fazer algo que
queira. Nesta modalidade, todos os detalhes
contam […]. Na formação forma-se, para que
no futuro haja vitórias.
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O QUE TEM
O FUTSAL?
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GONÇALO
ALVES
A minha infância e adolescência foram
completamente diferentes das que vemos
hoje em dia. No meu caso, a “escola de futsal”
foi a rua. Ainda tentei várias vezes o futebol
e a verdade é que só aos 14 anos, quando um
amigo me convidou para ir treinar ao Atlético
Clube de Odivelas, comecei a ganhar gosto
pela modalidade. Foi claramente um início
tardio porque há crianças que começam
a jogar atualmente com 3 ou 4 anos.
Lembro-me muito bem de uma vez, em que
um Selecionador Nacional nos perguntou
com que idade tínhamos começado e
concluímos que todos o tinham feito com
14, 15, 16 anos. Se perguntarmos aos atuais
jogadores da Seleção Nacional, vai tudo
bater nos 8, 9 ou 10 anos, por aí.
O que mais me fascina no futsal é ter
a bola, não a largamos durante o jogo.
Também jogamos muito tempo e há emoção,
remates espontâneos, defesas incríveis dos
guarda-redes. Tudo é muito dinâmico!
É obrigatório pensar e executar num espaço
de tempo muito curto. Há sempre grande
intensidade e, ainda hoje, são estes os aspetos
que me agradam quando desfruto
de um jogo de futsal. Para além disto tudo,
o futsal ajudou-me em muitos
aspetos da minha vida.
Eu era um rapaz muito introvertido e,
por isso, apesar de ter um papel importante
no clube onde comecei a jogar, nunca quis
ir ao que antigamente se chamava
de “treinos de captação” nos clubes maiores,
nomeadamente no Sporting CP – na altura
ainda não havia futsal no SL Benfica. Tinha
vergonha. Só me imaginava no meio de 300
miúdos a tentar mostrar o que valia e isso
inibia-me. Ora, o meu irmão mais velho
apercebeu-se disso. Num belo dia, ele pôs-me
num autocarro e só me disse: “Vamos treinar
ao Sporting”. Provavelmente, essa atitude
definiu completamente muito do que tem
sido a minha vida porque acabei por ser
um dos escolhidos para jogar no clube.
Esse momento foi inesquecível.
Fui selecionado mesmo “à rasquinha”,
um dos últimos a ficar. Como eram jogos
de 5 minutos, tinha de correr tudo bem e
acreditem que nem foi isso que aconteceu
comigo. Joguei só mais ou menos, acho que
fui um pouco prejudicado por – lá está – ter
um perfil mais tímido. Fiz uma jogada ou
outra em que os “enganei” bem e isso terá
valido muito. Depois, a adaptação a uma
nova realidade também não foi fácil. Nos
primeiros jogos dificilmente entrava na
lista de convocados, mas depois fui-me
afirmando e ganhando o meu espaço, até
que entro na equipa titular e a partir daí, sim,
fui conhecendo a regularidade que depois
consegui manter ao longo de toda a carreira.
Todo este processo tem que ver com
a confiança que temos em nós e a confiança
que nos passam também. Quando eu melhorei
nesse sentido, dei muito mais de mim
e consegui mostrar o que valia.
Sempre me diverti muito a jogar futsal. Nunca
olhei para um treino ou para um jogo como
sacrifícios que tinha de fazer. Era (e é) a minha
paixão, não apenas uma profissão. Tanto
nos clubes que representei como na Seleção
Nacional, sempre me senti um privilegiado,
um sortudo. Muita coisa mudou da minha
geração para a atual, e ainda bem, mas há uma
que se mantém: quando um jogador entra em
campo, o mais importante é que se divirta.
Prevejo um grande futuro para o futsal em
Portugal, até porque a Federação Portuguesa
de Futebol olha a para a modalidade como
nenhuma outra o faz em todo o mundo.
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O QUE TEM
O FUTSAL?
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ARNALDO
PEREIRA
O gosto pelo futsal surgiu através do gosto
de ter a bola nos pés. Os meus primeiros
ídolos jogavam futebol, até porque o futsal
era pouco desenvolvido quando comecei
a praticar desporto. Agora já não, temos o
Ricardinho e o Falcão, por exemplo, jogadores
para os quais todos os jovens olham como
modelos a seguir. Comecei a jogar na escola,
com os meus amigos, porque sentia que tinha
sempre a bola e também porque podia voltar a
entrar em campo depois de sair, mas só aos 13
anos cheguei a jogador federado. Eu vivia em
Bragança e não havia, naturalmente, tantos
clubes formadores como no Porto.
Ou seja, desde os 5 anos até
à adolescência jogava na rua.
Lembro-me que fazia verdadeiras maratonas
de futsal com os meus irmãos e os meus
amigos, especialmente no verão. Todo
o tempo de todo o fim de semana a jogar.
Só parávamos para comer! Era muito
engraçado porque convivíamos
e praticávamos desporto, tudo ao mesmo
tempo. Como não tínhamos grandes regras
em campo, tudo era criatividade e surpresa,
nunca sabíamos o que o nosso adversário
ia fazer. Isso foi decisivo para o meu percurso
depois porque foi através de uma dessas
maratonas que chamei a atenção de
um clube em Espanha. Tinha apenas 19 anos
e foi esse o grande salto para conseguir jogar
quase até aos 40. Essa primeira experiência
como profissional foi marcante.
Estive lá um ano a aprender muito e a jogar
pouco. No entanto, foi o treinador dessa
equipa que me ensinou muitos dos conceitos
que me permitiram construir uma carreira.
Quando regressei a Portugal para cumprir o
serviço militar, fiquei muito surpreendido
pelas palavras que ele me dirigiu: “Neste
momento, jogas em qualquer equipa
portuguesa e vais ser convocado
para a seleção”. Fiquei de boca aberta,
a pensar que a pessoa que me dizia aquilo
era a principal responsável por eu quase
não jogar. O que é certo é que logo a seguir fui
o melhor marcador do campeonato nacional,
pelo Instituto D. João V, e o meu nome estava
na primeira convocatória da Seleção
Nacional. Para mim, foi uma lição de
resiliência e acho que ninguém deve ter
problemas em dar um passo atrás para
depois conseguir avançar com mais
consistência numa carreira desportiva.
Quando temos um sonho, uma vontade,
é preciso lutar. Foi isso que a minha mãe
me disse quando percebeu que ia sair de casa
para mudar de país e ser jogador profissional.
Esse sentido de missão permitiu-me viver
momentos mágicos entre as quatro linhas,
muitos dos quais como internacional.
Ter a oportunidade de representar Portugal
foi, sem dúvida, um dos maiores privilégios
da minha carreira, apesar de infelizmente
não ter conseguido vencer títulos. Claro
que adorava jogar nos clubes, mas o grande
objetivo era sempre estar na seleção ao
mais alto nível. Cada vez que tocava o Hino,
arrepiava-me! Tive sempre muito orgulho
em vestir a camisola das Quinas e sei que faço
parte de uma geração de jogadores que lutou
para colocar a modalidade no patamar
em que está hoje – sermos campeões
da Europa e do Mundo é algo incrível!
Acho que o futuro da modalidade é radioso,
até pela cobertura mediática que tem tido.
Antigamente íamos às compras e passávamos
despercebidos. Hoje em dia isso já não
acontece e esse contacto com os adeptos
também é importante. Neste sentido, temos
de dar os parabéns à Federação Portuguesa
de Futebol pela forma como tem apoiado
o futsal e criado condições
para que a modalidade cresça.
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FUTSAL EM
PORTUGAL,
UMA DÉCADA
EM ANÁLISE
(2011-2021).
Pedro Dias
Diretor FPF
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A Federação Portuguesa de Futebol (FPF)
tem sido “referenciada” a nível nacional
e internacional, como modelo de boas práticas
ao nível da gestão, organização e estratégia.
No que ao Futsal diz respeito,
o foco foi direcionado para a elaboração
e implementação de uma estratégia,
construída de forma partilhada, com
a participação ativa dos Stakeholders, onde
destacamos: Associações de Futebol, Clubes,
Dirigentes, Treinadores, Jogadores, Árbitros,
Parceiros Comerciais e Media, entre outros.
A estratégia para o Futsal foi aprovada
em 2012 pela direção da FPF.
O foco na atividade desportiva e na qualidade
dos serviços que a presta aos diversos
Stakeholders, no apoio, no aconselhamento
e na liderança que proporciona aos seus
membros, reposicionaram a forma como
estes parceiros passaram a percecionar
a FPF e os seus colaboradores, passaram
a considerá-los conselheiros e consultores,
em suma, facilitadores, que estão
ali para auxiliar os clubes.
A FPF apostou no Futsal de uma forma
consistente, criou marca, não se preocupou
apenas com a sua atividade, fez alterações
estruturais para melhorar e qualificar
a organização bem como a oferta
de prática do Futsal.
O PEN Futsal (Plano Estratégico Nacional)
foi apresentado em outubro de 2012, caminho
traçado, objetivos definidos, programas
e projetos validados, indicadores de
performance apresentados.
Apresentamos de forma não exaustiva a
viagem feita em torno do plano estratégico
nacional para o Futsal Português (PEN
Futsal).
Qualificar o processo e melhorar o
reconhecimento social do futsal em Portugal
estava no topo das prioridades, foi necessário
introduzir alterações estruturais, criar
programas que permitissem tornar o Futsal,
de forma equilibrada e sustentada, uma
modalidade de enorme relevância social.
O PEN Futsal foi o veículo que permitiu
alinhar a “família” do Futsal no caminho
a percorrer, aumentar e qualificar
significativamente a oferta de prática e
aumentar consideravelmente
a participação no Futsal.
Após a minuciosa análise de diagnóstico
realizada, cinco eixos estratégicos foram
validados, bem como 15 linhas estratégicas e
67 programas. Os cinco eixos estratégicos são:
I. PRATICANTES, onde se pretendia
ter mais praticantes em todos os âmbitos
de prática e em todos os escalões etários;
II. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO,
com a pretensão de criar uma estrutura
coerente e equilibrada capaz de garantir a
sustentabilidade e promover o crescimento;
III. FATORES HUMANOS, com o claro
objetivo de qualificar os fatores humanos
de modo a que o produto final (Futsal)
fosse de maior qualidade;
IV. GESTÃO, mais qualificada em todos
os níveis de organização da modalidade
com vista à obtenção de recursos
económicos e financeiros capazes
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de suportar o crescimento qualitativo
e quantitativo projetado; e finalmente,
V. COMUNICAÇÃO, interna e externa,
eficaz na promoção e suporte do crescimento
projetado para a modalidade.
O arranque do PEN Futsal ocorreu em
fevereiro de 2012, tendo sido apresentado
publicamente em outubro do mesmo
ano. O grau de implementação, no que diz
respeito aos 67 programas previstos, foi de
87% em 2016 (data da primeira avaliação).
Presentemente, podemos afirmar que
a totalidade dos programas previstos foram
implementados, considerando que houve
necessidade de reformular e reavaliar algumas
medidas e implementar novos programas
nos anos subsequentes.
Os indicadores de performance desejados
(todos os KPI’s amplamente superados),
definidos em 2012, são os seguintes:
› Aumentar em 14% o número
de praticantes federados,
› Aumentar em 4% o número
de clubes filiados,
› Aumentar em 6% o número
de treinadores filiados,
› Aumentar em 7%
o número de árbitros filiados,
› Aumentar em 9%
o nível de satisfação dos membros.
Da avaliação das medidas implementadas
(2012/2016) e do ajustamento realizado
para o segundo mandato de Fernando Gomes
na liderança da FPF (2016/2020), as linhas
orientadoras e prioridades eram claras,
estavam plasmadas no documento com
mais de uma centena de compromissos que
o Presidente Fernando Gomes apresentou
para esse período.
Para memória futura, destacamos alguns
dos programas implementados em cada
um dos eixos estratégicos do PEN Futsal:
I. PRATICANTES
› Criado pacote de incentivos financeiros
para diminuir os encargos dos clubes
na inscrição dos praticantes de formação
e das praticantes femininas.
› Criado programa de fidelização dos
praticantes de recreação e Lazer de Futsal,
em articulação com o disposto no DL 45/2015
de 9 de abril (direitos exclusivos
das federações desportivas).
› Celebrado um protocolo de cooperação
com o Ministério da Educação, para articular
medidas que visam o aumento do número
de crianças com prática desportiva regular,
a formação de jovens árbitros de futsal,
a formação específica de professores
com grupos equipa de futsal.
› Criado programa piloto de iniciação à prática
desportiva nas escolas do primeiro ciclo
do ensino básico.
› Criado o projeto 1, que visa qualificar a
formação específica do guarda-redes de futsal,
dos treinadores de futsal, bem como, observar
jovens guarda-redes de futsal com potencial.
II. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
› Criadas 12 novas competições nacionais
de Futsal, 7 femininas e 5 masculinas. Destas,
seis são competições nacionais de escalões
de formação.
› Contratados 5 treinadores para
a equipa técnica nacional (ETN) de futsal,
presentemente a ETN é composta
por 7 treinadores.
› Criado o processo de Certificação
das Entidades Formadoras de Futsal
(masculino e feminino)
› Criado um programa nacional de observação,
deteção e seleção de talentos no futsal.
III. FATORES HUMANOS
› Criado programa para atletas
em percurso para o alto rendimento (AR).
› Criado programa de comunicação
entre a equipa técnica nacional da FPF,
os responsáveis técnicos regionais
e os treinadores de clube.
› Criado programa de apoio à formação
e qualificação dos treinadores de futsal.
› Criada a Portugal Football School (PFS),
que disponibiliza um vasto programa
20
FPF360
de capacitação e qualificação
dos diversos stakeholders do futsal.
› Publicados 3 livros da autoria da equipa
técnica nacional: 1. Etapas de formação
do praticante de futsal, 2. Fundamentos
do jogo de futsal, 3. Guarda-redes
de futsal – porto específico.
IV. GESTÃO
› Criado programa mais futsal, que
proporciona um vasto leque de apoios diretos
aos clubes participantes nos campeonatos
nacionais da primeira divisão (masculina
e feminina), como contrapartida do
contributo desses clubes na promoção,
crescimento do futsal, bem como,
do seu alinhamento
com a estratégia de desenvolvimento.
› Fase final das competições de topo de futsal
(sénior masculinas e femininas) integra os
eventos desportivos de elevado perfil da FPF,
com processo de candidatura à organização
e caderno de encargos associado.
› Criada plataforma para registo dos clubes
e praticantes de futsal de recreação.
V. COMUNICAÇÃO
› Criado um plano de comunicação para
o Futsal, que considerou, entre outras
iniciativas, campanhas nacionais de promoção
da modalidade.
› Grandes competições de Futsal associadas a
campanhas de solidariedade, associando
a imagem do Futsal e da FPF aos mesmos.
› Canal 11 da FPF é criado, número
de transmissões televisivas de jogos
de futsal cresce exponencialmente.
› Criada uma campanha nacional dirigida
aos praticantes de recreação, sensibilizando
para a importância dos aspetos relacionados
com a saúde e segurança na prática desportiva.
› Elaborado programa de comunicação
integrado no programa de observação,
deteção e seleção de talentos de Futsal,
os Torneios Interassociações.
FPF360 21
Decorridos 9 anos da data de apresentação
pública do PEN Futsal, resumimos no
quadro infra um conjunto de indicadores
de performance, distribuídos pelos 5 eixos
estratégicos, que nos permitem ter uma
perceção factual da situação desportiva e
evolução do Futsal em Portugal no período
considerado (2011-2021):
28358
27954
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE PRATICANTES FEDERADOS
DE FORMAÇÃO DE FUTSAL 2011/12 ATÉ 2021/22 (época não fechada)
28983
29795
31261
32224
32390
35622
36467
31042
20838
11*12
12*13
13*14
14*15
15*16
16*17
17*18
18*19
19*20
20*21
21*22
22
FPF360
I. PRATICANTES II. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO III. FATORES HUMANOS IV. GESTÃO V. COMUNICAÇÃO
30% + praticantes 7 + seleções nacionais
129 cursos de treinador
92 Grau I/UEFA C
35 Grau II/UEFA B
2 Grau III
65 Protocolos assinados com entidades
externas que organizam competições
de futsal
6 campanhas nacionais
de promoção do Futsal.
46% + praticantes
formação
5 + Treinadores nacionais 3757 treinadores com TPTD de Futsal
24.500 inscrições e seguro desportivo
de praticantes femininas de formação
apoiadas 100%.
88 treinadores de futsal envolvidos
no programa de comunicação com
as seleções distritais de Sub-15 e Sub-17
nas Associações de Futebol
(masculino e feminino).
142% + praticantes
entre os 5 e os 10 anos)
382 jogos disputados
pelas seleções nacionais de futsal
42% + árbitros
21 competições nacionais de futsal com
programa de apoio às deslocações dos
clubes.
10 qualificações para fases finais
de campeonatos da europa (7)
e campeonatos do mundo (3)
de seleções sénior.
12,5% Taxa Feminização
272 jogadores(as) foram internacionais
pelas seleções nacionais de formação
3 Livros técnicos publicados,
autoria da equipa técnica nacional.
28 clubes integram programa de apoio
mais futsal
5 títulos internacionais
3 títulos internacionais de seleções
2 títulos internacionais de clubes
10,6% + praticantes femininas
53 Municípios receberam
jogos das seleções nacionais
21 torneios de observação, deteção
e seleção de talentos organizados.
2.772 jogadores(as) observados
924 jogos observados
8 competições de clubes são
consideradas eventos desportivos de
elevado perfil (masculinas e femininas)
8 presenças em finais internacionais
4 finais internacionais de seleções
4 finais internacionais de clubes
73% praticantes de formação,
27% praticantes sénior
12 + competições nacionais
7 + competições femininas
5 + competições masculinas
729 clubes com futsal
80% + clubes em provas
nacionais de futsal
208 clubes certificados
92 Entidade F: 3/4/5 estrelas
40 Escola F: 1/2 estrelas
76 Centros Básicos de formação
FPF360 23
PRÓXIMOS PASSOS
(ATÉ 2024):
I. Atingir o número de cinquenta mil praticantes federados.
II. Reforçar e implementar medidas que visam qualificar os treinadores
que participam no processo de formação de jovens praticantes de futsal
nas ADR’s, nos clubes, na escola e no ensino superior.
III. Reforçar as medidas de valorização e proteção do jogador Português
de futsal.
IV. Adotar medidas que permitam atrair novos praticantes desportivos,
implementar programas inovadores de promoção da prática desportiva
que envolvam a FPF, as ADR’s, os clubes, as autarquias, as escolas, as
instituições de ensino superior, outras federações.
V. Aumentar o número de Instituições de Ensino Superior com oferta
formativa na área do desporto e da educação física, com formação
específica de futsal no seu plano de estudos.
PERFORMANCE DESPORTIVA
– MEDALHEIRO EM COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS
› Campeão da Europa de Futsal (2018)
› Ouro nos jogos Olímpicos da juventude Sub-19 feminino (2018)
› Campeão da Europa de Clubes – Sporting CP (2019)
› Campeão da Europa de Clubes – Sporting CP (2021)
› Campeão do Mundo de futsal (2021)
› Vice-Campeão do Torneio Mundial feminino de futsal (2012)
› Vice-Campeão do Torneio Mundial feminino de futsal (2014)
› Vice-Campeão da Europa de Clubes – Sporting CP (2017)
› Vice-Campeão da Europa de Clubes – Sporting CP (2018)
› Vice-Campeão da Europa feminino de Futsal (2019)
› 3º lugar no Campeonato Mundial
Universitário feminino de futsal (2012)
› 3º lugar no Campeonato da Europa
de Clubes de futsal – Sporting CP (2015)
› 3º lugar no Campeonato da Europa de Clubes
de futsal – SL Benfica (2016)
› 3º lugar no Campeonato da Europa Sub-19 masculino
de futsal (2019)
24
FPF360
26
FPF360
FPF360 27
PORTUGAL
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Capas de 11 de Fevereiro de 2018
Pedro Catita
Comentador Futsal Canal 11
O PAÍS
AMA O
FUTSAL
Capas de 4 de Outubro de 2021
É verdadeiramente indiscutível que o Futsal
português é hoje em dia, no início de 2022,
a grande potência europeia e mundial,
a vários níveis de análise, mas na opinião
pública principalmente no que diz respeito
à conquista da medalha de ouro por parte
da Seleção Nacional no Europeu 2018 e no
Mundial 2021, e à conquista da medalha de
ouro do Sporting na Liga dos Campeões 2021.
Ou seja, é inegável o domínio luso nas principais
e mais mediáticas competições internacionais,
e que catapultou os principais agentes
para o imaginário de todos os portugueses.
A apoteótica receção e o inflamado cortejo
em Lisboa no dia 11 de fevereiro de 2018 após
o título europeu na Eslovénia vão ficar na
memória de todos, e o envolvimento e exposição
nacionais no recente dia 4 de Outubro de 2021 na
sequência do título mundial obtido na Lituânia
que elevou Ricardinho, Jorge Braz e companhia
aos píncaros da glória.
Estes feitos, somados a tantos outros,
carimbam no presente um mediatismo ímpar
no seio das modalidades coletivas de pavilhão.
Os “Bons Rapazes” passaram a ser amplamente
conhecidos e reconhecidos em definitivo.
Passaram a merecer honras justas de
pertencer à história do desporto português.
E mereceram ainda as honras, igualmente
justas, do Presidente da República Marcelo
Rebelo de Sousa agraciar ambas as comitivas
com o grau de Comendador. Vários são
portanto… ‘bicomendadores’. Incrível!
Mas isto não foi sempre assim, e foi
conquistado golo a golo, de taça em taça. Vale
a pena fazer rewind ao filme e perceber que foi
apenas em 1997 que se deu a uniformização
da modalidade em Portugal, com a integração
do futsal no seio da Federação Portuguesa
de Futebol, em paralelo com a tendência
internacional de alicerçar sob a alçada
da FIFA e da UEFA. Foi há apenas 25 anos que
se começou a falar a uma só voz em relação
a este atrativo desporto de pavilhão de fazer
arte com a bola no pé, ao invés da confusão de
três vozes até então, com o futsal a impor-se
ao futebol de cinco e ao futebol de salão.
São 800 metros quadrados de remates, defesas,
golos e dribles cativantes, reviravoltas épicas no
resultado, emoções inexplicáveis até ao último
segundo, desempates de penáltis a cortar a
respiração, empatia visceral mesmo à beira do
campo, ou ficar literalmente preso à televisão
como se de um íman se tratasse. No fundo, todos
a jogar como se não houvesse amanhã.
Pese embora a valiosa história anterior
nas três vertentes, quer desportiva quer
socialmente, na verdade 1997 representa
o ano zero da modalidade, à data com
mediatismo residual, incomparavelmente
inferior ao mediatismo atual.
Em duas décadas e meia, o futsal passou a ser
praticado de 20 para mais de 150 países em
todo o mundo, e somente numa “geração”
cresceu o número de praticantes na F.P.F.
de 11 mil para mais do triplo.
Curiosamente, ou talvez não – o mérito
aliado à oportunidade -, este caminho teve
um cruzamento feliz com a ‘geração Internet’
e, ao contrário das restantes e históricas
modalidades de pavilhão, o Futsal nasce
mediaticamente colado ao WWW, ou seja,
a ‘fome’ de uma modalidade nova cativante
e a ‘vontade de comer’ de uma nova geração
igualmente cativante. O destino a falar
a nosso favor, ainda bem.
O portal Sapo, fundado em 1995, deu um salto
significativo precisamente em 1998 e 1999,
os sites de Futsal começam a espalhar e a
democratizar a modalidade pelos alvos certos.
Bateu a bota com a perdigota e, como que por
magia, até parece que estes dois admiráveis
mundos – Futsal e Internet – nasceram para
se empurrarem mutuamente, de forma
imparável. Sim, de forma imparável.
No meio destas duas flores lado a lado
a crescer, surge uma semente marcante:
a histórica medalha de bronze no Mundial
2000, em Dezembro, que confirmou
o nosso potencial, aglutinou largos milhares
e “obrigou” todos a dar a devida atenção,
a toda hora. A toda a hora? Sim, a suposta
desvantagem do fuso horário da América
Central, foi exatamente uma vantagem
e uma nova descoberta: a tal internet a anular
o tempo como limitador de alegrias no espaço
mediático. Os sites traziam as boas novas
a toda e qualquer hora. Fantástico!
No final de século XX e início de século XXI,
FPF360 29
2000
Mundial Guatemala (Bronze)
2001
Entrada do Benfica
Dez 2001 – Primeiro dérbi de Futsal
2002
Final 8 da I UEFA Futsal Cup
no Pavilhão Atlântico
2004
Benfica Vice-Campeão Europeu
Introdução do playoff na 1.ª Divisão
2007
Europeu 2007, em Gondomar
2008
Portugal Campeão Mundial Universitário (Eslovénia)
2010
› Portugal Vice-Campeão Europeu (Hungria)
› Benfica Campeão Europeu, Final 4 da UEFA Futsal
Cup no Pavilhão Atlântico (9400 nas bancadas)
› Ricardinho eleito o Melhor do Mundo
pela primeira vez
2011
› Sporting Vice-Campeão Europeu
2012
Plano Estratégico Desenvolvimento Futsal
2015
› Final 4 da UEFA Futsal Cup no Pavilhão
Atlântico (12.076 espectadores nas bancadas)
› Sporting 3º lugar na UEFA Futsal Cup
2016
› Benfica 3º lugar na UEFA Futsal Cup
2017
› Nascimento da Portugal Football School
› Sporting Vice-Campeão Europeu
2018
› Portugal Campeão Europeu
› Portugal Campeão Olímpico
da Juventude (Sub19 Fem)
› Sporting Vice-Campeão Europeu
2019
› Portugal Vice-Campeão
Europeu Feminino, em Gondomar
› Sporting Campeão Europeu
› Lançamento do Canal 11
› Portugal 3º lugar no Europeu Sub-19
2021
› Sporting Campeão Europeu
› Portugal Campeão Mundial
o terceiro lugar da Guatemala foi efetivamente
um importante precursor de uma nova
forma de mediatização – promoção dos
agentes, partilha e interação, notícias na hora,
acompanhamento ‘live’ dos resultados e
classificações, e muito mais. Hoje tudo isto é
banal – claro - e é até cómico pensar como tudo
se fazia, como tudo se fez, mas foi um pontapé
de saída, ao ângulo e sem hipótese de defesa,
que explodiu em modo fogo de artifício.
Começou a massificação do Futsal,
e a educação geracional. Fez os alunos
ensinar os professores, os filhos iluminar
os pais, o futsal começar a inverter a pirâmide.
Em 2003/04 os praticantes dos escalões de
formação representavam 48% dos inscritos,
volvidas quase 20 temporadas esse número
subiu para quase 75 por cento.
Esta massificação teve a televisão como bom
aliado mediático. O Futsal era apetecível
como poucos e, na primeira década do século
XXI, canais como a RTP, SportTV (fundada
em 1998), SIC e novamente RTP, disputaram
e promoveram ao longo dos anos o produto
de forma ‘inapelável’. Entre a ‘almofadinha
para a bola da bancada’ e a ‘confortável
cadeira caseira’, passaram a ser largas
centenas de milhares a seguir semanalmente
a ‘redondinha’, e a perceber e explicar
o remate de bico, o passe picado, a receção
com a planta do pé, o livre sem barreira à sexta
falta, e o muito mais que compõe o ‘futsalês’.
Crianças e adultos de mãos dadas a regar,
a crescer, a ver crescer.
‘Espaço TV’ mais ‘Espaço .com’ traduziu
e traduz uma fórmula única de sucesso
mediático, pouco ou nunca visto nas
modalidades coletivas de pavilhão.
A evolução do futsal começa a pedir,
e a medir-se, não só em quantidade,
mas também em qualidade, a reboque
de um cada vez mais exigente e exigível
desenvolvimento desportivo.
O futsal português foi subindo o seu estatuto e
ganhando o respeito dos seus pares, evoluindo
os objetivos para inicialmente ‘ficar mais
perto de ganhar’, e depois para ‘ser possível
ganhar qualquer jogo e aspirar às medalhas’.
No contexto internacional, marcamos pontos
nas várias competições, quer em termos de
resultados desportivos, quer na organização
de eventos, numa conjugação de fatores
que traduz uma realidade sem paralelo
nas modalidades de pavilhão em Portugal.
Destaque para a medalha de prata da Seleção
no Europeu 2010, para o título europeu
de clubes alcançado pelo Benfica a 25 de Abril
de 2010 em Lisboa, e para a medalha
de prata do Sporting em 2010/11.
Massificação e qualificação a par e par.
O Futsal chega a muitos, e puxa por muitos
outros. E clama por cada vez mais. Porque
somos cada vez mais. Silenciosos ou ruidosos,
discretos ou de primeiro plano, mas em todo
o lado. Os canais televisivos por cabo começam
a estar na berra, a internet de banda larga por
cabo e fibra ótica é uma realidade, o Youtube e
o Mobile vieram para ficar e arrasar – como se
sabe -, tudo acontece a alta velocidade. Como
no Futsal. A alta velocidade… como no Futsal.
Está na hora de ter que dar mais um salto.
A segunda década do século XXI
começa com a eleição de Fernando Gomes
para Presidente da FPF, em dezembro de 2011.
Na lista consta Pedro Dias, Diretor para
o Futsal, e é elaborado e apresentado
o ‘Plano Estratégico para o Desenvolvimento
do Futsal Português 2012-2016’, que aponta
o crescimento dos praticantes federados,
o aumento de clubes, treinadores e árbitros,
aposta no futsal feminino, qualificação
e formação dos agentes, interligação
com os desportos escolar e universitário,
alterações dos quadros competitivos, num
bolo articulado com metas bem definidas
em eixos-chave a aplicar em várias áreas.
É ainda assumido que o plano tem como
grande objetivo colocar Portugal no 'top-3'
a nível mundial. Visão e missão curiosas,
dir-se-á agora. Premonitório,
pode dizer-se também.
As transmissões televisivas de jogos,
em vários canais, continuam imparáveis,
e surgem as… redes sociais (Facebook,
Instagram, Twitter, …), amplificadoras
brutais do produto Futsal. Está em todo
o lado, literalmente, 24 horas sobre
24 horas. Está com todos e para todos. Viral.
E assim, a missão prossegue. Sempre a toda a
velocidade. E sempre imparável, como sempre
se disse, que nem uma tal Pandemia travou.
Com cabeça, tronco e membros, transversal
à sociedade, geograficamente por Portugal
e Ilhas, com certificação, com formação
e credibilização crescente de todos
os agentes, com conteúdos programáticos,
com a Portugal Football School,
com ‘n’ seleções nacionais de todas
as idades, com reformulação e lançamentos
de campeonatos nacionais da formação,
e tanto mais, tanto mais.
Com o… lançamento do pioneiro canal
11, desde 1 de agosto de 2019. A par das
transmissões streaming cada vez mais
massificadas, dos canais TV já existentes,
o ‘11’, canal de televisão da Federação
Portuguesa de Futebol, mostra aos
portugueses, à comunidade e às comunidades,
todo o futsal e aproxima ainda mais
os espetadores às competições e às seleções,
aos jogadores e jogadoras, e aos mais diversos
clubes e entidades. Um enfoque único
no mundo, colado e cruzado
com a potência que o Futsal é hoje em dia.
Maior potência de Futsal do Mundo,
em conjunto com o maior mediatismo
do Mundo. Ingredientes de uma refeição
única, num menu sublime à disposição
de todos e para todos.
E o futuro é já aí. A revolução do 5G
vem já aí. De todos e para todos.
No campo e fora do campo.
O país ama o Futsal.
Vamos todos e vamos com tudo.
Eu também vou. Eu também vou com tudo!
30
FPF360
SEMPRE TIVESTE
MUITO FUTSAL NOS DEDOS.
APOSTA NO PLACARD.
INSTALA A APLICAÇÃO DO PLACARD
E FAZ A TUA APOSTA.
PLACARD.JOGOSSANTACASA.PT
Proibido jogar a menores de 18 anos
Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h)