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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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Estrela de David no Cruzeiro do Sul 547

Em plena Cidade Maravilhosa, uma operação de resgate sob fogo do inimigo

entrincheirado na crista do terreno. Mas não existe alternativa. Trata-se

de um pai de família, um amigo, um filho, um irmão. Entes queridos aguardam

diariamente seu retorno seguro ao lar.

Um rastro de pingos de sangue pelas escadarias testemunha o ato heroico

e de solidariedade humana. A dedicada guarnição executa os procedimentos de

emergência enquanto o motorista aciona repetidamente a sirene, abrindo caminho

a todo custo em meio a um mar de carros e ônibus.

Vinda do HCPM, a viatura é uma mini-UTI, equipe médica calejada,

equipamentos, medicamentos suportam sinais vitais. O soldado ferido está

consciente, as dores sendo mitigadas, ele se conforta, já sendo preparado

para a cirurgia de emergência. No CTI a postos, tudo pronto para iniciar a

operação tão logo chegue a viatura, as notícias sobre a evolução do quadro

clínico sendo transmitidas via rádio para os cirurgiões que já planejam a

intervenção.

Enquanto recebe as primeiras doses de anestésicos, o sono induzido lhe

traz de volta antigas recordações, em meio ao balanço do veículo e ao ruído

branco familiar que vem do radiotransmissor entrecortando as mensagens. A

essa altura, todo o batalhão procurando saber notícias do colega ferido, muitos

já na porta do hospital em uma corrente positiva.

O sono vem chegando, enquanto a vida desfila diante de seus olhos, como

numa tela mágica de cinema: lembranças da infância feliz, os tempos de garoto

do subúrbio, peladas no campinho de terra, primeira comunhão, e já quase

adulto a seleção para a PMERJ entre milhares de candidatos.

O tão sonhado ingresso na Centenária Corporação. Na Formatura do

CEFAP, pais e familiares entre eufóricos e apreensivos: seu filho, um Soldado,

será uma vida inteira dedicada à defesa da sociedade.

A ambulância finalmente chegou, iniciando a subida pela estreita rampa. A

maca percorre os corredores velozmente, cada segundo conta. A gravidade do

ferimento é evidente, produzido por arma de guerra de impacto poderosíssimo.

A equipe da UTI se desdobrou, mas lamentavelmente teme-se o pior.

Uma música suave perpassa os ouvidos do soldado ferido. Imaginação? Ao

dar entrada no centro cirúrgico percebe vagamente vultos diáfanos. Durante o

sono anestésico vislumbra familiares que partiram havia muito, tios, avós, rostos

suaves levemente sorridentes. Ainda estaria aqui entre nós? Foram horas de

cirurgia para retirar todos os fragmentos.

A operação termina. Nota que uma espécie de cordão de prata parece ligar

seu corpo com o infinito. Uma dor perpassa pelo local onde recebera pontos,

ainda atordoado pela anestesia. Pensa em pedir socorro, mas a voz não sai. De

repente a sala parece se abrir, tudo em volta some em meio ao clarão de alvíssima

e poderosa luz branca. Postou-se à cabeceira um senhor idoso de avental

“(...) não se preocupe, seu filhinho vai chegar dentro de poucos dias, você vai

conhecê-lo, vai estar na Igreja para o batizado.”

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