09.01.2022 Views

Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Estrela de David no Cruzeiro do Sul 517

O mundo desabou sobre o pai, Sam Pinkusfeld, e a professora Bertha

Abramant Pinkusfeld. Ela jamais se recuperou do golpe sofrido, a perda do

caçula de cinco irmãos, o Buby.

Dizia que quando um dedo dói, a mão toda dói. Somente encontrava algum

consolo indo ao túmulo do pai, Mauricio Abramant, no Cemitério do Caju, onde

fora enterrado em 1902. Ainda não havia cemitério judeu, e sim a ala dos judeus

e protestantes. Ali buscava conforto chorando a morte do filho querido, que nem

túmulo tivera, tendo que ser quase carregada de volta.

Vindo da Prússia nas primeiras levas de imigrantes judeus do séc. XIX, o

patriarca Mauricio foi sempre lembrado, pois a tradição conservou seu nome

nos netos, bisnetos, trinetos, tetranetos, gerando vários homônimos ao longo

das décadas, inclusive conhecido deputado pelo Rio de Janeiro.

Não só de Portugal eram as lágrimas de que falava Fernando Pessoa. Um

milhar de mães do Brasil também as verteram, pranteando filhos covardemente

assassinados em nossos navios afundados pelos nazistas, chorando junto com a

professora Bertha, que ensinava piano no Conservatório de Villa-Lobos.

Mauricio se fora na flor dos seus 18 anos. A irmã Elza pouco depois do naufrágio

o reviu em um sonho. Dizia estar em um lugar chamado Baía Negra, na

costa de Sergipe. Próximo ao local do naufrágio.

Por incrível, o lugar existia mesmo. Constava das cartas náuticas. A família

esperançada se desdobrou, enviando fotos e pedidos de informação para o lugar,

ajudada pelo cunhado Boris, à época Capitão-Tenente.

Mas de nada adiantou. Mauricio se fora para sempre. O cozinheiro que se

salvara milagrosamente visitou a família, relatando como os nazistas metralharam

impiedosamente os sobreviventes nos botes salva-vidas.

O U-507 maldito afundou sete navios brasileiros em quatro dias com perda

de 607 vidas preciosas, de 15 a 19 de agosto de 1942, ao longo da costa de Salvador

a Maceió, num total de 14.795 TDW.

Diante do clamor popular, em 22 de agosto de 1942, o presidente Getúlio

Vargas reconheceu o estado de beligerância entre o Brasil e os estados agressores

do Eixo, a Alemanha e a Itália. Pode-se inferir, portanto, que foram estes atos de

barbárie nazista de um submarino que determinaram a final o ingresso do Brasil

na guerra.

Em 13 de janeiro de 1943, um Catalina da FA Americana afundou o U-507

com bombas de profundidade a NE de Natal/RN. Todos os seus 54 tripulantes

pagaram com a vida os crimes praticados contra navios mercantes indefesos.

A Marinha Mercante arcou com as maiores perdas humanas brasileiras na

Guerra, 975 mortos em 31 navios afundados. A Marinha do Brasil perdeu 468

homens em três navios afundados. A FEB teve 463 mortos, e a FAB, dado o contingente,

um números comparativamente menor, oito pilotos.

A família nunca recebeu nada das autoridades, nem da comunidade judaica,

diante da enorme perda de seu filho querido, que havia se aventurado nos mares

infestados de submarinos, para que o Brasil pudesse estar ligado de Norte a Sul,

numa época em que não havia as estradas que temos hoje.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!