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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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Estrela de David no Cruzeiro do Sul 227

Ser primo do Carlos Scliar era para mim motivo de orgulho. Aliás, não só para

mim, para toda a família. Que não era pequena. Nove filhos a minha avó Ana

trouxera da Rússia e todos eles também tiveram um número razoável de filhos.

Resultado: uma grande tribo de gente voltada sobretudo para a cultura: vários

músicos, um fotógrafo e cineasta, vários profissionais liberais... Mas em Carlos

eu via um modelo, sobretudo por causa da coerência e da dignidade com que

sempre se dedicou à sua arte.

Mais que isto, desde cedo revelou-se um militante que acreditava em um

mundo melhor, sonho que partilhava com numerosas pessoas, entre elas Jorge

Amado e Zelia Gattai. Foram os primeiros escritores que conheci, e isto graças ao

Carlos, que lhes servia de anfitrião cada vez que vinham a Porto Alegre.

Eu admirava o talento de Carlos. Um talento que ele, generosamente, tratou

de me transmitir. Um dia, eu ainda garoto, resolveu me ensinar a desenhar.

Deu-me um lápis, uma folha de papel, e pediu que eu o retratasse. Desenhei um

círculo com vários pontinhos dentro. Ele olhou aquilo, meio espantado, e perguntou

o que era o círculo. A tua cara, respondi. E esses pontinhos, ele indagou. A

barba, foi minha resposta. Ele não disse nada, mas não voltou ao assunto. Em

compensação, quando comecei a escrever minhas primeiras historinhas, era a ele

que mostrava. Lia, anotava, dava sugestões. E indicava-me autores para ler; foi

graças a ele que descobri Clarice Lispector. Até hoje lembro Carlos lendo em voz

alta o belíssimo conto “Uma galinha”, que tinha publicado na revista Senhor.

Antes disso, porém, ele foi para a guerra. De novo, aquilo me encheu de

orgulho. Mas seus pais sofriam muito. Pior ainda, a mãe, Cecília, faleceu quando

ele estava na Itália. Meu tio Henrique, desnorteado, não sabia como dar a notícia

ao filho, numa época em que as comunicações eram precárias. Entrou em contato

▶▶

1945 – Carlos Scliar, pintor e soldado da FEB. Acervo do Instituto Cultural Carlos Scliar.

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