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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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212 Israel Blajberg

Do convés, os passageiros se admiravam com o cordão de fortalezas em

volta da barra. Copacabana, Duque de Caxias, Santa Cruz, São José, São João,

São Luiz, Pico, e a última, já numa pequena ilha dentro da baía, a Fortaleza da

Lage, que seria a última barreira a repelir o inimigo invasor.

Era sinal de que o povo era hospitaleiro, mas desde a época das caravelas

saberia defender-se, se necessário fosse. O jovem casal Kicis talvez não acreditasse

se lhe dissessem que o primeiro filho um dia estaria a postos numa daquelas

fortalezas, como Oficial da Artilharia de Costa...

E foi isso que aconteceu. Bertha e Isaac tiveram quatro filhos, Fany, Olga,

Maurício e Samuel.

Ao desembarcarem no cais do porto, jamais imaginariam que um dia o Todo-

Poderoso haveria de lhes conceder a graça de ter dois filhos homens, e que eles

seriam soldados brasileiros, um deles havendo de embarcar ali mesmo naquele

cais, para navegar pelos mesmos mares para lutar pela liberdade e pela democracia.

E o outro, Maurício, também artilheiro, viria a ser admitido ao Magistério

Militar, por muitos anos lecionando francês no Colégio Militar.

Os primeiros tempos foram duros. Trabalho árduo, de sol a sol, fazendo jus

ao ditame bíblico de ganhar o sustento com o suor do próprio rosto.

A família morava em São Cristóvão, onde Samuel nasceu na véspera de

Pessach 18 , em 15 de abril de 1913, e estudou no Colégio Pedro II. O menino

Samuel era estudioso e, morando no subúrbio, cresceu observando a movimentação

das tropas dos quartéis próximos, os comboios, o tropel da Cavalaria, os

canhões ainda de tração hipomóvel.

Daí para a Escola Militar foi um passo. Aprovado no difícil concurso de

seleção, Samuel tornou-se um Cadete do Realengo, usando com orgulho na cintura

o espadim, a miniatura do sabre invicto de Caxias. Praça de 8 de abril de

1930, como aluno do 3.º Ano do Curso Anexo a Escola Militar do Realengo.

Optou pela Arma dos fogos largos, poderosos e profundos, tendo sido

declarado Aspirante a Oficial de Artilharia em 25 de janeiro de 1934. Os velhos

retratos amarelecidos demonstram a alegria dos pais imigrantes.

Seu filho Samuel, um Oficial, do Exército de Caxias, da Artilharia de Mallet,

envergando com garbo o Primeiro Uniforme, na cerimônia a que compareceu o

Presidente da República.

Ali começava a carreira exemplar de um soldado brasileiro de fé mosaica, e

que duraria quase 33 anos.

Designado para a Guarnição do Distrito Federal, foi servir no histórico

quartel do Forte de Campinho, que naqueles tempos sediava o 1.º Grupo de

Artilharia de Dorso, e foi logo promovido a 2.º Tenente, em 30 de agosto de 1934.

Naquela época, a Artilharia era hipomóvel, ou seja, as peças eram tracionadas

por muares. Assim, as unidades de artilharia muito se assemelhavam as da

Nobre Arma Ligeira, a Cavalaria. Tinham baias, veterinários, enfim, tudo que

fosse necessário.

18

A Páscoa judaica.

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