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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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Estrela de David no Cruzeiro do Sul 211

Em 1903, ali mesmo, em Kishinev, uma cidade central da Bessarábia, houve

um pogrom. Um jovem poeta estava ali, viu e escreveu “Na cidade do Massacre”

em homenagem às vítimas inocentes.

Haim Nahman Bialik (1873-1934). Poeta. Judeu nascido na Rússia. Falecido

em Tel Aviv, que mais tarde viria a ser conhecido como o Poeta Nacional de

Israel.

A profunda e emotiva descrição do poeta Bialik do sofrimento inimaginável

torna-o extraordinariamente apropriado para recordar Auschwitz.

Que fazes aqui, filho do homem?

Levanta-te, foge para o deserto!

Leva para lá contigo o cálice de desgosto!

Levai a sua alma, rasga-a em mil retalhos!

Com raiva impotente, com coração deformado!

Verte a tua lágrima sobre rochas áridas

e manda o seu grito amargo à tempestade!

Era um prenúncio do Holocausto que estava por vir. Não surpreende, portanto,

que tantos tenham decidido partir.

Os Kicis descendem do Rabino Ze’ev Wolf Kitzes, que viveu no séc. XVIII.

A grafia experimentou evoluções ao longo dos séculos, bem como novos ramos

se incorporaram: Kitces, Keces, Keses, Kitzes, Ketzis, Kitzis, Kicis, Kitsis, Kitses,

Charest, Pearson, Gordon, Westheimer, Greenwald, Simon, Rohr, Dunsky.

Os Kicis ouviram falar do Brasil. Um país que diziam haver tantas riquezas

que até pedras preciosas estavam penduradas nas árvores.

Uma terra abençoada, onde vivia um povo alegre, lúdico e musical, com

fartura de terra e água, o sol brilhando o ano todo, onde seriam bem recebidos

por um povo hospitaleiro, descendente dos índios, dos negros escravos e dos

portugueses, e que por isso mesmo não discriminava ninguém. Todos tinham

uma oportunidade, e o sol nascia para todos.

A viagem foi penosa. Reunindo os poucos pertences que podiam levar, despediram-se

dos familiares, que jamais iriam rever, iniciando a viagem para a

nova Terra Prometida. Como a maioria dos imigrantes, iriam de terceira classe,

porque não havia a quarta...

Não era raro que crianças e idosos não resistissem a bordo. Os pais se desesperavam

ao ver o pequeno corpinho sendo lançado ao mar. Queriam ir juntos,

quase enlouquecidos, era preciso que os amigos os segurassem para que não

pulassem a amurada.

Mas o futuro iria sorrir para aquela gente, apesar de tudo com o coração

cheio de esperança.

Ao atravessar a entrada da barra na Baía da Guanabara, só de olhar a paisagem

já gostaram daquela terra, e entre lágrimas de saudade da família distante,

prometiam a D’us e a si mesmos que tudo fariam para honrar a confiança que a

nova pátria lhes depositava, tudo fazendo para serem bons brasileiros, criando

os filhos, trabalhando e estudando por um Brasil melhor.

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