09.01.2022 Views

Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Estrela de David no Cruzeiro do Sul 175

Além de comunistas e filhos de estrangeiros. O auge da política racista chega

com o Estado Novo e com o ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, a partir

de 1937.

A nota reservada 1.101, de 28 de outubro de 1937, assinada por Dutra,

estabelecia que não se aceitariam indivíduos com “estigmas ideológicos e raciais”.

Uma sindicância seria realizada na Escola Militar e nos colégios militares para

ver se havia comunistas, judeus e estigmatizados raciais. Em nota de 1941, ele

seria mais claro. Nada de gente com estigmas raciais e ideológicos.

O regulamento para entrar na Escola Militar ou na Escola Preparatória de

Cadetes exigia dos candidatos: “Não ser de cor. Não ser – nem seus pais – judeu,

maometano ou ateu confesso”.

Comunistas, negros, judeus e islâmicos, eram grupos considerados subversivos

ou inferiores racialmente para a formação de uma nova elite militar.

Contextualizado pela instalação de um governo como o do Estado Novo, o

Ministro de Estado da Guerra, o general Eurico Gaspar Dutra, mostra com os

documentos produzidos e com suas decisões ministeriais a sua feição autoritária

e discriminatória, principalmente contra judeus e negros, considerados por ele

portadores de estigmas ideológicos e raciais.

Pela análise de alguns documentos oficiais, porém reservados, confidenciais

ou secretos, produzidos pelo general Dutra à frente do ministério, verifica-se a

restrição ao ingresso de negros, judeus e mulçumanos, com o objetivo de se construir

uma elite Institucional.

Os negros e judeus foram os principais alvos da gestão autoritária do

Ministro da Guerra, como mostram os dados estatísticos dos candidatos considerados

inaptos. O Ministro da Guerra justificava a discriminação, principalmente

contra judeus e negros, considerados por ele portadores de estigmas ideológicos

e raciais, pelo fato de o judeu ser considerado raça sem raízes com a terra, e o

negro por conta das convenções sociais estabelecidas que a Instituição não poderia

abolir, pois constituíam normas e praxes do uso corrente na sociedade.

Não há dúvida a respeito do posicionamento do Brasil contra judeus, negros,

pobres e outros grupos de estrangeiros constantes da documentação institucional

analisada e da própria historiografia da época que tentava fundamentar o novo

Estado que se estava organizando: um Estado forte, centralizador, católico, elitista,

branco e autoritário.

O racismo e o antissemitismo seletivo do general Dutra foi endossado

pela política do Estado como uma prática de bastidores e fundamentado por

um conjunto de normas impostas através de documentos institucionais secretos

(Instruções, Ofícios, Circulares) e decretos-leis.

Um caso lamentável de antissemitismo na Marinha – 1941 5

Francisco Teixeira: O antissemitismo... durante a guerra tínhamos um

correio para Salvador. Lá havia um Capitão de corveta, Hoffmann – um nome

já suspeito, alemão. Ele era um nazista descarado!... A Escola de Aprendizes

Marinheiros que ele comandava, convidou a tripulação para jantar com ele.

Quando acabou o jantar, ele levantou um brinde: “Agora eu quero levantar um

5

TEIXEIRA, Francisco. Brigadeiro Francisco Teixeira (depoimento, 1983/1984). Rio de Janeiro,

CPDOC, 1992.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!