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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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102 Israel Blajberg

Que eu me lembre, na minha casa não entrava carne de porco. 18

De Queluz, eu me lembro de outro fato. Eu tinha recebido uma carta e

estava na estação lendo essa carta em cima de uma carroça quando começou

o tiroteio. Eu estava sentado na carroça, estava desarmado, aí eu me virei, me

joguei assim para trás e me escondi. Isso foi no começo de agosto – eu devo ter

ficado em Queluz um mês, um mês e pouco, talvez mais.

Aí de Queluz nós voltamos... Numa daquelas retiradas, parei para tomar

um banho – eu acho que há mais de um mês eu não tomava banho. Tiro a roupa,

fui tirar a bota, tinha só o cano da meia! A parte do pé tinha sumido! Gasta! A

bota estava lá, mas tinha sobrado só o cano da meia.

Um outro fato... Nós fomos tomar uma posição chamada Bela Vista no alto

da Serra da Mantiqueira – de lá se via todas as cidades do Vale do Paraíba.

Nós descemos, fomos tomar posição numa fazenda e dormimos lá numa casa.

Dormia no chão, não é? Eu acordei, olhei assim... meu fuzil tinha sumido! Era

muito ‘organizado’ aquilo. Peguei, passei a mão na do outro. O sujeito acordou,

fez um esparramo... Quem sabia o que tinha, o que não tinha, quem é que fazia,

quem é que mandava... nada disso! Era uma bagunça desgraçada! A Revolução

não foi pra frente por causa disso talvez – e talvez muita sem-vergonhice.

Por aí começaram: ‘Dê ouro para São Paulo’. Minha irmã andou organizando,

meus pais deram as alianças e tudo isso. Aquele ouro sumiu depois, ninguém

viu onde estava. Aquilo foi uma calamidade!

Um dia eu tive que baixar no hospital em Caçapava porque estava cheio de

feridas. Encontrei um amigo daqui de São Paulo que era médico, o Doutor José

Galucci, e ele me deu uns dias de licença para eu ficar me tratando lá. E eu estava

passando assim, quando de repente vejo meu pai! Meu pai veio para Caçapava

com ordem do Quartel General para dar minha baixa porque eu era menor.

Papai veio atrás de mim.

Por que, se ele tinha me deixado ir? Bom, você imagina como minha mãe

ficou.

Voltei para São Paulo, fui para o quartel do MMDC e fui prestar serviço

lá na Água Branca. Eu tinha a carteira do MMDC e me deram uma divisa de

Cabo. Já estava no fim a Revolução.

Outra coisa que me lembro... Eu era ingênuo, lá no quartel eu vi o pessoal

numa fila e falei assim:‘O que é isso?’ ‘O pessoal está recebendo soldo.’ Eu, na

minha ingenuidade, disse: ‘Soldo como? Se nós somos voluntários, vamos receber

soldo disso?’ Essa foi a minha decepção que eu não compreendi até hoje.

Bom, aí acabou a Revolução. Depois, com o tempo, houve o que nós queríamos,

que era a Constituição.”

INTENTONA COMUNISTA – 27 DE NOVEMBRO DE 1935

Nesta data, ocorreu a primeira tentativa violenta de tomada do poder pela

esquerda brasileira, quando militares foram sacrificados em defesa da Pátria.

Decorridos quase 80 anos, o tema está fartamente descrito em vasta bibliografia.

Na Praia Vermelha, entre o Pão de Açúcar e o IME ergue-se o Monumento

18

Referência ao fato que tradicionalmente os judeus não comem carne de porco.

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