You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
LUSITANO
de
ZURIQUE
[ DEZEMBRO 2021 | Edição Nº. 283 | ANO XXVII | Director: Armindo Alves | Director-adjunto: Manuel Araújo | Publicação mensal gratuita ]
O CENTRO LUSITANO DE ZURIQUE DESEJA
AOS SEUS ASSOCIADOS, COLABORAA DORES,
CLIENTES, PATROCINADORES E AMIGOS
BOAS
FESTAS
DIGITAL
EDITORIAL
CRÓNICA
espectáculo
SAÚDE
A todos, agradecemos a vossa
fidelidade e colaboração e
desejamos-Vos Boas-Festas. Pág.3
Refugiados: Europa culta e adulta
só oferece arame farpado no
Natal
Pág.
Zezé Fernandes - Trinta anos
com o Minho no coração Pág. 28
COVID-19 - População receberá
terceira dose Pág. 40
LUSITANO
de
ZURIQUE
EQUIPA EDITORIAL
Director: Armindo Alves
Jornalista CC15 A
Director-adjunto: Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
Email: lusitano@gmail.com
COLABORADORES
Alice Vieira, Aragonez Marques, Carlos Matos Gomes,
Carmindo de Carvalho, Costa Guimarães, Cristina
F. Alves, Daniel Bohren, Euclides Cavaco, Costa
Guimarães, Ivo Margarido, Jeremy da Costa, Joana
Araújo, Joaquim Galante, Jorge Macieira, Manuel
Araújo, Maria dos Santos, Maria José Praça, Natascha
D´Amore, Nelson Lima, Nelson Mateus, Pedro
Nogueira, Rosa Moreira
EDIÇÃO, COMPOSIÇÃO E PAGINAÇÃO
Manuel Araújo
Jornalista 3000 A
Email: manuel.araujo@protonmail.ch
PUBLICIDADE
Tel.: 079 222 09 14
Email: pub.lusitano@gmail.com
IMPRESSÃO
Diário do Minho - Braga
Tiragem: 3000 exemplares
Periodicidade: Mensal
Distribuição gratuita
www.mariza.com
O CLZ
deseja-vos
BOAS
FESTAS
MARIZA
Únicos concertos na Suíça!
Portugals Fado-Diva live:
«Canta Amália»
Quarta-feira 27.4.22 20.00 Samsung Hall Zürich
28.4.22, Théâtre du Léman Genève
esgotado!
Nova data!
VENDAS ANTECIPADAS: allblues.ch ticketcorner.ch
Tel. 0900 800 800 (CHF 1.19/min.) • todos los Ticketcorner, Coop City, Manor ORGANIZADOR: AllBlues Konzert AG
EDITORIAL
Armindo Alves
DIRECTOR
JORNALISTA CC15 A
O
tempo corre cada vez
mão rápido, mais uma
vez estamos no Natal e
se olhar para trás, posso
dizer que os meses passaram
e nem demos por ela.
As nossas esperanças ficaram
mais reduzidas, mais
um ano se passou e pouco ou
nada mudou. Continuamos
na incerteza e na dúvida! O
vírus veio para ficar e continuamos
com a liberdade
cada vez mais limitada. Com,
ou sem vacina, nos próximos
tempos um teste será indispensável!
Vivemos num tempo moderno,
estamos numa fase de
transacção, onde os jornais
Boas-Festas!
em papel são cada vez mais
ignorados.
Nesta era digital, edições em
papel serão cada vez é mais
raras, prevalecendo no futuro,
os guardanapos e o papel
higiénico!
Como já havia referido, nos
últimos meses temos recebido
muito correio de sócios
devolvido. Como já devem
ter notado, ultimamente enviamos
a revista por e-mail,
em formato digital.
A edição digital possui um
número invariável de páginas,
havendo mais liberdade
de publicação de matéria que
na revista em papel, pois aí
estamos limitados apenas a
40 páginas. Assim, mais uma
vez apelamos aos associados
que pretendam receber a revista
em papel, em vez da digital,
que nos informem por
e-mail ( armindo.alves@garage-mutschellen.ch)
Possivelmente devido ao fenómeno
do efeito da pandemia,
as visitas da nossa revista
em formato digital no
servidor onde está alojada
surpreendentemente disparou.
https://bit.ly/3E1T2Cx
Nestes últimos 21 meses,
ela foi acessada e eventualmente
lida, por dois milhões
e setecentos e oitenta e seis
mil seiscentos e quarenta e
três pessoas, (2786643) perfazendo
uma simpática média
mensal de cento e trinta e
dois mil seiscentos e noventa
e sete (132697) acessos.
Neste final de mais um ano
terrível devido à pandemia, o
Centro Lusitano de Zurique
deseja aos seus associados,
colaboradores, clientes, patrocinadores
e amigos, êxitos
e saúde.
A todos, agradecemos a vossa
fidelidade e colaboração e
desejamos-Vos Boas-Festas!
NOTA IMPORTANTE:
Os artigos assinados reflectem tão-somente
a opinião dos seus autores e não vinculam
necessariamente a direcção desta revista.
Apoio
Por discordância, esta publicação
não adopta, nem respeita as normas
do novo inútil Acordo Ortográfico.
DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
Tel.: 079 222 09 14
Email: armindo.alves@garage-
-mutschellen.ch
RANCHO FOLCLÓRICO
Tel.: 079 549 99 10
Email: rancho@cldz.eu
RESTAURANTE (reservas)
Tel.: 044 241 52 15
CURSO DE ALEMÃO
Tel.: 076 332 08 34
PROPRIEDADE
& ADMINISTRAÇÃO
CENTRO LUSITANO
DE ZURIQUE
Risweg, 1
8041 Zurique
Tel.: 044 241 52 15
Email: info@cldz.eu
2 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
3
Motores
já estava estragada senão o motor não teria entrado
em combustão, de qualquer forma é mais barato que
um motor novo.
E se o carro for automático?
Se o carro for automático as coisas complicam-se e
será difícil parar o motor. Eu diria ajoelhe-se chore ou
reze...
A GARAGE MUTSCHELLEN AG
DESEJA AOS SEUS
COLABORADORES,
CLIENTES, E AMIGOS,
BOAS
FESTAS!
Calma… é difícil, mas não é impossível! Abra o Capô e
tem-te impedir a entrada de ar no motor. Sem oxigénio
não há combustão.
Pode-o fazer apertando a mangueira de borracha de
entrada de ar ou com um pano, se tiver um extintor
descarregue o CO2 a entrada de ar (filtro de Ar). Com
alguma sorte, talvez consiga parar o motor. Após o ter
desligado não o voltem a ligar, caso contrário o ciclo
começa novamente.
Volkswagen Service
Für Sie spielen wir
die erste Geige
Autocombustão
Já alguém ouviu falar? Como parar o motor?
Na maior parte das vezes podemos evitar a autocombustão
é agir preventivamente e tratarem bem
o motor dos carros. Uma manutenção cuidada e uma
utilização correta poupará muitas dores de cabeça,
acreditem.
Boas
Festas!
Somos Wir sind o Ihr seu Partner parceiro für Reparatur reparações und Service e serviços.
O seu Bei uns Volkswagen ist Ihr está in festen em Händen. boas mãos All unsere connosco. Leistungen sind Todos speziell os auf Sie nossos
und Ihren Volkswagen abgestimmt. Wir garantieren Ihnen eine fachgerechte und preiswerte
Wartung sowie Betreuung in Ihrer Nähe.
serviços são feitos sob medida para si e para o seu Volkswagen.
Nós garantimos-lhe na sua área, manutenção e suporte profissional
acessível. Damit Ihr Volkswagen ein Volkswagen bleibt.
Para que seu Volkswagen continue sendo um Volkswagen.
Garage Mutschellen AG
Bernstrasse
Bernstrasse
4,
4,
8965
8965
Berikon
Berikon
Tel.
Tel.
056
056
633
633
15
15
79,
79,
www.garagemutschellen.ch
www.garagemutschellen.ch
V ARMINDO ALVES (*)
É um fenómeno raro,
mas todos os motores a
Diesel com turbo estão
sujeitos a esta avaria.
A palavra autocombustão para muitos
dos leitores acaba por ser desconhecida,
mas para quem tem carros a
Diesel deve saber o que fazer quando
esta avaria toca à porta.
Não sei se já viram um automóvel parado
na estrada, a deitar muito fumo
branco e a acelerar sozinho perante a
incredulidade do condutor?
Se já viram, é muito provável que tenham
visto um motor Diesel em autocombustão.
Uma palavra não muito
comum com que pode causar muitos
custos isto é um fim não muito feliz,
mas estamos abertos a sugestões
(os ingleses chamam-lhe engine runaway)
O que é
“Autocombustão”?
Por poucas palavras podemos dizer
que este fenómeno acontece nos
motores a diesel devido a uma falha
mecânica (que em 90% dos casos
acontece no turbo) o óleo entra na
admissão e o motor começa a queimar
o óleo como se fosse gasóleo.
Como essa entrada de combustível
(óleo) no motor não é controlada, o
motor acelera sozinho até a rotação
máxima e mantem-se acelarado até
acabar o óleo.
Quando esta avaria acontece temos
que agir muito rápido, pois pouco podemos
fazer! Podem desligar o carro,
deixar de acelerar e até tirar a chave
da ignição, que nada resultará e o
motor continuará na rotação máxima
até:
Acabar o óleo;
O motor gripar;
O motor partir.
Se nada fizermos, o resultado acabará
num custo de reparação elevadíssimo
até mesmo num Motor novo!
A questão é: então como posso parar
o motor?
A maioria dos condutores não sabe
como agir perante uma situação
onde o motor está em autocombustão.
A primeira reacção (e a mais lógica)
é rodar a chave e desligar o carro.
O problema é que o motor continuará
a aclarado no red line, um verdadeiro
filme de terror.
Os carros a Diesel necessitam apenas
de ar e combustível para trabalhar,
por isso enquanto houver ar e óleo
para queimar o motor continuará no
regime máximo até gripar ou partir.
Primeiro conselho:
Não fiquem nervosos. Quando isto
acontece deve parar o automóvel em
segurança. Normalmente tem dois a
três minutos (estimativa) para pôr em
prática os conselhos que daremos.
Quando tiverem parado, metam a
mudança mais alta (quinta ou sexta),
puxem o travão de mão, travem a fundo
e larguem o pedal da embraiagem
rapido, digamos esganar o motor. Devem
largar o pedal da embraiagem
de forma rápida e decidida — se o
efetuares suavemente, terá uma despesa
acrescentada, pode queimar a
embraiagem é possível que e o motor
continue acelerado.
Caso o motor pare, felicidades! Acabou
de poupar umas coroas boas alguns
podemos dizer acabou de salvar
alguns milhares de euros e só terá de
mudar o turbo — sim, é uma cara, mas
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Santander Próximo International
Próximo sempre
que estou longe
O Balcão Digital para quem está fora de Portugal.
Sempre que precisa, onde precisa.
O Santander Próximo International é o seu novo balcão
digital do Santander.
Conte com um gestor que o acompanha sempre que precisa,
onde quer que esteja. Um serviço completo, inovador
e com toda a tecnologia para o acompanhar à distância.
Informe-se em
santander.pt
af 21.11 imprensa proximo international Std 205 x 145.pdf 1 23/11/2021 10:58:20
4 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
5
Comunidade
PUBLICIDADE
Centro Lusitano celebrou o
S. Martinho com Magusto
Jorge Macieira
Decorreu no Sábado de 13 de Novembro o tradicional magusto
organizado pelo Centro Lusitano de Zurique. Esta é
uma actividade cujo objectivo é promover uma das tradições
mais conhecidas dos portugueses, o convívio e diversão
para todos os presentes no restaurante do Centro Lusitano.
O Magusto/S. Martinho é uma tradição celebrada por todo
o país, no dia 11 de Novembro. Decorria o ano de 337, no
século IV, e um Outono duro e frio assolava a Europa. Reza
a lenda que um cavaleiro gaulês, chamado Martinho, tentava
regressar a casa quando encontrou a meio do caminho,
durante uma tempestade, um mendigo que lhe pediu uma
esmola. O cavaleiro, que não tinha mais nada consigo, retirou
das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio
com a espada, e deu-o ao mendigo. Nesse momento, a tempestade
desapareceu e um sol radioso começou a brilhar.
O milagre ficou conhecido como «o Verão de São Martinho».
Desde então, por altura de Novembro, o ríspido tempo
de Outono vai embora e o sol ilumina-se no céu, como
aconteceu quando o cavaleiro.
É por causa desta lenda que, todos os anos, festejamos o
Dia de São Martinho a 11 de Novembro. O famoso cavaleiro
da história era um militar do exército romano que abandonou
a guerra para se tornar num monge católico e fazer o
bem.
Como nos anos anteriores este evento juntou sócios e clientes,
tal como elementos dos vários departamentos pertencentes
ao Centro Lusitano de Zurique.
O Sábado foi preenchido durante a tarde com castanhas
e vinho doce, tendo terminado com o caldo verde gratuito
para todos os participantes no evento para aquecer a noite
fria.
PORTUGUESES
RESIDENTES NO ESTRANGEIRO
NÃO IMPORTA
ONDE ESTÁ.
COM A CAIXA
FICA MAIS PERTO.
Escritório de Representação da CGD - Suíça
Rue de Lausanne 67/69, 1202 Genève
Tel: Genève - 022 9080360 I Tel: Zurique - 078 6002699 I Tel: Lausanne – 078 9152465
email: geneve@cgd.pt
A Caixa Geral de Depósitos, S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.
https://reisebuerofelix.ch
CRÉDITOS
PESSOAIS
- PEDIR UM NOVO
CRÉDITO
- AUMENTAR O CRÉDI-
TO ACTUAL
- COMPRA/TROCA DE
CRÉDITO
CONNOSCO EM QUAL-
QUER SITUAÇÃO.
Publicidade
Andrade Finance GmbH
Créditos & Seguros
Contabilidade Declaração de impostos
SEGUROS CRÉDITOS desde 6.95%
Doença / Krankenkasse * discreto, simples, eficaz
Automóvel *possível a compra do crédito existente
Vida, Jurídico, Acidente * hipotecas - Suiça ( desde 0.6% ) - Portugal
Poupança Reforma 3ª / 3b
Recheio, Responsabilidade Civil Tratamos
Responsabilidade Profissional * Pedidos de reforma
Seguros para empresas * Regresso definitivo para Portugal
Birmensdorferstrasse 55- 8004 Zürich
www.andradefinace.ch info@andradefinance.ch
Tel. 043 811 52 80 Tel. 076 336 93 71
6 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
7
Mais de dois milhões
de vezes!
https://bit.ly/3E1T2Cx
Acreditamos que talvez devido ao
efeito da pandemia, as visitas/acessos
ao servidor onde está alojada a
nossa revista, surpreendentemente
disparou.
Nestes últimos 21 meses, a revista
foi acessada e eventualmente
lida, por dois milhões e setecentos
e oitenta e seis mil seiscentos e
quarenta e três pessoas, (2786643)
perfazendo uma simpática média
mensal de cento e trinta e dois mil
seiscentos e noventa e sete visitas.
(132697).
A todos, agradecemos a vossa fidelidade
e colaboração e desejamos-
-Vos Boas-Festas.
Obrigado!
https://bit.ly/3E1T2Cx
8 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
9
Comunidade
FESTIVAL DA SOPA EM AMRISWIL
Maria dos Santos
A realização do Festival
da SOPA na cidade
de Amriswil província de
Thurgau, teve lugar no dia
30 de Outubro de 2021.
O Departamento de Integração em
Amriswil coordenado pela portuguesa
Paula Silva, trouxe este conceito de
Portugal, nomeadamente realizado em
Tomar e com o qual temos vivido grandes
momentos de convívio e sucesso
em terras helvéticas.
Das reuniões mensais feitas entre todos
os membros de diversos países, surgiu
o convite às várias organizações culturais
e de diferentes etnias sendo este,
bem-aceite. No ano dois mil e dezoito
nascia assim um marco que tem feito
história nesta região Suíça.
O Festival desenrolou-se este ano entre
as 15 e 22 horas e foi visível a satisfação
dos responsáveis por serem servidas
mais de 20 mil sopas.
Na elegante sala Pentorama, com capacidade
para cerca de mil duzentas
pessoas, estiveram representados dez
nove países entre eles Portugal. Este
evento da Sopa SOPA tem o apoio do
R.F.D.C.N.T. de Arbon, fundado em 2016
e Comissão de Pais que desenvolve um
trabalho ímpar.
A Sala estava agradavelmente decorada
com as tradicionais barraquinhas de
venda, deixando transparecer um ambiente
bem festivo e apetecível.
A cerimónia de apresentação tradicional
do café elaborada pela Eritreia, deixou-nos
deleitados com todo processo
delicado e de precisão nos grãos de
café torrados no momento, para depois
chegar à taça, deixando um autêntico
perfume expansivo em toda a sala.
O festival contou com a participação
de vários grupos culturais com as suas
tradições folclóricas, grupos musicais e
coros, e dança moderna.
Participaram a Albânia, Eritreia, Grécia,
o clube desportivo Stutz de Hatswil, o
Museu Escolar de Amriswil, Suryoye,
Turquia, o Welcome Café e o grupo FolcloricoFolclórico
de Arbon. Também
pudemos ver e praticar como se fazem
dobram bonitos guardanapos e como
se decora correctamente uma mesa.
O ambiente na sala esteve caloroso
e como o degustar de todas as sopas
estava incluído no preço modesto da
entrada, todos aproveitámos gulosamente cada momento
de convívio.
Há cerca de dois anos, no ano de 2020, pelos motivos que conhecemos,
estivemos impedidos de realizar festas, pelo que
era notória uma alegria contagiosa em cada um dos presentes.
A curiosidade em saborear uma sopa de cada um dos Países
foi evidente e o prazer na degustação deixou os rostos com
um grande sorriso.
Um agradecimento especial à Palmira Freitas, já que cozinhou
o caldo verde na sua própria casa. Sobre a mesa da
tenda portuguesa não poderia faltar os pasteis de bacalhau e
rissóis que estavam deliciosamente saborosos.
Vários vinhos, sumos e cerveja estiveram ao dispor de todos
os interessados em saborear a nossa gastronomia.
Foi com muito sentido de humor, óptimas energias e cuidadosamente
organizado este evento.
O Rancho Folclórico Danças e Cantares da Nossa Terra de Arbon
subiu ao palco, trajados a rigor e algo ansiosos por mostrar
que a paragem obrigatória em nada mudou o grupo e
que, se sentem mais fortes que nunca para seguir com este
projecto cultural.
A actuação do rancho Infantil realizou-se no exterior da sala
e os elementos do rancho adulto actuaram no interior, com
uma acústica de alta qualidade, valorizando assim a parte
musical.
A organização do Festival da Sopa SOPA deseja a todos os
leitores, amigos e familiares um Feliz Natal e que 2022 seja
o ano onde a cultura possa estar de novo presente na nossa
vida.
Todos sabemos que este vírus vai esmorecendo, mas também
que, dificilmente nos deixará, por isso cautelosamente
marcaremos presença, onde nos for permitido.
O Rancho Folclórico de Arbon já tem data marcada para o
festival em 2022. Esperemos vivamente aplaudir e que nada
vos impeça de abrir portas e celebrar a cultura folclórica.
FELIZ 2022 para todos.
10 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
11
Comunidade
15° ANIVERSÁRIO
DA CASA DO BENFICA EM LENZBURG
Maria dos S antos
A Casa do Benfica Lenzburg,
após dois anos de
luta para manter as portas
abertas, validou o esforço
com a passagem deste décimo
quinto aniversário.
Na cozinha, cinco pessoas coordenavam
o serviço de jantares para as duzentas
pessoas que estavam cuidadosamente
distribuídas pelo espaço
físico.
Sete pessoas ocupavam-se do serviço
às mesas. De aplaudir a eficiente capacidade
de trabalho.
O serão festivo teve início com o servir
do jantar. Da ementa constavam;
bacalhau com natas, carne assada, bacalhau
à Benfica, entre outras iguarias
que fizeram a delícia dos presentes. Ou
seja, aquela gastronomia tradicional
que nos torna riquíssimos.
Os vinhos são os já tradicionais e conhecidos
da colecção Vitor Figo.
Fossem brancos, verdes, tintos ou o tradicional
Carinho, fez crescer água na
boca já durante o aperitivo.
Constatei que, praticamente todas as
mesas tinham como predilecto o Carinho
um vinho que é referência do presidente
da Casa.
Todas as mesas deixavam transparecer
conversas animadas entre muitos
sorrisos e comentários de uma semana
laboral. Os projectos para um Natal
em família e uma passagem de ano algures
num lugar paradisíaco, também
foram tema.
Vitor Figo foi quem controlou o passe
COVID 19 para se assegurar que nada
de menos bom acontecesse sabendo-
-se que, cada um de nós pode ser inadvertidamente
causador de um surto.
Com as restrições a obrigarem-nos a
apertar o cinto, os que optam por não
se vacinarem, iniciam um processo de
luta interior.
Cada dia se fecha mais uma porta e a
vida social é novamente posta em causa.
Ouvi por ali, enquanto “clicava” mais
umas fotografias, a palavra que é tão
nossa e que não tem sequer tradução;
Saudade.
Mas em dia de festa a saudade foi
compensada por um excelente con-
vívio. Quem se deixou envolver pelo
ambiente, de certeza que se sentiu em
terras portuguesas.
Para animar o serão estiveram presentes
o grupo português Duo Jackpot,
Luís Júlio que chegou ao Duo em 2007
é o vocalista e Sérgio Pinto no teclado
desde o ano 2000. Vivem na província
de Aarau, região onde gostam de tocar
e animar os serões festivos. Actuaram
já um pouco por toda a Suíça, mas tocar
em casa é outra prata.
A casa do Benfica é conhecida pelo
seu ambiente familiar, calmo e cordial
implementado durante estes quinze
anos. Este convívio deixou transparecer
bem esse clima de harmonia, valorizando
sempre o respeito.
Ricky foi o interprete que veio de Portugal
para dar o toque especial ao sarau
bem festivo. Com vinte anos de carreira,
actua um pouco por todo Portugal
e também na Suíça. Muito se dançou e
cantarolou ao som das melodias deste
jovem que, com o seu novo CD todo
em português promete percorrer mundo
dando a conhecer a sua música.
Pertinho já da uma da manhã a festa
chegou ao fim. Entre aplausos e palavras
de gratidão os visitantes do décimo
quinto aniversário da Casa do Benfica,
despediam-se de mais um ano em
que comemorar a vitória sob a pandemia
fez todo sentido.
Cansados, mas felizes, o pessoal de
serviço estava satisfeito com o resultado
de muitas horas de trabalho. De
mãos dadas estarão para receber 2022,
com esperança e expectativa.
Recordo que a Casa do Benfica de Lenzburg
sobreviveu ao Corona Vírus, pela
resistência e colaboração numa dinâmica
exemplar do seu Presidente, grupo
de trabalho e alguns associados.
Mostraram que o provérbio português
“A união faz a força*” está vivo.
Hoje podemos deslocar-nos aos fins
de semana e degustar um sem-fim de
variedades gastronómicas. Elaboradas
sempre a pensar nos sócios, clientes e
amigos que, por herança ou não, têm a
nostalgia do que é português.
A Casa do Benfica em Lenzburg deseja
aos seus seguidores, leitores, famílias
e amigos, Boas Festas e Feliz 2022 na
esperança que seja um ano reforçado
culturalmente com o que de melhor
sabemos fazer: Receber, conviver e cultivar
os nossos valores.
12 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
13
Entrevista
Entrevista
Paula Silva
Maria dos Santos
Paula Silva nasceu na cidade de
Lourenço Marques e com apenas
dois anos, veio para Portugal tendo
fixado residência em Charneca da
Peralva, freguesia de Paialvo concelho
de Tomar.
Com apenas dezoito anos, chega à
Suíça e fixa residência em Thurgau
no ano 1992.
O seu primeiro emprego foi na colheita
de morangos, que lhe deixou
um amargo sabor, visto que resistiu
apenas uma semana, aos duros
horários e posições físicas que este
trabalho impõe.
Logo após conseguiu um emprego
e ocupar-se profissionalmente
numa fábrica de montagem de máquinas
de café, onde se desenvolveu
profissionalmente.
Não era a sua praia e decidiu mudar
de rumo.
Paula Silva não é mulher de baixar
os braços e percebeu logo que
a única maneira de conseguir algo
melhor para o seu futuro, passava
pela aprendizagem e pelo aperfeiçoamento
da língua alemã.
A trabalhar e a estudar nos cursos
nocturnos, consegue assim escalar
a difícil escada da via profissional
e pessoal.
Foi em Romanshorn, que viu o seu
sonho realizado.
Casada e Mãe de duas meninas,
um casal, a Paula desenvolve o papel
de Mãe, esposa e coordenadora
do Departamento de Integração
na cidade de Amriswil, no cantão
de Thurgau, cidade de Frauenfeld.
Maria dos Santos — Paula o como
define a sua aventura da chegada a
Terras Helvéticas?
Paula Silva — já passaram quase trinta
anos após a chegada… mas na altura
foi bastante difícil. Eu já sabia um
pouco de alemão, pois o meu pai era
naquela altura estagional na Suíça e
sabendo eu que a língua desta zona
era o alemão, quis preparar-me um
pouco. Mas foi muito difícil no início.
A burocracia era imensa e quase não
havia apoio específico aos imigrantes.
M.S. — Teve oportunidade de interagir
com a Comunidade Portuguesa
em busca de apoio?
P.S. — Houve uma interacção no início
entre as pessoas conhecidas do meu
pai quando nós chegamos. Mas era
uma época difícil, onde era muito
difícil arranjar emprego, pois, ainda
havia os contingentes para as pessoas
com o permisso B. Isso tornou
algumas relações difíceis e dificultou
a realização de alguns sonhos e esperanças.
M.S. — Nos primeiros tempos como
conseguiu gerir as dificuldades da
ausência da família, de amigos e das
duras horas de trabalho na agricultura?
P.S. — Mal, havia a revolta, a frustração,
o desapontamento comigo
própria de não ser mais resistente,
de não ter podido atingir os meus
sonhos mesmo após ter estudado
por 12 anos em Portugal. Algo que,
entretanto, não é muito raro, mas naquela
altura era uma situação muito
peculiar. Lembro-me de os conselheiros
profissionais não saberem o que
me poderiam aconselhar, pois o meu
caso era, na nossa zona, um caso único.
M.S. — Sendo uma mulher de forte
personalidade e com objectivos definidos,
foi difícil integrar-se?
P.S. — Como pessoa especializada em
migração (tenho o diploma federal
de “Migrationsfachfrau”), fico imediatamente
sensibilizada perante o
termo “integrar-se”. Esse termo pode
levar a diversas interpretações. A interpretação
mais básica de “estar integrado”
talvez seja o “acto de fazer
parte da sociedade”. Partindo desse
princípio, estou integrada do ponto
de vista de que actuo na comunidade
em que estou inserida, faço parte
de associações, não questiono as
bases e leis básicas que constituem
a vida num país democrático como é
o caso da Suíça. No entanto, no meu
caso, o “acto de estar integrada” parece-me
ser um estado de espírito que
consoante a temática e o dia em questão
faz com que eu me sinta mais ou
menos integrada. Como se diz em Portugal
“tem dias…”
M.S. — Teve muito rapidamente a noção
de que a formação académica era
necessária. Como alcançou este objectivo?
P.S. — Eu sempre tive noção que sem
estudo não se vai a lado nenhum. Na
minha altura só o 6° ano era obrigatório.
E apesar das muitas dificuldades financeiras
que a minha família passava
naquela altura, os meus pais ouviram
os meus pedidos e deixaram-me continuar
os estudos. Essa noção tornou-se
ainda mais forte após termos chegado
à Suíça. Nos últimos 20 anos, conto
também com o apoio do meu marido
que, compreendeu a minha fome por
livros, por saber mais, por ter uma formação
reconhecida na Suíça. Ele levanta-me
quando já não tenho forças,
organiza as coisas com os nossos filhos
para eu me poder desenvolver profissionalmente
e ouve as minhas explosões
de frustração quando algo não
corre como eu gostaria. Os meus filhos,
incentivados pelo pai, dão-me força
quando tenho algum teste ou reunião
e compreendem quando há alturas
em que não tenho muito tempo para
eles. Com muito suor, muitas noites a
estudar, muita perseverança (e talvez
desespero para ter uma formação reconhecida)
da minha parte, o apoio
dos meus filhos e marido assim como
a sorte de encontrar as pessoas certas
no momento certo fez com que pudesse
realizar alguns dos meus objetivos
até agora.
M.S. — Ocupa o seu tempo profissional,
sendo tradutora, interprete e
coordena ainda o Departamento da
integração em Frauenfeld/Amriswil.
Sente-se realizada com o que faz?
P.S. — Tem dias…
Recantos helvéticos
SEJAM FELIZES!
A V Maria dos Santos
Chegamos ao final de
2021com algumas expectativas.
Entretanto,
as últimas notícias têm
sido preocupantes.
Volta a falar-se das medidas de precaução
que tivemos nos últimos dois
anos, incluindo fechar fronteiras. Falam
já na quarta dose da vacina.
Chego à conclusão que pouco ou nada
aprendemos nos dois anos que estivemos
socialmente confinados.
É caso para dizer: estamos numa nova
fase e temos que apenas e só, viver um
dia de cada vez. Ao levantar-mo-nos
pela manhã há que ouvir as notícias e
só depois programarmos o dia.
Mas será que todas as notícias que
ouvimos são verdadeiras? As fake notícias
existem desde há muito e parece
agora tornar-se uma prioridade a fim
de instalar a confusão sobre o que é
verdadeiro ou falso.
Chegamos ao último trimestre de 2021
e muito foi conquistado. No entanto,
os não vacinados continuam a ser penalizados
até no acesso aos espaços
dos mercados de Natal. Desconheço
o que se passa além-fronteiras.
Os mercados de Natal foram concebidos
como uma sala ao ar livre. No
interior do recinto, nem sequer máscaras
são obrigatórias, sabendo nós
que mesmo os vacinados podem contagiar.
Estou orgulhosa pelo facto de muitas
associações da nossa Diáspora terem
conseguido sobreviver. Que a motivação
seja sempre a prioridade para se
assegurar a continuidade ao que, nomeadamente
nos anos 80, construímos.
Foi nesta altura que o verdadeiro Associativismo
se afirmou e prolongou
até agora. Agora com uma nova roupagem,
visão e novos objectivos. Ainda
assim existem Associações cuja dinâmica
tem um impacto muito significativo
perante os seus associados e simpatizantes.
Aos que persistem na luta por manter
as portas abertas o meu total reconhecimento.
Sinto-me orgulhosa por poder
saborear a nossa gastronomia aos
fins de semana. Esperemos que 2022 o
COVID-19 não os ponha de nova à prova.
Falo apenas deste Helvético.
Neste últimos três meses preocupei-
-me em dar alento e coragem à nossa
cultura folclórica e associativa. Entrei
em contacto com vários grupos e
constatei estar muito difícil a retoma
dos ensaios.
Inicialmente pelo medo que se ins-
talou com a pandemia. Depois, pelo
regresso da terceira geração a Portugal.
Há falta de músicos e sobretudo
elementos masculinos para dançar.
Finalmente porque a juventude criou
outros hábitos, nalguns casos menos
saudáveis e está a ser complicado tirá-
-los desse labirinto. Mas a esperança é
a última a morrer. Continuarei a insistir.
Parabéns a todos os ranchos que retomaram
actividade. É-me uma honra
ver-vos no activo.
Para dar força e ânimo marquei presença
no local de ensaios do Rancho
Folclórico de Lucerne. Para eles foi
uma surpresa, para mim um propósito.
Quero assim agradecer a forma encantadora,
amável e recheada de carinho
com que fui recebida. Estávamos todos
a precisar de um serão com apoio
externo. Tivemos mesmo direito a um
Vira Geral. Ficámos todos de coração
cheio.
Acompanhou-me nesta visita a Tatiana
Cardoso em representação do Rancho
Folclórico de Arbon. A inspiração e
contágio de alegria foi completo.
Um serão que mais parecia um ensaio
de preparação para um festival. Certeiros
nos passos de dança, coreografias
prefeitas e com ritmo genial. Perguntei
se de facto estiveram tanto tempo sem
ensaios. Rostos e corpos dedicados no
seu todo ao folclore… nada mais importava
que deixar-se ir na onda das notas
musicais. Vivacidade, alegria, entusiasmo,
foi tudo perfeito. O ensaiador José
Carvalhais e o presidente Manuel Martins,
bem como todo o grupo demonstrou
uma total cumplicidade e um
querer infinito em ficar mergulhados
no folclore e dar tudo para que este
Rancho siga o seu percurso. Parabéns
ao seu membro mais novo, Cátia Vieira
doze anitos que faz maravilhas com
seu instrumento musical.
Pelo que vi, nada os impedirá de continuar.
Agora falta saber apenas quando
os festivais irão recomeçar.
Estamos conscientes que teremos ainda
momentos complexos para ultrapassar
devido às causas que conhecemos.
Todos precisamos um esforço intelectual
para atingir os objectivos.
Como em tudo na vida uns sairão vencedores.
Este meu Recanto Helvético é assim
dedicado ao Movimento Associativo e
Folclórico ao qual desejo muito empenho
e coragem para seguirem a vertente
cultural, sem a qual a vida não faz
sentido.
Feliz Natal e que 2022 seja o ano das
revelações e grandes surpresas.
Ao virar da esquina têm sempre alguém
que está disponível para registar
as vossas conquistas.
Sejam felizes.
16 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
17
Actualidade
Actualidade
Refugiados: Europa culta e
adulta só oferece arame
farpado no Natal
Na Europa culta e adulta, que tanto se indignou contra
o muro de Trump, vencedora do Nobel da Paz em 2012,
são poucos os países que não se cercaram de muros e
arame farpado, fazendo de um drama social e humanitário
uma ameaça à segurança.
Foto: @CSIS’s video Tweet
COSTA GUIMARÃES (*)
No sábado à tarde, dia 20 de Novembro, em Varsóvia,
milhares de pessoas marcharam em solidariedade para
com os milhares de migrantes da Bielorússia que tentam
entrar na Europa. Mas esta, a culta e adulta, civilizada
pelos valores cristãos, esquece estes “desesperados,
enganados e necessitados”. Oferece-lhes arame farpado
e muros contra os quais morrem à fome, ao frio,
milhares de pessoas, incluindo meninos e meninas, sem
direito, ao menos, a uma manjedoura, com um burro
e uma vaca para se aquecerem (cf. “Biblical literature”,
in Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica
Online. Encyclopædia Britannica, 2011).
“Dar de comer aos famintos, vestir quem está nu!”
Milhares de pessoas gritaram estas palavras na tarde
do, dia 20 de Novembro, em Varsóvia, durante a marcha
de solidariedade para com os migrantes que tentam
atravessar a fronteira polaca para entrar na Europa,
enfrentando o frio, a fome e as rejeições por parte da
polícia de fronteira.
Na manifestação, organizada pelas ONG (Organizações
Não Governamentais) impedidas de ajudar os migrantes,
as bandeiras dos movimentos foram substituídas por
cobertores térmicos usados pelos refugiados para serem
aquecidos. A primeira exigência era que os médicos
regressassem à fronteira.
A resposta, da terra natal do Papa São João Paulo II,
na fronteira com a Bielorrússia: as autoridades polacas,
nesse dia, tinham devolvido 195 pessoas que tentavam
entrar no país.
O ditador bielorrusso, Alexander Lukashenko, admitiu
que é “absolutamente possível” que as suas forças
tenham ajudado as pessoas a atravessar a fronteira para
a UE, mas negou uma operação orquestrada.
A União Europeia assinou um acordo de seis mil milhões
de euros para Ancara — capital da Turquia — gerir e
conter os refugiados às portas (fechadas) da Europa.
Um erro colossal, a médio prazo. O Inverno demográfico
europeu pede migrantes.
EUROPA PÔS-SE A JEITO
Lukashenko sabe como a imigração divide a UE e quer a
revogação ou o alívio das sanções, forçar a negociação,
ser aceite como interlocutor, numa palavra: a sua
legitimidade política.
Algures nas florestas geladas entre a Bielorrússia e
a Polónia há uma tragédia humanitária às portas da
Europa: o último capítulo do conflito crescente entre a
Bielorrússia e a União Europeia. A UE pôs-se a jeito...
O insuspeito Filippo Grandi, o Alto Comissário das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi ao Parlamento
Europeu apelar à renovação do compromisso da
Convenção de Genebra de 1951e deixou críticas fortes.
Lembrou que os refugiados olham para a Europa em
busca de liderança e apoio e manifesta gratidão por todo
o apoio financeiro prestado pela UE, mas não deixou
de sublinhar que a UE “pode e deve fazer melhor”. A
começar na forma como muitos refugiados são tratados
nalguns Estados-membros da UE. O Alto-Comissário
afirmou-se plenamente consciente dos “muitos desafios
que os movimentos de migrantes e refugiados colocam
aos sistemas de asilo na Europa e no mundo, agravados
muito frequentemente pela ação criminosa dos
traficantes” e até “encorajados pelos Estados”.
ESQUECER O CERNE DA QUESTÃO
Este comportamento dos políticos contrasta com o das
pessoas das aldeias que, juntamente com católicos de
Varsóvia, ajudam os migrantes.
No meio desta tempestade, somos levados pela
comunicação social reinante e bacoca a esquecer que
a Turquia é o país com mais refugiados no mundo. São
mais de quatro milhões de deslocados do Médio Oriente
mas também de África. A resposta europeia é despejar
dinheiro na fogueira, esquecendo as verdadeiras causas
do lume.
A UE deve prestar um apoio mais forte aos esforços
para manter a paz caso queira prevenir uma crise
com ramificações sentidas por gerações vindouras
através dos continentes. Todavia, a Europa esquecese
que o berço da paz é o desenvolvimento e não a
continuada exploração das riquezas desses povos e
agora assemelha-se a um abutre observando as vítimas
às portas da morte.
O sucessor de António Guterres, propôs duas soluções:
“a primeira e melhor solução é garantir que as pessoas
estão protegidas nos seus países de origem. É aí que o UE
18 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
19
Actualidade
desempenha um papel importante. A segunda é através
da disponibilização de melhor protecção em países onde
a maioria dos refugiados procura por asilo: “fortalecer a
assistência ao asilo e proporcionar ajuda humanitária e de
desenvolvimento que facilite a inclusão dos refugiados nos
serviços sociais desses países e nas actividades económicas
até se encontrar uma solução”.
É urgente que a Europa perceba a dor e sofrimento de
mais de 82 milhões de pessoas no mundo, refugiados
ou deslocados internos, empurrados pelo desespero da
guerra e atraídos por uma mentira: a existência de uma
política de acolhimento e integração de refugiados na UE.
Os propósitos de Lukashenko são tudo menos inocentes:
ao pressionar a UE a levantar as sanções, instrumentaliza
milhares de pessoas, incluindo crianças, que morrem de
frio e desidratação. A manobra não pode passar impune.
UMA EUROPA DE ARAME FARPADO
No entanto, em vez de uma solução diplomática — por via
de sanções ou outra —, a Polónia, Estado-membro da UE,
o tal “vizinho democrático” que von der Leyen mencionava
e se tem destacado por limitar a liberdade de imprensa
e degradar a separação dos poderes político e judicial,
militarizou a fronteira, atacou os refugiados e impediu
o acesso de jornalistas e associações humanitárias ao
território.
Depois de uma lei que impede os refugiados de pedirem
asilo e que determina a sua expulsão sumária, o Governo
de Morawiecki aprovou a construção de um muro ao
longo da fronteira. Não é o único. Na Europa que tanto se
indignou contra o muro de Trump, na Europa vencedora
do Nobel da Paz em 2012, são poucos os países que não
se cercaram de muros e arame farpado, fazendo de um
problema social e humanitário uma ameaça à segurança.
Este Governo de extrema-direita afirma-se contra uma
invasão que na verdade é um cortejo de menos de três
mil vítimas privadas de qualquer dignidade. O “vizinho
democrático” da ditadura bielorrussa, a Polónia, subscritora
de todas as convenções internacionais de direitos humanos,
deixou morrer 13 pessoas, entre elas uma criança de um
ano, até deixar entrar ajuda humanitária.
Em vez de sanções, a UE, em vez de uma política de
acolhimento de refugiados e imigrantes, gasta milhares
de milhões de euros em respostas militares, ou a pagar a
outros vizinhos de iguais qualidades democráticas, como
a Turquia ou a Líbia, para servirem de tampão repressivo
aos fluxos de pessoas. É irrelevante para a UE que
nenhum destes países sequer reconheça as convenções
internacionais de direitos humanos .
Lukashenko é um ditador desumano? E a Europa culta,
adulta, democrática e cristã, é exemplo de quê?
Como se diz por cá, no Minho, é exemplo de “m...” nenhuma.
(*) António Costa Guimarães,
é Jornalista, foi Capelão
Militar e Director do jornal
Correio do Minho
Neurociência
O abraço
NADA SUBSTITUIRÁ O SER HUMANO
V Nelson S Lima
Nunca houve um tempo como este em que
mais precisássemos uns dos outros.
Num mundo frenético e complexo, é por vezes difícil mantermo-nos
sem o apoio, a palavra ou a presença de alguém que nos faculte uma
sensação de segurança, uma espécie de referência honesta, quase
um guia da vida que nos ajude a orientar-nos.
Nas sociedades ancestrais eram os anciãos - os mais idosos e experientes
das tribos- que desempenhavam esse papel e a quem até os
guerreiros pediam conselhos.
Agora somos todos quase órfãos. Os anciãos desapareceram da nossa
sociedade. Metêmo-los em “lares” de idosos ou deixámo-los sozinhos
nas suas aldeias remotas. Ou, simplesmente, considerámo-los
senis porque o que está na crista da onda é ser-se jovem, como se a
sabedoria de alguém estivesse no corpo.
Andamos muito perto de sermos “zombies”, mais ainda agora em
que o expoente máximo da inteligência é a “artificial”. Creio que estamos
a perder o chão, as referências que orientaram os mais velhos.
Mas ainda estamos a tempo de travar esse deslize que nos iria atirar
para um monte de inúteis e desesperados cidadãos.
Cultivemos boas amizades sobretudo agora em que “smartphones”
e outros aparelhos “inteligentes” fazem parte do nosso mundo. Nada
há que possa substituir o ser humano. E ensinemos isso aos mais novos
porque o futuro vai ser mais difícil do que eles imaginam.
AS GLÓRIAS QUE VÊM
TARDE JÁ CHEGAM
FRIAS
Paulo Marques
ALEXANDROS AVRAMIDIS
Veja-se o que aconteceu a Camões que
se situa hoje entre os grandes poetas líricos
de todos os tempos. Grande entre
os grandes.
Apesar da tença anual de quinze mil
réis, por três anos, que lhe foi concedida
por Dom Sebastião, após a publicação
de «Os Lusíadas», nos últimos anos
de vida confrontou-se com gravíssimas
dificuldades materiais.
Valeu-lhe o auxílio de Jau, o seu escravo
negro, que pedia esmola pelas ruas
de Lisboa, de modo a que o amo não
vivesse na mais indigna miséria. Só lhe
colocaram a coroa de louros quando
menos necessitava dela…
20 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
21
Boas Festas
22 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
23
AGENDA
Cidadania
Informações
MAPS (*)
Caros leitores, muitos eventos
estão ocorrendo novamente
no setor cultural e de lazer.
Um certificado Covid é exigido
para muitos eventos. É importante
que você continue
a seguir as medidas de prevenção
contra o coronavírus.
Você pode encontrar uma visão
geral das medidas atuais
em vários idiomas em www.
stadt-zuerich.ch/coronavirus.
Por favor, informe-se antes
de participar de um evento.
Apesar de tudo, a equipe da
MAPS deseja a você muita diversão!
QUINTA-FEIRA—2.12.
(*) Escrito na variante brasileira
da Língua portuguesa
FESTIVAL DE CINEMA DE DI-
REITOS HUMANOS (02.12 ATÉ
07.12)
O “Human Rights Film Festival” mostra
filmes e documentários sobre o
tema dos direitos humanos. Hoje é
a abertura do festival com o filme
“Flee”. Entrada gratuita para pessoas
com N/F-Ausweis. 19:00. O escritório
da MAPS sorteia 2 passes para todo
o festival. Basta ligar para: 044 415
65 89 ou escrever um e-mail para:
maps@aoz.ch. Data de encerramento
28.11.
Kosmos. Lagerstr. 104.
Bus 31/32 bis “Langstrasse”.
https://www.humanrightsfilmfestival.ch/
SEXTA-FEIRA—3.12.
PAPAI NOEL NA FLORESTA
(ATÉ 07.12)
Visite o “Samichlaus” e seu ajudante
“Schmutzli” em sua casinha na floresta
com seus filhos. Ouça uma história
sobre o Papai Noel! O caminho
para a casa é marcado a partir da
“Bucheggplatz”. 10:00-16:00. Participação
gratuita.
Waldhüsli.
Tram 11/15 oder Bus 32/72 bis “Bucheggplatz”.
https://bit.ly/3HWoRz9
SÁBADO—4.12.
MERCADO DE NATAL (ATÉ
23.12)
Aproveite a magia de dezembro em
um mercado de Natal de Zurique.
Descubra várias barracas na estação
principal, em frente ao Opernhaus
e na Cidade Antiga. Lá você encontrará
produtos locais e alimentos de
diferentes países. Grátis.
https://bit.ly/3kWFOiH
SÁBADO—4.12.
A ÁRVORE DE NATAL CAN-
TANTE (01.12 ATÉ 23.12)
Os corais na “Werdmühleplatz” cantam
canções de Natal quase todos
os dias. Em seguida, aproveite o ambiente
pré-natalino com uma caminhada
pelo mercado de Natal. Seg-
-qui 17:30 e 18:30. Sex 17:30, 18:30 e
19:30. Sáb/Dom 14:30, 15:30, 17:30 e
18:30. Entrada livre.
Werdmühleplatz.
Tram 6/7/11/13/17 bis “Bahnhofstrasse/HB”.
https://www.singingchristmastree.ch/
DOMINGO—5.12.
VISITA GUIADA NO LANDES-
MUSEUM
Como é que os objetos frágeis entram
no museu? O ator e músico
Benjamin Müller mostra o museu
nos bastidores para famílias e crianças
a partir de 5 anos. 10:30-12:30.
Com KulturLegi CHF 5.- (em vez de
CHF 10.-). Gratuito para crianças e
jovens até 16 anos.
Landesmuseum. Museumstr. 2.
Tram 4/6/11/13/14 oder Bus 46 bis
“Bahnhofquai/HB”.
https://bit.ly/3DMbXks
SEGUNDA-FEIRA—6.12.
CALENDÁRIO DE ADVENTO
MUSICAL (01.12 ATÉ 23.12)
Durante a época natalina, a Opernhaus
Zürich organiza pequenos
concertos todos os dias. Venha até a
entrada da Ópera e desfrute da música.
17:30-17:45. Entrada livre.
Opernhaus, Foyer. Sechseläutenplatz
1.
Tram 2/4 oder Bus 912/916 bis “Opernhaus”.
SÁBADO—11.12.
SHOW DE LUZES (ATÉ 30.12)
No pátio interno do “Landesmuseum
Zürich”, uma encantadora terra
de luz invernal espera por você.
Descubra um fantástico espetáculo
de luzes que apela a todos os sentidos.
Todas as noites a partir das
17:00. O escritório da MAPS sorteia
5×2 entradas gratuitas. Basta ligar
para: 044 415 65 89 ou escrever um
e-mail para: maps@aoz.ch.
Landesmuseum Zürich, Innenhof.
Museumsstr. 2.
Tram 4/6/11/13/14 oder Bus 46 bis
“Bahnhofquai/HB”.
www.illuminarium.ch
DOMINGO—12.12.
FESTA SOBRE RODAS
Você está procurando por uma festa
especial? Então venha ao “La Boum
Rolldisco” na “Rote Fabrik”! Toca-se
música de discoteca e todos dançam
com patins, cadeiras de rodas
ou “skates”. Venha fantasiado de forma
divertida! 16:00. Entrada gratuita.
Rote Fabrik. Seestr. 395.
Tram 7 bis “Post Wollishofen” oder
Bus 161/165 bis “Rote Fabrik”.
https://bityli.com/SjQq3c
TERÇA-FEIRA—14.12.
CLUBE DE DESIGN PARA
CRIANÇAS
Porque é que em muitos países as
pessoas usam talheres para comer?
O “Design Kids Club” explica
às crianças a origem de objectos do
quotidiano. Com especialistas em
design, as crianças aprendem como
criamos e usamos objectos. Dos 8
aos 12 anos. 14:00-16:00. Entrada livre.
Museum für Gestaltung Zürich. Ausstellungsstr.
60.
Tram 4/6/13 bis “Museum für Gestaltung”.
https://bit.ly/3CKiuuN
QUARTA-FEIRA—15.12.
COMÉDIA
Apareça no bar “bQm” hoje à noite e
ria a bom rir com o espectáculo cómico
sobre o Natal! O bar serve comida
e bebidas a preços acessíveis.
Divirta-se! 19:30. Entrada livre.
bQm Culture Café & Bar. Leonhardstr.
34.
Tram 6/9/10 bis “ETH/Universitätsspital”.
www.bqm-bar.ch/de/events/
QUINTA-FEIRA—16.12.
VISITA GUIADA SOBRE ARTE
A “Kunsthalle” organiza hoje uma
visita guiada à exposição “ART
CLUB2000”, qeu mostra fotografias e
criações sobre a sociedade e o consumo.
18:30. Entrada livre à quinta-feira
a partir das 17:00.
Kunsthalle Zürich. Limmatstrasse
270.
Tram 4/13/17 bis “Löwenbräu”.
https://bit.ly/30Rs6XK
SEXTA-FEIRA—17.12.
FOGUEIRA DE INVERNO
Esta semana tem os dias mais curtos
do ano, altura em que o centro comunitário
“GZ Loogarten” organiza uma
festa. Na companhia de outras pessoas,
pode tomar uma bebida quente
e assar marshmallows. Está prevista
a exibição de um filme infantil. 15:00-
18:00. Gratuito.
GZ Loogarten, Standort Badenerstrasse.
Badenerstr. 658.
Tram 2 oder Bus 35/78/80 bis “Lindenplatz”.
www.gz-zh.ch/gz-loogarten
SÁBADO—18.12.
GRELHADOS EM FAMÍLIA
Gostaria de se sentar à volta de uma
fogueira nesta estação de tempo frio?
O centro comunitário “GZ Höngg” organiza
uma grande fogueira com
grelhados. Uma banda toca música
e conta histórias às crianças. Traga a
sua comida ou compre-a no local. O
chá é gratuito. 18:30-20:00. Gratuito.
Parkplatz des Friedhofs Hönggerberg.
Bus 38 bis “Friedhof Hönggerberg”.
https://bit.ly/3FHMucO
DOMINGO—19.12.
CORTAR O SEU PINHEIRO DE
NATAL
Celebra o Natal e procura uma árvore
de Natal? Na floresta da cidade de
Zurique pode escolher e cortar a sua
árvore preferida. O preço depende do
tamanho da árvore. Entrada livre.
Forstgarten Albisgüetli. Uetlibergstr.
355.
Tram 10/13 bis “Albisgütli”.
https://bit.ly/3oTD7jm
TERÇA-FEIRA—21.12.
FAZER BISCOITOS DE NATAL
Com a família, faça deliciosos biscoitos
de Natal. Várias receitas de “Mailänderli”,
“Brunsli” ou “Zimtsterne”
disponíveis em www.fooby.ch. Gratuito.
https://bit.ly/3cDNIcp
QUARTA-FEIRA—22.12.
EXPOSIÇÃO SOBRE O MEL
Gosta de mel? Então a exposição
“Ohne Honig hast du nichts zu essen”
é mesmo para si! O mel é um alimento
de grande importância para a sociedade
sul-americana “Ayoreode”.
O Museu de Arte Popular apresenta
os mitos, canções e histórias sobre o
mel desta comunidade. Ter, qua, sex,
dom 10:00-17:00. Qui 10:00-19:00. Sáb
14:00-17:00. Entrada livre.
Völkerkundemuseum. Pelikanstr. 40.
Tram 2/9 bis “Sihlstrasse”.
https://bit.ly/3oUlCzg
QUINTA-FEIRA—23.12.
VIAGEM AO PASSADO
No século XIV uma abastada família
vivia no nº 8 da “Brunngasse”. Durante
as obras de renovação, foram descobertas
pinturas muito antigas nas
paredes. Actualmente, é um museu.
Na Câmara Municipal, pode pedir
emprestada a chave e visitar o nº 8
da “Brunngasse”. Seg-sex 08:00-18:00.
Sáb 09:00-12:30. Entrada livre.
Stadthaus Zürich. Stadthausquai 17.
Tram 2/8/9/11 bis “Kantonalbank”.
www.schauplatz-brunngasse.ch
SEXTA-FEIRA—24.12.
LABIRINTO ILUMINADO
Antes do Natal as luzes brilham no
“Labyrinth-Garten”. Desfrute com a
sua família deste maravilhoso espectáculo.
17:00-18:00. Entrada livre.
Zeughaushof. Labyrinthplatz.
Bus 31 bis “Kanonengasse”.
www.labyrinthplatz.ch/veranstaltungskalender
DOMINGO—26.12.
OBSERVAR ANIMAIS
No parque “Käferberg-Waidberg” vivem
veados e corças. Aprecie os animais
com a sua família e desfrute da
belíssima vista para Zurique. Atenção:
é favor não alimentar os animais!
Gratuito.
Käferberg-Waidberg.
Bus 38/69 bis “Waidbadstrasse”.
http://www.tierpark-waidberg.ch
QUARTA-FEIRA—29.12.
ARTE A PARTIR DE LIXO
As pessoas produzem diariamente
enormes quantidades de lixo. A exposição
“Trash-Art” mostra arte criada a
partir de lixo. O objectivo é reflectir
sobre ecologia e sociedade. Qua-sex
13:00-17:00. Sáb 11:00-17:00. Entrada
livre.
Haus Appenzell. Bahnhofstr. 43.
Tram 7/10/11/13 bis “Rennweg”.
www.hausappenzell.ch https://bit.ly/
30TbvCL
SEXTA-FEIRA—31.12.
FESTEJOS DE ANO NOVO JUN-
TO DO LAGO
A maior festa de passagem de ano
da Suíça inclui diversos stands de comida
e concertos. O fogo-de-artifício
sobre o lago promete uma entrada
festiva no novo ano. Festa a partir das
20:00, fogo-de-artifício à 00:20-00:35.
Participação gratuita. Eléctricos e autocarros
circulam até às 04:00 (taxa
nocturna a partir da 01:00).
Beim Bellevue am See.
Tram 2/4/5/8/9/11/15 bis “Bellevue”.
www.silvesterzauber.ch
24 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
25
CRÓNICA - do nosso cantinho para o vosso Cantão
CRÓNICA
Fazer anos
depois de
morto.
ARAGONEZ MARQUES (*)
Bem, realmente isto de
comemorar aniversários
quando já não estamos,
não é para todos.
Aqueles que por obras valorosas se
vão da lei da morte libertando...” como
escreveu Camões, é para quem na
vida algo fez que lhe valesse a memória
futura e José Saramago, embora
não esteja no Panteão Nacional (ainda
não percebi o porquê) talvez coisas
de Cavaco Silva que nem se dignou ir
Foto: DR
ao seu funeral, é dos portugueses que
continuam a fazer aniversários todos
os anos, também com uma Pilar del
Rio que nunca permitiria o seu não
festejar. A companheira do único prémio
Nobel da literatura que Portugal
conheceu continua-lhe fiel, nas lembranças
e no reconhecimento da sua
valia.
Dentro da minha maneira de ver em
que, como diz a minha mulher, devo
guardar a língua quieta na boca antes
de falar sem pensar, sempre achei que
o seu Nobel, uma Instituição que tenta
mudar o mundo através das mensagens
que envia embrulhadas no seu
prestígio, Saramago tem o seu Nobel,
no ano em que Timor-Leste apresentou
como prémios Nobéis da Paz, Ximenes
Belo e Ramos-Horta. Portugal
estava na baila por bons motivos, o
mundo em mudança necessitando de
visibilidade, e o da Literatura, um português,
José Saramago, completaria a
influência que Portugal e Timor-Leste
necessitavam para a mudança de
compromissos que levassem a uma
evolução civilizacional e democrática.
Mas, havia tantos escritores para serem
escolhidos, este pequeno Portugal
era e sempre foi uma incubadora de
grandes literatos. Porquê Saramago?
A minha primeira relação com ele, só
foi pessoal quando escolheu Espanha,
para viver, largando este país de idiotas
onde era amargado, desdenhado,
não era Doutor, apenas um serralheiro
mecânico que gostava de ler e escrever.
Em Espanha sim, conheci-o, em encontros,
palestras, onde nos dizia que
fazer um romance era como um carpinteiro
que construía uma cadeira.
Tinha que ser planeada, as pernas tinham
que ter a mesma medida, o encosto
e os braços teriam que ter conforto.
Um trabalho de artesão, mas um
trabalho.
Clara Ferreira Alves, grande amiga do
casal, quando o livro “O Evangelho Segundo
Jesus Cristo /1991” chegou a sua
casa, irada, pois o livro de Saramago
teria sido afastado do prémio merecido,
encontrou o autor calmo, segundo
ela, continuando a jantar calmamente
dizendo-lhe apenas:
- O que tiver que ser meu será a seu
tempo e se não tiver é porque não mereço.
O primeiro livro que li de Saramago foi
“Levantado do Chão/1981”.
Li, gostei, mas rapidamente o juntei a
livros da moda de então, como "Os Esteiros”
de Soeiro Pereira Gomes/1941 e
agora republicado, “Bastardos do Sol”
de Urbano Tavares Rodrigues, ou mesmo
“Cerromaior” ou “Seara de Vento/1958”
de Manuel da Fonseca, livros
que a Revolução tinha libertado e que
enchiam as livrarias.
Arrumei-os
Pertenciam à prateleira da foice e do
martelo (que respeito), mas queria
mais com dezasseis anos de idade.
Foi então que li um texto de Saramago
onde dava uma enorme sova naquilo
que para nós era algo certo. A tolerância.
Dizia ele que ser tolerante no que
respeita ao outro ou às suas crenças era
uma nódoa imposta pela cultura dominante.
Atirava-se à tolerância como
gato a bofe, e avisava que só a igualdade
entre pessoas, raças, culturas, religiões
era válida e honesta.
Comecei, neste artigo lido num jornal,
a mudar a forma de pensar. A refletir.
Aquilo que qualquer livro deve fazer
se for escrito com verdade.
Veio depois nas minhas leituras o “Ensaio
sobre a Cegueira” onde na ambição
de vir a ser um escritor, dizia (se
eu tivesse tido esta ideia, teria escrito
um livro melhor). Pois é, idiota, só que
as ideias fazem parte da cadeira do artesão.
No dia em que vos escrevo, José Saramago
fazia, ou faz, 99 anos. Em 2022
será o ano do seu centenário. Foi-lhe
atribuído também hoje, a título póstumo,
o Prémio Camões.
Tarde.
Sempre foi um escritor maldito, num
país de mestrados e doutoramentos.
No foi só ele que deixou Portugal, cansado
de tanto maltrato. Fê-lo também
Maria João Pires, excelente pianista,
que mandou às urtigas Belgais e pirou-se.
Ou mesmo Fernando Tordo,
que desapareceu para o Brasil.
Portugal trata mal os seus criativos.
No seu livro maldito, “O Evangelho
Segundo Jesus Cristo”, dizia ele, para
além de muitas outras coisas, que o
soldado que deu numa vara vinagre a
Cristo quando este agonizava na Cruz,
foi um acto de amor. E foi mesmo, a
minha avó dava-me nos largos verões
do Alentejo refresco de vinagre para
me mitigar a sede. O soldado apiedou-
-se dele, e não o torturou como dizem
as Escrituras, apenas o tentou ajudar,
tal como a sua última chaga, a do peito,
foi um gesto de amor que colocou
um final na agonia.
Este livro fez-me entender com menos
de quarenta anos, que tudo podia ser
posto em causa. Mesmo a religião.
Escrevi nessa altura um livro, “Três
Contos Trípteros”, onde inventei um
filho de Pedro, chamado Alfeu, que
quando o filho de Deus lhe levou o pai,
ficou órfão, a ter que cuidar da mãe e
dos irmãos. Um Deus não diz:
- Larga tudo e segue-me!
Esse tudo são gentes, pessoas que
dependiam de um modo de vida, de
uma família. Pela primeira vez, graças
a Saramago, entendi que tudo era
questionável e a vida não é a preto e
branco, tem cores e nós podemos ser
os pintores.
Decidi reeditar esse livro no seu centenário.
“Memorial do Convento” é um poema
e a voz de Blimunda, a Passarola, o
Maneta, os frades que ouviam a Rainha
em confissão e a aproveitavam
para o seu benefício, uma coragem
sem fim para questionar tudo e todos,
a própria História.
Devo a Saramago um obrigado.
Nunca o conseguirei, quando tenho a
escola que me obriga a optar entre as
Letras e a sobrevivência da família.
Aguardarei, pois não perdi ainda a esperança
de ver Lobo Antunes como
segundo Prémio Nobel português.
Será difícil, o país, este nosso cantinho,
continua sem causas maiores e
em vez de Timor-Leste, temos o tráfico
de ouro e diamantes com a República
Centro Africana.
Tinha tantas coisas para vos contar
mais nesta crónica, os serões de Lanzarote,
onde amigos meus estiveram,
batendo à porta. Luis Pastor, cantor
extremenho, foi para lhe mostrar um
CD que fez sem autorização e foi pedi-la.
Esteve acolhido três semanas e
cada noite era uma tertúlia com gentes
que entravam e saíam.
Cultura ao vivo.
Vivida.
Amanhã, tenho que me levantar às
seis e trinta, tenho escola.
Recordo Carlos Garcia de Castro, um
grande poeta de Portalegre e meu
mentor e amigo, que me dizia:
- Houve um tempo em que tive que
optar entre a literatura e a família. Escolhi
a família.
Eu, humildemente, descobri que também.
26 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
27
Retratos contados...
Diário de uma avó e de um neto
Boas Festas
V NELSON MATEUS (*)
Querida avó,
Cresci a acreditar no Pai Natal.
Um homem rechonchudo,
de longos cabelos e longas barbas
brancas, que, montado no seu
trenó, vinha de um pai longínquo,
levar prendas às casas das crianças,
que ao longo do ano de portavam
bem.
Devo ter acreditado no Pai Natal até
aos 9 anos.
Recordo-me que na altura, deixava
vários sapatos junto da chaminé. Na
espectativa de que ao deixar vários
sapatos, aumentava a possibilidade
de existirem mais prendas. O que acabava
por corresponder à realidade.
Naquela altura, os presentes eram
abertos no dia 25 quando acordávamos.
A esperança do que iria estar
na manhã seguinte por baixo da
chaminé, era muito mais interessante,
do que o amontoado de prendas
que se vêem hoje por baixo das árvores.
A Árvores de Natal na altura eram
pinheiros verdadeiros. Hoje existe
uma variedade enorme de decorações
de Natal.
No entanto, a magia do Natal continua
a ser a mesma! Todos os anos o
Pai Natal continua a encantar miúdos
e graúdos.
Por coincidência, o “meu” Pai Natal
é o mesmo que o teu. Há anos que
o vou visitar a um grande Centro Comercial
de Lisboa.
Há uns anos entrevistei o Severino
Moreira e o Pai Natal para os Retratos
Contados. A partir daí nasceu
uma amizade cultivada ao longo do
ano.
O seu testemunho é muito bom!
Vale a pena ouvirem o Homem e
Avô, por trás do Pai Natal, e a partilha
emocionante das experiencias
que o Pai Natal tem tido com crianças
e adultos.
O ano passado o Pai Natal teve que
se reinventar! Veremos este ano.Novos
tempos exigem novas soluções.
As crianças não podiam ficar sem
Nélson
Mateus
Alice
Vieira
ter acesso àquela que consideram a
personagem principal da quadra natalícia.
Se o Pai Natal não pode ir ao
encontro das crianças nos Centros
Comercias, as crianças vão ao encontro
do Pai Natal através de uma
solução que os aproxima. Desta forma,
não se perde o contacto com as
crianças que querem fazer os seus
pedidos ao Pai Natal. Nos últimos 20
anos, este ano foi a primeira vez que
Severino não mostrou ao vivo todos
os seus encantos.
Severino Moreira é sinónimo de envelhecimento
ativo. Nunca pensou
em reformar-se, calçar os chinelos e
ficar em casa em frente à televisão.
Severino Moreira tem vivido situações
inesquecíveis, e faz aquilo de
que gosta: levar às crianças a alegria
e a magia do Natal. O Natal jamais
poderá perder o seu significado.
Como dizia a minha avó: ”O Pai Natal
pode ser muito bonito, mas nunca
nos podemos esquecer que figura
central do Natal é o Menino Jesus!
Feliz Natal.
Bjs
V ALICE VIEIRA (*)
Querido neto,
O Pai Natal é um velho de barbas
brancas, que vem num
trenó puxado por muitas renas, e deita
os presentes pelas chaminés abaixo.
Mesmo nos prédios de muitos andares,
que não têm chaminé.
É esta história que faz as delícias de
miúdos e graúdos e em que, evidentemente,
nem miúdos nem graúdos
acreditam—mas fazem muito bem de
conta. Porque é esse o papel que se
lhes pede: que representem nesta altura
Devo dizer no entanto que, na minha
infância, o Pai Natal nunca foi pessoa
das minhas relações.
Para mim, o Natal era a altura do ano
em que vinham os chatos dos tios
muito velhos da província, que só queriam
ver as revistas do Parque Mayer e
engatar as coristas.
Depois davam-me prendas, que eu
sempre pensei que eram a (justíssima)
paga por ter passado aquele tempo
caladinha no meu canto, sem chatear
os adult(er)os.
Com a chegada dos meus filhos fui, digamos,
obrigada a fazer a revisão da
matéria dada…
Mas eles, coitados, também chegaram
em má altura, andava toda a gente
muito revolucionariamente excitada, e
o Pai Natal não entrava naquela excitação.
Era o tempo dos “Operários do Natal”,
estão a ver!
Quando comecei a achar uma certa
graça ao Pai Natal já tinha netos.
Estes sim, puderam gozar à vontade
o Pai Natal, apertar-lhe a mão sem remorsos,
fazer-lhe estranhas encomendas,
tirar retratos ao colo dele, pô-lo
inclusivamente deitado nas palhinhas
num dos muitos presépios cá de casa.
Entretanto cresceram, desandaram
para longes terras e o meu Pai Natal ficou
outra vez um pouco abandonado.
Agora, quando por acaso, o meu Pai
Natal é mesmo um amigo meu.
Lembro-me que há meia dúzia de
anos subi imenso na
consideração da minha
neta mais nova quando.
Íamos nós a entrar num
café, eu lhe disse:
– Conheço o Pai Natal. É
aquele senhor que está
ali.
Cultura
(*) Os autores escrevem segundo o Acordo Ortográfico
(**) Jornalista - (***) Jornalista e Escritora
www.retratoscontados.pt
Porque o meu Pai Natal existe.
Chama-se Severino, andou por Angola,
fez rádio, teatro amador, publicidade,
etc, etc. Reformou-se há anos, e desde
então vai escrevendo umas coisas,
faz uns vídeos e, quando chega Dezembro,
veste a fatiota vermelha, põe
as barbas brancas e anda por um dos
centros comerciais mais importantes
de Lisboa a deixar-se fotografar com
as crianças ao colo e a ouvir histórias.
E tem histórias fabulosas!
O ano passado ficou com mais uma
história para contar. Devido à Pandemia,
tudo teve que ser alterado! Mas
nem assim o Severino deixou de levar
a magia do Natal a todos.
Comecei tarde a acreditar no Pai Natal,
mas valeu a pena!
Feliz Natal.
Bjs
https://bit.ly/3dvDigl
https://bit.ly/3dvi3Li
https://bit.ly/3tyuFXN
info@retratoscontados.pt
28 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
29
Desporto
Juniores D campeões de Inverno
Veteranos novamente nos
quartos-de-final da Taça
Jorge Macieira
A equipa de Juniores D masculinos
do Lusitano, sagrou-se no passado
Sábado 6 de Novembro campeão, na casa FC Zürich-Affoltern,
derrotando na última jornada a equipa da casa
por três bolas a zero.
A equipa vencida vendeu cara a derrota e conquista do
campeonato, mas os verdes e vermelhos mostraram
serem superiores, fazendo valer a maior qualidade técnica
dos pupilos do ‘mister’ Paulo Barros, para revalidar
o título conseguido na época passada.
Fazendo o pleno de 8 vitórias em outros tantos jogos,
com 29 golos marcados e apenas 14 golos sofridos sendo
assim o segundo melhor ataque e a segunda melhor
defesa do campeonato.
Disciplina impede
título dos Juniores A
Desporto
Nada ganho, mas com vantagem de 8 pontos
Jorge Macieira
A equipa sénior
masculina da
4ªLiga acabou da melhor maneira a
primeira com uma vitória por 4-3 contra
o FC Schlieren no passado dia 21
de Novembro em casa.
Um jogo de repetição que a equipa
aproveitou para ganhar o oitavo jogo
seguido do campeonato, nos nove
jogos da primeira-volta, tendo só cedido
pontos num empate com o FC
Hakoah.
Entrando a equipa lusitana a vencer
logo aos 6 minutos por um autogolo
do defesa direito ALtin Bytyçi, sofrendo
o empate através do avançado do
Schlieren, Arbnor Iljazi, o Centro chegou
à vantagem novamente aos 37
minutos pelo Patrick que voltou a bisar
aos 43 minutos.
Ao abrir da segunda parte o Schlieren reduzi
para os 3 – 2 aos 48 minutos quando
o avançado bisou e aos 64 minutos
acabando mesmo por fazr o seu hat-trick,
empatando o encontro em 3-3 .
O golo que fechou o resultado em 4-3
para a vitória do Centro Lusitano de
Zurique através do Adélio que saiu do
banco para garantir a vitória da equipa.
Chegando a pausa de Inverno, com 8
pontos de vantagem sobre o segundo
e 11 sobre o segundo classificado,
uma vantagem há muito tempo não
vista pela equipa, onde também o registo
de disciplina está notavelmente
baixo.
Em conversa com o mister António
depois do jogo confessou que: “Estou
surpreendido com os meus jogadores,
o primeiro jogo não correu muito
bem, mas depois com o trabalho fomos
nos conhecer melhor e a união
cresceu e o resultado esta à vista.
O capitão o Sandro é um líder nos jogos
e nos treinos, jogadores importantes
com muitos anos de casa como o
Tiago, Carlos, Arturo, Davide, etc,
Agradeço ao “Saladas” por tudo que
me ajuda e ao nosso Paulinho que
nos acompanha sempre, à nossa massagista
Fátima para termos a melhor
condição física possível nos treinos e
nos jogos. Depois da situação do primeiro
jogo do Schlieren vimos que a
direção está ao nosso lado em tudo e
agradeço ao director pela confiança
e o apoio da direcção principalmente
do director do Luís.
De seguida conversamos com o capitão
Sandro que nos confessou que:
“como capitão do Centro e sendo a
minha primeira época como capitão
é uma sensação única, visto as dificuldades
que tivemos no início na
época e o que já conseguimos construir
como os meios que nos foram
dados. Vê-se o empenho da direcção
ao acompanhar-nos em tudo, mas deve-se
a todos um pouco, jogadores,
treinadores, directores, massagista e
adeptos. Estando em primeiro lugar
sem nenhuma derrota ao fim da primeira-volta
o mérito é dos jogadores,
nada esta ganho, mas vamos no bom
caminho.
Agora sabendo que há 20 anos nenhuma
equipa do Centro conseguiu
estes resultados, ainda tem um sabor
maior e é um grande orgulho ser capitão
desta equipa. Tudo isto se deve à
união de grupo e espero que se mantenha
ainda mais unida, pois somos
um alvo a abater”.
Os veteranos 30+ do Centro Lusitano de Zurique
ainda apanharam um susto, mas apuram-se
para os quartos-de-final da Taça med&motion
Regional Cup Senioren 30+.
Jorge Macieira
O triunfo (4-3) sobre a FC Republika Srpska na casa deles, terça-
-feira no passado dia 9 de novembro, com dois golos do Caló homem
golo da equipa e golos do Fábio e do Flávio permite repetir
o feito das últimas duas temporadas desportivas nesta competição
e manter as ambições intactas na prova.
No Juchhof 2, a equipa de Jorge Rodrigues, mas conhecido por
Mourinho, iniciou o jogo quase logo a perder ao sofrer aos 5’ minutos
o primeiro golo e chegou a estar em desvantagem aos 16
minutos, com o primeiro golo do Caló aos 20 minutos reentraram
na luta.
A equipa croata voltou a aumentar marcador para 3-1 aos 32 minutos,
através de Fábio (39’) e Flávio (46’) tendo o Centro Lusitano
de Zurique chegado ao empate.
Com a equipa lusitana em cima do jogo chegou à vitória com o
jogador Caló a bisar e a definir o marcador em 3-4 aos 60’ minutos.
Nos quartos-de-final, o centro jogara em casa do Team Herrliberg-Küsnacht
líder do grupo 3 dos Séniores 30+ Promotion com a
data predefinida de 4 de Abril. Os outros jogos da eliminatória
são FC Bassersdorf vs FC Wettswil-Bonstetten, FC Wiesendangen
vs FC Red Star ZH e FC Wald vs FC Wädenswil.
Jorge Macieira
Os Juniores A+ do Centro entraram
em campo no Domingo
(14.11) para o último jogo do campeonato na luta pelo
título empatados com o FC Oetwil-Geroldswil e com
o FC Oerlikon Polizei ZH ambas as 3 equipas com 18
pontos.
Não dependendo apenas do resultado deles, em que
estavam obrigados a vencer, que acabaram por vencer
por cinco bolas a zero em casa do FC Effretikon,
mas também dos resultados dos directos concorrentes.
Com a equipa lusitana a terminar em segundo lugar
devido ao primeiro critério de desempate de disciplina,
uma iniciativa nos campeonatos de formação
para demonstrar a importância da disciplina no futebol.
As três equipas terminaram com 21 pontos, mas o
pódio a ser distribuído primeiro para o FC Oetwil-Geroldswil
com 5 pontos de disciplina, segundo para
Centro Lusitano Zurich, com 12 pontos de disciplina e
por último no pódio em terceiro lugar o FC Oerlikon/
Polizei ZH com 14 pontos de disciplina.
30 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
31
Actualidade
Uma sinfonia para a terra
entoada em Itabirinha, Brasil
COSTA GUIMARÃES
“Se eu pudesse inspirar uma atitude global seria: pare e sonhe.
Se nós tivermos coragem para sonhar é porque acreditamos
que existem mundos, possibilidades” — escreve
Ailton Krenak, em “Ainda dá tempo de salvar o planeta”,
na Revista Trip, 2020.
Tropecei neste texto, a propósito da Cimeira realizada há
dias na Escócia, conhecida como COP 26 — Conferência de
Partes — que parece não ter chegado a parte nenhuma, a
avalizar pelos resultados.
De forma prática, o que esperava exatamente alcançar a
COP26, num ano em que os Gorilas se tornaram uma espécie
em extinção. Nas últimas décadas, as populações de
gorilas foram afetadas pela perda de habitat, doenças e
caça furtiva, como é o caso na RD Congo.
As negociações oficiais aconteceram ao longo de duas semanas.
Foram técnicas por funcionários do governo, seguidas
de reuniões de alto nível e chefes de Estado, na segunda
semana.
A COP 26 queria garantir que o mundo elimine as emissões
de carbono até meados do século e mantenha a meta de
não ultrapassar o aumento da temperatura global em 1,5
° Celsius.
Para isso, os países precisam acelerar a eliminação do carvão,
conter o desmatamento e impulsionar a mudança
para economias mais verdes.
Queria uma protecção das comunidades e habitats naturais,
de modo que os países afectados pelas mudanças
climáticas protejam e restaurem os ecossistemas, como
construir defesas, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente.
Na COP15, as nações mais ricas prometeram canalizar 120
“Ainda dá
tempo de
salvar o
planeta”
Ailton Krenak
biliões de euros por ano para as nações de menor rendimento
até 2020 para ajudar na adaptação às mudanças
climáticas e mitigar novos aumentos de temperatura. Foi
o que se viu: desde 1990, cerca de 420 milhões de hectares
de floresta foram perdidos devido ao desmatamento e
conversão para outros usos, como a agricultura.
Essa promessa não foi cumprida.
Os avanços ocorrem “a passos de tartaruga e não na velocidade
exigida para manter a elevação média da temperatura
global em 1,5.º C ou mesmo 2.º C”. Passos de tartaruga
ameaçada de extinção, vale a pena lemrar.
Não há garantia de cumprimento de nenhum acordo, pois
muitos dos itens dos acordos são voluntários. A falha em
chegar em um acordo mais ambicioso e a chamada para
que os países apresentem novas metas em 2022 podem
estimular um activismo maior da sociedade, especialmente
dos jovens”.
Entre os avanços da COP26 merece destaque o reconhecimento
explícito, pela primeira vez em um documento da
conferência, da importância de reduzir o uso dos combustíveis
fósseis. Em outras palavras, foi um xeque-mate no
carvão, ainda que a meta de eliminação tenha sido trocada
pela de redução.
No final do evento, a Índia e outros países conseguiram
mudar a linguagem [atenuando o relatório final], de phase
out para phase down, mas percebeu-se que nunca antes as
energias sujas foram tão acossadas quanto na COP26.
Com a liderança dos Estados Unidos e da União Europeia,
mais de 100 países concordaram em reduzir as emissões
de gás metano até 2030. Mais de 40 países, incluindo grandes
utilizadoress de carvão como Polónia, Vietname e Chile,
concordaram em abandonar progressivamente esse
combustível fóssil.
Além disso, mais de cem governos nacionais, cidades,
estados e grandes empresas automobilísticas assinaram
a “Glasgow Declaration on Zero-Emission Cars and Vans”
para encerrar a venda de motores de combustão até 2035
nos principais mercados e, mundialmente,
em 2040.
Pelo menos 13 países também se comprometeram
a acabar com a venda de
veículos pesados movidos a combustíveis
fósseis até 2040.
Durante a COP, cerca de 120 países —
representando 90% da cobertura florestal
do planeta — comprometeram-se
a reverter o desmatamento até 2030.
Houve compromisso financeiro. Um
novo fundo foi aprovado para reduzia a
zero o desmatamento ilegal até 2030 —
e teve os Estados Unidos como o maior
doador, com o compromisso de injetar
13 biliões de euros.
A questão do mercado de carbono
também deu passos adiante, com a regulamentação
dessa ferramenta, propiciando
que países emissores cumpram
suas metas adquirindo cotas de
países que conseguem sequestrar gases
de efeito estufa.
De uma maneira geral, os compromissos
não foram tão ambiciosos, deixando
muitos decepcionados.
UM GUERREIRO DO PLANETA
No meio destes adiamentos, surge um
verdadeiro guerreiro do Planeta. Ailton
Krenak — líder indígena, ambientalista,
escritor, pesquisador e jornalista. Nasceu
em 29 de setembro de 1953, em
Itabirinha de Mantena, Minas Gerais, na
região do vale do rio Doce, território do
povo Krenak, um lugar cuja ecologia
se encontra profundamente afectada
pela actividade de extracção de minérios.
É um dos mais destacados líderes
do movimento que surgiu durante o
grande despertar dos povos indígenas
no Brasil, a partir da década de 1970.
Contribuiu também para a criação da
União das Nações Indígenas (UNI).
Ailton tem levado a cabo um vasto trabalho
educativo e ambientalista, como
jornalista, e através de programas de
vídeo e televisivos. A sua luta nas décadas
de 1970 e 1980 foi determinante
para a conquista do “Capítulo dos índios”
na Constituição de 1988, que passou
a garantir, pelo menos no papel, os
direitos indígenas à cultura autóctone e
à terra. É coautor da proposta da Unesco
que criou a Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço em 2005 e é membro
de seu comitê gestor.
Na década de 1990, criou o Festival de
Danças e Culturas Indígenas, na Serra
do Cipó.
A sua luta em defesa dos povos indígenas,
foi reconhecido nacional e internacionalmente,
recebeu: Prémios
“Direitos Humanos Lettelier-Moffit”, da
Fundação Letellier - USA (1987); “Onassis
- Homem e Sociedade”, da Fundação
Aristóteles Onassis - Grécia (1989);
Nacional de Direitos Humanos” - Brasil
(2005); “Comendador Ordem do Mérito
Cultural”, da Presidência da República
do Brasil (2008); “Chico Mendes” de Florestania
– Acre (2008); “Grã-Cruz da Ordem
do Mérito Cultural”, da Presidência
da República do Brasil (2015); Mestre
das Periferias, do Instituto Maria e João
Aleixo - IMJA(2018); Juca Pato de “Intelectual
do Ano”, da União Brasileira de
Escritores – UBE(2020) e “Trip Transformadores”
(2021).
Em 2016, a Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF) ortorgou a Krenak o título
de Professor Doutor Honoris Causa,
um reconhecimento pela sua importância
na luta pelos direitos dos povos
indígenas e pelas causas ambientais no
país. É na UFJF professor de Cultura e
História dos Povos Indígenas e Artes e
Ofícios dos Saberes Tradicionais.
O seu livro “Ideias para adiar o fim do
mundo” está traduzido para o inglês,
italiano, francês, espanhol, holandês e
alemão. Participa ainda de várias antologias
poéticas e ensaísticas; tem artigos
publicados em revistas e periódicos
no Brasil e exterior.
“Se a Terra adoecer, nós adoecemos
junto. Não tem jeito de sermos pessoas
saudáveis com o planeta todo
espatifado. Se a gente não aprender a
pisar suavemente na Terra, o céu cai
sobre a nossa cabeça” — assegura Ailton
Krenak, em entrevista “Trocamos
nossa humanidade por coisas”. Revista
TRIP, 26.6.2021.
“Eu sou um sujeito colectivo. O facto
de ter me dedicado desde muito cedo
a olhar em torno de mim, reconhecer
as realidades que me circundavam,
pensar o que eu podia fazer para ajudar
a melhorar essas realidades e fazer
o que podia, resultou na biografia
de alguém chamado de importante
liderança indígena no nosso Brasil” —
disse Ailton Krenak ao receber o título
de doutor honoris causa da UFJF (2016)
— Universidade Federal Juíz de Fora.
32 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
33
CRÓNICA - Abraços de Palavras
CRÓNICA
GRAÇA AMIGUINHO
Há tradições que a nossa
gente nunca esquece.
Estão, geralmente, associadas
a festividades religiosas
ou profanas.
Hoje, vou falar-vos da maior de todas
e a mais delicada, porque nos envolve
em sentimentos de amor e saudade.
Amor, porque é a Festa da Família;
A MAGIA
DO NATAL
Saudade, porque recordamos os que
amamos e já não vemos sentados à
mesa, na ceia que preparamos com
desvelo, ou porque abalaram para outras
terras, em busca de uma vida melhor,
ou porque partiram para o Além,
de onde nunca mais voltarão.
Está prestes a noite mais longa do ano,
a noite em que as ruas das cidades e
aldeias ficam desertas, porque todos já
estão reunidos em ambiente familiar
para festejarem, com amor, o Natal.
É uma festa profundamente Cristã,
porque se celebra o nascimento do
Menino mais desejado, o Salvador do
Mundo, o Jesus de Nazaré.
Mas a verdade é que, nem só os Cristãos
estão unidos nessa festividade.
Muitos não crentes, mas que acreditam
no Amor, a celebram, também.
Com bastante antecedência, as igrejas,
as ruas, os centros comerciais, as pequenas
lojas, as nossas casas e até as
árvores das grandes avenidas se enfeitam
com luzes das mais diversas cores
e de formas sugestivas: pinheirinhos,
anjos, estrelas, sinos, azevinho, estando
sempre em grande destaque o presépio,
a humilde cabana onde nasceu
Jesus, aquecido pelo bafo da vaquinha
© Manuel araújo
e do jumento, que os tinha levado a
Belém.
São representações com grande simbolismo
na nossa cultura e continuam
encantando as crianças, pela magia
que as envolve, associadas a tantas
músicas tradicionais que transbordam
esse espírito sentimental, quase
inexplicável, mas que é o reflexo do
amor que desejamos ver pairar em
todas as famílias deste mundo, por
vezes tão conturbado e desumano,
no sonho de derrubarmos todas as
barreiras, para que não haja qualquer
tipo de discriminação.
A esta época Natalícia, poucos ficam
indiferentes, havendo mais manifestações
de solidariedade, abrindo-se
as portas, com carinho, aos marginalizados,
aos sem-abrigo, aos idosos,
às crianças abandonadas e aos mais
pobres.
Quantas vezes pensamos, que “Natal”
deve ser todos os dias, porque, afinal,
a partilha de amor e a fraternidade
são intemporais.
Porém, a realidade por vezes, é dura
e mostra-nos as desigualdades sociais
existentes aqui e noutros pontos do
planeta.
Em contradição, nos países onde a
riqueza abunda, nesta ocasião Natalícia,
o consumo de bens aumenta,
porque a publicidade incentiva a
comprar, para além do essencial.
Com essa atitude, procuramos, muitas
vezes, manifestar o amor que sentimos
uns pelos outros, de uma forma
palpável, oferecendo prendinhas embrulhadas
em lindos papéis coloridos
e brilhantes, sinal da alegria que nos
envolve o coração.
Nesta altura do ano, a maioria das famílias
já tem a sua sala enfeitada com
um pinheirinho, elemento de tradição
nórdica, mas que se tornou habitual
entre nós, coberto de fitas, laços
multicolores, bolas de todas as cores,
luzes que piscam, nunca esquecendo,
na sua base, a cabaninha do presépio
com a Sagrada Família: S. José,
apoiado no seu cajado, a Virgem Maria,
ajoelhada, frente ao simples berço,
onde o seu Menino, deitado sobre
as palhinhas, de braços abertos, nos
quer abraçar e, na retaguarda, lá estão
a vaquinha e o burrinho, aquecendo
com o seu bafo, o lindo nascituro.
Há ainda quem complete a cena com
os pastores e os seus rebanhos, as lavadeiras
e mais ao longe, os três Reis
Magos, vindos do Oriente, guiados
por uma estrela, até à Lapinha de Belém,
onde chegaram, dias mais tarde,
fugindo à maldade de Herodes.
Tudo isto encanta as crianças e o conhecimento
da vida de Jesus poderá
incutir no seu espírito, sentimentos de
solidariedade e fraternidade.
Se vos contar como era festejado o
Natal no meu tempo de criança, há
70 anos, numa pequena Aldeia do
interior do Alentejo, poderão entender
quantas diferenças, hoje existem.
Mas, também vos posso afirmar que,
apesar de tudo, éramos tão felizes,
como se tivéssemos o mundo nas
nossas mãos.
Vivia-se com muito pouco. Eram tempos
de muita pobreza. As famílias
eram numerosas e para que os filhos
não passassem fome, pudessem andar
vestidos e calçados, muito sofriam,
os mais velhos.
Por isso mesmo, as prendinhas que
esperávamos no sapatinho, colocado
na chaminé, na noite de Natal, eram
recebidas com tanta alegria, como se
fossem um verdadeiro tesouro. Bastavam-nos
uns pequeninos chocolatinhos,
envoltos em papel de prata
colorida e ficávamos radiantes.
Era hábito, mesmo nas casas dos pobres,
na noite de Natal, fazerem-se
os “fritos”. Farinha de trigo, amassada
com banha de porco e sumo de laranja.
A massa era tendida em pequenos
pedaços, com um rolo de madeira e
depois recortada com uma cartilha,
sobre uma tábua larga que a minha
Mãe colocava no colo, sentadinha
numa cadeira baixinha, junto à lareira
acesa na chaminé, e o meu Pai encarregava-se
de fritar as filhós numa
sertã, bem cheia de azeite puro, virando-as
para ficarem loirinhas e estaladiças.
Eram depois colocadas num grande
alguidar de barro e polvilhadas com
açúcar e canela. Uma verdadeira delícia.
Porém, o que não podia faltar, na noite
de Natal, eram as azevias. A massa
era parecida à das filhoses, mas havia
um recheio muito especial para
colocar dentro delas. Talvez um doce
único, feito com grão-de-bico bem
cozido e libertado das películas, esmagado
com um passe-vite, misturado
com açúcar, levado a lume brando
e no final misturavam-se umas gemas
de ovos e raspa de limão. Doce nutritivo
e saudável que nos dava um prazer
enorme comer, mesmo durante os
dias que se seguiam à Festa de Natal.
Como refeição, nessa noite tão bonita,
comíamos arroz de bacalhau e no
dia de Natal, havia o frango frito, bem
temperado e muito saboroso.
Não poderei deixar de vos contar que,
durante a noite festiva, na minha Aldeia,
havia sempre uns cantadores
que se dispunham a andar de porta
em porta, envoltos nos seus capotes
com belas golas de raposas, para se
protegerem do frio, que nessa altura
é de enregelar, tocando as roncas e
cantando ao Deus Menino.
Tradições que se mantêm vivas, ainda,
e que são apreciadas por muita
gente, além- fronteiras.
À meia-noite do dia 24 de dezembro,
ninguém faltava à Missa do Galo, na
Igreja paroquial. Muitas regiões de
Portugal continuam praticando este
ritual religioso.
É assim chamada essa celebração,
porque uma lenda muito antiga, contada
nos países latinos, revela que à
meia-noite, do dia 24 de dezembro,
um galo cantou, como nunca se ouvira
outro animal da mesma espécie
cantar, anunciando a vinda do Messias,
o filho de Deus vivo, Jesus Cristo.
Lendas ou histórias reais dão mais
vida, aos dias que vivemos. Assim,
para terminar, aqui vos deixo um tradicional
conto de Natal, que podereis
ler aos vossos filhos e, certamente,
eles ficarão encantados com a sua
singeleza, desejando-vos um Feliz Natal,
com muita paz e saúde.
Pela noite de Natal
Pela noite de Natal, noite de
tanta alegria, caminhando vai
José, caminhando vai Maria.
Vão os dois para Belém, mais de
noite que de dia e chegaram a
Belém, já toda a gente dormia.
- Abri a porta, porteiro, porteiro
da portaria!
Não deu resposta o porteiro,
porque também já dormia.
Buscou lenha S. José, porque a
noite estava fria e deixou ao desamparo,
sozinha, a Virgem Maria.
Quando voltou S. José, já viu a
Virgem Maria com um sorriso
nos lábios, enquanto Jesus dormia.
Vêm os Anjos dos céus, a cantar
Avé Maria!
Hoje mesmo, em Belém, nasceu
Jesus de Maria!
34 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
35
Nova York autoriza auto-cultivo para fins terapêuticos
Laura Ramos
O Gabinete de Gestão de
Canábis do Estado de Nova
York tem a decorrer uma
consulta pública para permitir
o cultivo doméstico de
canábis para fins terapêuticos
ou medicinais e, se não
houver oposições válidas,
deverá ser aprovado até final
deste ano. Os utilizadores de
canábis para fins ditos “recreativos”
terão de esperar
um pouco mais, mas o auto-
-cultivo para uso adulto vai
ser também regulamentado
no início de 2022. Cerca de
400 mil registos de condenações
anteriores relacionados
com canábis serão automaticamente
eliminados.
O Gabinete (Office of Cannabis
Management) reuniu-se
a 21 de Outubro para propor
os novos regulamentos que
permitem aos residentes licenciados
cultivar canábis
em casa para fins terapêuticos.
As alterações emitidas
estão agora abertas num
painel de comentários públicos
durante 60 dias, que
terminarão a 21 de Dezembro.
Se não houver oposição
válida do público, o conselho
finalizará a redacção da lei e
seguirá em frente.
Esta é a mais recente progressão
na nova Lei de Regulamentação
e Tributação
da Canábis do Estado de
NY, que legalizou a canábis
recreativa em Março, dando
autorização aos utilizadores
para cultivarem em casa.
A regulamentação prevê
permitir o cultivo de até três
plantas em floração e três
plantas em estado vegetativo
por pessoa e um limite de
seis plantas maduras e seis
imaturas em qualquer residência
privada.
De acordo com o Presidente
do Conselho de Controle da
Cannabis, Tremaine Wright,
“com a votação de hoje, estamos
a avançar essas medidas
para o cultivo doméstico
de canábis medicinal para
a contribuição do público à
medida que continuamos a
expandir o programa e a dar
a mais nova-iorquinos acesso
a este medicamento e ao
alívio que ele fornece. Graças
à acção rápida do governador
Hochul e do Legislativo
em nomear o Gabinete e a
liderança da agência, estamos
a avançar a todo vapor
e esperamos continuar a expandir
o programa médico e
construir uma nova indústria
que operará com segurança
e oferecerá oportunidades
para as comunidades mais
prejudicadas pela guerra às
drogas ”.
Também a senadora Diane
Savino se congratulou com
a medida: “Eu aplaudo o governador
Hochul, o Conselho
de Controle da Cannabis e
toda a equipe do Office of
Cannabis Management por
abordar rapidamente este
problema de longa data
para pacientes certificados e
seus cuidadores. O projecto
de regulamentos claramente
estabelece um programa
que permitirá o cultivo doméstico
limitado de maneira
segura, evitando desvios
e abusos e permitindo que
pacientes e cuidadores que
podem estar longe dos dispensários
existentes giram
seu uso. Estou ansioso para
ouvir os comentários e recomendações
que virão durante
o período de comentários
públicos e estou confiante
de que Nova York emergirá
como líder neste espaço.”
O Presidente do Comité de
Saúde da Assembleia e patrocinador
do projecto original
sobre a canábis medicinal,
Richard Gottfried,
referiu também que “o cultivo
em casa dará aos pacientes
e aos seus cuidadores
outra maneira de aceder à
medicação necessária. Isso
segue a importante adição
recente de flores inteiras ao
programa médico, expansão
de profissionais qualificados
e remoção das taxas de registo
de pacientes. Elogio o
Governador Hochul e o Conselho
de Controle da Cannabis
por mais um passo em
direção a um programa de
canábis medicinal progressivo
e acessível. ”
Como vai funcionar
Os regulamentos para cultivo
doméstico de canábis
medicinal aprovados para
comentário público em
Nova York descrevem a participação
com as seguintes
medidas de saúde pública e
segurança:
Permitindo até três plantas
maduras e três plantas imaturas
por pessoa e um tecto
de seis maduras e seis imaturas
dentro ou no terreno
de qualquer residência privada.
Para cuidadores designados
com 21 anos ou mais e que
cuidam de um paciente com
menos de 21 anos ou que
não podem cultivar por conta
própria, o cuidador pode
cultivar até seis plantas de
cannabis para um paciente
certificado. No entanto,
nenhum paciente pode ter
mais de um cuidador crescendo
em seu nome. Se um
cuidador tiver mais de um
paciente médico, o cuidador
pode cultivar uma planta
para cada paciente que tiver
acima das seis primeiras.
Deixando claro que nem sementes
de cannabis, plantas
imaturas e maduras, nem
flores podem ser vendidas
ou trocadas com qualquer
outra pessoa, excepto por
uma organização registada.
Exigir que as plantas sejam
mantidas num local seguro,
usando medidas razoáveis
para que nem as plantas
nem seus produtos sejam
facilmente acessíveis a qualquer
pessoa com menos de
21 anos de idade, cultivando
numa área fechada não claramente
visível ao público;
tomar medidas razoáveis
para mitigar o odor; trancando-o;
e instalação e manutenção
de dispositivos de
segurança.
O processamento de cannabis
em casa com qualquer
líquido ou gás, excepto álcool,
que tenha um ponto
de inflamação abaixo de 100
graus Fahrenheit não é permitido
Registos de condenações
anteriores serão eliminados
Durante a reunião do Conselho
de Controle de Cannabis,
a segunda desde sua constituição
em 22 de Setembro, o
Director Executivo do Office
of Cannabis Management,
Chris Alexander, também
actualizou os membros do
Três meses de investigação
para
apreender duas
plantas de canábis
Laura Ramos
O Comando Territorial da Guarda
Nacional Republicana (GNR)
de Faro deteve “em flagrante” um
homem de 50 anos por cultivo de
canábis. Em comunicado de Imprensa,
a GNR disse que a detenção
aconteceu “na sequência de
uma investigação por tráfico de
estupefacientes que decorria há
cerca de três meses no Núcleo de
Investigação Criminal (NIC) de Tavira”
tendo apreendido duas plantas
de canábis e várias cabeças de
canábis em fase de secagem.
De acordo com o comunicado da
GNR, a detenção do homem de
50 anos aconteceu “em flagrante”
no passado dia 10 de Novembro,
em Vila Nova de Cacela, no concelho
de Vila Real de Santo António,
no Algarve. “Na sequência de uma
investigação por tráfico de estupefacientes
que decorria há cerca de
três meses, os militares da Guarda
deram cumprimento a um mandado
de busca domiciliária, tendo
apreendido duas plantas de canábis
e várias cabeças de canábis em fase
de secagem”, pode ler-se no mesmo
comunicado de Imprensa.
O detido foi constituído arguido e
os factos foram remetidos ao Tribunal
Judicial de Faro.
Portugal descriminalizou a posse e
o consumo de todas as drogas em
2001, mas a compra, a venda e o
cultivo de canábis continuam a ser
punidos por lei, com centenas de
processos de detenções a acabar
nos tribunais por tráfico de pequenas
quantidades de estupefacientes.
Raramente os detidos são, efectivamente,
presos, sendo libertadas
depois de presentes a um Juiz. A
GNR efectua detenções por posse
ou cultivo de canábis em Portugal
praticamente todos os dias.
Leia estes e outros artigos em
WWW.CANNAREPORTER.EU
36 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
37
Photo: Michał Ludwiczak
Conselho sobre os aspectos
de eliminação e justiça
criminal do MRTA, que reformou
o sistema de justiça
de Nova York e se esforça
para acabar décadas de
aplicação desproporcional
das leis sobre a canábis de
Nova York. De acordo com
o Marijuana Regulation and
Taxation Act (MRTA), os registos
de pessoas com condenações
anteriores por
actividades que já não são
criminalizadas pela nova lei
são automaticamente eliminados.
Cerca de 203 mil acusações
relacionadas com a canábis
estão actualmente a ser suprimidas
das buscas de antecedentes
criminais e estão
em processo de eliminação,
somando-se aos cerca de
198 mil registos que foram
eliminados como parte da
primeira rodada de expurgo
da canábis, após a legislação
promulgada em 2019.
Chris Alexander salientou
ainda que “o MRTA reformou
o sistema de justiça
criminal de Nova York
e esforça-se para acabar
com décadas de aplicação
desproporcional das leis
de canábis de Nova York.
Quando concluídas, as acções
das leis de 2019 e 2021
terão eliminado os registos
de mais de 400 mil nova-
-iorquinos – um lembrete
impressionante do impacto
que a proibição da canábis
teve em tantas vidas. O Gabinete
está empenhado em
trabalhar com parceiros estatais
e locais para garantir
que os nova-iorquinos fi-
Alemanha prepara-se
para legalizar o uso
adulto de canábis
Laura Ramos
O acordo entre os principais partidos do novo
governo alemão para legalizar a canábis para
uso adulto e criar uma estrutura regulamentada
para a indústria da canábis “recreativa”
deverá estar praticamente fechado, de acordo
com vários meios de comunicação internacionais.
O uso adulto deverá ser introduzido
durante a próxima sessão legislativa e a Alemanha
iniciará, assim, o já esperado “efeito
dominó” da legalização na Europa. A regulamentação
total da canábis pode trazer à Alemanha
receitas fiscais anuais e economia de
custos de cerca de 4,7 mil milhões de euros e
criar 27 mil novos empregos, avançou a Reuters.
O próximo chanceler alemão, Olaf Scholz, e o
seu partido centro-esquerda social-democratas
(SPD) estão em negociações avançadas com os
verdes ambientalistas e os libertários democratas
livres (FDP) para reunir uma coligação para
a legalização.
Os negociadores do SPD, Verdes e FDP ainda
estão a trabalhar em pormenores do acordo, incluindo
as regras sob as quais a venda e o uso
recreativo de canábis serão permitidos e regulamentados
na maior economia da Europa, mas já
se sabe que a Alemanha deverá seguir o modelo
dos dispensários, que existem no Canadá ou em
alguns estados dos EUA. O uso de canábis para
fins medicinais é legal na Alemanha desde 2017.
Uma investigação do Institute for Competition
Economics (DICE) da Heinrich Heine University
em Duesseldorf, encomendada pela Associação
Alemã de Cânhamo, revelou que legalizar
a canábis poderia levar a receitas fiscais adicionais
de cerca de 3,4 mil milhões de euros por
ano. Por outro lado, permitiria ainda economizar
custos para o sistema policial e judicial de
1,3 mil milhões de euros por ano, enquanto cria
dezenas de milhares de empregos na indústria
e economia da canábis.
A legalização total na Alemanha daria um impulso
ao crescente mercado europeu, que deve
valer mais de 3 mil milhões de euros em receitas
anuais até 2025, perante cerca de 400 milhões
de euros este ano, de acordo com o European
Cannabis Report da Prohibition Partners .
Foto: D.R. | High Times
Saúde
Foto: D.R. | GNR Faro
Crónica
Salazar e o atraso
Morreu-me um Amigo, o Rui !
Maria José Praça
Óbito
estrutural de Portugal
João Mendes
Ouço e leio muita gente falar no atraso de Portugal em
relação aos países de Leste, simplificando e reduzindo a
complexidade do problema a “são países liberais”, como
se, para além da Estónia, onde a pobreza e a exclusão
social têm uma dimensão bem mais preocupante
do que em Portugal, mais algum país de leste fosse
verdadeiramente liberal, para lá de meia-dúzia de
reformas, privatizações ou destruição de direitos
laborais.
Se vamos simplificar, comparemos ditaduras e olhemos
para o que foi e Educação no Estado Novo e na União
Soviética. Censura e doutrinamentos à parte, que
existiam em ambos os regimes, há algo que salta
à vista: enquanto a estratégia de Salazar residia na
ignorância programada de crianças descalças com
escolas miseráveis, com a maior parte a não passar do
ensino primário, quando o concluíam, a União Soviética
investia rios de dinheiro na educação dos cidadãos,
o que garantia uma sociedade com elevados níveis
de literacia, apesar da opressão e dos pés não menos
descalços. De outra forma, não teria tido sequer a
possibilidade de competir com os EUA durante as
décadas da Guerra Fria.
Ainda hoje, praticamente todas os países que integraram
a antiga URSS têm níveis de alfabetização superiores ao
nosso. Seja a própria Federação Russa, seja a Moldávia.
E se este atraso na educação, que é factual, tem um
culpado original, esse culpado chama-se António de
Oliveira Salazar. Por isso, da próxima vez que ouvirem
alguém culpar o “socialismo” pelo atraso face a esses
países, tenham paciência e sejam tolerantes. É possível
que se trate de uma vítima dessa ignorância programada,
que foi parte intrínseca de todos os regimes de extremadireita
no sul da Europa. E sem literacia não há massa
crítica, nem bons professores, nem bons cientistas,
nem bons empresários, nem bons engenheiros, and so
on. Estejamos, pois, agradecidos à revolução de Abril,
aos instrumentos que ela nos deu e à capacidade que
tivemos de, em menos de 50 anos, recuperar um atraso
gigantesco, ensinando a maior parte da população a ler
e escrever, a somar e subtrair, formando centenas de
milhares de excelentes profissionais, erradicando, quase
por completo, a estratégia de estupidificação ancorada
no Fado, Fátima e Futebol. Existem outros factores, sem
sombra de dúvida, mas sociedade alguma evolui sem
educação de qualidade e respeito, a todos os níveis, por
aqueles que podem fazer a diferença: os professores.
Morreu um Homem de Abril :
- Um Capitão, o Coronel de Cavalaria Rui Borges Santos
Silva, Comandante do Esquadrão de Reconhecimento
que, nessa Noite da Liberdade e dos Cravos, saiu de Santarém
com Salgueiro Maia...
Coube-lhe ocupar o Terreiro do Paço e depois, com Salgueiro
Maia, a Rendição do Quartel do Carmo.
Homem vertical, falava com orgulho daqueles que comandou
e de quem ganhou, para o resto da vida, reconhecimento
e amizade.
Era frontal :
- Homem de pão...pão, queijo...queijo, mas de uma delicadeza
e sensibilidade sem limites.
Deixou muitos relatos escritos e contou-me muitas histórias.
Desde a madrugada do dia 16, quando soube da sua partida,
que sinto saudades!
Tínhamos falado na véspera...
Um beijo aos Filhos e aos Netos.
À Fátima que, mesmo com essa cortina de Alzeihmer,
tinha sempre o Rui com ela , um beijo do coração.
Católico rico,
católico pobre
Obrigada por ti, Rui !
e
Obrigada pelas Asas à solta
d’aquela Gaivota que ajudaste
a conquistar...
(Nov.- 2021)
João Mendes
Ler mais:
https://bit.ly/3DEJnBN
Por vezes cruzo-me com cemitérios repletos daqueles grandes
jazigos, autênticos palácios muralhados que se elevam sobre a
campa rasa do comum dos mortais.
Todos os cemitérios os têm, é certo, e todos são livres de construir
os seus castelos para o descanso eterno. Mas ocorrem-me poucas
coisas, no âmbito católico apostólico romano, que sejam uma
tão gritante antítese daquilo que são os ensinamentos bíblicos,
como a diferenciação, após a morte, entre católicos ricos e
católicos pobres.
A ostentação e a estratificação social, em absoluta negação da
retórica da humildade e do desprendimento do materialismo,
e no limite - ou para lá dele - de alguns pecados ditos mortais
são um fenómeno que atravessou os séculos e que, ainda hoje,
se mantém.
Conseguem imaginar Jesus Cristo a defender cemitérios em que
os filhos do seu Pai se diferenciam pela posse e pela condição
social? Eu não. Eu imagino-o a fazer com esses jazigos o que fez
com os vendilhões do templo.
Sim, é uma hipocrisia e não podia estar mais a léguas daquilo
que são os valores cristãos fundadores e ancestrais. E são um
dos muitos espelhos de uma sociedade profundamente elitista,
onde a religião, mais do que um fim em si mesma, é um meio
para outras finalidades. Já a frugalidade sobre a qual assenta o
protestantismo, as suaas práticas e os seus templos, por contraste
com a opulência reinante no mundo Católico, diz muito sobre
onde eles estão e onde nós estamos. Nada, nem isto, é por acaso.
38 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
39
40 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
41
espectáculo
espectáculo
“Quem quer ser jornalista?”, - foi o repto
lançado pelo Zezé Fernandes aos seus seguidores,
amigos e fãns, na sua página da
Internet, assim como na edição anterior
desta revista.
Para comemorar os seus trinta anos de
Carreira, Zezé Fernandes deu a possibilidade
a todos, de fazerem uma pergunta,
a qual seria respondida nesta edição de
Dezembro.
Zezé
Fernandes
Trinta anos
com o Minho
no coração
Dado o número muito elevado de perguntas
recebidas, por questões editoriais tivemos
de “amputar” algumas delas, pedindo
desde já desculpa aos autores.
Zezé Fernandes, apelidado desde há muito
por “bicho de palco”, dado o seu peculiar
desempenho em palco, é cantor, compositor,
multi-instrumentista e editor dos
seus próprios trabalhos.
Tem orgulho de ser minhoto e por ter
nascido na terra do vinho “verde”, na vila
de Ponte da Barca em 1966, ano em que o
seu Braga ganhou a primeira Taça de Portugal.
Com 8 anos já andava de acordeão ao peito
a tentar “fazer alguma coisa”, mas só
em 1982 quando o Júlio Pereira lançou o
álbum “O cavaquinho”, é que despertou
por completo para a música”, primeiro
como amador e depois como profissional.
Já anda nisto há 30 anos.
Manuel Araújo
42 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
43
espectáculo
espectáculo
Respostas às perguntas dos
seus admiradores e amigos:
Explain why you changed your music genre, since you
love metal!!!
Isa Afonso . Monção
— I like heavy metal and traditional music. I opted for traditional
music because it is more commercial and guarantees
more financial stability, which in turn makes me very
happy because as I stated, I really like traditional music. I’m
a traditional metalhead.
Sabendo tu que a minha preferência da tua arte é a tua
vertente do projeto “ À Sombra de um Choro” (uma obra-
-prima, cada vez que revisito essa tua criação), haverá
espaço para ver mais desenvolvimento musical nesse
teu registo (porventura “Na Luz do Sorriso”) e que merece
justo destaque e ser dado a (re) conhecer à plateia
que se multiplicou por muitos desde o seu lançamento
original há décadas (Easy Bar). Alles klar...
José Manuel Silva . Ponte da Barca
És dos poucos que está muito bem informado sobre a
minha carreira, e posso-te dizer que, a “A Sombra de Um
Choro” está em contagem decrescente. Aliás, as baladas do
meu último cd (Coisas simples de Zezé Fernandes”, já são
um bocadinho um levantar do véu do que se aproxima.
E quem deu uma pequena ajuda para seguir a carreira
de músico, ou não te lembras?
João de Deus Fernandes . Ponte da Barca
Foste tu, claramente. Ehehehehheheh
Em que ano comeste Maranho da Sertã pela primeira
vez?
Victor Farinha . Sertã
Eh pá, essa agora... mas que já comi mais de 3 vezes…
O que gostarias de fazer se não fosses músico? Talvez
polícia?
Carmo Alpoim . Murten
Polícia não porque seria eu o primeiro a mandar umas cacetadas
valentes nesses gajos corruptos que andam por
este país. E sabes muito bem os problemas que iria ter depois.
Eheheheheheheh. Talvez fosse arquiteto, talvez fosse
advogado… Nunca pensei muito nisso porque a música estava
desde muito cedo nos meus objetivos.
Após 30 anos de carreira criativa e de um trabalho
exemplar de divulgação da música popular portuguesa,
para quando a edição de um “Song Book - Livro de
Canções” que eternize o trabalho produzido ao longo
de toda a tua carreira musical?
João Pedro Cruz . Viana do Castelo
Olha, a ideia é bem bonita, mas nos tempos que correm…
bastante improvável. Sabes muito bem que ninguém quer
comprar cd’s, porque ouvem tudo da internet (com péssima
qualidade). E claro, nem todos são como tu que tem
a minha discografia completa. Mas pelo menos, obrigado
pela ideia… e por saber que já teria um exemplar vendido.
Quantos bolos do caco (e já agora Ponchas na Serra D`Água)
já comeste e bebeste no total das tuas idas à Madeira?
Lucília Oliveira . Vila Nova de Muía
Oh minha amiga “barquemadeirense”, deves imaginar que
depois dos meus mais de 100 espetáculos feitos na ilha da
Madeira, tive oportunidade de comer e beber o que de melhor
havia na gastronomia madeirense. Confesso que reguei
sempre muito bem os meus apetites gastronómicos,
daí não me lembrar de muita coisa que por lá se passou.
Eheheheheheheeh. Mas comi muito, e bebi ainda mais.
Como te sentes por ter vindo à madeira tantas vezes
para concertos? Como descreves esses momentos?
Roberto Costa . Madeira
Esse “tantas vezes para concertos”, deve ser mais ou menos,
e para não falhar muito, mais de 100 espetáculos. Passei,
e continuo a passar, momentos excelentes na Pérola
do Atlântico, e muito te agradeço, porque desde o dia em
que me viste em Viana do Castelo, não descansaste até me
colocares na rota da Madeira. É obra o que fizeste comigo.
Só quero saber se a Casal Boss ainda anda, o resto já
conheço?
José Rocha . Arcos de Valdevez
Isto já é entrar na minha vida pessoal. Eheheheheheheeh.
Mas não vou fugir à pergunta, claro que ainda anda a minha
motinha.
Em que sentido é que as tuas raízes influenciam as tuas
músicas?
Berto Boss . Penafiel
As minhas raízes, a minha Ponte da Barca, o meu Alto Minho,
a minha gente, o meu folclore e as minhas tradições,
são a razão de quase todas as minhas músicas. Desde a
parte musical, os viras e canas verdes, até aos temas escolhidos
para as letras, são essas as razões das minhas músicas
terem e fazerem sentido. Estou completamente apaixonado
por estas minhas raízes.
O pai natal deixou-te no sapatinho um voucher para ires
em tournée com a tua banda preferida e escolheres a
vossa primeira refeição juntos. E agora Zezé? Como é
que é?
Linda Rodrigues . Viana do Castelo
Pena o pai natal não ter deixado vários vouchers, para ir
para a estrada com os Whitesnake, Metallica, Iron Maiden,
Deep Purple, e mais alguns. Claro que ia por estes gajos
todos a comer o nosso sarrabulho, lampreia, tripas, cabrito
da serra, cozido à portuguesa, pataniscas, moelas, iscas de
fígado, enchidos de Melgaço, etc, etc, etc… e claro o nosso
vinho verde. Que bela fonte de inspiração. “Ah home”, até
faziam peão.
Qual foi o teu primeiro instrumento e qual é o teu cavaquinho
preferido?
Sérgio Oliveira . Ponte da Barca
44 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
45
espectáculo
O primeiro instrumento que peguei, onde se notou algum
jeito para a música, foi o acordeão. Depois a bateria. Até que
em 1991 apareceu o cavaquinho. O bandolim e o cavaquinho
são claramente os meus instrumentos preferidos, e onde me
saio melhor.
Lembro que os teus pais sempre foram permitindo os
teus ensaios lá por casa, há muitos anos, mesmo uns outros
algo mais barulhentos. A propósito dos teus pais, de
quem gosto e sou amigo, lembro que já várias vezes os
mencionaste publicamente. Falando deles, ocorre-me
então a pergunta: - o que gostavas de dizer aos teus pais
e que ainda não lhes disseste?
Carlos Rocha . Ponte da Barca
Partindo do princípio que musicalmente sou 5% Cristiano
Ronaldo, e 95% Messi, só tenho que dizer um muito obrigado
ao Zé Luís e Lurdes, por me terem feito com
este jeito para a música e para os cordofones.
Por acaso, nunca lhes disse.
Qual o segredo da tua energia
dentro e fora do palco?
Mário Monteiro . Melgaço
Se te disser que é do vinho
“Aqui começa Portugal”,
estaria a mentir. É uma
ajuda… mas para menos.
Eheheheheheheh. Acredito
que a minha energia
virá da minha positividade.
Sou
b a s t a n t e
crente nas pessoas que me rodeiam, e acredito em gente
boa. Sou uma pessoa que tem sempre um sorriso estampado
no rosto, e faço questão de levar alegria e felicidade aos
que me rodeiam, sejam eles os meus amigos e pessoas com
quem convido diariamente, seja o público que vai aos meus
espetáculos. Tudo isso me dá uma força incrível.
O que gostas de fazer depois de dar um trambolho do
palco?
Zé Marcelino Pires . Inglaterra
Ir para dentro de uma ambulância que me levaria ao Hospital
de Coimbra, não seria certamente o que gostaria de fazer
depois de um trambolhão de mais de 2 metros de altura na
grande concentração motard de Góis. Ainda pensei que me
ias apanhar… eheheheheheheheh.
Qual foi a música que te deu/dá mais “gozo” de cantar e/
ou tocar? E porquê?
Luís Sendão . Arcos de Valdevez
Gosto de todas as minhas músicas… mas a “Senhora da Peneda”
do cd “Canções & Ilusões” e “Os meus amores”, “Nuvem”,
“O cantador”, “A voz do poeta”, “E lá no céu” e “Vamos
lá bailar” do cd “Coisas simples de Zezé Fernandes”, puxam
muito ao sentimento. Acho que são as minhas preferidas. No
entanto, “Ganhar o euromilhões”, tem um significado muito
especial, porque foi gravada com um esforço tremendo pelo
amigo Zé Amaro, após sair do hospital.
Qual a situação mais caricata que te aconteceu
num concerto de comício político?
Marco Alves . Amares
Esta é muito fácil, foi em Amares na praça
principal, onde estava eu numa ponta, num
comício do CDS e na outra ponta o PS. Qual
não é o meu espanto, quando eu cantava alegremente,
de repente os emissores pregaram-
-me uma grande rasteira e começaram a emitir no
meu som os cânticos do PS. Chiça, fiquei mesmo
muito atrapalhado.
Sempre te conheci com a tua alegria e boa disposição,
qual é o segredo?
Isabel Gonçalves . Ponte da Barca
O segredo é mesmo esse, fazer cara de parvo e andar
pela rua a distribuir sorrisos e boa disposição.
Ah, ter muitos amigos é uma grande ajuda.
Qual foi o pedido mais estranho que recebeste em
palco?
Paulo Arezes . Barcelos
Não foi no meu palco que pediste a Cristina Sala em casamento,
pois não? Mas já houve quem me entregasse uma
garrafa de vinho da Barcelos em pleno palco.
Qual foi o trabalho que te deu mais prazer fazer?
Sandra Melo .Ponte da Barca
Claramente o “Coisas simples de Zezé Fernandes”. Por ser o
último, por ser o de comemoração dos meus 30 anos de carreira,
e por o ter feito em casa e em plena pandemia. Três
meses e meio completamente isolado. Este custou-me bastante…
Qual o significado do traje que usas nos teus espetáculos?
Foi criado por ti?
Marília Carneiro . Ponte da Barca
O preto é uma cor que gosto muito, quer no palco, quer
fora dele, o que até parece estranho, sendo eu uma pessoa
sempre tão alegre e distribuir alegria pelos amigos,
usar uma cor, “dizem os entendidos”, tão triste.
Por norma, as pinturas que uso nas roupas estão ligadas
ao cd ou tour desse mesmo ano. E sim, sendo eu um criador,
sou eu quem idealiza as roupas para a Dona Maria as
pintar.
Apesar da amizade, temos uma coisa em comum o
país. Onde está a camisola que me prometeste da Venezuela?
Sónia Barbosa . Paredes de Coura
Bela maneira de me envergonhares e, perante tantos leitores,
me obrigares a oferecer a tal t-shirt da Venezuela.
Eheheheheheh. Olha, e porque não num espetáculo em
Paredes de Coura?
Uma vez que tens uma forte ligação com a Venezuela,
nunca pensaste escrever/gravar uma música em espanhol
e fazer dupla com algum artista venezuelano? Se
assim fosse, com quem gostarias de gravar?
Vanessa Reitor Almeida . Entre Ambos os Rios
Já tenho uma canção dedicada aos meus amigos espalhados
pela Venezuela, “Vira de Caracas”. Gostaria de convidar
o Maduro para a gravação. Assim, eu apanhava o gajo a
jeito, dava-lhe um arraial de porrada que nunca mais ia
para o Palácio de Mira Flores. E tenho tantos amigos que
ajudariam… na gravação. Eheheheheheh
Em que século perdeste a virgindade musical? E, já
agora, a outra?
Rui Brito Mendes . Arcos de Valdevez
Não tem que enganar, século 20. Também não tem que
enganar, século 20.
Qual a força que te move? A de pertencer a uma terra
(Ponte da Barca) ou a uma região (Alto Minho)?
Manuel Correia Cerqueira . Arcos de Valdevez
Como minhoto, sou uma pessoa cheia de vida, de força, de
alegria e boa disposição. Se bem que às vezes, sabe-se lá
o esforço que faço para distribuir alegria e boa disposição.
A minha força vem das minhas raízes. Orgulhosamente
minhoto.
O que dizem os teus olhos?
Graça Almeida . Belinho
Acho que os olhos são muito o reflexo da pessoa que somos.
Essa seria melhor perguntar às pessoas que lidam
comigo diariamente. Não serei a melhor pessoa para me
definir, e claro que também sou suspeito, posso ser tendencioso.
Eheheheheheheheheh. Mas já agora, diz-me tu
o que é que os teus olhos vêm nos meus?
O que diz o teu cavaquinho?
Armando Carriça . Aboím da Nóbrega
O meu cavaquinho diz o que eu mando transmitir, ou pelo
menos dá uma grande ajuda. Ele e o bandolim são os
meus
f i é i s
ajudantes
nesta
minha caminhada
musical.
Qual o teu momento mais
forte?
Paulo Abreu. Belinho
Já tive tantos momentos fortes, que será difícil ou até injusto
enumera-los. Mas, e só para dar um pequeno exemplo,
ter amigos e fãs de Belinho City a virem a um concerto
de comemoração de 30 anos já é um daqueles grandes e
inesquecíveis momentos. Ah, obrigado pela ofertas.
No início da tua carreira não pensaste em ir viver para
Lisboa por causa das oportunidades a nível artístico?
– Maria José Falcão . Amares
Sempre convivi muito mal com essa dura e triste realidade
do centralismo, e durante este 30 anos de carreira saí
claramente prejudicado por fazer questão de lutar, lutar e
lutar... e nunca me vergar. E os “centralistas idiotas” sabem
muito bem qual a minha posição. Até para bem do país,
seria muito importante as pessoas acreditarem que Portugal
não é só Lisboa. Poderíamos ser um grande país… mas
eles não deixam.
Todo o artista é humano, todo o humano erra...qual foi
o maior prego em cima de um palco, aquele que realmente
te deixou enrascado?
Nel Marçal . Castelo de Paiva
Cair do palco conta? Felizmente só caí 3 vezes.
Eheheheheheeh. Ter porrada valente a dois metros do palco
conta? Já tive 2 vezes. Eheheheheheh. Estou a dizer isto
para não falar dos meus enganos nas letras, e até, enganos
nos instrumentos. Eheheheheheh
Quem te motivou a seguir enfrente nesta tua extraordinária
carreira de músico e cantor ? Não seria por acaso
o Hélder da Barca quando descia a rua por detrás o
forno com a viola debaixo do braço ? Lembro-me de me
dizeres um dia vou tocar como tu !!! Eras uma criança
eu sei … parabéns hoje prezo-me de te dizer que aceitaria
umas aulas de tua parte … forte abraço amigo
Hélder Dias. Canadá
46 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
47
Meu amigo, lembro-me perfeitamente desse momento, se
bem que já não me recordo das palavras. Era mesmo pequenino,
mas se tu dizes é porque é mesmo verdade.
Foi muito difícil chegar ao estrelato, sendo um artista minhoto
longe de Lisboa?
Karter Mendes . Braga
Como já disse, Portugal não é só Lisboa. Temos todo um restante
continente, ilhas e portugueses espalhados pelos 4 cantos
do mundo, que são sinónimo de grande qualidade. Infelizmente,
parece-me que depois do 25 de Abril, e ao contrário
do que seria espectável, Portugal tornou-se muito mais num
“Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”. Todo o sucesso que
tive até hoje o devo aos de “fora de Lisboa”.
De onde vem essa energia toda? Esses saltos únicos?
Armindo Alves . Zurique
Esta é muito fácil, quando me levaste a tocar em Zurique,
já nem sei quantas vezes, a energia veio toda de Portugal.
Eheheheheheh. Estes saltos são uma inspiração / cópia do
que se faz no meu rico heavy metal. Não fui eu quem inventou
este salto. Mas assumo que fui eu quem o introduziu na
música tradicional. Entre muitas outras coisas que trouxe
para o mundo espetáculo, e que hoje vejo a ser copiadas. Mas
cópias muito mal feitinhas. Eheheheheheheh
O que é mais feliz para o amigo: ter amigos, ter dinheiro,
cantar sempre até que a voz lhe doa, ou viver descontraidamente
no mundo dos vivos?
Francisco Rosa . Barcelos
Fora dos palcos estás sempre a comer em público. É fome,
nervosismo, ou a ténia? Nos espectáculos estás sempre
“electrizado”. O que ingeres para teres essa “pica”, é com,
ou sem receita médica?
Manuel Araújo. Braga
Tantas e tantas vezes que saio à rua e vou a comer alguma
coisa, ou uma peça de fruta, ou uma sandes… já é normal
em mim. E os amigos já nem me conseguem ver sem ser
dessa maneira. Eheheheheheh. Em tempos já foi ténia,
agora é mais… apetite voraz. Nos espetáculos estou sempre
“electrizado” porque é o amor ao que faço que me deixa
naquele estado, portanto, é produto natural e sem receita.
Eheheheheheheh
Tens inúmeras músicas que poderiam dar mega sucessos.
Porque é que nunca aconteceu? O que faltou?
– Silvestre Mota. Panóias
Músicas para serem um mega sucesso, a tal coisa que dizem
me está a faltar, tenho eu muitas, não tenho é igualdade de
oportunidades na rádios nacionais e nas televisões para
fazer delas um hit. Um sucesso é feito de muita insistência.
Há que encher os ouvidos do público. E como só um programa
ou outro de televisão aposta em mim, é extremamente
difícil chegar lá.
Óbito
O medo das classes médias
Tenho amigos, algum dinheiro, e canto mesmo quando
a voz me doí, mas tudo isto com muita descontração.
Ehehehehehehehehe
Carlos Matos Gomes
O que levará que duas figuras risíveis, que em princípio
deveriam provocar o riso e o desprezo devido
aos bufões, a ter seguidores, a ser-lhes dado atenção
como se fossem seres humanos respeitáveis, dotados
de valores, de um discurso coerente?
O facto de Ventura e de Rangel aparecerem nos
órgãos de comunicação e perante nós – Nós – a comunidade
que anda por escolas, fábricas, hospitais,
universidades, igrejas, cinemas, teatros, museus, que
lavra, tece, conduz comboios, aviões, autocarros, que
entra numa livraria, que diz bom dia, obrigado, faz
favor dar atenção e levar a sério estas duas figuras
de pechisbeque, de aceitar que se apresentem como
candidatos a serem os seus dirigentes, a intervir nas
suas – nossas – vidas é para mim um mistério e, assumo,
uma vergonha.
Haverá uma explicação para estas aberrações merecerem
um segundo de atenção, um cagagésimo de
respeito e crédito?
Há, e não é uma bom motivo. A explicação chama-se
medo!
O jornal El País de hoje contem uma artigo de Joaquin
Estefania que explica estes comportamentos
em que os mais abjetos seres de entre nós podem
ser tomados como remédio e salvação.
Vivemos um momento da história (como outros) em
que se perdeu o “princípio da esperança” e se instalou
o medo e a incerteza. Como consequência as
classes médias enfrentam a realidade assustadas
como um rebanho perante uma trovoada. A indefinição
do conceito de “classes medias”, permite que
todos os que não pertencem aos extremos sociais se
sintam temerosos pelos estragos provocados pela
crise que vem, recorde-se, de 2008 e do escândalo
do Lhemann Brothers.
A filósofa Hannah Arendt, no livro “Homens em tempos
de escuridão” escreveu que o mundo se torna
negro quando os cidadãos deixam de partilhar sentimentos
de responsabilidade coletiva e apenas se
preocupam com os seus interesses individuais, quando
perdem por completo a confiança na política e
voltam as costas a tudo o que diz respeito à esfera
pública. Quando a população manifesta desconfiança
e receio nas instituições democráticas e o individualismo
alcança cumes sem precedentes.
Os Venturas, os Rangel surgem deste medo e deste
individualismo extremo.
Vivemos numa sociedade doente quando monos
como estes surgem no espaço público a vender banha
de cobra e têm compradores.
https://elpais.com/.../el-miedo-de-las-clases-medias.
html
48 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
49
PUBLICIDADE
Silva Automobile
Silva Automobile
Sopa de Letras
CULTURA
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
V PAULO FREIXINHO
NATAL
Procure as 18 palavras
relacionadas com o
Natal. Há duas palavras
na diagonal.
Advento
Árvore
Bacalhau
Chaminé
Consoada
Estrela
Família
Filhoses
Jesus
Luzes
Missa
Paz
Polvo
Presentes
Presépio
Rabanadas
Sapatinho
Sonhos
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Boas
Festas!
SOLUÇÕES
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
Silva António Filipe
Heinrich Stutz-Strasse 2
8902 Urdorf
Tel: 043 817 34 60
Natel: 076 396 65 77
silva.automobile@bluewin.ch
Silva Automobile
O que vai encontrar aqui
Este site é dedicado a quem gosta de
cruzar palavras e aqui vai encontrar
muitos passatempos, dicas e ajudas
para que se torne num(a) cruzadista
experiente.
Boas Festas!
Palavras Cruzadas Online
Neste portal tem inúmeros passatempos
em português, que se
ocupam de vários temas e com diferentes
graus de dificuldade. É o local
certo para quem gosta de exercitar
a mente com as palavras da língua
portuguesa.
Palavras Cruzadas para Imprimir
Passatempos para imprimir em português.
A maioria dos passatempos
publicados são acompanhados de
uma versão PDF para imprimir em
papel.
www.palavrascruzadas.pt
50 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
51
Espectáculo
Espectáculo
Pedro
de Tróia
“Tinha de ser assim”
JOAQUIM GALANTE (*)(*)
Vou esquecer por momentos
o que aprendi
em jornalismo, acerca
da escrita directa e não
romanceada, e descrever-vos
o melhor possível
o que aconteceu no
evento a que assisti no
passado dia 13, um texto
tipo ‘Viagens na Minha
Terra’ de Almeida
Garrett.
Naquele dia fui ao teatro Capitólio/Lisboa,
fui nas calmas,
ainda passei pelo Coliseu
para cumprimentar a promotora
do concerto que ali ia ocorrer (Anselmo
Ralph) e fui depois em passo lento
para o dito teatro a pensar no que o
Pedro, de Tróia, teria para me/nos oferecer.
Entrei nas calmas, afinal ainda faltava
cerca de uma vintena de minutos
para começar o show e, passada
hora e meia, saí a correr, bom não foi
bem a correr, mas foi a andar depressa,
demorei vinte minutos a chegar a
casa, moro no Castelo de S. Jorge, não
lá dentro, não sou nenhum rei, mas
moro ao lado.
Entrei, larguei a tralha rapidamente
e fui buscar um livro que o meu pai
diz que usava na primária e que fala
de adjectivos superlativos absolutos
analíticos sintéticos e não sei mais o
quê, bom não vos vou explicar o que
são estas coisas da língua portuguesa,
porque simplesmente não sei bem
explicar, mas queria encontrar um adjectivo
acompanhado de um advérbio
para destacar o verbo que tinha
acabado de me encher o coração e a
alma.
O verbo era sem dúvida Pedro de
Tróia. Não encontrei nem adjectivo ou
advérbio adequado o suficiente para
classificar o que tinha assistido, ainda
estará por inventar. Na história mitológica,
Tróia perdeu a guerra mas o Pedro
ganhou um público que encheu
o Capitólio, ganhou fãs e ganhou-me
também a mim que saí rendido a tamanho
talento.
Mas comecemos pelo princípio, o Pedro
entrou no palco, com os músicos
que o acompanhavam, João Eleutério,
Rita Laranjeira, Silas Ferreira, Tomás
Branco e a participação especial de
Ana Claudia no back vocal, num ambiente
escuro e cheio de fumo (como
eu odeio aquele fumo), agarrou-se ao
microfone, e cantou com voz firme e
melodiosa três seguidas sem parar tal
como na rádio. Faltou-lhe o fôlego,
deduzo eu, e começou então a falar.
Começou logo por dizer que era tímido,
não precisava de o dizer já todos
tínhamos reparado nisso, mas depois
não se calava, de repente pensei estar
num stand up comedy de tão divertida
a intervenção que até me esqueci
que tinha ido ali para assistir a um
concerto musical.
Depois de cantar ‘Namorada’, ‘Gosto
Tanto de Ti’ e ‘Dor no Ombro’, sem
falar com ninguém, anunciou que ia
cantar o tema ‘Embaraçado’ que, segundo
ele, foi como tudo começou,
não sei há quanto tempo foi porque
actualmente de embaraçado não tem
nada.
Desembaraçado, o Pedro de Tróia, tal
como o cavalo grego que enganou os
troianos, enganou-nos também a nós,
a classificação de tímido e embaraçado
para ele não deve ter a mesma
conotação. Depois vieram as dedicatórias,
Passarinho dedicou-a ao agente
Pedro Valente e explicou que era
graças a ele que estava hoje a pisar
o palco do Capitólio. Bem tínhamos
algo em comum, eu também ali estava
graças ao Pedro Valente da promotora
Azáfama.
Depois cantou ‘Ballet’, ‘Rés-do-chão’,
‘Dente de Leão’, ‘Salvadora’ e ‘Mãe’,
cada uma delas dedicada a um dos
membros que o acompanhavam na
banda, todos eles com méritos por o
terem ajudado a trilhar o caminho,
mas tudo bem explicado antes de
soltar a voz, musicalmente falando.
Pelo meio um dueto com Rui Reininho
nas canções ‘Carrossel’ e ‘Asas
(eléctricas)’ dos GNR, o Rui rapidamente
disse que iam dar duas sem
tirar talvez para evitar conversas e
mais dedicatórias. As ‘asas servem
para voar’ cantava o vocalista da
famosa banda de rock portuguesa,
mas por esta altura já o Capitólio pairava
nas nuvens.
Depois do tema ‘Mãe’, Pedro anunciou
o término da sua actuação no
emblemático teatro lisboeta, pensava
ele, pensou mal, o público obrigou-o
a um encore.
Regressou e de luz nos olhos, um pedido
que fez ao técnico para não encarar
o público e se emocionar, pelo
regresso aos palcos depois de treze
meses de ausência devido à pandemia,
aproveitou para dedicar as próximas
músicas a mais alguém, foram
tantos mais que cheguei a pensar
que se não tivesse a luz nos olhos era
capaz de conseguir ver-me e incluir-
-me na lista.
Agradeceu, entre muitos outros, à
Sara Espírito Santo e ao Ricardo Rodrigues
a promoção e divulgação do
evento, outro ponto em comum eu
também lhes agradeço pela simpatia
e disponibilidade para intermediar
o acesso aos mesmos.
Cantou então no regresso ‘Não te vou
deixar para trás’, acompanhado pelo
primo à viola, a quem ele ensinou a
tocar sem mesmo ele saber tocar, a
seguir ‘Nunca falo demais’ já com a
banda e terminou com Carrossel, o
single de avanço do seu novo trabalho
‘Tinha de ser assim’, que era para
ter sido em dueto com o Rui Reininho
mas este já devia ter voado a outras
paragens.
Depois de tudo isto quero dizer-vos
que aquilo que me levou ao Capitólio,
foi exactamente assistir ao lançamento,
ao vivo, pelo Pedro de Tróia
do seu mais recente trabalho musical,
um álbum que tem por título ‘Tinha
de Ser Assim’.
Quem teve a felicidade de estar presente
assistiu certamente a um dos
melhores concertos do ano por toda
a envolvência, tudo foi óptimo, a
qualidade musical e instrumental, os
vocais de apoio (back vocal), a interacção
com o público, conseguiu fazer
com que o público se integrasse
e se sentisse parte do espectáculo, a
alegria e a energia emanada do palco
foram o tónico para um concerto
para recordar. Até eu o acompanhei
com o meu ‘front vocal’, mesmo sem
saber antecipadamente as letras, ele
é que não se apercebeu certamente,
faltou-me a amplificação.
Pedro de Tróia é figura incontornável
no panorama musical português.
Ex-vocalista da banda pop Os Capitães
da Areia, aventurou-se a solo em
2020, com o álbum “Depois Logo Se
Vê”, onde se destacaram os singles
“Embaraçado”, “Salvadora” e “Nunca
Falo Demais”. Hoje anunciou para
breve um terceiro álbum de inéditos,
a curiosidade é grande.
Quem não pode estar presente no
Capitólio com certeza terá outras
oportunidades, um espectáculo com
esta qualidade não pode ser único.
Alinhamento: Namorada – Gosto
Tanto De Ti – Dor No Ombro – Embaraçado
– Passarinho – Ballet – Rés-do -
-Chão – Dente de Leão – Carrossel –
Asas – Salvadora – Mãe Encore: Não
Te Vou Deixar Para Trás – Nunca
Falo Demais – Carrossel
(*)
focusmsn.pt
52 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
53
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden
Fellenbergstrasse 291,
Postfach 217
8047 Zürich
Tel.: 044 242 06 40 7 - 044 242 06 45
Email: mclp.zh@gmail.com
Horário de atendimento:
segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h
Humor - Quem não sabe rir, não sabe viver” - Passatempo
Ouro Preto, Zinco de
Agosto de 1995.
Carta de amor
de um químico
Querida VALÊNCIA:
Sinto que ESTRÓNCIO
perdidamente apaixonado
por ti. Ao deitar-me,
quando DES-
CÁLCIO meus sapatos,
MERCÚRIO no SILÍCIO
da noite, reflicto e vejo
me que sinto SÓDIO.
Então, desesperadamente
CRÓMIO. Sem
ti, VALÊNCIA, a minha
vida é um INFERRO. Ao
pensar que tudo começou
com um ARSÉNIO
de mão, CLORO de vergonha.
SABISMUTO que
te amo, embora não o
digas, sei que gostas de
um tal HÉLIO e também
do HIDROEUGÉNIO.
De ANTIMÓNIO, posso
assegurar-lhe que não
Feriados e Datas Comemorativas
sou nenhum ÉRBIO e
que HABÁRIO para viver.
OXIGÉNIO cruel tu
tens. VALÊNCIA! Não
PERMETAIS que eu CO-
METAIS algo ERRÁDIO.
Por que me fazer sofrer
tanto assim, sabendo
que tu és a luz que me
ALUMÍNIO? Meu caso é
CÉRIO, mas não ÁCIDO
razão para um ESCÂN-
DIO social. Eu soube
que a PLATINA contou
que te EMBRÓMIO com
esse NAMOURO. MAN-
GANÊS, deixa-te disso e
não acredita NIQUELA
disser, pois sabes que
nunca agi de modo ES-
TANHO contigo. Aliás se
não tiveres arranjado
outro ANGONIOMENTO,
procura um ADVOGA-
DOURO e me METAIS
na cadeia.
Lembra-te porem que
não me SAIS do pensamento.
ABRÁCIDOS COMOVI-
DROS deste que muito
te ama, MAGNÉSIO.
Sempre a
estragar o meu
aninversário...
Não tens
vergonha?
Vá lá... outra
Coca-Cola?
Engano Fatal.
Um estudante ia a passar em frente a
uma loja, e acabou por comprar um par
de luvas para a sua namorada. Pediu à
vendedora para embrulhar e foi pagar,
deixando o embrulho ao lado de outro
igual, contudo neste último, havia um
par de cuecas. No fim, o embrulho foi
trocado e o estudante enviou-o junto
com uma carta que dizia assim:
“Meu amor:
Sei que hoje não é o teu aniversário,
mas passei em frente
a uma loja e resolvi comprar-te
este presente, mesmo
sabendo que não costumas
usar, mas eram muito
bonitas.
Não sei se são do teu tamanho
nem se gostas da cor,
mas a menina experimentou-as
na minha frente e eu
gostei muito. Ficaram um
pouco larguinhas na frente
e dos lados, mas assim
as mãos entram com maior
facilidade além de deixar
os dedos mais livres para
se movimentarem, fazendo
também com que fique mais
fácil tirá-las.
A vendedora mandou lembrar
que ponhas pó de talco
quando as tirares de modo a
evitar o mau cheiro.
Meu amor, gostaria muito
que as usasses, pois, elas cobrirão
o que te pedirei brevemente.
Um grande beijo onde as vais
usar.”
Baptista Soares
(Endireita)
MASSAGISTA TERAPEUTA DE RELAXAMENTO
MUSCULAR DESPORTIVO
MASSEUR UND KÖRPERTHERAPEUT
KLASSISCHE SPORT UND RELAX MASSAGEN
Zürichstrasse 112, 8123 Ebmatingen
Natel 078 754 18 31
Datas comemorativas
Dezembro 2021
01 QUA Restauração da Independência
11 SÁB Dia Internacional da UNICEF
01 QUA Dia Mundial de Luta Contra a Sida
11 SÁB Dia Internacional do Shareware
01 QUA Dia da Filatelia
12 DOM Dia da Poinsétia
02 QUI Dia Internacional para a Abolição da Escravatura 12 DOM Dia Int. da Criança na Rádio e Televisão
02 QUI Dia de Santa Bibiana
13 SEG Dia do Violino
03 SEX Dia Internacional das Pessoas com Deficiência 14 TER Dia Mundial do Macaco
03 SEX Dia Int. dos Portadores de Alergia Crónica 15 QUA Dia Internacional do Chá
04 SÁB Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla 15 QUA Dia de Zamenhof
04 SÁB Dia da Bolacha
17 SEX Dia Int. Contra a Violência Sobre Trabalha
04 SÁB Dia Mundial da Conservação da Vida Selvagem
dores do Sexo
05 DOM Dia Internacional do Voluntariado
18 SÁB Dia Internacional das Migrações
05 DOM Dia da Banheira
18 SÁB Dia da Língua Árabe
05 DOM Dia Mundial do Solo
20 SEG Dia Internacional da Solidariedade Humana
05 DOM Dia Internacional do Ninja
21 TER Solstício de Inverno
07 TER Dia de Timor-Leste
21 TER Início do Inverno
07 TER Dia Internacional da Aviação Civil
21 TER Dia das Palavras Cruzadas
09 QUI Dia Internacional Contra a Corrupção
22 QUA Dia de Santa Francisca Xavier Cabrini
09 QUI Dia Int. das Vítimas do Crime de Genocídio 22 QUA Signo Capricórnio
09 QUI Dia Nacional da Pessoa com Deficiência
25 SÁB Natal
10 SEX Dia Internacional dos Direitos Humanos 26 DOM Boxing Day
11 SÁB Dia Internacional da Montanha
31 SEX Réveillon
11 SÁB Dia Internacional do Tango
31 SEX Véspera de Ano Novo
54 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
55
POESIA
Do alto da serra
CULTURA
V CARMINDO
DE CARVALHO
https://bit.ly/3jAnqL2
BOAS
FESTAS!
Lá do alto da serra vem tudo.
Ou quase tudo.
Espreita o sol e quando quer vem
quente
E abrasador, tudo queimando, flora e
gente.
Lá do alto da serra
Vem a chuva
Mansamente ou em fúria
Em enxurrada desenfreada!
Vem também a molha – tolos
De mansinho tudo encharcando!
Vem a neve descendo
Metro a metro
Palmo a palmo
De socalco
Em socalco.
Até que de repente
Abraça e cobre
A soleira da minha porta,
O parapeito da minha janela.
Foto: manuel araújo
V MARIA
JOSÉ PRAÇA
https://bit.
ly/37ADsPH
Galhos das Minhas Lembranças...
Neste mosto de Natal
Com luzes sem tal e qual
Como as que guardo da infância
Rasgo o poema n’um galho
Que desdobro na memória
À lareira da lembrança
É feito das minhas ondas
Que se derretem no olhar
Entre presépios desfeitos
E sinos a badalar
E na toalha de linho
D’uma avó que já não tenho
Celebro a pauta da vida
Em canto sem ter tamanho
É hino aberto ao pulsar
D’uma estrela sem Belém
Vai no regato do sangue
P’ró musgo da minha mãe
E em jantar onde me sento
Com olhos de ver em mim
Trilho saudades no tempo
Em ceia de mar sem fim
Nozes, passas,figos secos
Licores-doces, doces-vinhos
Rabanadas, filhós, sonhos
Cantilenas de carinhos
Sapatinhos, botas,socas
Mais um madeiro a queim ar
O frio da Missa do Galo
E a neve d’este gelar
E no cruzar do caminho
Num alpendre sem ter nome
Um Cristo a dormir sozinho
Num Natal que foge a monte !
E eu embasbacado
Ali fico pregado
A admirar a sua linda
E fria brancura.
A beleza incomparável da natureza!
Ponho a mesa em azevinhos
Com palhas de fios de lã
Com chaminés de poemas
Soltos em grãos de romã
Maria José Praça ( “Pedras do meu andar”
BOAS
FESTAS!
- Dezembro de 2013
MENSAGEM DE NATAL
BOAS
FESTAS!
V JOÃO
LUÍS DIAS
https://bit.
ly/3CDoarx
SIMPLES
Colhi tangerinas no quintal
e lembrei um amigo
em cada fruto.
Podei a árvore de romãs
perfilada entre roseiras no jardim
e olhei o rio que desce ao fundo
calmo e a transbordar
como que antecipando as chuvas.
Revi ”A bela adormecida”
ao sabor doce uma rabanada
e acendi a lareira
para aquecer cedo a festa.
Mais logo irei consoar
e esperar a meia noite
para mais uma visita às estrelas
e à página do livro que guardo…
Poderia ser de outra forma
mas o meu Natal é assim:
tão simples, quanto ele me pede.
PRESÉPIO
Quero um Natal que me leve a
um presépio simples; que me
lembre as pedras no “campo
do rio”, de onde lhes raspava o
musgo para construir, com farinha
de milho, os contornos dos
caminhos dos reis magos.
Quero um Natal simples. Não
quero um Natal que me faça
correr, esperar, comprar… e depois
ter de varrê-lo num amontoado
de papéis de embrulho.
O Natal não pode ser aquele
que nos querem impor à luz
doutros “espíritos”, mas sim o
que nós quisermos que seja.
V EUCLIDES
CAVACO
https://www.
facebook.com/
euclides.cavaco
Pra que são tantos festejos
Sem haver fraternidade
E se formulam desejos
Vazios de sinceridade?
Pra que são tantos presentes
Pra celebrar o momento
Se ficarmos indiferentes
Ao Divino ensinamento ?
Pra que são tantos cartões
Que se trocam afinal
Sem brotar dos corações
A mensagem do Natal ?
O verdadeiro Natal
No seu fraterno sentido
Não deve ser teatral
Mas irmãmente vivido.
Não importa a raça ou cor
Ser humilde ou importante
Se houver cristalino amor
Pelo nosso semelhante.
O Natal não é apenas
Só o dar e receber
De meras coisas terrenas
Num opulento exceder.
O Natal traz simplesmente
Uma MENSAGEM maior.
Natal é a transcendente
CELEBRAÇÃO DO AMOR !..
BOAS
FESTAS!
56 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
57
Fotografia
Fotografia
OLHARES
helvéticos
por
Carmindo de Carvalho
58 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
59
Horóscopo
Dezembro 2016
w V - JOANA ARAÚJO (*)
Carneiro
Novo empreendimento ou
nova posição profissional
aumentará o seu poder e as
responsabilidades. Do dia
10 ao 30, Mercúrio retrógrado
na sua área da carreira
atrasará resultados,
mas garantirá planos que
proporcionarão uma grande
conquista profissional a
médio prazo. Na segunda
quinzena, contactos com
pessoas de fora reforçarão
seu optimismo. Apesar do
cansaço, o fim de ano promete
grandes motivos para
comemorar. Aposte numa
programação íntima, temperada
com muita sedução,
carinho e cumplicidade. Vénus
intensificará a vida sexual.
Touro
Durante todo o mês, a presença
de Vénus na sua
área afectiva criará um clima
romântico e sensual na
vida íntima. Tudo aberto
para saborear momentos
intensos de aventura e prazer,
em óptima companhia.
Novo ambiente social será
excitante e surpreendente.
Os encontros do mês
provocarão mudanças nas
suas crenças e filosofias.
Aproveite o stelium (agrupamento)
de Mercúrio, Plutão
e Marte, em harmonia com
seu signo, para enriquecer
a bagagem cultural. Comemore
a passagem de ano
com um voto de confiança
no amor.
Horóscopo
de Mercúrio, Plutão e Marte
na metade do mês. Inseguranças
e frustrações virão à
tona no 29, mas não devem
abalar o seu humor. A passagem
do ano, com a Lua
na sua área afectiva, garantirá
alto astral, carinho e
prazer dobrado. Comemore
com alegria e fé!
Caranguejo
Novo amor virá junto com
reflexões e mudanças pessoais
profundas. Stelium
(agrupamento) de Marte,
Mercúrio e Plutão na sua
área afectiva, transformará
antigos padrões de comportamento,
abrindo espaço
para mais prazer na vida
íntima.
Sagitário
Contará com o apoio de
um antigo amor em assuntos
familiares delicados. O
Sol em harmonia com seu
signo, até o 21, promete poder
pessoal, brilho e amor à
vida.
Estará encantadora, com a
força de Vénus a seu favor,
durante todo o mês. Só ficará
sozinha se essa for sua
opção. Na passagem de
ano, planos ousados para o
futuro e muito optimismo. A
sorte estará do seu lado!
Leão
Quotidiano agitado, mais
trabalho e necessidade de
maior organização darão o
tom deste mês, repleto de
compromissos e de novos
desafios. Entre os dias 10
e 30, Mercúrio retrógrado
poderá causar atrasos ou
dificuldades nas comunicações
profissionais. Mas
esse período será positivo
para revisar contratos e alterar
rotinas. Capriche no
ritual de passagem de ano:
seus pedidos serão atendidos!
Dezembro
Lusitano de Zurique 33
Virgem
Stelium (agrupamento) poderoso
de Marte, Mercúrio
e Plutão, em harmonia com
seu signo, promete conquistas
importantes e investimentos
no seu prazer.
Encare os assuntos mais
delicados e aprofunde o
tom das conversas. Novo
romance poderá começar
com clima de mistério, que
aguçará sua curiosidade.
Na passagem de ano, concentre-se
nos seus sonhos:
o universo conspirará a seu
favor!
Balança
Construirá bases sólidas
para sua vida. Saturno em
seu signo cobrará seriedade
e determinação para alcançar
os objectivos. Aproveite
a primeira quinzena para
fortalecer vínculos afectivos
e se comprometer com
planos familiares. Conversas
com a família também
serão complicadas. Reveja
antigos conceitos e livre-se
dos traumas do passado.
Stelium (agrupamento) poderoso
de Marte, Mercúrio
e Plutão, no dia 14, porá fim
às velhas angústias. A passagem
de ano com encontros
animados inaugurará
uma nova era em sua vida.
Escorpião
Planos criativos trarão perspectivas
financeiras positivas.
Não faltarão chances
para o amor, com Vénus no
seu signo, mas não será
qualquer um que passará
por seu exigente controlo
de qualidade. Atrasos
nas comunicações e nas
respostas comerciais, entre
os dias 10 e 30. Terminará
o ano com mais clareza sobre
o que terá de mudar e
o que deverá preservar em
sua vida. Sonhos audaciosos
inspirarão metas para o
Capricórnio
Vida social movimentada
trará oportunidade para o
amor na primeira quinzena.
Um encontro, no dia 8,
provocará paixão intensa.
Prepare-se para transformações
e conquistas em
sua vida. A partir do 21, o
Sol em seu signo iluminará
seus caminhos. Com
maior poder de persuasão
e alianças importantes, terminará
o ano com óptimas
perspectivas para o futuro
e certeza de suas novas escolhas.
Aquário
A imaginação estará à solta.
Aproveite a inspiração
para enriquecer os relacionamentos,
surpreendendo
com sua originalidade. Stelium
(agrupamento) de Marte,
Mercúrio e Plutão provocará
mudanças internas
significativas. A vida prática
parecerá menos complicada.
Na passagem de ano,
sintonize-se com seus melhores
sentimentos e some
forças com amigos: seus
desejos secretos serão realizados!
Peixes
Novas amizades virão para
ficar e para provocar grandes
mudanças na sua vida.
Stelium (agrupamento) de
Marte, Mercúrio e Plutão
trará encontros com pessoas
poderosas e maior
projecção social. O Sol na
sua área da carreira, até o
dia 21, promete sucesso
dos empreendimentos e
expansão profissional. Hospede
amigos em casa e crie
um clima alegre à sua volta.
A passagem de ano trará
novas esperanças e a certeza
de um futuro melhor.
Visualize os seus sonhos
realizados e siga em frente!
120 vagas de
estacionamento grátis
2000m 2 de
área comercials
Grande área
de talho
Publicidade
Horário
Seg. a Sexta. — 08h00 às 20h00
Sábado — 08h00 às 19h00
Produtos portugueses e de todo
o mundo numa só casa!
Gémeos
Produtos de todo
A Lua Nova na sua área
o mundo
afectiva inaugurará uma
fase de mais confiança e
carinho, numa relação já estabelecida
ou trará novo romance,
se o coração estiver
Lanche e take away
Meienbreitenstrasse 15 CH-8153 Rumlag
disponível. Desejos íntimos
(em preparação) Tel: 044 945 02 20 | 044 945 02 21 Fax: 044 945 02 22
e planos de mudança no
estilo de vida ficarão mais
fortes, com o agrupamento
futuro.
60 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
(*) COORDENAÇÃO, Coordenação: RECOLHA Joana E ADAPTAÇÃO Araújo
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
61
Basel / Zürich
Nesta hora de alegria, de paz e amor,
a nossa empresa agradece a todos os
clientes que ao longo do ano nos ajudaram
a evoluir e confiaram no nosso profissionalismo
e competência. Feliz Natal e um Bom
Ano Novo!
Desejamos que nos lares de cada um de
vocês, exista alimento e alegria para noites
Publicidaagradáveis
em família. Aproveitem cada
segundo desta época ao lado de quem mais
amam!
Ao vosso dispor.
Agência César’s AG
Basel / Zürich
Basel: Tel. 061 8314 58
Zurique: Tel. 044 445 70 70
62 Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu
63
COVID-19
Um homem recebe a terceira dose em Zurique. Keystone / Michael Buholzer
Swissinfo.ch/fh (*)
A terceira dose da vacina
contra a Covid-19
pode estar disponível
para não idosos ainda
este ano. Ao mesmo
tempo, a chefe da Força-Tarefa
Científica Nacional
Suíça Covid-19
advertiu que é preciso
fazer mais para combater
a atual onda de contaminações.
“No momento, a terceira dose é recomendada
para os maiores de 65 anos.
Mas estou convencido de que ela terá
que ser estendida a toda a população
no futuro próximo”, disse o presidente
suíço Guy Parmelin ao jornal suíço
NZZ am SonntagLink externo, repetindo
os comentários feitos na sexta-
-feira passada.
A certa altura, foi preciso aceitar que
População receberá
terceira dose na Suíça
não seria possível convencer mais
pessoas a obter as duas primeiras doses
e passar a outras medidas, como
a vacina de reforço para as pessoas já
vacinadas”, disse ele. O país acaba de
realizar um esforço de uma semana
para convencer as pessoas que hesitam
em se vacinar, mas os resultados
não haviam sido realmente satisfatórios,
comentou Parmelin.
A taxa de vacinação da Suíça para
duas doses está atualmente em torno
de 64%, o que significa que ela está
atrasada em relação a muitos outros
países europeus.
Por sua vez, Christoph Berger, responsável
pela Comissão Federal de Vacinação,
disse que a dose de reforço deveria
ser possível para todas as pessoas
que quiserem ainda “este ano”. “Assim
que todas as pessoas com mais de 65
anos que o desejam tiverem recebido
a terceira dose, podemos abri-la para
o resto da população”, disse ao jornal
SonntagsZeitungLink externo.
Mais ações necessárias
Também no SonntagsZeitung, a chefe
da força tarefa científica suíça Covid-19,
Tanja Stadler, expressou suas
preocupações sobre a atual onda de
coronavírus no país. O número de novas
infecções por Covid tem aumentado
significativamente desde meados
de outubro. Na sexta-feira 12 eles
chegaram a quase 4.000.
Se a Suíça continuar assim, poderá
haver mais 30.000 hospitalizações devido
à Covid-19, disse em uma entrevista.
A tendência atual tem que ser interrompida,
“seja através da redução de
contatos ou outro impulso rápido nas
vacinações”, disse ela.
Ela disse que o reforço ajudaria “a passar
melhor o inverno” porque reduziria
as hospitalizações de grupos de risco
e a propagação do vírus em geral.
Para Stadler, fazia sentido esperar seis
meses após a segunda dose - na Suíça,
a vacinação foi administrada à população
em geral a partir de meados de
junho, de modo que ainda restavam
“algumas semanas”. Com um reforço,
a proteção contra a infecção poderia
ser aumentada novamente para 95%,
acrescentou ela.
(*) Escrito na variante Brasileira
da Língua Portuguesa
64
Lusitano de Zurique - Dezembro 2021 | www.cldz.eu