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homens de seu barco, à exceção de Ishmael, que, miraculosamente salvo, fica
para contar a história.
Há outras solidões vingativas. É o caso do personagem Edmond Dantès, de
O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Ele é um jovem de 19 anos,
marinheiro ingênuo que está prestes a realizar seu sonho de casar-se com a
escolhida de seu coração, a bela catalã Mercedes. Mas vê-se enredado em tal
intriga que resulta em seu confinamento na terrível prisão do Château d’If
durante catorze anos. Quatro são os sabotadores de sua quase realização
amorosa e também profissional: Danglars, colega marinheiro, invejoso da
promoção iminente de Dantès a capitão do navio de bandeira francesa, o
Pharaon, em virtude da súbita morte do antigo capitão; Fernand Mondego,
rapaz da comunidade catalã em Marselha, apaixonado por Mercedes, que
insiste que ela se case com ele e não com Edmond; Caderousse, vizinho do pai
de Dantès e responsável pela sua humilhante penúria, pois quando Dantès
partira, deixara uma dívida em aberto com Caderousse, e este, incontinenti,
cobrara o dinheiro do pai; e Gérard de Villefort, procurador do rei Luís XVIII,
extremamente ambicioso, sente-se ameaçado ao saber que Dantès era
portador de uma carta para Noirtier, bonapartista ferrenho e seu próprio pai.
O esquema para prender Dantès é arquitetado pelos quatro e surte o efeito
desejado. Acusado de ser favorável à Napoleão, é encerrado em um calabouço
no Château d’If, lugar de onde ninguém lograra escapar. Durante sete anos,
Edmond Dantès, solitário, rememora seu infortúnio, decidido a cometer
suicídio no infernal cubículo, até que descobre a existência do Abade Faria,
tido como louco na masmorra. O velho abade decidido cavava em sua cela, na
esperança de fugir. Motivado pela possibilidade, Dantès se dispõe também a
cavar. Outros longos sete anos se passam, durante os quais o Abade Faria
inicia o processo de educação do iletrado Edmond. O marinheiro, que era
analfabeto, aprende línguas, ciências, história e literatura. Quando estão
prestes a escapar, o velho abade morre, mas antes revela ao companheiro de
solidão a existência de um tesouro incalculável escondido na Ilha de Monte
Cristo. Edmond Dantès consegue fugir, escondendo-se no saco que era para o
corpo do abade. Uma vez livre, apossa-se do tesouro da Ilha de Monte Cristo e
planeja sua vingança com requintes. Segundo suas próprias palavras,