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funcionam para formar comunidades em que todos partilham interesses
comuns, jamais sociedades, nas quais o imperativo democrático da
convivência com as diferenças seja a regra do jogo. Ele chamou a solidão das
redes de “solidão interativa”: “Podemos passar horas, dias na internet e
sermos incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quem quer que
seja”. “Verdadeira” entendida aqui como contraditória, diferente. Ele tem
razão.
Até mesmo os padrões de consumo e a pretensa liberdade de escolher o
que consumir on-line podem ser escrutinados sob esse mesmo crivo. Todo
mundo que teve menos escolha (e menos liberdade para escolher) do que as
possiblidades que existem hoje tem a tendência de indicar que era mais feliz
com menos e, ainda, que era mais feliz do que as crianças atuais, por
exemplo. O desejo do consumo existe em todos os grupos sociais, mesmo que
nem todos possam atendê-lo. Zygmunt Bauman chega a sugerir que as lojas
fossem denominadas farmácias, porque oferecem remédios para variados
males. Está triste? Compre! Está eufórico? Compre! Está com tédio? Compre!
Há muitos caminhos possíveis para tentar explicar tantas facilidades de saída
da solidão e o contraditório sentimento de angústia da vida contemporânea. É
importante lembrar que a solidão não é sinônimo de estar sozinho e que
companhia não se funde com a ideia de estar acompanhado. Solidão também
não é negativa ou positiva em si.
Para que a solidão seja positiva, há uma condição essencial. Isolado das
pessoas e em contato comigo, refletindo ou lendo, eu me sinto acompanhado
sem estar com ninguém. Assim, mesmo estando sem ninguém, a solidão não
pesa nem se transforma em angústia. Ela me leva a um conhecimento maior
de mim; ou a uma chance de pensar; ou ao prazer de ler; ou ao deleite de uma
paisagem em silêncio. Estou sem mais ninguém e me sinto bem, preenchido,
pleno, até. Sempre acreditei que uma pessoa deveria ter até mesmo a
necessidade de isolamentos periódicos, quase como uma vacina contra a
algaravia do mundo. Periodicamente, buscar certo recolhimento parece ser
uma estratégia de fugir de muitas vozes para tentar encontrar o que Sócrates