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seríamos expostos a uma maior diversidade de experiências, enriquecendo
nossa existência. Como declarou o entusiasta Howard Rheingold, em A
comunidade virtual: “As relações sociais não se baseiam apenas em contatos
físicos. Na verdade, elas têm aumentado graças à mídia artificial desde a
invenção da mídia impressa e do telefone”.
Quase uma década depois dessa pesquisa, sou forçado a dizer que ela
partia de pontos de vista bastante ingênuos. Aqui começamos o lado das
trevas do debate. Contardo Calligaris disse que a escola era um lugar para o
jovem se resguardar um pouco e descansar da família. Concordo com ele.
Também o quarto dos filhos deveria ser um espaço de solidão saudável. Para
os adolescentes, o isolamento do quarto, quando ele é possível (a maioria da
população jovem não possui quarto individual), é um escaninho protegido
dedicado ao culto do eu, ao afastamento de outros e ao prazer individual.
O gosto adolescente pelo isolamento apresenta o mesmo caráter ambíguo
nos adultos. Queremos estar a sós, de preferência com o celular,
estabelecendo contato com todo mundo, menos com as pessoas reais da casa.
Trata-se de uma sociabilidade controlada, com botão de on-off, permitindo
que possamos entrar e sair das conversas com autonomia. Talvez não seja a
solidão que nos cause horror, mas a falta de controle sobre estar só ou
acompanhado. O celular respondeu de forma extraordinária a essa demanda,
criando a companhia real-ficcional do mundo. Todo o sucesso do aparelho
está no jogo de permitir palco e camarim ao mesmo tempo.
Nenhuma escrita sobre a solidão poderá ignorar o celular, a muleta
suprema que criamos para ter o suficiente isolamento do mundo aliado ao
contato com quem e quando desejarmos. Somos deuses com ele e decidimos
que não é bom que estejamos sós e que, da mesma forma, é ótimo voltar à
nossa concha confortável. Somos lobos de alcateia com prazer de uivar
solitários para a Lua de quando em vez. Melhor, somos lobos com Instagram
e WhatsApp e perfil de muitas alcateias.
Então, parece que a chave de tudo não é solidão ou companhia, porém
controle. Idealizamos praias isoladas para... podermos encher a praia com
pessoas do nosso círculo. A ideia de exclusividade é acompanhada da
possibilidade de selecionar quem poderá povoar o espaço único. Quando a