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tempos. Vencemos a solidão ou ficamos mais sozinhos em meio à rede?
Ainda no lado positivo, a internet traz autonomia. Com um clique no
mouse ou com a ponta dos dedos, posso escolher entre produtos, comparando
qualidades e preços. Se quiser a opinião de alguém sobre um hotel,
internautas como eu falam de suas experiências no lugar. Já reservei quartos
e deixei de reservar frequentando sites e aplicativos dessa natureza. A
sensação de que estou acima da propaganda, por vezes enganosa, ou do jabá
de agências de viagem predatórias é libertador. A Anatel, ciente da
importância desse potencial democratizante, criou em 2010 o Plano Nacional
de Banda Larga, que prometia levar o acesso à internet país afora. As
empresas signatárias do plano enriqueceram. Ou seja, conectar pessoas é
estratégico e dá lucro.
Em 2009, um estudo feito pela ONG Pew Internet & American Life Project
foi divulgado nos Estados Unidos. O resultado do estudo era categórico em
afirmar que usuários da internet e de smartphones têm mais amigos do que os
fora da rede e que isso melhora a vida das pessoas. A pesquisa ia além: o uso
da internet estava fazendo com que as pessoas estivessem mais conectadas
entre si e mais abertas à comunicação. Pessoas que compartilham fotos e
opinião estariam mais dispostas a discutir política e aumentar seu ativismo
social, pois 72% dos blogueiros estavam mais inclinados a participar de uma
associação voluntária local. O local, e não o global, era a surpresa das redes
sociais: “As pessoas não necessariamente estão usando a internet para entrar
em contato com pessoas do outro lado do mundo; elas a estão usando para
falar com pessoas de sua mesma área metropolitana”, relatava Keith
Hampton, da Universidade da Pensilvânia, um dos coordenadores da
pesquisa.
Ele concluía o relatório dizendo que o número de norte-americanos
socialmente isolados, definidos dessa forma por não terem alguém com quem
discutir assuntos considerados importantes em sua vida, era exatamente o
mesmo desde 1985, ou seja, muito antes do impacto da internet. A cereja do
bolo do otimismo dizia respeito à diversidade de horizontes que esse contato
em rede trazia: nas redes sociais, havia uma maior probabilidade de
relacionamento entre pessoas com diferentes experiências de vida. Logo,