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ligada sempre e sem outros contatos sociais reais. Alimentam-se, vivem ou
sobrevivem naquele espaço. Estão em contato com o mundo todo, mas
isolados do outro maior, ou seja, o outro que está no eu seguindo Rimbaud.
Em espectro oposto estão os herbs (herbívoros), no mesmo arquipélago,
pessoas que não praticam nem procuram o sexo ou o casamento.
Aumentando a tipologia que dialoga com o isolamento, surgem os neets,
jovens que não estão “nem trabalhando, nem estudando, nem treinando”.
Por fim, o freeter (junção de free com Arbeiter, trabalhador em alemão). Eles
não constituem a carreira desejada pela maioria dos nipônicos. Não ficam
presos a uma empresa que se transforma em família. O freeter pula de uma
função para outra, faz coisas informais e não se fixa em nada. Defeito ou
virtude?
Os tipos descritos são bons de serem observados em uma sociedade como a
japonesa, que estabelece vínculos formais muito fortes com comunidade
familiar e laboral. Seriam de fato vínculos ou cadeias? A resposta vai variar se
a pergunta for feita a um japonês entrosado com a tradição ou um freeter. Nós
estaríamos, segundo Dunker, mais sensíveis à medida que “gramáticas do
espaço público avançam sobre o privado. E, assim, reciprocamente”.
O autor considera que a boa solidão é oposta ao sentimento de não precisar
do outro. Perceber que sim, necessito do outro, porém não de forma absoluta,
transforma a solidão em potência criativa e sem a carga de humilhação da
solidão patológica. Se você sente muita tristeza quando os filhos saem de casa
ou as férias começam, estaria, para o autor, chegando a hora de experimentar
uma solidão de verdade.
Se eu tivesse que resumir as muitas boas ideias de Cristian Dunker,
encerraria a paráfrase do seu texto com a frase da página 31: “Cultivo da
solidão é o cultivo do Outro que nos habita”. Estranhar-se, despir-se de
retóricas e máscaras que os outros perceberam em você e que você incorporou
ou desenvolveu, afastar-se da cena que o mundo e cada um de nós demanda:
eis a fórmula da boa, libertadora e criativa solidão-solitude.
A solidão deve ser uma vitória, uma conquista, um esforço pessoal para evitar