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ESPAÇO ABERTO<br />
Foto: divulgação<br />
Novo modelo de<br />
GOVERNANÇA<br />
Por Alexandre Pierro ,<br />
Engenheiro mecânico, físico nuclear e<br />
sócio-fundador da PALAS, consultoria<br />
pioneira na ISO 56002 na América Latina<br />
A empresa precisa<br />
estabelecer onde pretende<br />
chegar e quais esforços está<br />
disposta a empregar para<br />
alcançar suas metas<br />
D<br />
iferentemente de outras normas, essa se propõe<br />
a ser um guia de boas práticas, um modelo de diretrizes<br />
e não de requisitos. Resultado de 11 anos<br />
de estudos em um comitê internacional que reuniu<br />
mais de 60 países, a ISO 56002 oferece um modelo<br />
de governança para a inovação, criando as bases para um bom<br />
sistema de gestão.<br />
Baseada em oito pilares – abordagem por processos, liderança<br />
com foco no futuro, gestão de insights, direção estratégica,<br />
resiliência e adaptabilidade, realização de valor, cultura adaptativa<br />
e gestão das incertezas – a ISO defende que uma inovação<br />
pode ser um produto, serviço, processo, modelo, método ou a<br />
combinação de qualquer uma delas. Isso significa que ideias sem<br />
a manifestação de valor não são inovações, e sim invenções.<br />
Ao implementar a ISO 56002, é necessário definir os objetivos,<br />
o propósito, a estratégia, os indicadores de desempenho<br />
e os recursos que serão empregados na inovação – e não só os<br />
financeiros. A empresa precisa estabelecer onde pretende chegar<br />
e quais esforços está disposta a empregar para alcançar suas<br />
metas.<br />
Além disso, a norma trabalha fortemente no gerenciamento<br />
de riscos, entendendo que muitos deles, em vez de ameaças,<br />
podem representar oportunidades de inovação. Quando é identificada<br />
uma ameaça, é preparado um plano de ação contencioso.<br />
Quando é identificada uma oportunidade, ela é automaticamente<br />
direcionada para o funil de inovação, onde as ideias são classificadas<br />
e priorizadas de acordo com os interesses da empresa.<br />
Quem toma as decisões não são as pessoas, e sim os indicadores.<br />
Na prática, não existe uma receita única para todas. Cada<br />
uma, em um processo de co-criação, precisa refletir sobre seus<br />
anseios e seu apetite para atingí-los. Não existe vitória sem sacrifícios.<br />
Precisamos desmistificar a ideia de que inovação é para<br />
poucas, ou apenas para aquelas com viés tecnológico. Existem<br />
inúmeros exemplos de empresas analógicas que criam maravilhas<br />
a partir de um olhar inovador. Mas, sem governança, é impossível<br />
transformar ideias em resultados.<br />
Sendo assim, as empresas precisam trabalhar no desenvolvimento<br />
da sua estrutura de governança. É preciso definir as bases<br />
do sistema de inovação, estabelecendo onde se pretende chegar,<br />
quais ferramentas serão utilizadas e mensurando de perto cada<br />
passo dado. A qualquer sinal de desvio, é possível ajustar a rota<br />
rapidamente.<br />
A proposta da ISO 56002 é deixar para trás o modo empírico<br />
com que a inovação tem sido encarada por muitas companhias,<br />
onde algumas poucas ideias são levadas em frente e, quase que<br />
por obra do acaso, algumas são muito bem-sucedidas enquanto<br />
outras quase levam o negócio todo à ruína. Inovar a partir de um<br />
modelo de governança internacional, que foi testado e aprovado<br />
por mais de 200 empresas no mundo todo – sendo seis só no<br />
Brasil – é o caminho mais promissor para crescermos de forma<br />
estruturada.<br />
74 www.referenciaflorestal.com.br