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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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condenado por sequestro, roubos, furtos e era considerado braço direito do

PCC, confirmou as suspeitas após sua prisão. Lapa afirmou em depoimento

que havia conseguido progredir de pena falsificando um antecedente de bom

comportamento no sistema, para depois fugir durante uma saída provisória. O

mesmo havia ocorrido com outras lideranças importantes do PCC.

A Polícia Federal descobriria mais tarde que Lapa, quando esteve na rua,

foi um dos encarregados pelo PCC de obter o endereço de agentes públicos

ligados a presídios federais. Três deles acabaram assassinados. As

investigações do envolvimento de autoridades no esquema não prosperaram.

Com a saída de Ferreira Pinto da Secretaria de Segurança, os policiais

civis voltaram a ter maior participação nas investigações contra a facção. As

acusações parecem ter sido esquecidas, o que não significa que o Estado

tenha se unido no combate ao crime organizado. Ferraz Fontes, que havia

ficado três anos na geladeira, voltou a ganhar protagonismo nas investigações

contra o grupo e assumiu a direção do Departamento de Narcóticos para

enfrentar um negócio que se tornou estratégico para o financiamento do

crime em São Paulo. O governo parecia bipolar. Tiraria Ferraz Fontes do

ostracismo de um distrito da periferia para voltar a colocá-lo num dos postos

mais importantes da Polícia Civil. A turma de Ferreira continuou

representada pelo seu amigo e antigo braço direito Lourival Gomes, que

assumiu a titularidade da Administração Penitenciária em 2009. Até o início

de 2018, Gomes continuava no cargo.

Os dois lados seguem se estranhando, mas pelo menos pararam de se

atacar politicamente. Já o PCC ganhou musculatura, mesmo com o governo

paulista insistindo em sua política de negar a capacidade de articulação do

crime no estado. Em 2011, cinco anos depois dos ataques, Antonio Ferreira

Pinto ainda tentava diminuir a importância do grupo na cena criminal. “Na

realidade existe um grupo de presos, grande parte do tráfico. Mas o PCC são

no máximo trinta presos influentes que exercem algum poder de decisão e

estão cumprindo pena em um só presídio, em Presidente Venceslau”, disse

ele em entrevista a um dos autores deste livro.

A gestão inovadora do PCC passaria a se financiar com o tráfico, uma das

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