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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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ligados ao PCC na região e comunicou à Justiça. Não demorou para que viesse

um contragolpe. Em março de 2011, Ferraz Fontes viu publicado nos jornais

que dois homens da facção armados tinham sido presos por policiais da Rota

na porta do distrito policial onde ele trabalhava. As notícias informavam a

suspeita de que os dois detidos armavam uma emboscada contra o delegado.

“Tal estardalhaço soou como uma ameaça de morte, talvez, em razão da

investigação que revelou a participação dos policiais militares nas extorsões

dos pontos de varejo de venda de cocaína por parte dos militares na região”,

disse Ferraz Fontes, em depoimento que prestou ao Ministério Público

Estadual em 2014, tentando se resguardar das acusações que sofria do

secretário.

No mesmo depoimento, Ferraz Fontes foi questionado pelos promotores

sobre os motivos que o levaram a sofrer perseguição do então secretário de

Segurança. O delegado apresentou algumas hipóteses: a represália poderia

estar ligada à interferência dos policiais civis nas investigações sobre o

cotidiano dos presídios. Um dos casos que poderiam ter desagradado a

Ferreira Pinto, segundo Ferraz Fontes, teria sido a prisão de 26 pessoas em

posse de uma contabilidade da facção que relatava o fornecimento de

duzentos quilos de cocaína para 44 unidades prisionais do estado no fim de

2006. O caso foi publicado pelos jornais ainda no mesmo ano. A venda de

drogas nas prisões sempre foi uma fonte importante de ganhos do PCC,

situação que punha em xeque as autoridades penitenciárias. Logo depois da

divulgação desse caso, Ferreira Pinto e Ferraz Fontes se encontraram numa

reunião no II Comando do Exército. Segundo o delegado, o secretário nem

sequer o cumprimentou.

Outra hipótese estaria ligada a uma denúncia sobre o sistema penitenciário

que teria ocorrido no ano seguinte, em 2007. Ferraz Fontes investigava o PCC

quando diz ter ligado para o coordenador de Presídios da Região Oeste, José

Reinaldo da Silva, para comunicar uma denúncia de que presos estavam

pagando 50 mil reais para serem transferidos. O coordenador disse que a

história não fazia sentido. Nada foi feito. Anos depois, segundo contou o

delegado no depoimento ao Ministério Público, Eduardo Lapa, que havia sido

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