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favorecia o desenvolvimento da facção.
A queda de Ferraz Fontes começou no mesmo ano de 2009, pouco depois
de Ferreira Pinto assumir a Secretaria de Segurança. Os anos de combate ao
PCC tinham causado desgaste na imagem do delegado. A primeira acusação
contra ele apareceu em julho de 2006, dois meses depois dos ataques de
maio, quando Marcola depôs na CPI do Tráfico de Armas, no Congresso
Nacional, para falar sobre o episódio. O líder criminoso atacou Ferraz Fontes,
que vinha contribuindo para que fossem dados os maiores golpes contra a
facção. “Para o senhor ter uma noção, é tão corrupta a nossa polícia paulista
que eu fui preso em 1999, acusado de ser um dos maiores assaltantes de
banco do país, até, na época. Quinze milhões aqui, 10 milhões ali, não é?
Então, como eu posso ter sido preso com tudo… com essa fama toda, eu ter
ficado dois, três anos em liberdade e, no momento da minha prisão, fui preso
com um carro importado, que valia uns 50, 60 mil reais, e simplesmente eu
não assinei nada. Não fui indiciado em nada, em nada de nada de nada. É
complicado, o senhor não acha?”, disse Marcola aos deputados, afirmando
que Ferraz Fontes, “da Roubo a Bancos”, havia recebido o dinheiro.
A investigação não prosperou. A fonte da acusação, afinal, era mais do
que suspeita. O preso tinha motivos para tentar desacreditar o policial que
investigava o grupo. Além disso, quando Marcola foi flagrado com o carro,
não havia motivos para ser indiciado porque era foragido da Justiça. Desde
então, o líder do PCC permaneceu na prisão. O fogo contra Ferraz Fontes, no
entanto, passaria a vir de dentro do próprio governo quando Ferreira Pinto
assumiu o comando da Secretaria de Segurança, em 2009. As escutas
comprometedoras envolvendo a cúpula da Polícia Civil seriam usadas para
justificar o fortalecimento da Rota e da Polícia Militar no combate ao grupo.
O protagonismo dos militares dependeria do enfraquecimento de Ferraz
Fontes, que passou a ser transferido para cargos de menor prestígio.
No começo de 2010, Ferraz Fontes assumiu o 69 o Distrito Policial de São
Mateus, na periferia leste da cidade, onde moravam integrantes da facção.
Meses depois, no começo de 2011, trabalhando na periferia, o delegado
identificou em escutas que policiais militares vinham extorquindo traficantes