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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Pública e pôde dar vazão a essa indignação que vinha acumulando desde

2006. De saída, levou o comando da Corregedoria da Polícia Civil para a

Secretaria de Segurança, dando um recibo público de descrédito à instituição.

Nomes importantes no combate ao PCC foram removidos de seus cargos.

Muita roupa suja seria lavada e poucos sairiam ilesos. O fortalecimento dos

promotores – que nos últimos anos vinham se sucedendo na chefia da

Secretaria de Segurança Pública – e da PM daria o rumo da estratégia de

combate ao crime. A Polícia Civil ficaria de lado, como se sobrasse na

estrutura de segurança.

Uma das peças descartadas foi o delegado Ferraz Fontes, até então o

número um da polícia no combate ao PCC. Quadro antigo e valorizado da

corporação, Ferraz Fontes tinha se tornado delegado da Polícia Civil em

1988. Virou titular da Delegacia de Roubo a Bancos sete anos depois, em

1995, numa época em que a cidade registrava mais de cem casos mensais

desse tipo de crime. Os ataques a agências bancárias tiveram uma diminuição

nos anos seguintes, e o trabalho do delegado levou sua equipe a ser chamada

para investigar os primeiros catorze resgates de presos nas carceragens das

delegacias paulistas que foram atribuídos ao PCC nos anos 2000. Até então, a

ação do PCC se restringia aos presídios. Com os resgates de presos

acontecendo do lado de fora, o grupo passou a ser investigado pela primeira

vez pelos civis. O PCC já tinha sete anos de existência.

Ferraz Fontes passou a trabalhar com o Ministério Público, e logo

descobriram a existência de mais de trinta centrais telefônicas funcionando

para o crime. Pessoas do lado de fora dos muros agiam como telefonistas e

coordenavam as conversas coletivas entre celulares em quase todo o sistema

penitenciário. Centenas de centrais funcionavam em todo o estado, revelando

aos promotores e policiais o real desafio que a facção representava. Nessa

época, novos softwares permitiram avanços na investigação por escutas

telefônicas, e o funcionamento do PCC finalmente começou a ser desvendado

com a ajuda do delegado e de promotores. Organogramas, faturamento,

hierarquia e nomes ligados ao grupo se tornaram recorrentes na imprensa.

Faltava, no entanto, uma parceria estreita com o sistema penitenciário, o que

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