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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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em 2006 para redefinir a estratégia de investigação e acompanhamento das

lideranças do PCC no estado. Depois da transferência em massa feita por

Nagashi, os principais nomes do Partido do Crime continuariam concentrados

na mesma unidade prisional, a Penitenciária II de Presidente Venceslau, na

região Oeste do estado de São Paulo. Os passos das lideranças poderiam ser

acompanhados por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. A

existência de celulares nos presídios permitia às autoridades o mapeamento

das ordens e estratégias dos criminosos. Os promotores de Presidente

Prudente passariam a assumir o protagonismo nos trabalhos de inteligência

sobre o grupo, com destaque para o promotor Lincoln Gakiya, que se tornaria

o maior conhecedor dos movimentos da facção. Em compensação, a cúpula

da rede criminosa teria um convívio mais próximo, a ponto de poder discutir

nos pátios os rumos a seguir em São Paulo, no Brasil e na América Latina.

Nesse período, durante as escutas feitas pela Administração Penitenciária,

além das informações sobre os planos do PCC, começaram a surgir

informações que comprometiam as autoridades, principalmente conversas

que envolviam negociatas entre integrantes da Polícia Civil e o crime. Um

dos casos mais escandalosos foi o sequestro organizado por policiais civis de

Rodrigo Olivatto de Morais, enteado do líder do PCC, Marcola, em março de

2005 na cidade de Suzano. Dois investigadores, que receberam 300 mil reais

para soltar a vítima, foram condenados pelo crime. Um deles, o investigador

Augusto Peña, foi preso com fitas de escutas para ser entregues a lideranças

do PCC. Peña aceitou contar o que sabia e acusou o secretário adjunto de

Segurança Pública da época, Lauro Malheiros, que era colega de governo de

Ferreira Pinto, de participar de um amplo esquema de corrupção. Segundo a

acusação, Malheiros vendia postos em delegacias envolvidas em esquemas de

propina organizados pelos policiais. Também foram identificadas

negociações entre policiais e o PCC para soltar membros presos em flagrante e

para facilitar a realização de crimes. O caso foi fartamente coberto pela

imprensa.

Com a reputação da Polícia Civil comprometida, em 2009, durante o

governo de José Serra, Ferreira Pinto assumiu a Secretaria de Segurança

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